Você está na página 1de 9

TRANSCRIÇÕES XIFOIDES LTDA

DERMATOLOGIA
15.09.17

Professor (a): Mônica Santos


Transcrito por: Gabi M.
Revisado por: Yasmin Bastos

AULA 08 – DOENÇAS ERITEMATO-ESCAMOSAS


Série de doenças que, em sua evolução, apresentam eritema e descamação em graus variáveis.
1. DERMATITE SEBORREICA
● É uma doença inflamatória crônica da pele;
● Extremamente comum e recorrente;
o Apresenta períodos de melhora e piora;
● Há trabalhos que mostram que 1 a 5% da população pode ter crises de dermatite seborreica;
o Há algumas situações em que ela tem uma incidência aumentada, em especial doentes com
Mal de Parkinson e pacientes com HIV/AIDS.
● Ocorre em áreas com maior quantidade de glândulas sebáceas, por isso o nome dermatite “seborreica”;
● A doença tem apresentação bimodal, com dois picos de incidência:
o Recém-nascido, nos primeiros meses de vida;
o Fase adulta.
● A causa é desconhecida, mas sabe-se que a seborreia é um fator predisponente, pois ocorre em áreas
mais oleosas onde o número de glândulas sebáceas é maior;
● Alguns trabalhos mostram que pode haver uma predisposição familiar, mas nunca nenhuma herança foi
detectada/comprovada;
● Alguns autores correlacionam com a presença de Malassezia furfur, porém não é comprovado;
● Fatores favorecedores:
o Como a seborréia é um fato predisponente, tudo que aumente a seborreia torna-se um fator
favorecedor de dermatite seborreica:
▪ Calor;
▪ Umidade;
▪ Roupas que retém suor;
▪ Estresse emocional;
● É muito mais comum as crises ocorrerem em momentos em que o paciente
está passando por algum estresse ou preocupação.
▪ Trabalhos mais recentes: ingestão excessiva de alimentos ricos em carboidratos.
● Duas formas clínicas de apresentação, cujas características e lesões mostram quadros diferentes:

o Do lactente;
o Do adulto.
● Na infância (em recém-nascidos) é muito comum placas
amareladas/amareladas graxentas, no couro cabeludo → chama-
se crosta hialada.
o Podendo aparecer, também, na região da sobrancelha;
o A glândula sebácea é ativada por andrógenos, ou seja,
hormônios sexuais. Nas crianças pequenas, essa ativação
se dá devido à passagem do estrogênio via placentária, da
mãe para o filho;
o Tendem desaparecer por volta dos 2-3 meses vida,
quando as glândulas deixam de ser ativadas e as lesões
desaparecem;
o Após isso somente aparecerá na idade adulta, pela
apresentação bimodal.
● São lesões assintomáticas;
● É recomendado a não retirada ou manipulação das lesões, pois quanto mais se retira, mais o organismo
produz. seborreia + eczema seborreico + diarreia
● Síndrome de Leiner ocorre em recém-nascidos que apresentam dermatite seborreica em couro
cabeludo associado à diarreia e lesões de eczema seborreico. Sendo um quadro mais grave, às vezes
com necessidade de internação, por acometimento do estado geral. É bem comum na pediatria,
necessitando de internação e cuidados gerais. Resumindo:
o Dermatite seborreica no couro cabeludo;
o Lesões de eczema seborreico em áreas de seborreia no corpo;
o Diarreia e alterações sistêmicas.

● As áreas mais comuns de eczema seborreico são:


o Face – especialmente no ¨T facial¨: região da sobrancelha, sulco nasogeniano, região
retroauricular.
● Ocorre eritema e descamação em graus variados, como é uma doença eritemato-escamosa, é
necessário ter as duas características, porém em alguns paciente tem mais um do que outro e vice-
versa;
● A descamação do couro cabeludo é bem comum, sendo conhecido como caspa;
● Pode-se ter lesões eritemato-escamosas na região esternal, interescapular, áreas seborreicas,
retroauricular;
● É uma doença comum com períodos de melhor e piora, alguns pacientes sabem quando vão ter crises,
principalmente por estarem passando por momentos de estresse.
Obs.: Artigo que mostra as regiões que mais são acometidas: couro cabeludo, região da sobrancelha, sulco
nasogeniano, retroauricular, esterno, axilas e virilhas. Áreas que retém calor e suor.
● A dermatite seborreica no paciente imunossuprimido tende a assumir uma outra proporção, diferente
daquela caracterizada por uma doença benigna, recorrente, comum e sem grandes repercussões
sistêmicas;
o Em pacientes com AIDS em quadro de imunossupressão severa, principalmente naqueles que
ainda não iniciaram o tratamento antiretroviral, é possível observar casos muitos graves de
dermatite seborreica, acometendo o corpo todo, com lesões muito mais agressivas do que a
dermatite seborreica comum;
o A ocorrência ao longo da vida do paciente HIV+ é muito maior, podendo chegar a 95%;
o Está relacionada com o grau de imunossupressão e alguns autores consideram que ela é um
sinal precoce de deterioração do sistema imune (Cd4 baixo), com quadro clínico mais extenso,
sendo normalmente refratária ao tratamento convencional.
Obs.: A dermatite seborreica não tem cura, porém as crises são resolvidas com grande facilidade no paciente
imunocomprometido.
● Na dermatite seborreica grave deve-se pesquisar imunossupressão, sendo perceptível um quadro
diferente do comum por acometer muitas áreas ao mesmo tempo, não responde ao tratamento de
forma rápida e é recorrente em períodos mais curtos;
o Exemplo: pacientes com HIV, pacientes infectados pelo vírus HTLV;
● Nesses pacientes, as lesões podem ocorrer em lugares que não os convencionais. Comprometendo
todo o dorso, todo o tronco, face toda, com áreas de eritema e descamação.
● Tratamento
o É um tratamento simples e se existe uma doença de base imunussupressora deve-se tratar a
doença junto;
o O tratamento de lesão da pele é, a princípio, com corticoides tópicos, diminui eritema, diminui
a descamação. Eles são antiinflamatórios e diminuem o processo inflamatório no local;
o Nas áreas de acometimento da dermatite seborreica é preferível usar corticoides de leve ou
média potência e não de alta potência, por serem áreas de pele fina (dobras, face);
o Alguns autores preconizam que se deve associar um antifúngico ao corticoide tópico por causa
da relação com a Malassezia spp.;
o Sempre são utilizados sabonetes e xampus para retirar a oleosidade;
▪ É muito comum quem possui essa doença passar óleo no rosto ou no couro cabeludo
para esconder a descamação. Porém, a oleosidade piora, sendo necessário explicar isso
ao paciente.
o Os xampus antifúngicos podem ser utilizados também, e normalmente já vêm associados aos
xampus anti-oleosidade;
o Nos casos mais extensos pode-se usar antifúngicos sistêmicos e até corticoides sistêmicos. Caso
extensos é necessário pesquisar outras doenças. Conceito Azulay: Doença imunoinflamatória, cutâneo
articular, crônica e recorrente que se caracteriza por
2. PSORÍASE hiperplasia epidérmica, ciclo evolutivo acelerado dos
● Principal doença eritemato-escamosa; queratinócitos e ativação imune inapropriada.
● É a doença mais eritemato-escamosa, sendo uma doença inflamatória crônica;
● Atinge de 1-3% da população mundial. Países de clima muito frio tendem a ter uma proporção maior,
Rara em negros
pacientes que moram nas regiões próximas aos polos;
● É tradicionalmente conhecida por acometer a pele e as articulações. Na pele é chamada de psoríase e
nas articulações de artrite psoriásica;
o Existe uma proposta de que ela receba uma denominação de doença psoriásica por ser uma
doença inflamatória sistêmica;
● É uma doença que possui uma predisposição genética e uma alteração imunológica, normalmente
desencadeada pelos fatores ambientais;
● Em relação à sua predisposição genética podemos dizer que a psoríase é uma doença secular, pois
sempre foi postulada, mesmo antes de se saber da sua herança genética, que acomete mais parentes
de 1º grau;
o Existem estudos mostrando que se tem familiares de primeiro grau com a doença, existe uma
porcentagem de acometimento, se em gêmeos monozigóticos, outra porcentagem maior ainda;
o Ainda que em gêmeos monozigóticos, não há uma concordância genética de 100% para a
psoríase, uma vez que, nessa doença, são muito determinantes os fatores ambientais, uma vez
que nem sempre esses gêmeos sofrem a mesma influência externa.
● Sabe-se que ela está associada com outras doenças poligênicas, especialmente àquelas relacionadas ao
metabolismo, como síndrome metabólica, resistência insulínica, diabetes, doença de Crohn, há muita
relação entre doença inflamatória intestinal e psoríase;
● Existem vários genes associados à psoríase, porém o gene HLA-Cw6 é o principal determinante genético
(10 vezes mais prevalente em pessoas que têm psoríase do que na população comum);
o HLA-B29, HLA-B38, HLA-B27 estão mais associados a quadros articulares, em especial o HLA-
B27 que tem alta relação com oligoartrites indiferenciadas, em especial a artrite psoriásica.
● Sendo a psoríase uma doença inflamatória sistêmica, ela apresenta uma série de alterações
imunológicas, em especial a liberação de algumas citocinas, dentre elas se destacam a IL-17, IL-22 e TNF
alfa, que levam à alterações celulares que causam as alterações características, como a
hiperproliferação das células da pele e dos vasos sanguíneos;
● Tudo isso está relacionado a uma predisposição genética, esse doente sofre a ação de algum fator
externo, o que vai desencadear essas alterações imunológicas, esses fatores podem ser qualquer um
que mexa com a homeostase, como:
o Estresse físico e emocional;
o Infecções;
o Mais prevalente em pacientes HIV+ (tendo um quadro mais grave nesses pacientes);
o Alterações metabólicas; Apresenta 2 picos de incidência: entre 20 e 30 anos de idade e
após os 50 anos.
▪ Diabetes; É mais frequente na terceira década (75%) e, quando ocorre antes
▪ Hipertensão; dos 30 anos, tem pior prognóstico, estando mais frequentemente
associada ao HLA-Cw6 e a uma história familiar
▪ Dislipidemia. positiva para a doença (alguns autores a designam como tipo I,
o Uso de determinados medicamentos; enquanto o tipo II ocorre após os 30 anos)
▪ Lítio;
▪ Betabloqueadores - propanolol;
▪ AINES - muitas vezes os pacientes usam AINES, para o quadro articular não tem
problema, mas piora muito o quadro na pele; hidroxicloroquina
▪ Antimaláricos.
Obs.: pacientes que desencadeiam um quadro de psoríase por uso de medicamentos podem melhorar da
doença após a parada do uso de medicamentos ou podem desenvolver a psoríase clássica como uma doença
crônica que ela é.
Indivíduo geneticamente pré-disposto

Sofre ação de fatores externos IL-17, 1L-22 e TNF-alfa

Ativação de linfócitos T

Liberação das citocinas

Proliferação celular anormal responsável pelas lesões

● Hoje sabe-se que a psoríase é doença inflamatória sistêmica, pelo fato de o paciente ser considerado
um inflamado sistêmico, e imunomediada, por ser mediada pelas citocinas inflamatórias. E tem
associação com outras doenças inflamatórias, em especial intolerância à glicose, diabetes, doenças
cardiovasculares e dislipidemias; As lesôes típicas são eritematoescamosas, em
placas, de limites bem precisos e, por vezes,
● Clinicamente a psoríase pode acometer: circundadas por halo periférico claro (halo de
o Pele; Woronoff); as escamas são, em geral,
argênticas.
o Couro cabeludo;
o Unhas;
o Articulações;
● As lesões ainda podem acometer mucosas, mucosa oral e semi-mucosa (glande, vulva, vagina). A forma
mais frequente é chamada de psoríase em placa ou vulgar (por ser a mais frequente);
● As lesões podem ser em pápulas que se confluem e formam grandes placas, onde podem predominar
eritema ou descamação;
● Classificação do quadro
o Leve;
o Moderado;
o Grave.
● Essa classificação depende de 3 coisas: superfície corporal acometida, tamanho da espessura (quanto
mais espesso, mais grave) e cor do eritema (quando mais eritematoso, mais grave), ou seja:
o Extensão;
o Grau do eritema;
o Grau de espessura da pele da lesão.
● A lesão elementar são sempre pápulas ou placas, normalmente grandes placas se formam pela
confluência de pequenas pápulas;
● Tradicionalmente a psoríase acomete as regiões chamadas
de superfície de extensão, que são aquelas que não são
regiões de dobra. Normalmente, as grandes placas são
junções de várias pápulas.
o Pode ocorrer, também, nas áreas de dobra onde não
aparece muito a descamação por serem áreas que
têm uma maior sudorese que esconde a descamação,
aparecendo somente uma placa eritematosa.
Chamada de psoríase invertida por inverter o sítio
habitual de aparecimento;
o O diagnóstico diferencial pode ser com dermatite de
contato ou tineas, que são dermatofitoses mais
secas.
Obs.: para diferenciar da cândida é preciso observar se tem a maceração central e as pápulas satélites, e em
relação as dermatofitoses elas possuem crescimento centrífugo e bordas bem diferenciadas.

● Outro lugar que pode acometer de graus variados é a região plantar e palmar;
o Nesse caso o início se faz, mais comumente, na região do cavo plantar e depois se espalha. É
importante para diferenciar com as dermatites de contato que iniciam nas regiões que mais se
pisa;
o O grau de acometimento varia de acordo com o
doente, pode-se ter acometimento de toda a sola,
dificultando até a deambulação;
o A placa na mão tem um aspecto descamativo
branco-amarelado/branco nacarada, característico
da psoríase. E tem diagnóstico diferencial com
dermatite de contato, eczemas e alguns casos de
micose;
o As lesões na unha proporcionam microfuros no leito
ungueal, chamados de depressão puntiforme ou
pitiing ungueal “unha em dedal”, não sendo
característica da psoríase, podendo aparecer em
outras doenças autoimunes. A unha normal tem seu
leito liso e rosáceo, a borda unguel (cutícula)
também é lisa e aderida à unha;
o Na unha pode-se ter distrofias ungueais e assim o paciente tem lesões eritematosas próximo à
unha. Nos sulcos chamados sulcos de Boah a unha fica embotada, pode-se ter onicólise, que é
descolamento do leito da lâmina, deixando ela ¨fofa¨, onicoceratose, e ainda pode ocorrer a
distrofia total com lesão e artrite;
o A lesão da unha é fator predisponente para artrite psoriásica das interfalangianas distais.
Quando se tem isso tudo numa unha só não se deve pensar logo em psoríase, pois as distrofias
mais frequentes em uma unha são por a onicomicose;
▪ Sendo assim, pacientes com psoríase normalmente não vai ter lesão em só uma unha,
mas em várias, muitas vezes em todas as 20 unhas.
o Muitas lesões distróficas em muitas unhas acompanhadas de lesões eritemato-escamosas →
pensar em psoríase.

● Pode ocorrer no couro cabeludo também como na dermatite


seborreica, porém essa última tem limites de gravidade e
geralmente ocorre no centro do couro cabeludo, que é a região
mais oleosa. Já a psoríase apresenta uma descamação mais
esbranquiçada com regiões de acometimento na borda do couro
cabeludo, pegando a pele próxima à linha de implantação do
cabelo.
o Seboríase é um termo utilizado pelo Sampaio para
Psoríase: descamação mais
descrever um quadro clínico de psoríase ou dermatite
esbranquiçada + borda do seborreica que não é passível de diferenciação somente
couro cabeludo (pegando a
pele próxima à linha de com a clínica, sendo necessários outros recursos,
implantação do cabelo) principalmente em quadros de psoríase que só se
manifestam no couro cabeludo. Caso hajam outras
lesões pelo corpo, fecha-se para psoríase.
● Os pacientes possuem graus variados de acometimento, podendo ser
placas ou pápulas;
● Pacientes com doenças autoimunes, em especial psoríase e vitiligo,
em áreas previamente sãs que sofrerem qualquer espécie de trauma,
em qualquer cicatriz daquele trauma pode surgir uma lesão de
psoríase, porém, por ter sido propiciada por trauma, a lesão não tem a
conformação habitual de placa ou pápula, e sim a conformação do
trajeto daquele trauma.
o Fenômeno de Koebner, ocorre em doenças autoimunes.

Formas clínicas especiais


● Não possuem as lesões clássicas eritemato-escamosas;
● Psoríase Gutata
o Ainda se tem a pápula eritemato-escamosa, porém ela não evolui para placa, não há
confluência. Lesões são mais ou menos do mesmo tamanho, todas de 1cm ou menores que
1cm;
o É mais comum em jovens e está muito relacionada com infecção estreptocócica de orofaringe,
vias aéreas superiores;
o O indivíduo que desenvolve a psoríase gutata pode ficar curado das lesões após a cura da
infecção e nunca mais ter psoríase, ou ainda evoluir para psoríase clássica.
● Psoríase Eritrodérmica
o Eritrodermia significa eritema e descamação
generalizados, normalmente acometendo mais de
90% da superfície corporal. É um sintoma, uma
manifestação, não é uma doença, é preciso achar a
causa;
o Tem-se eritema e descamação acometendo toda a
superfície corporal ou, pelo menos, 90% dela;
o Existem por volta de 5 doenças mais comuns que
podem cursar com eritrodermia;
▪ A causa mais comum é a farmacodermia,
que são as reações alérgicas a
medicamentos, seguido da psoríase, pode-
se ter eritrodermia como uma das formas
de linfoma cutâneo, além de pênfigo
foliáceo;
o Quando se tem um doente com eritrodermia, se ele sabidamente tem psoríase e entrou em
eritrodermia, ele agravou por algum motivo, mas se o doente nunca teve história de doença
eritemato-escamosa, e entra com quadro de eritrodermia, não se fecha diagnóstico somente
clínico, olhando, normalmente interna-se (todos esses doentes são internados) o doente, faz-se
biópsia e tratamento geral até ter o resultado específico;
o Não se tem placa eritemato-escamosa, mas uma descamação com eritema difuso. É um caso de
internação, pois o paciente perde a barreira de proteção pele, sendo suscetível a grandes
infecções, como sepse. Perde-se o controle da temperatura corpórea e, assim, a homeostase
corpórea, sendo eles potencialmente graves por risco de distúrbio eletrolítico e sepse.
● Psoríase Pustulosa
o Não se tem placas eritemato-escamosas, têm-se pústulas. Pode ocorrer na mão e nos pés,
fazendo diferencial com as piodermites e eczmeas. Porém, se acompanhado se lesão ungueal
fala mais a favor de psoríase. Se não tem nada disso, faz-se a biópsia.
o Pode ocorrer casos de pústula generalizados onde as pústulas vão se coalescendo, se
descolando e o paciente se comporta como um grande queimado, chamado também de
Psoríase Generalizada de Von Zumversiti. Tem alta taxa de óbito.
Essas formas especiais de psoríase estão relacionadas com o tratamento intempestivo no qual utilizam-se
corticoides sistêmicos, intramuscular, intravenoso ou oral. Porém, há algumas doenças em que eles são
proscritos, como a psoríase. NÃO SE USA CORTICÓIDE SISTÊMICO NA PSORÍASE. Pode-se usar corticoides
tópicos em pequenas quantidades e por pouco tempo.
o Não se usa corticoide, pois eles podem desencadear quadros muito graves que são chamados
de efeito rebote. Usa-se o corticoide, o doente melhora e quando é necessário reduzir as doses
do corticoide o doente piora e pode chegar a óbito;
o Deve-se tomar cuidado com esses doentes nos pronto-socorro! Eles podem receber doses de
corticoides, achando que é uma alergia ou ainda, quando possuem artrite psoriásica, chegam
com dor lombar e são prescrito erroneamente corticoide para esses pacientes. Depois de
administrado, o paciente melhora de tudo, porém depois de 20-30 (pois são medicamentos de
reserva) dias ele inicia o quadro grave.
ARTRITE PSORIÁSICA
● É uma oligoartrite indiferenciada. Muito confundida com a espondilite anquilosante, muitos pacientes
têm esse diagnóstico errado até aparecerem com uma lesão cutânea de psoríase;
● A artrite pode acometer de 5-40% dos pacientes e é muito mais comum naqueles que têm associação
com HLA-B27;
● O mais comum é que se tenha lesão cutânea, do couro cabeludo, ungueal antes do quadro articular.
Mas pode-se haver a artrite antes dessas lesões, deixando o diagnóstico difícil, por ser uma artrite
indiferenciada;
● A atividade articular independe da atividade cutânea, ou seja, pacientes podem ter graves quadros
cutâneos muito graves, sem quadros articulares e vice-versa;
● Paciente de psoríase que não sem sintomas articulares, mas tem fator de risco devem ser investigados;
● Fatores de Risco
o Lesão ungueal – é predisposição somente para artrite de interfalangianas distais, pois a êntese
está muito próxima da unha;
o Lesões no couro cabeludo e dobras cutâneas – quadros poliarticulares;
o Antecedentes de artrite psoriásica – presença de
HLA-B27.
● Alterações nas falanges em pescoço de cisnei, corcunda de
camelo, com deformidades fixas após um tempo;
● É ideal que o diagnóstico da psoríase seja, essencialmente,
clínico e por isso deve-se fazer de forma precoce para
evitar sequelas nos pacientes.
o A biópsia (histologia) é realizada para ajudar na
aceitação do doente ou em casos especiais.
● Existem algumas manobras que facilitam o diagnóstico:
o Sinal da vela: Atritar levemente a lesão com uma
cureta ou tampinha de caneta, isso irá mostrar
uma maior decamação da lesão. Quem propôs pela primeira vez nomeou de curetagem
metódica, por utilizar uma cureta;
o Sinal do orvalho sangrante: Continuar o atrito levemente e isso irá fazer com que a lesão inicie
com pontos sangrantes.
Sinal de Auspitz ▪ Ambos os sinais são patognômonicos, praticamente, de psoríase;
▪ A camada córnea é anuclear e avascular, tendo a função de barreira por não ter celulas
vivas nem vasos. A derme papilar é a derme mais próxima da epiderme. A psoriase
muda essa conformação, em vez de se ter vasos mais profundos eles se tornam muito
superficiais, próximos da camada córnea. Por isso ocorre o orvalho sangrante.
TRATAMENTO
● Doença crônica, sem cura, com períodos de melhora e piora;
● A orientação geral faz parte do tratamento;
● Esclarecer que é uma condição crônica, reicidivante, não contagiosa;
● Esclarecer todos os fatores desencadeantes. O tabagismo e etilismo pioram a doença. Traumas
ocorridos são sitios de novas lesões;
● Tratar os aspectos psicológicos por serem lesões chamativas que tem um estigma de contagiosa
causando um sério problema social para o doente.
● Tratamento tópico é oferecido para todos os pacientes de psoríase:
o Se há pouca lesão, utiliza-se somente o tópico, se há muita lesão, utiliza-se o tópico associado
ao sistêmico;
o Hidratação da pele é necessária para todos os pacientes, pois a lesão da psoríase é seca,
podendo associar com corticoide tópico que vai diminuir eritema, descamação, proliferação
celular;.
o Em casos de contra-indicação de uso tópico de corticoide, pode-se usar os poupadores de
corticoide que tem função similar do corticoide tópico, mas não tem os mesmos efeitos
colaterais.
● Tratamento sistêmico
o Paciente que não responde a somente a medicação tópica deve-se oferecer a fototerapia, que é
feita com a emissão de radiação ultravioleta A ou B (UVA e UVB), tem ação antiproliferativa,
antinflamatória e imunussupressora;
o Se não responder à fototerapia, usa-se tratamento sistêmico clássico, que é a acicretina e o
metotrexato;
o Quem não teve resposta a nada disso, usa-se a ciclosporina e imunobiológico. Porém, remédios
que tem muitos efeitos colaterais e são reservados para determinadas doenças.
● O mais importante é a adesão do paciente ao tratamento e que ele vá às consultas mesmo sem as
lesões.

3. PITIRÍASE RÓSEA
● É uma doença extremamente prevalente, porém não chega ao especialista. E sua importâcia é que ela é
autolimitada. Porém, faz diagnóstico diferencial com duas doenças endêmicas e importantes no nosso
meio e são tratadas como alergias;
● Outro nome é Ptiríase Rosea de Gilbert, não tem predileção por raça, nem por sexo. Pitiríase vem do
grego escama fina e rosa por sua coloração;
● É mais comum em crianças e adultos jovens. Não se sabe a causa, acredita-se que seja uma reação do
organismo a algum agente externo, em especial os vírus, porém pode ser uma reação pós processo
infecioso, pós estresse;
o Tem muita associação com os herpes virus humano, especialmente o tipo 6 e tipo 7.
● São pápulas ou placas eritemato-escamosas, distribuídas no tronco, membros superiores e raíz da coxa,
raros em perna, etc. Têm-se uma lesão primária que é bem maior que as outras, chamada de medalhão
primário, e só depois de 2-5 dias surgem as outras lesões pequenas. O grau de eritema e descamação
variam, porém são bem menores;
● O medalhão primário é uma placa eritemato-descamativa com crescimento centrífugo e por isso é
diferencial com a tínea corporis no início da pitiríase
rósea, somente depois de alguns dias que crescem as
outras pápulas menores que são exatamente iguais às
lesões da sífilis secundária.
o Um sinal, não muito frequente, que pode
diferenciar a sífilis secundária é que ela possui um
colarete interno chamado de colarete de Bier.
Outro diagnóstico diferencial das lesões
papulosas é a farmacodermia. Sendo necessário
pedir outros exames.
o Os grandes diferenciais são a sífilis secundária e
as farmacodermias. PEDIR O VDRL (a sífilis é
considerada uma grande imitadora, ela imita as
leões de outras doenças).
TRATAMENTO
● É uma doença autolimitada e em torno de 15-20 dias
desaparece. Muitos autores recomendam não fazer nada, porém perante queixas de muito prurido
pode-se usar um anti-histamínico ou um corticóide tópico (quando o medalhão primário demora a
sumir).

Você também pode gostar