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CURRÍCULOS E PROGRAMAS
SUMÁRIO
Apresentação................................................................................................................................ 3
Unidade 01 – Refletindo sobre o papel social da Instituição escolar ...................................... 7
Unidade 02 - O currículo e sua história ................................................................................... 11
Unidade 03 - Por uma nova cultura da aprendizagem .......................................................... 15
Unidade 04 – Orientações legais .............................................................................................. 21
Unidade 05- Alguns pressupostos teóricos sobre a concepção de currículo ...................... 26
Unidade 06 - Considerações sobre Interdisciplinaridade ...................................................... 30
Unidade 07 – As influências culturais e as teorias de currículo ............................................. 34
Unidade 08 - Currículo, Cultura e Multiculturalismo .............................................................. 40
Unidade 09 - Relações entre Políticas Educacionais e Currículo ........................................... 45
Unidade 10 - O Professor, suas concepções epistemológicas e ideologias ......................... 50
Unidade 11 – O Currículo oculto ............................................................................................... 55
Unidade 12 - Projeto Político Pedagógico ............................................................................... 61
Unidade 13 - O Currículo e suas Fontes Filosóficas e Política ................................................ 65
Unidade 14 - A Organização Curricular Brasileira ................................................................... 68
Unidade 15 - Supervisão e Currículo ....................................................................................... 73
Unidade 16 - Aspectos da Avaliação e Currículo na Prática da Supervisão Escolar .......... 77
Unidade 17 - Os valores no estudo e integração do currículo ............................................. 80
Unidade 18 – Princípio pedagógico e currículo escolar.......................................................... 84
Unidade 19 - O cotidiano e a configuração curricular: REFLETINDO SOBRE AVALIAÇÃO . 88
Unidade 20 – Currículo e conhecimento ................................................................................. 92
Apresentação
A escola necessita rever seu papel de instituição formadora, pois até hoje
preconiza a reprodução de conteúdos, muitas vezes, sem ser atrativo ao aluno e
deve ser um recurso importante, para romper as marcas da escola tradicional e abrir-
se para a nova forma de ensinar com a integração das disciplinas e atividades
contemporâneo.
A intenção, nesta disciplina, é apresentar autores que nos permitam estudar,
brasileira.
Veremos como alguns referenciais teóricos, que explicam como são
Objetivos
Objetivo Geral
reflexiva
Objetivos específicos;
Compreender a dimensão ideológica de currículo;
Programa da Disciplina
O Papel social da instituição escolar
Por uma nova cultura da aprendizagem.
Teóricos.
Projeto Político Pedagógico.
Bibliografia Básica:
COLL, Cesar. Psicologia e currículo. SP: Ática, 2007.
Bibliografia Complementar:
1999.
SAVIANI, N. Saber escolar, currículo e didática. Campinas: Autores Associados, 1994.
UNIDADE 01 – REFLETINDO SOBRE O PAPEL SOCIAL DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR
social
ESTUDANDO E REFLETINDO
Em sua essência, a educação pode ser concebida como um processo de
pensar e agir, vão sendo construídas em interação com uma dada cultura, antes,
durante e depois, dentro e fora das experiências escolares.
mundo em mudança.
Se, por um lado, os conhecimentos, valores e procedimentos trabalhados são
como mero aparelho reprodutor de padrões de pensamento e relação, ela perde seu
passa na escola. Por outro lado, a escola enquanto instituição, com uma cultura
organizacional que lhe é peculiar, interpreta as tendências e possibilidades sociais
BUSCANDO CONHECIMENTO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
PENIN, Sonia Teresinha de Sousa. Progestão: como articular a função social da escola
com as especificidades e as demandas da comunidade? Brasília: CONSED, 2001.
ESTUDANDO E REFLETINDO
e ao conjunto de todas essas situações. Mas, afinal, o que é currículo? Para esclarecer
este impasse, serão necessárias algumas considerações que justificam o estudo do
que cercam a sua definição. É muito importante ressaltar que o currículo, conhecido
atualmente, foi fruto de um processo de transformação e esteve em constante
de qualquer sociedade.
A proposta deste tema busca associar o currículo escolar não só às leis,
normas e instruções legais, mas aos processos informais e interacionais pelos quais
aquilo que é legislado, é interpretado de diferentes formas, sendo frequentemente
época. É nesse sentido que você, nesta temática, terá a oportunidade de:
Compreender a história do currículo numa perspectiva histórica centrada
processo de teorização.
Para compreender o tema “o currículo e sua história”, será necessário
curso a ser seguido, conteúdo a ser estudado. O termo currículo reflete uma
sequência de conteúdos, definidos socialmente, que deve ser seguido, a partir de
uma definição de currículo, pois existe uma infinidade de definições, e estas são
dependentes de marcos teóricos diferentes.
BUSCANDO CONHECIMENTO
O currículo e a aprendizagem
REFERÊNCIA:
SILVA, T.T.da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo.
Por Amélia Hamze
Colunista Brasil Escola
Fonte: http://educador.brasilescola.com/trabalho-docente/o-curriculo-aprendizagem.htm
UNIDADE 03 - POR UMA NOVA CULTURA DA APRENDIZAGEM
ESTUDANDO E REFLETINDO
Refletir sobre questões que envolvem a nova cultura da aprendizagem com o
desajuste crescente entre o que a sociedade pretende que seus cidadãos aprendam
e que os processos impõem em marcha para consegui-lo, é um permanente desafio.
evidências que indicam uma das direções da mudança que afeta a educação escolar:
Cada dia se guardam, aproximadamente, 20 milhões de palavras de
1
Esses dados foram extraídos do livro ‘Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho,
do Fernando Hernandez. Foi publicado pela Editora Artes Médicas em 2000.
Produziu-se mais informação durante os últimos 30 anos do que nos últimos
5000. Mais de 9000 revistas são publicadas a cada ano nos Estados Unidos, e
quase 1000 livros são publicados a cada dia no mundo.
do século XVII.
Essas frases permitem algumas considerações, segundo Hernandéz (2000):
A escola precisa formar indivíduos com uma visão mais global da realidade,
vincular a aprendizagem a situações e problemas reais, trabalhar a partir da
BUSCANDO CONHECIMENTO
A sociedade da aprendizagem e o desafio de converter informação em conhecimento - Juan Ignacio
Pozo
ESTUDANDO E REFLETINDO
Muito se tem incorporado do discurso científico no que diz respeito a forma
interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e a
ordem democrática.
Existe ainda uma ênfase especial para definir o currículo do Ensino Médio,
trata-se do artigo 37 que aponta várias referências para este nível de ensino, das
quais destacamos, a orientação de que deverá adotar metodologias de ensino e de
e estéticos, presentes nas orientações desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.
Essas resoluções apresentam, ainda, orientações sobre a necessidade de se
2
Sobre essa questão das transformações macro-sociais e econômicas, Tedesco (1998) destaca três áreas
nas quais são catalisados os processos mais significativos de transformação: o modo de produção, as
tecnologias da comunicação e a democracia política. Segundo este autor, essas transformações inserem no
cenário mundial ideias que incluem as noções de polivalência, equipes multitarefa, plantas multiproduto,
em que se valoriza a capacidade da pessoa para trabalhar em equipe e adaptar-se às condições e exigências
de mudança (p. 18). Nesse contexto de profundas transformações, cabe repensar o papel da escolar e sua
reelaboração de significados. Para Tedesco, a profundidade do processo de mudança social que ocorre
atualmente nos obriga a reformular as perguntas básicas sobre os fins da educação, sobre quem assume a
responsabilidade de formar as novas gerações e sobre qual legado cultural, quais valores, qual concepção
de homem e de sociedade desejamos transmitir (...) Uma análise técnica que não leve em conta esse quadro
demandas, estabelecendo mecanismos para promover uma ruptura com o conceito
Partindo apenas desses matizes legais, já é possível ter claro que novas
orientações estão previstas para a ação do professor e para a organização e
do papel da educação.
BUSCANDO CONHECIMENTO
RESOLUÇÃO CEB Nº 2, DE 7 DE ABRIL DE 1998
RESOLVE:
Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental, a serem observadas na organização curricular das unidades escolares
integrantes dos diversos sistemas de ensino.
Art. 2º Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de definições doutrinárias sobre
princípios, fundamentos e procedimento da educação básica, expressas pela Câmara de
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão as escolas brasileiras
dos sistemas de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas
propostas pedagógicas.
Art. 3º. São as seguintes as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental:
I - As escolas deverão estabelecer como norteadores de suas ações pedagógicas:
global constituirá uma nova versão de pensamento tecnocrático. Uma discussão dos fins da educação sem
suas expressões operacionais seria não só estéril do ponto de vista da ação, mas também abstrata e pouco
fértil teoricamente.
a) os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao
bem comum;
b) os princípios dos Direitos e Deveres da Cidadania, do exercício da criticidade e do respeito
à ordem democrática;
c) os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de manifestações
artísticas e culturais.
II - Ao definir suas propostas pedagógicas, as escolas deverão explicitar o reconhecimento
da identidade pessoal de alunos, professores e outros profissionais e a identidade de cada
unidade escolar e de seus respectivos sistemas de ensino.
III - As escolas deverão reconhecer que as aprendizagens são constituídas pela interação dos
processos de conhecimento com os de linguagem e os afetivos, em consequência das
relações entre as distintas identidades dos vários participantes do contexto escolarizado; as
diversas experiências de vida de alunos, professores e demais participantes do ambiente
escolar, expressas através de múltiplas formas de diálogo, devem contribuir para a
constituição de identidade afirmativas, persistentes e capazes de protagonizar ações
autônomas e solidárias em relação a conhecimentos e valores indispensáveis à vida cidadã.
IV - Em todas as escolas deverá ser garantida a igualdade de acesso para alunos a uma base
nacional comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ação pedagógica na
diversidade nacional. A base comum nacional e sua parte diversificada deverão integrar-se
em torno do paradigma curricular, que vise a estabelecer a relação entre a educação
fundamental e:
a) a vida cidadã através da articulação entre vários dos seus aspectos como:
1. a saúde
2. a sexualidade
3. a vida familiar e social
4. o meio ambiente
5. o trabalho
6. a ciência e a tecnologia
7. a cultura
8. as linguagens.
b) as áreas de conhecimento:
1. Língua Portuguesa
2. Língua Materna, para populações indígenas e migrantes
3. Matemática
4. Ciências
5. Geografia
6. História
7. Língua Estrangeira
8. Educação Artística
9. Educação Física
10. Educação Religiosa, na forma do art. 33 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
V - As escolas deverão explicitar em suas propostas curriculares processos de ensino
voltados para as relações com sua comunidade local, regional e planetária, visando à
interação entre a educação fundamental e a vida cidadã; os alunos, ao aprenderem os
conhecimentos e valores da base nacional comum e da parte diversificada, estarão também
constituindo sua identidade como cidadãos, capazes de serem protagonistas de ações
responsáveis, solidárias e autônomas em relação a si próprios, às suas famílias e às
comunidades.
VI - As escolas utilizarão a parte diversificada de suas propostas curriculares para enriquecer
e complementar a base nacional comum, propiciando, de maneira específica, a introdução
de projetos e atividades do interesse de suas comunidades.
VII - As escolas devem trabalhar em clima de cooperação entre a direção e as equipes
docentes, para que haja condições favoráveis à adoção, execução, avaliação e
aperfeiçoamento das estratégias educacionais, em consequência do uso adequado do
espaço físico, do horário e calendário escolares, na forma dos arts. 12 a 14 da Lei 9.394, de
20 de dezembro de 1996.
Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
ESTUDANDO E REFLETINDO
por Goodson (1995). Trata-se da distinção entre duas ideias de currículo: currículo
como fato e currículo como prática.
escrito e currículo resultado da prática realizada e mediada pelas ações dos alunos e
dos professores em sala de aula.
dos profissionais que tem o compromisso com a desmistificação das facetas invisíveis
que podem determinar sua ação educativa, torna-se condição indispensável para a
BUSCANDO CONHECIMENTO
Excerto retirado do artigo intitulado “Currículo, narrativa e o futuro social” de Ivor Goodson
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n35/a05v1235.pdf
[...] a questão é. [...] que tais qualidades dificilmente podem ser totalmente
desenvolvidas por esse aspecto do processo educacional, que se presta melhor para
designar e controlar o poder dos teóricos e práticos da educação através dos
conteúdos do currículo explicitados verbalmente. (2001, p. 138)
ESTUDANDO E REFLETINDO
conhecimento científico.
Novas orientações levam a estudos interdisciplinares no campo da
transformações à estrutura disciplinar, uma vez que sua contribuição não excede a
fronteira da disciplina propositora do estudo; "em outras palavras, a abordagem
pesquisa disciplinar.
No caso da transdisciplinaridade, propõe-se uma superação da estrutura
disciplinar, uma vez que, como afirma Nicolescu, ela "diz respeito àquilo que está ao
mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de
31
qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para o qual
BUSCANDO CONHECIMENTO
No caso da escolarização institucionalizada, é necessário ter certa cautela no
escolar;
2. Mostrar que a interdisciplinaridade não implica, necessariamente,
para colocar-se em sintonia com outros saberes, mas não pode extinguir sua
própria especificidade;
32
8. Estar disposto ao fracasso momentâneo e à espera, sendo negativo o discurso
33
UNIDADE 07 – AS INFLUÊNCIAS CULTURAIS E AS TEORIAS DE CURRÍCULO
dessa unidade.
ESTUDANDO E REFLETINDO
O movimento da Escola Nova, considerado de renovação do ensino, originou-
se, na primeira metade do Século XX, teve entre seus idealizadores Jean-Jacques
Rousseau (1712-1778), os pedagogos Heinrich Pestalozzi (1746-1827) e Freidrich
Fröebel (1782-1852).
Os grandes nomes desse movimento foram o filósofo e pedagogo John Dewey
No Brasil, a Escola Nova teve início pelo ideal de Rui Barbosa, em 1882. Vários
educadores brasileiros destacaram-se com a assinatura do documento Manifesto dos
Mesmo com todo o seu sucesso, a Escola Nova não conseguiu transformar
modo de desenvolver o processo de ensino e aprendizagem nas escolas e perdeu
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Os princípios era “educação é vida”: processo ativo e permanente, cuja
autoria é do aluno.
O currículo nessa visão progressista, segundo Silva (2000, p.23) “constituíram,
35
Construído na relação entre professor e
Auto-avaliação.
BUSCANDO CONHECIMENTO
ACONSTRUÇÃODOCONHECIMENTOEMSALADEAULA
[...]
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sujeito crítico e pensante. Mas a criticidade a que me refiro não é aquela que somente fala mal das
coisas ao nosso redor, e sim, aquela que questiona a realidade, a razão de ser das coisas.
Uma das tarefas mais difíceis para o educador é trazer o sujeito/aluno do senso comum – estado
sincrético – para o senso crítico – análise e síntese do conhecimento. O problema aqui é denominado
de continuidade e ruptura.
Mas o certo é que o educador deve partir do ponto onde o educando se encontra para então,
a partir daí, procurar estimular o conhecimento do aluno, através de análises sobre o objeto até então
desconhecido. E, para isso, é grandiosa a importância que teremos de dar às aproximações
sucessivas acerca do objeto a ser estudado, afinal a construção do conhecimento em torno de um
objeto não se dá de uma só vez.
Aos nos aproximarmos de um objeto teremos a oportunidade de conhecê-lo, feito isto é hora
de analisá-lo com persistência e demora. Somente depois disso podemos fazer a síntese sobre o objeto
estudado.
Para que o educando tenha conhecimento pleno da realidade ele deve analisar o objeto o qual
pretende conhecer na sua totalidade. Mas não é isso que as escolas pregam. A escola é organizada em
disciplinas e com a função de “vomitar” conteúdos e mais conteúdos, deixando a desejar na relação
sujeito e realidade social.
Para a práxis pedagógica podemos afirmar que não existe aprendizagem passiva. Toda prática
de aprendizagem exige ação ativa por parte de quem quer conhecer o objeto. E nessa prática ativa não
basta somente prestar atenção ao que o professor fala, pois sendo assim o ato de agir, contestar ficaria
no esquecimento, dando lugar à passividade por parte d aluno. O aluno deve comparar levantar
hipóteses, duvidar, questionar, julgar, dar solução aos problemas, pois só assim ele estará
desenvolvendo o que nós chamamos de operações mentais.
Na metodologia dialética o que se pretende é uma prática pedagógica que tenha sentido e
que seja de alto grau de significância. Não bastam somente as tarefas. Fazer as tarefas só pó fazer,
quando o aluno está condicionado à notas não é uma prática educativa decente. A escola deve
procurar uma ação consciente: intencionalidade do sujeito. É preciso que o aluno queira fazer, tenha
intenção de fazer. Nada forçado tem sentido positivo.
Quanto às tarefas, é ideal que não olhemos para os tipos de atividades e sim observemos se
elas representam algo de concreto. Que seja uma atividade que exija raciocínio, que seja mais motora,
pois sendo assim poderá criar uma ação ativa mais concreta sobre o aluno, para que ele desenvolva
seus conhecimentos com mais vontade.
Na construção do conhecimento deve existir uma ligação forte entre o sujeito e o objeto,
ambos devem estar inter-relacionados com o social para que a construção desse conhecimento não
seja restrito. Sujeito e objeto são sempre modificados e dependentemente da prática social, e isso é o
que chamamos de caráter social do conhecimento.
No processo ensino-aprendizagem o professor não pode fazer sozinho a tarefa. Não pode
fazer pelo aluno, mas também o aluno não pode realizar suas atividades sozinho. O professor deve sim,
ser o mediador na construção do conhecimento, estimulando o aluno a dar passos mais largos em
busca de novos horizontes. Esta sim, é que deveria ser a forma de trabalho em sala de aula. Além disso,
o professor deve provocar o aluno a pensar, criticar, estar sempre com o pensamento em atividade.
Deve dispor de objetos e dar condições para que o aluno tenha rendimento naquilo que ele se debruça
para conhecer. Deve interagir com o seu aluno em busca de soluções para os problemas propostos.
A problematização caracteriza a construção do conhecimento no momento em que o sujeito
vive sendo desafiado pela natureza para poder transformá-la. O sujeito encontra problemas para
conhecer ou transformar o objeto. E são justamente esses problemas o motor principal que faz com
que o sujeito seja motivado para o desafio de construir mais conhecimentos em torno do objeto de
estudo.
Estabelecendo a contradição
Estabelecer contradição representa um passo primordial para a constante busca da construção
do conhecimento. Pela problematização o professor deve sempre adotar a contradição, confrontando-a
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como o conhecimento elementar ou parcialmente apropriado que o aluno tem. E isso traz a
possibilidade de ganho de conhecimento por parte do aluno, transpondo-lhe do senso comum para o
senso crítico. E sendo assim, ao invés do professor sobrecarregar a memória dos alunos com questões
fúteis que não trazem significado algum para os alunos, ele devia persistir no levantamento de situação
problema, para que os alunos sejam estimulados a refletir/penar sobre algum tema-problema. Sendo
assim, os alunos tentarão resolver o problema e, caso não consigam, o professor dá um ajuda e o
encaminham novamente para a continuidade da resolução do problema. O importante é se ligar no
problema.
A respeito do planejamento das aulas, o professor deveria estimular muito mais a criatividade
dos alunos, lendo textos e pedindo que tirassem a idéia central dos mesmos e interrogando sobre
dúvidas acerca do conteúdo abordado, ao invés de ficar no círculo vicioso da tarefa mecanizada.
No ato do planejamento ou elaboração das aulas, o professor deve estar preocupado com
o movimento do real, esquecendo, portanto, do movimento do conceito. Uma coisa é o professor
conceituar para os alunos algo que pode estar ligado à realidade. Outra coisa é o professor tentar
conceituar para esses mesmos alunos uma expressão química muito distante das experiências vividas
por esses alunos. O professor jamais deverá ser escravo dos programas que só abordam conteúdos
fora da realidade.
Isto posto, é bom ressaltar que não é fácil estabelecer a mudança da prática pedagógica por
parte do professor, no sentido da dialética da travessia. Muitos problemas de várias ordens são vistos
como barreiras para que o professor saia do seu estado de estagnação e mergulhe na prática
educacional inovadora. As condições de trabalho, sua condição, econômica, etc, são alguns entre tantos
fatores que impedem o rompimento da barreira da pedagogia tradicional.
Exposição dialogada
A prática pedagógica marcada pela exposição dialogada tem certa vantagem sobre a
metodologia expositiva, em virtude da primeira favorecer ao aluno a liberdade de poder opinar,
levantar hipóteses sobre problemas tratados na sala de aula. Um outro lado positivo é a própria
interação que há entre o aluno e o professor durante a abordagem do assunto em pauta.
De a aula dialogada corresponde a um avanço em relação à expositiva, o que diríamos da
exposição provocativa? É justamente nesse tipo de exposição que os problemas são colocados para
serem solucionados pelos alunos. Nesta fase os alunos são estimulados para desenvolver uma reflexão
de confronto. O que o professor diz é investigado pelos alunos. Aqui, tanto a postura dos alunos
quanto a do professor tomam outro rumo.
Face ao exposto, perguntamos: diante de tanta liberdade dada ao aluno para que ele possa
falar à vontade, podemos dizer que o professor não pode mais falar? Claro que não! O professor
sempre deverá ser o mediador na sala de aula e a sua presença será muito importante para ajudar o
aluno a sair do estágio sincrético da construção do conhecimento.
Certamente o professor contribui para a aceleração da reconstrução do saber – investigação
versus exposição – quando orienta os alunos em meio às dúvidas na solução dos problemas. O aluno
trás o seu conhecimento sincrético e o professor como mediador expões algumas informações e o
aluno, nesse sentido, deverá ser capaz de superar este estágio do conhecimento.
O professor, quanto à questão das técnicas, deverá ficar atento quando exigir dos alunos
apresentação de trabalhos em grupo. O que importa aqui não é esperar uma apresentação, uma
exposição espetacular daquilo que foi estudado pelos alunos, nem sequer poupar as energias do
professor. O mais importante mesmo com isso é ajudar para que dessa forma os alunos engrandeçam
a sua construção de conhecimento. De certa forma, esta ou outras técnicas deverão ser submetidas a
um método ideal, onde seja necessária a apresentação sincrética do objeto de estudo, expressão das
representações prévias, problematização, fornecimento de subsídios, elaboração de hipóteses, síntese
conclusiva, etc.
[...]
CONCLUSÃO
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A função primordial da educação está na construção do conhecimento. A ação pedagógica na
escola deve oportunizar a construção do conhecimento, o que numa instância maior resulta na
constituição de identidades autônomas, capazes de estabelecer relações críticas entre os homens, suas
ações e o mundo. Entretanto sabemos que nem sempre as práticas pedagógicas atingem, ou procuram
atingir a construção do conhecimento. Esse é um processo no qual é necessária a permanente busca de
significado, de sentido.
O conhecimento só acontece através do significado que adquire aquilo que se estuda, aquilo
que se fala e que se faz por quem realiza a ação, seja ele professor ou aluno; e principalmente só
acontece quando há interação, onde todos têm voz para falar e discutir. Caso contrário, só se tem
informações e sujeitos. Falta a interação entre eles, ou seja, a construção de significados.
A escola é a referência para a elaboração de uma leitura de mundo baseada no conhecimento
científico. Logo, o principal determinante no processo de elaboração dessa leitura, que é construção de
conhecimento, está no currículo – formal, em ação e oculto – como ação pedagógica. Dessa forma é
fundamental ao professor e aos profissionais da educação, avaliar as questões curriculares, na busca de
uma ação pedagógica que contribua efetivamente para a construção do conhecimento. Somente uma
revisão profunda das questões curriculares, que envolva o planejamento dos programas, a discussão
dos mesmos, a formulação dos planos de trabalho dos professores e a sua aplicação, ou seja, toda a
ação pedagógica; poderá transformar a situação em que se encontra a situação educacional hoje.
REFERÊNCIA:
VASCONCELLOS, Celso dos Santos – Construção do conhecimento em sala de aula – São Paulo,
Libertad, 1999.
Autor: Ercilio Ferreira Duarte
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UNIDADE 08 - CURRÍCULO, CULTURA E MULTICULTURALISMO
ESTUDANDO E REFLETINDO
Cultura é modo de viver, reflexo de um contexto histórico, traduzido nas
Em vez de seu caráter final, concluído, o que fica ressaltado nessa concepção
é sua produtividade, sua capacidade de trabalhar os materiais recebidos,
numa atividade constante, por um lado, de desmontagem e de
desconstrução e, por outro, de remontagem e de reconstrução. Além disso,
nessa perspectiva, esse trabalho de produção da cultura se dá num contexto
de relações sociais, num contexto de relações de negociação, de conflito e
poder.
Silva, 2001b, p.17
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Corroborando com essa discussão, Gimeno (1998) currículo é o projeto seletivo
de cultura; cultural, social, política e administrativamente condicionado, que precede a
atividade escolar e que se torna realidade dentro das condições da escola tal como ela
se encontra configurada.
núcleos temáticos;
formação individual nos aspectos éticos, estéticos e ecológicos;
convivência harmônica;
respeito à diversidade;
traduzido nas relações sociais vigentes em determinado grupo social, onde são
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compartilhados significados, valores, crenças, costumes e comportamentos, não existe
uma cultura, mas e sim culturas convivendo e interagindo, com direito ao respeito
mútuo, em especial no Brasil, cuja marca é a diversidade, porque a formação do povo
brasileiro é multicultural.
Nessa perspectiva, nos remete à ideia de pluralismo, entendido como as
por exemplo, as escolas. Cada grupo preserva as suas próprias origens, ao perpetuar
bagagens culturais e, talvez, interesses distintos, podem viver juntos sem que a sua
diversidade se torne motivo de conflito.
Um triste exemplo disso é a situação dos índios espalhados pelo território nacional:
desnutridos, acometidos das doenças de brancos, alcoolizados e sem-terras, apesar
BUSCANDO CONHECIMENTO
Segundo as Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico – Raciais
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Paradoxalmente, a nossa sociedade apresenta as marcas do preconceito,
brasileiro.
Para associar esta visão de multiculturalismo com o seu cotidiano, reflita:
compõem a humanidade, defensora da ideia de ser diferente não significa ser nem
melhor nem pior do que ninguém, posicionado-se contra a uniformização ou
entre os indivíduos ou entre grupos, tratamos das influências exercidas pela cultura
sobre a intencionalidade educativa, para concluir que neste nosso Brasil, tão grande e
complexo, com raízes tão diversas, a possibilidade de contemplá-las com mais justiça
será construindo um currículo intercultural.
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Esta constatação representa um marco significativo para as teorias
conceitos em prática?
O pluralismo cultural existente no Brasil determina a convivência de distintas
influências: políticas, sociais, culturais. Isso nos leva a concluir que o currículo das
escolas deve privilegiar a “educação intercultural” para que a diversidade não se torne
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UNIDADE 09 - RELAÇÕES ENTRE POLÍTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO
Apresentar uma visão geral do aspecto legal e das pressões que as políticas
educacionais exercem sobre as decisões educativas antes que estas venham a se
ESTUDANDO E REFLETINDO
O professor, com sua bagagem de conhecimentos, experiências e convicções,
interfere nas decisões educativas mesmo que não tenha consciência disso. Agora,
vamos descobrir como as escolhas curriculares devem estar em harmonia com as
determinações legais.
Iniciamos o estudo, a partir das Políticas Educacionais, pois, no Brasil, por
• Princípios norteadores;
• Regras gerais para a organização da educação;
deu-se após muitos debates e embates, culminando com a Lei de Diretrizes e Bases
organização das escolas; ela dá princípios gerais e, em relação ao que deverá ser
ensinado, aponta uma Base Nacional Comum e uma Parte Diversificada para o Ensino
próprios do sistema federal que pode delegar competências aos sistemas estaduais e
municipais. Em outras palavras, algumas decisões são tomadas em nível federal;
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A Política Nacional de Educação é composta pelo arcabouço legal (LDB + DCNs),
isto é, as leis e normas que regulam a matéria e a partir das quais é elaborado o
(fins da educação)
• Diagnóstico;
• Diretrizes;
• Metas;
• Padrões mínimos de qualidade;
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Está baseado na concepção de educação que norteia as decisões e ações
BUSCANDO CONHECIMENTO
Conheça as 20 metas do PNE
O Plano Nacional de Educação tem 20 metas que abrangem todos os níveis de formação,
desde a Educação Infantil até o Ensino Superior, com atenção para detalhes como a Educação
Inclusiva, a melhoria da taxa de escolaridade média dos brasileiros, a formação e plano de
carreira para professores, bem como a gestão e o financiamento da Educação. Conheça cada
uma das metas, com informações do Observatório do PNE:
1 - Educação Infantil
Até 2016, todas as crianças de 4 a 5 anos de idade devem estar matriculadas na pré-escola. A
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meta estabelece, também, a oferta de Educação Infantil em creches deve ser ampliada de
forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até o final da vigência deste PNE.
2 - Ensino Fundamental
Até o último ano de vigência do PNE, toda a população de 6 a 14 anos deve ser matriculada
no Ensino Fundamental de 9 anos, e pelo menos 95% dos alunos devem concluir essa etapa
na idade recomendada.
3 - Ensino Médio
Até 2016, o atendimento escolar deve ser universalizado para toda a população de 15 a 17
anos. A meta é também elevar, até o final da vigência do PNE, a taxa líquida de matrículas no
Ensino Médio para 85%.
4 - Educação Especial/Inclusiva
Toda a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação deve ter acesso à educação básica e ao atendimento
educacional especializado, de preferência na rede regular de ensino, com a garantia de
sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços
especializados, públicos ou conveniados.
5 – Alfabetização
Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º ano do Ensino Fundamental.
Atualmente, segundo dados de 2012, a porcentagem de crianças do 3º ano do Ensino
Fundamental com aprendizagem adequada em leitura é de 44,5%. Em escrita, 30,1% delas
estão aptas, e apenas 33,3% têm aprendizagem adequada em matemática.
6 - Educação integral
Até o fim da vigência do PNE, oferecer Educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das
escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da Educação Básica.
7 - Aprendizado adequado na idade certa
Estimular a qualidade da educação básica em todas etapas e modalidades, com melhoria do
fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb:
2013 2015 2017 2019 2021
Anos iniciais do Ensino Fundamental 4,9 5,2 5,5 5,7 6,0
Anos Finais do Ensino Fundamental 4,4 4,7 5,0 5,2 5,5
Ensino Médio 3,9 4,3 4,7 5,0 5,2
8 - Escolaridade média
Elevar, até 2013, a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, de modo a alcançar no
mínimo 12 anos de estudo no último ano, para as populações do campo, da região de menor
escolaridade no País e dos 25% mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e
não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
9 - Alfabetização e alfabetismo de jovens e adultos
Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o
final da vigência do PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de
analfabetismo funcional.
10 - EJA integrada à Educação Profissional
Oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de educação de jovens e
adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional. Os
dados de 2012 apontam que apenas 0,7% dos alunos do EJA de Ensino Fundamental têm esta
integração. No Ensino Médio, a porcentagem sobe para 2,7%.
11 - Educação Profissional
Triplicar as matrículas da Educação Profissional Técnica de nível médio, assegurando a
48
qualidade da oferta e pelo menos 50% da expansão no segmento público. Em 2012, houve
1.362.200 matrículas nesta modalidade de ensino. A meta é atingir o número de 4.086.600 de
alunos matriculados.
12 - Educação Superior
Elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para 33% da
população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos,
40% das novas matrículas, no segmento público.
13 - Titulação de professores da Educação Superior
Elevar a qualidade da Educação Superior pela ampliação da proporção de mestres e doutores
do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de Educação Superior para
75%, sendo, do total, no mínimo, 35% doutores.
14 - Pós-graduação
Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a
atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores.
15 - Formação de professores
Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, no prazo de 1 ano de vigência do PNE, política nacional de formação dos
profissionais da educação, assegurando que todos os professores e as professoras da
educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de
licenciatura na área de conhecimento em que atuam.
16 - Formação continuada e pós-graduação de professores
Formar, em nível de pós-graduação, 50% dos professores da Educação Básica, até o último
ano de vigência do PNE, e garantir a todos os(as) profissionais da Educação Básica formação
continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e
contextualizações dos sistemas de ensino.
17 - Valorização do professor
Valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas da Educação Básica, a fim de
equiparar o rendimento médio dos(as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até
o final do 6º ano da vigência do PNE.
18 - Plano de carreira docente
Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os(as) profissionais
da Educação Básica e Superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de
Carreira dos(as) profissionais da Educação Básica pública, tomar como referência o piso
salarial nacional profissional, definido na Constituição Federal.
19 - Gestão democrática
Assegurar condições, no prazo de dois anos, para a efetivação da gestão democrática da
Educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à
comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da
União para tanto.
20 - Financiamento da Educação
Ampliar o investimento público em Educação pública de forma a atingir, no mínimo, o
patamar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do País no quinto ano de vigência da lei do
PNE e, no mínimo, o equivalente a 10% do PIB ao final do decênio.
49
UNIDADE 10 - O PROFESSOR, SUAS CONCEPÇÕES EPISTEMOLÓGICAS E IDEOLOGIAS
ESTUDANDO E REFLETINDO
Uma contribuição significativa para as discussões sobre pedagogia, currículo e
avaliação, nas décadas de 60 e 70, foi a sociologia crítica de Basil Bernstein, realizou
vários estudos sobre a socialização das crianças na escola, sendo algumas dessas
50
BUSCANDO CONHECIMENTO
que a criança irá recriar tendo aparentemente largos poderes sobre o que
seleciona e como o estrutura, bem como sobre a escala de tempo das suas
atividades; a criança aparentemente regula os movimentos e suas relações
sociais; a ênfase sobre a transmissão dos conhecimentos e a aquisição de
aptidões é reduzida, ou melhor, a ênfase é posta sobre as inter-relações, tem
classificações e enquadramentos relativamente fracos; os critérios de
avaliação pedagógica são múltiplos e difusos e, por isso, dificilmente
mensuráveis. Bernstein, 1986, p. 184
Nas palavras de Silva (1999), “O currículo oculto é constituído por todos aqueles
aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito,
perspectivas críticas.
Para esclarecer melhor as ações que podem ocorrer nas ações dos professores no
Exemplo 1 – Numa situação de sala de aula, cujo assunto é maioridade penal, o professor que
tenha sofrido algum tipo de agressão (provocada por um menor), mesmo que não perceba,
pode emitir opinião favorável tão enfática que poderá induzir seus alunos a concordarem com
ele.
Exemplo 2 – Ao preparar uma festa junina, o professor pode tratar da interdependência entre
campo e cidade de forma preconceituosa, tratando o “caipira” como alguém de nível inferior,
que ainda se veste com roupas remendadas.
São situações que, mesmo não – intencionais, surgem no momento de
apresentar determinado conteúdo.
pelas escolas e que não são mencionados na apresentação dos fins e objetivos feita
pelos professores (APPLE,1982).
51
Efeitos de aprendizagem intrínsecos à prática educativa e à forma como as
dos saberes. Um autor que assegura essa condição de “SER PROFESSOR” reflexivo em
sua prática pedagógica é Paulo Freire (1986). Ele discutiu as questões próprias do
necessariamente por:
Uma leitura do mundo. A esse respeito, ele é categórico, quando afirma que: “a
leitura do mundo precede a leitura da palavra, da mesma maneira que o ato de ler
palavras implica, necessariamente, uma contínua releitura do mundo”.
Para dar sustentação a sua crença de educador, Paulo Freire escreve o livro
Pedagogia do Oprimido que fundamentou a relação educador/Educando, apontando
52
Freire, há duas concepções de educação: a bancária, que serve à dominação; outra,
Essa obra termina com um convite do próprio autor a ver a profissão docente
como uma luta que, às vezes, precisa atravessar gerações. Ensinar é atravessar o
código restrito dos alunos. Assim, a comunicação e o diálogo entre professor e aluno
53
ficam prejudicados, quando há falta de compreensão entre eles. Esta ideia nos remete
mostrar para os alunos? Ou será alguma coisa que ele deverá descobrir, durante os
muitos anos escolares, e que irá aparecer só no final?
54
UNIDADE 11 – O CURRÍCULO OCULTO E A ELABORAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E
IMPLEMENTAÇÃO DE PROPOSTAS CURRICULARES - FUNDAMENTOS TEÓRICOS.
aprendidos de forma não explícita na escola; Apresentar uma visão geral dos
fundamentos teóricos e seus reflexos nas decisões educativas; Fornecer subsídios para
pedagógicos são sempre ricas de ideias, buscam traçar objetivos que a comunidade
escolar necessita e que sejam plausíveis de serem alcançados.
ESTUDANDO E REFLETINDO
convívio social. Ainda que a instituição não conte com um cargo específico para essa
função, suas atribuições precisam ser realizadas no dia-a-dia.
o currículo oculto. A maior parte dos problemas tradicionalmente enviados para a sala
dele (exclusão de sala de aula, furto, briga, bullying, mau uso dos espaços coletivos,
exclusivamente dos alunos (em especial os tidos como indisciplinados e os que têm
baixo rendimento) e de suas famílias. Infelizmente, ainda existem escolas que
55
educacional como alguém destinado a abafar (e não resolver) os conflitos na base da
todos os dias “apaga” incêndios e deixa brasas pelo caminho. Fechado numa sala
geralmente distante dos espaços onde o currículo oculto se manifesta, ele acaba
Também está sob sua responsabilidade desencadear ações que ampliem o diálogo e a
compreensão entre os protagonistas da comunidade, sem jamais negar a natureza
dos conflitos.
O exercício dessas competências só é possível quando o orientador
educacional deixa a rotina de sua sala e se insere em outros espaços para procurar e
explicitar os elementos do currículo oculto. As ações serão eficazes quando
capaz de identificar se a ação docente está de acordo com os princípios que norteiam
o projeto pedagógico da escola.
precisam ser superados. Existem diversos aspectos que compõem uma boa parceria
56
entre o educacional e o pedagógico. Em um currículo oculto, as suposições em sala
de aula não podem ser planejadas, pelo próprio fato de serem tácitas e incidentais.
Dessa maneira, um tema importante ou um assunto de interesse fica sujeito a um
Assim, o avanço escolar de um currículo pode ser construído com base nos
interesses dos alunos e da comunidade escolar e acontecerá por meio do diálogo, da
sala de aula.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Uma proposta curricular não surge do nada. Sua principal fonte são práticas
57
compreensão dos fenômenos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, como de
58
cumpridor de ordens. A atividade pedagógica é organizada para estimular a obtenção
A dialética considera que as pessoas, com os seus cinco sentidos e razão, têm
(pensamento dialético).
Também é necessário analisar o aspecto psicológico no processo que trata, de
forma singular, como cada indivíduo constrói o conhecimento, pois cada pessoa
pensa de um jeito, embora existam características comuns a todos os jeitos de pensar.
Seu reflexo nos currículos são as diferentes correntes que interpretam como
estimular a inteligência na interação com aquilo que ela procura compreender e
educação.
“A educação como possibilidade humana”
A espécie e a extensão da educação distribuída por uma sociedade a seus membros são função de seu
estado de desenvolvimento material e cultural. Este é que determina as possibilidades da educação
tanto em qualidade (conteúdo e métodos) como em quantidade (a quem e a quantos será distribuída).
Do ponto de vista do indivíduo, as probabilidades de receber educação diferenciada e de recebê-la em
determinado grau dependem de sua posição no contexto social, da natureza de seu trabalho e do valor
atribuído a este pelos interesses da consciência social dominante.
59
Para que aumentem as possibilidades individuais de educação, e para que se tornem universais, é
necessário que mude o ponto de vista dominante sobre o valor do homem na sociedade, o que só
ocorrerá pela mudança de valoração atribuída ao trabalho. Quando o trabalho manual deixar de ser um
estigma e se converter em simples diferenciação do trabalho social geral, a educação institucionalizada
perderá o caráter de privilégio e será um direito concretamente igual para todos.
Nas sociedades divididas as possibilidades do indivíduo de receber educação institucionalizada
dependem:
a) do grau de desenvolvimento geral de tal sociedade, que determina a necessidade de incorporação
de seus membros a formas superiores de cultura para o fim de executar tipos mais complexos e mais
produtivos de trabalho;
b) consciência de si, de seus grupos dirigentes, que os conduz a criar seu "modelo" de homem e a
nutrir a exigência de incorporação de maior número de indivíduos às formas letradas do saber;
c) atribuído a cada indivíduo ou que a cada indivíduo cumpre no todo social, de onde deriva sua
capacidade de pressão coletiva (associado a outros da mesma condição) sobre o centro de decisão
social, no sentido de que lhes seja distribuída educação em graus sempre mais elevados;
d) daí, a importância dos movimentos de educação conjunta de grandes grupos sociais (campanhas de
alfabetização) pois determinam o fenômeno histórico da passagem da quantidade à qualidade. De fato,
a exigência de muitos (educandos) se converte em exigência de mais e de melhor educação.
60
UNIDADE 12 - PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
da proposta curricular;
Compreender que para a elaboração dos currículos e programas é preciso
conhecer as políticas educacionais, válidas para todo o território nacional, pois ela
determina as ações dentro das escolas. E que, além das políticas, também o marco
ESTUDANDO E REFLETINDO
A Política Nacional de Educação é traçada pelos responsáveis legais, no
cumprimento das leis, normas e diretrizes. Ela não depende das escolhas pessoais, é a
política educacional mais ampla que rege todo o sistema e, obrigatoriamente, deve
cidadania legítima, isto é, a capacidade para participar e contribuir com a vida social é
preciso que cada escola construa seu próprio Projeto Pedagógico. É neste espaço que
se dá a elaboração do Currículo escolar. Isto quer dizer que a Escola deve ressignificar
61
sua prática e dar sentido as suas ações. Ao fazê-lo, define um caminho próprio,
tantas diferenças regionais, tem um projeto de educação para o país e metas a serem
cumpridas como direito de todos.
ESTUDANDO E REFLETINDO
O currículo e sua importância na organização do PPP
“As questões sobre currículo, como todas as questões em educação, devem permanecer abertas
e quaisquer respostas que lhes ofereçamos devem ser reconhecidas como experimentais,
hipotéticas e sujeitas a revisão contínua. A teoria do currículo, portanto, deve reconhecer que o
desenvolvimento curricular deve constituir um processo contínuo de evolução e planejamento. O
conhecimento continua a se desenvolver; a sociedade evolui; as pessoas se modificam; e o
currículo precisa acompanhar tudo isso” ( Kelly,1983,p.15)
A organização do projeto pedagógico de cada escola não é responsabilidade
apenas da direção ou da equipe técnica/pedagógica. Ele é responsabilidade de todos
Refletida
Consciente
Sistematizada
Científica
Participativa
62
A ideia de construção do projeto pedagógico desenha-se, na instituição, como
um projeto cultural amplo, que envolve muitos atores e que se materializa por meio
de um processo coletivo que culmina em uma proposta curricular em permanente
63
de mensagens e não pura receptora; produzir, construir e reconstruir conhecimento
elaborado. E mais: numa perspectiva emancipadora da educação, a escola tem que fazer tudo
isso em favor dos excluídos, não discriminando o pobre. Ela não pode distribuir poder, mas
pode construir e reconstruir conhecimentos, saber, que é poder. Numa perspectiva
emancipadora da educação, a tecnologia contribui muito pouco para a emancipação dos
excluídos se não for associada ao exercício da cidadania.
Como diz Ladislau Dowbor (1998:259), a escola deixará de ser "lecionadora" para ser "gestora
do conhecimento". Segundo o autor, "pela primeira vez a educação tem a possibilidade de ser
determinante sobre o desenvolvimento". A educação tornou-se estratégica para o
desenvolvimento, mas, para isso, não basta "modernizá-la", como querem alguns. Será preciso
transformá-la profundamente.
A escola precisa ter projeto, precisa de dados, precisa fazer sua própria inovação, planejar-se
a médio e a longo prazos, fazer sua própria reestruturação curricular, elaborar seus
parâmetros curriculares, enfim, ser cidadã. As mudanças que vêm de dentro das escolas são
mais duradouras. Da sua capacidade de inovar, registrar,
sistematizar a sua prática/experiência, dependerá o seu futuro. Nesse contexto, o educador é
um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação. Ele
precisa construir conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa ser curioso,
buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos.
Em geral, temos a tendência de desvalorizar o que fazemos na escola e de buscar receitas fora
dela quando é ela mesma que deveria governar-se. É dever dela ser cidadã e desenvolver na
sociedade a capacidade de governar e controlar o desenvolvimento econômico e o mercado.
A cidadania precisa controlar o Estado e o mercado, verdadeira alternativa ao capitalismo
neoliberal e ao socialismo burocrático e autoritário. A escola precisa dar o exemplo, ousar
construir o futuro. Inovar é mais importante do que reproduzir com qualidade o que existe. A
matéria-prima da escola é sua visão do futuro.
A escola está desafiada a mudar a lógica da construção do conhecimento, pois a
aprendizagem agora ocupa toda a nossa vida. E porque passamos todo o tempo de nossas
vidas na escola não só nós, professores devemos ser felizes nela. A felicidade na escola
não é uma questão de opção metodológica ou ideológica, mas sim uma obrigação essencial
dela. Como diz Georges Snyders (1998) no livro A alegria na escola, precisamos de uma nova
"cultura da satisfação", precisamos da "alegria cultural". O mundo de hoje é "favorável à
satisfação" e a escola também pode sê-lo.
O que é ser professor hoje? Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo, conviver; é
ter consciência e sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem
educadores, assim como não se pode pensar num futuro sem poetas e filósofos. Os
educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento
e em consciência crítica, mas também formam pessoas. Diante dos falsos pregadores da
palavra, dos marketeiros, eles são os verdadeiros "amantes da sabedoria", os filósofos de que
nos falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber (não o dado, a informação e o puro
conhecimento), porque constróem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam, juntos, um mundo mais justo, mas produtivo e mais saudável para todos. Por isso
eles são imprescindíveis”.
Fonte: Fragmento de texto de Moacir Gadotti extraído do site http://www.scielo.br/scielo,
adaptado por Denise M. de Melo para fins pedagógicos
64
UNIDADE 13 - O CURRÍCULO E SUAS FONTES FILOSÓFICAS E POLÍTICA
metodologia de ensino.
Ao fazer uma opção curricular, ela traz em si muito mais do que escolhas
casuais, pois está comprometida com valores pessoais e valores sociais que se juntam
às determinantes políticas.
ESTUDANDO E REFLETINDO
O currículo é uma construção política, pois a escola, cumprindo sua função
dos seus defensores e, como tal, devem ser respeitadas. Tomamos por exemplo, as
autoras Rodrigues e Lovo (2000, p.103-104), que ao fazer a síntese crítica das
65
há sempre forte articulação entre a escola, o currículo, seus conteúdos e os
aparência;
seja pela formação, seja pela herança cultural comum que recebeu, o professor
BUSCANDO CONHECIMENTO
Na organização das propostas curriculares, podemos identificar algumas correntes
interesses e necessidades;
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO – explica que o desenvolvimento da criança é
66
A AVALIAÇÃO – considera os valores culturais como indicadores do que é
Teoria do desenvolvimento não é guia para o conteúdo, pois não diz o que
queremos que a criança aprenda.
67
UNIDADE 14 - A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR BRASILEIRA
ESTUDANDO E REFLETINDO
vão determinar a formação dos nossos alunos, com reflexos tanto no presente como
no futuro deles. Porém, a autonomia é relativa. Para orientar as escolas, há exigências
curricular brasileira:
Currículo – atualmente, este conceito envolve outros três quais sejam: currículo
curricular, estamos nos referindo a uma forma de organizar princípios Éticos, Políticos
e Estéticos que fundamentam a articulação entre Áreas de conhecimentos e aspectos
da Vida Cidadã.
Base Nacional Comum – refere-se ao conjunto de conteúdos mínimos das
68
Art. 26. Por ser a dimensão obrigatória dos currículos nacionais – certamente âmbito
Fundamental.
art. 26.
Conteúdos Mínimos das Áreas de Conhecimento: referem-se às noções e
69
possibilidade de ampliação dos dias e horas de aula, de acordo com as possibilidades
Para que você amplie seus conhecimentos sobre o que está definido, em nível
nacional, sobre a organização curricular, sugerimos uma visita ao site
BUSCANDO CONHECIMENTO
A Construção do Currículo
A idéia de construção do projeto pedagógico se desenha na instituição como um
projeto cultural amplo, que envolve muitos atores e que se materializa através de um
processo coletivo que culmina em uma proposta curricular em permanente
70
Portanto, o planejamento curricular reflete um modo específico de se organizar o
DCNs.
2. O currículo apresentado aos professores – interpretação do anterior, em por
objetivo orientar a prática em sala de aula. Por exemplo: PCNs, RCNEIs, material
impresso para o aluno, livro-texto, apostilas e outras orientações didáticas.
71
3. O currículo moldado pelos professores - na prática cotidiana, o professor tem o
Vale ressaltar que o processo avaliativo acaba por determinar critérios e valorizar
algumas atividades em detrimento de outras.
tarefa que exige tempo, espaço e disponibilidade do corpo docente, ele pode se
tornar um guia orientador da prática. Deve ser flexível e aberto, em permanente
72
UNIDADE 15 - SUPERVISÃO E CURRÍCULO
ESTUDANDO E REFLETINDO
prevista para a escola alcançasse o maior grau possível de concretização. Desse modo
o supervisor ou orientador pedagógico devia viabilizar o currículo já elaborado, já que a
73
ou pelo diretor da escola, e a supervisão de área era feita por um professor
reuniões.
Envolvidos com tantas e tão complexas tarefas dos projetos de experimentação
Essa aceitação passiva das diretrizes superiores pode ser atribuída à falta de tempo,
devido a complexidade dos procedimentos experimentais, à escassa literatura da
74
BUSCANDO CONHECIMENTO
75
proposições legais”. Nessas circunstancias, foram desqualificados e considerados
76
UNIDADE 16 - ASPECTOS DA AVALIAÇÃO E CURRÍCULO NA PRÁTICA DA
SUPERVISÃO ESCOLAR
ESTUDANDO E REFLETINDO
espaço para um trabalho mais efetivo para o supervisor escolar, pois este passaria de
guardião das determinações externas a orientador e coordenador da reflexão coletiva
no interior da escola.
Essa perspectiva de autonomia com relação ao currículo, ao trabalho do
Esta última que já vinha sendo ensaiada no plano nacional por meio do Sistema
de Avaliação da Educação Básica (SAEB), e encontrou reiteração regional em São
Ensino Médio (ENEM), o qual, por sua vez, propõe-se como alternativa para o acesso
ao Ensino Superior, em substituição ao mecanismo dos vestibulares.
deve estimular e coordenar a equipe escolar para uma reflexão sobre a elaboração de
um currículo que responda às necessidades específicas da instituição, deve ter em
mira o preparo dos alunos para o domínio do “currículo nacional”, pelo qual será
avaliado. Dessa forma, coube à supervisão enfrentar a difícil questão de harmonizar a
77
tensão gerada pelos mecanismos de centralização e de descentralização do sistema
escolar.
BUSCANDO CONHECIMENTO
O Supervisor diante da relação currículo e avaliação
instituição. Consequentemente, deveria ser posta uma questão fundamental: até onde
estaria o supervisor qualificado e interessado em promover o consenso,
condição para a construção do projeto pedagógico, que, por sua vez, é indispensável
para a conquista da autonomia da escola.
Na análise que hoje se faz da escola brasileira, pode-se perceber o desafio que
se apresenta para o supervisor, pois convergirá para seu campo de atuação a tarefa
78
de promover e coordenar encontros de trabalho, indicar leituras, propor temáticas,
sociedade. Por ser relativa, a autonomia da escola deve ser construída, e exatamente
por isso não se pode confundir os conceitos de “trabalho coletivo” com “trabalhador
desnecessárias.
Se a supervisão e a escola assumem verdadeiramente o trabalho coletivo, o
chegar.
Segundo Silva Junior, 1984 o supervisor está sendo conclamado a “ordenar a
reflexão educativa” (Silva Junior, 1984), porque, por via das imposições da política
governamental ou pela evolução das teorias pedagógicas, novos rumos deverão ser
dados à escola, pois conceitos como “organização da escola por ciclos, progressão
continuada e classe de aceleração” estão à espera de que os supervisores liderem o
79
UNIDADE 17 - OS VALORES NO ESTUDO E INTEGRAÇÃO DO CURRÍCULO
Objetivo: Para sinalizar valores inerentes aos “temas da vida cidadã”, analisaremos
algumas questões que são concretamente ligadas e influentes na vida.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Realizando uma breve reflexão sobre cidadania e sua ligação com aspectos da
legalidade que garante seus direitos, podemos criar uma interligação curricular
Sexualidade: o sexo tem uma abordagem ampla, pois muitos são os fatores
orgânicos, psicológicos, existenciais a serem contemplados na integralidade do ser
da sociedade.
A vida familiar e social: com todos os avanços do pensamento sociológico, não
ser trabalhada é que esses laços poderão ser estendidos e por isso é necessário que
80
se valorizem e preservem as condições de inserção do ser humano na sociedade, na
morais, religiosos das condutas e relações sociais. Esses padrões purificam o meio
social e contribuem para a purificação do meio biológico; ambos são meios ambientes
e produtos da “arquitetura de Deus e dos homens” (João Paulo II, 1997). Nessa
quanto valorizá-los – pois o conceito social do trabalho reflete no conceito social dos
cursos de formação – são direitos e deveres da “vida cidadã”. Educar com e para
tecnologia.
Ciência e tecnologia: a sociedade tecnológica traz recursos e desafios; ambos
81
ensino-aprendizagem, estudo, pesquisa. A atitude de estudo e pesquisa é,
essencialmente, uma atitude crítica e reflexiva com relação à leitura do texto escrito,
informatizado, teórico-científico ou do cotidiano, das conversas, dos meios de
erudita, com igual importância na formação escolar, pois não se faz desenvolvimento
cultural, “letrado”, intelectual, sem atenção às instituições, aos costumes, às realizações
deveres está a linguagem tecnológica e seu acesso pelas vias da educação, que é de
todos e para todos. E ainda como direito e dever educativos é necessário que se
desenvolva a leitura crítica das mensagens veiculadas nos meios de comunicação para
que se mantenha o valor da autonomia de pensamento, da liberdade de opinião, pois
as linguagens servem não só para se comunicar, mas também para refletir sobre o
presente, em vista de um futuro que se pode fazer melhor.
BUSCANDO CONHECIMENTO
82
II – Os que fortalecem os vínculos de família, os laços de solidariedade humana
e de tolerância recíproca.
Princípios estéticos, políticos e éticos são destacados, na Resolução nº 15/98 do
83
Unidade 18 – Princípio pedagógico e currículo escolar.
da interdisciplinaridade e a contextualização.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Analisando os princípios pedagógicos do currículo, encontram-se a
das diferentes linguagens, seus códigos e usos, com atenção à língua portuguesa,
línguas estrangeiras modernas e às tecnologias da comunicação e informação;
84
Nos dois parágrafos, que complementam a definição das áreas, enfatizam-se o
seu critério.
deverá estar presente tanto na base nacional comum, como na parte diversificada,
quanto à habilitação profissional, os “estudos concluídos no ensino médio, tanto da
proposta curricular. Assim, do final dos anos 90, que exige reflexão-ação-reflexiva,
principalmente por parte do supervisor, na sua “coordenação” (organização em
BUSCANDO CONHECIMENTO
Programas das disciplinas
85
de conteúdos, seu trabalho interdisciplinar e contextualizado. É esse o
nos põem, é preciso que os professores leiam sobre suas disciplinas, não
apenas para concordar ou repetir, mas para discutir o conhecimento através
86
seletivos. Apesar das pesquisas, a complexidade e os impasses permanecem.
87
UNIDADE 19 - O COTIDIANO E A CONFIGURAÇÃO CURRICULAR: REFLETINDO SOBRE
AVALIAÇÃO
da prática avaliativa.
ESTUDANDO E REFLETINDO
epistemológica”.
Na relação currículo, aprendizagem ao longo da vida/avaliação não há lugar a
88
responsabilização do individuo pelo seu sucesso/insucesso, pelo que as políticas
BUSCANDO CONHECIMENTO
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO
A avaliação está presente no nosso cotidiano. Avaliamos sempre que refletimos para onde
vamos, o que vamos comer, qual a temperatura do ambiente, dentre tantas outras questões. Podemos
entender, então, a avaliação como algo inerente aos processos cotidianos e, portanto, aos processos de
aprendizagem.
Deve-se considerar na avaliação escolar sua legitimidade técnica e política. Devida a sua
formação profissional, a legitimidade técnica da avaliação compete a quem avalia (ex.: professor), e a
legitimidade política da avaliação cabe ao coletivo da escola, respeitando os critérios do projeto
político-pedagógico e da proposta curricular, princípios construídos coletivamente. Portanto, a
avaliação é responsabilidade de todos: do individual e do coletivo, e não deve ser considerada como
um processo alheio, isolado, mas interligado a uma concepção de educação e a uma estratégia
pedagógica.
89
A avaliação escolar atual compactua com a lógica da classificação e da seleção, em que
seleciona os melhores e os piores alunos, tendo a idéia de que a avaliação é um momento pontual, é
sinônimo de nota atribuída à produção. Porém temos que quebrar esse paradigma de que avaliar é
medir. Medir e avaliar são ideias distintas: mede-se para averiguar o presente e o passado do processo,
visando informações do progresso efetuado, já avaliar, refere-se às informações obtidas para se
planejar ações futuras. “…medir não é avaliar, ainda que o medir faça parte do processo de avaliação.”
Dessa forma, avaliar é um acompanhamento do desenvolvimento do estudante, verificando o que ele
aprendeu e planejando ações futuras para sanar possíveis dificuldades.
Existem dois tipos de avaliações: a avaliação formativa e a avaliação somativa, que não são
diferentes em relação à qualidade, apenas têm objetivos diferenciados. A avaliação formativa acontece
ao longo do processo a fim de reorientá-lo, e a avaliação somativa acontece no final do processo com
o objetivo de verificar o resultado deste. O que poderá diferenciar essas avaliações é a concepção do
processo educativo e avaliativo no qual elas serão inseridas.
A prática da avaliação formativa permite ao aluno um papel ativo no processo de seu
aprendizado e ao professor possibilita acompanhar atentamente os processos e as aprendizagens dos
estudantes, fazendo as intervenções necessárias. O aluno se torna o autor e o professor o mediador.
Nesta avaliação, “a nota é uma decorrência do processo e não o seu fim último”. A avaliação faz parte
de todo o processo de aprendizagem, estando contida nas tarefas, nas observações, nas práticas,
ajudando a localizar dificuldades e potencialidades, redirecionando-os na trajetória do aprender,
quebrando as barreiras e dando prosseguimento a uma caminhada de sucesso.
O professor deve sempre buscar coerência em sua prática educativa, avaliar o que se trabalhou
e como se trabalhou na sala de aula. Os instrumentos utilizados nos processos de avaliação são aqueles
que darão base para a análise do professor do processo de aprendizagem dos alunos, como provas,
testes, relatórios, questionários, etc.. Portanto, não se deve dizer que a prova escrita é uma avaliação, já
que a avaliação é um processo e não pode ser feita em um único dia, a prova é, na verdade, um
exercício que servirá de base para a avaliação. Os resultados obtidos nestes instrumentos são
provisórios. Se o estudante demonstrou não conhecer um conteúdo num momento, poderá conhecer
em outro a partir de ações planejadas, demonstrando a inclusão na escola e a crença no aprendizado
do aluno.
O instrumento de avaliação é utilizado para acompanhar a aprendizagem do estudante e, para
isso, deve ser bem elaborado seguindo alguns critérios importantes: linguagem clara, esclarecedora e
objetiva; questionamentos contextualizados para não dá margem à ambiguidade; conteúdo avaliado
significativo; ter coerência com os propósitos de ensino; explorar capacidade de leitura, escrita e
raciocínio.
A auto-avaliação pode ser do ensino (feita pelo professor) e da aprendizagem (feita pelo
aluno). Para fazer uma auto-avaliação o aluno precisa ter clareza sobre o que é esperado dele,
conhecer o que vai aprender, saber o programa de ensino, o porquê frequentar a escola, analisar
aspectos relativos à sua socilaização e às aprendizagens específicas. Essa auto-avaliação deve ser uma
rotina na sala de aula, aplicando os instrumentos, analisando seus resultados e tomando decisões para
o futuro. Dessa forma, atribui-se ao estudante responsabilidade no seu processo de aprendizado,
formando um sujeito autônomo e crítico, além de permitir ao grupo a verificação da contemplação dos
propósitos estabelecidos.
O conselho de classe deve ser um espaço de resgate de sua real função. Um espaço para
discussão de avanços, progressos, necessidades dos estudantes e do grupo, construção de estratégias
de atuação para intervenções no processo do aprender. Necessita de uma transição da perspectiva da
discussão de notas classificatória e seletiva para um momento de interação entre professores em busca
do resgate da dimensão coletiva do trabalho docente.
Existem vários espaços onde pode ocorrer a avaliação. É chamada de avaliação institucional
aquela baseada no projeto político-pedagógico da escola a fim de alcançar os indicadores
estabelecidos pelo coletivo. Permite também uma melhor organização do coletivo, verificando as
potencialidades e dificuldades da organização escolar, propondo alternativas para os problemas.
A avaliação do sistema é aquela que verifica o rendimento do conjunto de estudantes pertencentes a
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uma rede de ensino e avalia os fatores associados a esses rendimentos. Tais resultados serão utilizados
na avaliação institucional e na avaliação da aprendizagem dos alunos. E, por último, temos o sistema de
avaliação nacional que tem o papel de traçar o panorama educacional do país em diversos níveis de
ensino.
FREITAS, L. C.; FERNANDES, C. O. Currículo e avaliação. Indagações sobre currículo. Brasília: Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.
91
Unidade 20 – Currículo e conhecimento
ESTUDANDO E REFLETINDO
primado da educação e/ou instrução, depois pela formação vocacional e, por último,
pela aprendizagem.
aprende e não tanto em quem ensina, alterando-se, desde já, a relação com o
conhecimento e que se passa a entender por conhecimento), quer novas (ou velhas)
Para além da diversidade curricular, que existe ao nível das salas de aula e dos
espaços de formação, observa-se que a noção de aprendizagem ao longo da vida
contribui, de uma forma substantiva, para que o currículo seja considerado pela
dinâmica do sujeito, fazendo-se com que esteja na base da sua definição, tal como foi
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argumentado pelo movimento da recontextualização, iniciado na década de 70.
mercado, que torna mais concreta a uniformização das práticas, apesar da diversidade
e heterogeneidade das ofertas, já que o princípio pelo qual se regula o mercado
BUSCANDO CONHECIMENTO
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principalmente, na economia. Essa realidade tem sido amplamente estudada e
debatida.
O Estado intervem, nesse processo, como agente regulador das políticas
voltado para um saber-fazer mais do que para uma formação reflexiva; b) nas
definições em torno das agências formadoras de professores, com evidências de um
Estado, que passa a controlar e a avaliar desde longe, por meio da contratação de
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terceiros para realizar a avaliação externa - considerada como prestação de contas à
gerenciais.
O objetivo deste texto é discutir alguns efeitos dessas políticas para o
dominadas pela esfera econômica, assim como discutir como os docentes têm sido
posicionados por essas políticas e pelos discursos educacionais deste final/início de
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