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iTecnologia
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. .o
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A prática da aprendizagem por projetos


em três óticas distintas

Leandra Martins de Oliveira 1


Paulo Cezar Santos Ventura 2

Esse artigo apresenta o trabalho com projetos concretizado em três propostas no âmbito educacional belo-
horizontino. Partindo de uma conceituação histórica do termo “projeto”, descrevemos e contextualizamos três
experiências que escolheram a metodologia de projetos para nortear sua prática educativa e fazer dos seus
ambientes de aprendizagem espaços mais prazerosos, envolventes, produtivos, formadores de cidadãos críticos
e participativos. Assim objetivamos contribuir com os estudiosos do tema reconhecendo na pedagogia de projetos
um caminho inovador para o processo ensino-aprendizagem, diminuindo a lacuna entre projetos e conteúdos
curriculares.

PALAVRAS-CHAVE: PEDAGOGIA DE PROJETOS;


AMBIENTES DE APRENDIZAGEM;
PRÁTICAS EDUCATIVAS.

1 INTRODUÇÃO res: a busca fervorosa de alternativas de ensino mais aber-


tas e próximas dos alunos. Nesta corrida, a pedagogia de
projetos tem sido uma expressão constantemente presente
no âmbito escolar, refletindo os anseios (já bem antigos) de
uma educação libertadora.
Está constantemente em pauta nas discussões educa- Este artigo aborda estudos e observações sobre a práti-
cionais o perfil do sujeito que as escolas precisam formar numa ca da pedagogia de projetos em três ambientes de aprendiza-
sociedade globalizada e mutável como a nossa. Tornou-se exi- gem de duas instituições escolares da cidade de Belo Horizon-
gência a formação do sujeito crítico e consciente de seu papel te, bem como as intencionalidades educativas de sua aplicação.
nas mudanças sociais que ocorrem a cada segundo. O adven- Tem por objetivo apresentar experiências concretas de uma
to de novas tecnologias de comunicação e informação, que se proposta que há muito tempo está presente no ideário dos
posicionam como mediadores entre o sujeito e o saber, instiga educadores progressistas. Apresentamos também uma evolu-
um novo olhar para o processo ensino-aprendizagem que já ção histórica do conceito de projetos e, em seguida, elucidamos
não se satisfaz apenas com o conhecimento transmitido pelo a prática de projetos na META – Mostra Específica de Trabalhos
professor, mas construído pelos alunos a partir de suas rela- e Aplicações, no LACTEA – Laboratório aberto de Ciência
ções com a cultura, a ciência e a tecnologia. A educação “ban- Tecnologia e Arte e na Escola Plural, três experiências que ousa-
cária” (FREIRE, 1987) perde seu espaço para a formação do ram transformar seus ambientes de aprendizagens para, final-
sujeito global, investigador, curioso, autônomo e responsável mente, concluirmos sobre o estudo realizado.
pela sua aprendizagem.
Temos então a redefinição do papel de três impor-
tantes agentes no contexto educacional: o conhecimento,
tido como bem de valor; o sujeito, principal responsável
pela construção do seu saber e o professor, mediador entre
2 HISTÓRIA DA PEDAGOGIA DE PROJETOS NA EDUCAÇÃO
os dois primeiros. Esta redefinição atribui ao processo ensi-
no-aprendizagem características inovadoras: participação
ativa dos alunos no planejamento e execução de suas ativi-
dades, utilização de novos recursos de ensino, concepção As exigências da educação neste século apontam
do professor pesquisador e eterno aprendiz, a ênfase na para o desenvolvimento de uma aprendizagem onde os alu-
participação da família na formação dos alunos. Nota-se nos sejam desafiados a pensar/refletir e a propor soluções
então o desafio que se coloca diante das instituições escola- para questões e problemas contemporâneos. A escola, con-

1 Docente e supervisora pedagógica na rede municipal de ensino de Ibirité - Especialista em Educação Tecnológica - CEFET-MG; Mestranda em Educação Tecnológica - CEFET-MG - Av.
Amazonas, 7675 - 30510000 - BH/MG.
2
Professor dos Cursos de Especialização e de Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET-MG, LACTEA/CEFET-MG - Av. Amazonas, 7675 - CEP.: 30.510-000 - BH/MG.

Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v.10, n.2, p.22-28, jul./dez. 2005


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cebida como local de produção de conhecimento, também EUA e foi estendido a toda educação básica e escola secun-
é des af ia da a rom p er c om as b as es ca lc ad as n o dária. Neste contexto, surge um forte movimento reformis-
tradicionalismo através da interação com novas formas de ta que se opunha ao treinamento manual baseado nas exi-
saberes e novos meios disponíveis para a busca de aprendi- gências do trabalho e do estudo. John Dewey, importante
zagem significativa. filósofo e maior representante do pragmatismo na educa-
Neste contexto, a aprendizagem por projetos tem ção americana, foi o principal expoente deste movimento e
sido ressaltada em muitas bibliografias que se propõem a defendia o treinamento baseado nos interesses e na experi-
discutir um novo retrato para os ambientes de ensino-apren- ência da criança, com igual valorização de criatividade e
dizagem. Por seu caráter integrador, construtivo e dinâmi- habilidades técnicas. O termo projeto começa então a ser
co a pedagogia de projetos norteou a prática pedagógica de utilizado amplamente entre professores americanos, sendo
três experiências distintas que buscaram a construção do visto como método de educação progressista. Em seu livro
conhecimento através da problematização da realidade. São The Project Method, William Heard Kilpatrick, (1918 apud
elas: a META (Mostra Específica de Trabalhos e Aplicações) KNOLL, 1997) filósofo da educação e colega de Dewey, pro-
e o LACTEA (Laboratório Aberto de Ciência, Tecnologia, cura fazer uma redefinição do conceito de projeto, apoian-
Educação e Arte), ambas iniciativas ligadas ao CEFET-MG, e do a teoria da experiência de Dewey, mas fortemente influ-
a Escola Plural, iniciativa da Rede Municipal de Ensino de enciado pela psicologia da aprendizagem, o que levou no
Belo Horizonte. século XX a uma psicologização do método de projetos,
Estas experiências configuram-se na concretização caracterizando-o como ato intencional sincero do estudan-
de um discurso que vem evoluindo e ganhando diferentes te , v aloriz a nd o a lib erda de d e a çã o dos a lu nos e
abordagens desde suas origens mais remotas que, segundo desvinculando-o completamente de matérias ou áreas espe-
Knoll (1997), datam dos séculos XVI e XVII, quando se ob- cíficas. Tal conceito foi fortemente criticado por educado-
serva o início do trabalho com projetos em escolas de ar- res progressist as. D ewey (1938 a pud KNO LL, 1997),
quitetura na Europa. Desde então, a trajetória do trabalho centrou sua crítica em dois aspectos: não aceitava o proje-
com projetos ao longo da história demonstra aspectos sin- to como empreendimento apenas do aluno, ressaltando a
gulares de cada experiência vivida, mas complementares importância da iniciativa conjunta de professor e aluno;
entre si, mesmo que situadas em instituições ou épocas dis- não admitia a idéia vaga de atividade intencional, valorizan-
tantes. Para que possamos entender este caráter evolutivo do o planejamento e o papel do professor no direcionamento
da pedagogia de projetos e assim compreender discussões das ações dos alunos. A oposição conceitual entre Dewey e
e práticas recentes em torno do tema, como aquelas realiza- Kilpatrick trouxe de volta o conceito tradicional de ativida-
das nos três ambientes de aprendizagem citados acima, fa- de construtiva, enfatizando o projeto como um entre mui-
remos uma pequena viagem no tempo e no espaço situando tos métodos de ensino.
sua história na educação, conforme Higino (2002) apre- Com a diss em inaçã o no cont ex to Europeu, a
senta em seu trabalho. conceituação de metodologia de projetos acaba sendo
A aparição do termo projeto no contexto educacio- divulgada equivocadamente como de autoria conjunta en-
nal pode ser observada no século XVI e XVII nas academias tre Dewey e Kilpatrick. Sendo assim, o método de projetos,
de arte de Roma e Paris para nomear desenhos dos alunos na visão desses dois filósofos, são tidos como a base para a
que participavam de competições complementares às au- luta por uma educação progressista tanto na Europa impe-
las, atividades essas que gradativamente foram conjugadas rialista como no Brasil, que iniciou a discussão em torno da
ao progresso por mérito acadêmico, colocando no foco da pedagogia de projetos na década de 1930, com Anísio
formação a aprendizagem por projetos. Já no século XIX a Teixeira e Lourenço Filho, ambos idealistas da Escola Nova.
aprendizagem por projetos é transplantada da Arquitetura Desde então, o movimento tem sido re-interpretado por
para o ensino de Engenharia, e da Europa para a América, d iv ersos au t ores , proc ura nd o su pe ra r o c on ce it o
sofrendo grande influência na forma de utilização e nas reducionista de metodologia interessante para se trabalhar
justificativas teóricas. Buscava-se a formação do engenhei- os conteúdos sistematizados, valorizando o processo
ro que aliasse teoria e prática, permitindo ir do projeto à educativo. Nesta visão situamos a criação da META, do
construção (a obra) e englobando o ato completo da cria- LACTEA e da Escola Plural, três experiências complementa-
ção. Este ponto de vista, idealizado por Stillman H. Robinson res da linha histórica da pedagogia de projetos.
(KNOLL, 1997), chocava-se com a formação do engenheiro O início da META em 1978 é o marco para a realiza-
científico valorizada em outras instituições, acabando por ção de projetos de trabalhos práticos numa instituição téc-
colocar Robinson em situação de isolamento. nica. Os trabalhos eram realizados em atividades extraclasse
O gasto de muito tempo ao estudo e à pesquisa era o e partiam da iniciativa dos alunos, sem orientação específi-
problema na formação proposta por Robinson. Buscando ca de algum professor (WANDERLEY, 1999). Este procedi-
superá-lo, professores da Universidade de Washington pro- mento aproxima os trabalhos da META com as idéias de
puseram deslocar o treinamento em habilidades manuais para Kilpatrick de que o projeto se concebe no ato intencional
o nível secundário, onde os alunos trabalhavam em oficinas sincero do estudante (KNOLL, 1997). Desde de sua criação
de carpintaria, tornearia, forja, fundição e maquinaria, rece- a META vem resignificando sua proposta através da ação-
biam instruções de como lidar com as ferramentas técnicas, reflexão que o trabalho com projetos instiga.
realizavam projetos independentes ao final de cada unidade O LACTEA nasceu em 1995 e
de ensino e ano escolar. Esse ciclo de formação, resumido no
“[...] se constitui em um espaço permanente para incentivar
lema da “instrução à construção”, culminava ao final do ter- a investigação livre e o desenvolvimento de projetos e trabalhos
ceiro ano em um projeto de graduação. práticos por parte dos alunos, mediante a orientação de um
Este treinamento manual ganhou apoio em todo os corpo de professores” (WANDERLEY, 2001).

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Materializa-se como um ambiente de desenvolvimen- balho, além de desenvolver habilidades de comunicação e


to de projetos pelos estudantes que participam de todas as estimular o respeito a diversas idéias e concepções. Numa
etapas – da idéia inicial à apresentação pública. sociedade que tem nos levado a relações individualistas,
A criação da Escola Plural, em meados da década de onde as pessoas se preocupam somente com sua vida, esta
90, se configurou num grande passo dado nas escolas mu- proposta socializadora de trabalho instiga os componentes
nicipais de Belo Horizonte, fruto dos reflexos do movimen- do grupo a construírem relações baseadas na cooperação,
to de renovação pedagógica iniciado no Brasil, instigando no diálogo, colaboração entre seus agentes. Estamos falan-
fortes debates sobre os rumos da pedagogia de projetos. do aqui de alunos que levam esta forma de trabalhar para
Tal iniciativa propunha a resignificação do espaço escolar além da META, para outras situações que não sejam exclusi-
incluindo-se vamente escolares, para novas experiências de vida.
O professor orientador dos grupos é o mediador
[...] em um projeto de formação ativa, onde os processos de que acompanhará as participações dos aprendizes. Tal tra-
conhecer e intervir no real não se encontrem dissociados. balho exige muita dedicação, envolvimento deste agente
Para isso, é preciso incluir, como direito à educação, o direito
a aprender de maneira ordenada e sistemática o conjunto de tido como ponto de apoio dos alunos, ajudando-os a supe-
formas básicas e coletivas de agir, de enfrentar problemas, de rarem os desafios e dificuldades diversas. A importância da
construir a cidade, de reproduzir a existência, de traduzir a participação do orientador na construção dos trabalhos
ciência em tecnologia. O direito a saber fazer, a saber
práticos, bem como de todos os professores que se dispõe
conviver (SMDE, 1994, p.29-30).
a realizar qualquer projeto, se contrapõe à visão equivoca-
Passemos agora ao conhecimento dos processos de da de que o professor perde seu espaço na metodologia de
trabalho com projetos nas três experiências referidas acima. projetos porque somente o que é trazido pelos alunos se
c on st it ui e m a pren diza ge m s ig nifi ca tiv a. Q ua lq ue r
metodologia que faz calar a voz de algum dos agentes, sub-
metendo-o a mera execução de tarefas pré-determinadas
por outros não se inclui na pedagogia de projetos.
A escolha do tema é feita pelos alunos que irão se
3 TRÊS EXPERIÊNCIAS, TRÊS ÓTICAS
valer da experiência de vida de cada componente, dos con-
teúdos estudados ao longo do curso, da história do grupo,
de projetos estudados anteriormente, das colocações feitas
pelo orientador. A necessidade de pesquisa na escolha do
tema conduz os grupos a consultarem livros, internet, jor-
3.1 META – Mostra Específica de Trabalhos e Aplicações nais, sugestões pessoais, etc., que ajudará no embasamento
teórico dos trabalhos apresentados. As informações adqui-
ridas pelos alunos no ato desta pesquisa deverão ser con-
trastadas, analisadas, selecionadas de acordo com sua rele-
vância para aplicabilidade do projeto. Isto os leva a uma
A META, feira de ciências realizada pelo CEFET-MG
at ividade de leitura crítica, global e não meram ente
(atualmente nos anos ímpares), é um bom exemplo para
decodificadora. E a pesquisa, reduzida muitas vezes nas ins-
percebermos as dimensões ilimitadas que a pedagogia de
tituições escolares à cópia de trechos de livros ou páginas
projetos alcança na educação, superando o aspecto físico e
impressas da internet, adquire um caráter acadêmico, pois
curricular das instituições de ensino, redefinindo ambien-
precisa ser um estudo teórico-científico com um mínimo
tes e tempos de aprendizagem que vão além das paredes
razoável de profundidade e o resultado desse estudo deve
das salas de aula, além dos muros da escola.
ser apresentado publicamente no dia da Mostra.
Segundo Higino (2002) desde de sua criação, em
Os grupos têm o tempo de 1 (um) bimestre letivo
1978, a história da META foi marcada por momentos de para pesquisar, desenvolver e apresentar o trabalho esco-
sucessos e fracassos, refletindo o caminho árduo que esta lhido. Essa determinação cronológica é primordial para que
proposta de feira de ciências percorreu para se consolidar o projeto não perca seus objetivos ao longo do tempo, tor-
como um espaço de aprendizagens múltiplas, indo desde o nando-se cansativo e desinteressante para seus co-autores.
aspecto técnico até o sócio-afetivo propiciado pelos proje- Assim, cada um já ciente do t empo oferecido para a
tos de trabalhos práticos. Aliás, é justamente pela verifica- idealização e concretização do projeto, torna-se viável a
ção do desenvolvimento viabilizado pelos projetos que a determinação do cronograma das etapas prescritas. Esse
META teve um novo alento após um período de dúvidas e ritmo de desenvolvimento, constantemente observado pelo
incertezas, e ganha, a cada mostra, a credibilidade de ser professor orientador, exige do grupo uma combinação de
um ambiente inovador onde se é possível aprender com interesse, motivação, compromisso.
criatividade, atividade, construção e pesquisa. A apresentação da META ocorre em forma de Feira
Os projetos e trabalhos práticos na META são reali- de Ciências e conta com estandes dos trabalhos desenvolvi-
zados por grupos de 4 alunos, oriundos dos cursos do dos pelos grupos inscritos, por professores, funcionários e
CEFET-MG contando com a participação de um professor ex-alunos. Terem os seus trabalhos expostos a um público
orientador escolhido pelos mesmos. Os trabalhos são clas- diversificado provoca grande mobilização dos alunos. Além
sificados em Didáticos, Construtivos, de Investigação e de de todo o esforço dispensado durante a preparação do tra-
Software, de acordo com o objetivo a que se propõem1 . A balho, no momento da apresentação eles têm que se preo-
participação e constante diálogo entre o grupo e deste com cupar com a produção de um texto coletivo e explicativo,
o orientador são fatores primordiais para o sucesso do tra- contendo a descrição do trabalho, seus objetivos, sua fun-

Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v.10, n.2, p.22-28, jul./dez. 2005


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damentação teórica. Na elaboração deve-se ter em vista a ratório é integrar técnicas e disciplinas, contribuindo para
garantia de sua clareza, coerência, e credibilidade, possi- aproximar a Arte e a Ciência dos alunos e professores (LIMA,
bilitando a compreensão dos visitantes sobre os projetos 1994). Tem como objetivo primordial segundo Ventura
apresentados. (2002, p. 36-37)
Por serem projetos desenvolvidos no âmbito esco-
lar que objetivam não exclusivamente a sua apresentação [...] contribuir para uma capacitação tanto técnica quanto
humanística dos alunos da instituição, através do estímulo
na META, mas o desenvolvimento da criatividade, da capa- ao desenvolvimento de projetos científicos e tecnológicos voltados
cidade de pesquisa, a avaliação destes projetos acontece à apresentação de objetos técnicos e produtos.
em várias instâncias, abrangendo as disciplinas do curso do
aluno e a própria META. Nessa, a avaliação é feita por co- As diretrizes metodológicas que regem os projetos
missões julgadoras (professores, visitantes e os próprios de trabalhos práticos apresentados na META são basica-
alunos são convidados a participar como avaliadores) que mente as mesmas do LACTEA (BELO HORIZONTE, CEFET-
analisam a escolha do tema, o desenvolvimento do traba- MG, 1994). Sua característica enquanto laboratório aberto
lho, os materiais utilizados, sua apresentação, abordagens permite que alunos, professores, funcionários, ex-alunos e
didáticas, recursos visuais, etc. ex-professores do CEFET desenvolvam projetos previamen-
As relações sócio-afetivas vivenciadas nos momentos de te aprovados pelo Colegiado Acadêmico, desde que respei-
preparação e apresentação da META, bem como os resultados al- tada as seguintes restrições previstas nas normas de funci-
cançados são fatores de suma importância para esta experiência. O onamento e ação do LACTEA (BELO HORIZONTE, CEFET-
trabalho com projetos potencializa habilidades muitas vezes aprisio- MG, 2003, art. 9º):
nadas no cotidiano de aulas expositivas, no livro (ou apostila) didá- a) envolver alunos do CEFET;
tico, nas avaliações por provas e exercícios. Os alunos aprendem a b) prever o desenvolvimento de um produto de na-
ser gestores, comunicadores, construtores, pesquisadores, autôno- tureza científica, tecnológica e/ou artística;
mos e responsáveis no seu processo de aprendizagem. Wanderley c) ser coordenado por um professor da Instituição.
(1999) registra o depoimento de alunos participantes de META onde O LACTEA se configura num espaço dinâmico,
colocam as sensações e acréscimos que esta experiência lhes pro- interdisciplinar e acolhedor de novas idéias e perspectivas
porcionou. Os ganhos, no entanto, se perpetuam nas esferas profis- q ue m uita s v ez es “m or re m” p or fa lt a d e ap oio e
sionais e acadêmicas de muitos, que puderam vivenciar na sua for- credibilidade. O Laboratório dispõe em suas dependências
mação escolar a sensação de poder construir seu conhecimento os recursos (humanos e materiais) – ainda que precários –
interagindo-o com outros colegas e com o próprio orientador. Pode- para a realização de projetos que vêm sendo divulgados em
mos verificar isto em Wanderley (1999 p. 52): diversos eventos de âmbito regional e nacional. A participa-
“Depoimentos de ex-alunos participantes da META,
ção dos alunos é marcante: da concepção inicial à apresen-
atualmente já profissionais, estudantes de graduação ou em tação pública existem situações onde empenho e dedicação
estágio curricular vêm referendar não apenas o aspecto lúdico e são a principal garantia do bom desenvolvimento do proje-
afetivo da META, segundo a maioria deles inesquecível, mas to. O laboratório conta com os alunos bolsistas que auxili-
também o significado desses trabalhos em suas vidas, enquanto
experiências no desenvolvimento de projetos, possibilidades de am na coordenação do laboratório, dos trabalhos além de
estruturar e cumprir cronogramas, executar estudos bibliográficos desempenharem diversas e importantes funções que visam
e coleta de dados, de trabalhar em grupo e estabelecer relações de o crescimento do LACTEA.
parceria, além da visão de uma Ciência aplicada.” Os interessados devem preencher o Formulário de Des-
O valor da META não se resume na qualidade e no crição do Projeto3 , explicitando título, resumo, equipe envolvida,
nível de sofisticação dos trabalhos apresentados. A META não objetivos propostos, justificativa, cronograma de atividades, a situ-
é um fim em si mesmo (depois dos trabalhos expostos e reco- ação em que se encontra o projeto e o orçamento. Assim já desen-
lhidos, estaria tudo acabado), pois seu valor está na semente volvem capacidades de organização lógica em produção de texto.
plantada na formação de cada aprendiz. A transposição dos Uma vez aprovado, os solicitantes são orientados na elaboração
conhecimentos adquiridos a outras situações de vida a torna do projeto e recebem também apoio na busca de subsídios para a
uma ferramenta pedagógica inovadora, capaz de resignificar concretização do mesmo através da negociação com entidades
a concepção do ato de estudar pelos alunos, capaz de motivar diversas. Durante o projeto o grupo é estimulado a pesquisar em
novas iniciativas como a criação do LACTEA. diversas fontes bibliográficas, selecionar o material pertinente ao
trabalho e sempre discutir o próximo passo. Um dos instrumen-
tos utilizados pelo orientador para acompanhar e avaliar o de-
sempenho do grupo é a Ficha de Acompanhamento Semanal4 .
3.2 LACTEA – Laboratório Aberto de Ciência, Tecnologia, Nela o grupo relata a realização de cada integrante durante a
Educação e Arte semana, o material prático e teórico a ser providenciado, os obs-
táculos identificados, contatos a serem feitos e outros dados re-
levantes para o bom andamento do projeto. O objetivo desta
ficha é possibilitar sistematização do projeto, a reflexão-ação-
O LACTEA é uma extensão importante da META na reflexão, evitar que o grupo fique disperso, que as etapas previs-
tentativa de fazer da pedagogia de projetos uma prática tas não sejam ignoradas, mas, se necessário, re-elaboradas e esti-
constante nos cursos do CEFET-MG. A proposta deste labo- mular a participação igualitária de seus componentes.

3
Ver em http://www.lactea.cefetmg.br
4 Ver em http://www.lactea.cefetmg.br

Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v.10, n.2, p.22-28 jul./dez. 2005


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Percebe-se então a intensidade de produções escritas amplament e discutidos pelos educadores, tais como
pelos grupos. O projeto fica registrado no formulário, nas fichas interdisciplinaridade, avaliação processual, a formação glo-
de acompanhamento, na pesquisa escrita que se transforma em bal dos estudantes. Provocou grandes alterações na orga-
ótimo material de consulta para trabalhos futuros. Muitos criam nização das instituições escolares, buscando instaurar uma
cd-rom e até sítios na rede internet com o conteúdo do material nova cultura escolar que abrangesse desde as relações
estudado. A apresentação pública ocorre no âmbito do próprio institucionais e práticas pedagógicas até dimensões admi-
CEFET-MG, os produtos surgidos são avaliados por equipes de nistrativas e materiais. E para concretizar esta nova visão
avaliadores compostas pelos professores e os trabalhos de des- de gestão e de ensino, a proposta direcionou suas estraté-
taque participam de eventos em âmbito nacional, como Simpósio gias de ações para o ponto tocante deste trabalho: a peda-
Nacional de Ensino de Física (SNEF), Congresso Brasileiro de gogia de projetos.
Ensino de Engenharia (COBENGE) reuniões da Sociedade Brasi- Ao se propor colocar em prática a idéia que por
leira para o Progresso da Ciência (SBPC), além de feiras técnicas muito tempo esteve presente no ideário dos educadores,
da área de Informática, Mecânica, Automação Industrial, buscando a inovação das estratégias de organização do
Empreendedorismo, etc. Neste ponto o projeto alcança uma di- tempo e do espaço escolar, na continuidade e promoção
mensão impossível de ser registrada no papel, mas facilmente de estudos, na diversificação de áreas de atividades, a
verificada no comportamento dos alunos: a sensação de se sen-
Escola Plural transgride a organização do sistema edu-
tir co-agente de seu aprendizado.
cacional vigente e implanta novas concepções de ensino
Geralmente a parte sistematizada dos projetos é, em
almejadas por grupos que clamam por uma experiência
muitas instituições escolares, organizada pelos docentes sem
qualquer consulta aos alunos “convidados” a participarem quan- educativa mais rica para os alunos. Na preocupação de
do chega o momento de execução de tarefas. A oportunidade de possibilitar um enfoque globalizador do processo ensi-
se tornarem co-gestores dos projetos realizados no LACTEA ins- no-aprendizagem a Escola Plural procura organizar sua
tiga os alunos a assumirem uma postura mais autônoma e livre prática em projetos de trabalhos que favorecessem uma
nos seus trabalhos. O cultivo do trabalho organizador e aprendizagem crítica dos conteúdos escolares. Consta
exploratório rende experiências inesquecíveis e resultados sur- na proposta
preendentes, pois na busca de alternativas consistentes para
superar as dificuldades surgidas no processo os grupos apresen- “Os projetos unificam, em um só processo, as competências,
tam construções duradouras (HIGINO, 2002). os processos pedagógicos e os conteúdos das diversas disciplinas,
transformando o espaço escolar em espaço público de cultura
O desenvolvimento dos projetos não precisa ficar restri- viva, onde os alunos irão viver suas estratégias de
to ao ambiente do LACTEA, podendo buscar diversas fontes de aprendizagem autonomamente.” (SMDE, 1995, p. 113).
auxílio. A maioria dos trabalhos utiliza material reciclado que,
agrupados e devidamente adaptados, deixam a condição de lixo A proposta político pedagógica da Escola Plural
para se tornarem objetos de valor na constituição final dos pro- relata em seus documentos a preocupação de superar
dutos projetados. O êxito das atividades do laboratório pode ser u m a c o n c e pç ã o g lo b a l i z an t e v i s t a a p e n a s c o m o
facilmente verificado nos diversos eventos aos quais as equipes somatório de disciplinas – onde cada conteúdo se preo-
do LACTEA têm contribuído com belíssimos trabalhos. cupa em abordar um pouco do tema – ou como uma inter-
A extensão dos trabalhos por projetos no LACTEA é o seção das mesmas – busca de um ponto comum a ser abor-
reflexo dos esforços de diversos profissionais e alunos (bolsistas dado pelos professores. Os eixos norteadores caracterizam-
e voluntários) para consolidar “a cultura do aprender” através
se na formação global do aprendiz, mais do que na forma
da própria criação, utilizando abordagens pedagógicas que valo-
global de apresentar o conhecimento a ele. Neste âmbito, a
rizem a formação integral do estudante, ajudando-os a perceber
Escola Plural tem como pressuposto metodológico de reno-
a utilidade de conceitos teórico-científicos na solução de proble-
vação pedagógica, a pedagogia de projetos, que deve ofere-
mas surgidos na sociedade tecnológica (VENTURA, 2002).
O trabalho com projetos vem tornando o laboratório cer aos alunos experiências de aprendizagem ricas em situ-
um ambiente de experiências múltiplas e diversificadas, que ul- ação de participação. A coletividade exigida na definição,
trapassam a prática formativa e alcançam uma dimensão cientí- construção e avaliação dos projetos remete o grupo à nego-
fico-pedagógica propícia à investigação acadêmica acerca do ciação constante na busca de satisfazer os interesses indivi-
papel da pedagogia de projetos na construção do conhecimento duais em direção a um fim comum. Sendo assim, mais do
pelos alunos. que propor a renovação de atividades, os projetos propõem
a mudança na postura pedagógica.

“Assim o que se pretende é que os alunos consigam aprender


a aprender e a viver, ou seja, consigam ir aprendendo a
organizar seus próprios conhecimentos, e estabelecer relações,
3.3 Escola Plural utilizando-se dos novos conhecimentos para enfrentar novos
problemas e atuar no mundo. Dessa maneira, sua
aprendizagem vai adquirindo um valor relacional e ativo.”
(SMDE, 1994).

O relato de várias escolas da Rede Municipal mos-


A Escola Plural, proposta político-pedagógica implan-
tra que o trabalho com projetos
tada pela Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte em
1995, pode ser considerada uma iniciativa ousada e inova- “...possibilita viabilizar na prática pedagógica, uma
dora que objetivava a re-significação do processo de ensino- Proposta Curricular que tenha como eixo o processo de
aprendizagem. Oficializou em documentos e trouxe para o formação global dos alunos, em sua pluralidade de dimensões”
interior das escolas da rede a aplicabilidade de conceitos (SMDE, 1995, p. 113).

Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v.10, n.2, p.22-28, jul./dez. 2005


. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Educação
. . . . . . . .&
. .Tecnologia
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Saber identificar e potencializar as oportunidades 4 CONCLUSÃO


surgidas no cotidiano escolar para se desenvolver bons pro-
jetos é uma importante tarefa dos docentes. Os alunos tra-
zem inúmeros questionamentos sobre o ambiente em que
vivem, mas precisam organizar e contextualizar suas infor-
mações e dificilmente farão isto sozinhos. O professor é O trabalho com projetos demanda estudo, pesqui-
quem deve mediar as interações entre o conhecimento pré- sa, dedicação, características já observadas nas propostas
vio e conhecimento a ser construído dos alunos. iniciais. Tem sido um caminho buscado por diversas insti-
A u ti liza çã o dos pro je tos ve m oc orre nd o tuições para permitir a formação social, afetiva e intelectual
gradativamente nas escolas da rede municipal e ainda não do aluno no processo ensino-aprendizagem. A META, o
se constitui um panorama uniforme. Bons relatos têm sido LACTEA e a Escola Plural optaram por direcionar sua práti-
encontrados em alguns dos cadernos da proposta. O traba- ca pedagógica para o trabalho com projetos, assumindo o
lho varia de acordo com cada escola, turno, trio de profes- desafio de buscar uma cultura do aprender (VENTURA,
sores 5 (AMARAL, 2000). De acordo com os registros, os 2002) através da própria experiência construída cotidiana-
projetos têm surgido de formas diversas: temas que abor- ment e ao invés de estabelecida dentro de uma grade
dam situações emergentes (olimpíadas, dengue, vacinação, curricular. No curso dessas três iniciativas, as transforma-
etc.), necessidade de eliminar a defasagem entre série/ida- ções e re-elaborações estiveram presentes, os êxitos e fra-
de encontrada em muitas escolas, abordagem de temas cassos também. Não ficaram estáticas, resignadas à proje-
transversais como sexualidade, orientação para o trabalho, ção inicial. O regulamento da META, por exemplo, necessi-
montagem de oficinas de danças, teatros que, inclusive, têm tou ser repensado e re-elaborado e colocado em prática já
recebido algumas premiações pelos talentos revelados, etc. na XV Mostra com uma nova caracterização de trabalhos e
Observa-se que o trabalho com projetos tem sido mais avaliações. Nas próximas edições, é possível que a caracte-
facilmente concretizado nas séries iniciais, uma vez que ain- rização dos trabalhos como Didáticos, Construtivos, de In-
da não se fez necessário um aprofundamento interdisciplinar. vestigação e de Software necessite de revisão. Dez anos de-
A estratégia utilizada por muitos professores para garantir o pois, trabalhos de Software também podem ser didáticos,
envolvimento dos alunos durante todo o projeto é provocar construtivos e investigativos. O LACTEA, enquanto labora-
uma discussão em torno de três pressupostos: O que sabe- tório aberto, também se transforma e re-significa a cada
mos? O que queremos saber? O que descobrimos? Desta trabalho construído, buscando as modificações necessárias
forma a elaboração do projeto se inicia a partir do conheci- ao ambiente e aos trabalhos realizados. A Escola Plural vem,
mento prévio dos alunos, suas experiências (o que sabemos); desde de sua implantação, trilhando caminhos para engajar
a problematização, objetivos e etapas giram em torno da cu- cada vez mais os educadores à proposta. Estes oscilam en-
riosidade do grupo (o que queremos saber); a avaliação fi- tre a crença e a descrença, o entusiasmo e a insegurança,
nal se concretiza nas descobertas feitas (o que descobrimos) entre o dinamismo e o conservadorismo. Assim podemos
que muitas vezes se confrontam com os conhecimentos pos- observar o caráter evolutivo que a criticidade impõe no
suídos anteriormente pelos alunos. curso dos projetos.
O ensino através de projetos vem apresentando re- Este caráter evolutivo pode ser identificado na pró-
sultados significativos para muitas escolas da rede, mas tam- pria concepção dos autores que tratam do trabalho com
bém suscitando o questionamento dos profissionais mais projetos, a começar pela conceituação do termo, que vem
resistentes a esta metodologia. Segundo Amaral (2000),
evoluindo desde os séculos XVI e XVII através de interpre-
muitos entenderam que adotar e pedagogia de projetos
tações diversas, mas complementares. Ao chegarem no Bra-
como base nas práticas pedagógicas significava romper
sil estas idéias ganharam consenso entre os idealistas da
c om o c on he c i m e n to f orm a l e c om a org a niz a ç ã o
Escola Nova, mas a essência da pedagogia de projetos não
curricular. Isto levou a reações diversas observadas nas
se manifestou com vertentes diferentes. Poderíamos dizer
escolas: uns aderiram entusiasticamente à proposta, ou-
tros se envolveram parcialmente e outros resistem fervo- que desencadeou um processo de amadurecimento e refle-
rosamente à mudança. xão observado nos tempos atuais.
Esta divers idade de opiniões, que certamente in- O trabalho com projetos, em ambientes relatados
fluencia a prática pedagógica diária constitui um desa- nesse artigo, tem redimensionado o papel do conheci-
fio que a Escola Plural vem tentando superar ao longo mento, dos alunos e professores inseridos em seus espa-
desses anos de implantação. No entanto, mesmo que a ços de maneira singular. As mudanças são necessárias para
pedagogia de projetos ainda não possa ser considerada atender as especificidades de cada grupo ou situação,
como prática comum a todas as esc olas da rede, mesmo mas estas mudanças advêm de uma reflexão acerca do
que nas escolas aonde os projetos vêm ganhando espa- contexto, buscando a definição de novos rumos. A META,
ço sua utilização ainda não atinge os limites possíveis, o LACTEA e a Escola Plural têm procurado ao longo dos
pode-se afirmar que a pedagogia de projetos provocou anos de funcionamento direcionar sua prática através da
mudanças e reflexões na form a de ensinar através da ação-reflexão-ação. No entanto, constatamos nesse estu-
transmissão de conteúdos hierarquizados (BELO HORI- do, que em nenhum momento uma dessas experiências
ZONTE, UFMG/FAE, 2000). Ist o constit ui num ganho retroagiu diante dos desafios surgidos, e concluímos en-
inestimável à educação escolar. tão que, mais do que redefinir o papel dos agentes envol-

5
Em muitas escolas os professores optaram em se juntar em trio responsável por duas turmas, sendo que um dos discentes é o coordenador.

Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v.10, n.2, p.22-28, jul./dez. 2005


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. . . . . . . . .&. Tecnologia
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vidos e de toda prática pedagógica, t rabalhar com a 5 DEWEY, John. The later works of John Dewey,
metodologia de projetos é um caminho que inviabiliza a Experience and education (Vol. 13). Carbondale:
retomada de posturas tradicionalistas manifestadas du- Southern Illinois University Press, 1-62. 1938.
rante tantos anos na história da educação.
6 FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 36a ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1987. 184p.

7 HIGINO, Anderson Fabian Ferreira. A pedagogia de


5 ABSTRACT projetos na educação em ciência & tecnologia à luz
da ciência da complexidade e do conceito de nego-
ciação; estudo de caso no ensino de física dos cursos
de engenharia industrial do CEFET-MG. 2002. 187 p.
Dissertação (Mestrado em Educação Tecnológica) –
T h is p a p e r p re s e nt s th e w ork wit h p ro j ec t s Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação do Centro
materialized in three proposals in the Belo Horizonte city Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo
e d u c a t ion a l s c op e . B re a ki ng of a h is t ori c al Horizonte, 2002.
conceptualization of the term “project”, we describe and
we contextualize three experiences that had chosen the 8 KILPATRICK, W. H. The project method. Teachers
projects method for guide educative practical and make College Record,19, 319-335, 1918.
its learning env ironm ents m ore plea sant , inv olvi ng,
productive. Those three experiences will be constructors 9 KNOLL, Michael. The project method: its vocational
critical and participants citizens. In this way we objectify education origin and international development.
to contribute with studious of the subject recognizing in Journal of Industrial Teacher Education, v.34, n.3, p.59-
the pedagogy of projects an innovative way for the process 80, 1997. Disponível em: <http://scholar.lib.vt.edu/
teach-learning, diminishing the gap between projects and ejournals/JITE/v34n3/Knoll.html>.
curricular contents.
10 LIMA, Vera Lúcia de Souza. A Proposta de um Labo-
ratório Aberto no CEFET-MG-MG. Revista da META,
CEFET-MG, Belo Horizonte, ano I, p. 30-31, out. 1994.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 11 SMDE - Secretaria Municipal de Educação. Escola


plural: proposta político-pedagógica rede municipal
de educação. Belo Horizonte, 1994. 53p.

12 SMDE - Secretaria Municipal de Educação. Os proje-


1 AMARAL, Ana Lúcia. Conflito conteúdo/forma em tos de trabalho: Reflexões sobre a prática pedagógica
pedagogias inovadoras: a pedagogia de projetos na na Escola Plural. Belo Horizonte, 1997, 46p.
implantação da escola plural. (FaE/UFMG) Trabalho
apresentado na 23a Reunião Anual da ANPED, no ano 13 SMDE - Secretaria Municipal de Educação. Uma
de 2000 (GT de Didática). Disponível em: <http:// proposta curricular para o 1 o e 2 o ciclos. Cadernos
www.anped.org.br/0403t.htm>. Consulta: 10/06/2004. Escola Plural, nº 3. Belo Horizonte, 1995.

2 BELO HORIZONTE, UFMG/FAE Grupo de Avaliação e 14 VENTURA, Paulo Cezar Santos. Por uma pedagogia
Medidas Educacionais. Avaliação da implementação de projetos: uma síntese introdutória. Revista Educa-
do projeto político pedagógico: Escola Plural. Univer- ção e Tecnologia, Belo Horizonte, v.7, n. 1, p. 36-41,
sidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2000. jan./jun. 2002.

3 BELO HORIZONTE. CEFET-MG (Centro Federal de 15 WANDERLEY, Eliane Cangussu. Feiras de ciências
Educação Tecnológica De Minas Gerais). Revista da enquanto espaço pedagógico para aprendizagens
META, CEFET-MG, Belo Horizonte, ano I, out. 1994. múltiplas. 1999. 253p. Dissertação (Mestrado em
Educação Tecnológica) – Departamento de Pesquisa e
4 BELO HORIZONTE. CEFET-MG (Centro Federal de Pós-Graduação do Centro Federal de Educação
Educação Tecnológica de M inas Gerais) – Departa- Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1999.
m ento de Ensino Superior. Estabelece as Norm as de
Funcionam ento e Ação do Laboratório Aberto de 16 WANDERLEY, Eliane Cangussu. Mostra específica de
Ciência, Tecnologia, Educação e Arte – LACTEA. trabalhos e aplicações – META – um exemplo de feira
Resolução nº 08 de 09 de dezembro de 2003. Belo que sobreviveu no CEFET-MG. Educação & Tecnologia,
Horizonte, dez, 2003. v.6, n.1/2, p.36-42, jan./dez. 2001.

Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v.10, n.2, p.22-28, jul./dez. 2005

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