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Revista

Sugestão
SUGESTÃO

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Expediente SUMÁRIO
Diretor de Redação: Rafael
Pinheiro Lima

Redatora-Chefe: Ana Cristina


Gonçalves

Diretora de Arte: Cristiane Lac-


erda Schaffer Expediente e Sumário 03
Editoras: Carla Raimondi, Maria
Cecília Prado Tipografia 04
Editora Assistente: Fabiana
Moritz
Ilustraçao 06
Repórteres: Camila Leite, Ma-
nuella Menezes, Matilda Azevedo,
Thais Barakat
Arte Urbana 08
Editora de Arte: Priscila Afonso

Designers: Débora Sene, Luiz


Carlos Manoel Design 10
Estagiários: Letícia Homsi
(beleza), Sarah Luisa Santos
(moda), Luis Felipe Brandão Fotografia 12
Sereno (arte)

CTI: Alvaro Zeni (supervisor),


André Hauly, Edvânia Silva, Erika Tecnologia 14
Nakamura, Juarez Macedo, Lean-
dro Marcinari, Leo Ferreira, Regina
Sano, Rodrigo Lemes, Vanessa
Dalberto, Zeca França Portifólio 16

Processos de Impressão 20

3
Tipografia

Globoface:
a tipografia da Rede Globo.

A tipografia, desde o início da televisão, teve uma


grande relevância, não menor se comparada a
projetos impressos. O que ocorre é que, assim como
novas mídias, outros aspectos estéticos, cognitivos
e ergonômicos tiveram que ser atentados. Mas foi
através da Rede Globo que a tipografia alcançou
uma importância ainda maior. Ela serviu como um
dos elementos fundamentais da identidade visual,
tanto na formação de uma logotipia para marca,
como na confecção de um alfabeto para a maioria
dos elementos textuais presentes nas transmissões
da emissora.
Essa valorização á tipografia partiu desde o
projeto gráfico desenvolvido por Borjalo, ainda
na era sem cores da televisão, . Em toda a
programação, a fonte Microgramma Bold Extended
(muito similar a Eurostile MN Extended Bold), que
estava presente também no logotipo da marca com
os globos terrestres estilizados, era soberana nos
créditos das aberturas de programas, nas vinhetas
institucionais e na apresentação das chamadas. As
cores das letras variavam entre o preto e o branco
(mesmo com a introdução dos televisores em cores).
Além disso, a composição dos letterings geralmente

apresentava uma justificação centralizada ou alguma


integração com as imagens, utilizando-se como
referência as aberturas de filmes internacionais.

Com a chegada de Hans Donner e a reformulação


da identidade visual, a fonte Microgramma foi
substituída por uma outra fonte moderna, sem serifa,
mas com cantos e terminações mais arredondados.
A primeira novela a inaugurar esse novo padrão
tipográfico foi a novela Anjo Mau, de 1976. Essa
fonte se aproximava da Frankfurter Medium, mas
com algumas diferenças formais e problemas de
resolução e kerning, provavelmente ocasionadas
pelos primeiros GCs, equipamentos geradores de

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caracteres, em susbtituição a técnica de luma key com os antigos cartões
em preto e branco. O entusiasta Igor C. Barros fez a reprodução dessa
fonte, denominando-a de Rede Rounded, disponibilizada também em
seu blog Salt Cover.
Depois de algum tempo e com a melhoria tecnológica para a
exibição dos créditos, a fonte que acabou sendo adotada foi a
VAG Rounded (principalmente na versão bold). Mesmo com
seu vasto portifólio tipográfico, incluindo a própria fonte que
compõe o logotipo da marca, Hans Donner não foi o autor dessa
letra. Ela foi desenvolvida pela empresa automobilística
Volkswagen AG (daí o nome) em 1979 para a sua identidade corporativa.
O seu aspecto formal propiciava uma clara associação ao elemento
esférico do símbolo gráfico, além do atributo moderno da própria
logotipia, mais robusta, mas que nitidamente não funcionava para textos
extensos ou palavras menores.

maior legibilidade e com restrito ou nenhum trabalho


A consolidação da inovadora linguagem visual de Hans de animação. Embora represente um certo descaso
Donner e a presença constante dessa tipografia em com o conceito de empregar um tratamento tipográfico
programas e chamadas elevaram-na a condição de oficial, diferenciado como um incremento informacional na
sendo portanto denominada de Globoface. Ela passou composição da linguagem da vinheta, essa característica
inclusive a ser utilizada não só no vídeo, mas também na acabou servindo como uma espécie de assinatura da
identidade interna da empresa, como sinalização, material emissora em suas produções.
impresso, transporte, equipamentos, entre outros.
Esse diferencial revelou-se ainda como uma estratégia
Com o passar dos anos e com o aperfeiçoamentos comercial que confirma às seus produtos, assim como
dos softwares gráficos, a Globoface contou com mais qualquer selo de inspeção e aprovação de um produto, o
cores, efeitos, texturas, degradês, além, é claro, da famoso “padrão Globo de qualidade”. Tanto é, que outras
tridimensionalidade, que possibilitaram linguagens emissoras como a Rede TV e a Rede Record adorataram
diferenciadas, sem eliminar uma unidade tipográfica. essa tipografia em suas grades de programação. Em alguns
Esses recursos se tornaram importantes, prinicipalmente casos, de forma muito parecida. Talvez com o intuito de se
no caso das chamadas que necessitavam diferenciar-se aproximarem dessa tal qualidade estabelecida pela Rede
umas das outras para melhor distinção dos programas. Globo.

No entanto, ao contrário das chamadas comerciais,


as aberturas, principalmente de novelas, sempre
continuaram mantendo a mesma tipografia e formas
similares de apresentá-las durante os anos. Salvo algumas
exceções pontuais, os letterings são usualmente em
branco, nos cantos da tela, com sombras para conferir

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Ilustração

Bryan Lee
O’Malley:
Pra quem não sabe, Bryan Lee O’Malley
é o criador da série de Graphic Novels
Scott Pilgrim.
O autor canadense, nascido em 1979, atingiu o sucesso ros finalizados. 2. Um passarinho me contou que
ainda jovem e quase por acaso, com um traço simples As fases de desenhar são mais ou você é incrivelmente rápido quan-
de forte influência japonesa, roteiros bem estruturados menos assim: de segunda a sexta do a deadline se aproxima. Você
e gags visuais de caráter cinematográfico. Além disso, eu começo a desenhar assim que tem alguma dica para aumentar o
sua linha de referências é longa e curva, mergulhando acordo e paro depois de terminar número de páginas feitas por dia?
fundo na cultura pop e respingando música, filmes e duas páginas, ou outra quanti-
videogames por todo canto. Hoje ele mora com a es- dade que eu tiver estabelecido. Não é verdade. Eu era mais rápido
posa Hope Larson, também ilustradora, em Los Angeles. Os finais de semana eu tento tirar quando era mais jovem e idi-
de folga, mas geralmente acabo ota. Agora aprendi que “devagar e
E é com permissão vinda diretamente de O’Malley que eu trabalhando, ou no sábado, ou sempre” é uma excelente analogia
posto aqui a tradução exclusiva da excelente entrevista so- no domingo, ou em ambos, seja pra quadrinhos. Se sua idéia for
bre seu processo criativo publicada hoje pelo autor em seu porque estou atrasado com o pra- fazer duas páginas por dia, você vai
perfil na deviantART. zo ou porque simplesmente não acabar fazendo mais coisa que se
sinto vontade de não trabalhar. tentar fazer 20 páginas por semana.
1. Você pode dizer como é o seu típico mês de trabalho? E se você tá querendo fazer 20 pági-
Eu gosto de fazer os rascunhos logo nas por semana, você vai se dar mal
A principal dificuldade em trabalhar com histórias em que acordo, quando meu cérebro e se sentir péssimo. Ainda estou me
quadrinhos, e eu constantemente luto com isso, é a divisão está trabalhando melhor, então acostumando com esse conceito.
entre escrever e desenhar. Como eu escrevo e desenho faço os desenhos à lápis antes do
todo o meu material, há uma flagrante divisão de trabal- almoço e artefinalizo durante a 3. Seus personagens são marcados
ho; por exemplo: eu passo metade do ano desenhando, e tarde. Gosto de escutar audiobooks por um nível impressionante de
metade escrevendo. Você acaba se sentindo meio esquizo- ou programas de rádio enquanto autoconhecimento. Você pode dar
frênico: é como ter um trabalho uma hora e, de repente, faço os desenhos à lápis, porque alguma dica em como criar perso-
outro completamente diferente. Você usa diferentes habili- eles distraem a parte do meu cé- nagens?
dades em cada uma das fases, mas, pelo menos para mim, rebro que fica constantemente
elas devem ser necessariamente isoladas. gritando “ISSO TÁ HORRÍVEL! VOCÊ Não sei se posso ajudar com esse
TÁ ESTRAGANDO TUDO!”. Durante assunto, é uma coisa é acontece
De toda forma, o meu mês de escrita típico é assim: Eu nor- o processo de artefinalização, gos- naturalmente comigo. Meu prin-
malmente passo algumas horas por dia escrevendo e/ou to de ouvir audiobooks ou música cipal interesse como escritor/cria-
pensando em material e, então, gasto as demais horas len- barulhenta e animada. Já na fase de dor é o modo como as pessoas se
do, assistindo a filmes, jogando videogames e, em suma, rascunhos, prefiro música calminha. interrelacionam. Todo mundo é
procurando inspiração. diferente,
Habitualmente, escrevo por certo período e aí esbarro em No meu próximo trabalho eu quero e todas essas pessoas diferentes
uma dificuldade e paro por um tempo. Algumas vezes passar alguns meses rascunhando interagem com todas as outras
tenho que ficar parado por uma semana ou mais e, então, tudo de uma vez só. Vamos ver no pessoas de um jeito particular, de
tenho uma epifânia de repente e volto a escrever, durante que dá. forma que qualquer relação entre
dois dias direto. Eventualmente esse processo leva a rotei- dois personagens específicos é

6
uma coisa separada. Acho que isso comecei a trabalhar em uma,
é uma dica. Graphic Novels estavam começan-
do a tomar o lugar de minisséries,
4. O que você considera mais difícil então eu fiz “Lost at Sea” como uma
na criação de quadrinhos? Graphic Novel. Depois disso, meu
editor sugeriu que eu fizesse uma
A parte mais complicada é, provav- série de livros, que foi o que deu
elmente, a consistência do trabalho origem a Scott Pilgrim.
e toda a prática e esforço necessári-
os. Você pode acabar sentindo 6. Qual seu material favorito?
como se estivesse começando do
zero todos os dias. Eu tenho uma relação de amor e
ódio com pincéis e nanquim. É um
Outra parte difícil para mim, como conjunto de ferramentas bastante
um criador em amadurecimento, temperamental e fortemente base-
é, como disse antes, a divisão entre ado em “bons” pincéis e tintas (em
escrever e desenhar. Eu estou con- outras palavras, caros), e mesmo os
stantemente à procura de modos mais caros são bastante volúveis.
de integrar as duas coisas de modo Além disso, realmente demora anos
satisfatório, mas tem sido difícil pra que se aprenda a usá-los corre-
porque eu gosto de uma estrutura tamente e adquirir estilo próprio.
sólida para o enredo, mas também Mas definitivamente não dá pra ter
da espontaneidade de piadas ou o mesmo resultado com outras coi-
imagens que surgem durante o sas, eu acho. Eu provavelmente vou
processo de desenhar. Eu quero as acabar sempre no pincel e na tinta.
duas coisas, e isso torna necessária
a divisão de trabalhos. 7. Você usa muito o computador?

5. Você pode descrever como Sim e não. Todo meu trabalho passa
começou nos quadrinhos? pelo computador, mas eu o utilizo
basicamente pra poupar tempo,
Eu acho que entrei meio pela porta não tanto pra produzir. Eu faço uma
dos fundos. No final da minha ado- limpa nos originais, preenchimen-
lescência, eu fazia meus próprios tos de preto e letras no computa-
quadrinhos amadores na internet, dor.
quando isso ainda era algo novo (fi-
nal dos anos 90). Então eu fui morar Às vezes eu prefiro fazer linhas
com uns amigos alguns anos mais longas e curvas sinuosas no Pho-
velhos, que estavam trabalhando toshop porque sou péssimo pra
numa revista pra Image. Eu ajudei desenhá-las à mão. Também uso
com letras e alguns aspectos de pra quase todo meu trabalho com
design e, com isso, acabei fazendo cores e tons de cinza.
alguns contatos e comecei a fazer
uns bicos com letras e finalização Não sou muito fã de finalizar com
pra Udon e pra Oni Press. uma mesa digitalizadora, mas gos-
to de usá-la para colorir originais
Ao mesmo tempo, eu estava culti- e conseguir efeitos malucos, difer-
vando as idéias da minha própria entes do que eu faria no papel.
minissérie. Quando finalmente

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Arte Urbana
Artista
urbano vence
prémio TED 2011
“JR owns the biggest art gallery in the world” ou

“JR é dono da maior galeria de arte do mundo”.

Esta é nada mais nada menos que a primeira linha


da descrição do vencedor do Prémio TED 2011 pre-
sente no seu site.

Podíamos começar este artigo a anunciar o nome


do vencedor, é certo, mas essa informação de pouco
ou nada serviria, tendo em conta que ninguém sabe
quem ele é ao certo.

JR são as duas únicas iniciais identificativas deste ar-


tistas urbano francês, que já neste mês de Outubro
garantiu uma bolsa de 100 mil dólares e a oportuni-
dade de trabalhar directamente com a comunidade
TED (Technology, Entertainment, Design), no sen-
tido de criar “um desejo audaz que envolverá todo o
mundo numa nova peça de arte”.

Depois de Bill Clinton, Bono Vox e Jamie Oliver


terem sido alguns dos anteriores laureados, coube
agora ao criativo e inovador artista francês ver o seu
trabalho reconhecido.

Com trabalhos realizados em Jerusalém, Rio de Ja-


neiro, Quénia e Xangai, o processo de trabalho de JR
passa pela colagem de imagens de grandes dimen-
sões, geralmente de rostos humanos, em paredes
e fachadas de edifícios, tendo deixado a sua marca
em locais tão diversos como o Morro da Providên-
cia, uma favela da “cidade maravilhosa”, no muro da
vergonha que divide Jerusalém, e numa série de ed-
ifícios degradados em Xangai.

Considerando que JR cria “um tipo de arte universal”,


de acordo com Amy Novogratz, Director do Prémio
TED, “as criações de JR inspiraram as pessoas a ver
arte onde normalmente não a esperariam ver, e a
criá-la quando elas não sabiam que o podiam fazer”.

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9
Design

Entrevista:
Philippe
Starck
Plástico Agora com status de cool, o plástico
ganha adeptos e conquista espaço em um mer-
cado antes dominado por madeiras e tecidos.

Há 20 anos, pensar em decorar um


espaço com móveis de plástico era
fato tido como solução simples, até
deA mau gosto, um sinônimo de falta
de recursos financeiros. Hoje, em ple-
nos anos 2000, o plástico renasceu de
maneira fantástica: é símbolo de mod-
ernidade, afinidade com tendências
sustentáveis e, quem diria, virou refer-
ência de bom gosto. Um dos grandes
responsáveis pela virada na história do
material e sua utilização pela indús-
tria de móveis e decoração é Philippe
Starck, o designer francês que virou
uma referência mundial de moder-
nidade. Uma de suas criações mais
notórias é a linha Louis Ghost, uma ca-
deira barroca Luís XV revisitada, toda
feita de policarbonato injetado - peça
pouco provável de estar em lugar de
destaque em um lar até alguns anos
atrás.

10
A febre do mobiliário de plástico é bem mais difundida O plástico é um termo genérico para um grupo abrangente de materiais: fibra
em países europeus do que no Brasil. Nosso país ainda de vidro, resina de poliéster, polipropileno, poliuretano, policarbonato, acríl-
caminha com parcimônia em direção à decoração fu- ico, etc. Todos variam bastante nos quesitos textura, brilho e transparência.
turista. “O Brasil ainda não entendeu essa tendência”, Alguns tipos precisam do molde. O plástico, normalmente o polipropileno,
disse Starck na última Feira de Decoração, em Milão, em é injetado, o que proporciona uma tiragem de larga escala; como o molde é
abril passado. Mas muita gente que entende do assunto caro, o preço se dilui na produção.
discorda da opinião do designer. “Acredito que o Brasil Com as fibras de vidro, o processo é mais artesanal e demorado. As peças são
já se rendeu aos móveis de plástico. Vide o sucesso de produzidas em escala bem menor.
vendas de marcas importadas como a Alessi, Kartell,
Magis, Vitra, Parri e várias outras”, diz Alcyone Godói, Atualmente, o acrílico em chapas tem sido muito utilizado: ele pode ser do-
diretora de produtos da loja Benedixt, em São Paulo. brado, recortado e estampado. Essa alta flexibilidade é um aspecto positivo
O preconceito contra o material, de fato, é coisa do do material. “A liberdade de desenho que o plástico permite a um designer
passado. “A onda dos móveis de plástico pegou, sim. é algo supernobre. Algumas vezes, o desenho brilhante de um profissional
O problema é que, na maioria das vezes, a palavra caía sai do papel e não toma forma funcional pois o material não permite. Com
mal, era associada a material barato e de baixa quali- o plástico, isso não acontece. Ele permite projetos ousados”, afirma Bork. As
dade. O plástico não tinha a cara nobre da madeira, do tecnologias de fabricação do material também estão bastante avançadas. “A
tecido”, explica Helio Bork, diretor da Kartell no Brasil. China nos abriu um enorme campo de criação. Lá, os moldes não são tão ca-
A empresa italiana se tornou um ícone ao apostar nas ros, além das fábricas nos oferecerem uma grande diversidade de acabamen-
peças de plástico aliadas à alta tecnologia. tos”, explica Nanina Rosa, gerente de marketing da rede de lojas Imaginarium.

Outra tendência que envolve plástico na decoração é a coleção de “toy art”, os fa-
mosos brinquedos de adulto, feitos não para brincar, mas sim para agregar valores
-pueris, divertidos, modernos e leves para o ambiente. Nina Sander, proprietária
da Plastik, uma referência em toy art, confirma que a febre veio para ficar. “Minha
clientela é formada, nagrande maioria, por homens de 20 a 50 anos, entre eles, de-
signers, estilistas e publicitários”. Para essa turma, os”toys” são encarados como ob-
jetos de arte, itens de colecionador e merecem destaque na estante. “Acho muito
bacana misturá-los com livros e vasos. O ambiente fica moderno descontraído”, diz
Nina. Provavelmente a visão de Philippe Starck estivesse certa tempos atrás, mas
se o Brasil não entendia o plástico, agora a história é diferente.

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Fotografia

Yann
Arthus-Bertrand
Fotógrafo, jornalista, repórter e ambientalista francês.

Ele nasceu de uma família de renomados joal-


heiros, fundada por Claude Arthus-Bertrand e
Michel-Ange Marion. Sua irmã Catherine é um
de seus colaboradores mais próximos. Ele se
interessou pela natureza e pela vida selvagem
ainda na infância.
Originalmente sua especialidade era a fotografia
de animais, mas logo a fotografia aérea mudou
seu rumo; fez fotografias ao redor do mundo.
Publicou mais de 60 livros com suas fotografias
feitas em helicópteros e balões. Seu trabalho
foi publicado várias vezes na Revista National
Geographic e exibido em diversos países.
Arthus-Bertrand é um membro da “Académie
des Beaux-Arts de l’Institut de France”.
Uma de suas fotos mais conhecidas é a de um
manguezal com forma de coração na Nova
Caledônia, que foi utilizada como capa para sues
livros The Earth from the air e The Earth from
above.
Em 5 de junho de 2009 estreou um filme chama-
do Home, com uma coleção de fotos totalmente
impressionantes.

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Tecnologia

Android invade
seu celular
Sistema operacional do Google para smartphones já supera o iPhone mundialmente, em uma estratégia

semelhante à que a Microsoft usou para popularizar o Windows no computador.

“Ele é um fã da Apple e compra quase todos os Mas não é só. Enquanto Apple e RIM desenvolveram
produtos da companhia. O notebook é um Mac- softwares que rodam exclusivamente em seus celulares,
Book. Para ouvir música digital, usa o iPod. Um o Google optou por uma estratégia agnóstica. Com isso,
Apple TV fica acoplado a sua televisão para baixar é possível encontrar o Android em uma grande varie-
vídeos e séries. Mas o seu celular não tem a marca dade de fabricantes de celulares, desde as coreanas Sam-
da maçã, que identifica a empresa de Steve Jobs.” sung e LG, até a americana Motorola, a nipo-sueca Sony
Ericsson e a taiwanesa HTC.
O símbolo do aparelho de Marcelo Marzola, di-
retor-geral da empresa de internet Predicta, é um A estratégia é semelhante à da Microsoft na área de
simpático robozinho verde que roda o sistema op- computadores. O Windows equipava a maioria dos PCs
eracional para smartphones Android, do Google. produzidos no mundo na década de 90. O sistema da
“Ele é muito eficiente”, diz o executivo. “Não sinto Apple só rodava em seus equipamentos. O vencedor
saudades do meu iPhone.” desta disputa foi a empresa de Bill Gates.
Como Marzola, milhões de consumidores ao redor
do mundo estão comprando celulares inteligentes O Android também está disponível para venda em
com a plataforma do Google. Pesquisa da consul- várias empresas de telefonia, que estão ativando mais de
toria americana Gartner mostrou que ele já é o ter- 160 mil aparelhos com Android por dia. “O consumidor
ceiro sistema operacional mais usado globalmente, também tem a disposição celulares em diversas faixas
com 17,2% de participação de mercado no segundo de preços, desde smartphones topo de linha até equi-
trimestre de 2010. pamentos mais baratos”, diz Marcus Daniel, diretor da
divisão de celulares da LG.
Há um ano, tinha apenas 1,7% (confira gráfico
abaixo). No mercado norte-americano, ele des- Mas os consumidores não compram um smartphone
bancou o iOS, que roda no iPhone, e o Research in em razão do sistema operacional. O grande atrativo para
Motion (RIM), programa da empresa que fabrica o usar estes celulares são os aplicativos. E, mais uma vez,
BlackBerry, alcançando a primeira posição. o Android é o único aparelho a fazer frente ao iPhone.

O que explica a rápida ascensão do sistema opera- A Apple diz que existem mais de 250 mil programas
cional do Google, que tem pouco menos de dois desenvolvidos para rodar em seu smartphone. O sis-
anos de vida? “Ele é a única plataforma que está tema do Google já conta com 90 mil. Em 2009, a loja
provendo uma alternativa atraente ao iPhone”, afir- de aplicativos da Apple foi responsável pelo download
mou à DINHEIRO Rob Enderle, analista da con- de 67% de todas as aplicações para celulares inteligen-
sultoria americana Enderle Group. tes do mundo, de acordo a consultoria inglesa Ovum.
Em 2015, terá uma fatia de apenas 22%. O Android, no
mesmo período, vai saltar de 14% para 26%, mais uma
vez à frente do celular da empresa de Steve Jobs.

14
Apesar de ser um sucesso em ven-
das, o Google não ganha dinheiro
diretamente com o Android. Essa é
uma das desvantagens de não vend-
er de forma integrada o aparelho e o
software, como fazem Apple e RIM.
No ano passado, o iPhone gerou
US$ 15 bilhões, um terço do fatura-
mento da Apple.

O Google até tentou enveredar por


esse caminho, quando lançou o
Nexus One, seu equipamento com
Android, em janeiro deste ano. Mas
as vendas desapontaram e ele desis-
tiu do negócio em julho. “A estraté-
gia do Google é estender o domínio
que tem nas buscas no desktop para
os seus serviços no celular”, afirmou
à DINHEIRO Jan Dawson, analista
de telecomunicações da consultoria
Ovum.
“Dessa forma, ele pode ofer-
ecer publicidade ao redor desses
serviços.” Marcelo Marzola, que
trocou o seu iPhone por um celu-
lar com Android, comprovou essa
integração. “Tudo funciona com os
serviços de Google de forma sim-
ples e integrada”, diz.

A caçada ao Android vai se inten-


sificar neste segundo semestre de
2010. A RIM lançou o BlackBerry
Torch, nos EUA, com o seu novo
sistema operacional. A Nokia tam-
bém promete para setembro o N8,
smartphone equipado com versão 3
do Symbian. O Windows Phone 7,
que chega ainda em 2010, é a tenta-
tiva da Microsoft de revitalizar sua
divisão de celulares e ganhar algum
protagonismo na área móvel, como
tem na área de PCs. Mas o Win-
dows para celulares, até agora, tem
o nome de Android.

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Portifólio

Estúdio
Ghibli
“Um filme só é bom quando, este, depois de 20 ou 30
anos ainda mexe com as pessoas que o assistem’.
– Hayao Miyazaki”

Nausicaä do vale dos ventos foi um grande


sucesso e possibilitou a criação do lendário estú-
dio Ghibli, no ano de 1985, em Kichioji na provín- 1979 - Lupin III: O castelo de
cia de Musashino City. Assim Miyazaki começou Cagliostro
a trabalhar no segundo longa-metragem: Laputa
– O Castelo no Céu (Tenkuu no Shiro Rapyuta).
Os anos foram passando e o Ghibli continuava
indo muito bem em seus projetos que alterna-
vam em criações de Hayao Miyazaki e Isao Taka-
hata. Obras como Túmulo dos Vagalumes (Hotaru
no Haka), Meu Vizinho Totoro, Pon Poko: A guerra
dos guaxinins (Heisei Tanuki Gassen Ponpoko), O
Serviço de Entrega da Kiki (Majô no Takkyubin),
Sussuros do Coração (Mimi wo Sumaseba), entre
muitos outros, fizeram com que o Ghibli se tor-
nasse um dos mais importantes estúdios de ani-
mação do Japão. 1984 - Nausicaä do Vale do
Porém a consagração internacional veio somente Vento
em 1997, quando estreou nos cinemas japoneses
Princesa Mononoke (Mononoke Hime). Mais um
trabalho de autoria de Miyazaki que se encontra-
va em desenvolvimento há 12 anos. O drama de
uma guerra entre os homens e a mãe natureza,
arrecadou 150 milhões de dólares somente no
arquipélago japonês, perdendo apenas para o
filme americano Titanic, de James Cameron. O
sucesso de Princesa Mononoke só não se repe- 1986 - Laputa Castle in
tiu no ocidente devido a sua má distribuição nos the Sky
cinemas.
Se Princesa Mononoke não conseguiu bater Ti-
tanic, a obra seguinte conseguiria. A Viagem de
Chihiro estreou no dia 20 de julho de 2001 e mu-
dou de vez a história dos desenhos animados
japoneses no mundo inteiro.

16
1988 - Meu vizinho Totoro

1993 - Ocean Waves

1988 - O Túmulo dos

Vagalumes

1994 - Pom Poko

1989 - Kiki’s delivery service

1995 - On Your Mark

1991 - Only Yesterday

1995 - Whisper of the Heart

1992 - Porco Rosso

1997 - Princesa Mononoke

17
1999 - Meus vizinhos, os

Yamadas

2008 - Ponyo - Uma amizade

que veio do mar

2001 - A Viagem de Chihiro

2002 - O Reino dos Gatos

2004 - O Castelo Animado

2006 - Contos de Terramar

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19
Processos de Impressão

O que é uma
impressão off-
set?
Uma das formas mais utilizadas para impressão é o sistema offset. Utilizado para im-
pressões de grande e média quantidade, o offset oferece uma boa qualidade e é feito
com grande rapidez. Entenda como funciona o processo mais utilizado na indústria
gráfica atualmente.

O offset é um dos processos de impressão mais uti-


lizadosA offset é ideal para grandes quantidades
de impressos pois o papel corre pela máquina,
e precisa de nenhuma intervenção humana en-
quanto o processo é feito. Mas não pense que o
humano não têm utilidade nessa hora. Pelo con-
trário, a máquina precisa de vários ajustes durante
a impressão, seja na quantidade de tinta e água ou
seja na hora em que um impresso for ter mais de
uma cor.

“E como um impresso por offset pode ter mais de


uma cor, se no cilindro apenas vai uma?”. Oras, caro
leitor, isso é simples: como os impressos são ger-
almente feitos com o sistema CMYK (ou “Europa”)
de cores, cada cor é impresso separadamente.
O offset é um dos processos de impressão mais utilizados desde a se- Utilizando-se das retículas (como eu expliquei
gunda metade do século XX. Ele garante boa qualidade para médias e no artigo sobre o que significava CMYK), todas
grandes tiragens, além de imprimir em praticamente todos os tipos de as cores são impressas separadamente e mais
papéis além de alguns tipos de plástico (especialmente o poliestireno). tarde nossos olhos é que vão ver a cor planejada.

O que é uma impressão offset?


O que é litografia?
A expressão “offset” vêm de “offset litography” (literalmente, litografia
fora-do-lugar), fazendo menção à impressão indireta (na litografia, a Desenvolvido em fins do século XVII, foi muito utili-
impressão era direta, com o papel tendo contato direto com a matriz). zada no século seguinte na Europa, especialmente
para impressão de partituras musicais, gravuras

20
e até mesmo livros e revistas. pode enrugar a folha ou até mesmo atravessar a enquanto o restante fica em
Quando criada, a litografia se folha. Além do mais, o atrito entre a borracha e o “branco”.
utilizava de uma matriz de pe- papel é melhor do que entre o metal e o papel.
dra polida pressionada contra Tente passar um objeto metálico por cima do pa- Terceiro: um cilindro com uma
o papel, com os elementos pel; viu como ele desliza facilmente? Já a borracha, blanqueta de borracha rola
para reprodução registrados não. Ou seja, o papel está mais propenso a borrar em cima do primeiro cilindro
na pedra por substâncias gor- quando impresso direto da chapa do que quando (com a chapa já pintada). A bl-
durosas. impresso pela blanqueta. anqueta vai absorver melhor
a tinta além de proporcionar
Quando umedecida com tinta, Como o offset funciona? uma melhor fricção ao papel.
a gordura que tinha na figura Agora, a imagem está impressa
absorvia a tinta. Em seguida, O offset faz uma impressão indireta: ou seja, a ima- na blanqueta.
a pedra era “lavada” com água gem não é impressa direta no material (neste arti-
para tirar a tinta desnecessária. go, vou usar o papel como exemplo). Isto acontece Quarto: o papel passa entre
O que sobrava era a tinta gru- pois a superfície da chapa onde está a imagem é o cilindro com a blanqueta e
dada na gordura que tinha a lisa e teria pouca fricção com o material – o que iria um outro cilindro que vai fazer
forma desejada. Em seguida, deixar tudo borrado. pressão. Assim a imagem é
era só pressionar o papel con- transferida da blanqueta para
tra a pedra que a tinta imprim- Primeiro: pega-se uma chapa metálica que é o papel.
ia no papel. Anos mais tarde, preparada para se tornar foto-sensível. A área
a litografia passou a ser em que é protegida da luz acaba atraindo gordu- Ou seja, a chapa imprime na bl-
metal, podendo ter uma forma ra – neste caso, a tinta – enquanto o restante anqueta que imprime no papel.
cilíndrica e tornando o pro- atrai apenas água – que não chega no papel.
cesso rotativo, dando origem à
litografia industrial.
Segundo: a chapa é presa em um cilindro. Esse
Quando a blanqueta foi in- cilindro vai rolar por um outro menor que con-
troduzida entre a matriz e o tem a tinta – que pode ser da cor ciana, magenta,
suporte (a mídia no qual a in- amarela ou preta. A tinta vai “colar” na imagem,
formação era impressa, o papel
por exemplo), surgiu o offset. A
litografia é utilizada hoje para
fins artísticos.

“Mas Canha, por que a litogra-


fia não é tão usada quanto a
offset? Não sairía mais barato?”.
Tecnicamente, não. A inclusão
da blanqueta no processo off-
set evita os borrões e excesso
de tinta que um sistema de im-
pressão direto cilíndrico (como
a litografia cilíndrica) podem
dar. A blanquenta ao encostar
na chapa absorve a tinta mel-
hor, e permite que nem toda a
tinta seja transferida ao papel.

Se o papel for muito fino, por


exemplo, a tinta em excesso

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Como a chapa é produzida?

As chapas podem ser produzidas por fotogravura com a utilização


de fotolitos ou por gravação digital. Na produção por fotogravura,
a chapa de alumínio virgem é colocado na gravadora, ou prensa de
contato sob o fotolito. O fotolito é como se fosse uma transparência
positiva de uma das quatro cores (CMYK).

O fotolito, aderido a chapa por vácuo, é exposto a luz por algum tem-
po. A luz possibilita que as imagens do fotolito sejam impressas na
chapa – essa etapa chama-se gravação ou sensibilização. Nesta etapa,
a luz “amolece” a emulsão na chapa. Tudo que foi exposto a luz, irá pas-
sar a atrair a umidade, enquanto a área que não foi exposta “endurece”
e passa a atrair gordura (neste caso, a tinta). Em seguida, a chapa é
lavada com químicos específicos que irão reagir com as áreas expostas

à luz tanto quanto com as áreas não expostas, etapa que leva o nome de revelação.

Quais são os tipos de impressoras?

Na impressão offset, as impressoras podem ser planas ou rotativas. Isso quer dizer que
pode utilizar folhas soltas (planas) ou bobinas de papel (rotativas). O sistema de bobinas,
por exemplo, é utilizado na indústria da produção de jornais por ser muito mais rápido
– em média 30.000 cópias por hora – porém a qualidade é menor que nas impressoras off-
set planas, que por sua vez são mais usados para imprimir cartazes, livros, folhetos, folders,
etc. Existem também impressoras rotativas de alta qualidade, disponíveis apenas em grá-
ficas muito grandes e usada principalmente para impressão de revistas de alta tiragem.

Na imagem acima você pode notar que existem as quatro cores básicas, que juntas po-
dem formar qualquer cor. Quando uma gráfica não precisa utilizar todas as cores (em im-
pressões monocromáticas, bicromáticas ou tricromáticas) a “torre” onde cada cor fica é
removida.

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SUGESTÃO

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