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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais

Douglas Silva Fonseca

CONTABILIDADE DIGITAL: uma avaliação do avanço tecnológico na


área contábil

Contagem
2022
Douglas Silva Fonseca

CONTABILIDADE DIGITAL: uma avaliação do avanço tecnológico na


área contábil

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Ciências Contábeis da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientadora: Profa. Dra. Roanjali Aux. G.


Salviano Araújo

Contagem
2022
Douglas Silva Fonseca

CONTABILIDADE DIGITAL: uma avaliação do avanço tecnológico na


área contábil

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Ciências
Contábeis da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel
em Ciências Contábeis.

Profa. Dra. Roanjali Aux. G. Salviano Araújo - PUC Minas (Orientadora)

Prof. Dr. Cláudio Luiz Gonçalves de Souza - PUC Minas (Banca


Examinadora)

Prof. Msc. Vanderlei Lopes Barbosa - PUC Minas (Banca Examinadora)

Contagem, 13 de dezembro de 2022.


RESUMO

O presente estudo teve como objetivo avaliar os impactos causados pela


inovação tecnológica na profissão contábil e como ocorreu o processo de transição
do modelo tradicional da contabilidade para a forma digital. Os dados foram coletados
através de um questionário formado por 17 questões de múltipla escolha, sendo
algumas podendo marcar mais de uma opção e contou com a colaboração de 67
participantes, entre empregados e gestores, que permitiram verificar quais foram as
principais vantagens, maiores dificuldades encontradas no processo de implantação
tecnológica e sobre o entendimento que possuem sobre contabilidade digital. Os
resultados demonstraram que em sua grande maioria, os profissionais possuem
conhecimento, ainda que superficial, sobre a contabilidade digital, reconhecem o
grande avanço para a profissão e ressaltam que houveram dificuldades para o
processo de implantação, sendo a adaptação dos clientes ao modelo digital sendo um
fator que traz bastante desafios. Entretanto os profissionais entrevistados acreditam
que a contabilidade digital vem para aperfeiçoar e acelerar o trabalho de escrituração
contábil, porém o profissional deve estar atento e atualizado aos novos métodos de
trabalho para que não perca espaço em um mercado cada vez mais competitivo.
Recomenda-se que sejam realizadas mais pesquisas acerca do tema em questão e
que possa ser abordada a percepção dos clientes, usuários da contabilidade e órgãos
de fiscalização sobre a necessidade de acompanharem também as tecnologias
disponíveis para facilitar a troca de informações.

Palavras-chave: Contabilidade; contabilidade digital; inovação tecnológica.


ABSTRACT

The present study aimed to evaluate the impacts caused by technological


innovation in the accounting profession and how the transition process from the
traditional accounting model to the digital form occurred. Data were collected through
a questionnaire consisting of 17 multiple-choice questions, some of which could mark
more than one option and with the collaboration of 67 participants, including employees
and managers, which allowed us to verify what were the main advantages, greatest
difficulties encountered in the technological implementation process and on their
understanding of digital accounting. The results showed that the vast majority of
professionals have knowledge, albeit superficial, about digital accounting, recognize
the great advance for the profession and highlight that there were difficulties in the
implementation process, with the adaptation of clients to the digital model a factor that
brings many challenges. However, the interviewed professionals believe that digital
accounting comes to improve and speed up the bookkeeping work, but the
professional must be attentive and up to date with new working methods so that he
does not lose space in an increasingly competitive market. It is recommended that
more research be carried out on the subject in question and that the perception of
customers, accounting users and supervisory bodies on the need to also monitor the
technologies available to facilitate the exchange of information can be addressed.

Keywords: Accounting; digital accounting; tecnologic innovation.


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 7
1.1 Contextualização do Problema ..................................................................... 9
1.2 Objetivos ....................................................................................................... 10
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 10
1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 10
1.3 Justificativas da pesquisa e relevância...................................................... 11
1.4 Estrutura da pesquisa .................................................................................. 12

2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................. 13
2.1 Contabilidade................................................................................................ 13
2.1.1 Aplicações da contabilidade .......................................................................... 14
2.1.2 Usuários da contabilidade .............................................................................. 14
2.2 Contabilidade Digital .................................................................................... 15
2.3 Nota Fiscal Eletrônica - NFe ........................................................................ 17
2.4 SPED Contábil .............................................................................................. 20
2.4.1 Obrigatoriedade da entrega da ECD ............................................................. 21
2.5 SPED Fiscal .................................................................................................. 22
2.6 O que é o e-Social? ...................................................................................... 23
2.7 A evolução histórica e a chegada do e-Social. .......................................... 24
2.7.1 Sistema de Escrituração Digital - SPED ......................................................... 24
2.8 O novo Sped Social - eSocial ...................................................................... 25
2.8.1 Objetivos do eSocial ....................................................................................... 28
2.9 Impacto para as organizações .................................................................... 30
2.10 As mudanças no envio das informações ................................................... 33
2.10.1 Eventos iniciais e de tabelas .......................................................................... 33
2.10.2 As mudanças na folha de pagamento ............................................................ 34
2.11 Os benefícios gerados com a implantação do eSocial ............................. 36
2.12 As dificuldades para a implantação do sistema eSocial .......................... 38
2.13 Adaptação dos sistemas de informatização das empresas ..................... 39

3 METODOLOGIA ............................................................................................ 40
3.1 Classificações da pesquisa ......................................................................... 40
3.1.1 Quanto aos objetivos ...................................................................................... 40
3.1.2 Quanto à abordagem do problema................................................................. 40
3.1.3 Quanto aos procedimentos ............................................................................ 41
3.2 Caracterização da organização / amostra .................................................. 41
3.3 Coleta de dados ............................................................................................ 42
3.4 Tratamento dos dados ................................................................................. 42
3.5 Limitações da pesquisa ............................................................................... 42

4 DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................. 43

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 56

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 58
7

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a contabilidade deixou de ser apenas um instrumento isolado


de registro de movimentações patrimoniais de bens direitos e deveres, que se
preocupava somente em debitar e creditar e passou a atuar em um campo
informatizado e complexo que busca cruzar informações a fim de melhorar a qualidade
da fiscalização das empresas.
Em agosto de 2005, no evento do II ENAT - Encontro Nacional de
Administradores Tributários, em São Paulo, o Secretário da Receita Federal, os
Secretários de Fazenda dos Estados e Distrito Federal, e os representantes das
Secretarias de Finanças dos Municípios das Capitais, buscando dar efetividade aos
trabalhos de intercâmbio entre os mesmos, assinaram os Protocolos de Cooperação
nº 02 e nº 03, com o objetivo de desenvolver e implantar o Sistema Público de
Escrituração Digital e a Nota Fiscal Eletrônica. (RECEITA FEDERAL DO BRASIL).
Com a evolução e progresso da internet no Brasil os sistemas integrados de
controles internos passaram a ser utilizados de forma plena, conforme Oliveira (2014).
Ainda de acordo com Oliveira (2014), foi após haverem mudanças amplas na
legislação tributária e ainda mais inovação em tecnologia da informação, através de
um maior uso da Internet para várias atividades, que empresas de todos os portes,
além de escritórios de contabilidade perceberam a necessidade de utilização dos
sistemas integrados e passaram a implantar esses aplicativos de forma mais completa
em sua utilização. Além disto o aumento de transações financeiras e comerciais nos
últimos 20 anos obrigaram o governo a criar um sistema de monitoramento de
informações com o objetivo de controlar dados e registros das entidades.
Neste sentido foi desenvolvido o Sistema Público de Escrituração Digital
(SPED), considerado um grande avanço na relação entre fisco e contribuintes. Assim,
o fluxo de informações, anteriormente feito por uma enorme quantidade de papéis, foi
substituído por fluxo de dados eletrônicos e enviados para os órgãos de controle de
fiscalização.
Oliveira, 2014 afirma que na prática a evolução na forma de fiscalização através
do SPED facilitou a conferência de informações detalhadas sobre as empresas e
demais instituições, uma vez que o fluxo de informações, agora enviado
eletronicamente, antes só poderia ser feita através de visita na empresa ou escritório
de contabilidade, o que era um fator dificultador de fiscalização.
8

O SPED, no âmbito da Receita Federal, faz parte do Projeto de Modernização


da Administração Tributária e Aduaneira (PMATA) que consiste na implantação de
novos processos apoiados por sistemas de informação integrados, tecnologia da
informação e infraestrutura logística adequados (PORTAL DA RECEITA FEDERAL
DO BRASIL).
O SPED foi instituído pelo Decreto n° 6.022, de 22 de janeiro de 2007, e tornou-
se um grande avanço tecnológico da relação entre os contribuintes e o FISCO e o seu
projeto piloto iniciou-se com a substituição da Nota Fiscal manual para o modelo de
Nota Fiscal Eletrônica – NFe.
O SPED padronizou o compartilhamento de informações contábeis e fiscais,
estabeleceu um caminho único de transmissão das obrigações acessórias de
diferentes órgãos fiscalizadores e tornou mais rápida a identificação de ilícitos
tributários. Assim, ele passou a ser um instrumento que unificou a recepção, a
validação, o armazenamento e a autenticação de livros e documentos que integram a
escrituração contábil e fiscal das empresas e pessoas jurídicas (ESOCIAL PRÁTICO
PARA GESTORES, p.13).
O e-Social trata da escrituração digital da folha de pagamento e das obrigações
trabalhistas, previdenciárias e fiscais referente a todo e qualquer vínculo trabalhista
contratado no Brasil. No Brasil as leis trabalhistas nem sempre são cumpridas e o
trabalhador tem sido o elo mais fraco nas relações empresariais, pensando nisso a
legislação vem tentando equilibrar forças com essas leis, que nem sempre são
cumpridas.
Muitas entidades não procedem corretamente com a legislação trabalhista e
estão o tempo todo a infringirem a lei, empregados que antes começavam a trabalhar
nas empresas no dia 1° de determinado mês, porém a sua documentação chegava
para fazer todos os procedimentos admissionais somente no fim do mês, quando as
folhas de pagamento estão sendo processadas; assim também ocorre com os
desligamentos dos empregados por parte da empresa. Muitas vezes o empregador,
buscando um caminho que venha reduzir os seus custos na hora de pagar a rescisão,
pedem para que o aviso seja retroagido, evitando, por exemplo, o pagamento de mais
1 avo de férias ou 13° salário. A ideia do e-Social é fechar o cerco e fazer valer o que
está proposto na lei.
De acordo com Nasajon (2014), o e-Social exige que todos os eventos
relacionados com a folha de pagamento como, admissão, férias e até a demissão dos
9

empregados sejam encaminhados nos prazos legais por meio do sistema eletrônico
integrado, bem como haverá também uma fiscalização maior por parte dos exames
admissionais onde todos os exames deverão contar com o nome do médico do
trabalho responsável, o seu CRM, CPF e telefone, pois o médico que liberar o
trabalhador para a função sem que esteja apto para a mesma será responsabilizado,
assim eventos que normalmente são feitos e somente depois são passados para que
a contabilidade os registre terão de acabar e as empresas terão de se adequar a essa
norma.
O e-Social mudou a forma como todas as empresas do Brasil lidam com as
obrigações fiscais, tributárias, previdenciárias e trabalhistas. Quando estiver em pleno
funcionamento, o sistema unificou o envio dos dados sobre trabalhadores para o
governo federal e o projeto é fazer com que as empresas prestem as informações
uma única vez. A transmissão ocorre por meio eletrônico, visando reduzir a utilização
de formulários e papéis. Assim, não será preciso, por exemplo, realizar múltiplos
envios de informações ao INSS, ao Ministério do Trabalho ou ao Fisco, por exemplo
(CONTEP CONTABILIDADE, 2019).
Basicamente o e-Social está substituindo as informações que já são
repassadas aos órgãos responsáveis. A diferença será que o que antes poderia
facilmente ser alterado ou omitido agora terá de ter mais transparência, com
padronização das informações e a redução na quantidade de informações a serem
enviadas, assim haverá maior dificuldade para cometer fraudes contra o sistema
previdenciário e trabalhista brasileiro, algo que prejudica crucialmente o trabalhador
brasileiro.
Desta forma, esta pesquisa identificou quais as inovações tecnológicas que
ocorreram nos últimos anos na área contábil, verificou também se os contabilistas se
prepararam para a utilização da NFe, do SPED Contábil e fiscal e também para a
implantação do E-social.

1.1 Contextualização do Problema

A evolução tecnológica tem impactado significativamente a profissão contábil


nos últimos anos. A necessidade de prestar informações cada vez mais claras e de
qualidade fez com que a contabilidade passasse por um processo de evolução
significativo e que trouxe melhorias em todos os setores.
10

O profissional contábil precisou se reinventar nos últimos 15 anos devido a essa


velocidade com que a tecnologia se instalou no mundo, programas governamentais
de fiscalização e cobrança de tributos foram inovados afim de que houvesse ganho
de tempo no envio dessas informações, bem como maior segurança com assinaturas
digitais certificadas. Empresas de tecnologia desenvolveram softwares que são
altamente eficientes no envio dessas informações de maneira ágil.
Com a implantação do SPED pela Receita Federal do Brasil as informações
são repassadas de forma tempestiva, ou seja, no momento em que realmente
ocorrerem.
As empresas precisaram mudar a sua rotina de trabalho, investiram em
conhecimentos que estão ligados às áreas contábil, fiscal e de pessoal e em
determinados casos precisaram investir em novos softwares que sejam capazes de
integrar o programa junto ao sistema e transmitir as informações solicitadas.
• Neste contexto, esta pesquisa apresenta os seguintes questionamentos:
• Os profissionais necessitaram de qualificação para se adaptarem às
demandas das inovações tecnológicas?
• Como ocorreu o processo de implantação da NFe, dos SPEDs e do E-
social?
• Quais os benefícios do avanço tecnológico para os profissionais da
contabilidade?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Identificar as inovações tecnológicas que ocorreram na área contábil nas


últimas décadas e verificar como foi o processo de adaptação dos profissionais da
contabilidade.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Constatar quais foram as dificuldades que os profissionais da área contábil


tiveram para se adaptar às inovações tecnológicas.
11

- Verificar se os profissionais necessitaram de investimento em capacitações


para atender as demandas tecnológicas da área contábil.
- Analisar se os profissionais estão se adaptando à nova realidade tecnológica
na área contábil.
- Averiguar os benefícios que ocorreram para a área contábil e para os
profissionais da contabilidade decorrentes da evolução tecnológica.

1.3 Justificativas da pesquisa e relevância

Ao passo que o mundo vivencia uma evolução tecnológica na contabilidade não


ocorreu de forma diferente. Os avanços tecnológicos na área contábil foram de suma
importância para a evolução da profissão, gerando ganhos significativos em agilização
de processos, velocidade no envio de informações, maior segurança e possibilidade
de redução de custos dos serviços prestados.
Com o passar dos anos a contabilidade passou por diversas e profundas
transformações e com o avanço da tecnologia a serviço agora passou a ser oferecido
com maior qualidade de informações para os usuários. É fato que a tecnologia mudou
e continuará mudando ao longo dos próximos anos e assim o profissional contábil terá
que acompanhar as inovações para continuar atendendo aos clientes e governo da
melhor maneira possível.
O programa SPED, desenvolvido por instituições federais foi um passo
importante para a evolução tecnológica na área contábil e empresas de tecnologia e
desenvolvimento de softwares acompanharam bem essa evolução, criando
programas capazes de integrar com os bancos de dados do SPED de maneira
eficiente as informações geradas pelos usuários da contabilidade. Como último braço
desde programa SPED que iniciou com Nota Fiscal Eletrônica, ECD, ECF veio o e-
Social.
O e-Social é um programa do Governo Federal que tem como objetivo à
unificação das informações trabalhistas e previdenciárias enviadas ao Governo
Federal (RECEITA FEDERAL, 2014).
A implantação do e-Social está acarretando mudanças no comportamento e na
gestão da área de pessoal das empresas, desde a sua introdução até a sua
operacionalização. Todas as áreas das empresas deverão se envolver, desde o setor
de departamento de pessoal passando pela contabilidade, pelo setor de informática,
12

e em muitos casos será necessária a participação dos setores produtivos e o apoio


total da direção da empresa (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2015).
A implantação do e-Social é obrigatória para todas as empresas de qualquer
porte do Brasil, passando desde o Microempreendedor Individual (MEI) até as grandes
empresas.
A pesquisa poderá trazer grandes contribuições para o desenvolvimento do
pesquisador, tendo em vista que ele irá participar ativamente de todo este processo
de transformação na empresa. Irá agregar ainda para todo o âmbito empresarial, pois
como se trata de algo novo e sem muito aprofundamento a respeito, a pesquisa
poderá servir de grande auxílio para todos os envolvidos, desde às empresas até aos
próprios elaboradores de todo o processo, tendo em vista que a oportunidade de
pesquisar sobre o tema ocorreu em um ótimo momento, que foi durante o período de
implantação da obrigação da transmissão das informações.

1.4 Estrutura da pesquisa

Este trabalho de conclusão de curso foi estruturado em 05 capítulos, no 1º


capítulo consta a introdução do tema no qual foi contextualizado o problema, foram
evidenciados os objetivos e as justificativas da pesquisa.
O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica, tem como base os
conteúdos investigados por outros autores inerentes a temática proposta, contempla
os assuntos relevantes para a compreensão da pesquisa.
No terceiro capítulo, foi elaborada a metodologia, nele consta a classificação
da pesquisa, a caracterização da organização/amostra pesquisada, a coleta de dados
e o tratamento dos dados, nesta parte foram descritas a caracterização societária da
empresa pesquisada ou do grupo de empresas em estudo, a história, missão, valores
das instituições pesquisadas.
O quarto capítulo apresenta o desenvolvimento da pesquisa e a análise de
resultados decorrentes do desenvolvimento prático da pesquisa, do tratamento e da
análise dos dados coletados.
O quinto capítulo apresenta as considerações finais, uma síntese da pesquisa
realizada e as sugestões para a continuidade da pesquisa e possibilidades futuras.
13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Contabilidade

Historicamente a contabilidade existe desde os primórdios da civilização tendo


surgido com a necessidade de o homem em mensurar e resguardar seus bens e suas
posses. Conforme Junior, Rodrigo (2017) a origem da contabilidade se deu a partir da
necessidade de registros de comércio.
Junior, Rodrigo (2017) menciona que:
A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o
acompanhamento das variações de seus bens quando cada transação era
efetuada. As trocas de bens e serviços eram seguidas de simples registros
ou relatórios sobre o fato. Mas as cobranças de impostos, na Babilônia já se
faziam com escritas, embora rudimentares. Um escriba egípcio contabilizou
os negócios efetuados pelo governo de seu país no ano 2000 a.C. (JORNAL
CONTABIL, 2017.)

Ao passo de que a medida em que o homem começava a acumular riqueza,


aumentava a necessidade de controle e mensuração destes valores, pensando em
expansão destes bens e quanto eles poderiam valer futuramente. A medida que essas
riquezas foram aumentando de tamanho, passou a existir a necessidade de registrar
tais bens e posses, para que não se perdessem apenas nas memórias.
Segundo diversos estudiosos a história da contabilidade mereceu inúmeras
divisões ao decorrer dos anos.
De acordo com o Prof. Federigo Melis, divide-se em quatro períodos distintos:

1º período: história Antiga ou da Contabilidade Empírica, que vai de cerca de


8.000 anos atrás até 1202 de nossa era.
2º período: história Média ou da Sistematização da Contabilidade, que vai de
1202 até 1494.
3º período: história Moderna ou da Literatura da Contabilidade, que vai de
1494 a 1840.
4º período: história Contemporânea ou Científica da Contabilidade, que vai
de 1840 até aos nossos dias. (CRCSC 2022).

Foi na idade média que a contabilidade deu um salto, iniciando o seu processo
de desenvolvimento enquanto ciência com o método das partidas dobradas,
desenvolvido na Itália por Frei Luca Pacioli.
Para Marion (2022) a contabilidade pode ser definida como um instrumento que
fornece um conjunto de informações úteis para a tomada de decisão pelos usuários
14

da contabilidade. Com o passar do tempo e a evolução da humanidade a contabilidade


também evoluiu e o governo passou a utilizar-se dessa ciência para cobrança de
impostos e tornou-se obrigatória para quase todos os tipos de empresas.
Ainda segundo Marion:

Ressaltamos, entretanto, que a Contabilidade não deve ser feita visando


basicamente atender às exigências do governo, mas, o que é muito mais
importante, auxiliar as pessoas a tomarem decisões. (MARION, 2022, p.23).

2.1.1 Aplicações da contabilidade

Para Marion, 2022 a contabilidade pode ser aplicada para de modo geral (para
todas as empresas) ou para determinado grupo específico, seja um certo ramo de
atividade ou algum setor econômico.
Estes grupos podem ser divididos como:
• Empresas comerciais, onde é aplicada a Contabilidade Comercial;
• Empresas industriais, onde é aplicada a Contabilidade Industrial;
• Órgãos públicos, onde é aplicada a Contabilidade Pública;
• Instituições financeiras e bancárias, onde é aplicada a Contabilidade
Bancária;
• Hospitais e clínicas, onde é aplicada a Contabilidade Hospitalar;
• Setor de agropecuária, onde é aplicada a Contabilidade
Agropecuária;
• Empresas de seguros, onde é aplicada a Contabilidade Securitária;
• Entidades sem fins lucrativos, onde é aplicada a Contabilidade do
Terceiro Setor.
Nota-se, portanto uma evolução da contabilidade para os dias atuais,
ramificando-se e se especializando em diversos setores da sociedade como um todo.

2.1.2 Usuários da contabilidade

Conforme Marion (2022) os usuários da contabilidade podem ser definidos


como quaisquer pessoas, física ou jurídica que se utilizam da contabilidade, a fim de
buscarem respostas com relação a situação de sua empresa ou patrimônio.
Ainda conforme Marion:
15

Evidentemente, os gerentes (administradores) não são os únicos que se


utilizam da Contabilidade. Os investidores (sócios ou acionistas), ou seja,
aqueles que aplicam dinheiro na empresa, estão interessados basicamente
em obter lucro, por isso se utilizam dos relatórios contábeis, analisando se a
empresa é rentável; os fornecedores de mercadoria a prazo querem saber se
a empresa tem condições de pagar suas dívidas; os bancos, por sua vez,
emprestam dinheiro desde que a empresa tenha condições de pagamento; o
governo quer saber quanto de impostos foi gerado para os cofres públicos;
outros interessados desejam conhecer melhor a situação da empresa: os
empregados, os sindicatos, os concorrentes etc. (MARION, 2022, p.25).

Nos últimos anos, com o advento da internet e a globalização mundial, a


sociedade passou a necessitar de informações com maior velocidade e assertividade
possível, fazendo com que quase todos os setores de atividade se vissem obrigados
a enfrentar uma onda de inovação tecnológica e com a contabilidade não foi diferente.
Se anteriormente o pergaminho fora substituído pelo papel, agora o papel passou a
ser substituído pelo eletrônico, o digital ganhou espaço e a contabilidade passou por
nova transformação. A contabilidade da era digital.

2.2 Contabilidade Digital

Com o advento da tecnologia a profissão contábil sofreu constantes mudanças,


passando do processo manual, para o mecânico e por fim o processo digital, trazendo
inúmeros benefícios que se destacam, maior agilidade na escrituração, informações
mais confiáveis, maior segurança e acessibilidade em quaisquer locais.
Conforme Reinaldo Luiz Lunelli em seu texto A Contabilidade e o Avanço da
Tecnologia:
Com o passar dos anos, a contabilidade tem sofrido constantes mutações,
não apenas legais, mas sim práticas. Esta evolução advém da própria
necessidade do mercado em receber informações cada vez mais detalhadas
e hábeis para a tomada de decisões gerenciais, administrativas ou
financeiras. (REINALDO, 2020).

A informatização trouxe para o mercado contábil softwares e sistemas ERP’s


que são capazes de processar uma enorme quantidade de informações e transforma-
los em dados de maneira rápida e capaz de integrar de maneira instantânea com
órgãos e entidades governamentais que regulam a profissão e geram arrecadação de
tributos nas esferas municipal, estadual e federal, além disso trouxe praticidade ao
16

poder assinar eletronicamente documentos, o que garante autenticidade e segurança


para os usuários da informação.
Conforme Julio Cesar Zanluca:

A principal característica desta profissão, no século XXI, será o conhecimento


aplicado. Não menos importante, é que o contabilista precisa ser um
profissional flexível, autodidata e preparado para enfrentar desafios de uma
profissão na qual a competição e exigências crescem a cada dia. (JULIO
CESAR ZANLUCA, 2012).

Nos dias de hoje o profissional contábil precisa se preparar previamente para


trabalhar de acordo com este novo cenário digital.
Para atender à fiscalização, que se tornou totalmente digital, o contador
precisou evoluir para cumprir com todas as demandas exigidas pelo FISCO,
utilizando-se de softwares desenvolvidos especificamente para o profissional de
contabilidade, em conformidade com os layouts desenvolvidos pelos sistemas
governamentais.
Deste modo o serviço de escrituração contábil de forma braçal, antes comum
nos escritórios contábeis foi perdendo cada vez mais espaço, dando lugar a
escrituração contábil digital para atender a essa nova obrigação criada pela Receita
Federal, chamada de SPED, sistema de escrituração que tem como finalidade o
acesso às mesmas informações por todos os órgãos, municipal, estadual e federal.
De acordo com o Portal da Nota Fiscal de Serviço Eletrônica:

Instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, o Sistema Público


de Escrituração Digital (Sped) faz parte do Programa de Aceleração do
Crescimento do Governo Federal (PAC 2007-2010) e constitui-se em mais
um avanço na informatização da relação entre o fisco e os contribuintes.

O Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) visa proporcionar melhor


ambiente de negócios para o País e a redução do Custo Brasil, promovendo
a modernização dos processos de interação entre a administração pública e
as empresas, em geral em todo o território nacional.

Visa a modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações


acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e
aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se da certificação digital para fins de
assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo assim a validade jurídica
dos mesmos apenas na sua forma digital. (PORTAL DA NOTA FISCAL DE
SERVIÇO ELETRÔNICA, 2022).
17

2.3 Nota Fiscal Eletrônica - NFe

O programa SPED quando instituído pelo Decreto n° 6.022, de 22 de janeiro de


2007 avançou em etapas, iniciando com a criação da Nota Fiscal Eletrônica.
Desenvolvido de forma integrada pelas Secretarias de Fazenda dos estados e
a Receita Federal do Brasil, a partir da assinatura do Protocolo ENAT 03/2005, de
27/08/2005.
Anteriormente, em meados dos anos 70 a nota fiscal era emitida em formato
manual e os documentos fiscais eram confeccionados em blocos. Com o passar dos
anos e com o avanço tecnológico a emissão de documentos fiscais passou a ser feita
de forma eletrônica pelas empresas.

Figura 1 – Modelo de Nota Fiscal manual

Fonte: Sinescontábil, 2022.

O projeto NFe foi o pioneiro de outros subprojetos do Sistema Público de


Escrituração Digital (SPED), sendo eles:
• Escrituração Contábil Digital (ECD);
• Escrituração Contábil Fiscal (ECF);
• Escrituração Digital Social e Trabalhista (eSocial).
Conforme o Portal da Nota Fiscal Eletrônica, o conceito de uma NFe pode ser
definido como sendo um documento de existência apenas digital, emitido e
18

armazenado eletronicamente, com o intuito de documentar, para fins fiscais, uma


operação de circulação de mercadorias ou uma prestação de serviços, ocorrida entre
as partes.
A substituição da nota manual em papel, para o formato eletrônico proporcionou
diversos benefícios para todos os envolvidos na operação, dentre eles destacam-se,
conforme destacado no Portal da Nota Fiscal Eletrônica (2022):

Para os emitentes da Nota Fiscal Eletrônica (vendedores) podemos citar os


seguintes benefícios:
Redução de custos de impressão do documento fiscal, uma vez que o
documento é emitido eletronicamente. O modelo da NF-e contempla a
impressão de um documento em papel, chamado de Documento Auxiliar da
Nota Fiscal Eletrônica (DANFE), cuja função é acompanhar o trânsito das
mercadorias ou facilitar a consulta da respectiva NF-e na internet. Apesar de
ainda haver, portanto, a impressão de um documento em papel, deve-se
notar que este pode ser impresso em papel comum A4 (exceto papel jornal),
geralmente em apenas uma via;
Redução de custos de aquisição de papel, pelos mesmos motivos expostos
acima;
Redução de custos de armazenagem de documentos fiscais. Atualmente os
documentos fiscais em papel devem ser guardados pelos contribuintes, para
apresentação ao fisco pelo prazo decadencial. A redução de custo abrange
não apenas o espaço físico necessário para adequada guarda de
documentos fiscais como também toda a logística que se faz necessária para
sua recuperação. Um contribuinte que emita, hipoteticamente, 100 Notas
Fiscais por dia, contará com aproximadamente 2.000 notas por mês,
acumulando cerca de 120.000 ao final de 5 anos. Ao emitir os documentos
apenas eletronicamente a guarda do documento eletrônico continua sob
responsabilidade do contribuinte, mas o custo do arquivamento digital é muito
menor do que o custo do arquivamento físico;
GED - Gerenciamento Eletrônico de Documentos: a NF-e é um documento
eletrônico e não requer a digitalização do original em papel, o que permite a
otimização dos processos de organização, guarda e gerenciamento de
documentos eletrônicos, facilitando a recuperação e intercâmbio das
informações;
Simplificação de obrigações acessórias. Inicialmente a NF-e prevê dispensa
de Autorização de Impressão de Documentos Fiscais - AIDF. No futuro outras
obrigações acessórias poderão ser simplificadas ou eliminadas com a adoção
da NF-e;
Redução de tempo de parada de caminhões em Postos Fiscais de Fronteira.
Com a NF-e, os processos de fiscalização realizados nos postos fiscais de
fiscalização de mercadorias em trânsito serão simplificados, reduzindo o
tempo de parada dos veículos de cargas nestas unidades de fiscalização;
Incentivo a uso de relacionamentos eletrônicos com clientes (B2B). O B2B
(business-to-business) é uma das formas de comércio eletrônico existentes e
envolve as empresas (relação "empresa - à - empresa"). Com o advento da
NF-e, espera-se que tal relacionamento seja efetivamente impulsionado pela
utilização de padrões abertos de comunicação pela Internet e pela segurança
trazida pela certificação digital. (PORTAL NF-e, 2022).

Ainda de acordo com o Portal da NF-e (2022), dos benefícios para empresas
destinatárias de Notas Fiscais, destacam-se:
19

Eliminação de digitação de notas fiscais na recepção de mercadorias, uma


vez que poderá adaptar seus sistemas para extrair as informações, já digitais,
do documento eletrônico recebido. Isso pode representar redução de custos
de mão-de-obra para efetuar a digitação, bem como a redução de possíveis
erros de digitação de informações;
Planejamento de logística de recepção de mercadorias pelo conhecimento
antecipado da informação da NF-e, pois a previsibilidade das mercadorias a
caminho permitirá prévia conferência da Nota Fiscal com o pedido,
quantidade e preço, permitindo, além de outros benefícios, o uso racional de
docas e áreas de estacionamento para caminhões;
Redução de erros de escrituração devido à eliminação de erros de digitação
de notas fiscais;
GED - Gerenciamento Eletrônico de Documentos, conforme os motivos
expostos nos benefícios das empresas emitentes;
Incentivo a uso de relacionamentos eletrônicos com fornecedores (B2B),
pelos motivos já expostos anteriormente.
Benefícios para a Sociedade:
Redução do consumo de papel, com impacto positivo em termos ecológicos;
Incentivo ao comércio eletrônico e ao uso de novas tecnologias;
Padronização dos relacionamentos eletrônicos entre empresas;
Surgimento de oportunidades de negócios e empregos na prestação de
serviços ligados a NF-e.
Benefícios para os Contabilistas:
Facilitação e simplificação da Escrituração Fiscal e contábil;
GED - Gerenciamento Eletrônico de Documentos, conforme os motivos
expostos nos benefícios das empresas emitentes;
Oportunidades de serviços e consultoria ligados à NF-e.
Benefícios para o Fisco:
Aumento na confiabilidade da Nota Fiscal;
Melhoria no processo de controle fiscal, possibilitando um melhor intercâmbio
e compartilhamento de informações entre os fiscos;
Redução de custos no processo de controle das notas fiscais capturadas pela
fiscalização de mercadorias em trânsito;
Diminuição da sonegação e aumento da arrecadação sem aumento de carga
tributária;
GED - Gerenciamento Eletrônico de Documentos, conforme os motivos
expostos nos benefícios das empresas emitentes;
Suporte aos projetos de escrituração eletrônica contábil e fiscal da Secretaria
da Receita Federal e demais Secretarias de Fazendas Estaduais (Sistema
Público de Escrituração Digital - SPED). (PORTAL NF-e, 2022).

Ao se emitir uma Nota Fiscal, automaticamente é gerado um DANFE


(Documento Auxiliar de Nota Fiscal Eletrônica), que nada mais é que uma
representação gráfica de uma NFe, de uso obrigatório para regularizar a circularização
de mercadorias, além disso este documento permite o acesso ao XML da Nota Fiscal
Eletrônica (NFe).
A diferença entre o DANFE e a NFe é que enquanto um é um registro físico
que permite o acesso a uma compra, o outro é gerado em modelo específico XML, de
forma eletrônica e que é utilizado pela contabilidade para a entrega das obrigações
perante o FISCO, além do que é a NFe que deve ser armazenada para fiscalizações.
20

Figura 2: Modelo de DANFE

Fonte: Blog Paraná Sistemas, 2022.

2.4 SPED Contábil

A Escrituração Contábil Digital (ECD) faz parte do grande projeto SPED que
tem por objetivo substituir a escrituração contábil em papel para a forma digital,
transmitida via arquivo.
A substituição do modelo de papel de escrituração contábil para o modelo
digital obriga a transmitir os seguintes livros:
• Livro Diário e seus auxiliares, quando houver;
• Livro Razão e seus auxiliares, quando houver;
21

• Livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento


comprobatórias dos assentamentos neles transcritos. (PORTAL DO SPED,
2022).

De acordo com a INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 2.003, de 18 de janeiro de


2021, os livros contábeis devem ser assinados digitalmente, com certificado digital
que deve ser emitido por unidade credenciada pela Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira (ICP-Brasil), que tem por objetivo garantir a autenticidade e a validade
jurídica das informações do documento digital.

2.4.1 Obrigatoriedade da entrega da ECD

Conforme mencionado no Portal do Sped de acordo com o art. 3º da Instrução


Normativa RFB nº 1.420/2013, ficam obrigadas a entregar a Escrituração Contábil
Digital (ECD) a partir de 1° de janeiro de 2014:
I - As pessoas jurídicas sujeitas à tributação do Imposto sobre a Renda com
base no lucro real;
II - As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido, que
distribuírem, a título de lucros, sem incidência do Imposto sobre a Renda
Retido na Fonte (IRRF), parcela dos lucros ou dividendos superior ao valor
da base de cálculo do Imposto, diminuída de todos os impostos e
contribuições a que estiver sujeita; e
III - As pessoas jurídicas imunes e isentas que, em relação aos fatos ocorridos
no ano calendário, tenham sido obrigadas à apresentação da Escrituração
Fiscal Digital das Contribuições, nos termos da Instrução Normativa RFB nº
1.252, de 1º de março de 2012.
IV – As Sociedades em Conta de Participação (SCP), como livros auxiliares
do sócio ostensivo. (PORTAL SPED, 2022).

O referido artigo menciona ainda que fica facultada a entrega da ECD às


demais pessoas jurídicas.
O inciso 3° do art. 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.420/2013 desobriga a
entrega para as seguintes pessoas jurídicas:

I - Às pessoas jurídicas optantes pelo Regime Especial Unificado de


Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), de que trata a Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
II - Aos órgãos públicos, às autarquias e às fundações públicas; e
III - às pessoas jurídicas inativas de que trata a Instrução Normativa RFB nº
1.536, de 22 de dezembro de 2014. (PORTAL SPED, 2022).

A ECD deve ser transmitida anualmente ao SPED até o último dia do mês de
maio do ano seguinte ao ano-calendário da referida escrituração.
22

Essa obrigação acessória em forma digital proporcionou agilidade no envio das


informações e eventos contábeis de forma rápida e segura, além de diminuir
consideravelmente a quantidade de papéis impressos pela contabilidade no processo
anteriormente manual.

2.5 SPED Fiscal

A Escrituração Contábil Fiscal (ECF) faz parte do projeto SPED iniciado em


2007 e é uma obrigação acessória que tem como objetivo o envio das informações
referentes às pessoas jurídicas, as quais influenciam nos valores devidos de Imposto
de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL), que foi instituída pela Instrução Normativa RFB nº 1422/2013 e que fora
revogada posteriormente para a Instrução Normativa RFB nº 2004, de 18 de janeiro
de 2021).
De acordo com a Instrução Normativa RFB n° 2004 (2021), a partir do ano-
calendário 2014, ficam obrigadas a apresentar a ECF todas as pessoas jurídicas,
inclusive as equiparadas, de forma centralizada pela matriz.
O § 1º dispõe que a obrigatoriedade de entrega da ECD não se aplica:

I - Às pessoas jurídicas optantes pelo Regime Especial Unificado de


Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), de que trata a Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 ;
II - Aos órgãos públicos, às autarquias e às fundações públicas; e
III - às pessoas jurídicas inativas, assim consideradas aquelas que não
tenham efetuado qualquer atividade operacional, não operacional,
patrimonial ou financeira, inclusive aplicação no mercado financeiro ou de
capitais, durante todo o ano-calendário, as quais devem cumprir as
obrigações acessórias previstas na legislação específica. (INSTRUÇÃO
NORMATIVA RFB N° 2004, 2021).

O prazo para transmissão da ECF será até o último dia útil do mês de julho o
ano seguinte ao ano-calendário a que se refira a escrituração e assim como a ECD
também deverá ser assinada digitalmente com certificado digital, o que garante
autenticidade e integridade das informações.
23

2.6 O que é o e-Social?

Conforme Gimenez, Wilson (2013) e Gimenez, Érika (2013) o eSocial é um


projeto do Governo Federal que tem por objetivo formalizar digitalmente as
informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais relativas a toda a relação de
trabalho. Com o eSocial várias esferas do Poder Público estarão envolvidas: Receita
Federal do Brasil (RFB), a Previdência Social (INSS), a Caixa Econômica Federal
(FGTS), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a Justiça do Trabalho.
Segundo Pacheco e Kruger o SPED Social é um programa do governo federal
que vai captar as informações de empregadores e contribuintes, relativamente ao
registro de empregados, remunerações e demais informações referentes às áreas
tributárias, trabalhistas e previdenciárias. Tais informações estão previstas na
legislação trabalhista, na lei de custeio da Previdência Social e na legislação do
Imposto de Renda e visa atender, de uma forma simples e unificada, todas as
informações e necessidades de todos os órgãos do governo, respeitando o limite de
suas competências.
Para Oliveira (2014) o e-Social é uma obrigação legal criada pelo Governo
Federal com objetivo de unificar, por meio eletrônico, o envio das informações
trabalhistas, fiscais e previdenciárias.
O e-Social é um projeto do governo federal que vai unificar o envio de
informações pelo empregador em relação aos seus empregados. É uma ação
conjunta dos seguintes órgãos e entidades do governo federal: Caixa Econômica
Federal, Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, Ministério da Previdência – MPS,
Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, Secretaria da Receita Federal do Brasil –
RFB. (E-SOCIAL, 2016).

Para Rezende, Silva e Gabriel (2016):

O eSocial muda a maneira como os empregadores no Brasil lidam com as


suas obrigações legais. Antes, os empregadores enviavam cada uma das
obrigações ao Fisco e, com a entrada em vigor do eSocial, eles enviarão tudo
o que acontecer na vida laboral do trabalhador, como pagamentos e demais
verbas relacionadas ao pagamento, férias, 13° salário, afastamentos do
trabalho, acidentes, recolhimentos de contribuições previdenciárias,
retenções, exames médicos, etc. (REZENDE; SILVA e GABRIEL, 2016,
p.13).
24

Após a sua implantação o EFD Social substituirá diversos arquivos e


obrigações acessórias que as empresas enviam aos órgãos do governo federal, tais
como: a Sefip (que é transmitida mensalmente a cada geração de folha de pagamento
e benefícios previdenciários), envio de Caged, Rais, Dirf e demais obrigações
acessórias serão substituídas pelo arquivo da EFD Social. (PORTAL CONTÁBEIS,
2012).

2.7 A evolução histórica e a chegada do e-Social.

2.7.1 Sistema de Escrituração Digital - SPED

Instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, o Sistema Público


de Escrituração Digital (Sped) faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento
do Governo Federal (PAC 2007-2010) e constitui-se em mais um avanço na
informatização da relação entre o fisco e os contribuintes. (SISTEMA PUBLICO DE
ESCRITURAÇÃO DIGITAL, 2022).
No artigo 2° o decreto destaca:

“O Sped é instrumento que unifica as atividades de recepção, validação,


armazenamento e autenticação de livros e documentos que integram a
escrituração comercial e fiscal dos empresários e das sociedades
empresárias, mediante fluxo único e computadorizado de informações.”
(Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, art. 2°).

Para Pacheco e Kruger (2015, p.9) o Sistema Público de Escrituração Digital –


SPED, tem como objetivo modernizar a sistemática de cumprimento das obrigações
acessórias transmitidas pelos contribuintes.
O Sped, no âmbito da Receita Federal, faz parte do Projeto de Modernização
da Administração Tributária e Aduaneira (PMATA) que consiste na implantação de
novos processos apoiados por sistemas de informação integrados, tecnologia da
informação e infraestrutura logística adequados (RECEITA FEDERAL DO BRASIL,
2016).
Desde a criação do SPED, o governo passou a controlar de forma mais eficaz
a fiscalização das informações contábeis e fiscais das empresas, que passaram a
transmitir suas informações fiscais por meio de certificados digitais que garantem a
validade das informações (REZENDE; SILVA E GABRIEL, 2016, p.13).
25

Iniciou-se com três grandes projetos: Escrituração Contábil Digital,


Escrituração Fiscal Digital e a NF-e - Ambiente Nacional.
Representa uma iniciativa integrada das administrações tributárias nas três
esferas governamentais: federal, estadual e municipal.
Mantém parceria com 20 instituições, entre órgãos públicos, conselho de
classe, associações e entidades civis, na construção conjunta do projeto.
Firma Protocolos de Cooperação com 27 empresas do setor privado,
participantes do projeto-piloto, objetivando o desenvolvimento e o
disciplinamento dos trabalhos conjuntos.
Possibilita, com as parcerias fisco-empresas, planejamento e identificação de
soluções antecipadas no cumprimento das obrigações acessórias, em face
às exigências a serem requeridas pelas administrações tributárias.
Faz com que a efetiva participação dos contribuintes na definição dos meios
de atendimento às obrigações tributárias acessórias exigidas pela legislação
tributária contribua para aprimorar esses mecanismos e confira a esses
instrumentos maior grau de legitimidade social.
Estabelece um novo tipo de relacionamento, baseado na transparência
mútua, com reflexos positivos para toda a sociedade. (SISTEMA PUBLICO
DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL, 2022).

Para Pacheco e Kruger (2015) além de outros projetos, o Sped também abriga
a Nota Fiscal Eletrônica, a Escrituração Contábil Digital e a Escrituração Fiscal Digital
e o eSocial vem para incrementar essa lista.
Pelo SPED, exige-se que os contribuintes elaborem e entreguem os livros e
documentos fiscais e contábeis em forma eletrônica, observado o disposto na Medida
Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 que instituiu a Infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileira - ICP-Brasil. (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2016).
O Sped foi uma solução tecnológica encontrada pelos órgãos públicos para
receber informações ligadas as áreas contábil e fiscal de maneira digital e
padronizada. E foi a partir deste sistema de escrituração digital que deu início ao maior
e mais complexo dos Sped’s, o e-Social.

2.8 O novo Sped Social - eSocial

Elemento essencial no cenário das novas tecnologias tributárias, abrangerá a


folha de pagamento e as obrigações trabalhistas, previdenciárias e fiscais relativas à
contratação e utilização de mão de obra onerosa, com ou sem vínculo empregatício.
(DUARTE, 2013).
Considerado por especialistas o maior e mais complexo dos projetos do Sped,
o eSocial teve sua primeira parte implementada em 1° de outubro de 2015, com
módulo Empregador Doméstico no portal do eSocial (REZENDE; SILVA E GABRIEL,
2016, p.13).
26

De acordo com Pacheco e Kruger (2015) o e-Social é um braço do Sped que


envolve diversas áreas, especialmente a trabalhista e previdenciária, indo muito além
de simplesmente o campo tributário.
Oliveira (2014) menciona que:

A complexidade das relações do trabalho com as empresas e de todas as


personagens com os órgãos da administração pública faz do Departamento
de Recursos Humanos e contábil um elemento singularmente dinâmico da
vida e estrutura da empresa moderna. Sua função, a rigor, é quase pública,
pois, entre outras atividades e tarefas, surge recolhimento de natureza
tributária, como o desconto de imposto de renda na fonte, contribuições
previdenciárias e FGTS. (OLIVEIRA, 2014, p.01).

Quando o assunto é burocracia tributária o Brasil é apontado como um dos


piores do planeta, segundo estudos comparativos realizados entre outros países, o
que provoca um grande clamor pela simplificação. Comparado com empresas
europeias, no Brasil existe a necessidade de uma grande demanda de empregados,
tanto na área tributária quanto na área de Recursos Humanos. (PACHECO E
KRUGER, 2015, p.02).

O eSocial, de acordo com o manual do projeto:

É um projeto do Governo Federal, que tem por objetivo desenvolver um


sistema de coleta das informações descritas no seu objeto, armazenando-as
no Ambiente Nacional do eSocial, possibilitando aos órgãos participantes do
projeto sua efetiva utilização para fins trabalhistas, previdenciários, fiscais e
de apuração de tributos e do FGTS. (PORTAL DO ESOCIAL, 2016).

Em outras palavras, é um projeto cujo objetivo é unificar, integrar e


padronizar o envio de todas as informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais
sobre qualquer forma de trabalho contratada no Brasil. (REZENDE; SILVA e
GABRIEL, 2016, p.16).
Segundo Rezende, Silva e Gabriel (2016) os empregadores terão muito
trabalho em todas as áreas da empresa, não se concentrando apenas no setor de RH,
devendo ter o envolvimento de todos os setores.
Conforme preceitua o Ato Declaratório Executivo SUFIS n° 5, de 17/07/2013,
serão abrangidas as empresas, empregadores ou equiparados, que deverão transmitir
em meio eletrônico a Escrituração Digital Social (eSocial). (OLIVEIRA, 2014, p.01).
Oliveira ainda esclarece que:
27

Empresa é o empresário ou a sociedade que assume o risco de atividade


econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como órgãos e
entidades de administração pública direta ou indireta. Convém lembrar que
equipara-se a empresa para fins de cumprimento de obrigações
previdenciárias, dentre outros o contribuinte individual, em relação ao
segurado que lhe presta serviço. (OLIVEIRA, 2014, p.01).

Segundo Pacheco e Kruger (2015) desde o empregador doméstico até às


grandes organizações todos estarão sujeitos ao eSocial e isso não se limita apenas
na iniciativa privada, más também na pública.
De acordo com o Manual de orientação do eSocial o projeto desenvolvido pelo
governo federal visa colher todas as informações referente as partes trabalhistas,
tributárias e previdenciárias e armazená-las no Ambiente Nacional do eSocial para a
utilização dos órgãos envolvidos. (ESOCIAL, 2016).
Para Oliveira (2014) todos os empregadores terão de se adequar à nova
obrigação, que trará uma nova forma de registrar os eventos relevantes que ocorrem
nas relações de trabalho. Em suma, o eSocial vem para unificar e simplificar a forma
com que as informações trabalhistas, tributárias e previdenciárias devem ser
prestadas, substituindo o procedimento de envio de diversas declarações, formulários
e documentos relativos a relação de trabalho. (PORTAL DO ESOCIAL, 2016).
Resumidamente, o eSocial tem um enorme potencial para simplificação das
obrigações tributárias e trabalhistas, mas tudo dependerá da forma com que será
implantada e, sobretudo, da mobilização da Sociedade civil para pressionar as
autoridades no cumprimento desse quesito. (DUARTE, 2013).

Rezende, Silva e Gabriel (2016) destacam que:

O eSocial receberá informações de diversas formas de trabalho contratadas


no Brasil e eliminará, com o tempo, uma série de informativos enviados para
órgãos do Governo Federal, como a Guia de Recolhimento do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (Gfip), o
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a Relação Anual
de Informações Sociais (Rais), a Guia da Previdência Social (Gps) e a
Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf). (REZENDE; SILVA
e GABRIEL, 2016, p.16).
28

Figura 3 – Mudança no envio das Obrigações

Fonte: Exata Assessoria Contábil, 2018.

Conforme explicam Rezende, Silva e Gabriel (2016) o empregador deixará de


enviar as obrigações separadas para cada órgão do governo responsável, e deverá
transmitir os arquivos que terão todas as informações da folha de pagamento e a vida
laboral de seus colaboradores.
Com o sistema unificado o fisco poderá cruzar as informações de forma mais
ágil e notificar as empresas que transmitem dados incorretos. As empresas precisam
se preocupar com a exatidão das informações, cumprindo as obrigações trabalhistas
e previdenciárias para que não sejam penalizadas. (VOGELBACHER, 2013).
Neste sentido o eSocial vem para facilitar o envio e a fiscalização por parte dos
órgãos envolvidos nas questões trabalhistas, tributárias e previdenciárias.

2.8.1 Objetivos do eSocial

Atualmente os empregadores são obrigados a enviar diversas declarações e


documentos, para vários órgãos diferentes com relação às informações trabalhistas e
previdenciárias. Algumas dessas informações ocorrem mensalmente, como é o caso
da folha de pagamento, ou anualmente, quando se trata de algumas obrigações
acessórias como o envio da Rais, Dirf, e outras ainda podem ocorrer
tempestivamente. Com tanta burocracia e variação nas formas de envio, torna-se
complicado para o Fisco administrar e analisar os dados enviados, além de provocar
fraudes ou erros. (REZENDE; SILVA E GABRIEL, 2016, p.22).
Oliveira (2014) afirma que existe muita preocupação por parte dos profissionais
com relação à adequação ao eSocial, devido a sua complexidade e implantação total.
29

Em síntese, o conteúdo do eSocial visa disponibilizar para os órgãos


participantes uma folha de pagamento que reflita integralmente as relações de
trabalho apuradas mensalmente em cada empregador do país. Para alcançar esse
fim, requer que todas as informações sejam enviadas a um ambiente consorciado que
os disponibiliza aos entes partícipes para que cada um, no seu ambiente, dê
tratamento a essas informações e cumpram seus objetivos institucionais. (PACHECO
E KRUGER, 2015, p.17).
Conforme Rezende, Silva e Gabriel (2016) mencionam, o Banco Mundial
publicou em 2013 um estudo com base no ano anterior, que observou o tempo em
que as empresas gastavam para resolver questões referentes à tributos e obrigações
trabalhistas, dos quais 185 países foram analisados, com o Brasil ficando em primeiro
lugar, ou seja, o que mais gasta tempo para lidar com essas situações (2.600
horas/ano).
São objetivos do eSocial de acordo com o Manual do eSocial (2016):

• Viabilizar a garantia de direitos previdenciários e trabalhistas aos


trabalhadores;
• Simplificar o cumprimento de obrigações; e
• Aprimorar a qualidade de informações das relações de trabalho,
previdenciárias e fiscais.

De acordo com Pacheco e Kruger (2015) desses objetivos, o primeiro visa


o trabalhador e a garantia de seus direitos, com o intuito de eliminar as
divergências que existem nos contratos de trabalho, bem como dar mais clareza
nas relações existentes entre empregador e empresa. Já a segunda tem por
objetivo facilitar o envio das informações e obrigações e traz como consequência
a redução dos custos para o mesmo, assim a pretensão é a de reduzir o número
de informalidades que existem hoje no país. A terceira visa a melhoria dos serviços
prestados pela Administração Pública, com o objetivo de proporcionar ao cidadão
serviços de qualidade.
Além destes citados, existem outros objetivos do eSocial, conforme
destacam Rezende, Silva e Gabriel (2016):
30

• Modernizar e integrar o sistema de fiscalização, permitindo a


automatização das informações com a transmissão única de dados
para os diferentes órgãos do governo;
• Reduzir os custos operacionais, por simplificar e padronizar a entrega
das informações;
• Eliminar a redundância nas informações prestadas ao governo;
• Diminuir a inadimplência, a incidência de erros, a sonegação e a
fraude;
• Integrar os sistemas informatizados das empresas com o ambiente
nacional do eSocial;
• Aumentar a arrecadação de tributo;
• Melhorar a qualidade das informações e aumentar a efetividade no
cruzamento de dados;
• Garantir o direito dos trabalhadores.

2.9 Impacto para as organizações

A implantação do eSocial implicará em um trabalho árduo, complexo, demorado


e que exigirá a participação de todos os setores das organizações.
As empresas terão que se reinventar para aproveitar todos os recursos
disponibilizados pelo eSocial de forma a otimizar os seus processos. É um jogo onde
todos ganham. Ganha a empresa, reduzindo seus custos operacionais e prestando
informações de qualidade. Ganha o trabalhador, com suas informações sendo
corretamente registradas em seus assentamentos trabalhistas e previdenciários, e
ganha o governo, que com maior qualidade das informações tem condições de
oferecer serviços de qualidade ao cidadão. (PACHECO E KRUGER, 2015, p.343).
Quando estiver em pleno funcionamento, alguns dados terão de ser informados
quase que em tempo real, como é o caso de admissão ou acidente de trabalho. Na
prática, esse prazo já é exigido pela legislação hoje. A diferença é que, atualmente, a
empresa que descumpre as regras só é punida quando há fiscalização. Com o
eSocial, essa checagem será automática. (PASSARE, 2014).
Segundo Rezende, Silva e Gabriel (2016) como o objetivo é o de reduzir o
trabalho e o tempo para gerar e transmitir as informações trabalhistas e
31

previdenciárias que, atualmente são transmitidas em datas diferentes e para diversos


órgãos separados, a implantação do eSocial vai padronizar o envio, passando a ser
transmitido somente uma única vez.
Para Pacheco e Kruger (2015) a missão do eSocial será a de facilitar a
transmissão das informações por parte do contribuinte, passando a ser padronizado
por um único canal. Assim, as várias obrigações acessórias em modelo de formulários
e declarações serão substituídas pelo eSocial.

Figura 4 – O que será substituído

Fonte: Slideshare.net TOTVS eSocial, 2022.

Apesar das empresas já estarem familiarizadas com o Sped, toda mudança


impõe novas rotinas. Com o Sped Folha, explica Esquiante, as empresas vão precisar
ser mais ágeis no levantamento e fornecimento de informações que será mensal.
(JUSBRASIL, 2013).
A implantação do eSocial vai exigir uma mudança geral dentro das
organizações que são as principais fontes de informações enviadas eletronicamente
ao fisco. Para tanto, será necessária uma reestruturação organizacional, investir em
treinamento e uma gestão eficiente para evitar eventuais problemas futuros.
(VOGELBACHER, 2013). Para Rezende, Silva e Gabriel (2016) o maior impacto será
na simplificação para a transmissão das informações, entretanto exigirá que o
32

empregador tenha um ambiente trabalhando em harmonia, com conscientização e


uma comunicação interna eficiente, transparente e integrada.
Esquiante (2012) afirma que:

Para tanto as empresas vão precisar investir em novos equipamentos e


provavelmente na contratação de mais profissionais, além de consultoria.
Para o presidente do Sescap o custo deste investimento é uma das principais
razões pelas quais os empresários têm adiado o início dos preparativos. ''O
Sped Folha vai valer para todos. Para as micro e pequenas empresas a sua
implantação será um peso a mais que vem se somar a todos os custos que
vêm sendo impostos nos últimos anos para facilitar a fiscalização e aumentar
a arrecadação.''(JUSBRASIL, 2013).

Um ponto muito destacado, além do investimento em tecnologia é o da


capacitação da equipe, para que todas as informações possam ser inseridas e
enviadas de forma correta, evitando assim erros que possa ocorrer em envios
posteriores, afirmam Rezende, Silva e Gabriel (2016).
Pacheco e Kruger (2015) afirmam que o primeiro passo dado pela empresa
como preparativo para o eSocial é o envolvimento da alta gestão, que deve ser uma
espécie de patrocinadora do projeto.
As empresas devem corrigir desde já eventuais descumprimentos à legislação
trabalhista e previdenciária, visto que com a transparência inerente à EFD-Social e
também pelo detalhamento exigido por essa obrigação, o fisco intensificará a análise
de dados, aumentando significativamente o número de autuações em todo o território
nacional. (SISPRO, 2022).
Aparentemente pode-se imaginar que o seu maior impacto esteja relacionado
com adequações tecnológicas. Isso procede, em parte, pois no médio e longo prazo
a principal mudança de paradigma ficará a cargo dos processos administrativos
internos que tenham relação com dados ou informações que devam ser diárias ou
mensalmente informados por meio do e-Social. (ALBUQUERQUE, 2013).
33

2.10 As mudanças no envio das informações

2.10.1 Eventos iniciais e de tabelas

São os primeiros eventos que devem ser transmitidos. Os eventos de tabela


representam um conjunto de regras para a validação dos outros eventos. (REZENDE;
SILVA E GABRIEL, 2016, p.35).
De acordo com Pacheco e Kruger (2015) um evento pode ser um
acontecimento ou um fato ocorrido. O eSocial adota o conceito de evento como meio
de formalizar o registro dos atos que envolvem as relações existentes entre
empregadores e trabalhadores, individualizando-os e dando-lhes personalidade
própria e independência em relação aos demais eventos. (PACHECO E KRUGER,
2015, p. 18).
De acordo com Oliveira (2014, p. 22) são compostos por informações previstas
nos seguintes leiautes: S-100; S-1060; S-20100.
Eventos iniciais identificam o contribuinte e contêm dados básicos de
classificação fiscal e estrutura. É o primeiro evento a ser transmitido ao eSocial.
Também compõe os eventos iniciais o cadastramento inicial dos vínculos, que deve
ser informado após terem sido transmitidos os eventos de tabelas do empregador.
Os eventos iniciais, de tabelas, não periódicos e periódicos, que compõem o
eSocial, necessitam ser transmitidos por meio de arquivos preparados de acordo com
os leiautes estabelecidos para cada um. (MGP CONSULTORIA, 2017).

Tabela 1 – Eventos Iniciais


TABELA DE EVENTOS INICIAIS

S-1000 Informações do Empregador/Contribuinte


S-1010 Tabela de Rubricas
S-1020 Tabela de Lotações
S-1030 Tabela de Cargos
S-1040 Tabela de Funções
S-1050 Tabela de Horários/Turnos de Trabalho
S-1060 Tabela de Estabelecimentos e Obras
S-1070 Tabela de Processos
S-1080 Tabela de Operadores Portuários
S-2100 Cadastramento Inicial do Vínculo
Fonte: Elaborada pelo autor de acordo com o site Mgp Consultoria, 2017.
34

Os eventos de tabelas informam para o eSocial como a empresa está


estruturada, enviando informações das tabelas: estabelecimentos, lotações
tributárias, horários de trabalho, cargos, rubricas da folha de pagamento, ambientes
de trabalho, lotações tributárias e processos administrativos/judiciais. (REZENDE;
SILVA E GABRIEL, 2016, p 37).

2.10.2 As mudanças na folha de pagamento

Toda empresa que possui empregado é obrigada a elaborar a folha de


pagamento mensal, conforme dispõe artigo 225 do Decreto n° 3.048/1999:

Art. 225. A empresa é também obrigada a:


I - Preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada
a todos os segurados a seu serviço, devendo manter, em cada
estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de pagamentos;
II - Lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma
discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das
quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos;
III - prestar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Secretaria da Receita
Federal todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse
dos mesmos, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos
necessários à fiscalização;
IV - Informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por
intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida,
dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e
outras informações de interesse daquele Instituto (DECRETO 3.048/1999).

O Decreto n° 3.048/1999 no seu artigo 225 ainda menciona que:

V - Encaminhar ao sindicato representativo da categoria profissional mais


numerosa entre seus empregados, até o dia dez de cada mês, cópia da Guia
da Previdência Social relativamente à competência anterior; e
VI - Afixar cópia da Guia da Previdência Social, relativamente à competência
anterior, durante o período de um mês, no quadro de horário de que trata
o art. 74 da Consolidação das Leis do Trabalho.
VII - Informar, anualmente, à Secretaria da Receita Federal do Brasil, na
forma por ela estabelecida, o nome, o número de inscrição na previdência
social e o endereço completo dos segurados de que trata o inciso III do § 15
do art. 9o, por ela utilizados no período, a qualquer título, para distribuição ou
comercialização de seus produtos, sejam eles de fabricação própria ou de
terceiros, sempre que se tratar de empresa que realize vendas diretas.
(DECRETO 3.048/1999).

Para Rezende, Silva e Gabriel (2016) isso quer dizer que a folha de pagamento
deve ser elaborada mensalmente e de maneira coletiva por estabelecimentos da
35

empresa, por obras de construção civil e por tomadores de serviços, com suas
correspondentes totalizações, tendo a seguinte estrutura de informações:

➢ Nome dos segurados (agrupados por categorias), cargo, função ou


serviços prestados;
➢ Nome dos segurados com gozo de salário maternidade, salário família;
➢ Dados das horas extras, horas noturnas executadas por trabalhador com
suas devidas fórmulas de cálculos e valores.

A estrutura da folha de pagamento deve conter ainda o agrupamento dos


trabalhadores por categoria, quais sejam, empregados, trabalhadores avulsos e
contribuintes individuais. (PACHECO E KRUGER, 2015, p.221).

O artigo 32 da Lei n° 8.212/1991 dispõe:

Art. 32. A empresa é também obrigada a:


I - Preparar folhas-de-pagamento das remunerações pagas ou creditadas a
todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas
estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social;
II - Lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma
discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das
quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos;
III – prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações
cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma por ela
estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à
fiscalização; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e
condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos
geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária
e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do
FGTS; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (Vide Lei nº 13.097, de
2015)
V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.403, de 2002).
VI – Comunicar, mensalmente, aos empregados, por intermédio de
documento a ser definido em regulamento, os valores recolhidos sobre o total
de sua remuneração ao INSS. (Incluído pela Lei nº 12.692, de 2012) (LEI
N° 8.212/1991).

A partir do momento em que o eSocial entrar em vigor, essas informações


continuarão a existir; o que mudará é a sequência e o modo de prestação dessas
informações. (REZENDE; SILVA E GABRIEL, 2016, p.78).
36

Ainda segundo Rezende, Silva e Gabriel (2016) é recomendável que sejam


enviados os eventos de tabela e os não periódicos que podem ter influência direta no
pagamento, por exemplo:
▪ Caso as informações de algum evento de tabela sejam atualizadas,
como novas localidades, áreas de riscos, rubricas, cargos, horários de
trabalho;
▪ Alterações no contrato do empregado (cargo, local de trabalho, salário,
jornada, periculosidade, insalubridade);
▪ Afastamentos (férias, afastamentos por doenças ou acidentes do
trabalho);
▪ Admissões (no caso de envio do evento S-2190, deverá ser enviado o
evento S-2200 antes dos eventos periódicos e respeitando-se o seu
prazo legal de envio).

De acordo com Pacheco e Kruger (2015) para cumprir a legislação os


empregadores apuram e enviam a folha de pagamento mensalmente, acompanhando
as regras de tributação de apuração mensal, dentro do mês civil, que é o padrão.
No eSocial a folha de pagamento será um conjunto de informações que refletirá
a remuneração de todos os trabalhadores que estiverem em serviço no empregador
naquele período, más cada trabalhador será tratado de modo individualizado, inclusive
com o arquivo 1200 sendo enviado individualmente por trabalhador. (REZENDE;
SILVA E GABRIEL, 2016, p. 78).

2.11 Os benefícios gerados com a implantação do eSocial

Dentre os inúmeros benefícios que serão trazidos com a implantação do


eSocial os de maior destaque são: a redução na burocracia e a facilidade de
fiscalização das empresas com relação as questões trabalhistas, tributárias e
previdenciárias.
Segundo (Pacheco e Kruger 2016, p. 13) o eSocial irá trazer para a sociedade
vários benefícios que são decorrentes da implantação e substituição do modelo de
envio das informações relativas ao trabalhador, nas quais se destacam:
37

a) Eliminação de papel com grande redução de custos. O eSocial impõe


o uso de mais espaços virtuais e menos físicos, visto que o armazenamento
de dados ocorre, em grande parte, em meio digital;
b) Substituição de diversas obrigações pelo eSocial, que vai proporcionar
uniformização das informações com grande redução de custos aos
contribuintes;
c) Automação no cumprimento das obrigações pelos contribuintes;
d) Segurança na transmissão dos dados, com adoção de processos
seguros de autenticação;
e) Unificação do padrão de cadastros de empregadores e empregados na
Receita Federal do Brasil, no Ministério do Trabalho e Emprego, no Instituto
Nacional do Seguro Social – INSS e na Caixa;
f) Rapidez no acesso às informações com possibilidade de recuperação
das mesmas a partir do ambiente nacional do eSocial;
g) Melhoria na qualidade da informação em poder do Estado para melhor
cumprimento do seu papel social nas áreas previdenciária e trabalhista;
h) Redução das fraudes que prejudicam os empregadores e contribuintes
que agem com lisura, especialmente em relação a concorrência desleal.
Melhoria do controle na concessão de benefícios previdenciários com vistas
ao combate às fraudes. (PACHECO E KRUGER, 2016).

Dentre os benefícios citados por Pacheco e Krugger (2016) acima, destacam-


se também:
i) Redução de erros com a transmissão da informação mais próxima do
acontecimento dos fatos;
j) Discussão sobre a integração das legislações previdenciária e
trabalhista;
k) Integração entre a escrituração fiscal das empresas e a sua declaração
de tributos incidentes sobre a folha de pagamento;
l) Construção do Portal do Trabalhador, a partir da forte integração
proporcionada pelo eSocial entre os órgãos de governo detentores das
informações necessárias ao mesmo, onde o cidadão teria à sua disposição
maior agilidade e transparência na obtenção de suas informações
previdenciárias, trabalhistas e as relativas à sua conta vinculada ao FGTS;
m) Inclusão social de trabalhadores que hoje estão à margem da
sociedade;
n) Aumento da arrecadação espontânea de contribuição previdenciária e
do Imposto de Renda Retido na Fonte, sem que haja aumento de alíquotas,
mas apenas aumentando o numero de contribuintes pela inclusão social;
o) Aparelhamento do estado para melhor combate aos ilícitos tributários;
p) Melhoria na comunicação do resultado da fiscalização entre os órgãos
de Estado, o que provocará resultados imediatos nas matérias exclusivas dos
demais órgãos partícipes do projeto eSocial, visto que o canal de alimentação
é único;
q) Melhoria do controle das políticas governamentais para distribuição de
renda e manutenção do emprego;
r) Contribuição para a redução do Custo Brasil. (PACHECO E KRUGER,
2016).

A partir do momento em que estiver em funcionamento, o governo poderá


fiscalizar melhor os empregadores, sendo assim os trabalhadores terão muito mais
garantias com relação aos seus direitos. (Rezende, Silva e Gabriel, 2016, p.26).
38

Além dos benefícios gerados acima, vale ressaltar também uma grande
vantagem que é a desburocratização devido ao novo modelo de envio das
informações, deixando de enviar vários documentos, em datas diferentes, para órgãos
diferentes, o que muitas vezes geravam multas, seja por atraso ou por não
transmissão das informações. (Tupinambá, 2014).

2.12 As dificuldades para a implantação do sistema eSocial

Toda grande mudança traz benefícios, porém também vêm as dificuldades. O


Sped Social trará consigo vários obstáculos a serem percorridos, dentre os inúmeros
são destacados a falta de cadastro em órgãos relacionados à folha de pagamento e
previdência, as divergências cadastrais dos empregados, dentre outros.
Para Benvilaqua, 2015, o ponto de maior dificuldade será o cultural, não
deixando de lado a implantação de novas tecnologias e programas, porém focar
somente em um software não será suficiente para resolver os problemas.
Uma pesquisa realizada pela PricewaterhouseCoopers (PwC) detecta que
mudar a rotina vigente nas organizações hoje será o principal desafio.

Segundo o levantamento, 30% das empresas pesquisadas apontaram a


mudança cultural como o tema em que haverá mais dificuldade de se lidar na
implantação do eSocial. Na sequência, aparecem os processos internos
(29%) e sistema e tecnologia (16%). "Uma parcela das empresas acredita
que somente colocar um software de folha de pagamento resolve. Isso é
preocupante, pois uma mudança cultural não passa apenas por aí. Essa é
uma visão simplista", destaca Fernando Giacobbo, sócio da PwC Brasil.
(SITECONTABIL, 2015).

Rezende, Silva e Gabriel, 2016, mencionam que a atualização ou aquisição de


softwares será a ação mais fácil para o processo de implantação, uma vez que já
existem no mercado inúmeros fornecedores que já vem atendendo a essa mudança
e que o que merece atenção será o treinamento e capacitação de pessoal, pois este
será o principal meio de ligação entre a coleta de informações e repasse aos
programas, para posterior envio aos órgãos responsáveis.
Para Pacheco e Kruger, 2015, os pontos de gargalo serão as inconsistências
cadastrais dos trabalhadores que devem trazer grandes transtornos, pois dados com
divergências na base de cadastro não poderão ser enviados. Para minimizar estes
39

transtornos será necessário que o empregado compareça ao órgão competente para


providenciar o ajuste ou atualização em seu cadastro.

2.13 Adaptação dos sistemas de informatização das empresas

Para Rezende, Silva e Gabriel, 2016, p.121, é preciso identificar os sistemas


envolvidos no processo do eSocial dentro da organização, ver se precisam ser
atualizados, se existe uma nova versão disponível, verificar se o fornecedor do
software possui uma solução que atenda o projeto etc.
O eSocial é projetado para todos os sistemas informatizados das empresas,
sendo assim não será necessário trocar os sistemas, más sim adaptá-los a nova
obrigação. (PACHECO E KRUGER, 2015, p,361).

Para Pacheco e Kruger, 2015, esse trabalho deve ser feito em 5 frentes:

a) Compatibilização das informações inseridas nos sistemas com as


exigidas pelo eSocial;
b) Alimentação dos sistemas com as informações necessárias;
c) Unificação das tabelas regionais, tornando-as corporativas, exceto a
tabela de rubricas;
d) Identificação individual dos empregados de forma inequívoca com a
criação de matrícula única na empresa;
e) Interação dos sistemas corporativos com o eSocial para transmissão e
recepção de informações.

Giacobbo, 2014, menciona que “para evitar autuações pelo descumprimento


das normas do eSocial, as empresas precisam se enquadrar ao novo modelo, já que
o desafio vai além do envio das informações. É preciso garantir a qualidade das
informações e manter a operação em total conformidade com a nova regulação”.
As principais fornecedoras de software já estão se adequando a nova realidade
do eSocial e já estão atualizando os seus sistemas, de acordo com as mudanças e
melhorias que o governo faz no projeto, assim as empresas e escritórios contábeis
terão todos os produtos necessários para que o eSocial funcione corretamente.
(REZENDE, SILVA E GABRIEL, 2016, p. 23).
40

3 METODOLOGIA

3.1 Classificações da pesquisa

3.1.1 Quanto aos objetivos

Com relação aos objetivos esta pesquisa pode ser considerada como
exploratória e explicativa.
A pesquisa exploratória, segundo Gil (2010) visa proporcionar maior
proximidade com o problema, na intenção de torná-lo mais preciso ou mesmo de
construir teorias. Esta pesquisa é exploratória pelo fato de ter explorado um tema atual
que não contempla muitas pesquisas e aprofundamentos.
De acordo com Vergara (2007, p. 47) a pesquisa explicativa tem como principal
objetivo esclarecer quais fatores contribuem de alguma forma para a ocorrência de
determinado fenômeno. Gil (2010) afirma que estas pesquisas são as que mais
aprofundam o conhecimento da realidade, pois tem a finalidade de explicar a razão, o
porquê das coisas. Esta pesquisa é classificada como explicativa, porque identificou
as mudanças tecnológicas que ocorreram na área contábil e verificou como os
contabilistas se prepararam para as mudanças ocorridas.

3.1.2 Quanto à abordagem do problema

Com relação à abordagem do problema esta pesquisa é classificada como


qualitativa e quantitativa.
De acordo com Knechtel (2014) a modalidade de pesquisa quantitativa pode
ser uma abordagem sobre um problema, social ou humano, que é baseada na
testagem de uma teoria composta de variáveis, quantificadas em números e que são
analisadas através de procedimentos estatísticos, com o intuito de determinar se as
generalizações previstas na teoria se sustentam ou não. Esta pesquisa é considerada
como quantitativa porque foram elaborados gráficos, gerados através de um
questionário para expor a opinião dos profissionais entrevistados acerca do tema
exposto.
De acordo com Strauss, Corbin (2008) Pesquisa qualitativa pode ser definida
como um tipo de pesquisa que produz resultados não alcançados através de
41

procedimentos estatísticos ou de outros meios de quantificação. A rigor não é utilizada


como opção preferencial por causa dos procedimentos qualitativos, mas sim devido à
dificuldade de se obter resultados quantitativos em determinados campos. Esta
pesquisa é qualitativa porque buscou descrever a experiência vivida pelos usuários
da contabilidade no processo de evolução tecnológica e buscou constatar se as
entidades investiram em capacitações para os seus colaboradores.

3.1.3 Quanto aos procedimentos

Quanto aos procedimentos esta pesquisa é classificada como bibliográfica e


estudo de caso.
Segundo Gil (2010, p.44) a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em
material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. São
apresentadas nessa pesquisa as bibliografias acerca do tema, que foram extraídas de
artigos, livros e pesquisas em materiais eletrônicos.
O estudo de caso conforme Gil (2010) consiste no estudo profundo e exaustivo
de um ou mais objetos de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.
É muito utilizado como delineamento de estudos contemporâneos dentro do contexto
real. Esta pesquisa se classifica como um estudo de caso, porque foram observadas
as inovações tecnológicas que ocorreram no cotidiano dos colaboradores.

3.2 Caracterização da organização / amostra

De acordo com Vergara (2010) “a amostra, ou população amostral é uma parte


do universo (população) escolhida segundo algum critério de representatividade.”
(VERGARA, 2011, p.52).
Deste modo a população alvo desta pesquisa foram os contabilistas, sejam
auxiliares, analistas, diretores ou contadores que trabalham em organizações
privadas. Foram entrevistados os colaboradores que atuam de 1 a mais de 10 anos
de experiência profissional, para que se tenha êxito na aplicação da pesquisa, tendo
em vista os impactos tecnológicos que estes vivenciaram nos últimos anos.
42

3.3 Coleta de dados

Na coleta de dados o leitor deve ser informado como pretende obter dados de
que precisa para responder ao problema. Não se esquecendo de correlacionar os
objetivos aos meios para alcançá-los. (VERGARA, 2013).
A coleta de dados foi realizada através de formulário virtual, desenvolvido
através do Google Formulários, que será disponibilizado através de link e
encaminhado via WhatsApp. Foi utilizado como método a aplicação de questionários.

3.4 Tratamento dos dados

Segundo Michel (2015) nesta seção o pesquisador relatará como pretende


tratar os dados, eles podem ser evidenciados através de métodos matemáticos
(gráficos / tabelas) ou através de técnicas estatísticas.
Serão avaliadas as principais dificuldades e impactos evidenciados pelos
profissionais da área contábil, bem como quais os objetivos e vantagens que a
contabilidade digital trouxe para todos os envolvidos. Para que se obtenha êxito será
necessário que além de treinamento, haja também o empenho de todos os setores da
organização, além de investimento em sistemas e softwares que sejam capazes de
produzir dados com confiabilidade, agilidade e segurança. Serão elaborados gráficos
para evidenciar as informações e os dados coletados.

3.5 Limitações da pesquisa

A metodologia proposta para a pesquisa tem possibilidades e limitações. De


acordo com Vergara (2013, p. 61) o pesquisador deve explicitar quais as limitações
que o método escolhido para a pesquisa oferece, mas que ainda assim o justificam
como o método mais adequado aos propósitos da investigação.
Abaixo constam as principais limitações dessa pesquisa:
• Princípio da neutralidade científica: a opinião do autor não poderá
interferir nos resultados da pesquisa.
• Dificuldade para coletar os dados, pode ser que alguns dos
entrevistados não disponibilizem todos os dados solicitados para a
realização da pesquisa.
43

4 DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com o intuito de apurar sobre a evolução da contabilidade da forma tradicional


para uma contabilidade digital nos dias de hoje em todo o seu processo de geração
de informação, foi desenvolvido um questionário que foi aplicado para profissionais de
contabilidade.
Foram desenvolvidas dezessete perguntas e foram coletadas sessenta e sete
respostas com o intuito de apresentar quais foram as percepções dos efeitos da
tecnologia praticada na profissão contábil no ponto de vista dos usuários da
contabilidade. Foi observado na análise dos resultados que os profissionais estão
preparados e capacitados para este novo modelo e realidade tecnológica nos
desempenhos de suas funções.
Verificou-se ainda que foram necessários investimentos em novas tecnologias,
bem como cursos e treinamentos para capacitar os colaboradores acerca desta nova
realidade.
Foram destacadas também dificuldades no processo de implantação e
aperfeiçoamento da Contabilidade Digital que podem se tornar um grande desafio de
agora em diante, entretanto os profissionais se mostram confiantes de que podem
gerenciar todos os desafios que a transformação digital pode proporcionar.

Gráfico 1: Idade dos participantes

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.


44

Conforme demonstrado no gráfico acima, percebe-se que a grande maioria dos


entrevistados está acima dos 35 anos de idade, cerca de 56% dos entrevistados. Com
base nestes dados é possível notar que estas pessoas estão há mais tempo no
mercado de trabalho e que de certa forma podem ter sofrido com os impactos
tecnológicos, uma vez que por se tratar de algo recente, demandou um esforço e
compreensão maior para conseguir se inserir neste novo mercado, ao passo que 43%
apresentam um perfil mais jovem e naturalmente já inseridos mais facilmente neste
novo modelo de atuação.
No gráfico seguinte foi abordado sobre o gênero dos entrevistados e nota-se
uma mudança em relação a anos atrás, onde o mercado contábil era
predominantemente ocupado por homens. A partir deste gráfico é possível notar que
52% dos entrevistados são do gênero feminino, ao passo que o gênero masculino
representa 47%.

Gráfico 2: Gênero dos participantes.

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

A seguir foi observado o nível de escolaridade dos participantes.


Com base no gráfico 3 nota-se que 84% dos entrevistados possuem formação
superior, sendo que 39% destes já realizaram pós-graduação. Cerca de 9% ainda não
concluiu a graduação e 3% são técnicos ou mestres.
45

Gráfico 3: Qual é o seu nível de escolaridade?


30
26

6
2 2
1
3% 9% 3%
1% 45% 39%

Ensino Médio Técnico Superior Superior Pós graduação Mestre


incompleto completo

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

Gráfico 4: Cargo ocupado na empresa

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

Com relação ao gráfico 4 é possível perceber que aproximadamente 73% dos


entrevistados ocupam cargos que fazem parte da rotina diária dos escritórios de
contabilidade, sendo 41,8% do setor contábil, 22,4% do setor fiscal e 9% do setor de
departamento pessoal, todos estes setores que sofreram grandes mudanças em seus
processos.
A seguir foi perguntado aos participantes o tempo de experiência profissional.
46

Gráfico 5: Há quanto tempo atua nessa profissão?

Acima de 16 anos 29,85% 20

10 a 15 anos 25,3% 17

7 a 9 anos 16,4% 11

4 a 6 anos 12% 8

1 a 3 anos 10,45% 7

Há menos de 1 ano 6% 4

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

Com base nessas informações é possível notar que sete dos sessenta e sete
entrevistados possui entre 1 e 3 anos de experiência, em seguida é possível identificar
dezenove participantes entre 4 e 9 anos de atuação, tendo vivenciado pouco da
contabilidade convencional, ao passo que mais da metade dos entrevistados possui
10 ou mais de 16 anos de vivência, tendo experimentado a forma convencional e a
tecnológica, fator que demanda mais dificuldade de inserção nessa modalidade digital.

Gráfico 6: Conhecimento em informática

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.


47

Acima foi perguntado sobre o nível de conhecimento dos participantes com


relação à informática e com base nestes dados foi possível notar que 24 dos 67
participantes consideram serem bons em informática, em seguida 19 entrevistados
alegam serem muito bons e 7 dominam totalmente o quesito, fator este preponderante
para conseguir entender os avanços com mais agilidade e domínio de ferramentas
tecnológicas.

Gráfico 7: Recursos utilizados para o desempenho da função

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

No gráfico 7 foi perguntado quais as ferramentas tecnológicas mais utilizadas


no dia-a-dia para o desempenho das funções, deixando aberto para marcarem mais
de uma opção.
Nota-se que praticamente todos os entrevistados utilizam-se de e-mail,
ferramenta que segue com a sua vida em plena funcionalidade, em seguida os
recursos com mais utilização foram as plataformas em nuvem e WhatsApp, essas
novas modalidades tecnológicas de envio de dados e documentos. Importante notar
que ferramentas como o Skype e Chats ainda são explorados por boa parte dos
entrevistados.

Abaixo foi perguntado no gráfico 8 sobre o que é a Contabilidade Digital.


48

Gráfico 8: Para você, o que é Contabilidade Digital?

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

Considerando o gráfico acima foi possível constatar que cerca de 49% dos
entrevistados acreditam que a Contabilidade Digital é uma integração entre clientes e
contador através de sistemas informatizados, sendo que 19,4% acreditam que a
contabilidade digital é uma forma de sistemas informatizados. Outras onze pessoas
afirmam ser um modelo online de escrituração, enquanto que seis de sessenta e sete
entrevistados acreditam ser um maior controle no armazenamento de dados.

Gráfico 9: Como é feito o processo de escrituração?


49

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

Observa-se no gráfico 9 que a grande maioria dos entrevistados se utiliza de


Sistemas ERP’s para a escrituração contábil. Nessa opção foi dada a possibilidade de
marcar mais de uma possibilidade. Nota-se que onze participantes já se utilizam de
site próprio desenvolvido, enquanto outros 13 utilizam-se de plataformas em nuvem,
ou seja, ambos representam cerca de 36% do total que já se utilizam de plataformas
tecnológicas atuais e inovadoras para o processo de escrituração.
A seguir os entrevistados foram indagados sobre como o profissional contábil
deve se preparar para se adaptar ao novo modelo de contabilidade. Para 74% dos
participantes é primordial que o profissional tenha domínio em informatização. Outros
15% acreditam que é necessário ter o conhecido em SPED Contábil e Fiscal.

Gráfico 10: Na sua visão, como o profissional contábil deve se preparar para
se adaptar aos novos modelos de contabilidade?

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

No gráfico 11 os participantes foram perguntados sobre a necessidade de


treinamento nos setores da contabilidade.
50

Gráfico 11: Foi necessário treinamento e aperfeiçoamento de todos os


setores do seu escritório de contabilidade?

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

Para 49 entrevistados a resposta foi que sim, houve necessidade de


treinamento e aperfeiçoamento de todos os setores, enquanto que 4 participantes
disseram que não foi necessário treinamento para todos os setores. Outros 14 não
souberam informar se todos os setores necessitaram de treinamento. É possível notar
que a evolução da contabilidade para a forma digital demandou sim treinamento e
aperfeiçoamento dos profissionais da área.
51

Gráfico 12: Em sua opinião, quais as dificuldades encontradas para se


adaptar ao modelo de contabilidade digital?
Custos altos para implantação
desistemas informatizados
1; 1,5%
Mão de obra qualificada
1; 1,5%

Treinamentos pouco eficientes


16; 24%

Adaptação dos clientes a este


novomodelo
30; 45%
Possibilidade de redução
noshonorários
16; 24%
Mudança de paradigma, cultura e
3; 4% importância se informatizar as
informações contábeis
Todas as afirmações

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

Acima no gráfico 12 os participantes responderam sobre as dificuldades


encontradas para se adaptarem ao modelo de contabilidade digital. Para trinta de
sessenta e sete entrevistados a grande dificuldade está na adaptação de seus clientes
para este novo modelo, ao passo que a contabilidade sofre mudanças, seja em
treinamentos para a recepção de documentos, formas de escrituração e envio de
informações, os clientes também necessitam se enquadrar nesta nova realidade e
passarem a andar lado a lado com os escritórios de contabilidade.
Nota-se também que boa parte dos entrevistados, cerca de 24% acredita que
encontrar mão de obra qualificada é um fator que dificulta a implantação tecnológica,
também afirma outros 24% que os custos de implantação destes novos sistemas
dificultam no processo de migrar para este modelo de contabilidade digital.
52

Gráfico 13: Em sua opinião, a contabilidade digital aperfeiçoou a prestação


de serviços dos escritórios de contabilidade?

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

No gráfico 13 os participantes responderam sobre a percepção de


aperfeiçoamento que a contabilidade digital trouxe para os escritórios de contabilidade
e para 55 dos entrevistados a resposta foi que sim, houve aperfeiçoamento na
prestação dos serviços, ao passo que nove não souberam opinar e apenas 3
participantes afirmaram que não houve aperfeiçoamento dos serviços.
No gráfico 14 a seguir os participantes foram perguntados a respeito sobre a
necessidade de existirem mais cursos de aperfeiçoamento em contabilidade digital e
94% dos entrevistados acha necessário mais cursos voltados para a área da
contabilidade digital para os profissionais da contabilidade, ao passo que 4,5%
acredita que os cursos disponíveis no mercado são suficientes e apenas 1,5% não
acha necessário mais cursos para aperfeiçoamento.
53

Gráfico 14: Você acha necessário mais cursos de aperfeiçoamento para


contadores em contabilidade digital?
70
63

60

50

40

30

20

10
1
3
0
Sim Não Os que existem no mercado
são suficientes

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

Gráfico 15: Os benefícios da contabilidade digital para as empresas

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

No gráfico 15 os participantes responderam sobre os benefícios que a


Contabilidade Digital pode trazer para as empresas, neste gráfico foram abertas
múltiplas opções de respostas e nota-se que boa parte dos entrevistados acredita na
54

agilidade da apuração dos resultados como um grande benefício. Entretanto todas as


respostas obtiveram quantidade significativa de marcações em todas as opções,
dando a entender que todas as opções são vistas como benefícios para as empresas.

Gráfico 16: Você acredita que o Contador passará a ter um papel mais
consultivo no modelo de contabilidade digital?

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

No gráfico 16 foi perguntado aos participantes se acreditavam em um papel


mais consultivo do contador com a contabilidade digital. Para sessenta e um de
sessenta e sete entrevistados o contador passará sim a ter um papel mais de consultor
com a chegada da contabilidade digital. Anteriormente o profissional dedicava grande
parte do seu tempo em diversas atividades ao mesmo tempo, gastando um tempo
grande para estruturar documentos, escriturar e registrar os fatos contábeis nos
órgãos.
Hoje com a contabilidade digital o processo passou a ser mais ágil e este ganho
de tempo possibilita ao profissional a se dedicar mais em prestar consultoria e
melhores orientações para os seus clientes.
Abaixo no gráfico 17 os participantes responderam sobre a contabilidade da
forma tradicional deixar de existir.
55

Gráfico 17: Você acredita que o modelo de contabilidade antigo será


totalmente substituído pelo modelo digital?

Elaborado pelo autor segundo dados da pesquisa, 2022.

Aproximadamente 62% dos entrevistados acreditam que o modelo tradicional


deverá ser totalmente substituído pelo modelo digital, enquanto que 34% não acredita
que será totalmente substituída.
56

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa buscou analisar como se deu o processo de adaptação dos


profissionais de contabilidade com relação às inovações tecnológicas que a
contabilidade sofreu nas últimas décadas e quais as inovações tecnológicas que
ocorreram neste período. É sabido que o mercado atual vem exigindo cada vez mais
agilidade e dinamismo por parte dos colaboradores e gestores e com base nisto é
preciso estar cada vez mais atualizado e capacitado para atender a todas essas
demandas, além é claro da necessidade de investimento em novas tecnologias.
Com intuito de compreender o tema em questão, primeiramente foi explorado
sobre a história da contabilidade e sua evolução ao longo dos anos de forma breve e
posteriormente abordou-se sobre a contabilidade digital, destacando as fases de
implantação das principais inovações tecnológicas em que a contabilidade vivenciou
e ainda vivencia.
Para entender a percepção dos profissionais contábeis, foi elaborado um
questionário e aplicado para empregados e gestores proprietários e os resultados
foram apresentados em forma de gráficos, feitos em Excel para uma melhor
percepção da pesquisa.
Os profissionais relataram que foram sim encontradas dificuldades para se
adaptarem às inovações tecnológicas que o setor vem passando, entretanto são
desafios superáveis ao passo em que o aperfeiçoamento vem acompanhando essas
inovações.
Uma vez que a execução do trabalho contábil antes deste processo evolutivo e
tecnológico se dava de forma morosa, seria necessário realizar investimentos em
capacitação tecnológica, softwares inteligentes e sistemas integrados para atender
com efetividade e agilidade as demandas exigidas e neste sentido a grande maioria
dos entrevistados afirmou que foi necessário fazer investimento em capacitação
tecnológica e manter-se em dia com as obrigatoriedades.
Percebeu-se que os profissionais estão cada vez mais adaptados a essa nova
realidade a qual se inserem, pois, além de investimento tecnológico, investiram
também em aperfeiçoamento e treinamentos para utilizar-se das ferramentas
disponíveis, os entrevistados concordam ainda que a tecnologia auxilia e facilita a
execução do trabalho de forma geral, abrindo espaço ainda para que o contador
57

assuma um papel mais consultivo perante as organizações, auxiliando melhor nas


tomadas de decisões.
Em relação as vantagens que este modelo tecnológico de contabilidade pode
proporcionar, os resultados da pesquisa apontam que os processos automatizados da
contabilidade proporcionam maior agilidade, segurança das informações e
possibilidade de acesso em tempo real das informações de quaisquer lugares,
dependendo apenas de acesso à internet.
Portanto conclui-se que esta pesquisa teve os seus objetivos alcançados pois
contribuiu de forma significativa para demonstrar a importância de o profissional
contábil manter-se sempre atualizado e antenado às mudanças tecnológicas para que
não percam espaço e caiam em ociosidade, tornando-se primitivo no mercado, pois a
tendência é que cada vez mais os escritórios contábeis tornem-se mais tecnológicos
e informatizados.
Recomenda-se que sejam realizadas mais pesquisas acerca do tema em
questão e que possa ser abordada a percepção dos clientes e usuários da
contabilidade sobre a necessidade de acompanharem também as tecnologias
disponíveis para facilitar a troca de informações. Uma outra hipótese seria pertinente
um estudo semelhante envolvendo profissionais de órgãos competentes pela
regulação da atividade contábil para buscar elucidar os principais obstáculos
encontrados com relação a temática deste estudo.
58

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