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Livro Eletrônico

Aula 00

Literatura p/ ENEM - RETA FINAL 2018 (Com Videoaulas)


Professor: Rafaela Freitas

Aula Demonstrativa
Rafaela Freitas
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APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 2
OBJETIVO E CRONOGRAMA DO CURSO .................................................................. 2
1. QUINHENTISMO ................................................................................................. 5
1.1 LITERATURA INFORMATIVA ............................................................................................5
1.2 LITERATURA JESUÍTICA ...................................................................................................8
2. BARROCO ......................................................................................................... 12
2.1 Figuras de Linguagem no Barroco ................................................................................14
2.2 Arte Barroca ..................................................................................................................16
2.3 Aleijadinho ....................................................................................................................17
2.4 Barroco no Brasil ...........................................................................................................20
2.5 Gregório de Matos Guerra: o Boca do Inferno .............................................................20
2.5.1 O poeta religioso ........................................................................................................21
2.5.2 O poeta satírico .........................................................................................................21
2.5.3 O poeta lírico..............................................................................................................22
2.6 Padre Antônio Vieira .....................................................................................................23
2.6.1 Os sermões .................................................................................................................23
3. ARCADISMO ..................................................................................................... 27
3.1 Lemas árcades ..............................................................................................................28
3.2 O Arcadismo no Brasil ...................................................................................................29
3.3 Principais Autores .........................................................................................................30
Lista der questões comentadas nesta aula ........................................................... 37
Questões comentadas.......................................................................................... 49
Gabarito............................................................................................................... 66

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APRESENTAÇÃO
Olá, caro estudando do ENEM! Sejam muito bem-vindos ao curso INTENSIVO que irá
prepará-los para a prova de Literatura do Exame Nacional do Ensino Médio, o famoso
ENEM!! É um imenso prazer e uma honra fazer parte da sua preparação!
Para que me conheça, falarei brevemente sobre mim: meu nome é Rafaela Freitas, sou
graduada em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora, onde resido, e pós-graduada
em Ensino de Língua Portuguesa, pela mesma instituição (UFJF). Desde que me formei,
tenho trabalhado com a preparação dos alunos para os mais diversos concursos públicos e
para o ENEM, em cursos presenciais e on-line, no que tenho colocado ênfase em minha
carreira.
Sou concursada em dois estados diferentes (Minas Gerais e Rio de Janeiro), conquistei
(e ainda estou conquistando) muitos objetivos com muito suor! Não foi fácil, tenho uma
família para dar atenção, uma filha para criar, mas AMO o que faço, o cansaço não me vence!
Sou uma apaixonada pela nossa língua mãe e por ensiná-la! E para vocês eu digo: cada
esforço será recompensado no final! Tenham a certeza de que o Português, já neste curso,
não será mais um problema, mas sim a solução! Você sabe muito mais dessa língua do que
imagina! Confie em mim e principalmente em seu potencial!

OBJETIVO E CRONOGRAMA DO CURSO

Este curso tem por objetivo trazer para os alunos aquilo que CERTAMENTE vai estar na
prova do ENEM 2017. Alguns assuntos são sempre cobrados! Mapeei todos e montei um curso
“enxuto”, mas com o conteúdo fundamental para a prova!

Algumas informações muito importantes:

 O curso será composto por aulas de teoria (em PDF e em Vídeo) e questões (em PDF)
TODAS comentadas;
 Comentarei muitas questões anteriores do ENEM (a maioria), mas usarei também
algumas questões de outras bancas e vestibulares para que o assunto da aula seja
trabalhado por completo;
 Contaremos com um fórum de dúvidas, que é uma ferramenta de extrema
importância para a relação professor/aluno;

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 Custo-benefício: seu investimento dará a tranquilidade de ter aulas em PDF e em


vídeo com tudo aquilo de que você precisa! Isso dá segurança! O aluno NÃO precisará
recorrer a livros ou apostilas para completar a matéria.

Os cursos do Estratégia são todos elaborados no decorrer da sua preparação.


Estamos sempre atualizando e comentando questões novas. Por isso, é importante montarmos
um cronograma de liberação das aulas! Fiquem atentos às datas para montar um cronograma
de estudo para você também.
Analisando as provas anteriores, bem como os editais das edições passadas, é fácil
chegarmos a um conteúdo programático imprescindível.

E o que realmente cai na prova do ENEM, professora? Vejam só:

AULA CONTEÚDO DATA

APRESENTAÇÃO
Aula 0 10/08/2018
Arte colonialista (Quinhentismo, Barroco, Arcadismo)

O Período Romântico e o final do Sec. XIX (Realismo,


Aula 1
Naturalismo, Simbolismo e Parnasianismo.) 17/08/2018

Aula 2 Modernismo I 31/08/2018

Aula 3 Modernismo II 14/09/2018

Observem que cada aula possui a sua data de liberação e que TODO o curso está
completamente liberado até o dia 28/09!

Como serão as aulas?

A proposta é a elaboração de aulas bastante didáticas e de fácil leitura. Todas elas


contarão com:
Base teórica;
Lista de exercícios sobre o conteúdo abordado (maioria retirados das provas do
ENEM, podendo usar alguns de outras provas semelhantes para conseguir fixação plena do
conteúdo) sem comentários e gabarito.
Questões da lista, agora com comentários;
Gabarito final.
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DICAS:

1. Estudem cada aula a medida em que forem liberadas! Não acumule dúvidas nem
conteúdo a ser estudado!
2. As aulas em vídeo poderão ajudar principalmente aqueles alunos que tem mais
facilidade em aprender assistindo ao professor falar, mas não deixem de ler os PDFs!

Estou inteiramente à disposição para conversarmos, resolver as dúvidas, ajudar no


planejamento de aulas, para ouvir críticas e sugestões!!

Contatos:
Fórum de dúvidas.
E-mail: professorarafaelafreitas@gmail.com
Facebook, Instagram e Youtube: Prof. Rafaela Freitas

Estou muito animada com o curso! Espero que vocês também estejam!
Vamos com tudo!

Durante a aula, vou fazer um panorama do que foi a Literatura Brasileira desde o
descobrimento (1500) até a independência do Brasil (1822). Esse foi o período em que o
nosso país foi colônia de Portugal. Sendo assim, a nossa literatura dessa época pode ser
chamada de COLONIALISTA. Não tínhamos uma expressão de arte autêntica, importávamos
à à à à à à à à à à à à à à à
brasileira tendo em vista o contexto histórico de cada período. Vamos ver cada período da
nossa arte colonialista.

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1. QUINHENTISMO
Quinhentismo é a denominação dada a todas as manifestações literárias ocorridas no
Brasil durante o século XVI, quando a cultura europeia foi introduzida no país. Ainda não
tínhamos uma Literatura genuinamente brasileira. Os índios que aqui viviam possuíam uma
cultura imensamente diferente da que estava chegando, a portuguesa. O que tivemos entre
1500 e 1600 foi uma literatura ocorrida no Brasil, ligada ao Brasil, mas que denota a visão,
as ambições e as intenções do homem europeu mercantilista em busca de novas terras e
riquezas. Você acha que os Portugueses estavam apenas curiosos com a nova terra, nada
queriam daqui? Sabemos que não. Em 1530 começa a colonização brasileira e as
manifestações ocorridas aqui se prenderam, basicamente, à descrição da terra e do índio,
ou a textos escritos pelos viajantes, jesuítas e missionários que aqui estiveram. Estou falando
da Literatura de Informação.

1.1 LITERATURA INFORMATIVA

A famosa Carta de Caminha inaugura o que se convencionou chamar de Literatura


Informativa sobre o Brasil. Foi resultante das Grandes Navegações e faz um levantamento
à à à à à à à à à tes e costumes, que se apresentaram
muito diferentes dos europeus. Daí ser uma literatura meramente descritiva e, como tal,
sem grande valor literário. A principal característica da carta é a exaltação da terra (o que
marca uma linguagem com exagero de adjetivos), resultante do assombro do europeu
diante do exotismo e da exuberância de um mundo tropical. Imaginem só a diferença
climática e o susto dos Portugueses ao encontrarem os índios nus e sem nenhuma vergonha
de estarem assim?

Você conhece a Carta de Pero Vaz de Caminha? Leia a seguir alguns fragmentos.

Carta a el-Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil

Senhor, posto que o capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães
escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta Vossa terra nova, que se ora nesta
navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta. (...)

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E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até terça- à à à à
P à à à à à á à à à à à à à àEà à rta-feira
seguinte, pela manhã, topamos aves, a que chamam fura-buchos. Neste mesmo dia, a horas
à à à à à à à à à à à à à à à
à à à à à à à à à à à à à àgrandes arvoredos, ao
qual monte alto o capitão pôs o nome o Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz. (...)
Eà à à à à à à à à à à à à à à à
pequenos disseram, por chegaram primeiro. (...) A feição deles é serem pardos, maneira
d'avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma
cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca
disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. (...)
Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos
muito pretos, compridos, pelas espáduas; e suas vergonhas tão altas e tão çarradinhas e tão
limpas das cabeleiras que de as nós muito bem olharmos não tínhamos nenhuma vergonha.
(...)
E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima, daquela tintura, a qual, certo,
era tão bem feita e tão redonda e sua vergonha, que ela não tinha, tão graciosa, que a muitas
mulheres de nossa terra, vendo-lhes tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como
ela. (...)
O capitão, quando eles vieram, estava assentado em uma cadeira e uma alcatifa aos
pés por estrado, e bem vestido, com um colar d'ouro mui grande ao pescoço. (...) Um deles,
porém, pôs olho no colar do capitão e começou d'acenar com a mão para a terra e despois
para o colar, como que nos dizia que havia em terra ouro. E também viu um castiçal de prata
e assim mesmo acenava para a terra e então para o castiçal, como que havia também prata.
(...)
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou
ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados
como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como
os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar,
dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Porém, o melhor fruto que dela se pode
tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa
Alteza em ela deve lançar. (...)

capitão-mor: trata-se de Pedro Álvares Cabral.


conta: relato.
oitavas de Páscoa: semana que vai desde o domingo de Páscoa até o domingo seguinte.
horas de véspera: final da tarde.

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chã: plana.
cousa: coisa.
vergonhas: órgãos sexais.
çarradinhas: alguns historiadores consideram "saradinhas", isto é, sem doenças, e outros consideram
"cerradinhas", isto é, densas.
tinta: tingida.
alcatifa: tapete, que cobre ou se estende.
Entre-Douro-e-Minho: antiga província de Portugal.

Original da Carta de Caminha

É bom ler sobre o Brasil de antigamente, não é? A literatura informativa satisfaz a


curiosidade a respeito do Brasil nos seus primeiros anos de vida, oferecendo o encanto das
narrativas de viagem. Para os historiadores, os textos são fontes obrigatórias de pesquisa.
Mais adiante, com o movimento modernista, esses textos foram retomados pelos escritores
brasileiros, como Oswald de Andrade, como forma de denúncia da exploração a que o país
sofrera desde então.

A carta de Caminha não foi o único documento informativo do Quinhentismo, veja os


principais documentos que compõem a nossa literatura informativa:
1. Carta do descobrimento (Pero Vaz de Caminha): foi escrita no ano de 1500 e
publicada pela primeira vez em 1817.
2. Tratado da terra do Brasil (Pero de Magalhães Gândavo): foi escrito por volta de
1570 e impresso pela primeira vez em 1826.
3. História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil (Pero de
Magalhães Gândavo): foi editado em 1576.
4. Diálogo sobre a conversão dos gentios (Padre Manuel da Nóbrega): foi escrito em
1557 e impresso em 1880.

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5. Tratado descritivo do Brasil (Gabriel Soares de Sousa): escrito em 1587 e impresso


por volta de 1839.

A carta escrita por Pero Vaz de Caminha, que é hoje a mais famosa do período, não foi
publicada logo que chegou às mãos do rei de Portugal. Por conter grande valor e detalhar a
riqueza do Brasil, o monarca escondeu o documento que só veia a público em 1817, quase
três séculos depois!!!

1.2 LITERATURA JESUÍTICA

Os portugueses não buscavam apenas expansão territorial em suas navegações. Com


a igreja católica enfraquecida, era importante salvar os gentios e angariar assim mais fiéis
para a igreja. Foi por esse motivo que muitos jesuítas foram desbravar os mares com os
navegadores.
Com o Brasil não foi diferente. Como consequência da Contrarreforma, chegam, em
1549, os primeiros jesuítas ao Brasil. Incumbidos de catequizar os índios e de instalar o
ensino público no país, fundaram os primeiros colégios, que foram, durante muito tempo,
a única atividade intelectual existente na colônia.
Devemos dizer que os jesuítas foram responsáveis pela melhor produção literária do
Quinhentismo brasileiro. Além da poesia de devoção, cultivaram o teatro de caráter
pedagógico, inspirado em passagens bíblicas, e produziram documentos que informavam
aos superiores na Europa o andamento dos trabalhos.
O instrumento mais utilizado para atingir os objetivos pretendidos pelos jesuítas
(moralizar os costumes dos brancos colonos e catequizar os índios) foi o teatro. Para isso, os
jesuítas chegaram a aprender a língua tupi, utilizando-a como veículo de expressão. Os
índios não eram apenas espectadores das peças teatrais, mas também atores, dançarinos e
cantores.

Os principais jesuítas responsáveis pela produção literária da época foram o padre


Manuel da Nóbrega, o missionário Fernão Cardim e o padre José de Anchieta, de quem
falaremos com mais detalhes a seguir:

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José de Anchieta (1534 - 1597)

Nascido em 1534 na ilha de Tenerife, Canárias, o padre da Companhia de Jesus veio


para o Brasil em 1553 e fundou, no ano seguinte, um colégio na região da então cidade de
São Paulo. Faleceu na atual cidade de Anchieta, litoral do Espírito Santo, em 1597.
Conhecido como o grande piahy ("supremo pajé branco"), Anchieta deixou como
legado a primeira gramática do tupi-guarani, verdadeira cartilha para o ensino da língua
dos nativos (Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil). Destacou-se também
por suas poesias e autos, nos quais misturava a moral religiosa católica aos costumes dos
indígenas.

Peça teatral mais famosa

Entre as peças de teatro da época, destaca-se o Auto de São Lourenço, escrita pelo
padre José de Anchieta. Nela, o autor conta em três línguas (tupi, português e espanhol) o
martírio de são Lourenço, que preferiu morrer queimado a renunciar a fé cristã. Anchieta
intentou conciliar os valores católicos com os símbolos primitivos dos habitantes da terra e
com aspectos da nova realidade americana. O sagrado europeu ligava-se aos mitos
indígenas, sem que isso significasse contradição, pois as ideias que triunfavam nos
espetáculos eram evidentemente as do padre. A liberdade formal das encenações saltava
aos olhos: o teatro anchietano pressupunha o lúdico, o jogo coreográfico, a cor, o som.

Anchieta também deixou obras de grande valor poético. Os poemas mais conhecidos
dele à D à“ à“ à à áà“ àI àV à à à à à

A Santa Inês De Jesus querida,


Vossa santa vida
Cordeirinha linda,
Como folga¹ o povo, O Diabo espanta.
Porque vossa vinda Por isso vos canta
Lhe dá lume² novo! Com prazer o povo,
Cordeirinha santa, Porque vossa vinda

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Também padeirinha
Lhe dá lume novo. Sois do vosso Povo,
Nossa culpa escura pois com vossa vinda,
Fugirá depressa, Lhe dais trigo novo.
Pois vossa cabeça

Vem com luz tão pura.


Vossa formosura
Honra é do povo,
Porque vossa vinda

Lhe dá lume novo.

Virginal cabeça,
Pela fé cortada,
Com vossa chegada

Já ninguém pereça;
Vinde mui depressa
Ajudar o povo,
Pois com vossa vinda
Lhe dais lume novo.

Vós sois cordeirinha


De Jesus Formoso;
Mas o vosso Esposo

já vos fez Rainha.


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¹folga: se alegra
²lume: luz

Esse poema fala do confronto entre o bem e o mal com bastante simplicidade: a chegada de
Santa Inês espanta o diabo e, graças a ela, o povo revigora sua fé. A linguagem é clara, as ideias são
facilmente compreensíveis e o ritmo faz com que os versos tenham musicalidade, ajudando o poeta
a envolver o ouvinte e a sensibilizá-lo para sua mensagem religiosa.
ENEM/2009

Eckhout
A tos e bons narizes, bem
feitos.
Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas
vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.
(CAMINHA, P. V. A carta. www.dominiopublico.gov.br.)

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-
se que:

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Literatura o nome
p/ ENEM do FINAL
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a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia,


do movimento romântico das artes plásticas.
b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo
que o texto é apenas fantasioso.
c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das
terras que sofreriam processo colonizador.
d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena.
e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado
é objeto da catequização jesuítica.

Comentário: observem, alunos, que a pintura mostra exatamente o que o texto diz quando
descreve a naturalidade com que os índios se portavam, andando nus, sem vergonha de seus
corpos, sem esconder suas faces - na pintura, o índio observa o espectador. Eles eram
culturalmente assim e não imaginavam estar ofendendo ninguém.
GABARITO: C

2. BARROCO
Estamos entrando agora no período do exagero, da antítese, do homem em meio ao céu e ao
inferno sem saber para que lado seguir. O período conhecido como Barroco é constituído pelas
primeiras manifestações literárias genuinamente brasileiras ocorridas no Brasil Colônia, embora
diretamente influenciadas pelo barroco português.
O termo BARROCO denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1600
e início dos anos 1700, por isso também chamado de seiscentismo. Além da literatura, estende-se à
música, pintura, escultura e arquitetura da época.

"Vaidade" (sem data), de Domenico Piola

Contexto Histórico

Impossível estudar o período BARROCO sem conhecer o contexto histórico que o motivou!
Após o Concílio de Trento, o Catolicismo sofreu grande reformulação. Em resposta à Reforma

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protestante, a disciplina e a autoridade da Igreja de Roma foram restauradas, estabelecendo-se a


divisão da cristandade entre protestantes e católicos.
Devemos lembrar que o Renascimento trouxe confiança e outros valores para os homens, ao
antropocentrismo renascentista (valorização do homem) opôs-se o teocentrismo (Deus como
centro de tudo), inspirado nas tradições medievais. O homem via-se então entre duas realidades:
Nos Estados protestantes, onde as condições sociais foram mais favoráveis à liberdade de
pensamento, o racionalismo e a curiosidade científica do Renascimento continuaram a se
desenvolver. Já nos Estados católicos, sobretudo na Península Ibérica, desenvolveu-se o movimento
chamado Contrarreforma, que procurou reprimir todas as tentativas de manifestações culturais ou
religiosas contrárias às determinações da Igreja Católica. Nesse período, a Companhia de Jesus passa
a dominar quase que inteiramente o ensino, exercendo papel importantíssimo na difusão do
pensamento aprovado pelo Concílio de Trento. O clima geral era de austeridade e repressão.
Essa situação contraditória resultou em um movimento artístico que expressava também
atitudes contraditórias do artista em face do mundo, da vida, dos sentimentos e de si mesmo; esse
movimento recebeu o nome de Barroco.
O homem busca a salvação de forma angustiada, está colocado entre o céu e a terra, consciente
de sua grandeza mas atormentado pela ideia de pecado. Os sentimentos se exaltam, as paixões não
são mais controladas pela razão, e o desejo de exprimir esses estados de alma vai se realizar por
meio de antíteses, paradoxos e interrogações. Essa oscilação que leva o homem do céu ao inferno,
que mostra sua dimensão carnal e espiritual, é uma das principais características da literatura
barroca. Os escritores barrocos abusam do jogo de palavras (cultismo) e do jogo de ideias ou
conceitos (conceptismo).

Temas frequentes na Literatura Barroca:


- fugacidade da vida e instabilidade das coisas;
- morte, expressão máxima da efemeridade das coisas;
- concepção do tempo como agente da morte e da dissolução das coisas;
- castigo, como decorrência do pecado;
- arrependimento;
- narração de cenas trágicas;
- erotismo;
- misticismo;
- apelo à religião.

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Cultismo e conceptismo

O cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, repleta de


jogos de palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole. Veja
um exemplo de poesia cultista:

Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram

O todo sem a parte não é todo;


A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo. (Gregório de Matos)

Já o conceptismo, que ocorre principalmente na prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de


conceitos, seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. A
organização da frase obedece a uma ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar. Veja um
exemplo de prosa conceptista:

Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem
espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não se
pode ver por falta de luz. Logo, há mister¹ luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. Antônio
Vieira)

¹mister: necessidade de, precisão.

2.1 FIGURAS DE LINGUAGEM NO BARROCO

Como o homem tentava expor seus sentimentos por meio da arte, as figuras de linguagem
aparecem bastante nas poesias. Vejam as que mais aparecem:

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Metáfora: é uma comparação implícita. Tem-se como exemplo o trecho a seguir, escrito por
Gregório de Matos:

Se és fogo, como passas brandamente?


Se és neve, como queimas com porfia?

Antítese: é a principal figura de linguagem barroca, pois reflete a contradição do homem, seu
dualismo. Revela o contraste que o escritor vê em quase tudo. Observe a seguir o trecho de Manuel
Botelho de Oliveira, no qual é descrita uma ilha, salientando-se seus elementos contrastantes:

Vista por fora é pouco apetecida


Porque aos olhos por feia é parecida;
Porém, dentro habitada
É muito bela, muito desejada,
É como a concha tosca e deslustrosa,
Que dentro cria a pérola formosa.

Paradoxo: corresponde à união de duas ideias contrárias num só pensamento. Opõe-se ao


racionalismo da arte renascentista. Veja a estrofe a seguir, de Gregório de Matos:

Ardor em firme Coração nascido;


pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado;
rio de neve em fogo convertido.

Hipérbole: traduz ideia de grandiosidade, pompa, exagero. Veja mais um exemplo de Gregório
de Matos:

É a vaidade, Fábio, nesta vida,


Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.

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Prosopopeia: personificação de seres inanimados para dinamizar a realidade. Observe um


trecho escrito pelo Padre Antonio Vieira:

No diamante agradou-me o forte, no cedro o incorruptível, na águia o sublime, no Leão o


generoso, no Sol o excesso de Luz.

2.2 ARTE BARROCA

Trata-se de uma arte rebuscada que tentava captar a realidade em pleno movimento. Mais do
que estrutura, porém, o que se buscava era o embelezamento de portas e janelas e da
ornamentação de interiores. As colunas, altares e púlpitos eram recobertos com espirais, flores e
anjos revestidos de ouro , numa integração da pintura, escultura e arquitetura, exercendo sobre
o espectador uma grande atração visual. No Brasil, a exploração do ouro e de pedras preciosas na
região de Minas Gerais impulsionou a produção da arte barroca.

Basílica de Nossa Senhora do Carmo em Recife (PE), uma das glórias do barroco brasileiro.

A grande marca do BARROCO na decoração das igrejas era o revestimento em outro, o que
demonstrava para os fiéis o grande poder e riqueza da instituição católica.

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Última Ceia (1795-1796), do escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho

A influência barroca manifestou-se claramente nas pinturas feitas em tetos e paredes de igrejas
e palácios. As cenas e elementos arquitetônicos (colunas, escadas, balcões, degraus)
proporcionavam uma incrível ilusão de movimento e ampliação de espaço, chegando, em alguns
casos, a dar a impressão de que a pintura era a realidade, e a parede, de fato, não existisse.

Afresco da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (MG), por Manuel da Costa Athayde

2.3 ALEIJADINHO

Antônio Francisco Lisboa, nosso querido Aleijadinho, nasceu por volta de 1730 em Ouro preto,
mineirinho do bão, uai! Orgulho de minha Minas Gerais.
Sua trajetória é praticamente construída pelas obras que deixou como escultor, entalhador e
arquiteto, pois os principais documentos sobre sua vida só foram escritos por volta de 40 anos depois
de sua morte.

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Toda sua obra, entre talha, projetos arquitetônicos, relevos e estatuária, foi realizada em Minas
Gerais, especialmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João del-Rei e Congonhas. Os
principais monumentos que contém suas obras são a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto
e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
Veja a seguir, algumas obras deixadas pelo mineiro:

Retábulo da capela-mor da Igreja de São Francisco em São João del-Rei

Projeto para a fachada da Igreja de São Francisco em São João del-Rei

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Cena do carregamento da cruz, na Via Sacra de Congonhas

Relevo no pórtico da Igreja de São Francisco em São João del-Rei

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2.4 BARROCO NO BRASIL

O Barroco foi introduzido no Brasil por intermédio dos jesuítas. Inicialmente, no final do século
XVI, tratava-se de um movimento apenas destinado à catequização. A partir do século XVII, o Barroco
passa a se expandir para os centros de produção açucareira, especialmente na Bahia, por meio das
igrejas. Assim, a função da igreja era ensinar o caminho da religiosidade e da moral a uma população
que vivia desregradamente.
Nos séculos XVII e XVIII não havia ainda condições para a formação de uma consciência literária
brasileira. A vida social no país era organizada em função de pequenos núcleos econômicos, não
existindo efetivamente um público leitor para as obras literárias, o que só viria a ocorrer no século
XIX. Por esse motivo, fala-se apenas em autores brasileiros com características barrocas,
influenciados por fontes estrangeiras (portuguesa e espanhola), mas que não chegaram a constituir
um movimento propriamente dito. Nesse contexto, merecem destaque a poesia de Gregório de
Matos Guerra e a prosa do padre Antônio Vieira representada pelos seus sermões.

Autores

2.5 GREGÓRIO DE MATOS GUERRA: O BOCA DO INFERNO

Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador (BA) e


morreu em Recife (PE). Estudou no colégio dos jesuítas e
formou-se em Direito em Coimbra (Portugal). Recebeu o
apelido de Boca do Inferno, graças a sua irreverente obra
satírica.

Gregório de Matos firmou-se como o primeiro poeta brasileiro: cultivou a poesia lírica, satírica,
erótica e religiosa. O que se conhece de sua obra é fruto de inúmeras pesquisas, pois Gregório não
publicou seus poemas em vida. Por essa razão, há dúvidas quanto à autenticidade de muitos textos
que lhe são atribuídos.

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2.5.1 O POETA RELIGIOSO

A preocupação religiosa do escritor revela-se no grande número de textos que tratam do tema
da salvação espiritual do homem. No soneto a seguir, o poeta ajoelha-se diante de Deus, com um
forte sentimento de culpa por haver pecado, e promete redimir-se. Observe:

Soneto a Nosso Senhor

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,


Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido
Vos tem a perdoar mais empenhado.

Se basta a voz irar tanto pecado,


A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada


Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história.

Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada,


Recobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.

2.5.2 O POETA SATÍRICO

Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas à situação econômica da Bahia,
especialmente de Salvador, graças à expansão econômica chegando a fazer, inclusive, uma crítica ao
então governador da Bahia Antonio Luis da Camara Coutinho. Além disso, suas críticas à Igreja e a
religiosidade presente naquele momento. Essa atitude de subversão por meio das palavras rendeu-
lhe o apelido de "Boca do Inferno", por satirizar seus desafetos

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Triste Bahia

Triste Bahia!
ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante.

A ti tricou-te a máquina mercante,


Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e, tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

2.5.3 O POETA LÍRICO

Em sua produção lírica, Gregório de Matos se mostra um poeta angustiado em face à vida, à
religião e ao amor. Na poesia lírico-amorosa, o poeta revela sua amada, uma mulher bela que é
constantemente comparada aos elementos da natureza. Além disso, ao mesmo tempo que o amor
desperta os desejos corporais, o poeta é assaltado pela culpa e pela angústia do pecado.

À mesma d. Ângela

Anjo no nome, Angélica na cara!


Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:

Quem vira uma tal flor, que a não cortara,


De verde pé, da rama fluorescente;
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus o não idolatrara?

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Se pois como Anjo sois dos meus altares,


Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que por bela, e por galharda,


Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.

2.6 PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu


na Bahia, em 1697. Com sete anos de idade, veio para o Brasil
e entrou para a Companhia de Jesus. Por defender posições
favoráveis aos índios e aos judeus, foi condenado à prisão
pela Inquisição, onde ficou por dois anos.
Padre Antônio Vieira, por Arnold van Westerhout (1651-1725)

Responsável pelo desenvolvimento da prosa no período do barroco, Padre Antônio Vieira é


conhecido por seus sermões polêmicos em que critica, entre outras coisas, o despotismo dos colonos
portugueses, a influência negativa que o Protestantismo exerceria na colônia, os pregadores que
não cumpriam com seu ofício de catequizar e evangelizar (seus adversários católicos) e a própria
Inquisição. Além disso, defendia os índios e sua evangelização, condenando os horrores vivenciados
por eles nas mãos de colonos e os cristãos-novos (judeus convertidos ao Catolicismo) que aqui se
instalaram. Famoso por seus sermões, padre Antônio Vieira também se dedicou a escrever cartas e
profecias.

2.6.1 OS SERMÕES

Em estilo conceptista, escreveu cerca de duzentos sermões. Em seus textos, privilegia a retórica
e o encadeamento lógico de ideias e conceitos. Estão formalmente divididos em três partes:

I - Intróito ou Exórdio: a apresentação, introdução do assunto.

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II - Desenvolvimento ou argumento: defesa de uma ideia com base na argumentação.


III - Peroração: parte final, conclusão.

Seus sermões mais famosos são:

Sermão da Sexágésima (1655):

O sermão, dividido em dez partes, é conhecido por tratar da arte de pregar. Nele, Padre
Antônio Vieira condena aqueles que apenas pregam a palavra de Deus de maneira vazia. Para ele, a
palavra de Deus era como uma semente, que deveria ser semeada pelo pregador. Por fim, o padre
chega à conclusão de que, se a palavra de Deus não dá frutos no plano terreno a culpa é única e
exclusivamente dos pregadores que não cumprem direito a sua função. Leia um trecho do sermão:

Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que "saiu o pregador evangélico a semear" a palavra
divina. Bem parece este texto dos livros de Deus ão só faz menção do semear, mas também faz caso
do sair: Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a semeadura e hão-nos de contar os passos.
(...) Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam sem sair.
Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que semeiam sem sair,
são os que se contentam com pregar na Pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos
que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão-
lhes de medir a semeadura e hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do Juízo! Ah pregadores! Os de cá,
achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com mais passos: Exiit seminare. (...) Ora, suposto que a
conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e
do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador,
ou por parte de Deus? (...)

Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda (1640):

Neste sermão, o padre incita os seguidores a reagir contra as invasões Holandesas, alegando
que a presença dos protestantes na colônia resultaria em uma série de depredações à colônia. Leia
um trecho do sermão:

Se acaso for assim o que vós não permitais e está determinado em vosso secreto juízo,
que entrem os hereges na Bahia, o que só vos represento humildemente, e muito deveras, é que,
antes da execução da sentença, repareis bem, Senhor, no que vos pode suceder depois, e que o
consulteis com vosso coração enquanto é tempo, porque melhor será arrepender agora, que quando
o mal passado não tenha remédio. Bem estais na intenção e alusão com que digo isto, e na razão,

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fundada em vós mesmo, que tenho para o dizer. Também antes do dilúvio estáveis vós mui colérico
e irado contra os homens, e por mais que Noé orava em todos aqueles cem anos, nunca houve
remédio para que se aplacasse vossa ira. Romperam-se enfim as cataratas do céu, cresceu o mar até
os cumes dos montes, alagou-se o mundo todo: já estaria satisfeita vossa justiça, senão quando ao
terceiro dia começaram a boiar os corpos mortos, e a surgir e aparecer em multidão infinita aquelas
figuras pálidas, e então se representou sobre as ondas a mais triste e funesta tragédia que nunca
viram os anjos, que homens que a vissem, não os havia.

Sermão de Santo Antônio (1654):

Também conhecido como "O Sermão dos Peixes", pois nele o padre usa a imagem dos peixes
como símbolo para fazer uma crítica aos vícios dos colonos portugueses que se aproveitavam da
condição dos índios para escravizá-los e sujeitá-los ao seu poder. Leia um trecho do sermão:

Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal
da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas
quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual
será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? (...) Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes?
Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam.
Uma só cousa pudera desconsolar o Pregador, que é serem gente os peixes que se não há-de
converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente (...) Suposto isto,
para que procedamos com clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro
louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios. (...)

Quando Deus redimiu da tirania


Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.

Páscoa de flores, dia de alegria


Àquele Povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

Pois mandado pela alta Majestade

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Nos remiu de tão triste cativeiro,


Nos livrou de tão vil calamidade.

Quem pode ser senão um verdadeiro


Deus, que veio estirpar desta cidade
O Faraó do povo brasileiro.

DAMASCENO, D.(Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.

ENEM/2014
Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos,
o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por
a) visão cética sobre as relações sociais.
b) preocupação com a identidade brasileira.
c) crítica velada à forma de governo vigente.
d) reflexão sobre os dogmas do cristianismo.
e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

Comentário: estamos diante de um soneto do autor baiano Gregório de Matos que apresenta
uma intertextualidade (diálogo entre textos, uso de um texto já existente para embasar um
novo). Percebe-se claramente que o autor faz referência às Sagradas Escrituras. Sabendo que
poeta barroco utilizava sua literatura como meio de criticar a sociedade de sua época, ainda
que o fizesse por meio de metáforas, como ocorre no texto acima, podemos confirmar a
alternativa C como resposta correta.
GABARITO: C

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3. ARCADISMO

Começo falando sobre o Arcadismo comentando a tela a seguir:

O Balanço (década de 1730), de Nicolas Lancret

A obra de Lancret representa brilhantemente o que veio a ser o momento que seguiu o tão
conflituoso Barroco. O Arcadismo é leveza, é o culto ao clássico, é estar junto à natureza. Vejam no
quadro: ninfetas, festas, bebidas, uma balada na floresta. Este é o carpe diem ideal dos arcadistas.
O Arcadismo, movimento que também pode ser chamado de Setecentismo ou Neoclacissismo
(retorno ao clássico renascentista), surgiu na Itália e se espalhou pelo mundo até chegar ao Brasil,
no século XVIII.

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O nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em
referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto). Arcádia é também a morada dos deuses. Viram
como a mitologia grega perpassa o movimento?

Algumas mudanças históricas mundiais marcaram o período, como:


- a ascensão do Iluminismo, que pressupunha o racionalismo, o progresso e as ciências.
- Independência dos Estados Unidos, em 1776, abrindo caminho para vários movimentos de
independência ao longo de toda a América, como foi o caso do Brasil, que presenciou inúmeras
revoluções e inconfidências até a chegada da Família Real em 1808.
- Revolução Francesa, todo apelo popular da revolução reforçaram as ideias iluministas no
mundo.

3.1 LEMAS ÁRCADES

O movimento fazia oposição clara ao exagero e riqueza do Barroco. Para marcar tal
posicionamento, os autores estipularam lemas que deveriam ser seguidos para uma vida feliz,
simples e bucólica. Eram expressões em latim. Conheça algumas delas:

Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos cometidos pelas obras do barroco.
No arcadismo, os poetas primavam pela simplicidade.

Fugere urbem: "fugir da cidade", do escritor clássico Horácio;

Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em detrimento dos centros urbanos
monárquicos;

Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da efemeridade do tempo, convida sua amada
a aproveitar o momento presente.

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Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram todos burgueses e habitantes dos
centros urbanos. Por isso a eles são atribuídos um fingimento poético, isto é, a simulação de
sentimentos fictícios.

3.2 O ARCADISMO NO BRASIL

Vamos ver o que o grande crítico literário Alfredo Bosi disse em seu livro História Concisa da
Literatura Brasileira (São Paulo: editora Cultrix, 2006) sobre os dois momentos do Arcadismo no
Brasil:

a) poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e valorização da
natureza e da mitologia.
b) ideológico (engajada): influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a
crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.

Seus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama
e Santa Rita Durão. No Brasil, o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando houve
a publicação de Obras, do poeta Claudio Manoel da Costa.

Arcádia Ultramarina
Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade de Vila Rica (MG), influenciada pela
Arcádia italiana (fundada em 1690) e cujos membros adotavam pseudônimos, isto é, nomes
artísticos, de pastores cantados na poesia grega ou latina. Por isso que alguns dos principais nomes
do Arcadismo brasileiro publicavam suas obras com nomes inspirados na mitologia grega e romana

Principais características

- inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, como por exemplo, em O


Uraguai (gênero épico), em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas Chilenas (gênero satírico);
- influência da filosofia francesa;

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- mitologia pagã como elemento estético;


- o bom selvagem, expressão do filósofo Jean-Jacques Rousseau, denota a pureza dos nativos
da terra fazem menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril;
- tensão entre o burguês culto, da cidade, contra a aristocracia;
- pastoralismo: poetas simples e humildes;
- bucolismo: busca pelos valores da natureza;
- nativismo: referências à terra e ao mundo natural;
- tom confessional;
- estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos;
- exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza.

3.3 PRINCIPAIS AUTORES

Cláudio Manoel da Costa (1729-1789)

Cláudio Manoel da Costa, o poeta mineiro nascido em


1729, ilustrado por Newton Resende.

Usou o pseudônimo Glauceste Satúrnio. Ficou conhecido também como o "guardador de


rebanhos". Cláudio Manoel da Costa nasceu na cidade de Mariana (em Minas Gerais). Estudou
Direito em Coimbra, onde teve contato com as principais ideias do Iluminismo e, ao voltar para o
Brasil, fundou da Arcádia Ultramarina em Vila Rica. Era um homem muito rico e de posses que
influenciou a elite intelectual da época. Por ter participado da Inconfidência Mineira, foi preso e
encontrado enforcado na cadeia em 1789.
Os temas iniciais de sua obra giram em torno das reflexões morais e das contradições da vida
com forte inspiração nos modelos barrocos.

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Posteriormente, dedicou-se à poesia bucólica e pastoril na qual a natureza funciona como um


refúgio para o poeta que busca a vida longe da cidade e reflete o as angustias e o sofrimento
amoroso com sua musa inacessível Nise. Estes poemas fazem parte do conjunto intitulado Obras
(1768).
Cláudio Manoel da Costa também se dedicou à exaltação dos bandeirantes, fundadores de
inúmeras cidades da região mineradora e desbravadores do interior do país e de contar a história da
cidade de Ouro Preto no poemeto épico Vila Rica (1773).

Veja um exemplo de sua poesia bucólica:

Sonetos X

Eu ponho esta sanfona, tu, Palemo,


Porás a ovelha branca, e o cajado;
E ambos ao som da flauta magoado
Podemos competir de extremo a extremo.

Principia, pastor; que eu te não temo;


Inda que sejas tão avantajado
No cântico amebeu: para louvado
Escolhamos embora o velho Alcemo.

Que esperas? Toma a flauta, principia;


Eu quero acompanhar te; os horizontes
Já se enchem de prazer, e de alegria:

Parece, que estes prados, e estas fontes


Já sabem, que é o assunto da porfia
Nise, a melhor pastora destes montes.

E de sua poesia épica:

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Vila Rica
Canto VI

Levados de fervor, que o peito encerra


Vês os Paulistas, animosa gente,
Que ao Rei procuram do metal luzente
Co'as próprias mãos enriquecer o erário.
Arzão é este, é Este, o temerário,
Que da Casca os sertões tentou primeiro:
Vê qual despreza o nobre aventureiro,
Os laços e as traições, que lhe prepara
Do cruento gentio a fome avara.

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)

Tomás Antônio Gonzaga, poeta árcade, ilustrdo por artista


desconhecido. Patrono da cadeira de número 37 da Academia
Brasileira de Letras, Gonzaga deixou como legado importantes
obra líricas e satíricas.

Nasceu na cidade de Porto, em Portugal, porém, filho de mãe portuguesa e pai brasileiro, vive
parte da vida no Brasil. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, muda para o Brasil para
trabalhar como ouvidor e juiz. Aqui, pretendia se casar com a jovem Maria Dorotéia Joaquina de
Seixas Brandão, sua musa Marília.
No entanto, como participara da Inconfidência Mineira, é preso e levado para o Rio de Janeiro.
Quando sai da prisão, muda-se para Moçambique, na África, onde casa com Juliana de Sousa
Mascarenhas.
Tomás Antônio Gonzaga é o pastor Dirceu, pseudônimo criado pelo poeta para seu conjunto
de liras famosas intitulado Marília de Dirceu, publicadas em três partes nos anos de 1792, 1799 e

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1812. Nessa obra, Dirceu é o pastor que cultiva o ideal da vida campestre, que vive entre ovelhas
em uma choupana e aproveita o momento presente ao lado da amada Marília.

Lira I

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,


Que viva de guardar alheio gado;
D à à à à
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.

Graças, Marília bela,


Graças à minha Estrela!

Lira XIX

Enquanto pasta alegre o manso gado,


Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.

Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive, nos descobre
A sábia natureza.

Atende, como aquela vaca preta


O novilhinho seu dos mais separa,
E o lambe, enquanto chupa a lisa teta.

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Atende mais, ó cara,


Como a ruiva cadela
Suporta que lhe morda o filho o corpo,
E salte em cima dela.

Repara, como cheia de ternura


Entre as asas ao filho essa ave aquenta,
Como aquela esgravata a terra dura,
E os seus assim sustenta;
Como se encoleriza,
E salta sem receio a todo o vulto,
Que junto deles pisa.

Que gosto não terá a esposa amante,


Quando der ao filhinho o peito brando,
E refletir então no seu semblante!
Quando, Marília, quando
D à à Éà
D à à à à à à
áà à à à

Lira XV

Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro,


Fui honrado Pastor da tua aldeia;
Vestia finas lãs, e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal, e o manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.

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Como aponta o crítico Alfredo Bosi em seu História Concisa da Literatura Brasileira (São Paulo:
Cultrix, 2006), há uma mudança na cor dos cabelos de Marília, que ora são negros, ora dourados,
como se pode observar nos trechos a seguir:

Os seus compridos cabelos,


que sobre as costas odeiam,
são que os de Apolo mais belos,
mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
e com o branco do rosto
fazem, Marília, um composto
da mais formosa união.

Em outra passagem, observa-se:

Os teus olhos espelham a luz divina,


a quem a luz do sol em vão se atreve;
papoila ou rosa delicada e fina
te cobre as faces, que são da cor da neve.
Os teus cabelos sao uns fios d'ouro;
teu lindo corpo bálsamos vapora.

Essa oscilação, segundo o crítico, demonstraria o compromisso árcade entre o real e os padrões
de beleza do lirismo inspirado no poeta clássico Petrarca. Outra oscilação presente nos poemas é
entre o pastor bucólico e o intelectual da cidade.
Percebe-se, no entanto, uma mudança considerável no discurso do poeta, coincidindo com a
época em que o autor esteve preso e passa a refletir sobre as angústias do aprisionamento, a justiça
e o destino dos homens.
Cabe ressaltar, no entanto, que, embora o conjunto de liras seja dedicado à amada Marília, em
momento algum temos a voz da personagem idealizada. É apenas Dirceu quem discorre acerca dos

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seus sentimentos. Segundo alguns críticos literários, esse fato é um reflexo da sociedade patriarcal
em que Gonzaga vivia, não permitindo que suas personagens pudessem expressar suas vozes.
Por fim, Tomás Antônio Gonzaga também ficou conhecido por suas Cartas Chilenas, compostas
por 13 poemas satíricos escritos antes da Inconfidência Mineira. Novamente, Gonzaga cria
personagens e pseudônimos: aqui, Critilo assina as cartas e as envia para Doroteu. O conteúdo das
"cartas" são críticas ao suposto governador do Chile (onde vive Critilo) Fanfarrão Minésio, uma
referência ao governador de Minas Gerais Luís da Cunha Meneses. Veja um exemplo:

Amigo Doroteu, prezado amigo,


Abre os olhos, boceja, estende os braços
E limpa, das pestanas carregadas,
O pegajoso humor, que o sono ajunta.
Critilo, o teu Critilo é quem te chama;
Ergue a cabeça da engomada fronha
Acorda, se ouvir queres coisas raras.
(...)
Ah! pobre Chile, que desgraça esperas!
Quanto melhor te fora se sentisses
As pragas, que no Egito se choraram,
Do que veres que sobe ao teu governo
Carrancudo casquilho, a quem rodeiam
Os néscios, os marotos e os peraltas!
Seguido, pois, dos grandes entra o chefe
No nosso Santiago junto à noite.
A casa me recolho e cheio destas
Tristíssimas imagens, no discurso,
Mil coisas feias, sem querer, revolvo.
Por ver se a dor divirto, vou sentar-me
Na janela da sala e ao ar levanto
Os olhos já molhados. Céus, que vejo!
Não vejo estrelas que, serenas, brilhem,
Nem vejo a lua que prateia os mares:
Vejo um grande cometa, a quem os doutos

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Caudato apelidaram. Este cobre


áà à à à à

LISTA DER QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA


01. (ENEM/2013)

TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E
parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles
traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam.
àá à à à -dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito
agradavam.
CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II

PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm Disponível em: www.portinari.org.br.
Acesso em: 12 jun. 2013. (Foto: Reprodução)
Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de
Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que:
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas
dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação
é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a
gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes verbal e não verbal ,
cumprem a mesma função social e artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes,
produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.

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02. (UEL) O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo
portugueses. Desenvolve-se no século XVIII, 100 anos após o surgimento do Barroco na Europa,
à à à à à à à à àE àM àG à à
expressão estética tanto deverá corresponder às solicitações dos elementos transpostos, como dos
à à àI à à à à à m relação aos fatores estruturais, como
no que diz respeito às ideias, aos conhecimentos e valores.
(Adaptado: MACHADO, L. R. Barroco Mineiro. São Paulo: Perspectiva, 1983. p. 167-169.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o barroco mineiro, consid à à à à


seguir.

I. Nascido da herança europeia, o barroco mineiro é uma arte que traz em si o diálogo entre
sua origem e um novo contexto, caracterizando-se como um meio de expressão ao mesmo tempo
==0==

barroco e mineiro.
II. O aspecto social contemporâneo à chegada do barroco a Minas contribuiu para que sua
organização fosse caótica e para que as características desse movimento acabassem contrastando
com a vida mineira.
III. Posto em contato com o clima de efervescência cultural e com as descobertas no campo
estético de Minas, o barroco mineiro rompeu com a ideia do barroco universal e se destacou pela
ambivalência.
IV. Os elementos transpostos pelos colonizadores apresentavam em suas raízes algumas
semelhanças com o universo mineiro, mas o poder instituído pela Academia Nacional de Belas Artes
encaminhou o movimento para rumos distintos.

Assinale a alternativa correta.

à“ à à àIà àIIà à
à“ à à àIà àIIIà à
à“ à à àIIà àIVà àcorretas.
à“ à à àI àIIIà àIVà à
à“ à à àII àIIIà àIVà à

03. (UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:

Dos vícios já desligados


nos pajés não crendo mais,
nem suas danças rituais,
nem seus mágicos cuidados.

(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos


índios em procissão:

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a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível,


como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa
Portuguesa e a Companhia de Jesus.
b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se
convencionou chamar de literatura informativa.
c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças
rituais e as magias praticadas pelos pajés.
d) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como personagens atende a todos
os requintes da dramaturgia renascentista.
e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos
jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível.

04. (ENEM 2014)

Quando Deus redimiu da tirania


Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.

Páscoa de flores, dia de alegria


Àquele povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

Pois mandado pela Alta Majestade


Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.

Quem pode ser senão um verdadeiro


Deus, que veio estirpar desta cidade
o Faraó do povo brasileiro.

(DAMASCENO, D. Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: 2006)

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos,
o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por
a) visão cética sobre as relações sociais.
b) preocupação coma identidade brasileira.
c) crítica velada à forma de governo vigente.
d) reflexão sobre dogmas do Cristianismo.
e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

05. (ENEM 2014)

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BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989. (Foto: Reprodução/Enem)

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca
no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do
pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por
Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela:
a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.
b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.
c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.
d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.
e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas

As questões 6 e 7 referem-se ao seguinte texto:

Torno a ver-vos, ó montes; o destino (verso 1)


Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte, rico e fino. (verso 4)

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,


Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros (verso 7)
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,

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Que chega a ter mais preço, e mais valia (verso 10)


Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,

Aqui descanse a louca fantasia,


E o que até agora se tornava em pranto (verso 13)
Se converta em afetos de alegria.
Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p.
78-9.

06. (ENEM 2008)


Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo
brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua
produção.
àO à à à à à à à à à à à à
M à à à à à à à à à à à à à à
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição
vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da
terra da Colônia.
c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que
evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida
nacional.
àáà à à à à à à à C à à à à à à
literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.
e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada
esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.

07. Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o
poeta se dirige ao seu interlocutor.
áà T à à - à à à à à
Bà á à à àá à àC à
Cà Oà à à à à à
Dà V à à à à à
E à Q à àC à à à à

08. (UEL-PR) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da
Reforma entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das artes uma
difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os versos
que melhor expressam este conflito é:

a) Um paiá de Monal, bonzo bramá,


Primaz da Cafraria do Pegu,
Que sem ser do Pequim, por ser do Açu,
Quer ser filho do sol, nascendo cá.
(Gregório de Matos)

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b) Temerária, soberba, confiada,


Por altiva, por densa, por lustrosa,
A exaltação, a névoa, a mariposa,
Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada.
(Botelho de Oliveira)

c) Fábio, que pouco entendes de finezas!


Quem faz só o que pode a pouco obriga:
Quem contra os impossíveis se afadiga,
A esse cede amor em mil ternezas.
(Gregório de Matos)

d) Luzes qual sol entre astros brilhadores,


Se bem rei mais propício, e mais amado;
Que ele estrelas desterra em régio estado,
Em régio estado não desterras flores.
(Botelho de Oliveira)

e) Pequei Senhor; mas não porque hei pecado,


Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
(Gregório de Matos)

09. (UFV) Sobre o Arcadismo no Brasil, podemos afirmar que:


a) produziu obras de estilo rebuscado, pleno de antíteses e frases tortuosas, que refletem o
conflito entre matéria e espírito.
b) não apresentou novidades, sendo mera imitação do que se fazia na Europa.
c) além das características europeias, desenvolveu temas ligados à realidade brasileira, sendo
importante para o desenvolvimento de uma literatura nacional.
d) apresenta já completa ruptura com a literatura europeia, podendo ser considerado a
primeira fase verdadeiramente nacionalista da literatura brasileira.
e) presente sobretudo em obras de autores mineiros como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio
Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Basílio da Gama, caracteriza-se como expressão da angústia
metafísica e religiosa desses poetas, divididos entre a busca da salvação e o gozo material da vida.

10. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto
afirmar que:
a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à
catequese.
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.

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c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura
jesuítica.
d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições
encontradas no Novo Mundo.

11. (ENEM 2013)

LXXVIII (Camões, 1525?-1580)

Leda serenidade deleitosa,


Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;

Presença moderada e graciosa,


Onde ensinando estão despejo e siso
Que se pode por arte e por aviso,
Como por natureza, ser fermosa;
Fala de quem a morte e a vida pende,
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
Repouso nela alegre e comedido:
Estas as armas são com que me rende
E me cativa Amor; mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido.
CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.

SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em: www.arquipelagos.pt. Acesso
em: 29 fev. 2012.

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A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes,


participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos
a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e
pelos adjetivos usados no poema.
b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes
da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema.
c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio,
evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema.
d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção
artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema.
e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito
interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.

12. (ENEM 2015)

Síntese entre erudito e popular

Na região mineira, a separação entre cultura popular (as artes mecânicas) e erudita (as artes
liberais) é marcada pela elite colonial, que tem como exemplo os valores europeus, e o grupo
popular, formado pela fusão de várias culturas: portugueses aventureiros ou degredados, negros e
índios. Aleijadinho, unindo as sofisticações da arte erudita ao entendimento do artífice popular,
consegue fazer essa síntese característica deste momento único na história da arte brasileira: o
barroco colonial.
No século XVIII, a arte brasileira, mais especificamente a de minas Gerais, apresentava a
valorização da técnica e um estilo próprio, incluindo a escolha dos aterias. Artistas como Aleijadinho
e Mestre Ataíde têm suas obras caracterizadas por peculiaridades que são identificadas por meio
a) do emprego de materiais oriundos da Europa e da interpretação realista dos objetos
representados.
b) do uso de recursos materiais disponíveis no local e da interpretação formal com
características próprias.
c) da utilização de recursos materiais vindos da Europa e da homogeneização e
linearidade representacional.
d) da observação e da cópia detalhada do objeto representado e do emprego de
materiais disponíveis na região.
e) da utilização de materiais disponíveis no Brasil e da interpretação idealizada e linear
dos objetos representados.

13. (ENEM 2015)

Casa dos Contos


& em cada conto te cont
o & em cada enquanto me enca

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nto & em cada arco te a


barco & em cada porta m
e perco & em cada lanço t
e alcanço & em cada escad
a me escapo & em cada pe
dra te prendo & em cada g
rade me escravo & em ca
da sótão te sonho & em cada
esconso me affonso & em
cada claúdio te canto & e
m cada fosso me enforco &

ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.

O contexto histórico e literário do período barroco-árcade fundamenta o poema Casa dos


Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea
revela que
a) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece sobre a
observação da realidade social.
b) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos, fatos e personalidades
da Inconfidência Mineira.
à à à à à à à à à à à à à à à à
por uma linguagem erudita.
d) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma continuidade de
procedimentos estéticos e literários.
e) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura, o ambiente de
opressão vivido pelos inconfidentes.

14. (ENEM 2009)

A dança é importante para o índio preparar o corpo e a garganta e significa energia para o
corpo, que fica robusto. Na aldeia, para preparo físico, dançamos desde cinco horas da manhã até
seis horas da tarde, passa-se o dia inteiro dançando quando os padrinhos planejam a dança dos
adolescentes. O padrinho é como um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por
exemplo, o padrinho sonha com um determinado canto e planeja para todos entoarem. Todos os
à à à à à à à W , Butséwaw ,
Tseretomodzatsewaw , que foram descobrindo através da sabedoria como iria ser a cultura
Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração. Quando o adolescente fura a orelha é
obrigatório ele dançar toda a noite, tem de acordar meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório,
eles vão chamando um ao outro com um grito especial.
WÉRÉ' É TSI'RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração da existência xavante. VIS-Revista do Programa de Pós-Graduação em
Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006.

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A partir das informações sobre a dança Xavante, conclui-se que o valor da diversidade artística
e da tradição cultural apresentados originam-se da
a) iniciativa individual do indígena para a prática da dança e do canto.
b) excelente forma física apresentada pelo povo Xavante.
c) multiculturalidade presente na sua manifestação cênica.
d) inexistência de um planejamento da estética da dança, caracterizada pelo ineditismo.
e) preservação de uma identidade entre a gestualidade ancestral e a novidade dos cantos
a serem entoados.

"Nasce o Sol, e não dura mais que um dia.


Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria."

15. (FUVEST-SP) Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos, a principal


característica do Barroco é:
a. culto da Natureza
b. a utilização de rimas alternadas
c. a forte presença de antíteses
d. culto do amor cortês
e. uso de aliterações

AS COUSAS DO MUNDO

Neste mundo é mais rico o que mais rapa:


Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:


Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por tulipa;


Bengala hoje na mão, ontem garlopa.
Mais isento se mostra o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa


E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
(Gregório de Matos, "Seleção de Obras Poéticas")

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16. (FATEC) Fica claro, no poema acima, que a principal crítica do autor à sociedade de sua
época é feita por meio da
a) denúncia da proteção que o mundo de então dava àqueles que agiam de modo condenável,
embora sob a capa das leis da Igreja.
b) enumeração de certos tipos que, por seus comportamentos, revelam um roteiro que
identifica e recomenda a ascensão social.
c) elaboração de uma lista de atitudes que deviam ser evitadas, por não condizerem com as
práticas morais encontradas na alta sociedade.
d) comparação de valores e comportamentos da faixa mais humilde daquela sociedade com os
da faixa mais nobre e aristocrática.
e) caracterização de comportamentos que, embora sejam moralmente condenáveis, são
dissimulados em seus opostos.

17. (UFJF/PISM/2003) O poema a seguir servirá de base para as duas próximas questões:

O ser herói, Marília, não consiste


Em queimar os impérios: move a guerra,
Espalha o sangue humano,
E despovoa a terra
Também o mau tirano.
Consiste o ser herói em viver justo:
E tanto pode ser herói o pobre,
Como o maior Augusto.

Eu é que sou herói, Marília bela,


Seguindo da virtude a honrosa estrada:
Ganhei, ganhei um trono,
Ah! não manchei a espada,
Não o roubei ao dono!
Ergui-o no teu peito e nos teus braços:
E valem muito mais que o mundo inteiro
Uns tão ditosos laços.

Aos bárbaros, injustos vencedores


Atormentam remorsos e cuidados;
Nem descansam seguros
Nos Palácios, cercados
De tropa e de altos muros.
E a quantos não nos mostra a sábia História
A quem mudou o fado em negro opróbrio
A mal ganhada glória!
GONZAGA, Tomás Antônio. A poesia dos inconfidentes. Org. Domício Proença Filho. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar,
1996. 5ª, 6ª e 7ª estrofes da Lira XXVII. pp. 616/617.

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De acordo com a primeira estrofe, podemos afirmar que:


a) os heróis são sempre associados à guerra.
b) os tiranos também podem ser heróis.
c) a correção da vida é que define os heróis.
d) o poeta declara ser o maior de todos os heróis.
e) os poderosos e ricos é que podem ser heróis.

18. (UFJF/PISM/2003) As referências a Marília revelam:


a) a declaração de amor implícita a uma jovem.
b) o uso de pseudônimos da convenção pastoril.
c) a referência a uma dama que devia ficar oculta.
d) o desejo de transformar a amada em objeto poético.
e) a afirmação implícita de que queria casar-se.

19. (PUC-SP)

"Que falta nesta cidade? Verdade.


Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha."

Pode-se reconhecer nos versos acima, de Gregório de Matos:


a. caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em tom de
sátira, do perfil moral da cidade da Bahia.
b. caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI, sustentando piedosa
lamentação pela falta de fé do gentio.
c. estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das
funções de um autêntico moralizador.
d. caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do
arrependimento do poeta pecador.
e. estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do
poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia.

20. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto
afirmar que:
a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à
catequese.
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura
jesuítica.

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d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.


e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições
encontradas no Novo Mundo.

Soneto VII

Onde estou? Este sítio desconheço:


Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.

Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço


De estar a ela um dia reclinado:
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!

Árvores aqui vi tão florescentes,


Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.

Eu me engano: a região esta não era;


Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!

COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012.

21. (ENEM 2016) No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite
ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma
a) angústia provocada pela sensação de solidão.
b) resignação diante das mudanças do meio ambiente.
c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido.
d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem.
e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.

QUESTÕES COMENTADAS
01. (ENEM/2013)

TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E
parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles
traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam.

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àá à à à -dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito
agradavam.
CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II

PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm Disponível em: www.portinari.org.br.
Acesso em: 12 jun. 2013. (Foto: Reprodução)
Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de
Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que:
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas
dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação
é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a
gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes verbal e não verbal ,
cumprem a mesma função social e artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes,
produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.

Comentários: A carta de Caminha foi um importante documento escrito no século XVI que
apresentou para o povo europeu os relatos do escriba português sobre sua viagem ao novo
continente. A carta apresenta a perspectiva do colonizador durante sua estadia e ajudou a difundir
o imaginário do índio na Europa.
Séculos depois, o pintor Candido Portinari retratou em sua pintura mural "O Descobrimento do
Brasil" a chegada dos portugueses no Brasil pela perspectiva dos índios, que se inquietam ao
observar a vinda dos estrangeiros.
GABARITO: C

02. (UEL) O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo
portugueses. Desenvolve-se no século XVIII, 100 anos após o surgimento do Barroco na Europa,

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à à à à à à à à àE àM àG à à
expressão estética tanto deverá corresponder às solicitações dos elementos transpostos, como dos
à à àI à à à à à à à à à à à
no que diz respeito às ideias, aos conhecimentos e valores.
(Adaptado: MACHADO, L. R. Barroco Mineiro. São Paulo: Perspectiva, 1983. p. 167-169.)

C à à à à à à à à à à à à à à à
seguir.

I. Nascido da herança europeia, o barroco mineiro é uma arte que traz em si o diálogo entre
sua origem e um novo contexto, caracterizando-se como um meio de expressão ao mesmo tempo
barroco e mineiro.
II. O aspecto social contemporâneo à chegada do barroco a Minas contribuiu para que sua
organização fosse caótica e para que as características desse movimento acabassem contrastando
com a vida mineira.
III. Posto em contato com o clima de efervescência cultural e com as descobertas no campo
estético de Minas, o barroco mineiro rompeu com a ideia do barroco universal e se destacou pela
ambivalência.
IV. Os elementos transpostos pelos colonizadores apresentavam em suas raízes algumas
semelhanças com o universo mineiro, mas o poder instituído pela Academia Nacional de Belas Artes
encaminhou o movimento para rumos distintos.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente a à àIà àIIà à


à“ à à àIà àIIIà à
à“ à à àIIà àIVà à
à“ à à àI àIIIà àIVà à
à“ à à àII àIIIà àIVà à

Comentário: O barroco mineiro apresenta características regionais, em contraposição ao


barroco europeu. No Brasil, o barroco se fez presente principalmente nas zonas com produção de
cana-de-açúcar e mineração. Dentre suas principais características, estão a ornamentação de igrejas
com ouro e rebuscados detalhes em janelas, portas, etc. Isso feito para enfatizar o poderio da Igreja
católica. Diferente do barroco europeu, que visava o campo do universal (privação de elementos
locais em prol de uma arte que aborde temas universais), o barroco mineiro colocou muito dos
elementos culturais locais em sua expressão, como a já citada presença do ouro em diversos
elementos das igrejas e traços locais em feições sacras.
GABARITO: B

03. (UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:

Dos vícios já desligados

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nos pajés não crendo mais,


nem suas danças rituais,
nem seus mágicos cuidados.

(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos


índios em procissão:
a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível,
como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa
Portuguesa e a Companhia de Jesus.
b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se
convencionou chamar de literatura informativa.
c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças
rituais e as magias praticadas pelos pajés.
d) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como personagens atende a todos
os requintes da dramaturgia renascentista.
e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos
jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível.

Comentário: O trecho do auto de José de Anchieta, que diz respeito à aculturação dos líderes
indígenas, fica ainda mais forte simbolicamente quando somos informados que os próprios índios
curumins eram colocados para recitar o auto sobre a perda da identidade de seu povo. As Missões
Jesuíticas mandadas pela Coroa Portuguesa ao Brasil tinham justamente essa função de impor a fé
e cultura católica sobre os costumes e tradições indígenas.
GABARITO: A

04. (ENEM 2014)

Quando Deus redimiu da tirania


Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.

Páscoa de flores, dia de alegria


Àquele povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

Pois mandado pela Alta Majestade


Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.

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Quem pode ser senão um verdadeiro


Deus, que veio estirpar desta cidade
o Faraó do povo brasileiro.

(DAMASCENO, D. Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: 2006)

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos,
o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por
a) visão cética sobre as relações sociais.
b) preocupação coma identidade brasileira.
c) crítica velada à forma de governo vigente.
d) reflexão sobre dogmas do Cristianismo.
e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

Comentário: Gregório de Matos, também conhecido como Boca do Inferno, foi famoso por seus
diversos inimigos políticos adquiridos pela produção de seus poemas. Aqui podemos ver um apelo à
figura de Deus para que livre o povo brasileiro (principalmente na Bahia) do "Faraó" tirano e
endurecido.
GABARITO: C

05. (ENEM 2014)

BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989. (Foto: Reprodução/Enem)

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca
no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do

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pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por
Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela:
a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.
b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.
c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.
d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.
e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas

Comentário: O Barroco foi um período histórico, no qual encontramos um forte apelo ao


misticismo e à religião. No Brasil, foi marcado pelo trabalho de Aleijadinho, que impelia sua
personalidade em suas obras, retratando o próprio povo em suas esculturas sacras.
GABARITO: D

As questões 6 e 7 referem-se ao seguinte texto:

Torno a ver-vos, ó montes; o destino (verso 1)


Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte, rico e fino. (verso 4)

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,


Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros (verso 7)
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,


Que chega a ter mais preço, e mais valia (verso 10)
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,

Aqui descanse a louca fantasia,


E o que até agora se tornava em pranto (verso 13)
Se converta em afetos de alegria.
Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p.
78-9.

06. (ENEM 2008)


Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo
brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua
produção.
àO à à à à à à à à à à à à
M à à à à à à à à à à à à à à
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição
vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da
terra da Colônia.

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c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que


evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida
nacional.
àáà à à à à à à à C à à à à à à
literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.
e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada
esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.

Comentário: No caso do texto, Cláudio Manuel da Costa evidencia as diferenças entre a Colônia
e a metrópole, observando os vaqueiros que o remetem à colônia. De acordo com a leitura do poema
o eu-poético valoriza a vida simples e natural, sugerindo uma nostalgia, presente na Colônia. Essa
dicotomia campo e urbe é muito presente entre os árcades. Há aqui também outras ideias próprias
do Arcadismo, como as definidas pelas expressões em Latim, locus amenus, ou lugar ameno, que
determina e idealiza a natureza como um local perfeito e fugere urbem, ou fugir da cidade, que se
mostra como uma fonte de sofrimento.
GABARITO: B

07. Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o
poeta se dirige ao seu interlocutor.
áà T à à - à à à à à
Bà á à à àá à àC à v.5)
Cà Oà à à à à à
Dà V à à à à à
E) Q à àC à à à à

Comentário: O interlocutor do eu lírico são os montes, para os quais o eu do poema almeja


regressar. O eu lírico deixou esse lugar bucólico, e agora retorna, pois ali, no campo, busca ter
sossego e se livrar das preocupações da cidade. Para melhor compreender, você pode voltar à p. 33
da aula de hoje.
GABARITO: A

08. (UEL-PR) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da
Reforma entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das artes uma
difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os versos
que melhor expressam este conflito é:

a) Um paiá de Monal, bonzo bramá,


Primaz da Cafraria do Pegu,
Que sem ser do Pequim, por ser do Açu,
Quer ser filho do sol, nascendo cá.
(Gregório de Matos)

b) Temerária, soberba, confiada,

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Por altiva, por densa, por lustrosa,


A exaltação, a névoa, a mariposa,
Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada.
(Botelho de Oliveira)

c) Fábio, que pouco entendes de finezas!


Quem faz só o que pode a pouco obriga:
Quem contra os impossíveis se afadiga,
A esse cede amor em mil ternezas.
(Gregório de Matos)

d) Luzes qual sol entre astros brilhadores,


Se bem rei mais propício, e mais amado;
Que ele estrelas desterra em régio estado,
Em régio estado não desterras flores.
(Botelho de Oliveira)

e) Pequei Senhor; mas não porque hei pecado,


Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
(Gregório de Matos)

Comentário: Nesse famoso poema de Gregório de Matos, vemos o autor evidenciando sua
condição como eterno pecador e procurador da clemência de Deus. Isso explicita o conflito entre a
vida pecatória (geralmente atribuída à vida de excessos das condições básicas humanas como a de
se alimentar ou o sentimento da raiva), e a reverência a Deus como ser onipotente de quem se busca
o perdão por esses exageros.
GABARITO: E

09. (UFV) Sobre o Arcadismo no Brasil, podemos afirmar que:


a) produziu obras de estilo rebuscado, pleno de antíteses e frases tortuosas, que refletem o
conflito entre matéria e espírito.
b) não apresentou novidades, sendo mera imitação do que se fazia na Europa.
c) além das características europeias, desenvolveu temas ligados à realidade brasileira, sendo
importante para o desenvolvimento de uma literatura nacional.
d) apresenta já completa ruptura com a literatura europeia, podendo ser considerado a
primeira fase verdadeiramente nacionalista da literatura brasileira.
e) presente sobretudo em obras de autores mineiros como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio
Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Basílio da Gama, caracteriza-se como expressão da angústia
metafísica e religiosa desses poetas, divididos entre a busca da salvação e o gozo material da vida.

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Comentário: O Arcadismo foi um importante movimento literário que acrescentou à produção


nacional elementos claramente locais. Ideais referentes à independência política no estado de Minas
Gerais, por exemplo, e a inauguração do lirismo pessoal deram grande voz e status a esse
movimento.
GABARITO: C

10. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto
afirmar que:
a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à
catequese.
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura
jesuítica.
d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições
encontradas no Novo Mundo.

Comentário: A literatura quinhentista apresenta forte cunho informativo sobre as novidades


descobertas na colônia e também grande quantidade de material relativo à catequização dos índios
feito pelas missões jesuíticas.
GABARITO: C

11. (ENEM 2013)

LXXVIII (Camões, 1525?-1580)

Leda serenidade deleitosa,


Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;

Presença moderada e graciosa,


Onde ensinando estão despejo e siso
Que se pode por arte e por aviso,
Como por natureza, ser fermosa;
Fala de quem a morte e a vida pende,
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
Repouso nela alegre e comedido:
Estas as armas são com que me rende
E me cativa Amor; mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido.
CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.

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SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em: www.arquipelagos.pt. Acesso
em: 29 fev. 2012.

A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes,


participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos
a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e
pelos adjetivos usados no poema.
b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes
da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema.
c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio,
evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema.
d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção
artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema.
e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito
interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.

Comentário: A mulher está no centro da tela, com expressão singela e pouco expressiva, ou
seja, a mesma serenidade sobre a qual fala o poema de Camões. O classicismo (ou quinhentismo)
pensa o homem como o centro do mundo, associando a beleza feminina a uma espécie de equilíbrio
entre razão e emoção.
GABARITO: C

12. (ENEM 2015)

Síntese entre erudito e popular

Na região mineira, a separação entre cultura popular (as artes mecânicas) e erudita (as artes
liberais) é marcada pela elite colonial, que tem como exemplo os valores europeus, e o grupo
popular, formado pela fusão de várias culturas: portugueses aventureiros ou degredados, negros e

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índios. Aleijadinho, unindo as sofisticações da arte erudita ao entendimento do artífice popular,


consegue fazer essa síntese característica deste momento único na história da arte brasileira: o
barroco colonial.
No século XVIII, a arte brasileira, mais especificamente a de minas Gerais, apresentava a
valorização da técnica e um estilo próprio, incluindo a escolha dos aterias. Artistas como Aleijadinho
e Mestre Ataíde têm suas obras caracterizadas por peculiaridades que são identificadas por meio
a) do emprego de materiais oriundos da Europa e da interpretação realista dos objetos
representados.
b) do uso de recursos materiais disponíveis no local e da interpretação formal com
características próprias.
c) da utilização de recursos materiais vindos da Europa e da homogeneização e
linearidade representacional.
d) da observação e da cópia detalhada do objeto representado e do emprego de
materiais disponíveis na região.
e) da utilização de materiais disponíveis no Brasil e da interpretação idealizada e linear
dos objetos representados.

Comentário: O Barroco brasileiro, importado da Europa e facilitador da doutrina católica, foi o


momento artístico que mais dominou o período colonial no Brasil. Conforme o tempo passava os
artistas locais, como Aleijadinho e Mestre Ataíde, por exemplo, começaram a dar feições locais às
suas obras, dando início à primeira manifestação artística propriamente brasileira.
GABARITO: B

13. (ENEM 2015)

Casa dos Contos


& em cada conto te cont
o & em cada enquanto me enca
nto & em cada arco te a
barco & em cada porta m
e perco & em cada lanço t
e alcanço & em cada escad
a me escapo & em cada pe
dra te prendo & em cada g
rade me escravo & em ca
da sótão te sonho & em cada
esconso me affonso & em
cada claúdio te canto & e
m cada fosso me enforco &

ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.

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O contexto histórico e literário do período barroco-árcade fundamenta o poema Casa dos


Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea
revela que
a) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece sobre a
observação da realidade social.
b) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos, fatos e personalidades
da Inconfidência Mineira.
à à à à à à à à à à à à à à à à
por uma linguagem erudita.
d) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma continuidade de
procedimentos estéticos e literários.
e) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura, o ambiente de
opressão vivido pelos inconfidentes.

Comentário: A linguagem de ruptura pode ser apreciada através da maneira em que os versos
estão dispostos, além da inserção de um símbolo ligado ao comercial. A Casa dos Contos, local de
câmbio do século XVIII, é, atualmente, um museu em Ouro Preto (cidade que marca o período colonial
brasileiro e a Inconfidência), ou seja, o eu lírico se refere à resistência aos escritores portugueses.
Cláudio Manuel da Costa é o nome de maior notoriedade nesse aspecto.
GABARITO: E

14. (ENEM 2009)

A dança é importante para o índio preparar o corpo e a garganta e significa energia para o
corpo, que fica robusto. Na aldeia, para preparo físico, dançamos desde cinco horas da manhã até
seis horas da tarde, passa-se o dia inteiro dançando quando os padrinhos planejam a dança dos
adolescentes. O padrinho é como um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por
exemplo, o padrinho sonha com um determinado canto e planeja para todos entoarem. Todos os
t à à à à à à à W , Butséwaw ,
Tseretomodzatsewaw , que foram descobrindo através da sabedoria como iria ser a cultura
Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração. Quando o adolescente fura a orelha é
obrigatório ele dançar toda a noite, tem de acordar meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório,
eles vão chamando um ao outro com um grito especial.
WÉRÉ' É TSI'RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração da existência xavante. VIS-Revista do Programa de Pós-Graduação em
Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006.

A partir das informações sobre a dança Xavante, conclui-se que o valor da diversidade artística
e da tradição cultural apresentados originam-se da
a) iniciativa individual do indígena para a prática da dança e do canto.
b) excelente forma física apresentada pelo povo Xavante.
c) multiculturalidade presente na sua manifestação cênica.
d) inexistência de um planejamento da estética da dança, caracterizada pelo ineditismo.
e) preservação de uma identidade entre a gestualidade ancestral e a novidade dos cantos
a serem entoados.

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Comentário: A dança é um elemento ancestral da cultura indígena que foi preservado.


Portanto, é muito importante e foi preservada dentro do contexto da comunidade até hoje,
mantendo-se desde os primeiros Xavantes.
GABARITO: E

"Nasce o Sol, e não dura mais que um dia.


Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria."

15. (FUVEST-SP) Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos, a principal


característica do Barroco é:
a. culto da Natureza
b. a utilização de rimas alternadas
c. a forte presença de antíteses
d. culto do amor cortês
e. uso de aliterações

Comentário: A principal característica do Barroco, no Brasil e no mundo, foi o princípio da


antítese, ou seja, utilizar conceitos opostos. No poema acima observamos alguns contrastes, tais
como luz/sombra, noite/dia, tristeza/alegria. As demais alternativas, embora cumpram recursos e
temas da linguagem literária, não correspondem ao Barroco. O poema reflete sobre a inconstância
das coisas que, mesmo belas, acabam. Para melhor compreender, você pode voltar à p. 15 da aula
de hoje.
GABARITO: C

AS COUSAS DO MUNDO

Neste mundo é mais rico o que mais rapa:


Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:


Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por tulipa;


Bengala hoje na mão, ontem garlopa.
Mais isento se mostra o que mais chupa.

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Para a tropa do trapo vazo a tripa


E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
(Gregório de Matos, "Seleção de Obras Poéticas")

16. (FATEC) Fica claro, no poema acima, que a principal crítica do autor à sociedade de sua
época é feita por meio da
a) denúncia da proteção que o mundo de então dava àqueles que agiam de modo condenável,
embora sob a capa das leis da Igreja.
b) enumeração de certos tipos que, por seus comportamentos, revelam um roteiro que
identifica e recomenda a ascensão social.
c) elaboração de uma lista de atitudes que deviam ser evitadas, por não condizerem com as
práticas morais encontradas na alta sociedade.
d) comparação de valores e comportamentos da faixa mais humilde daquela sociedade com os
da faixa mais nobre e aristocrática.
e) caracterização de comportamentos que, embora sejam moralmente condenáveis, são
dissimulados em seus opostos.

Comentários: Na primeira estrofe o eu lírico se refere a alguém que faz trapaças, revelando, na
segunda estrofe, o enriquecimento desse tipo de pessoa. Na terceira estrofe essas pessoas mostram-
se como algo que não são verdadeiramente, para, na última estrofe revelar-se em um metapoema,
pois o poeta utiliza o soneto como lugar de externar quão intensamente essas pessoas não tem
E M G M
versos sagazes e críticos à maneira como se comportava a sociedade da época.
GABARITO: E

17. (UFJF/PISM/2003) O poema a seguir servirá de base para as duas próximas questões:

O ser herói, Marília, não consiste


Em queimar os impérios: move a guerra,
Espalha o sangue humano,
E despovoa a terra
Também o mau tirano.
Consiste o ser herói em viver justo:
E tanto pode ser herói o pobre,
Como o maior Augusto.

Eu é que sou herói, Marília bela,


Seguindo da virtude a honrosa estrada:
Ganhei, ganhei um trono,
Ah! não manchei a espada,
Não o roubei ao dono!
Ergui-o no teu peito e nos teus braços:

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E valem muito mais que o mundo inteiro


Uns tão ditosos laços.

Aos bárbaros, injustos vencedores


Atormentam remorsos e cuidados;
Nem descansam seguros
Nos Palácios, cercados
De tropa e de altos muros.
E a quantos não nos mostra a sábia História
A quem mudou o fado em negro opróbrio
A mal ganhada glória!
GONZAGA, Tomás Antônio. A poesia dos inconfidentes. Org. Domício Proença Filho. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar,
1996. 5ª, 6ª e 7ª estrofes da Lira XXVII. pp. 616/617.

De acordo com a primeira estrofe, podemos afirmar que:


a) os heróis são sempre associados à guerra.
b) os tiranos também podem ser heróis.
c) a correção da vida é que define os heróis.
d) o poeta declara ser o maior de todos os heróis.
e) os poderosos e ricos é que podem ser heróis.

Comentário: Gonzaga está ancorada na idealização da vida pastoril, na busca pela natureza e
pelo equilíbrio, em contraste com a vida urbana de vícios. Assim, o herói árcade vai negar a visão do
rei poderoso e tirano, aproximando-se do pastor justo e correto, que vive sua vida praticando o bem
e integrado à natureza, além, claro, de ser dedicado à sua amada, Marília. Ainda, pode-se perceber
ao longo do poema que o verdadeiro herói é aquele que, por ter em sua vida apenas atos corretos
para se vangloriar, não precisa se arrepender de seus feitos e nem carregar remorsos, reafirmando
o princípio da justiça.
GABARITO: C

18. (UFJF/PISM/2003) As referências a Marília revelam:


a) a declaração de amor implícita a uma jovem.
b) o uso de pseudônimos da convenção pastoril.
c) a referência a uma dama que devia ficar oculta.
d) o desejo de transformar a amada em objeto poético.
e) a afirmação implícita de que queria casar-se.

Comentário: O arcadismo, assim como o barroco e o quinhentismo, construiu uma lírica


amorosa baseada na idealização da mulher, perfeita e inalcançável, para quem o poeta cantará seus
amores. No caso do arcadismo, essa busca pela natureza, como um retorno ao natural, e, com isso,
ao equilíbrio, ao ameno em contraposição à urbes fez com que a mulher idealizada encontrasse
a figura da pastora, par perfeito do pastor que a corteja. Ainda, alguns nomes se consolidaram na
lírica amorosa árcade, como nomes convencionais do estilo literário, como é o caso de Marília. Assim,
ao o poeta escolher Marília como o nome da pessoa amada, ele não só a preenche de significado,

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retomando essa ideia da pastora pura e idílica, como também reforça sua filiação a tradição árcade,
reconhecendo essa convenção de nomes como traço distintivo da mesma.
GABARITO: B

19. (PUC-SP)

"Que falta nesta cidade? Verdade.


Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha."

Pode-se reconhecer nos versos acima, de Gregório de Matos:


a. caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em tom de
sátira, do perfil moral da cidade da Bahia.
b. caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI, sustentando piedosa
lamentação pela falta de fé do gentio.
c. estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das
funções de um autêntico moralizador.
d. caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do
arrependimento do poeta pecador.
e. estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do
poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia.

Comentários: A estética barroca está calcada na construção de jogos de opostos, marca de um


sujeito que busca explicitar seus conflitos através da contradição. Pode-se perceber essa marca
estilística em pares presentes no poema, como honra/desonra; exalta/falta. Ainda, Gregório será um
crítico feroz, baseado na moral da elite e da igreja católica, da imoralidade da cidade da Bahia,
dedicando-se a maldizê-la, a ela e a seus habitantes. Vale ressaltar que a cidade vivia o impasse da
abertura dos portos aos navios estrangeiros, além de uma abertura ligeira para a ascensão social de
mestiços, pessoas com sangue negro. Esses novos atores sociais eram vistos como indignos pela
poesia de Gregório, uma vez que fugiam aos preceitos da fidalguia, sendo, portanto, indignos e
imorais (sem honra), e responsáveis por impregnar a cidade de imoralidade. A cidade da Bahia é,
então, uma figura que, em determinados poemas, o eu-poético se identifica e se compadece, vendo
sua própria decadência projetada na cidade. Em outros, ela passa a ser também ré no julgamento
moral do eu-poético, uma vez que teria permitido toda essa situação.
GABARITO: A

20. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto
afirmar que:

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a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à


catequese.
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura
jesuítica.
d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições
encontradas no Novo Mundo.

Comentário: Os textos produzidos no Brasil durante o primeiro século da vida colonial se


resumiam basicamente à literatura jesuítica e os relatos de viagem, pelo fato do país ainda não
possuir uma identidade cultural formada. Sendo assim, ainda não tínhamos uma literatura nacional,
que pudesse ser chamada de brasileira.
GABARITO: C

Soneto VII

Onde estou? Este sítio desconheço:


Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.

Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço


De estar a ela um dia reclinado:
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!

Árvores aqui vi tão florescentes,


Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.

Eu me engano: a região esta não era;


Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!

COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012.

21. (ENEM 2016) No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite
ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma
a) angústia provocada pela sensação de solidão.
b) resignação diante das mudanças do meio ambiente.
c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido.
d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem.

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e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.

Comentário: a natureza tem papel fundamental no Arcadismo, período no qual viveu o poeta
Cláudio Manuel da Costa. No soneto, as incertezas e os sofrimentos que lírico vive se fundem com
seu desnorteio em relação à natureza desfigurada que ele (poeta) vê no instante em que tece as
considerações contidas no texto.
GABARITO: E

GABARITO

Chegamos ao final da nossa primeira aula do intensivo! Muita coisa boa está por vir! Espero de
coração que tenham gostado!

No caso de qualquer dúvida, sugestão, entrem em contato comigo por meio do fórum de dúvidas ou
pelo e-mail professorarafaelafreitas@gmail.com

Facebook e Instagram: Prof. Rafaela Freitas


Abraços,
Rafaela Freitas

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