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Se você está envolvido com reciclagem c meio ambiente, _

está " livro que você procurava. Ele é um guia riquíssimo, QUI
apresenra dera lhes dos tipos de reciclage~Jt' materiais.

E realmente uma {'Ibm v.aliosa I'al',\ 4uem recicla, vai N'dcia


ou está envolvido com resrduos súlid<Js ou com o meio ambiente.
geral. O (~timo profis~kmal é aquele que Sll~ pt'~quis...u. deb~
em um Ix,m livro e extrair do l1lômo 11 sua e~sência. Este Ilwb
comenta e apresenta aré 1l\c..'11l11 os pl:qucnos dC'talh~~, ma6 que
de enorme importância para a recl1olugia, pMil él problemática
meio ambiente e pam o sucesso dnselll'rocesso de reciclagem.

Seu ohjetivo é apresentar ,1 reciclagem de modo que


profissional possa fnzcr IlIn,l pesyuisa de mét\lI.los e técnicu
reciclagens. hem Cl1mu tcr ,c onhe.:imento \!~pedfb) de aJauIj
material em particuhu. Apresenl a uma qwmtidaJe enorme
tnft,nllaçôes úteis para diver~:l~ categorias clt:' prnflss~

t',tlldântes, pmfcS5\lrCS, récnicos. engenheiros, projetista


prüt1lisionab dJl :'reól I'Tudtttiva, Trnz UI11 ,,\lonne elenco
rcterêllChls bihliugrálka~, (J qUe perl1lill' ao leitor Clllllplcrar
enriquecer :l1l1t1:1 m~ljs LlS seus conhccilllLlllOs,
,
,

P ara não perder mercado, as empresas


Ana Magda Piva
buscam aumentar sua produtividade e
qualidade, ao mesmo tempo q ue procuram
raciona lizar os custos. Este é um dos
Hélio Wiebeck
'w
o'
caminhos para se atingir metas, aind a mais
quando se fala em reciclagem. A
reciclagem cada vez mais vem ganhando
espaço. Conhecer reciclagem e a pro­
blemática com o meio ambien te é de
grande necessidade para o empresariado
em geral. Este liv ro é dirigido também para
alunos d e esco las técnicas, p ar a Reciclagem
gradu and os o u pós-grad uandos em
faculdades e universid ades. A reciclagem é do
também apresentada como um negócio
empreendedor. Plástico
Aqui, a reciclagem é ap resentada de
forma tal, q ue o profissional pode fazer
uma análise criteriosa q uanto aos sistemas
de reciclage ns.

"eon
Iibe
­omnl
CopyrightC 2004 by Artlibcr Editora Ltda.
Capa,
Carlos Roberw da Silva
Foto,
Jupiter Imagens SUMÁRIO
Composição eletrônica:
Ediarte Comunicação UM.
Revisão:
Maria Aparecida A Salmeron
Produção, Prefácio .. ...... .... 5
Espw;a Edir.orial
Apresentação 7
Dados Inte rnacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasik ira do Livro, SP, Brasil) Capítulo 1 - O plástico e o meio ambiente ............. . 9
Piva, Ana Magd<l I - O plástico no lixo urbano ..... .. 9
Reciclagem do plástico I Ana Magda Piva, Hélio 16
Wiebeck. - São Paulo: Artliber Editora, 2004.
1.1 - Ciclo de vida do plás tico
Bibliog rafia.
1. Plásticos - Aspe cros ambienrais Capítulo 2 - Gerenciamento do resíduo plástiCo ... . 21
2. Reciclagem (Resíd uos e(c.) 3. Reciclado ras 2 - O que é gerenciamento de resíduo? ........ ... 21
4. Resíduos plásticos 1. Wiebeck, Hélio. 2. 1 - En tre a captação e o processo ... .......... . 22
11. Título.
2.2 - Na recicladora: beneficiamento primário
04-4920 COO·363.7282 do resíduo ........ ... . 25
índ ices par;) catá logo sistemático: 2.3 - Instalações auxiliares e de apoio ....... ..... . 26
1. Reciclagem do pl ástico: Problemas sociais 363,7282 2.4 - Recursos humanos ... .. 27
2. Plásticos: Reciclagem: Problemas sociai.s 363.7282
2.5 - Tratamento de água ......... ............. .. ,....... . 27
Obra selecionada - convênio Artlibe r-ABPo\
ABPoI Associação Bras ile ira de Polím eros Capítulo 3 - O plástico e seus tipos ........................ . 29
Caixa Post.al 490 - 13560-970 - São Carlos - SP 3.1 - Termoplásticos e termofixos ....... . 29
abpol@ linkw<ly.com .br
www.a bpol.com.br
3.2 - Temperatura de fusã o/temperatura de
trasição vítrea ...... .. .. 30
2001 3.3 - Pro priedades e aplicações de algun s
Todos os direitos desta edição reservados à polímeros ........... . 33
Artliber Editora Ltda.
Av. Diógenes Ribelro de Lima, 3.294
05083-010 - São Paulo - SP - Brasil Capítulo 4 - Identificação do resíduo 39
Te!., (lI) 3832-5223 Fale (li) 3832-5489 4.1 - A coleta e a separação dos resíduos ........ 39
inio@artliber.com.br
'Nww.ardiber.com .br
-
Capítulo .5 - - conceitos e tc(:mcas
5.1 - definições ................................. .
5.2 - Tipos de reciclagem de polímeros ........... 6J
5J - reciclagem mecânica ........................... 63 PREfÁCIO
5A - A energética ............... ......... 67

Capítulo 6 - detalhes impor­


tância
6.1 - da reciclagem pcliolefinas ...
Na msrona aa os estudlosos se
6.2· Reciclagem da resina Acrilorütrila - mm desafiados a o enigma a postma do ser
Butadieno - E.stireno (ABS) ................... 78 humano, observad" no capítulo do desenvolvimento da ciên­
do Poli de vinila) cia dos polímeros. por um lado, o homem mostrou
genialidade e realizadora ao desenvolver e
lsolidar a e o mercado polinleros, tornan·
comumente plfistí.cos, elastômcros e em um
(PMMA) glObal, amplo, atraente e dinâmico em 60 anos
6.5 . do Poli de etileno) con,iderando que o m8ior impulso e a dos in­
(PET) 82 vestimentos no setO!' pet.roquímico ocorreram após o fim da
6.6 . de poliamida (náilons) (PA) 89
11 Guerra Mundial (1945). Por outro lado, a sociedade, ncs­
nç"''-'dIOUH do poliurctallo (PU) ............ . 89
se mesmo tcrnplJ, não investiu equivalente, nem
J - A recíclagcm do como
Ke(:.lcl:lgem por aghJlwôraí;ao mostrou similar cri.ati.vl(iacle
I{e'ci(;kll~ern por e compressão mente seus recursos na
dos nroblemas e COlateraiS
Capítulo 7 • A recidadora - mercado e equipamentos 97 mn tes do cresce0 te uso de polímeros no mundo;
7.1 mercado de reciclado: a chave do su­ a necessidade de desenvolver novas fontes de energia
cesso ........................................................ . renovável e síntese dos polímeros, devido ao fato de que
para .. " ........... . as reservas e gás são finitas. deveria
se dar mais à valorização e dos resíduos
Referências bibliográficas límeros, uma vez que seu proclcsso
e ao equilíbrio ec()ló:gico.
A obra "Reciclagem do plástico" dos professores A na
M. Piva e Hélio Wiebeck vem demonstrar que o enigma que
desafiava os historiadores está praticamente superado nos
dias de hoje. O livro, com linguagem acessível e elementos
atualizados de ciência, tecnologia e mercado, revela as con ­ APRESENTAÇÃO
quistas obtidas pelo ser humano nos últimos 10-15 anos, no
desenvolvimento de alternativas viáveis para o condenável
hábito de descartar os resíduos plásticos (e também de ou­
tros materiais) em aterros, na vegetação e cursos d 'água com
indesejável impacto na natureza.
Pela sua própria condição temática, o processo de
Os autores , especialistas consagrados n a área de reci­ reciclagem, seu desenvolvimento e a tecnologia utilizada têm
clagem de plásticos, mostram o leque disponível de opções para orientado a discussão e o trabalho de diversos pesquisadores
o uso inteligente dos materiais poliméricos, com soluções em múltiplas áreas do conhecimento científico, empresários
cria tivas e efetivas para a reciclagem, reprocessamen to e e profissionais da reciclagem.
reutilização dos resíd uos das resinas plásticas em uso no mun­
Este livto é um pequeno exemplo dessa realidade, em
do. A lém de agregar um tomo na escassa bibliografia em lín­
que procuramos reunir o conhecimento de anos na área di­
gua portuguesa nesse assunto, o livro fornece uma visão in­ dática a ensaios, trabalhos e artigos de sociólogos , ambie n ta­
teressante de tendências e a certeza de que a tecnologia de listas, economis tas, administradores, geólogos, ecólogos, en­
reciclagem dos plásticos - uma disciplina ainda nova nos cur­ genheiros, químicos e as informações práticas recebidas dos
rículos - apresentará uma evolução significativa nos próxi­ recicladores em pesquisa de campo, criando interfaces des­
mos anos com novas [tonteiras a serem exploradas. tes com todos os interessados no assunto.
A Associação Brasileira de Polímeros (ABPol) sente ­ Solucionar é, desde sempre, a função da investigação
se honrada em apresentar e patrocinar esta obra, por repre ­ científtca. Nós acreditamos que qualquer resultado encon­
sentar um marco na evolução do conhec imento humano trado em uma investigação, por mais significativo e promis­
sobre a reciclagem dos plásticos e agregar valor para as futu­ sor que fosse, teria permanecido inútil se não fosse comuni­
ras pesquisas e trabalhos sobre a complexa relação entre os cado e transmitido. Comunicar é, pois, a condição básica do
polímeros sintéticos e o ecossistema. desenvolvimento e é também a idéia ce ntral deste trabalho.
Domingos Jafe lice
Na medida em que o conhecimento se produz e é trans­
Associação Brasileira de Polimeros - ABPol
mitido, ele se transforma em novas id éias, novos produtos,
Presidente
novos serviços, até gerar novos conhecimentos que possibili­
tam a melhoria da qualidade de vida, estimulam a inteligên­ CAPíTULO 1
cia e aumentam a nossa capacidade de compreender os fe­
nômenos que ocorrem nos diversos processos de fabricação,
permitindo-nos ter mais dúvidas, detectar novos erros e con­
tinuar a questionar, sempre.

Enfim, O referencial teórico sobre a tecnologia de o PLÁSTICO E O MEIO AMBIENTE


reciclagem que se tem hoje é uma construção em desenvol­
vimento, um esquema de referência se fazendo. Contribuir
para essa construção é o objetivo deste livro. Este trabalho
não se resume a uma revisão bibliográfica sobre o assunto,
1 - O plástico no lixo urbano
mas sim a um conjunto de dados e experiências, obtidos jun­
to a recicladores, transformadores e consumidores de
Os materiais conhecidos como "plásticos" são na reali­
polímeros. Evidentemente, várias informações aqui lançadas
dade artefatos fabricados a partir de resinas sintéticas, que são
foram obtidas em visitas a empresas, pesquisas em reciclagens
por sua vez produzidas através de matérias-primas de origem
e ou eventos e em reuniões técnicas da Comissão de
natural, como o petróleo, o gás natural, o carvão ou o sal co­
Reciclagem da ABPol (Associação Brasileira de Polímeros).
mum. Apesar da enorme produção de "plásticos", a sua fabri­
Outras informações foram coletadas nos seminários de
cação consome aproximadamente 5% do petróleo produzido
reciclagem de plásticos oferecidos pela Atualtec, da USP.
comercialmente no mundo. As resinas sintéticas são
Existem inúmeras pessoas da área da reciclagem e do comercializadas sob a forma de pó, grânulos, líquidos ou em
meio ambiente a quem nos sentimos na obrigação de agra­ solução, os quais, após aplicação de calor e pressão, se trans­
decer e, como a lista de nomes é imensa, enfatizamos em formam nos produtos tão conhecidos do nosso dia-a-dia.
especial, Adilson Santiago Pires, Ana Flores, João Gentil,
Liviu Schwarz, Sérgio Asciutti, Valdemar Didone e Wanda A palavra "plástico" veio do grego e significa "adequado
Maria Risso Günther. à moldagem", e assim como a palavra "metal" não define o
ferro ou o alumínio, "plástico" não se refere a um único mate­
Esperamos que este trabalho seja uma contribuição téc­ rial. O material plástico vem substituindo gradualmente os
nica para quem fabrica, transforma, recicla e consome mate­ materiais convencionais no projeto de produtos, não só por
rial reciclado e, mais do que isso possua uma visão ecológica seu baixo custo, mas também em conseqüência do desenvol­
e crítica do mundo atual. vimento contínuo de sua funcionalidade. Os "plásticos" per­

Ana Magda Piva mitem acondicionar, envolver, acomodar e até transportar pro­
Hélio Wiebeck dutos, mudando os hábitos de vida do consumidor como, por
São Paulo, Junho de 2004 exemplo, com os descartáveis, além das práticas de comércio.
10 Reciclagem do Plástico o Plástico e o Meio Ambiente 11

o consumo /)er mj)ita de plástico no nrasil aumentou • seu volume crescente) eITI lunçau
12,8% em em relação ao ano de 1994, de com o uribmlizaç1ic e introdll~iío da cultura
da Associação Brasileíra da Quími­
ca Abiquim. No ano de 1994, li produção nacional de re,i­
nas termoplásticas aumentou em ao ano ante" • complexidade do resíduo, devido ao desenvolvi­
alcançando milhões de mento novos introduzidos no merC8~
""""", corn um consumo
interno que superou a dfra dos munoes do, resultando em sintéticos nem CA,n~.,a
No a prod de resmas biodcgradávcis ou assimiláveis pelo meio autuUôwe
retmopliísticas teve seu na décaela e hOJe coma e que) muitas vezes, necessitam
com cerca ele 6 000 empresas que as transformam, Hoje o vio até seu final;
consumo de resina plástica SlIpera 4 milhões • po.luiíção visual 01.1 ,causado pelo eres,
por tH10. cente volume de plásticos c a cons'ôqilen
desvalorização os mesmos são dcposi­
setor de mm'keríng anrmam que o
S[lCeSSO dos plásticos ao seu apelo indepen~
rados.
dentemente produto a ser vendido, porque estes ma­ gera mais 13 mil toneladas!
reriais, por si imprimem a ele eficiência e com­ resíduos sólidos, posslVClmente mais de
ne,ritivielaclp a todo processo em que participem. do são embalagens plásticas
aspecto físico interessant.e, são as suas pro­ diversas Dentre
priedad'cs químicas os fazcrIl atraen.. estas resinas, as que possuem maior participação em nosso
tes. Por outro lado, estas mesmas propriedades que os nas mais diversas, são; o poli(tetcftclato
tornam um problema :mlh'''t1 quando descartados ele etileno) conhecido como o polictileno ou
sociedade ou Dela indústria. alta densidade (PEBD e PEAD. respectivamente); o
de vinil a) (PVC); o polipropileno (PP) e o
Todo material, não tem maLs valor de uso ou
po!tcstireno
não eXLste mais em é dcnommado resí"
ou Por resícl uo Embora no sejam mais de tone"
que é por residências, ins~ ano de residuos, os industriais, e
UlI"O<.'b, I1IZelrldllS e fábricas industriaLs ,h,m,,, perfazem uma pequena (em peso)
u""",,em o que é gerado na indústria pesada, automobilística, elo total sólidos, entre 6 e
construção demolição e incineração. 10%, distribuídos conforme informam do Lc,mlore
- Compromisso Empresarial para Reciclagem e 1FT
Atualmente, a geração restduos sólidos
tuto Tecnológico de São realizadas nas mlHores
aspectos a serem considerados;
brasileiras e indicado na LI.
12 Reciclagem do Pl ásti co o Plástico e o M eio Ambiente 13

Metal Plastlco
~L- Vidro 5% 6% 7% de pvc. Sa lientamos que o percentual de PET nessa
composição vem aumentando ano a ano.
Até o momento, a forma encontrada para lidar com o
Papel e papelão problema de descarte é a de transformar o lixo plástico em
28%
Material orgânico
matéria-prima, reintegrando-o ao processo produtivo. Normal­
52% mente, para pequenas quantid ades de resíduo gerado, existem
soluções simples e aceitáveis. Entretanto, a forma mais utiliza­
Figura 1 1 .. Discribuição dos materiais que compõem o reskJuo sólido da no Brasil para o descarte de resíduos ainda é a adoção ge­
urbano
neralizada de lixões. Os lixões, ou vazadouros, consistem de
Todavia, essa pequena contribuição do plástico ao vo­ lançamento dos resíduos ao solo, a céu aberto, o que perfaz
lume tota l de resíduos descartados [faz consigo um aspecto uma forma de descarte final inadequada que pode causar da­
extremamente negativo, que é o seu volume aparente ou o nos ao meio ambiente e problemas de saúde pública.
chamado "lixo visual". Na fração que corresponde a 6% (Fi­
A reciclagem de resíduos sólidos como uma solução
gura 1.1) em peso do total de materiais plásticos encontra­
ambiental é uma prática muito comum para os transformado­
dos em lixões, encontramos em termos de porcentagem as
res de plástico norte-americanos ou europeus. Normalmente,
resinas distribuídas conforme a Figura [. 2.
quando os resíduos sólidos não são reciclados, lhes é dado ou­
Uutros pláSticos tlglaos
18% tro destino que o do lixão. Na Tabela l.l, é apresentado o
PoIipropileno destino final dado ao lixo em vários países do mundo, inclusi­
10%
ve no Brasil. Se o resíduo for industrial, pode ainda ser descar­
tado em áreas de gerenciamento privado conhecido como ater­
ro ou, por fim, os resíduos podem ser incinerados.

~ ":-
Polletileno
.~ Tabela 1. 1 - Destino final de resídu os sólidos em vários países do mundo
37%
Países Incinerado Aterro Compostagem Reciclado
Figu ra 1.2 - Distribuição média dos plásticos encontrados no volume (%) (%) (%) (%)
total de resíduos descartados
Dinamarca 48 29 4 19
Nos Estados Unidos, o material plástico como resíd uo França 40 43 9 8
sólido urbano constitui cerca de 7,3 % (em peso) do volume Holanda 35 45 5 15
total de resíduo descartado. Desse percentual, o polie tileno Alemanha 34 46 3 17
de baixa densidade compõe 27 %; o polietileno de alta densi­ Noru ega n 67 4 7
dade 21 %; o polipropileno [8%; poliestireno 16% e apenas Reino Unido 8 90 --­ ~2
[) Plástico e o Meio Ambiente 15
14 Reciclagem do Plástico

ca.
em torno de .3 de toneladas. Deste 2 mi~
são resíduo como e o res­
12 7 22 tante é descarte agrícola, construção civil,
9 63 15 13 entre outros,
I
16 67 2 15
7,5 - ------ 20 Embor3 a recuperar ou redelar re:;tCluos
i ),rl){lU 5 )1)

i Brn5iI 0,1 99: 1; I 0,9 ('l\ pn1tíca comum em muitos países, no Brasil, se-
I
do (Compromisso para a
Fónrc; O Estado de S. PcJl.df;, 09íi2/9í.
(1) Anres de incincrUf, os rnateri;1is redcláveis são separados; o
pcrccnrlwl niáo fui in (ouuado; (2) 76% em lix{jes a céu 1.3% em
ate nos ! 0% em merros sanitários; Não há dados ofkialli
sobre reciclagem no Brasil: eSfima~se que seia crn tomo de do total
co tanto, dados do Comuna
Nacional do Meio e do Instituto Brasileiro
re,;icladlor,es europeus e australmnos no de Geografia e Nacional de ::íane::;men·
tonel:adas/'mt~S de materbl porque pos­ to Básico) mostram que apenas 451 municípios, dos 5 mil
suem ll18ior facilidade em adquirir os resíduos, já que a cole­ existentes no País, possuem sistemas de coleta seletiva. O
ta seletiva é um progmma imtituído e eficiente, proporcio~ restante dos municípios o descarte,
nando um fornecimento de sucata confüível, tanto em inexistência de um que li tilize e
!idade (material selecionado) quanto em quantldElde. vários processos} trJ.1nstnrm o en1

A a jJIUHeu na euuageHl negócio.


fi8 Fllrnn:.:J o governo oferece sllbsl.dllJS para essa ql!CS~
economista Calderooj
os recicladores operarem. os produtotes pa:galIl
recicladores cerca res conl pOSSlb1l1dades não na reCluageul
que daria para comprar 100 casas ou 231 mil aut.o­
destino final seus 1994, a Alemanha reC1C!(lll móveis populares por ano. Um estudo recente do IBGE, do
000 toneladas c 000 toneladas de resíduos ano 2000, aponta que mais de 5 de domicílios
de plástico. brasileiros nem sequer têm sistema coleta. Isso
Apesar da exportação milhares de tonebdas de plás~ sig.nifíca que quase 3 milhões de são des­
(·"rr;1(1:". anualmente, em terrenos e cursos
rico para as indústrias os estoques de sucata na
são crescentes e a prejudicar os esquemas
16 Reciclagem do Plástico o Plásti co e o Me io Ambiente 17

A Plastivida realizou um estudo de mercado em janei­ ambiental de produtos. Esta avaliação considera o ciclo de
ro de 1999 com 180 recicladores da grande São Paulo (39 vida completo do produ to, isto é, desde a sua concepção até
municípios) com vários objetivos. Dentre os resu ltados en­ o término de sua vida útil, com o seu descarte ou rec upera­
co n trados , ident ificou-se q ue me tade do mercad o de ção. Envolve, portanto, a soma de muitos parâmetros utili­
reciclagem é proveniente de resíduo pós-consumo; todavia, zados durante os diferentes estágios do processo de um pro­
7 1% das empresas preferem comprar resíduos da indústria, duto, a sua distribuição e gestão dos rejeitos, parâme tros es­
por já encontrar um material limpo. Isto eleva a importância ses que podem mudar ou variar de região para região.
dos programas de coleta seletiva eficazes e dos intermediá­
rios (sucateiros), que faze m a triagem inicial dos materiais. Para a realização da análise do ciclo de vida de um
Os recicladores brasileiros (que fizeram parte da pesquisa da material, leva-se em consideração critérios de eficiência téc­
Plastivid a) movimentam um volume de R$ 3 ,2 milhões/mês nica, econômica e ambiental, de forma a se determinar as
em compras e R$ 41 ,7 milhões/mês em vendas, apesar da condições de contorno para a fabricação de um produto. Es­
flutu ação no preço dos reciclados encontrados no mercado. tas condições, também conhecidas como limites de um sis­
A través d esse es tudo, concluíra m qu e o mercado de tema, delimitam o conj unto de operações industriais, ou seja,
reciclagem brasileiro é crescente e atra tivo para novas em­ o "sistema industrial" e o "sistema meio ambiente".
presas, visto que 29% das empresas entrevistadas operam há Para essa análise, chamada "do berço ao túmulo", são
menos de 5 anos no mercado. avaliadas todas as etapas de um processo produtivo; pan e-se
Essas considerações demonstram a necessidade da bus­ da matéria-prima a ser utilizada, se proveniente de recursos
ca por solu ções técn icas inteligentes de reutilização, tanto na turais ou não; prossegue-se pela análise de geração de
sob o ponto de vista econômico quanto ecológico, pa ra o subprodutos ou resíduos contaminan tes de recursos naturais
que é descartado, eliminado ou desprezado n as diversas ati­ (água, solo e ar) , a té a possibilid ade de sua reutilização,
vidades human as . Um dos grandes problemas atu ais es tá em reciclagem ou a fo rma de descarte do produto pós- uso. O
encontrar uma solução definitiva para obter compatibilida­ objetivo desta avaliação é de terminar o impacto global de
de e harmonia en tre o desenvolvimento e a qualidade do um ptodu to ou serviço sobre o meio ambiente, durante seu
meio ambiente. ciclo de vida completo.

A estima tiva de vida útil do plástico depende substan­


1.1 - Ciclo de vida do plástico
cialmente da sua fin alidade, pois a presença de vários aditivos
Por definição, a partir da série de normas ISO 14000, lhe co n fe re carac ter ís ticas n ão comuns aos ma te ria is
do subcomi tê SC5, a an álise do ciclo de vida constitui-se poliméricos, tais como a mudança de propriedades com o
num instrumento que pe rmite o desenvolvimento de crité­ tempo ou o aumento de elasticidade com a temperatura. Es­
rios e proced imen tos obje tivos para a avaliação do impacto sas características, associadas às suas ptopriedades mecâni­
18 Recicl agem do Plástico
o Plásti co e o M eio Ambiente 19
cas, tornam o plástico atraente para a fabricação de tubos e
perfis, que possuem elevada estimativa de tempo de vid a útil. A indústria petroquímica tem investido bilhões de dó­
lares em pesquisas na busca de aditivos que possam aumen­
O plástico é o material que possui o mercado mais am­ tar a vida útil dos seus produtos . H oje, no entanto, essas
plo em termos de produtos dedicados a artefatos duráveis mesmas indústrias que fabricam ou processam e transformam
como, por exemplo, para a cons trução civil, que é maior do polímeros se defrontam com "problemas ambientais", q ue têm
que 25 anos. Na Tabela 1.2, é apresentada a estim ativa do sua origem justamente na redução des te tempo de vida útil.
tempo de vida útil de alguns polímeros, de acordo com o seu Uma falsa idéia de que os polúneros são indestrutíveis foi
uso e a participação do mesmo (em porcentagem) nos pro­ difundida pela sociedade baseada em sua durabilidade. No
dutos em questão . Ou seja, é apresentada a duração média entanto, a decomposição de polímeros pode ser realizada, ou
estimada da classe de produto indicada dentro de bons pro­ seja, os polímeros podem ser degradados q uímica o u fisica­
cedimentos de conservação. mente o u reciclados sim, desde que sejam conhecidas as suas
propriedades, o que induz a um conhecimento prévio de for­
Tabela 1.2 - Esrimativa de vida útil de alguns polímeros segu ndo sua
fin alidade e sua participação (em %) por ap licação mulações e, por conseqüência, esbarra-se em interesses co­
merciais que dificultam este processo e nem sempre o torna
Aplicação (%) uma alternativa barata.
Recipientes, Tubos,
Utensnios
Polímeros 3Ulomóveis e ma(eriais para a
Embalagens domésticos,
componentes conmução civil,
(I a 2 anos') brinquedos
eletroeletrônicos fios e móveis
(3 a 5 anos')
(6 a 9 anos' ) (10 ou + anos' )
Termoplásticos
PESO 87 5 2 6
PEAO 32 40 25 3
PP 41 17 32 10
PVC 18 10 13 59
PS 52 10 35 3
Termofixos
Resina fenólica 10 15 47 28
Resina uréia 2 22 47 26
Vida útil
média (%) 39 16 25 20

(*) Nota: Duração média estimada da (s} classe(s) de produto(s)


CAPíTULO 2

GERENCIAMENTO DO RESÍDUO PLÁSTICO

2 - O que é gerenciamento de resíduo?

Gerenciar um resíduo significa utilizar as possibilida­


des dispon[veis de processo e captação de matéria-prima da
melhor forma poss[vel. O Gerenciamento de Resíduo é a soma
de ações ope racionais e de planejamento que, naturalmente,
envolve c usto. Cada empresa Recicladora deve buscar o seu
próprio modelo de gerenciamento, de acordo com sua ne­
cessidade.
A reciclagem de resíduos é um assunto delicado quan­
do se trata dos custos e nvolvidos no processo e o se u
gerenciamento, porque o processo dos res[duos depende tanto
das diferenças regionais como da política ambiental e da le­
gislação vigente no local escolhido para a instalação da
recicladora.
Portanto, o custo de um projeto de reciclagem deve
levar em consideração todas as ações e operações envolvidas
na atividade, quais sejam: coleta, armazenamento, transpor­
te, beneficiamento primário do res[duo e o eventual trata­
mento de resíduos gerados durante o próprio processo de
reciclagem. Estas operações estão todas interligadas, influen­
ciando umas às outras, sem contar com os recursos huma­
nos, local onde se estabelece a Recicladora e a venda ou dis­
22 Reciclagem do Plástico Gerenciamento do Re síduo 23

tribuição do produto final. Deixar de lado qualquer um des­ Para o transporte do resíduo plástico são utilizados di­
ses fatores pode ge rar, por exemplo, c ust os extras no ferentes tipos de caminhões, sendo preferido o que possui
gerenciamento do resíduo , como: grade de proteção lateral alta, de madeira, ou baú, que acon­
dicionam melhor grandes volumes d e material plástico,
• transporte, devido à coleta (rota) mal planejada ou
compactados ou não.
transporte mal dimensionado;

• mão-de -obra, resíduos gerados na recicladora e ou­


tros itens, devido a um processo de produção mal
dimensionado (ou não otimizado).

Cabe lembrar que a reciclagem de materiais não só re­


quer coleta, reprocessamento e venda, mas conhecimenro
do processo, de aditivos e do polímero recic1ado, principal­ v
mente porque há limites técnicos, que estabelecem quantas
vezes um material pode ser recic1ado ma ntendo suas proprie ­
dades físicas aceitáveis. Figura 2.1 ~ Prensa hidráulica utilizada para o cnfardamenco do resíduo
plástico coletado
2.1 - Entre a captação e o processo
No transporte do resíduo captado até a recic1adora,
deve-se conside rar o volume e a quantidade de resídu o a ser
retirado e ainda o itine rário que o caminhão fará para coletá­
lo, a fim de que se possa fazer uma análise de custo!benefício
desta captação.

N orm almente, o resíduo vendido por centros de tria­


gem ou sucateiros é compactado em fardos através de pren­
sas enfardadeiras, como é mostrado na Figura 2.1, hidráuli­
. , . -;c,','
- ~_
; ~ ~ ~"O;.
cas ou manuais, que reduzem o volume de materiais reci­
"1 :"c."-:-.,. ~
~.!
.
,
._,
~ · t.;...n
.•.,,...,',
dáveis (papel ou plástico).

o acondicionamento do material plástico pós-consu­


mo feito desta forma (Figura 2.2) possibilita um transporte
mais eficiente e em maior quantidade, viabilizando o custo
- :;-... . . t..... -
r
.,
';', ""

Figura 2.2 - Enfardamento do PET: material sendo pre nsado e.


da viagem do caminhão. acondicionado.
24 Reciclagem do Plástico Gerenciamento do Res íduo 25

Para resíduos industriais , utilizam-se tanto os veículos 2.2 - Na recicladora: beneficiamento primário
mencionados anteriormente, como caminhões de caçamba do resíduo
cole tora llltercambiável (contêiner) ou caça mba estacioná­
ria. A caçamba permanece na empresa geradora do resíduo O material captado é agrupado na recicladora em um
e, quando cheia, é removida e substituída por o utra vazia. pá tio de recepção, que co mpreende um a área para o
armazenamento, normalmente pavimentada (para evitar uma
Obviamente, o dimensionamento e a programação da eventual contaminação com terra e outras sujidades; no en­
cap tação da matéria-prima para o processo estão relaciona­ tanto, nem todo reciclador segue essa premissa) , com drena­
dos à estimativa de rec ursos necessários, como: tipo de veí­ gem pluvial e um galpão. Esse pá tio funciona também como
culo a ser utilizado, frota necessária, freqüência da retirada, um "pulmão", armazenando material de entrada e saída do
roteiro, espaço para armazenamento e quantidade de pes­ processo, além de aditivos necessários ao processamen to.
soal a se r utilizado na operação.
O beneficiamento inicial do material captado é reali­
A estimativa do volume a ser reciclado depende do zado nesta área de recepção, e consiste:
total que se pode produzir ou que foi contra tado para produ­
ção, além de depender, no caso de resíduo não-industrial, da • na seleção/separação (manual ou não) e a retirada
velOcidade do pessoal de seleção no galpão de triagem do manual (mais comum em pequenos processos) ou
material. em peneiras rotativas, de materiais es tranhos, como
papéis, metais, rótulos e etique tas fabricadas com
Um fator de grande importância é a escolha do local polímeros diferentes que venham a contaminar o
de instalação da recicladora. Qualquer empreendimento re­ processo, entre outros materiais (Figu ra 2.3) ;
lativo à des tinação de resíduos domicili ares ou industriais
deve seguir procedimen tos e a tender a critérios técnicos que • na lavagem, quando necessário, para a remoção, por
possibilitem ao órgão de meio ambiente de cada Estado a exemplo, de pequenas quantidades de óleo lubrifi­
aplicação de diretrizes da Resolução Conama n' 001186. cante, shampoo, fertilizantes ou qualquer outra subs­
tância que possa estar impregnada nas paredes do
A respeito da localização da recicladora, poderão ser ma terial plástico captado;
confrontadas várias alternativas e avaliados os seguintes
aspectos: • trituradores ou moinhos de facas ou martelos, pul­
verizadores; aglomeradores e misturadores;
• proximidade da fonte do resíduo a ser reciclado;
• existência de vias e meios de acesso rápido;
• enquadramento do local em área de interesse
ambiental (existência de corpos de água) ou não.
J

---
Reciclagem do Plástico
Ge renci amento do Resíduo 27
26

bem-estar dos empregados e suporte às atividades adminis­


trativas e comerciais como, por exemplo:

~ • uma subestação de força elétrica;


• um depósito elevado de água para o abas tecimento
das inst alações e limpeza;

a. Peneira circu lar


'I
b. Peneira sextavada
• sistema contra incêndio;
• pátio/galpão para armazenamento dos recicláveis;
• oficina para reparos rápidos e manutenção preven­
Figura 2.3 - Peneira circular (a) ou sextavada (b) utilizad as em grandes tiva e almoxarifado;
recicladoras para a separação de material estranho ao processo, como • vestiário/sanitários;
papéis, rótulos e tampinhas
• escritório para a administração, controle de veícu­
Algumas instalações fazem uso de moegas Ou tremo­ los e pessoas, contabilid ade, operações de compra e
nhas. Essas peças são fabricadas em madeira Ou lâmina de venda.
aço, com formato de metade de um cone truncado, são dis­
postas de forma inclinada para fazer o resíduo deslizar e ser ~. 2.4 - Recursos humanos
descarregado no equipamento seguinte (Figura 2,4). As ins­
talações menores fazem uso de cones de alimentação direta, A mão-de-obra é importante no custo operacional de
do material moído ou aglomerado, aos eq uipamentos. uma recicladora. Seu dimensionamento depende de uma sé­
rie de variáveis, como: capacidade da recicladora, nível de
treinamento dos operadores e beneficiamen to dos produtos
finais, entre outras .

Caso o reciclador o pte po r captar matéria-prima pós­


consumo, o setor que mais empregará mão -de -obra é a tria­
gem. O treinamento de fun cionários é de fund amental im­
Figura 2.4 ~ Moega ou tremonha para a alimentação e descarga de resíduo
portância na obtenção de resultados , influi ndo diretamente
plástico
no rendimento técnico, operacional e financeiro.
2.3 - Instalações auxiliares e de apoio
2.5 - Tratamento de água
Além das instalações de recepção, beneficiamento pri­
Dependendo da origem de captação do material a ser
mário e reciclagem propriamente dita, outras são necessárias
reciclado, a lavagem dos resíduos se faz necessária antes de
para o apoio logístico ao processo, suprimento de utilidades,
28 Reciclagem do Plástico

serem processados. No caso de recipientes de polietileno de CAPíTULO 3


alta densidade que acondicionam óleo lubrificante, utiliza­
se um tensoativo específico que, após a lavagem, não deve
ser descartado na tubulação de esgoto municipal.

A ntes de ser descartado, o efluente (água de la­


vagem) deve ser tratado de forma a manter o pH neutro e
o PlÁSTICO E SEUS TI POS
remover-se o material particulado (areia, papel e outros),
através de peneiras, rastelos e membranas. O material sólido
particulado de menor dimensão é retirado pelo uso de cloreto 3.1 - Tennoplásticos e tennofixos
férrico, que coagula e aglomera os sólidos particulados em
Os plásticos são divididos em duas grandes catego­
flocos, seguindo-se a sua remoção por gravidade.
rias: termoplásticos e termofixos. Os plásticos conhecidos
A água residual desse tratamento pode conter ainda como termoplásticos podem ser aquecidos, conformados, res­
sais e ácidos orgânicos e inorgânicos dissolvidos e resíduos friados, novamente aquecidos e conformados sem a perda
de auxiliares de processo (aditivos), além de agentes biológi­
significativa de suas propriedades fís icas, sendo passíveis de
cos que porve ntura possam existir na suca ta, exigindo assim
serem solubilizados com solventes específicos. Dentre eles
o tratamento da água residual com hipoclorito de sódio.
estão o poliestireno , polietileno, polipropileno, acrílico,
A presença de metais pesados, provenientes de poliamidas, poli (cloreto de vinila), etc.
aditivos e/ou de resíduos de produtos, acima do limite per­
mitido por lei, ocasiona poluição grave dos mananciais. Os Os termofixos ou termorrígidos representam 20% do
metais pesados podem ser facilmente removidos ou reduzi­ total de plásticos consumidos no Brasil, e são aqueles que
dos através de precipitação por reagentes químicos. O lodo uma vez conformados, por um dos processos usuais de trans­
resultante deve ser descartado adequadamente em aterros formação, não se consegue mais reprocessá- Ios, por não "amo­
sanitários, incinerados ou, se houver possibilidade, doado a lece rem" Ou fundirem -se ma is, imped indo um a nova
empresas químicas que recuperem as subs tâncias de interes­ moldagem. Um exemplo clássico desta categoria é a baquelita,
se e façam o descarte fina l de forma adequada. aplicada, por exemplo, em cabos de panelas.

Os termofixos são insolúveis e infusíveis. Os represen­


tantes mais conhecidos são as resinas de poliuretanos (PU) e
o copolímero de etileno e acetato de vinila (EVA), que são
utilizados em solados para calçados; resinas fenólicas uriliza­
das em revestimento de móveis (melamínica); poliésteres
30 Reciclagem do Plástico
o plástico e seus tipos 31

utilizados na fabricação de telhas reforçadas com fibra de '


É conhecid a como primeira ordem, pois após a T f ocorre
vidro, entre o utros,
mudança no es tado físico da matéria.
Os polímeros termoplásticos podem ter a sua cadeia
O conhecimento da temperatura de fusão é importan­
molecular com ou sem ramificações. Quando são do tipo sem
te para os processos de conformação (transformação) dos
ramificações, admitem conformação em ziguezague o u linea­
polímeros.
res , e quando com ramificações aprese nta uma es trutura
irregular e entrelaçada, como um novelo de lã.

Nos polímeros termofixos, as cadeias molec ulares es­


~ ~ -I
'o,
tão ligadas umas às outras por ligações transversais (pontes
o u cruzamentos), que também são conhecidas como po ntos I -
-----<:

c ç.,...­
I
de encadeamento. Esta estrutura pode apresentar tal com­ ~
,O)
plexidade que chega ao extremo da formação de retículos,
resultando no que se denomina polímero re ticulado o u de
ligações cruzadas, o u ainda polímero tridimensional.

Como con seqüência imediata do tipo de cadeia do


I:?
- ==S;l 1-)
Figura 3.1 ' Represe ntação esquemática de cadeias poliméricas: (a) sem
polímero, as propriedades físicas apresentam-se diferentes no ramiflcaçóes j (b) com ramificações; (c) reticulada
prod uto, especia lmente em relação à fusibilidade e solubili­ A Temperatura de Transição Vítrea (Tv ou Tg) é ge­
dade. ralmente definida como a temperatura abaixo da qual o movi­
A formação de retículos, devido às ligações cruzadas mento dos segmentos de cadeia é "congelado" (bloqueado).
entre moléculas , "am arra" as cadeias, impedindo o se u Desta forma, à tempe ratura acima da temperatura vítrea exis­
deslizamento umas sobre as outras, aumentando a resistên­ tirá energia suficiente para permitir movimentos e ondula­
cia mecânica , tornando o polímero infusível e insolú ve l. Na ções nas cadeias do polímero.
Figura 3.1 estão representadas as três estruturas, a cadeia Abaixo da T v, as moléculas estão virtualmente "con­
polimérica se m ramificações, com ramificações e estrutura geladas" nas suas posições, há uma redução na mobilidade
reticulada, de forma simplificada e esquemática. das cadeias, tornando o material "quebradiço" como o vidro.

3.2 - Temperatura de fusão/temperatura de O conhecimen to da T v é importante tanto para a apli­


transição vítrea cação correta do material, como para efetuar-se alguns con­
troles de temperatura em etapas de conformação.
A Temperatura de Fusão (TI) é, teoricamente, a tem­
peratura mais alta n a qu al os cristais poliméricos existiriam. Na Tabela 3.1 são apresentadas as temperaturas de fu­
são e de transição vítrea para alguns polímeros.
32 Reciclagem do Pl ástico o plástico e seus tipos 33

As características molecul ares do poJ[mero (massa Polímero Tf (0C) Tv (0C)


molar, densidade de ramificações, quantidade de ligações cru­ Estireno -acrilonitrila - l OS
zadas, entre outras) aumentam ou diminuem os valores da Poli(doreto de vinila) dorado - 100
Poli(butiral vinílico) - 49
Tve da Tf. Portanto, os dados apresentados na Tabela 3.1
Poli(metacrilato de metila) atático - lOS
servem como orientação, uma vez que os valores menciona­
Poli(metacrilato de metila) isotático 160 50
dos estão sujeitos a variações dependendo d as condições de Poli-p-xilileno 405 -
fabricação dos polímeros. Poli (su lfe to de fenileno) 290 -
Poliacrilonitrila 3 17 104
Tabela 3. 1 - Valores de T, e T, para alguns polímeros Etileno-propileno-fluorado 290 -
Polímero Tf (0C) Tv (0C) Poliéster dorado 181 5
Politetrafl uoretileno (Teflon) 327 -126 Poliímida 700 -
Polietileno de baixa densidade 11 0 -120 Poli(carbazol vinílico) - 208
Polietileno de alta densidade 137 -120 Poli (ácido acrílico) - 106
Polioximeril eno (Poliacetal) 175 -73 Poli(meracril ato de etila) - 65
Polllsobutileno - -70 Trlbutirato de celulose 207 120
Poli (doreto de vlnilldeno) 198 -17
Poll (fluorero de vinilideno) 171 -35 3.3 - Propriedades e aplicações de alguns
Poli (fluoreto de vinila) 200 -2 polímeros
Polipropileno (a tático) - -35
Polipropileno (isorárico) 168 -lO Polietileno de Alta Densidade (PEAD)
Poli (acetaro de vinila) - 29 Características: massa molar = 200 000 g/mo l
Poli (álcool vinílico) - 85 Densidade : 0,94 - 0,97 g/cm J
Poli-4 metilpenteno- I (iso) 245 29
Tf = 135°C; T v = -120°C
Policlorotrifluoreríleno 220 45
225 60 Termoplástico, branco, opaco.
Poliamida-6
Poliamida-6.6 265 57 Aplicações: chaveiros, frascos (de talco, de ó leo lubri­
Poliamida-6. 10 228 50
fic a nte) , e mbal agens, saquinhos (de supe rm e rcad o ) ,
Poliamida-li 185 -
Poli(rereftalato de etileno) 267 69 bombo nas, fitas para lacre de embalagens, material hospita­
Poli (tereftalato de burileno) 228 80 lar, capas para fios, engradados para bebidas, paletes, tam ­
Poli(doreto de vinila) (isotático) 212 87 pas, tanque de combustível, entre outras.
Poliestireno - 100
Polissulfona - 190 Polietileno de Baixa Densidade (PEBD)
Policarbonato (bisfenol A) - 150 Carac terísticas : massa molar = 50 000 g/mol
Polioxifenileno - 210 Densidade: 0,92 - 0,94 g/cmJ
34 Reciclagem do Plástico
o plásti co e seus tipos 35

Tf = 110°C; T v = _120°C Poliestireno (PS)


Termoplástico, branco, translúcid o a opaco. Características: massa molar = 300 000 g/mol
Densidade: 1,05 - 1,06 glcm J
Aplicações: filmes extrudados de alta transparência Tv = 100°C (temperatura de amolecimento em torno de
para embalagens em geral. como saquinhos de leite, sacos e 220'Q
sacolinhas em geral, frascos, recipientes para embalagens de Termoplástico, incolor, transparente.
produtos alimentícios, farmacêuticos e químicos, utensílios
domésticos, brinquedos, lençóis para uso agrícola, tubo de Aplicações: utensílios domés ticos rígidos , transparen­
tes ou não de uso generalizado; brinquedos, escovas, emba­
carga de caneta esferográfica, entre outras.
lagens rígidas para cosméticos, embalagem rígida de disco
Obse rvação: Polietileno de AltalBaixa Densidade compacto, corpo de canetas esferográficas, bandejas, objetos
(PEAD/PEBD) - A blenda ou a mistura dos dois materiais é de papelarias (réguas, esquadros, transferidores).
possível em qualquer proporção para que se obtenha produ­
Observação: o poliestireno alto impacto é opaco, pos­
tos de flexibilidade intermediária.
sui resistência a choque e alta rigidez. Pode ser um copolímero
Polipropileno (PP) resultante da interação do poliestireno com O polibutadieno
Carac terísticas: massa molar = 80000 - 500 000 g/mol (um elastÔmero). É usado em copos de água, copinho de café
Densidade: 0,90 g/cm1 e qu ando sob a forma celular (expandido, tipo isopor), no
Tf = 165 -175°C; Tv = _10°C isolamento ao frio, em embalagem de equipamentos , em pran­
Termoplástico, branco, opaco. Dependendo da cristalinidade chas flu tuadoras; se poliestireno espumado, em pequenas
pode ser transparen te; se de baL"a cristalinidade é biorientado, bandejas utilizadas para acondicionamento de alimentos em
possui alto brilho. supermercados e feiras livres, potes de sorvete ou recipientes
para fast-foad , mantas espumadas como embalagens de pro­
Aplicações: pára- choque de carros, carcaças de ele­
teção para equipamentos e máquinas.
trodomésticos, recipientes, fit as para lacre de embalage ns,
brinquedos, sacos, carpetes, bocal de pistolas para aplicação Poli (Cloreto de Vinila) - (PVC)
de aerossó is, ma terial hospitalar, seringas de injeção Características: massa molar = 50000 - 100 000 g/mol
descartáve is, frascos de iogurtes e potes de margarina, caixas Densidade: 1,39 g/cm}
de baterias para carros, peças termoformadas em geral. Tf = 273°C; Tv = 8 1°C
Termoplástico, incolor, transparente.
Observação: o PP possui o chamado efeito "dobradi­
ça", ou seja, podemos fazer peças com dobras no próprio Aplicações: forração de poltronas e de estofamentos
material (tampas dobráveis de frascos, estojos escolares e para de automóveis, separadores de bateria, revestimento de fios
óculos, caixas para fitas de vídeo). e cabos elétricos, tubos rígidos para água e esgoto, tubos fle­
36 Recicl agem do Plástico o plástico e seu s tipos 37

xíveis, esquadrias para janelas, embalagens rígidas e transpa­ gaseificados, cos méticos, produtos farm acêuticos e outros;
rentes para bebidas e alimentos, toalhas de mesa, cortinas de filmes para radiografia, fotografia e reprografia, fibras têx­
chuveiro, bolsas e roupas de couro artificial, passadeiras, pi­ teis, partes estruturais grandes como carcaças de bombas,
sos para assoalhos (placas), carteiras transparentes para iden­ carburadores e limpadores de pára-brisa, componentes elé ­
tificação, bolsas, bonecas, sapatos, discos fonográficos, entre tricos, interior de fomos de microondas, em compósitos com
outras. fibra de vidro .

Poli (Me tacrila to de Metila) = Acrílico - (PMMA) Poliamidas Alifáticas (PA) - Náilon
Características: massa molar = 500 000 - 1 000 000 g/mol Características do tipo PA-6
Densidade: 1,19 g/cm3 Massa molar: 10 000 - 30 000 g/mol
Tv = 105°C Densidade: 1,12 - 1,14 g/cm 3
Termoplás tico, incolor, transparente. Tf = 225°C; T v = 500C
Tennoplástico, amarelado e translúcido.
Aplicações: placas de sin alização de tráfego em estra­
das, calotas e janelas de aviões, lanternas de carros, proteto ­ Características do tipo PA-6.6
res de chuva em janelas de carros, letreiros de casas comer­ Massa molar: 10000 - 20000 g/mol
ciais, painéis, redomas de instrumentos , luminárias, placas Densid ade: 1,13 - 1,15 g/cm3
transparentes para tetos, lentes de grandes dimensões para
Tf = 265°C; Tv = 5rC
Termoplástico, amarelado e translúcido.
retroprojetores, lentes de óculos, fibras ópticas, lem es do
aparelho de som do disco compacto, peças decorativas de Aplicações: na indústria de transportes, em engrena­
vitrines de lojas comerciais, de escritórios e outros; copos, gens para limpador de pára-brisas, velocíme tros, ventilado­
dentes e dentaduras artificiais, carcaça de telefones so fisti­ res para motor, reservatórios de fluid os para freio, estojos de
cados , caixas sofisticadas, embalagem para batom. espelho, componentes mecânicos de aparelhos domésticos,
cabos de martelo, partes móveis de máquinas, em conecta res
Poli (Teref tala to de Etileno) - (PET)
elétricos, como filmes para embalagens de alimentos, malhas
Características: massa molar = 15 000 - 42 000 g/mol
para meias e roupas, equipamentos para processamento de
Densidade: 1,33 - 1,45 g/cm3 alimentos e de tecidos, escovas , fios de pescar, material es­
Tf = 260°C; Tv = noc portivo como raquetes, bases de esqui, todas de bicicletas,
Termoplástico, branco, transparente a opaco. interruptores elétricos, buchas, botões de fogão, calotas de
Aplicações: suporte de filme metálico para estampagem carros, carcaças de máquinas de furar, lixar, engrenagens.
em plástico (por exemplo, ovos de páscoa), fitas magnéticas Policarbonato - (PC)
para gravação (áudio e vídeo), mantas para filt ros indus­ Características: massa molar = 10 000 - 30 000 g/mol
triais, embalagem de alimentos, frascos para refrigerantes Densidade: 1,20 g/cm3
38 Reciclagem do Plástico

Tv = 150°C
Termoplástico, incolor, transparente.
C APíTULO 4
Aplicações: placas resistentes ao impacto (de seguran­
ça), janelas de segurança, escudos de proteção, painéis de
instrumentos, lanternas de carros, partes do interior de ae­
ronaves, cabines de proteção, capacetes de proteção de mo­ IDENTIFICAÇÃO DO RESíDUO
tocicletas, componentes elétricos e eletrônicos, discos com­
pactos, conectores, luminárias para uso exterior, recipientes
para LISO em fornos de microondas, tubos de centrífuga para 4.1 . A coleta e a separação dos resíduos
sistemas aquosos, anúncios de estradas, artigos espor tivos,
aplicações em material de cozinha e de refeitórios , como ban­
dejas, jarros de água, talheres, mamadeiras, garrafões de 20
litros para bebedoutos, calotas para carros, pára-choque de A etapa inicial e mais importante para a reciclagem é a
automóveis, em blenda com PBT, visores em geral (tanques), triagem, que consiste na separação dos plásticos do resíduo
lentes para óculos de segurança, semáforos. recebido e a eliminação de contaminantes ferrosos, através
da ação magnética ou eletrostática e de não-ferrosos, pelo
Poli(Óxido de Metileno) ou Poliacetal - (POM) uso de ar comprimido para flotar materiais leves como o pa­
Características: massa molar = 15 000 - 30 000 g/mol pel; hidrociclone ou tanque de sedimentação (precipitação)
Densidade: 1,42 g/cm l para separar as resinas por diferença de densidade.
Tf = 180°C; Tv = _82°C
Termoplástico, branco, opaco. Esta separação pode ser efetuada tanto no local de
reciclagem, Oll também no próprio ponto de geração (deno­
Aplicações: engrenagens em geral (por exemplo, na minada "coleta seletiva"), quanto em usinas operadas para
indústria automobilística, em mecanismos elevadores de ja­ esta finalidade e conhecidas como usinas de triage m. Os re­
nelas de carros), cintos de segurança, válvulas, molas, bom­ síd uos podem ser provenientes de um processame nto indus­
bas, carcaça de chuveiros elétricos, zíperes, válvulas de trial ou de recipientes de lixo que aguardam a coleta nas
aerossol, componentes elétricos e eletrônicos, componentes calçadas ou depósitos de lixo; de loca is de descarte fmal como
de equipame ntos de escritório, como computadores e termi ­ lixões, através dos "catadores" (atualmente designados como
nais de vídeo, eletrodomésticos em geral, partes plásticas de agentes de saúde) , que constituem a reciclagem informal, Ou
isqueiros, ftltros industriais e de combustíveis, partes de em­ até mesmo de depósitos de intermediários, conhecidos como
balagem para batom. sucateiros, que arregimentam catadores ou arrematam o
material plástico em leilões e outras fontes. A Figura 4.1 apre­
senta uma seqüência de atividades realizadas desde o mate­
40 Reciclagem do Plástico Identificação do resíduo 41

rial coletado em domicílio, de responsabilidade pública, até A expectativa da sociedade no sentido de que haja mais
a reciclagem desses resíduos: reciclagem esbarra em dificuldades de ordem prática, como
a coleta e o transporte desses resíduos e sua separação na
,--------- I Material selecionado no domicilio usina de triagem, bem como na dificuldade de geração de
volumes homogêneos (material em qualidade e quantidade
Papel, pl~slico,
Demais resíduos significativa por serem provenientes de diversas fontes), o
metais, vidro
(acondicionamento diferenciado) que dificulta o processo industrial de reciclagem a partir de
resíduos sólidos urbanos.
Primeira e segunda separação I ., Reciclagem Em comparação, portanto, a outras fontes de capta ­
(por tipo de material)
ção de resíduos, o uso do resíduo sólido urbano provenien­
te do lixão é o que apresenta maior dificuldade, pois o ma ­
.. Consumo I. Transformação terial necessita ser separado e classificado por "grupos" de
Figura 4.1 ~ Atividades realizadas até a reciclagem, envolvendo a coleta
plásticos (Figura 4.2), exigindo mais equipamentos e, por­
seletiva e o Centro de Triagem - no municípío de São Paulo tanto, maior espaço, mais energia e gastos com água no
processo de lavagem, que necessita ainda ser tratada antes
A diferença entre esses pontos distintos de triagem é a
de ser descartada.
qualidade e apresentação do resíduo a ser reciclado, além da
constância no fornecimento. Desta forma, a origem do for­ 4.2 - A identificação do plástico
necimento torna-se um parâmetro de avaliação da matéria ­
prima para o reciclador. Das duas grandes categorias de polímeros, os ter­
Existem várias formas de lidar com o problema dos re­ moplás ticos são os mais procurados e utilizados para a
síduos. A primeira delas, amplamente utilizada, consiste na reciclagem. Esses polímeros podem ser reprocessados várias
recuperação pela própria indústria que os gera, através de vezes pelo mesmo ou por outros processos de transformação,
moagem e aglutinação para o retorno ao processo de produ­ e quando subme tidos à temperatura adequada amolecem,
ção junto à matéria-prima virgem. A segunda forma consiste permitindo uma nova conformação. Já os termofixos, apesar
na recuperação a partir do lixo urbano, que contém o plásti­ de só serem conformáveis uma vez, podem ser utilizados após
co mais contaminado e que exige processos mais dispendiosos a sua moagem como carga em sua própria composição ou de
de coleta e separação por "famílias ou grupos" (PE, Pp, PS, outros polímeros ou até mesmo como condicionadores de
PVC). A separação por "grupos" pode ser feita visualmente asfalto.
ou realizada por diferença de densidade entre polímero ", como Antes de qualquer análise química ou física do polímero
visto. para a sua identificação, as diversas resinas podem ser facil­
42 Reciclagem do Plástico Identificação do res íduo 43

mente reconhecidas a[Tavés de um código utilizado em todo Polietileno de alta densidade - engradados de
o mundo. O mesmo foi criado com o intuito de possibilitar a
identificação imediata de uma resina reciclável, quando já
conformada por processo anterior. Consistindo em sinais de
representação, este código [Taz um número convencionado
para cada polímero reciclável e/ou o nome do polímero utili­
& PEAD
bebidas, baldes, garrafas para álcool , produtos
químicos domésticos ou óleo lubrificante,
bombonas, tubos, filmes e embalagens
diversas.

l~
Poli(cloreto de Vinila) - tubos e conexões para
zado, ou de preponderância, no caso de uma mistura de água, eletrodutos, lonas, calçados, bolsas de
polímeros. sangue, bolas, bonecas, bolsas, ele.

Esses sinais são impressos no rótulo do produto ou es­


tampados na própria peça. No Brasil, o código de identifica­
v ou PVC

ção foi alocado pela ABNT - Associação Brasileira de Nor­

l~
Polietileno de baixa densidade - embalagens
mas Técnicas, na norma NBR-13230 - Simbologias Indicadas de alimentos, sacos industriais, sacos para lixo,
filmes para plaslicultura e filmes em geral.
na Reciclabilidade e Identificação de Plásricos, de acordo com
o sistema apresentado na Figura 4.2, onde também são indica­
dos alguns dos usos mais comuns de cada resina. PESD
Polipropileno - embalagens para massas e

l~
O sistema de símbolos foi desenvolvido para auxili ar
biscoitos, potes para margarina, seringas
na identificação e separação manual de plás ticos , já que não descartáveis, fibras e fios têxteis , utilidades
existe até o momento nenhum sis tema automático de sepa­ domésticas, autopeças.
ração com esta finalidade. Se, eventualmente, um destes sím­
PP
bolos não estiver presente no artefa to a ser reciclado, há vá­

l~
rios Outros métodos simples para a sua identificação. Poliestireno - cabine de aparelhos de TV e de
som, copos descartáveis para água e café,
A técnica de separação por den sidade indicada na Fi­ embalagens alimentícias, embalagens em geral.
gura 4.3 é bastante utilizada como prá tica de ide ntificação
de polímeros quando a compra de resíduos é feita de forma PS
"misturada", ou seja, com diversos grupos de polímeros pre­

l~
sentes. Polímero não indicado anteriormente.

l~
Poli(tereftalato de etileno) - ulilizado em
recipientes para refrigerantes, sucos e óleos;
peças injetadas, chapas de raio X, fibras
OUTROS
sintélicas , filmes metalizados, etc.
Figura 4.2 ­ Simbolos que indicam a recic\abilidade e identificam o
PET polímero que constitui o produto
44 Reciclagem do Plástico Identificação do resíduo 45

Para uma boa utilização desta técnica, várias soluções N a Tabela 4.1 é apresentada, para uso da técnica, uma
aquosas são preparadas. Estas soluções de densidade abaixo lista de soluções aquosas de etano!, cloreto de sódio ou cloreto
ou acima de 1 g/cm3 são a forma utilizada para se obter meios de cálcio, com a respectiva concentração do reagente (em
diferenciados de densidade para a subseqüente separação das peso) e densidade resultante, de forma a permitir não só a
peças "misturadas". Para o preparo de soluções de densidade identificação de uma determinada resina, como também a
abaixo de 1 g/cm3 são utilizadas misturas álcool etílico/água separação entre eles ou a eliminação de contaminantes (Fi­
e, para soluções de densidade acima de 1 g/cm3 , são utiliza­ gura4.3).
dos cloreto de sódio (sal de cozinha) ou cloreto de cálcio
A confirmação da densidade obtida pelas soluções pode
(CaCl,.2H 20) e água. Conforme pode ser observado na Fi­
ser feita através de densímetro, para densidade acima de 1 glcm3 ,
gura 4.3, alguns polímeros flutuam enquanto outros afun­
ou por alcoômetro, para densidade abaixo de 1.
dam na solução do tanque, sendo então separados e subme­
tidos a um novo banho para outra separação, e assim suces­ Tabela 4.1 - Densidade de soluções aquosas de álcool etflico, cloreto de
sivamente, até a separação completa por tipo de resina. cálcio e cloreto de sódio à 20QC

Etanol Densi~ NaCI Densi~ CaC12.2H20 Densi~

Resíduo plástico misturado


o Flutua ~ (%em dade (% em dade (% em dade

--
peso) (g/cm3) peso) (g/cm3) peso) (g/cm3)
Tanque com a Flutua
PEBO,PP

Residuo.
1 (2)
solução e os
resíduos
Água + álcool
d = 0,91 grcm 3
11

24
0,98

0,96
1

2
1,004

1,001
7,5

120
1,06

1,1
PEAO,PEBO PEAO, PEBO,PP Afunde
1,025 170 1,15
36 0,94 4
PP, ps, pvc, PET
0
~
água + álcool
Meio 3 d =0,93 g/cm 3 48 0,92 8 1,054 220 1,2
água d = 1g/cm
58 0,9 12 1.083 280 1,26
Afunda 0,88 16 1,114 320 1,3
66
0 Flutua
74 0,86 20 1,145 360 1,35
PS,PVC,PET --+
82 0,84 24 1,177 400 1,4
Água sal
d == 1,2 g/cm 3

-A-fu-,d-a--~I ® * * 26 1,194 *
Alguns testes permitem que um polímero seja rapida­
mente identificado através de algumas características de com­
*

Fígura 4.3 - Separação de resinas por diferença de densidade. O PET e portamento, quando submetidos a análises como a de densi­
o PVC podem ser separados por flotação dade, teste de chama e ponto de fusão. Recomenda-se que
Identificação do resíduo 47
46 Reciclagem do Plástico

mais de um tipo de teste seja efetuado de forma a garantir do suporta uma determinada temperatu ra de trabalho. Esta
uma respos ta segura. téc nica é bastante utilizada para o reconhecimenro de
poliolefinas (po lietilen o de al ta e baixa densidade,
O teste de chama consiste na queima de uma amostra polipropileno) ou poliamidas (poliamida 6, poliamida 6.6 e
do polímero e a observação do seu comportamento quando outras). N a Figura 4.4 es t á repre se nt ado, de forma
queimado, isto é, a cor da chama, o odor exalado, a cor dos esquemá tica, o aparelho para determinação do pOntO de fu­
fumos e outras caracte rísticas observadas no comportamen­ são ou de amolecimento do plástico que pode ser montado
to de cada polímero durante a queima. Recomenda-se que em laboratório.
uma amostra conhecida e confiável da resina seja submetid a
ao mesmo teste a título de comparação, isto porque polietileno
e polipropileno, tanto quanto diferentes poliamidas (náilon)
podem não ser reconhecidas rapidamente em função do odor
..,!!rmômetro
exalado ou pela cor da chama durante a queima. Neste caso,
o teste de densidade ou a determinação da temperatura do
ponto de fusão são mais úteis para confirmar a identificação
do tipo de resina. TubO ~
capital
A determinação da temperatura do ponto de fusão ou Óleo de
de amolecimento da resina é bastante importa nte no auxílio +-s ilicone
à identificação. Ao ser submetido a um aquecimento cons­
tante e contínuo, o polímero sofrerá um amolecimento e "uma
diminuição gradativa de sua viscosidade", até que seja ultra­
passado um limite em que oco rrerá a sua decomposição.
Normalmente, esse amolecimento ocorre em uma larga fai­
xa de temperatura. Existem diversos equipamentos come r­
ciais que determinam a faixa de amolecimento do plástico
ou se u ponro de fusão. Entretanto, um aparelho simples e de
baixo custo pode ser montado a partir de vidraria de labora­
tório. Figura 4.4 ~ Sistema a partir de material de laboratório para determinação
do ponto de fusão ou de amolecimento de uma resina
O aparelho é composto de um líquido de aquecimen­
to, que pode ser glicerina ou óleo de silicone e termômetro, Na Tabela 4.2 estão indicados alguns polímeros e suas
de 200ºC oU 400ºC. A escolha do líquido de aquecimento características quando submetidos a testes de identificação
depende do tipo de resina a ser identificada, pois cada líqu i- rápida.
48 Reciclagem do Plástico Identifi cação do resíduo 49

Tabela 4,2 - Testes e res ulrados aplicados em polímeros para a


Teste de chama e Temperatura
identificação rápida de fusão ou Densidade
Resina comportamento do Odor
Temperatura amolecimento glcm'
Teste de chama e polím ero ('C)
de fusão ou Densidade
Resina comportamento do Odor amoleci mento glc m'
polímero Acetato
(' C) Azul fa~cando, Manreiga
burirato de 180 1,15 - 1,25
Amarela, vértice verde.
Incendeia rançosa
PVC rígido Cloro 210 celulose
1,38 - 1,45
Chama aUIO-ex tinguível
Azul, semfuma ça,
PVC Amarela, vértice verde, Poliace tal centelha, Cuidado ao Formaldeído 175 1,42 - 1.43
Ooro 150 1,19 - 1,35
flex ível Chama auto-ex tinguível cheirar
Amarela, crepita ao Decompõe-se, fum aça
Policar­
queimar, fumaça pouco fuliginosa combrilho, Acre 230 1,2- 1,1l
SAN Estireno 130 1,08 bonato
fuliginosa, Amolece, Chama auto-extinguível
Borbulha Estireno
Poliureranos Bastante fu maça • 205 l,l l
Azul, vértice amarelo,
PEBD Vela 11 5 0,89 - 0,93 PTFE Carvão residual. Queima
Pinga como vela (Teflon) com dificuldade
• 321 2.14 -2,17
Azul, vértice amarelo,
PEAD Ve la 135 0,94 - 0,98 Azul e vértice amarelo,
Pinga como vela Pena ou
PA6 centelhas, Difíc il de
Azul, vérrice amarelo, cabelo 115 I,\l - 1,16
(Ná ilon) queimar, Fonnam fibras
PP Agressivo 165 0,85 - 0,92 queimado
Pinga como vela e bolinhas na ponta
Amarela, crepita ao PA 6,6 Idemao
Idemao PA 6 260 I,\l- 1,16
queimar, fumaça (Náilon) PA6
PS Estireno 240 1,04 - 1,08
fu liginosa ' Amolece e
PA 6,10 Idem ao
pinga Idemao PA 6 1I5 1,09
(Ná ilon) PA6
Amarela, crepita ao Borracha
PA II Idemao
queimar, fum aça queimada e Idemao PA 6 180 1,04
ABS 175 1,04 - 1,06 (Náilon) PA 6
fuliginosa, Amolece e monômeJo
pinga de esUreno Queima lentamente,
Amarela, Pode ter mantendo chama
Poli Alho ou
PET
chama aUIO-ex tinguíve l
- 255 1,38- 1.41 amarela emcima e azul
(metacrilato resina de \lO- 160 1,1 6 - 1,2
emba il<o, Amolece e
Acetato de Ácido de metila) dentista
Amarela, Incendeia 230 1,25 - 1,3 1 quase não apresenta
celulose acé tico carbonização, Não pinga
50 Reciclagem do Plásti co Identificação do residLlo 51

o teste de solubilidade é útil para reforçar as conclu ­ ~ ~

sões sobre o tipo da resina que está sendo analisada. O pro­ -:a g o o co
Q1 o Q):u .g c: .g .g
cedimento para este teste consiste na pesagem de uma pe­ 'vi:! cv ~ ......
y ~co
~
l!::Cc ~
1-0
~ :::::,
-
'~
quena qu antidade do material. cerca de 0,3 grama, se possí­ ;;.. ....3 S 'g o * * * ..,g v * ~ '* ~ ~ I* I * I ~·
Õ r8 ~ -o 0 ::J J3 00
cn o n 'u t: ""CI -o
vel, fin amente dividido, adicionado a um tubo de ensa io, jun­ -:'Q dJ ,« i 'w 'o
tamente a 15 ml do solve nte. Este sistema deve ser agitado
Q:::E -<-<
em intervalos de tempo e observada a ação do solvente por o'~
~

""O . -
um período de várias horas . A solubilid ade dos vários mate ­ '0 :rll' l I I 1I I 11 11 I I I 11111 1+ 1+1 +1 11 11 I
-":Co
riais pl ásticos é apresentada nas Tabelas 4.3 (a) e 4.3(b). ~

"
Em muitos casos, a aditivação pode interferir neste teste -
o ou
modific ando o comportamento da resin a sob a ação do f§ 1I I+I:::EI 1I 111 121 I 1111+ 121111 11 111 I
j::Q ,:E
so lvente. É o caso, por exemplo, do PVC rígido, que normal­
mente é produzido com um copolímero, o acetato de vinila,
«)
o
80
o"
de forma a obter certas características de processabilidade. .>( U..!! I I I + I + I I I + I+ I I I I 11 11+ 1+1 11 11 11 11 I
Essa modificação do polímero influencia fortemente na so­ (m,
" 'C 'C
b.( ou

lubilidade. o
~ ~
~
~
Tabela 4.3(a) - Solubilidade de alguns polímeros em solven tes orgânicos ~
õ
; ~g I I I I I I I I I I I I I I I I I .;
~

Acetato Ciclo ~c:r ~


GasoUna Tolueno Cloreto de Acetona
Õ
Resina de etila hexanona
~ ~

merileno E ~
" OI ~
Polietileno o
8 c:: 2
Polipropileno o o o
6 'ouiJ
_
~
I + + + + + I I I I + ;:;: I I I I I 'i

~
Polies!ireno + + + + + + 8. < ~
ABS M + + + + + ~
§ _ 'I­ .:=!
>

PA6 o o
-'\"
~
U
U
I I:::E I I :::E I I I I I:::E I I I I I t2
~
PA 6,6 o

~ +
Acetoburiralo ~

v
+ + "1il "8
M + +
de celulose
PMMA M + + + +
]
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.... _ . u
\\I ::J Q) OJ
' \\I I-< V V __ ---< ::J Lo
cu

O bservação, (o) Insolúvel; (+ ) Solúvel; (M) Meia e/ou incha ~ ~


V1 . ....

&~ «
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Cf) <~ <~ g: & ~ &~ &Z


;:::I . - . ... ..... .... . -

z zt. .... I-L< ._


& c3
52 Reciclagem do Plástico Identificação do resíduo 53

Alguns polímeros podem ser identificados q uando ex­ Fonte de luz


Observador com óculos
monocromática de lentes polarizadoras
r-:::-J
postos ao teste da luz polarizada. O policarbonato, por exem­
plo, q uando não-pigmentado, pode ser facilmen te d istin ­
guido do acrílico, do acetato de celulose, do poliestireno
ou do PVC pelo uso de luz polarizada; assim como o PVC
!~ --B:: '"

.,. ... ~
na segunda placa

• 6b/'

pode se r dife renc iado d o PET. Na lu z polarizad a, o


policarbonato apresenta linhas coloridas distintas q ue re­ Figura 4.5 - Esq uema pa ra a visua lização do teste de luz polarizada
realizado entre dois polímeros
velam uma tensão interna do ma teri al.
O feixe monocromá tico proveniente de uma lâmpada
Os polarizadores são dispositivos median te os quais
de vapor de sódio ou mais raramen te de mercúrio é polariza­
é possíve l limitar a radiação luminosa a um só plano. A
do primeiro por uma placa que se mantém fixa . A luz passa ,
lu z nat ural poss ui ca mpos elétricos q ue vibram em todos então, através da câmara onde estão as amost ras para exa.
os planos possíve is , podendo po r meio de a lgumas subs­ me, e o fe ixe emergente das amostras é analisado pela segun­
tâncias "escolher" uma fração de luz em que est e campo da placa. Se a luz vinda do polarizador encontrar a segunda
vibre nu ma determinada direção. Existem vá rios tipos de placa com o observador em posição cruzada, isto é, a 90° em
polarizadores, que são const ruídos de diversas fo rmas, de relação à primeira placa, não poderá atravessá-la. Portanto,
acordo com a substância a ser an alisada . O mais simples e o campo ocular do observador pennanecerá escuro. Q uando
barato é o polaróide . Este polarizado r é constituído de pla­ as duas placas estiverem em posição paralela, o campo da
cas de "plás tico" (álcool polivinílico) revestidas com uma ocul ar se iluminará até alcançar o nível máximo. Ao se in­
camada fina de iodo. Uma fonte de luz monocromática ao terpor a amostra opticamente ativa entre as d uas placas, o
incidir no polímero é polarizada , ptovoca ndo regiões de plano de polarização girará de um certo ângulo e o campo de
contraste, Ou n ão é polarizada, n ão se pe rcebendo neste iluminação da ocular se diferenciará. Este tes te para polímeros
caso nenhuma alteração na luminos id ade refletida pelo distingue maiores diferenças de intensidade do q ue uma in­
po límero. As reg iões escuras estão relac io nadas ao eixo tensidade absoluta frente a duas amostras distintas.
óptico pe rpen dicular ao filt to pola rizado r e as colo ridas Outras análises mais específicas podem ser realizadas
o u de contraste, ao eixo paralelo. Po rtan to, a região em através de técnicas instrumentais, tais como:
que a luz emerge refratada (como um arco- íris) provém
• Espectroscopia no infravermelho
do "cris tal" (esferulito) ana lisado. U m esqu ema simp les e
de fácil visualização do procedimento do teste é apresen­ • A nálise térmica diferencial
tado na Figu ra 4.5, em que o PET refrata a luz de fo rma • A n á lise po r ul tr av io leta de t ra n sm issão o u
bastante in tensa (formando um belo arco-íris), o que não flu orescência
ocorre com o PVc. • Análise por raio X ou raios gama

L
54 Reciclagem do Plástico Identificação do resíduo 55

As universidades possuem esses equ ipamentos e, se ser conformadas através de termoformagem do polipropileno,
necessário for, pode-se pedir o auxílio de seus professores e po lies tireno, PVC ou PET Neste caso, a identificação pode
pesquisadores. ser realizada pelas diferenças de resistência mecânica, trans­
missão de luz, dureza e a té mesmo pelas propr iedades
4.3 - Identificação pela superfície requeridas para a finalidade a que se destina. Por exemplo, o
Para este tipo de identificação rápida, todas as caracte ­ uso de polipropileno copolímero em band ejas para congela­
rísticas do material devem ser observadas, desde seu toque mento ou bebidas carbonatadas (refrigerantes) embaladas em
até o tipo de conformação a que foi submetido. A observa­ frascos de PET
ção da supe rfície sugere informações importantes como, por Por fim, essas considerações pode m se r aind a com­
exemplo, a do polietileno, que pelo toque é "ceroso", muito
plementadas com a experiên cia em campo, principalmente
semelhante ao toque de uma poliamida (náilon). No entan­
quando a identificação envolve materiais plásticos de um mes­
to, as poliamidas apresentam uma aparência visual lei tosa,
mo grupo, como PVC e poli (cloreto de vinilideno). Peque­
tendendo ao amarelo. Da mesma fonna se procede em rela­
nas observações de comportamento sob certas situações po­
ção à transmissão de luz , o material conhecido como acrílico
dem auxiliar n a diferenciação , como a flexibilid ade do
- poli (me tacrilato de metila) , por exemplo, possui brilho e
poli (cloreto de vinilideno) e a rigidez do PVC à temperatura
transparência, assim como o poliestireno, o policarbonato
ou o PET; contudo, todos possuem diferenças qu anto à du­ ambiente. O poli(cloreto de vinilideno) pode ainda ser con­
reza, à aplicação e processo de conformação. fundido com o PVC flexível (PV C ad itiv ado com pias­
tificantes). No entanto, se o PVC fo r fl exível conterá
A dureza pode ser verificada com riscos feitos a unha plastificante e seu odor característico poderá, então, ser o
sobre a superfície, por exemplo, para identificar tampas de parâmetro de identificação. Uma técnica simples para a di­
frascos conformadas em polietileno dentre tampas confor­
ferenciação entre polietileno de baixa densidade e po lietileno
madas em polipropileno. O polietileno será riscado facilmente
de alta densidade foi desenvolvida por recicladores antigos
pel a unha, enquanro que o polipropileno não o será.
(experiência em campo) e consiste em simples observação
A identificação pelo ptocesso de conformação pode ser do comportamento dos materiais envolvidos. A técnica con­
exemplificada através de frascos de PVC e PET, em que a siste em aquecer uma amostra do polietileno a ser identiHca­
conformação por injeção é realizada em frascos conforma­ do à fu são (com isqueiro comum ou fósforo) e deixar pingar
dos em PET, portanto, estes terão a marca característica do sobre uma superfície fri a, como uma moeda, por exemplo. O
bico de injeção no fundo do frasco. polietileno de baixa densidade espalha-se sobre a moeda, for­
Muitas vezes a identiHcação pelo processo de confor­ mando placas finas, enquan to que o de alta densidade forma
mação não é possível, sendo um exemplo clássico desta situa­ pequenas esferas ou agulhas (pirâmides), como mostrado na
ção as embalagens para alimentos tipo bandeja, que podem Figura 4.6.
56 Reciclage m do Plásti co
C APíT U LO 5
Portanto, muitas informações podem ser obtidas pela
observação simples da superfície e do conhecimento das pro­
priedades do material plástico com que se trabalha.
Placas finas
r - - dePEBD RECIClAGEM - CONCEITOS E TÉCNICAS
Agulha de PEAD Esfera de PEAD :,"'0
-J' j A­
_/
l~' !
Moeda
5.1 - Algumas definições
/'
Moeda
A idéia de se aproveitar resíduos não é nova, mas só
Figura 4.6 - Comportamento do PEBD e do PEAD quando submetidos
recentemente ela tem se estabelecido de forma expressiva,
à fu são e resfriamento rápido não só por razões econômicas, mas também corno urna for­
ma de minimizar os impac tos no meio ambiente.
A Agência de Proteção Ambiental Norte-americana
(EPA) define re ciclagem como "a cole ta , processamento,
comercialização e uso dos materiais considerados lixo". Já a
definição enconrrada em dicionário, rraz a reciclagem como
"o processo pela qual passa um 1'I'U!SffiO material já utilizado
para fazer o mesmo produto ou um prod uto equivalente".
Assim, segundo estas definições, a reciclagem consiste num
processo de transformação de materiais, previamente sepa­
rados, de forma a possibilitar a sua recuperação. Estes mate­
riais podem ter duas origens: rejeitos de processo industrial
ou produto pós-consumo.
Os fatores que incentivam a reciclagem de materiais
decortem da necessidade de poupar e preservar os recursos
naturais e da possibilidade de minimização de resíduos, o que
reduz o volume a ser transportado, tratado e descartado.
Reciclando, são reduzidos os problemas ambientais e de saú­
de pública, assim corno os socioeconômicos decorrentes do
Reciclagem - conceitos e técni cas 59
58 Recicl agem do Plástico

descarte inadequado de resíduos sólidos. Qua ndo os resí­ minimização de resíduos n as indústrias, porém s6 deve ser
duos são despejados em aterros (sanitários ou industriais, de ­ executada após o esgo tamento d as possibilidades de redução
pendendo d as características dos mesmos), a reciclagem con­ dos resíduos na fonte geradora .
tribui para a minimizar a quantidade dos resíduos aterrados, Q uanto aos produtos descartados pela sociedade ou
o que a umenta a vida útil desses locais de d espejo. A resíduos urbanos, pode-se dizer que e les têm sido re­
reciclagem, do ponto de vista econômico, proporcio na a re­ aproveitados num volume acima do que se imagina. Essa
dução do custo de gerenciamento dos resíduos, com meno­ reciclagem, conhecida como pós-consumo, é realizada tanto
res investimentos em instalações de tratamento e disposição de maneira formal como informal. O reaproveitamento de
fin al e promove a criação de empregos. Socialmente, possi­ resíduos de maneira informal é realizado por coletores, indi­
bilita a participação da população no processo de separação, vidualmente ou agrupados em cooperativas. Os materiais mais
conscientiz ando -a quanto à sua responsabilidade perante os procurados para serem reciclados são: papel e papelão, plás­
problemas ambientais. ticos, vidros, metais ferrosos e n ão-ferrosos e em menor por­
As indústrias que realizam o rep rocessamento d o centagem madeira, borracha e até trapos . Todavia, quando a
políme ro, re rornando- o à linha de produção, ganham em reciclagem n ão é possível, o resíduo passa por um tratamen­
compe titividade e prod utividade. Atualmente, a reciclagem to prévio ao seu descarte final ou, em casos extremos, é des­
de resíduos de origem industrial, no pr6prio processo prod u­ cartado diretamente no solo.
tivo que os gerou, é realizada em um gra nde número de em­
O termo reutilização o u reuso é utilizado em proces­
presas. Esta prática se estabel ece à medid a que novas
sos de reciclagem para designar o resíduo que é aproveitado
tecnologias são desenvolvidas, além de equipamentos de con­
sem que tenha sofrido uma transfo rmação, o u seja, é o
trole ambiental, que acarretam redução paralela de gas tos
reaprove itamento do material ou embalagem para um mes­
de energia pela diminuição da geração desses resíduos, tor­
mo fim como, por exemplo, garrafas de refrigerantes, emba­
nando o produto mais competitivo.
lagens vazias como copos de ge léia, extrato de tomate, que
O "gerenciamento do resíduo industrial" tem um custo utilizamos para servir líquidos; potes de maionese e sorvete ,
significa tivo e inclui as etapas de acondicionamento, coleta, para guardar mantimentos e papel de computador o u de xe ­
a rmazenamento , transporte, tra tamento e disposição final. rox, para rascunho. Já o termo recuperado indi ca que o ma­
Porta nto, a minimização de resíduos representa uma estraté­ te rial fo i reprocessado a fim de que fosse obtido um produto
gia preventiva na administração da empresa e é realizada sob novamente útil, o u passou por um tratamento para que fosse
três aspectoS: redução na fonte d e geração, reciclagem e possível a sua regeneração.
tra tamento da parcela não passível de re aproveita mento,
Atualmente, o plástico passou a ser um resíduo de gran­
visando à redução do volume e toxicidade dos resíduos gera­
dos. A reciclagem é uma das ativid ades impo rta nte s da de aceitação para o processo de reciclagem, pois tanto sob a
60 Reciclagem do Plástico Reciclagem - conce itos e técnicas 61

forma de filmes (sacos plásticos, etc.) como sob a forma rígi­ As etapas que constituem o processo de reciclagem de
da (tubos e conexões), encontra tecnologia disponível para plásticos (polímeros) são basicamente duas: a separação, ati­
o seu reaproveitamento. No Brasil, observa-se um crescimen­ vidade em que se prepara o resíduo para ser transformado, e
to do setor em cerca de 15% ao ano, desde de 1996, atingin­ o reprocesso industrial do material separado. A reciclagem,
do 270 mil toneladas de material granulado em 1995 . Esses então, desenvolve-se num ciclo de transformação dos resí­
números significam aproximadamente 10% do consumo apa­ duos sólidos, conforme Figura 5.l.
rente de resinas, impulsionando vários segmentos envolvi­
dos com polímeros, como fabricantes de equipamentos, trans­ AlIa
formadores de polímeros, instituições acadêmicas e comer­
ciais' entre o utros. 7(
ÇE~ ~ Separação
ou triagem
>I
Consumo 00 O
O

~
Embora a reciclagem apresente muitas vantagens, a
decisão de reciclar um determinado resíduo deve ser prece­
© @ Novo
Recuperação

" produto Transformação ou


did a de um estudo de viabilidade econômica, que deve con­ 1< reprocessamento
ÍJ'
siderar os seguintes aspectos principais: Figura 5. I - C iclo de transformação de resíduos sólidos

• proximidade do local de geração em relação ao lo­


cal de recuperação do resíduo;
5.2 - Tipos de reciclagem de polímeros

• volu me de resídu o gerad o disponível pa ra a Dependendo do objetivo a ser atingido ou do processo


envolvido, a reciclagem de polímeros pode ser englobada em
reciclagem;
três tipos distintos: mecânica , química e energética.
• cus to das etapas de preparo do resíduo antes do
processamento (o que inclui coleta, transporte, se­ O processo conhecido como reciclagem mecânica con­
paração, lavagem e armazenamento); siste na combinação de um ou mais processos operacionais
para o reaproveitamento do material descartado, transfor­
• existência de demanda de mercado para o produto
mando-o em grânulos para a fabricação de outros produtos.
resultante da reciclagem;
Se estes produtos possuem desempenho e características equi­
• existência de tecnologia apropriada (processo) para va lentes à resina virgem do prod uto original (têm sua origem
a transformação do resíduo; na própria indústria), a reciclagem é classificada como pri­
• custo do processamento e transformação do resí­ mária. Quando o produto fina l possui característica, desem­
duo em um novo produto (sem prejuízo de suas pro­ penho e propriedades mecânicas inferiores às comparadas
priedades) . com o produto obtido com a resina virgem, a reciclagem é
62 Reciclagem do Plástico Reciclagem - conceitos e técnicas 63

definida como secundária, e se aplica normalmente a resí­ A seguir, serão discutidos os três processos de
duos pós-consumo. reciclagem, de forma esquemática, desde a matéria-prima até
A reciclagem química, também denominada terciária, os seus produtos e subprodutos.
consiste em um processo tecnológico onde se realiza a con­
versão do resíduo plástico em matérias-primas petroquímicas 5.3 - A reciclagem mecânica
básicas (retorno à origem). A reciclagem quaternária, tam­ No Estado de São Paulo, aproximadamente 600 a 800
bém conhecida como reciclagem energética, consiste num instalações industriais reciclam resíduos plásticos da forma
processo tecnológico de recuperação da energia contida nos conhecida como mecânica, gerando mais de 200 mil tonela­
resíduos plásticos, através de incineradores com queima dos das de material granulado por ano. Entre os polímeros mais
resíduos a altíssima temperatura. reciclados encontram-se o PEBD, PEAD, PVC, PS e PP. O
PET vem pouco a pouco sendo agrupado a estas resinas, e é
N o Brasil, a reciclagem mecânica é o processo mais
o polímero que atualmente mais tem contribuído para o au­
utilizado. Estima-se que cerca de 20% dos resíduos plásticos
mento da percentagem de material reciclado por ano.
pós-consumo passam por este processo. Na Europa, no en­
tanto, encontramos os três processos de reciclagem bem de­ A reciclagem de resíduo sólido de origem urbana é a
senvolvidos, sendo que, em algllns países, a reciclagem que mais tem crescido, como pode ser observado pela Tabela
energética é a preferida, atingindo 50% de utilização em re­ 5.1, onde é apresentada a evolução da reciclagem mecânica
lação às outras. no Brasil. Atualmente, estima-se o crescimento da reciclagem
"total" (Tabela 5.1) ao redor de 15 a 20% ao ano.
A tendência mundial é reciclar, ao máximo, materiais
plásticos e incinerar o restante para recuperar energia na for­ A reciclagem mecânica pode ser dividida em dois ti­
ma de vapor ou eletricidade. Os materiais utilizados em em­ pos: resíduos industriais e pós-consumo. As etapas que a
balagens flexíveis, por exemplo, são de formulação complexa constituem são: moagem, lavagem, secagem, extrusão e
e compostos por diferentes polímeros, de difícil separação, granulação.
têm como única alternativa, até o momento, a incineração N a reciclagem mecânica de resíduos industriais, as
com aproveitamento energético. O Japão é um dos países operações unitárias mais empregadas são a moagem e a
que demonstram interesse particular nesta prática, devido extrusão, podendo ser utilizado o processo de aglutinação. A
ao alto custo de manutenção dos aterros sanitários e a falta vantagem do uso de resíduos industriais reside na composi­
de áreas para este fim, que acabam por viabilizar o uso de ção polimérica geralmente definida, sem variações, com bai­
incineradores. Na Alemanha, tem sido promissora a produ­ xa contaminação por corpos estranhos. Os processos de la­
ção de matérias-primas para refinarias e petroquímicas, a vagem e secagem podem ser eliminados dependendo do es­
partir de subprodutos da pirólise. tado do resíduo. A sua desvantagem está na dificuldade de
64 Reciclagem do Plástico Reciclagem - conceitos e técnicas 65

se conseguir esse material, pois resíduos industriais são mui­


to disputados.
Tabela 5.1 - Evolução da reciclagem mecânica no Brasil
Quantidade (1000 t)' Crescimento (%)
Origem do resíduo
1991 1995 1997
Produtores 45 50 53 6,0
Transformadores 55 70 80 14,3
Pós-consumo 50 150 174 16,0
I · ESf(1AA TAANSPORTf 1 - k::XTRU$OAA

TOTAL 150 270 307 13.7 2·~0IN~


l· iRANS~OHTE P,*-lNAATIC'..o
~ · ~L()
a . TROco. FI\.TM HIORAulICO
O· PAINEL CoE COMANOO
10 , GRANUlADOR
:. . RO$CoI. DE TAAHSPORTE 11 • SILO RECEPTOR
>I< Va lores estimados •• .I.l,l lroIEmACAo F<.IFIÇAOA 12· EN$A('.ADEIRA CJ IlAI.J\NCA

Na Figu ra 5.2(a). ilustramos um processo esquemático Figura 5.2(b) - Fluxograma de reciclagem mecânica de plásticos
de reci clagem mecânica de resíduos pós-consumo, e na Fi­ (Corresia: ADL)
gura 5.2(b), apresentamos um exemplo ideal de flu xograma
A reciclagem mecânica de resíduos pós-consumo ne­
de reciclagem mecânica. cessita de lavagem cuidadosa após a moagem, a fim de pre­
A diferen ça fund amental enrre o processo de reci­ venir danos aos equipamentos pela presenç a de materiais
clagem para resíduos pós-consumo e resíduos industriais é estranhos ao processo ou outras resinas. A vantagem de sua
que, neste último , as etapas de lavagem e secagem não são utilização em relação ao resíduo industrial consiste na facili­
realizadas. dade de obtenção e de seu baixo custo; as desvantagens são
a contaminação e a pré-seleção de materi ais.
Produto Água da Tratamento e
descartado lavagem disposição final O s maiores problemas, no entanto, referem-se à con­

~
taminação das águas de lavagem e à falta de fonte de supri­
t
Moa~.1 ~T
mento regular e confiável de material para o processamento.
Lavagem
Na Figura 5,3 estão representados vários equipamentos uti­

1
naterial Borra (resíduo da
~XlrUSãO lizados em reciclagem mecânica de resíduos industriais ou
de pós -consumo.
particulado) moagem)
Na Figura 5.3 apresentamos detalhes de equipa men­
Granulação
(produto final) tos utilizados para a reciclagem mecânica. N a Figura 5.3(a)
apresentamos um moinho (marca Primo técnica) ; na b, uma
Figura 5.2(a) . Fluxograma esquemático de reciclagem mecân ica de extrusora fabricada pela empresa Máquinas Flores; c, um fil­
plásticos (após se paração por tipo de resina) tro hidráulico para extrusoras; d, um granulador e banheira
66 Reciclagem do Plástico Reciclagem - conceitos e técnicas 67

de lavagem do fabricante ADL; na e, um sistema fixo de S.4 - A reciclagem energética


lavagem da empresa Máquinas Flores; na f, um sistema flexí­
A reciclagem energética consiste na compactação dos
vel de lavagem da empresa Máquinas Flores; na g, um
resíduos e subseqüenre "queima", gerando energia, resíduos
granu lador da empresa Primotécnica ; na h , um detalhe
sólidos e gasosos. Este processo, Figura 5.4, é baseado no alto
esquemático de um granulador da empresa ADL; na i, um
poder calorífico dos plásticos, utilizando-os neste caso como
granulador e secador da empresa Lucotec.
fl con1 bustíveis sintéticos!',

a)

Produto
desca rtado

I Re síduos gasosos r-+ I Filtros I ., Emissões I


[!"Cineração ILI Residuos sólidos ~I Descarte I
~I Energia ~I Vapor I
-I Eletricidade I
Figura 5.4 . Esquema ilustrativo da reciclagem energética

Os resíduos gasosos são tra tados de forma a reduzir a


toxicidade destas emissões, os sólidos (subprodutos da quei­
ma) recebem destinação diferenciada conforme o país que
utiliza este processo (veja Tabela 1.1) e a energia térmica
gerada é recuperada sob a forma de vapor o u eletricidade.
13 Este tipo de reciclagem é conhecido como pirólise, quando a
decomposição térmica é realizada em ausência de oxigênio e
te mperatura controlada (760 a 1 4000C), e é chamado de
g)
'-I i) incineração quando a fragmentação térmica é realizada por

;.) I. h)
oxidação. A pirólise tem como produto resíduo gasoso e o
óleo da pirólise; já a incineração tem resíduos sólidos (cin ­
J' -.
" zas), resíduos gasosos e energia (Figura 5.3).

.. "' ti ~ A reciclagem energética do poliuretan o (PU) é um


exemplo que envolve a incineração com recuperação de ener­
Figura 5.3 . Equipamen tos utilizados em reciclage m mecânica gia. A incineração tem um papel impo rtante entre as formas
68 Reciclagem do Plástico Reciclagem - conceito s e técni cas 69

de reciclagem dos plásticos pós-consumo. Com o consumo zados para a agricultura, provêm de 150 companhias da área
mundial de óleo, carvão e gás natural da ordem de 86% do metropolitana de Tóquio. De origem conhecida, a qualida­
total produzido para a geração de energia, o resíduo plástico de do material é facilmente controlada. O material é todo
passa a ser um fo rte candidato à substituição parcial dos re ­ convenido em grânulos com cerca de 6 a 8 mm de diâmetro,
cursos energéticos. Nesse contexto, o PU possui um valor para que seja utilizado o mesmo equipamento de injeção de
energético recuperável comparável ao do carvão e um pou­ finos de carvão. Os altos-fornos consomem 30 000 t desse
co menor que o do óleo combustível. material numa mistura 90% finos de carvão e 10% resíduo
plástico granulado. Segundo a NKK, a eficiência térmica
Atualmente, a tecnologia utilizada neste processo pode
desse insumo é 80% superior ao material utilizado anterior­
garantir a segurança das emissões gasosas das plantas de in­
mente, além de gerar um ferro-gusa de melhor qualidade pela
cineração de resíduos. As emissões gasosas durante a incine­
diminuição do teor de oxigênio nos fornos.
ração de plásticos que contenham retardadores ou inibidores
da propagação de chama são uma preocupação constante A reciclagem mecânica de resíduos plásticos separa­
dos órgãos responsáveis pelo meio ambiente . Devido a essa dos é uma alternativa viável. No entanto, resíduos plásticos
preocupação, a indústria de PU alemã realiw u na cidade de misturados tornaram-se um problema, visto que sua separa­
Kalsruhe uma série de testes com incineradores municipais ção, via de regra, é tecnicamente e economicamente inviável.
(PU misturado ao lixo municipal). Esses testes demonstra­ Uma das alternativas promissoras é a pirólise a alta tempera­
ram que não há impacto ambiental significativo (conside ­ tura desses resíduos. Um grupo norte- americano estudou as
rando-se os teores europeus permitidos) nas emissões gaso­ poss ibilidades econômicas da pirólise para esses resíduos, e
sas resultantes da incineração de PU contendo Cloro, Bromo concluiu que a simples incineração do resíduo misturado
e Fósforo. converte apenas 50 a 60% do plástico alimentado em gás
A incineração de materiais orgânicos, como o PU, é (H 2, CH 4 , C 2H 2, C 2H., C 2H 6 , C 3 H 6' CJHs' C.H 6 , C.H B, C 6H 6 '
realizada normalmente em incineradores de resíduo sólido C 7HB' CsH s' HC l ) e produtos líquidos e sólidos. Os autores
municipal, sistemas de aquecimento domésticos, fomos de do eSTUdo sugeriram que a melhor opção econômica para a
indústrias de cimento e em meios de uanspone: como co­ reciclagem energé tica de plástico s misturados seria a
combustível Gunto ou não ao carvão) para produzir energia; integração do incinerador a um comp lexo industrial
em incineradores de resíduos especiais (mono-combustão) e petroquímico, caso contrário uma separação do resíduo deve
n a metalurgia, como agente redutor do óxido de ferro. ser avaliada.

Desde outubro de 1996 a siderúrgica japonesa Nippon 5.5 - A reciclagem química


Kokan (NKK) está utilizando resíduo plástico em um de seus
altos-fom os (ela possui quatro). O s rejeitos de computado­ A reciclagem química pode resultar tanto em uma subs­
res pessoais, fitas plásticas, filmes e sacos de polietileno utili- [ância combustível, quanto em um produto químico a ser
70 Reciclagem do Plástico Reciclagem - conce itos e técnicas 71

utilizado para a síntese do polímero que lhe deu origem. Exis­ [I ReCiclagem qulmlca I[
tem vários processos desenvolvidos para a decomposição
química de polímeros que resultam em espécies monoméricas.
Um esquema básico de reciclagem química consiste na
hidrogenação, gaseificação e pirólise (decomposição por aque­
~
~ MiShJra de segmentos pohméncos ~
cimento) do resíduo plás tico (Figura 5.5) . Este resíduo é aque­
cido e hidrogenado para a obtenção de hidrocarbonetos, e ~
Separ ação
desta reação resultam resíduos de destinação opcional a quem
recicla, bem como gases e óleos, que são separados e envia­ PLlriOcação e classificação
[ Incorporação no produlo
dos a refinarias para o seu reaproveitamento como matéria­
prima ou utilizados como combustíveis . Figura 5.6 - Reciclagem qulmica do PU sob três diferentes ca minhos

O processo de reciclagem química, quando denomina­ O processo chamado hidrólise utiliza vapor d'água a alta
do quirnólise, se refere a uma despolimerização aplicável a temperatura para a quebra das ligações do polímero, obten­
polímeros produzidos por condensação, como poliésteres (por do como resultado polióis. Os polímeros com grupos funcio­
exemplo, PET), poliamidas (náilon) e polímeros produzidos nais "és ter" são faci lmente decompos tos por reações de
por adição como o poliuretano. hidrólise possibilitando, inclusive, a recuperação dos segmen­
, -________, ~·[I~H~~~'O~ge~na~ç~.o~~----~ tos de po lím e ro na forma dos própr ios reagen tes de
II Aquecime nto ~ i 1 polimerização, isto é, álcool ou ácido. A amin6lise é a reação

_",_ -~ ... .. _.._- 11


.
Gases I1
~I
Desc.arte
entre uma amina e um polímero, por exemplo, PU obtendo­
se como resultado aminas, poli6is e oligômeros de uréia di­
substituída. A glicólise é a conversão dos reagentes, do pr6­
~ prio produto (como o PU) e glicóis, a compostos hidroxilados
Matérias-primas ou combusllveis
e dependendo da natureza química do resíduo do polímero,
Figura 5.5 ~ Fluxograma gené rico da rec iclage m qufmica podem ser produzidas algumas amin as aromáticas que tam­
bém podem se r convertidas a amin as hidroxiladas.
Na quimólise, os polímeros são "decompostos" até suas
moléculas or igi n ais ou intermediárias dos produtos Estes processos são atrativos porque além de promo­
petroquím icos que os originaram, o que possibilita sua verem a reciclagem, por exe mplo, de qualquer formulação
reu tilização na produção de novos polímeros ou como de poliuretano (pós-consumo ou industrial) , de uma forma
"reciclado energé tico", ou seja, 6leo combustível. viável, possibilitam a produção em escala industrial de polióis.

A reciclagem química pode ser realizada sob três dife ­ Dentre os vários processos desenvolvidos de reciclagem
rentes caminhos (Figura 5.6): química , a decomposição química do PET é um dos mais
72 Reciclagem do Plástico Reciclagem - conce itos e técn icas 73

conhecidos, prod uzindo espédes mo noméricas a lém de 250°C, em sistema contendo água em excesso e acetato de
polióis. Os produtos da decomposição ou "despolimerização" sódio como catalisador. O resíduo de PET sob uma de termi­
pode m se r reuti lizados para a polime riz ação (ou re­ nada forma (fibra, filme, lasca, fita) pode ser tratado com
polim erização) do próprio PET. Os cata lisa dores para excesso de me tanol (proporção PET/metanol = V.) sendo
hidrólises (decomposição do PET) podem ser ácidos, como despolimerizado em dois estágios , a terefta lato de dimetila
ácido sulfúrico, ou bases , como hidróxido de amônio. Um (99%) e etilenoglicol.
catalisador ácido pode promover a hidrólise em temperatura
Através do aq uecimento do resíduo de PET com um
entre 60°C e 100°C em um intervalo de tempo entre 10 e 30
glicol, como O propileno-glicol, na prese nça de catalisador,
minutos.
obtém-se a redução da al ta massa molar do PET em peque­
Dentre os processos de reciclagem química do resíduo nos fragmen tos de cadeia. Os catalisadores típicos, neste caso,
industrial de PET, o mais comum utiliza hidróxido de sódio são aminas, sais metálicos do ácido acético, entre outros. Por
como catalisado r em solução aquosa, e etilenoglicol, entre esse processo, pode-se produzir também polióis. Se o PET
90°C e 150°C, à pressão atmosférica, decompondo o polímero for tratado com excesso de glicol pode ocorre uma trans­
em um sal dissódico. Es te sal é então transformado em ácido esterificação.
tereftálico. O utro processo de reciclagem química muito co­
O filme de PET é usado em embalagens, filmes foto­
nhecido é o que utiliza resíduos de fibras de PET. O resíduo
gráficos, fi lmes de raio X, filmes para gravação magnética,
de fibr as, e til enogli col e como ca ta li sa dor um be n ­
incl uindo fita de vídeo. Para estes produtos existem pesqu i­
zenosulfon ado, reagem produz indo te refta la to de bis­
sas sobre a despolimerização de chapas fotográficas e de fil­
hidroxietila. Esse último é o polímero final que, se produzido
mes de raio X em que se obtém ácido tereftálico e se recupe­
com 45 % de mon6mero reciclado, produz fibras com proprie­ ra a prata. Este processo está se ndo desenvolvido para a re­
dades eq uiv alentes àquelas produzid as com mon6meros cuperação da prata, que é depositada sob o filme de PET
"virgens" de PET. num composto estrutural co ntendo gelatina, coberto por
Um processo adaptado para garrafas de PET foi desen­ poli (cloreto de vinilideno) o PVDC.
volvido utilizando-se hidróxido de am6nio em solução aquo­ O Brasil usa o PET em embalagens desde 1998, e já é o
sa, à temperatura e pressão elevadas. Ao sa l diam6nico pro­ terceiro consumidor mundial no setor de refrigeran tes, atrás
duzido, é adicionado ácido sulfúrico, a fim de isolar o ácido dos Estados Unidos e do Méx ico , segundo dados do Ma­
tereft álico e o etilenoglicol. O ácido tereftálico ob tido desta peamento de Projetos Ambientais (MAPA). Segundo Alfredo
forma possui pureza igual a 99%. Tanto o ácido tere ftálico Settie, da Associação Brasileira dos Fabricantes de Embala­
como o etilenoglicol podem ser produzidos em quatro horas, gens de PET (Abepet) , o Brasil, que participa com 5% do
tratando-se o resíduo de PET à tempera tura entre 150°C e mercado mundial de PET para ga rrafas, tem sua reciclagem
74 Reciclagem do Plástico

quase que realizada apenas de forma mecânica. De acordo


CAPíTULO 6
com dados da Abepet, em 2000 o Brasil produziu 300 mil
roneladas de PET, sendo 250 mil toneladas destinadas à pro­
dução de garrafas e o restante seguiu para a indústria de
embalagens. A reciclagem química, segundo Settie, "é uma
tecnologia sofisticada e cara, que precisaria de 50 mil tonela­ PEQUENOS DHALHES DE GRANDE
das de PET para se viabilizar". Em 2000, o Brasil reciclou 67
mil toneladas no processo conhecido como reciclagem me­ IMPORTÂNCIA
cânica, de acordo com Settie.
Neste capítulo, iremos abordar pequenos detalhes, mas
que têm grande importância na reciclagem mecânica de al­
guns tipos de resinas plásticas. Isso porque o processo de
reciclagem é o que normalmente determina as característi­
cas e as aplicações do produto final a ser obtido. Ou seja:
dependendo da escolha entre o acréscimo ou a retirada de
algumas etapas, teremos como resultado a garantia ou não
da qualidade do produto final.
A primeira etapa é a separação do material recolhido,
para ser moído, lavado, seguindo para uma secadora. A par­
tir desta primeira etapa, existem vários cuidados que devem
ser considerados para a obtenção de uma resina mais unifor­
me e de melhor qualidade. Para uma melhor compreensão
das diversas variáveis que influenciam o processo de
reciclagem das diversas resinas, dividimos o texto em itens,
permitindo, assim, a descrição de cuidados e detalhes da
reciclagem por polímero. Os itens estão divididos em
reciclagem de poliolefinas, PVC, ABS, PMMA, PET e Pu.

6.1 - Detalhes da reciclagem de poliolefinas


Polietileno (PE)
O polietileno de alta densidade (PEAD), ou o de baixa
densidade (PEBD), está entre os mais reciclados, tanto pela
76 Reciclagem do Plástico Pequenos detalhes de grand e im po rtância 77

facilidade de captação deste resíduo, corno pela fa cilidade lavagem para a retirada do resíduo. Des ta etapa em diante , o
do seu processamento. A forma de reciclagem mais utilizada é processo é realizado de forma tradicional, confo rme Figura
a reciclagem mecânica descrita no Capítulo S. 5.2 do Capítulo 6.

Alguns recicladores, quando de posse de resíduos de Um cuidado importante deve ser tornado quando se
polietileno linear, misturam pequenas quantidades do mes­ reciela uma quantidade significa tiva de resíduo de PP com
mo à sua unidade processadora, não só com o propósito úni­ impressão a tinta. A tinta durante a reciclagem gera grande
co de aproveitar este resíduo, corno também para modificar quantidade de gases, forçando o recielador a utilizar urna
as propriedades do produto final. extrusora com um sistema de degasage m o u um sistema de
extrusão em cascata. No siste ma em casca ta, a primeira
Urna preocupação maior terá o recielador quando ftzer extrusora faz a filtragem e a degasagem do material, a segun­
a opção por resíduos de embalagens de adubos ou agro tóxicos , da produz o "espaguete" a ser granulado (Figura 6.1).

Bof'r~, ar'iD~ E
pois para estes resíduos é exigida urna tripla lavagem e a água
resultante desta lavagem deve ser tratada de modo especial.
Um outro detalhe é a reciclagem de frascos de polietileno
contendo óleo comestível ou lubrificante. Neste caso, os fras ­
, l'
e d c b a
cos devem ser moídos, lavados com água quente, qu ando
Figura 6.1 ~ Sistem a em cascat a no flu xogram a do processo de reciclagem
possível, e com um tensoativo (detergente). Geralmente o do PP; a) moinho/aglutinador; b) primeira ext ru sora; c) segunda
detergente utilizado é um tensoativo não-iônico e que não extrusora; d) banheira; e) granul ador; f) ensacador. Fluxograma de
forme espuma. Após essa primeira lavagem, é efetu ada urna reciclagem KIE Máquinas Ltda.

segunda para a retirada do tensoativo, seguindo a partir daí o


processo tradicional. Corno o polietileno de alta densidade Poliestireno (PS)
pode ser rniscível em qualquer proporção ao PEBD, normal­ A sua reciclagem é idêntica a dos materiais comenta­
mente utilizam-se misturas variadas dos dois e obtém-se um dos anterio rmente. No entanto, como esse material produz
polietileno de média densidade. gases com muita facilidade , é exigido um sistema de extrusão
em casca ta ou uma extrusora com degasagem.
Polipropileno (PP)
A sua reciclagem asse melha-se a do polietileno. Um
PS expandido ou PS espumado (espuma de PS)
caso especial é a reciclagem do PP que compõe a caixa de A dificuldade de reciclar o PS, espumado ou expandi­
baterias automotivas. Após retirar o ácido sulfúrico e as pla­ do, reside no fato de termos um sistema com pouco material
cas de chumbo, faz -se a lavagem da caixa com reagente bási­ e muito espaço vazio, ou sej a, repleto de bolhas de gases pro­
co para neutralização do ácido remanescente e uma nova venientes do processo . Alguns recicladores de poliestireno
78 Reciclagem do Plástico Pequenos detalhes de grande importância 79

comum (não-espumado) costumam incorporar um pouco de três grandes grupos, conforme a sua aplicação: rígido, flexí­
PS expandido, conhecido pelos nomes comerciais de "isopor" vel e plastisol. Na reciclagem, no entamo, 'esta divisão em
ou "stiropor", no sistema de reciclagem. Uma outra possibili­ três gtupOS incorpora uma delas, permanecendo apenas as
dade é a utilização de um sistema de dupla cascata, onde as designações de rígido e flexível, que são diferenciadas pelos
duas primeiras exttusoras fazem a filtragem e a degasagem e recicladores através do ensaio de dureza Shore A, da seguin­
a terceira produz os "espaguetes" para granulação. Existem
te forma:
processos onde o poliestireno expandido é enviado a um sis­
tema de prensagem com aquecimento, onde é obtido um • Resíduo de PVC fl exível: dureza abaixo de 90 Shore A
material bastante compacto, aumentando a sua densidade.
• Resíduo de PVC rígido: dureza acima de 90 Shore A
Com isso, segue -se o processo de forma semelhante ao dos
polímeros anteriores. Uma das dificuld ades do processamento do resíduo de
PVC são as perd as de propriedades mecânicas por degrada­
6.2 - Reciclagem da resina Acrilonitrila -
ção do material durante o seu processamento. Essas perdas
Butadieno - Estireno (ABS)
podem ser evitadas através de uma nova incorporação de
o fluxograma de reciclagem desta resina assemelha-se aditivos. No entanto, estes aditivos (estabilizantes, lubrifi­
aos casos comentados anteriormente. Utiliza-se geralmente cantes, entre outros) aumentam o custo final do produto,
extrusoras em cascata. Muitos recicladores utilizam como tornando -se prática comum a adição de pequena parcela de
fonte de matéria-prima os resíduos de ABS contendo acríli­ um outro resíduo que contenha o aditivo necessário.
co e poliestireno como impurezas, e não conseguem, duran­
Ao se reciclar um artefato de PVC, deve-se levar em
te o processo de reciclagem, a eliminação total dos mesmos.
conta que este já contém uma série de aditivos, que podem
O granulado assim obtido é muito rígido. Um artifício que o
reciclador costuma utilizar para diminuir a rigidez do granu­ ou não interferir no reprocesso. Como, por exemplo, pode­
lado é alimentar o funil da extrusora com borracha butflica, se citar a presença de estabilizantes à base de zinco, que cau­
ganhando assim flexibilidade no produto final. sam manchas pretas no produto reciclado de PVC rígido.

A matéria-prima utilizada para reciclagem do PVC fle­


6.3 - Reciclagem do Poli(cloreto de vinila)
xível é o resíduo ou sucata de PVC flexív el (dureza abaixo
(PVC)
de 90 Shore A) e DOP (ftalato de di- octila). A adição de
Atualmente, no Brasil, a reciclagem mecânica do PVC plastificames, como o DOp, é muito utilizada e tem como
é realizada tanto para o PVC flexível como para o PVC rígi­ objetivo promove r um ajuste na dureza do produto a ser
"". De forma geral, os compostos de PVC são divididos em obtido. No processo de reciclagem, a etapa de lavagem do
80 Reciclagem do Plástico Pequenos detalhes de grande importância 81

resíduo muitas vezes se faz necessária, principalmente se o 6.4 - Reciclagem do Poli (metacrilato de
resíduo for urbano e estiver sujo ou contaminado. Havendo meti la) comumente conhecido como acrílico
possibilidade, o ideal é evitar esse procedimento, como no (PMMA)
caso da captação do resíduo industrial, que é obtido limpo.
A etapa de secagem faz -se necessária a fim de reduzir a umi­ A reciclagem mecânica do acrílico não é muito di­
dade do PVC, que deve se r processado com teor menor que vulgada no Brasil. Algumas empresas de transformação in­
1%, para que possa seguir o seu fluxo no processo de extrusão. corporam uma pequena porcentagem do resíduo de acrílico
É comum recicladores aproveitarem o aglutinador para com­ na resina virgem. Quando é exigida ótima transparência da
pletar a secagem do PVC. peça final, deve -se ter um cuidado especial durante o pro­
A extrusão do PVC, tanto flexível quanto rígido, exige cesso e com a incorporação de resíduos. A reciclagem pri­
máquina robusta, de boa qualidade mecânica e, no mínimo, mária (100% de reciclado) segue o fluxograma semelhante
com tratamento de nitretação nas partes internas para evi­ ao comentado anteriormente.
tar corrosão. Mesmo com os tratamentos exigidos para a ros­ Alguns recicladores fazem a opção pela reciclagem
ca da extrusora, seu desgaste é inevitável, devendo ser química do acrílico, pois é facilmente conseguida por equi­
recalibrada ou sofrer recobertura pelo menos duas vezes ao pamentos de baixo custo e de fácil construção. A degrada­
ano, dependendo da quantidade de material extrudado. Se ção térmica do PMMA ocorre entre 300°C e 400°C e está
este procedimento preventivo não for seguido, perde-se em representada na Figura 6.2. Na Figura 6.3 é apresentado, de
produtividade, na qualidade do produto, com o aumento no forma esquemática, um sistema contínuo de reciclagem quí­
consumo de energia, além de danificar o equipamento, ge­ mica do PMMA.
rando custos extras de manutenção. CH3 CH3 CH3 C H3 CH3
I I I I
o resíduo de PVC rígido (dureza acima de 90 Shore A) _CH2-C-CH2-C-CH2-C- ""'"
I I I
"
~ __ CH 2- CI '
I
+ CH2=C
I
tem como um dos piores problemas , no processo de reciclagem c=o c=o c=o c=o c=o
I I I I I
a contaminação pela resina PET Ambas as resinas PET e PVC O-CH3 O-CH3 O-CH 3 O- CH3 O- CH 3
possuem densidade em torno de 1,3 - 1,35 g/cmJ e, portanto, PMMA MMA
não são separáveis pelo método de decantação convencional. Figura 6.2 - Representação da degradação térmica do PMMA
Se o PET estiver contaminado com PVC, o PVC degradará
durante o processamento do PET devido à elevada tempera­
tura de processo, causando manchas no produto. Porém, se O
PET estiver contaminando o PVC, poderá ser eliminado do
processo, por filtração, porque ele não funde à temperatura de
processo do Pvc.
Pecuen os detalhes de grande import ~ ncia 83
82 Reciclagem do Plástico

Reslduo
Na Figura 6.4 é represe ntada a equação química (re ­
de PMMA
• rr
MMA
versível) que mos tra a polimerização do PET a partir da
condensação de uma molécula de etilieno glicol (EG) com
rll~ H,O uma molécula de ácido tereftálico (TPA). O ácido tereftálico
Sais

KN03
• (TPA) pode se r substituído por tereft alato de dime tila
NaNOJ (DMT). Para a indústria de garrafas de refr ige rantes, dá-se
KCI
NaCI 450'C preferência a um copolímero fabricado à base de EG, TPA e
LiCI
Li N 0 3 ciclohexano- dimetano\. A polimerização ocorre durante o
/ ' Sistema de MMA lfQuido aquecimento desse sistema, utilizando um ca talisador de
aquecime nto
., antimônio, com a conseqüente remoção de água ou metano\.
Saída de
sais fundidos Âcido lereft ál;co
Figura 6.3 - Sistema co ntínuo de reciclagem química do PMMA o o
HOOCQ OO-H
1117\\.11
~ HO-IC-~ C-O-CH2-CH2-Oln-H' H2Ü
6.5 - Reciclagem do Poli (tereftalato de
HO-C H2-CH2-0 H
PET
etileno) (PET) Etileno glico!

Devido aos elevados volumes do seu resíduo plástico e Figura 6.4 - Equação clássica de polimerização do PET
pelo crescimento acelerado de se u consumo, cada vez mais A polimerização, portan to, se desenvolve por este­
têm surgido empresas que encontram na reciclagem do PET
rificação, e a despolímeruação do PET ocorre por hidrólise.
um negócio bastante promissor. Geralmente são utilizados
Os copolímeros, ou seja, os copoliésteres produzidos, ajudam
equipamentos de alta tecnologia, pois essa resina exige um
a reduzir a cristalinidade do PET, sendo obtidos pela substitui­
processamento muito cuidadoso. O PET é higroscópico (ab­
ção de TPA ou de EG, ou ainda de ambos, por outros glicóis.
sorve água) , exigindo uma secagem rigorosa. Toda a conta­
minação com outras resinas deve ser eliminada. Dentre es­ O PET é uma macromoléc ula linear que pode ser pro­
tas contamin ações, a de maior dificuldade é a separação do du zid a no es tado amorfo o u cristalino. O máximo de
PVC, que possui densidade semelhante ao PET; a técnica de cristalinidade está ao redor de 55%. A cristalinidade nos fras­
fl otação pode ser útil para esta separação . Uma das opções cos de refrigerantes se estabelece em torno de 25%. A alta
utilizadas pelos recicladores é não passar pela fase de obten­ cristalinid ade afeta o processame nto e a obtenção de um
ção do granulado. A resina é moída, retirando-se ou não o
material transparente. Normalmente , o ta manho reduzido
pó proveniente da moagem, que pode dar origem a pon tos
dos cristais obtidos na polimerização provoca um pequeno
pretos na peça. O moído é extrudado ou injetado, misturado
espalhamen to de luz, a transparência é obtida através de uma
ou não com PET virgem.
84 Recicl agem do Pl ástico Pequenos detalhes de grande importân cia 85

técnica muito utilizada que emprega pequenas quantid ades se após esta operação for feita uma lavagem com água quen­
de comonõmeros no processo de polimerização. te. Após a lavagem, o reciclador poderá produzir um PET
A dife rença entre o PET cristalino e o PET amorfo cl a ro, co m um mínimo de degrad ação n a cade ia
está na forma e m q ue é conduzido o resfriamento da resina macromolecular. No entanto, após a próx ima extrusão, de­
fundida. O resfr iame nto é conduzido da temperatura de pois de seco, o PET poderá degradar substancialmente devi­
260°C à tem perat ura abaixo da de transição vítrea do do à ação catalítica exercida pelo agente de limpeza em dire­
polímero (73°C). Se após a fusão o resfri amento fo r lento, ção à hidrólise do polímero.
produz-se o PET cristalino. No entan to, se o resfri amento A degradação da cadeia macromolecular forma molé­
for rápido, o PET amorfo é produzido. As macromoléculas culas de baixa massa molar, como ácido carboxílico e outros
do polímero amorfo o u cristalino podem se r uniaxiais o u grupos funcio nais. Esses ácidos , pos teriormente, catalisam
biax iais. As orientações da molécula aumentam a resistên­ hidrólises tornando o processo de degradação um "círculo
cia do PET. vicioso". Por exemplo, o simples aquecimen to do PET, na
O reciclador de PET leva à moagem o material coleta­ ausê ncia de umidade, tem como conseq üência a fo rmação
do, lava-o com água, seca-o e finalmente produz o granula­ de ácido carboxílico e etanal. A reação de degradação do
do por extrusão e, normalmente, obtém um material cris tali­ PET é rep resentada na Figura 6.5.
PET
no. Após a extrusão do granulado é feita uma secagem. A o o o
~II
resina q uando amorfa tende a amolecer e "colar" durante o
processo de secagem a altas temperaturas, chegando inclusi­
....... Y .C.O-C H2-CH2-0 H __ · -lO" ....... ~C-OH + H C-CH
3
Aldeldo
i
ve, às vezes , a aderir às paredes do secador. O grau de crista­ Ácido ca rboxilico (etanal)
liz ação d o P ET es tá diretamen t e relacio n ado ao se u Figu ra 6.5 - Reação de degradação que leva à form ação de ácido
processamento . carboxflico

A maior preocupação durante o reprocessamento do Embalagens de PET que possuam rótulos com adesi­
PET é a remoção de todos os contaminantes que possam vos devem ser cuidadosamente lavadas, não devendo haver
catalisar a sua hidrólise. Os catalisadores de hidrólise podem traços de adesivo após a lavagem. A prese nça do adesivo
se r ácidos ou básicos e são compostos químicos que promo­ contamina o PET, mesmo em quantid ade ínfima, conhecida
vem a hidrólise a altas temperaturas (abaixo de 200°C). Uma analiticamente como em traços (J.Lg/mL o u partes por mi­
vez ocorrida à hidrólise, a reação é autocatalisada . Compos­ lhão) , tornando o reciclado descolorido e escuro.
tos químicos como soda cáustica o u detergente alcalino con­ Quando o PET virgem é extrudado, com secagem ade­
tendo soda cá ustica, não são recomendados para a remo­ qu ada (umidade de 0,005% o u m enos), pode haver um a
ção de im purezas o u rótulos . O com pos to a lc alin o modes ta redução de massa molar (e/o u a piora na sua distri­
freqüentemente é absorvido pelo grão de PET, principalmente buição) o que acarreta uma redução da medida do índice de
86 Reciclagem do Plástico
Pequenos detalhes de grande importância 87

viscosidade (viscosid ade decrescente), que cai cerca de 0,02


manescentes), poderá ser feita a adição de produtos quími­
- 0,03 unidades. Cada vez que o PET a ser re ciclado é
cos para beneficiamento do processo, como a lavagem con­
ex trudado, uma queda similar do índice de viscosidade ocor­
tendo uma solução de detergente não-espumante. Normal­
re confo rme se processam as reciclagens.
mente são utilizados vários tanq ues de lavagem, pois esse
A maioria dos recicladores lava o PET e PEAD estágio é bas tante crítico. Na separação em hidrociclone o
(polie tileno de alta de nsidade) e os separa por diferença de polietileno de alta densidade flutu a e o PET afund a.
densid ade. Esses sistemas são alimentados por vasilhames
O material é então conduzido a uma segunda moa­
enfard ados com ou se m tampa.
gem, reduzindo-o para 3 a 9 mm ; na seqüência é conduzido
Normalmente , o enfardado cons iste em vasilhames de à lavagem e enxágüe, saindo direto para o secador e dele
cores variadas e a opção de reciclage m de uma cor específi ca para a comercialização ou aglomeração para a s:Jbseqüente
implica o aumento do preço a ser pago por essa pré- classifi­ transformação. Através desse processo de descontaminação,
cação. prod uz-se PET reciclado com alta pureza.
O processo de remoção de contaminantes consis te na Uma contaminação em quantidade ao redor de uma par­
classificação por cor Ou por tipo de plástico; um funil de en­ te por milhão de- PVC no PET pode descolorir o prod uto, ou
trada desfaz os fardos de PET, que são transportados a uma ainda promover a quebra de fios quando na produção de 6bras.
pe neira rotativa que retirará impurezas de pequeno porre;
Algumas fotos do processo podem ser observadas na
após esta operação, o resíduo é transportado por uma esteira
página a seguir, na Figura 6.6, onde aparece um esquema de
de inspeção (visual) para a retirada de polímeros (plásticos)
funciona mento básico de uma unid ade de moagem, lavagem
diferentes, por exemplo : PVC, Pp, PE , e separaçã o
e descontaminação de PET e fotos da reciclagem de PET
eletrostática e detector de metais (retirada de metais). Nes ta
etapa, é comum a utilização de ar comprimido, especia lmen­ O processo resumido da obtenção de fibras de PET é
te para separar rótulos, pois é leve e segue o flu xo do ar (ar descrito a seguir: os frascos de PET são colocados em uma
comprimido); na maioria dos processos, utiliza- se uma mesa máqui na de rasgar onde são obtidos "flakes" (flocos, lascas
vibratória contendo uma tela e o sistema de flu xo de ar. ou escamas); os mesmos são lavados e centrifugados para a
eliminação do excesso de água.
A e tapa seguinte é a desintegração (shredding) para
aumentar a capacidade de produção do moinho, o material é Após a obtenção do PET em "f1akes", a operação se­
moído umedecido e retirado por uma rosca duplo envelope, guinte consiste na técnica de aglomeração no eq uipamento
onde parte da água suja é separada do processo. conhecido como aglutinador, onde o PET é compactado, além
de promover também a sua secagem; geralmente, após esta
O material passa então pelos tanques de separação, e tapa, o material é mantido em repouso de fo rma a ganhar as
onde além de ser feira a separação de rótu los e tampas (re- caracterís ticas necessárias à extrusão.
88 Reciclagem do Plástico Pequenos detalhes de grande importância 89

o material finalmente alimenta uma extrusora muni­ 6.6 - Reciclagem de poliamida (náilons) (PA)
da de uma fieira na sua saída, que possibilita a formação de
fios (fibras) . Normalmente, os fios formados passam por um Existem vários tipos de poliamidas: PA-6; PA-6.6; PA­
sistema que contém óleo mineral (banho de óleo mineral). 11; PA-12; PA-6.l0; PA-6.11 ; PA-6.!2. Como cada uma de­
Depoi s desta ope ração, os fios ou fibra s são estirados e las possui sua própria característica, inicialmente é necessá­
bobinados. ria a separação de cada tipo, muito embora seja possível mis­
a) turar PA-6 e PA-6.6, ou seja, produzir uma blenda. Usual­
mente o tipo de resíduo utilizado é o industrial, o que facilita
sua caracterização.

Os resíduos de uma mesma família de poliamida de­


vem ser separados em silos, de acordo com suas diferenças
no índice de fluidez. Se houver necessidade no processo de
um índice de fluidez intermediário, faz -se uma composição
entre os resíduos de poliamida até a obtenção do índice de­
sejado.

6.7 - Reciclagem do poliuretano (PU)

b) Existem vários tipos, sistemas ou famílias de


pol iuretanos. As principais matérias -primas empregadas na
produção dos poliuretanos são os di- ou poliisocianatos e os
compostos hidroxilados de baixa ou alta massa molar (polióis).
Dependendo do tipo de síntese e do produto final desejado,
são adicionados à composição inicial agentes de cura, agen­
tes de expansão, catalisadores, aditivos e cargas, entre ou­
tros. Os sistemas (ou formulações) mais comuns utilizados
são formados por poliéteres o u por poliésteres, que originam
poliuretanos termoplásticos, rermorrígidos o u mesmo flexí­
Figura 6.6 - (a) Esquema de funcionamento básico de uma unidade de
moagem, lavagem e desconraminação de PET; (b) Fotos do sistema de veis, e poliuretanos elastoméricos. O importante é conhecer
reciclagem do PET. Da esquerda para a direita: silo de armazenamento bem o tipo de PU a ser reciclado, principalmente se for exigi­
do PET mordo, Flake de PET pronto para aglomeração (Cortesia: Krown, do durante a reciclagem um sistema de aquecimento, onde
Abipet)
poderá haver emissão de compostos tóxicos.
90 Recicl agem do Pl ástico Pequenos detalh es de grande importancia 91

Segundo Mitchell, a reciclagem do PU pode ser reali­ teri al reciclado, apresentando excelentes caracterfsticas de
zada através dos processos mecânico, energético ou quími­ processo (Tabela 6.1).
co. O processo mais utilizado no Brasil é o mecânico e pode
se r realizado de três formas diferentes: como carga, por aglo­ Tabela 6. 1 ~ Comparação entre as caracrerÍsricas de um banco de espuma
meração ou por conformação por compressão. flexível de MDI normal e com a incorporação de malerial recidado
Com recidado
Características do banco Normal
6.7.1 - A reciclagem do PU como carga (15%)
Peso do banco (kg) 13,2 13 ,2
A tecnologia de reciclagem como carga envolve a moa­
Resistência à compressão (50%)(KPa) 5,6 1
gem, pulverização ou micronização do PU pós-consumo até
Resistência à ruptura (KPa) 152 144
a condição de pó fino (dependendo da aplicação entre 50 ­
Alongamento a ruptura (%) 132 103
200 J.Lm ou 0,05 - 0,2 mm de diâmetro). Um dos maiores
entraves à micronização é o custo do processo; no entanto, O uso de material reciclado para peças de PU molda­
as características mecânicas do produto recicl ado são me­ das por RIM (moldagem por injeção reativa) e, principal­
lhoradas . A etapa seguinte é a mistura do PU micronizado mente, pintadas constitui-se num grande desafio. A técnica
pós-consumo ao PU virgem para fazer novos produtos. Uma utilizada consiste na mistura do pó ou partículas de PU dire­
opção particularmente satisfatória para moer espuma fl exí­ tamente ao poliol, que contém um extensor de cadeia amínico
vel é o processo de moinho de dois rolos (dois cilindros que para o sistema RIM. Esta técnica provoca efeitos negativos
giram em direções opostas e a velocidades diferentes) que entre a fibra de vidro e os outros componentes. O procedi­
geram um pó fino de diâmetro inferior a 100 J.Lm ou O, 1 mm. mento sugerido para se resolver este inconveniente é a adi­
O passo seguinte envolve a dispersão do pó no poliol, ção do poliol ao reator em duas e tapas .
usando um misturador de alro torque. O moinho de disco de Na primeira etapa a ad ição do resíduo particulado de
impacto é at ualmente a técnica mais favorável para pulve ri­ PU (por exemplo, de reciclado de RIM) é feita ao poliol e ao
zar prod utos de desperdício ou partes duras. A tualmente, extensor de cadeia amínico e, numa segunda etapa, nova
continuam os desenvolvimentos de tecnologias de red ução adição do poliol e a fibra de vidro. O componente da formu­
de tamanho, pois a otimização desse aspec to tecnológico , da lação MDI (ou TDI) permanece inalterado.
recu peração por moagem, poderá vir a se r c rítica na viabili­
dade econômica deste processo. 6.7.2 - Reciclagem por aglomeração
As espumas de PU recicladas, utilizando a tecnologia Ao contrário dos termopl ásticos, os polímeros de PU
de moagem, foram aplicadas com sucesso para assentos de têm suas molécu las unidas por ligações fortes, o que requer
automóveis. Em testes de laboratório foram feitos novos as­ técnicas de reciclagem mecânica um pouco diferente. Den­
sentos de espuma moldada contendo entre 15 e 20% de ma­ tre estas, destaca-se a aglomeração dos resíduos de PU atra­

•.
92 Reciclagem do Plástico Pequenos deta lhes de grande impo l1ância 93

vés de um auxiliar de aglutinação, isto é, um pré-polímero que irá impregná-los. A mistura impregnada é inserida em
ou PMOI (MOI polimérico) sob pressão. um molde (ou pode ser impregnada diretamente no molde) ,
comprimida até a densidade desejada, onde ocorre a ativa­
A chave para um bom aglomerado é o aglutinante, que
ção do sistema de poliuretano.
pode ser o MOI (d iisocianaro de dife tilmetano) OU T OI
(diisocianato de rolueno) , duas das principais matérias-pri­ A ativação pode ser realizada a temperatura ambiente,
mas para a produção do poliurerano. Evidentemente , a es­ pois o grau de reticulação da resina parece estar relacionado
colha do aglutinante dependerá da form ulação do resíduo a ao teor de isocianaro. Após a cura da peça, obtém-se o resí­
ser reciclado. duo reciclado.

o produto moldado produzido pela moagem do mate­ Os aglomerados ta mbém são produzidos por processos
rial de PU ou mesmo por pedaços de esp uma flexível aglo­ contínuos de moldagem. Na Tabela 6.2 são indicadas as pro­
merados, a partir do sistema de pré-polímero (aglutinante), priedades físicas de uma esp uma de PU fl exível produzida
é conhecido como bounded ou rebounded. com recuperado.

/' Este processo origina um marerial flexível de alta den­ A dureza para materiais não espumados depende da
sidade e exce lente resiliência , com aplicação em apoio de quantidade de resíduo de PU adicionado nas formulações
(qu anro maior a quantidade de resíduos menor é a dureza),
cabeça, de braços, isolamenw acúsrico, carpetes isolantes,
no enranw, nora -se ainda que, quanw maior o teor de
colchonete para ginás tica e/ou para escrirórios , pisos de aca­
isocianaw presente na resina, maior será o grau de reticulação
demia de ginástica, pistas de arlerismo e quadras em geral.
e, portan W, maior a dureza.
O processo consiste na moagem do resíduo, que pode
Tabela 6.2 . Propriedades físicas de uma espuma produzida a partir de
ser oriundo de várias fontes, como desperdícios limpos de
material recuperado
fabricação ou peças refugadas de pós-consumo. Na prática,
no entanto, os desperdícios de produç ão industrial são os Propriedades físicas
mais utilizados. Os pedaços de espuma são rasgados ou têm Densidade 60 - 200 kg/m)
seu t amanho reduzido por moagem a partículas de aproxi­ Resistência à ruptura 40 -150 KPa
madamente um Cm de diâmetro . Resíduos de PU não-espu­ Elongação 40 . 909'0
mados são moídos a aproximadamente três mm , em geral.
Na aglomeração por compressão com adesivo , é utili­
De um silo de espera, os pequenos "pedaços" de espu ­ zada uma proporção alta de ma terial de desperdício do pro­
ma são alimentados diretamente a um tanque de mistura por duto a reciclar. Em muitos casos, são adicionados acima de
meio de um parafuso de Arquimedes (rosca sem fim). No 90% de espuma rígida e/ou poliurerano pós-consumo, por
tanque , os "pedaços" ou partículas de espuma são mistura­ exemplo, de peças de automÓveis. O roteiro de reciclagem
dos ao sis tema de PU escolhido (aglutinan te ou "adesivo") , por aglomeração não é só aplicável ao poliuretano, mas tam­

,
Pequenos detalhes de grande importância 95
94 Reciclagem do Plástico

bém a outros resíduos pós-consumo, como papel e borracha, Painéis fabricados a partir de partículas aglomeradas
oferecem como vantagem a resistência à intempérie e à ação
entre outros.
da água. Com vista a esta vantagem, aumenta dia a dia a
Esse processo se dá em quatro etapas: os "pedaços" de demanda para o mercado de móveis para barcos e veleiros,
PU são granulados (retalhados ou cortados); os grânulos são assim como O de pisos para ginásios esportivos , que necessita
misturados com 5 a 10% de PMDI (MDI polimérico); o ma­ de uma certa elasticidade. Além desses mercados, investiga­
terial é conformado em pranchas, a uma temperatura en tre se a possibilidade de uso deste material reciclado n a fabrica­
100 e 20Ü"C, sob pressão de 30 a 200 bar; as pranchas são ção de móveis para cozinhas.
acabadas e serradas.
Dentre algumas peças form adas por resíduos espuma­ 6.7.3 - Reciclagem por conformação e
dos que podem ser reciclados, encontramos: compressão
• As espumas de poliuretano - RlM (Moldagem por Utiliza resíduo de processo da produção de PU, por­
Injeção Reativa) de pára-choques, painéis de pro­ tanto, material de alta qualidade e o PU recuperado de veí­
teção laterais (que absorvem a energia de impac­ culos esmagados. Neste processo o poliuretano RlM e o RRlM
tos) e descansos de cabeça. são moídos, de forma a se obter um material particulado, para
então ser comprimido num molde a alta pressão e sob aque­
• RIM de baixa densidade, reforçados com mantas cimento.
de fibra de vidro, usados nos painéis decorativos,
nas portas e nas conchas dos painéis traseiros dos o resíd uo de PU assim tratado gera um material que é
bancos. ideal para o uso em peças de automóveis. Na Tabela 6.3 são
apresentados os parâmetros típicos de processo de confor­
• Espuma flexível dos carpe tes dos carros, de es­
mação por pressão.
tofamentos diversos, de colchões e de enchimento
de pára-choques. Tabela 6.3 ~ Parâmetros típicos do processo de conformação por pressão

• Espuma de poliuretano rígida (refrigeradores usa­ Parâmetros típicos


dos) . Tamanho de grão (0101) 0,5 - 3
Tempo de pré-aquecimento (min) 1 - 12
• Resíduos da produção de espuma de bloco e de pai­
nel de composição conhecida. Temperatura de pré-aquecimento ("C) 140 - 150
Temperatura do molde (' C) 180 - 190
Atualmente, o poliuretano reciclado proveniente de Tempo de residência (men) 1- 4
espumas rígidas de blocos e painéis formam um novo nicho Pressão específica do molde (bar) > 350
de mercado.
96 Reciclagem do Plástico

A técnica da moagem e da moldagem por compressão


necessita de um con trole rígido e preciso de temperatura e CAPíTULO 7
pressão, para que sejam mantidas as propriedades do PU ori­
ginal.
Dessa forma, os benefícios obtidos com este processo
são peças isentas de tensões internas e maior resistência ao A RECICLADORA - MERCADO E
calor; permitindo a produção por conformação de panes com­
EQUIPAMENTOS
plexas e partes planas de ótima qualidade; em ciclos peque­
nos alcança- se uma eficiência energética aceitável; pode -se
conformar por pressão 100% do material a ser reciclado.
7.1 - O mercado de reciclado: a chave do
Observação: podemos considerar que nos últimos cin­ sucesso
co anos tivemos um crescimento no se tor de reciclagem de
plástico bem acima de 15% ao ano. Isto se deve, principal­ A primeira etapa na concepção de um empreendimento
men te, ao volume de reciclagem do PET, que tem sido reali­ é a verificação do mercado em que se irá distribuir aquilo
zad a por algum as empresas tanto mecanicamente quanro que será prod uzido. A segunda é a fase da formalização legal
quimicamente. do empreendimento, em que é sempre importante consultar,
Para o leitor que tem interesse em números, indicamos antes da aquisição da área para instalação do empreendi­
consultar as seguintes entidades: PLASTIVIDA, ligada a mento, se a mesma está de acordo com as exigências legais
ABIQUIM - Associação Brasileira da Indústria Química e a de proteção ao meio ambiente junto à Secretaria Estad ual
ABIPET - Associação Brasileira da lndustria do PET. do Meio Ambiente, além da verificação através da Prefeitu­
ra Municipal, se a área escolhida se encontra dentro das leis
Aos interessados em detalhes de processos, recomen­ e portarias municipais - Lei de Uso do Solo. A abertura for­
damos pesquisar trabalhos técnicos e/ou dissertações e/ou te ­ mal da empresa é realizada na Junta Comercial do Estado
ses realizadas em várias universidades brasileiras. Para facili ­ onde se localizará, através de um contador legalmente habi­
tar, no final do livro, indicamos algumas. litado (com registro no Conselho Regional de Contabilida­
Devemos ressaltar que o lnstituro de Macromoléculas, de) e com a sua subseqüente insctição junto à Receita Fede­
do Rio de Janeiro, foi o precursor em pesquisas acadêmicas ral - CNPJ; Secre taria da Fazenda - Inscrição Estadual e Pre­
aplicadas na área de reciclagem de polímeros. feitura Municipal, podendo ser obtid o também juntO ao
SIMPI oU ao SEBRAE.

Em 1998, estimava-se que a reciclagem do plástico,


com base na produção nacional de polímeros primários, gi­
98 Reciclagem do Plástico
A recicladora - mercado e equipamentos 99

!asse em torno de 6% do to tal produzido. Essa estimativa


• observar a periodicidade do fornecimento, disponi­
significa uma participação ainda tímida em relação ao po­
bilidade e sua qualidade;
tencial do mercado interno, especialmente se comparada com
o mercado mundial. Esses números projetam uma situação • fazer acordos e contratOs formais de retirada perió­
de mercado altamente favorável à indústria de reciclagem, a dica nesses estabelecimentos;
partir de um produtO de custo competitivo. Isso porque ape­
• localização da empresa em área próxima a uma infra­
nas produtos de custO competitivo sobrevivem no mercado
estrutura socioeconômica capaz de suprir as neces­
com a possibilidade efetiva de participar, seja co mo fornece­
sidades da empresas, como facilidade de escoamen­
dor de matéria-prima para outros setores, como no caso dos
to da produção, comunicação, disponibilidade de
granulados reciclados, ou como fabricante de produtos aca­
mão- de-obra, energia elétrica, água, rede comercial,
bados, como as mangueiras e solados. Atualmente, estima­
bancária, serviços;
se o total da reciclagem de polímeros em cerca de 20 a 25%
do consumo interno, que representa quatro milhões de to ­ • e, por fim, a existência de concorrentes locais e de
neladas anuais . A perspec tiva ano a ano é promissora. Outros Estados .

As empresas que atuam no me rcado de reproces­ No Brasil, é muito comum - na verdade, é quase um
samentO do plástico são geralmente de pequeno e médio por­ vício - a escolha de trabalhar com um determinado material
te, obtendo a matéria-prima (sucata) principalmente junto a apenas em funç ão de seu preço. Poucos se dão ao trabalho
catadores que a tu am nos depósitos de lixo Ou recolhem o de fazer uma análise detalhada dos custos, avaliando previa­
material diretamente em supermercados e indústrias. A maior mente todas as etapas do processo deco rrentes da seleção de
dificuldade encontr ada no setor se deve, em termos de um ou outro material a ser reciclado, até se chegar ao c usto
competitividade, ao custO do material reciclado em relação do produto final. A utilização de uma determinada resina ou
ao virgem. a mudança no projeto do equipamento de processo a fim de
que se possa utilizá-Ia, podem alterar algumas etapas, acres­
É importante que o empresário tenha em mente que,
centando custos, de tal forma que a utilização de um resíduo
mesmo existindo at ualmente disponibilid ade de matéria-pri­
mais barato que outro acaba por encarecer o produto fmal.
ma, ele deverá avaliar sempre o mercado de suprimentos, pa­
ra evitar algumas surpresas adicionais, tomando como base Para este estudo de viabilidade devem ser considera­
os seguintes aspectos: dos itens como volume da peça a ser prod uzida, a densidade,
a quantidade de resíduo necessário, O custo e as etapas de
• ter conhecimento dos possíveis locais onde poderá
pré-processamento e processamento. A lgumas empresas não
obter a matéria-prima (indústrias, catadores, Su­
tomam os cuidados necessários, muitas vezes por falta de
cateiros, coletas seletivas), ou seja, pontOs de cap­
conhecimento das características do material utilizado, e es­
tação;
colhem de forma inadequada o processo ou aditivos, o que
100 Reciclagem do Pl ástico A recicladora - mercado e equipamentos 10 1

os faz arcar com um prejuízo que elimina toda a possibilidade 10 maiores indústrias de bens de capital para o setor de plás­
de competitividade. tico do mundo.
Estima-se que 95% das empresas de transformação de Os equipame n tos comu ns à linha de prod ução de
plásticos (recicladoras ou não) , não têm um profissional com reciclad os são: mo inh o, lavado ra/ descon taminado ra,
formação adequada (tanto técnica, qu anto de nível supe­ secadora, aglutinador, ex trusora, banheira, gran ul ador e
rior) para o controle do processo em seu qu adro de funcio­ injetora.
nários. Isto significa que não adianta melhorar máquinas, ros­
As fases da reciclagem mecânica consistem em:
cas Ou resinas e aditivos, se o profissional responsável pela
1. Moagem
o timização das cond ições ope racion ais da máqu ina de
processamento não tive r a capacitação necessária para a as­ 2. Lavagem/moagem
similação de toda essa informação. Mão-de-obra adequada 3. Lavagem/secagem
e tecnologia são fatores que limitam a evolução de uma em­ 4. Extrusão
presa, e, além disso, dificult am a interação entre o fabricante 5. Granul ação.
de equipamentos e o prod utor. As exigências de qu alidade
atuais são bastante rígidas e os recicladores terão de se adap­ A seguir, comentamos as funções de cada um dos equi­
pamentos:
tar a elas sob pena de ficar de fora do mercado, adquirindo as
informações necessárias ou contratando quem as tenha. • Moinho: função de moer (triturar) o material. Fa­
cilita a alimen tação e a limpeza.
7.2 - Equipamentos para reciclagem • Lavador: utiliza água, na maioria das vezes, e tem a
função de retirar as impurezas do material.
D urante a trajetória percorri.da entre a idéia de uma
• Secador: tem a função de retirar o excesso de água.
nova empresa ou negócio, a execução física do mesmo e a
entrada dos prod utos ou serviços no mercado, surgem algu­ • Aglutinador: é um equipamento cons truído com
mas dificuldades relacionadas à captação de matéria-prima, "facas" que trabalham em alta rotação e que possi­
compra de equipamen to adequado ao negócio, auxílio para bilitam a complementação da secagem do material,
financiamentos e tecnologia. além de aglomerar o ma terial leve, reduzindo o seu
volume. Aumenta a "densidade aparen te" do ma­
No Brasil, atualmente, existem em torno de 96 empre­ terial, melhorando e/ou possibilitando o flu xo do
sas que fabricam equipamentos e máquinas, atingindo a marca material no funil alimentador da extrusora e, con­
de US$ 460 milhões de fatu ramento anu al. A média de cres­ seqüentemente, na alimentação da rosca. A aglu ­
cimento em vendas no setor é de 10% ao ano. Com es te tinação e secagem ocorrem pelo atrito das "facas"
desempenho, o Brasil ocupa o sexto lugar no ranking entre as no ma terial e por atrito entre os materiais.
A recicladora - mercado e equipamentos 103
102 Reciclagem do Plástico
indústria moveleira, entre outras. A máquina para esse fim é
• Extrusora: tem a função de confo rmar o ma teria I
plástico. Duran te a reciclagem de material impuro, uma ex trusora dupla rosca, dotada de dupla degasagem para
a mesma deve possuir uma tela para re ter impure­ a re tirada da umidade da madeira.
zas . O material plástico sai em forma de "espague­ Ainda na faixa de investimentos maiores, destacamos
te". Atualmente , existem extrusoras que fazem o co-extruso ras eq uipadas com três extrusoras para produzir
corte do material na saída da mesma. Esses equipa­ filmes de PET de cinco camadas, com até 3,60 m de largura.
mentos são conhecidos como extrusoras com corte Seu princípio de funcionamento consiste em uma extrusora
na cabeça. que alimenta d uas camadas do filme com resina virgem, en­
• Granulador: tem a função de picotar, ou seja, gra­ quanro uma segunda extrusora envia mais duas camadas de
nular os espag ue tes (formato obtido através de adesivo , e a te rceira processa mate rial rec iclado, pa ra com­
furinhos no cabeçote da extrusora) em tamanho ao por o miolo da estru tura.
redor de 3 mm, ideal para pos terior extrusão, inje­ Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional do
ção ou sopro. Plástico (INP) , o setor de transformação conta com 45 mil
As máquinas, nacionais ou importadas, incorporaram máquinas para fabricação de produtos plásticos, das quais
nos últimos tempos novos rec ursos e concepções, visando 13 500 têm a té 10 anos; 15 500, de 10 a 20 anos e 16 mil,
tornar os equipamentos mais eficientes e ve rsáteis. Existem mais de 20 anos. As inje toras somam 25 mil , 70% com mais
equipamentos para todos os porres de investimentos, desde de uma década de uso .
máquinas muito baratas (novas ou usadas), de qualidade boa
A tendência do reciclador brasileiro em comprar má­
e concepção descartável, mas que, no entanto, têm sua bai­
quinas usadas advém da oferta de máquinas de menor valor
xa vid a útil compensada pelo baixo custo; até máquinas so­
agregado. Entretanto, não se deve perder de vista o fato de
fisticadas, automatizadas ou de grande ptod ução.
que além desses equipamentos terem baixo índice de produ ­
Pode-se encontrar no mercado brasileiro as máquinas tividade, respondem ainda por um grande consumo de ener­
q ue os fabricantes europe us trazem, de concepção simples , gia elétrica. No entanto, a substituição de qualquer equipa­
de menor produtividade, porém equipadas com recu rsos de mento pelos recicladores sabe-se que ainda recai na deman­
automação para atender empresas de pequeno porte. Para da de melhores condições de financiamento.
grandes investimentos, além de modelos tradicionais encon­
O que também se observa no mercado de máquinas
tram-se no mercado modelos adequados, por exemplo, para
para reciclagem é que as condições de processa mento não
extrusão de plásticos reciclados ou não, com resíduo de ma­
deira, q ue vem conquistando maior espaço no mercado. Se­ são devidamente consideradas em termos de produtividade.
gundo os fa bricantes , a mistura, com insumo de menor cus- '" Quase nenhuma atenção é dada à adequação entre máquina
e matéria-prima. Pode-se afirmar que cerca de 90% dos
to, encontra aplicações em perfis de portas e janelas e na
104 Reciclagem do Plásti co A recicladora - mercado e equipamentos 105

recicladores usam roscas universais para processamento dos AGLUTINADOR


mais diferentes tipos de materiais, como PE, PP e outros. A Potência Produção
adequação rosca/reciclado pode gerar ganhos de produtivi­ 30HP 100 kg/h
dade de até 20%, diminuir as perdas, diminuindo, portanto, 50HP 200 kg/h
o custo do produto. Muitos recicladores têm conhecimento
dos benefícios das roscas de duplo filete, da função do passo,
EXTRUSORA
dos diversos tamanhos de rosca encontrados no mercado,
para citar alguns exemplos entre tantos; no entanto, não o Diâmetro da rosca Potência Produção
utilizam por não terem uma idéia exata do retorno que es te 60mm 15 HP 50 kg/h
investimento traria. 90mm 30HP 120 kg/h
120 mm 60HP 220 kg/h
A falsa idéia de que um equipamento de custo baixo
traz retorno rápido do investimento pode levar o reciclador
LAVADORA, SECADORA (CONJUNTO)
a ter toda a sorte de problemas durante a produção; é preciso
Potência Produção
pensar a médio e longo prazo para se manter competitivo no
20 HP na lavadora 200 kg/h
mercado.
20 HP na secadora 200 kg/h
A seguir, apresentamos características de alguns equi­
pamentos, de forma a propiciar uma visão geral do processo Para a produção de 30 toneladas/mês, a área a ser usa­
de reciclagem em relação à capacidade de produção e con­ da é de 500 m!, com 200 m! de área construída. Estamos
sumo. A capacidade de produção apresentada é relacionada considerando uma grande área de depósito.
ao polietileno ou ao polipropileno. A produtividade pode
A energia elétrica: 99 CV (mínimo) ou cabine primária.
variar conforme o estado do material adquirido, se mais lim­
po ou mais suj o. Aconselha-se sempre a consulta a catálogos Para produzir 10 toneladas de granulado, gas ta- se ao
de fornecedores de equipamentos para que se obtenha uma redor de 4 000 kWh de energia elétrica, podendo o gasto ser
idéia mais detalhada das possibilidades oferecidas por eles. estimado entre 0,4 a 0,6 kWh!kg de material prod uzido. Esse
gasto, obviamente, irá depender muito do fluxograma do pro­
MOINHO cesso produtivo utilizado.
Potência Produção
Para produzir 30 toneladas de grão reciclado a partir
20HP 100 kg/h
de resíduo sólido urbano, podemos estimar um gasto em tor­
30HP 150 kg/h
no de 10 000 litros de água por mês. Este montante pode
50HP 300 kg/h
chegar a 3 ou 6 litros de água por kg de material produzido,
em função da limpeza do resíd uo plástico adquirido, assim
106 Reciclagem do Plástico

como do fluxograma do processo produtivo. Em termos de


economia e cuidados com a poluição do meio ambiente, essa
água deve ser tratada e retornar ao sistema.
Os valores apresentados servem apenas para dar uma
idéia de ordem de grandeza num processo de reciclagem ge­ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
nérico. Antes de optar por um eq uipamento, pesq uisas de­
vem ser feitas diretamente com os fabricantes do segmento,
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Ana Magda Piva é en­
genheira química pela Esco,
la Superior de Química
Oswaldo Cruz. Doutora em
enge nharia química pela
Escola Politécnica da Uni,.
versidadc de São Pa ulo.
Professora na área de materiais na Escola de Enge,
nharia Mau á; de qumlica e de ciências do meio
ambie nte na Universidade Bandeirante; de pós,
graduação em várias instituições e em vários CUl"'

sos de extensão, c.lirigidüs a pequenos, médios e


gr-cindcs empresários na área de química, de pes,
quisa e de polfmeros. Poss ui publicações cien tíficas
no Brasil e no Exterior. Autora de um livro na área

de reciclagem de PVC, com direitos cedidos ao
Institutodo PVC.

Hélio Wiebeck
~

Engen he iro Químico


gradu ado pela Universida­
de Federal Rural do Rio de
Jane iro, Lice nciado em
Q uímica pela Universidade
Metodist.a de Piracicaba.
Possui especialização em Polímeros, na cidade de
Osaka, Japão. Professor Dr. da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo na área de Polímeros,
em cursos de graduação e p6s;graduação. Possui
artigos técnicos científicos publicados no Brasil e
Impresso nas oficinas da Gráfica Vidn & Consciênci:1
Rua Agostinho Gom es, 2.312 no ex terior. É consultor do Programa Disque
04206-001 - São Paulo - SP Tecnologia da Universidade de São Paulo. Coor­
em outubto de 2004 denador da Comissão Técnica de Reciclagem da
p:ua Artliber Editora Ltda.
ABPol- Associação Brasileira de Polímeros.

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