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Vias de Administração de Fármacos:

O que determina a via de administração de fármacos?

Objetivos terapêuticos: (p. ex., necessidade de um início rápido de


ação, necessidade de tratamento por longo tempo, ou restrição de acesso a
um local específico)

Propriedades do fármaco: (p ex., hidrossolubilidade ou lipossolubilidade)


– para o fármaco ser absorvido precisa ser lipossolúvel e os hidrossolúveis não
são absorvidos.

Vias de administração:

- Visão geral
Classificacao das vias de administração:

1. Via enteral (enteron = tubo digestivo)


 Vias de administração de fármacos com absorção no trato
gastrointestinal (TGI).
 Oral, retal e sublingual.

2. Via parenteral: (para = lado).


Via de administração de fármacos onde a absorção não ocorre no TGI.

 Direta:
 Subcutânea;
 Intradérmica;
 Intramuscular;
 Intravenosa
 Intrainterial;
 Intratecal ou intraraquidiana;
 Intrapleural;
 Intracardíaca;
 Intra-articula;
 Intraperitoneal (experimentação animal).

 Indireta
 Oftalmológica (conjuntival)
 Auricular (otológica)
 Inalatória;
 Geniturinária (mucosa vaginal);
 Epidérmica
 Trans dérmica
Vias de administração:
1. Enteral:
a) Via Oral:
- A via de administração mais utilizada para prescrição de um fármaco;
- 85% dos medicamentos fora do ambiente hospitalar são realizados por
esta via;
 Considerada a via mais utilizada para automedicação.

Vantagens:

- Facilidade de administração;

- Menor probabilidade de efeitos adversos;

- Possibilidade do uso de lavagem gástrica (caso de intoxicação);

- Econômica;

- Aceita socialmente.

Desvantagens:

- Passagem pelo estomago;

- Irritação da mucosa gástrica;

- Interação com alimentos;

- Drogas não absorvidas pelo intestino;

- Passagem pelo fígado (1° Passagem).

Contraindicações:

- Náuseas e vômitos;

- Diarreias;

- Pacientes com dificuldades para engolir.


Metabolismo de primeira passagem:

Conceito: Quando um fármaco é absorvido a partir do TGI, primeiro ele


entra na circulação portal antes de entrar na circulação sistêmica. Se o fármaco
é rapidamente biotransformado no fígado ou na parede intestinal durante essa
passagem inicial, a quantidade de fármaco inalterado que tem acesso à
circulação sistêmica diminui. Isso é denominado biotransformação de primeira
passagem.

Obs.: Os medicamentos são metabolizados principalmente no fígado.

A via intravenosa demora mais para fazer efeito.

b) Sublingual

- O medicamento difunde-se para a rede capilar e passa diretamente


para a circulação sistêmica;

- Situações de emergência quando necessária uma resposta rápida.

Ex: Isossorbida, Propatilnitrato (alívio da angina), Zolpidem (insônia),


cetorolaco (AINE).

Obs: Vasodilatação e vasoconstritor podem aumentar o tempo de efeito


do medicamento ou diminuir.
Vantagens:

- Absorção rápida;

- Evita efeito metabolismo de primeira passagem;

- Ideal para fármacos que possuem instabilidade química.

Desvantagens:

- Pequenas doses;

- Sabor desagradável;

- Inconveniente se o uso for crônico;

- Irritação da mucosa;

- Salivação excessiva pode induzir o paciente engolir;

- Absorção em geral é incompleta;

- Somente para fármacos lipossolúveis.

Via Oral x Via Sublingual:

- Explicação para esse efeito?

Sublingual faz efeito mais rápido e maior, pois não foi degradada e a via
oral é mais demorada, ocorre degradação.
c) Via Retal
- É a introdução do medicamento no reto, em forma de supositórios ou
clister (tubo) medicamentoso;
- Absorção rápida do fármaco;
- Utilizada para fármacos com efeito local ou sistêmico.
 50% vão para a circulação sistêmica;
 50% para o metabolismo de primeira passagem.
(50% do fluxo venoso retal tem acesso à circulação porta.)

Vantagens:
- Parte do medicamento não sofre efeito de 1° passagem (50%);
- Não produz irritação gástrica;
- Pacientes com náuseas, vômitos;
- Pacientes com dificuldade de engolir;
- Pacientes sedados;
- Pacientes pediátricos.

Desvantagens:
- Aversão social;
- Inflamação da mucosa, devido a uso prolongado;
- Absorção irregular;
- Pode desencadear o processo de defecação.

2. Parenteral:
- Efeito mais rápido e previsível que a “via oral (enteral)”;
- Dose selecionada com maior exatidão;
- Útil no tratamento emergencial;
- Útil em paciente inconsciente ou que seja incapaz de reter qualquer
fármaco administrado pela via oral;
- Usada para fármacos que são pouco absorvidos no trato GI.
a) Intradérmica:
- Usada principalmente com fins de diagnostico;
Ex: testes de sensibilidade dentro das camadas mais externas da pele
(derme).
- Baixa absorção sistêmica;
- Esta via de administração produz efeito local;

- Local mais apropriado: face anterior do antebraço.


 Pobre em pelos;
 Possui pouca pigmentação;
 Possui pouca vascularização;
 Fácil acesso à leitura.
b) Via Subcutânea:
- Utilizada apenas para substância não irritantes;
- Absorção (capilares), lenta e constante;
- Provoca mínimo traumatismo tecidual;
- Inadequada para grandes volumes, pode ocasionar dor ou necrose.

Aspectos importantes:
- A medicação é introduzida no tecido subcutâneo (adiposo);
 Agulha curta.
 Ângulo da agulha
- 90°C – agulhas hipodérmicas (24G)
- 45° - agulhas normais (26G) em pacientes magros.

Vantagens:
- Pode ser autoadministrado;
- Usada para administração
 Anticoagulante (heparina);
 Hipoglicemiantes (insulina);
 Vacinas (rábica e sarampo).

- O local de aplicação deve ser revezado quando utilizado por período


indeterminado.
Desvantagens:
- Infecções inespecíficas ou abcessos;
- Dor e necrose se o fármaco é irritante;
- Inadequada para fármacos administrados em volumes elevados;
- Formação de tecido fibrótico;
- Embolias – por lesão de vasos;
- Lesão de nervos.

Pontos recomendados para rodízio das injeções:


- Porcão superior do braço;
- Face anterior da coxa;
- Tecido frouxo do abdômen inferior;
- Região glútea.

c) Via intramuscular:
- Depositar medicação profundamente no tecido muscular, sendo
rapidamente absorvido;
- Absorção com ação sistêmica, porém não imediata;
- Adequada para volumes moderados, veículos aquosos, oleosos e
substâncias irritativas.
Aspectos técnicos:
 Músculo escolhido:
- Deve ser bem desenvolvido;
- Ter fácil acesso;
- Não possuir vasos de grande calibre;
- Não ter nervos no seu trajeto.

 Volume injetado:
- Região deltoide: de 2 a 3 ml;
- Região glútea: de 4 a 5 ml;
- Musculo da coxa: de 3 a 4 ml.

 Quando não devemos utilizar a região glútea?


- Crianças menores de 2 anos;
- Pacientes com atrofia da musculatura;
- Paralisia de membros inferiores.
 Complicações:
- Deve-se evitar o nervo ciático;
- Injeções intravasculares;
- Infecções e abcessos.
OBS: A via intravenosa é mais rápida, pois não absorve.
Via intramuscular absorve e depois faz o efeito (percurso mais longo).

Vantagens:
- Efeito rápido com segurança;
- Via de deposito ou efeitos sustentados;
- Fácil aplicação.

Desvantagens:
- Dolorosa;
- Pode causar hemorragia intramuscular;
- Não suporta grandes volumes.

d) Via Intravenosa (Endovenosa):


- Administração do fármaco diretamente na veia, obtendo ação imediata.
- A medicação poderá ser administrada em qualquer veia periférica
acessível, mas com preferência para:
- Dobra do cotovelo
 Veia basílica, mediana e cefálica.

- Antebraço;

- Dorso das mãos.

Vantagens:
- Pode ter efeitos imediatos;
- Adequada para substâncias irritantes e misturas complexas;
- Valiosa para situações de emergia;
- Permite controle preciso dos níveis circulantes.
Ex: antibióticos e anestésicos.

Desvantagens:
- Risco de infecção bacteriana;
- São necessárias técnicas de assepsia;
- Hemólise e reações adversas devido a velocidade de injeção;
- Dificuldade de se encontrar veias adequadas;
- Difícil corrigir uma overdose;
- Uso de equipamentos e procedimentos esterilizados e descartáveis;
- Profissional habilitado.

e) Via Intra-articular:
- Via de administração que deposita medicações diretamente nas
cavidades articulares (ombro, cotovelo, tornozelo e joelho).

Objetivo:
- Aliviar a dor;
- Ajudar a preservar a função articular;
- Prevenir contraturas.

Medicamentos administrados por essa via:


- Corticoides;
- Anestésicos;
- Lubrificantes.

Contraindicações:
- Pacientes com infecção articular;
- Fratura ou instabilidade articular.

f) Via Intraperitoneal
- Comum em experimentação laboratorial, rara na clínica. Cavidade
peritoneal oferece grande superfície de absorção a partir da qual os fármacos
entram rapidamente na circulação.
g) Via Tópica
- Via tópica ou por administração epidérmica, aplicação de substâncias
ativas diretamente na pele, ou em áreas de superfície de feridas, com efeito
local, tais como, pomadas, cremes, géis, sprays, locutórios, pastilhas para a
garganta.

h) Via Transdérmica
- Essa via de administração proporciona efeitos sistêmicos pela
aplicação do fármaco na pele, por meio de um adesivo cutâneo.

Absorção pode variar dependendo:


 Area de exposição;
 Difusão do fármaco na derme (alta lipossolubilidade);
 Temperatura.

Uso terapêutico mais frequente (adesivos transdérmicos):


- Reposição hormonal (estrógeno);
- Formas transdermicas de nicotina;
- Anticoncepcional (Evra);
- Escopolamina.

Vantagens:
- Evita o efeito de primeira passagem;
- Conveniente e indolor;
- Ideal para fármacos lipofílicos e que tem baixa biodisponibilidade oral;
- Ideal para fármacos que são eliminados rapidamente do organismo.

Desvantagens:
- O fármaco deve ser muito lipofílico;
- Alguns pacientes são alérgicos aos adesivos, o que pode causar
irritação;
- Limitando a fármacos que podem ser tomados em doses pequenas
diárias;
- Pode demorar o acesso ao local de ação farmacológica;
- Alto custo.
i) Via Inalatória
- A administração de fármacos por inalação pela boca que transitam
através das vias respiratórias até o pulmão;
- Rápido acesso à circulação devido à grande área de superfície.
- Raramente esse método é utilizado na administração de medicamentos
que atuam em outros tecidos ou órgãos além dos pulmões.

Vantagens:
- Para efeitos locais, minimiza a ocorrência de efeito a DVERSOS;
- Evita o efeito de primeira passagem;
- Absorção rápida;

Desvantagens:
- Absorção irregular;
- Irritação local e alergias.

j) Via Nasal:
- Via nasal ou intranasal é uma via de administração que consiste na
aplicação de fármacos nas fossas nasais;
Ex: Budesonida, calcitonina, nicotina, nafazolina.

Vantagens:
- Para efeitos locais, minimiza a ocorrência de efeitos;
- Evita o efeito de primeira passagem;
- Absorção rápida.

Desvantagens:
- Absorção irregular;
- Irritação local e alergias.
k) Via Auricular
- É a introdução de medicamento no canal auditivo (atua na membrana
auricular).
Ex: Hidrocortisona (para aliviar a inflamação), ciprofloxacino (para tratar
infecção).

Vantagens:
- Absorção lenta;
- Minimiza a ocorrência de efeitos adversos;
- Evita o efeito de primeira passagem hepática.

Desvantagens:
- Irritação local e alergia;
- Absorção irregular.

l) Via Oftálmica
- Uso tópico/Efeitos locais
- Empregada para um número restrito de fármacos.
 Mióticos (contração);
 Midriáticos (relaxamento);
 Anestésicos locais;
 Anti-infecciosos;
 Anti-inflamatórios.

Vantagens:

- Absorção lenta (objetivo de ação LOCAL);

-Minimiza a ocorrência de efeitos adversos;

- Evita o efeito de primeira passagem hepática.

Desvantagens:

- Irritação local e alergia;


- Produção de lagrima dificulta a absorção do fármaco;

- Absorção irregular.

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