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CIDADANIA
CURRÍCULO COMO INSTRUMENTO DE FORMAÇÃO DA CIDADANIA 2
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SUMÁRIO
esses eixos instigam a uma prática pedagógica inclusiva?", "Por que trabalhar a
complexidade de fenômenos sociais no desenvolvimento do currículo?". Essa
reflexão no coletivo da escola pode fazer a diferença em relação a possibilidades
de educar para um novo modo de pensar, de construir e de acessar
conhecimento numa sociedade tecnológica.
Conquistas inegáveis na trajetória humana, em que a tecnologia esteve
presente, contribuíram para o processo de globalização: desde a época das
estradas terrestres que, no império romano, facilitaram as trocas comerciais, das
estradas marítimas que modificaram o conceito de mundo de então, ao final da
Idade Média, passando pelas estradas do ar que encurtam distâncias e tempo,
até as estradas da informação que, hoje, se intercruzam planetariamente, de
forma virtual. Importa, nesse contexto, que o gestor de processos educativos, em
cada âmbito escolar, oportunize o preenchimento do vazio existente nas fronteiras
disciplinares, com a problematização das condições de desigualdade de vida e de
acesso ao conhecimento. Contingentes populacionais espalhados pelo planeta
Terra, em que o Brasil se inclui, não usufruem do conhecimento, nem
compartilham de direitos iguais no acesso a bens materiais e espirituais. Trata-se,
pois, de uma questão de natureza ética e sociológica, não apenas epistemológica
ou tecnológica. Trata-se, sim, para os homens e para as mulheres, de uma
questão de formação para a cidadania, numa busca da sua própria humanidade.
A sociedade em crise busca, hoje, nos espaços educativos, a possibilidade
de formação de indivíduos com uma nova mentalidade, que enxerguem novas
pistas que conduzam à superação dos dilemas sociais e à construção de uma
nova forma de gerenciar os recursos naturais e históricos da humanidade; uma
forma mais adequada socialmente, menos predatória, e mais solidária nas
relações entre os indivíduos e com o planeta.
Nessa perspectiva, o currículo escolar busca as suas fontes de inspiração no
saber e nas necessidades do contexto social. É função da escola, hoje, entre
outras, apresentar ao aluno, com os instrumentos de cada disciplina, as
possibilidades de leitura das dimensões do todo, integrando-as
interdisciplinarmente, para uma visão de complexidade da realidade. A necessária
superação da visão fragmentada de conhecimento pode viabilizar-se no currículo,
integrando as disciplinas para a compreensão da realidade em suas dimensões.
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A EDUCAÇÃO NO BRASIL
Para alcançar um nível de educação
satisfatório, o indivíduo precisa ser alfabetizado e
ser também capaz de ler e interpretar textos.
Portanto, o simples índice de analfabetos em um
Estado não traz uma real perspectiva da educação
de seus cidadãos. Nesse sentido, o Instituto Paulo
Montenegro e a ONG Ação Educativa, em parceria, criaram o Indicador de
Alfabetismo Funcional (Inaf)[2]. Segundo informações do Instituto: “O Indicador de
Alfabetismo Funcional (Inaf) revela os níveis de alfabetismo funcional da
população brasileira adulta. Seu principal objetivo é oferecer informações
qualificadas sobre as habilidades e práticas de leitura, escrita e matemática dos
brasileiros entre 15 e 64 anos de idade, de modo a fomentar o debate público,
estimular iniciativas da sociedade civil, subsidiar a formulação de políticas
públicas nas áreas de educação e cultura, além de colaborar para o
monitoramento do desempenho das mesmas. Dessa forma, pretende-se que a
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informações pelas redes sociais e a adesão dos atores virtuais a esse propósito.
Nesse sentido dispõe:
(...) “Assume gradativamente uma dimensão mágica, cuja origem se
encontra na natureza do próprio instrumento tecnológico empregado, pois este
opera magicamente, uma vez que os usuários são, exatamente, usuários e,
portanto, não possuem o controle técnico e econômico do instrumento que usam
– ou seja, deste ponto de vista, encontram-se na mesma situação que os
receptores dos meios de comunicação de massa.(CHAUI, 2013, P.?)
A filósofa faz o comparativo entre as redes sociais e os meios de
comunicação de massa (MCM), uma vez que ambos os meios são capazes de
alcançar milhares de indivíduos e incitá-los a absorver determinados assuntos.
Desse modo, a sociedade civil conta, agora, não apenas com os Meios de
Comunicação de Massa (MCM) mas, também, com Plataformas Comunicativas
Multimidiáticas Ciberespaciais (PCMC). As habilidades inerentes ao meio digital
(como sincronia, hipertextualidade, entre outras) propiciam o surgimento de
competências comunicativas que favorecem um processo de construção de
opinião, minimizando interferências. Constatamos que as PCMC abrigam desde
fóruns de debate público, como exemplificam as listas de discussão, até formatos
inéditos de jornalismo como o colaborativo, os quais subvertem processos
excludentes, próprios dos MCM (Brittes, 2007, p. 2). A professora Juçara Gorski
Brittes (2013) também compara as Plataformas Comunicativas Multimidiáticas
Ciberespaciais (PCMC) aos Meios de Comunicação de Massa (MCM), mas
enfatizando uma diferença entre eles. Segundo a professora, os MCM são
excludentes, pois não há interação direta com o receptor, a exemplo o jornal que
produz uma matéria política impressa em que os seus leitores não conseguem
exercer uma interferência direta e imediata sobre aquela matéria. Entretanto, se a
mesma matéria for publicada em um jornal digital os leitores terão a possibilidade
debater diretamente e exatamente no momento da sua publicação. Esse é o
formato utilizado pelas redes sociais, os atores recebem a todo momento diversos
tipos de informações e podem optar por exprimir suas opiniões sobre elas e
repassar a respectiva informação, o que como já dito acima os coloca na posição
de destinatários e receptores de mensagens.
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Perguntei, então, por que iriam à manifestação. A resposta foi de que achavam
que o que ocorria no país naquele momento era "fantástico", "diferente de tudo" e
queriam tomar parte disso. No entanto, também queriam se sentir úteis e, por
isso, pensavam sobre o que deveriam manifestar. Dei algumas sugestões sobre
os cartazes - todas aceitas, porém não convincentes. Ao final, concluímos que o
mais importante era estar lá, experienciar o que aquele momento poderia gerar,
do que reivindicar algo ao estado. Não se tratava de buscar uma solução externa
à manifestação: naquele momento, a manifestação era a solução.”
Em sua obra Modernidade Líquida Bauman (2001) discute acerca da relação
existente entre a modernidade sólida e a modernidade líquida ou fluída, na qual
dispõe que “a modernidade “sólida” era uma era de engajamento mútuo. A
modernidade “fluída” é a época do desengajamento, da fuga fácil e da
perseguição inútil. Na modernidade “líquida” mandam os mais escapadiços, os
que são livres para se mover de modo imperceptível”(BAUMAN, 2001). Portanto,
a modernidade líquida parece estar presente no desengajamento ou na falta de
engajamento em relação às questões debatidas dentro das redes sociais,
tornando frágil o interesse em manter discussões sobre importantes questões que
devem ser debatidas.
Nesse sentido, conclui-se que para que as redes sociais se tornem formatos
educacionais efetivos é necessário que haja um estudo aprofundado das
questões debatidas, um filtro de informações e um real interesse em se engajar
sobre o assunto que está sendo tratado, para que assim seja criado a perspectiva
de senso crítico em relação às mensagens recebidas. Ou seja, a real participação
prescinde de educação política. Portanto, não basta apenas se envolver de forma
imediatista e momentânea sobre determinado assunto pois, assim como nas
Manifestações de 2013, passado o “boom” das discussões no meio virtual o
assunto é deixado de lado e trocado pelo próximo que terá mais
compartilhamentos, comentários, tuítes ou curtidas.
dos objetivos gerais das áreas por ciclo. No caso do modelo proposto pelo autor,
esses procedimentos de avaliação devem seguir os princípios do construtivismo,
opção pedagógica assumida por Coll.
O modelo de Coll permite alguns questionamentos:
O caráter psicológico da educação é priorizado, esquecendo-se de aspectos
sociais e culturais.
O caráter técnico da elaboração curricular é priorizado, com o
estabelecimento de uma taxionomia de objetivos de natureza comportamental, a
despeito da ênfase construtivista que o autor diz apresentar.
O controle do planejamento curricular é posto nas mãos de especialistas em
currículo ligados aos órgãos centrais de planejamento de ensino.
A participação das unidades escolares e dos professores é reduzida no
processo de planejamento curricular, cabendo-lhes adaptar as diretrizes
curriculares à realidade de cada escola e elaborar os planos de aula.
dos estudos iniciados em outra escola de forma que o aluno não se sinta
despreparado para avançar em seu percurso de aprendizagem ou que não se
sinta retrocedendo em conquistas já efetivadas.
Parece estarmos tratando do óbvio, mas, nossas observações e
acompanhamento de alguns estudos indicam que essa questão tem sido
descuidada inúmeras vezes gerando nos alunos transferidos uma sensação de
abandono ou descaso, semelhante a que costuma ocorrer com alunos que não
acompanham o ritmo de seu colegas em classes cujo professor se pauta por uma
visão rígida de conhecimento.
Por tudo isso, ao tratar da mobilidade inter-séries e inter-escolas ou
sistemas e pensando, prioritariamente na dimensão pedagógica que envolve o
currículo escolar e a avaliação a LDB estabeleceu no § 1° do Art. 23 que:
A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de
transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como
base as normas curriculares gerais.
Entendemos que reclassificar significa incluir o aluno transferido de uma
para outra escola com regimes diferentes, no lugar compatível com se
desenvolvimento e com suas aprendizagens. Isso só poderá ser feito após
cuidadosa observação e acompanhamento de sua adaptação na instituição que o
acolhe, em termos de relacionamento com colegas e professores, de
preferências, de respostas aos desafios escolares, indo além de uma simples
análise do seu currículo escolar.
Sobre a reclassificação possibilitada pela LDB, mais uma vez é o Parecer
CEED/RS n° 740/99 que nos oferece importante contribuição:
A despadronização da escola, referida no artigo 23 da LDBEN, permite
diversas maneiras de organização escolar. Diante de tal diversidade
organizacional, a escola pode se utilizar da reclassificação para situar o aluno que
a ela chega nas séries, períodos, ciclos, etapas ou fase, visando a integrá-lo no
espaço-tempo adequado ao seu estágio de desenvolvimento e a suas
possibilidades de crescimento. Em tais situações, a reclassificação, cumpridas as
normas curriculares gerais [...] deverá ficar explicitada no Regimento Escolar.
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Voltando a LDB, não podemos deixar de apontar o Art. 24, com seus
incisos e alíneas, também fornecedores de alternativas à problemática que
estamos discutindo e, mais uma vez, deixando claro que se trata de flexibilizar as
condições, para que a passagem dos alunos pela escola seja lembrada como um
momento de crescimento, mesmo frente a percursos de aprendizagem não
lineares. Extraímos alguns excertos desse Artigo para melhor compreensão do
que afirmamos:
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será
organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do ensino
fundamental, pode ser feita:
a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série
ou fase anterior, na própria escola;
b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas;
c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita
pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e
permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do
respectivo sistema de ensino;
III- nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o
regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que
preservada a sequência do currículo, observadas as normas do respectivo
sistema de ensino;
IV -poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries
distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de
línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares;
Uma leitura mais cuidadosa do artigo 24 da LDB nos oferece indicativos de
que a escola hoje possui os instrumentos legais e normativos para exercitar sua
autonomia também no terreno do currículo e da avaliação da aprendizagem. Esse
exercício permitirá que ela se posicione e institua suas próprias regras para
mudar e reinventar-se em nome do que entendemos como qualidade da
educação ou, ao contrário, para perpetuar as muitas injustiças cometidas em
nome de uma padronização do conhecimento e da avaliação. Em qualquer um
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manter o sistema numa revisão constante, para que nele se operem as oportunas
recomendações (SACRISTÁN 2000, p.46).
Desta forma o currículo deve ser a base para a aprendizagem e acesso
para a elaboração da informação, participação e entendimento da própria cultura
em sua forma regional ou em caráter ampliado. O profissional da educação deve
entender as origens do processo educacional na qual atua diretamente ou
indiretamente de modo a aumentar a sua produtividade para com o trabalho
realizado.
O currículo educacional deve respeitar a diversidade social e cultural e se
adequar as peculiaridades dos sistemas educativos no qual será inserido e
vivenciado. A construção do currículo social faz parte da identidade educacional,
desta forma, organizar as diferenças das mediações e referências sociais
contribui para o bom rendimento do processo ensino aprendizagem.
As profundas relações entre currículo e produção de identidades sociais e
individuais, tantas vezes destacadas nas teorizações criticas, tem levado os
educadores e educadoras engajados nesta tradição, a formular projetos
educacionais e curriculares que se contraponham às características que fazem
com que o currículo e a escola reforcem as da presente estrutura social
(MOREIRA; SILVA 2005, p. 33).
Mudanças que envolvem o ensino, geralmente são difíceis, principalmente
quando se trata de modelos educacionais remotos, vivenciados e praticados
durante décadas na educação brasileira. Reflito que os profissionais da educação
que são envolvidos na formulação e inserção do currículo devem estar
preparados para tais questões além de serem condescendentes com a e as
identidades, pessoais e culturais dos alunos e demais envolvidos no contexto
educacional.
O termo identidade possui várias vertentes na psicologia, sociologia e
antropologia. No campo da educação todas estas ações estão presentes de forma
significativa. Os educadores (as) devem ser mediadores destas ações, Charlot
(2000, p. 91) diz que “qualquer seja a figura sob que se apresente a relação com
o saber, está em jogo a construção de si mesmo e da imagem de si”.
Para que haja um melhor entendimento sobre o currículo social e demais
ações recentes na educação, os profissionais da área devem se capacitar, ser
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O currículo oculto
O currículo estruturador
REFERÊNCIAS