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Rafaela Freitas
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APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 2
OBJETIVO E CRONOGRAMA DO CURSO .................................................................. 2
1. QUINHENTISMO ................................................................................................. 5
1.1 LITERATURA INFORMATIVA ............................................................................................5
1.2 LITERATURA JESUÍTICA ...................................................................................................8
2. BARROCO ......................................................................................................... 12
2.1 Figuras de Linguagem no Barroco ................................................................................14
2.2 Arte Barroca ..................................................................................................................16
2.3 Aleijadinho ....................................................................................................................17
2.4 Barroco no Brasil ...........................................................................................................20
2.5 Gregório de Matos Guerra: o Boca do Inferno .............................................................20
2.5.1 O poeta religioso ........................................................................................................21
2.5.2 O poeta satírico .........................................................................................................21
2.5.3 O poeta lírico..............................................................................................................22
2.6 Padre Antônio Vieira .....................................................................................................23
2.6.1 Os sermões .................................................................................................................23
3. ARCADISMO ..................................................................................................... 27
3.1 Lemas árcades ..............................................................................................................28
3.2 O Arcadismo no Brasil ...................................................................................................29
3.3 Principais Autores .........................................................................................................30
Lista der questões comentadas nesta aula ........................................................... 37
Questões comentadas.......................................................................................... 49
Gabarito............................................................................................................... 66
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Rafaela Freitas
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APRESENTAÇÃO
Olá, caro estudando do ENEM! Sejam muito bem-vindos ao curso INTENSIVO que irá
prepará-los para a prova de Literatura do Exame Nacional do Ensino Médio, o famoso
ENEM!! É um imenso prazer e uma honra fazer parte da sua preparação!
Para que me conheça, falarei brevemente sobre mim: meu nome é Rafaela Freitas, sou
graduada em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora, onde resido, e pós-graduada
em Ensino de Língua Portuguesa, pela mesma instituição (UFJF). Desde que me formei,
tenho trabalhado com a preparação dos alunos para os mais diversos concursos públicos e
para o ENEM, em cursos presenciais e on-line, no que tenho colocado ênfase em minha
carreira.
Sou concursada em dois estados diferentes (Minas Gerais e Rio de Janeiro), conquistei
(e ainda estou conquistando) muitos objetivos com muito suor! Não foi fácil, tenho uma
família para dar atenção, uma filha para criar, mas AMO o que faço, o cansaço não me vence!
Sou uma apaixonada pela nossa língua mãe e por ensiná-la! E para vocês eu digo: cada
esforço será recompensado no final! Tenham a certeza de que o Português, já neste curso,
não será mais um problema, mas sim a solução! Você sabe muito mais dessa língua do que
imagina! Confie em mim e principalmente em seu potencial!
Este curso tem por objetivo trazer para os alunos aquilo que CERTAMENTE vai estar na
prova do ENEM 2017. Alguns assuntos são sempre cobrados! Mapeei todos e montei um curso
“enxuto”, mas com o conteúdo fundamental para a prova!
O curso será composto por aulas de teoria (em PDF e em Vídeo) e questões (em PDF)
TODAS comentadas;
Comentarei muitas questões anteriores do ENEM (a maioria), mas usarei também
algumas questões de outras bancas e vestibulares para que o assunto da aula seja
trabalhado por completo;
Contaremos com um fórum de dúvidas, que é uma ferramenta de extrema
importância para a relação professor/aluno;
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APRESENTAÇÃO
Aula 0 10/08/2018
Arte colonialista (Quinhentismo, Barroco, Arcadismo)
Observem que cada aula possui a sua data de liberação e que TODO o curso está
completamente liberado até o dia 28/09!
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DICAS:
1. Estudem cada aula a medida em que forem liberadas! Não acumule dúvidas nem
conteúdo a ser estudado!
2. As aulas em vídeo poderão ajudar principalmente aqueles alunos que tem mais
facilidade em aprender assistindo ao professor falar, mas não deixem de ler os PDFs!
Contatos:
Fórum de dúvidas.
E-mail: professorarafaelafreitas@gmail.com
Facebook, Instagram e Youtube: Prof. Rafaela Freitas
Estou muito animada com o curso! Espero que vocês também estejam!
Vamos com tudo!
Durante a aula, vou fazer um panorama do que foi a Literatura Brasileira desde o
descobrimento (1500) até a independência do Brasil (1822). Esse foi o período em que o
nosso país foi colônia de Portugal. Sendo assim, a nossa literatura dessa época pode ser
chamada de COLONIALISTA. Não tínhamos uma expressão de arte autêntica, importávamos
à à à à à à à à à à à à à à à
brasileira tendo em vista o contexto histórico de cada período. Vamos ver cada período da
nossa arte colonialista.
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1. QUINHENTISMO
Quinhentismo é a denominação dada a todas as manifestações literárias ocorridas no
Brasil durante o século XVI, quando a cultura europeia foi introduzida no país. Ainda não
tínhamos uma Literatura genuinamente brasileira. Os índios que aqui viviam possuíam uma
cultura imensamente diferente da que estava chegando, a portuguesa. O que tivemos entre
1500 e 1600 foi uma literatura ocorrida no Brasil, ligada ao Brasil, mas que denota a visão,
as ambições e as intenções do homem europeu mercantilista em busca de novas terras e
riquezas. Você acha que os Portugueses estavam apenas curiosos com a nova terra, nada
queriam daqui? Sabemos que não. Em 1530 começa a colonização brasileira e as
manifestações ocorridas aqui se prenderam, basicamente, à descrição da terra e do índio,
ou a textos escritos pelos viajantes, jesuítas e missionários que aqui estiveram. Estou falando
da Literatura de Informação.
Você conhece a Carta de Pero Vaz de Caminha? Leia a seguir alguns fragmentos.
Senhor, posto que o capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães
escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta Vossa terra nova, que se ora nesta
navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta. (...)
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E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até terça- à à à à
P à à à à à á à à à à à à à àEà à rta-feira
seguinte, pela manhã, topamos aves, a que chamam fura-buchos. Neste mesmo dia, a horas
à à à à à à à à à à à à à à à
à à à à à à à à à à à à à àgrandes arvoredos, ao
qual monte alto o capitão pôs o nome o Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz. (...)
Eà à à à à à à à à à à à à à à à
pequenos disseram, por chegaram primeiro. (...) A feição deles é serem pardos, maneira
d'avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma
cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca
disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. (...)
Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos
muito pretos, compridos, pelas espáduas; e suas vergonhas tão altas e tão çarradinhas e tão
limpas das cabeleiras que de as nós muito bem olharmos não tínhamos nenhuma vergonha.
(...)
E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima, daquela tintura, a qual, certo,
era tão bem feita e tão redonda e sua vergonha, que ela não tinha, tão graciosa, que a muitas
mulheres de nossa terra, vendo-lhes tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como
ela. (...)
O capitão, quando eles vieram, estava assentado em uma cadeira e uma alcatifa aos
pés por estrado, e bem vestido, com um colar d'ouro mui grande ao pescoço. (...) Um deles,
porém, pôs olho no colar do capitão e começou d'acenar com a mão para a terra e despois
para o colar, como que nos dizia que havia em terra ouro. E também viu um castiçal de prata
e assim mesmo acenava para a terra e então para o castiçal, como que havia também prata.
(...)
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou
ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados
como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como
os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar,
dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Porém, o melhor fruto que dela se pode
tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa
Alteza em ela deve lançar. (...)
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chã: plana.
cousa: coisa.
vergonhas: órgãos sexais.
çarradinhas: alguns historiadores consideram "saradinhas", isto é, sem doenças, e outros consideram
"cerradinhas", isto é, densas.
tinta: tingida.
alcatifa: tapete, que cobre ou se estende.
Entre-Douro-e-Minho: antiga província de Portugal.
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A carta escrita por Pero Vaz de Caminha, que é hoje a mais famosa do período, não foi
publicada logo que chegou às mãos do rei de Portugal. Por conter grande valor e detalhar a
riqueza do Brasil, o monarca escondeu o documento que só veia a público em 1817, quase
três séculos depois!!!
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Entre as peças de teatro da época, destaca-se o Auto de São Lourenço, escrita pelo
padre José de Anchieta. Nela, o autor conta em três línguas (tupi, português e espanhol) o
martírio de são Lourenço, que preferiu morrer queimado a renunciar a fé cristã. Anchieta
intentou conciliar os valores católicos com os símbolos primitivos dos habitantes da terra e
com aspectos da nova realidade americana. O sagrado europeu ligava-se aos mitos
indígenas, sem que isso significasse contradição, pois as ideias que triunfavam nos
espetáculos eram evidentemente as do padre. A liberdade formal das encenações saltava
aos olhos: o teatro anchietano pressupunha o lúdico, o jogo coreográfico, a cor, o som.
Anchieta também deixou obras de grande valor poético. Os poemas mais conhecidos
dele à D à“ à“ à à áà“ àI àV à à à à à
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Também padeirinha
Lhe dá lume novo. Sois do vosso Povo,
Nossa culpa escura pois com vossa vinda,
Fugirá depressa, Lhe dais trigo novo.
Pois vossa cabeça
Virginal cabeça,
Pela fé cortada,
Com vossa chegada
Já ninguém pereça;
Vinde mui depressa
Ajudar o povo,
Pois com vossa vinda
Lhe dais lume novo.
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¹folga: se alegra
²lume: luz
Esse poema fala do confronto entre o bem e o mal com bastante simplicidade: a chegada de
Santa Inês espanta o diabo e, graças a ela, o povo revigora sua fé. A linguagem é clara, as ideias são
facilmente compreensíveis e o ritmo faz com que os versos tenham musicalidade, ajudando o poeta
a envolver o ouvinte e a sensibilizá-lo para sua mensagem religiosa.
ENEM/2009
Eckhout
A tos e bons narizes, bem
feitos.
Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas
vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.
(CAMINHA, P. V. A carta. www.dominiopublico.gov.br.)
Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-
se que:
Inserir aqui
Literatura o nome
p/ ENEM do FINAL
- RETA Curso 2018 (Com Videoaulas) 11
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Comentário: observem, alunos, que a pintura mostra exatamente o que o texto diz quando
descreve a naturalidade com que os índios se portavam, andando nus, sem vergonha de seus
corpos, sem esconder suas faces - na pintura, o índio observa o espectador. Eles eram
culturalmente assim e não imaginavam estar ofendendo ninguém.
GABARITO: C
2. BARROCO
Estamos entrando agora no período do exagero, da antítese, do homem em meio ao céu e ao
inferno sem saber para que lado seguir. O período conhecido como Barroco é constituído pelas
primeiras manifestações literárias genuinamente brasileiras ocorridas no Brasil Colônia, embora
diretamente influenciadas pelo barroco português.
O termo BARROCO denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1600
e início dos anos 1700, por isso também chamado de seiscentismo. Além da literatura, estende-se à
música, pintura, escultura e arquitetura da época.
Contexto Histórico
Impossível estudar o período BARROCO sem conhecer o contexto histórico que o motivou!
Após o Concílio de Trento, o Catolicismo sofreu grande reformulação. Em resposta à Reforma
Cultismo e conceptismo
Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram
Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem
espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não se
pode ver por falta de luz. Logo, há mister¹ luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. Antônio
Vieira)
Como o homem tentava expor seus sentimentos por meio da arte, as figuras de linguagem
aparecem bastante nas poesias. Vejam as que mais aparecem:
Metáfora: é uma comparação implícita. Tem-se como exemplo o trecho a seguir, escrito por
Gregório de Matos:
Antítese: é a principal figura de linguagem barroca, pois reflete a contradição do homem, seu
dualismo. Revela o contraste que o escritor vê em quase tudo. Observe a seguir o trecho de Manuel
Botelho de Oliveira, no qual é descrita uma ilha, salientando-se seus elementos contrastantes:
Hipérbole: traduz ideia de grandiosidade, pompa, exagero. Veja mais um exemplo de Gregório
de Matos:
Trata-se de uma arte rebuscada que tentava captar a realidade em pleno movimento. Mais do
que estrutura, porém, o que se buscava era o embelezamento de portas e janelas e da
ornamentação de interiores. As colunas, altares e púlpitos eram recobertos com espirais, flores e
anjos revestidos de ouro , numa integração da pintura, escultura e arquitetura, exercendo sobre
o espectador uma grande atração visual. No Brasil, a exploração do ouro e de pedras preciosas na
região de Minas Gerais impulsionou a produção da arte barroca.
Basílica de Nossa Senhora do Carmo em Recife (PE), uma das glórias do barroco brasileiro.
A grande marca do BARROCO na decoração das igrejas era o revestimento em outro, o que
demonstrava para os fiéis o grande poder e riqueza da instituição católica.
A influência barroca manifestou-se claramente nas pinturas feitas em tetos e paredes de igrejas
e palácios. As cenas e elementos arquitetônicos (colunas, escadas, balcões, degraus)
proporcionavam uma incrível ilusão de movimento e ampliação de espaço, chegando, em alguns
casos, a dar a impressão de que a pintura era a realidade, e a parede, de fato, não existisse.
Afresco da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (MG), por Manuel da Costa Athayde
2.3 ALEIJADINHO
Antônio Francisco Lisboa, nosso querido Aleijadinho, nasceu por volta de 1730 em Ouro preto,
mineirinho do bão, uai! Orgulho de minha Minas Gerais.
Sua trajetória é praticamente construída pelas obras que deixou como escultor, entalhador e
arquiteto, pois os principais documentos sobre sua vida só foram escritos por volta de 40 anos depois
de sua morte.
Toda sua obra, entre talha, projetos arquitetônicos, relevos e estatuária, foi realizada em Minas
Gerais, especialmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João del-Rei e Congonhas. Os
principais monumentos que contém suas obras são a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto
e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
Veja a seguir, algumas obras deixadas pelo mineiro:
O Barroco foi introduzido no Brasil por intermédio dos jesuítas. Inicialmente, no final do século
XVI, tratava-se de um movimento apenas destinado à catequização. A partir do século XVII, o Barroco
passa a se expandir para os centros de produção açucareira, especialmente na Bahia, por meio das
igrejas. Assim, a função da igreja era ensinar o caminho da religiosidade e da moral a uma população
que vivia desregradamente.
Nos séculos XVII e XVIII não havia ainda condições para a formação de uma consciência literária
brasileira. A vida social no país era organizada em função de pequenos núcleos econômicos, não
existindo efetivamente um público leitor para as obras literárias, o que só viria a ocorrer no século
XIX. Por esse motivo, fala-se apenas em autores brasileiros com características barrocas,
influenciados por fontes estrangeiras (portuguesa e espanhola), mas que não chegaram a constituir
um movimento propriamente dito. Nesse contexto, merecem destaque a poesia de Gregório de
Matos Guerra e a prosa do padre Antônio Vieira representada pelos seus sermões.
Autores
Gregório de Matos firmou-se como o primeiro poeta brasileiro: cultivou a poesia lírica, satírica,
erótica e religiosa. O que se conhece de sua obra é fruto de inúmeras pesquisas, pois Gregório não
publicou seus poemas em vida. Por essa razão, há dúvidas quanto à autenticidade de muitos textos
que lhe são atribuídos.
A preocupação religiosa do escritor revela-se no grande número de textos que tratam do tema
da salvação espiritual do homem. No soneto a seguir, o poeta ajoelha-se diante de Deus, com um
forte sentimento de culpa por haver pecado, e promete redimir-se. Observe:
Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas à situação econômica da Bahia,
especialmente de Salvador, graças à expansão econômica chegando a fazer, inclusive, uma crítica ao
então governador da Bahia Antonio Luis da Camara Coutinho. Além disso, suas críticas à Igreja e a
religiosidade presente naquele momento. Essa atitude de subversão por meio das palavras rendeu-
lhe o apelido de "Boca do Inferno", por satirizar seus desafetos
Triste Bahia
Triste Bahia!
ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante.
Em sua produção lírica, Gregório de Matos se mostra um poeta angustiado em face à vida, à
religião e ao amor. Na poesia lírico-amorosa, o poeta revela sua amada, uma mulher bela que é
constantemente comparada aos elementos da natureza. Além disso, ao mesmo tempo que o amor
desperta os desejos corporais, o poeta é assaltado pela culpa e pela angústia do pecado.
À mesma d. Ângela
2.6.1 OS SERMÕES
Em estilo conceptista, escreveu cerca de duzentos sermões. Em seus textos, privilegia a retórica
e o encadeamento lógico de ideias e conceitos. Estão formalmente divididos em três partes:
O sermão, dividido em dez partes, é conhecido por tratar da arte de pregar. Nele, Padre
Antônio Vieira condena aqueles que apenas pregam a palavra de Deus de maneira vazia. Para ele, a
palavra de Deus era como uma semente, que deveria ser semeada pelo pregador. Por fim, o padre
chega à conclusão de que, se a palavra de Deus não dá frutos no plano terreno a culpa é única e
exclusivamente dos pregadores que não cumprem direito a sua função. Leia um trecho do sermão:
Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que "saiu o pregador evangélico a semear" a palavra
divina. Bem parece este texto dos livros de Deus ão só faz menção do semear, mas também faz caso
do sair: Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a semeadura e hão-nos de contar os passos.
(...) Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam sem sair.
Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que semeiam sem sair,
são os que se contentam com pregar na Pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos
que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão-
lhes de medir a semeadura e hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do Juízo! Ah pregadores! Os de cá,
achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com mais passos: Exiit seminare. (...) Ora, suposto que a
conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e
do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador,
ou por parte de Deus? (...)
Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda (1640):
Neste sermão, o padre incita os seguidores a reagir contra as invasões Holandesas, alegando
que a presença dos protestantes na colônia resultaria em uma série de depredações à colônia. Leia
um trecho do sermão:
Se acaso for assim o que vós não permitais e está determinado em vosso secreto juízo,
que entrem os hereges na Bahia, o que só vos represento humildemente, e muito deveras, é que,
antes da execução da sentença, repareis bem, Senhor, no que vos pode suceder depois, e que o
consulteis com vosso coração enquanto é tempo, porque melhor será arrepender agora, que quando
o mal passado não tenha remédio. Bem estais na intenção e alusão com que digo isto, e na razão,
fundada em vós mesmo, que tenho para o dizer. Também antes do dilúvio estáveis vós mui colérico
e irado contra os homens, e por mais que Noé orava em todos aqueles cem anos, nunca houve
remédio para que se aplacasse vossa ira. Romperam-se enfim as cataratas do céu, cresceu o mar até
os cumes dos montes, alagou-se o mundo todo: já estaria satisfeita vossa justiça, senão quando ao
terceiro dia começaram a boiar os corpos mortos, e a surgir e aparecer em multidão infinita aquelas
figuras pálidas, e então se representou sobre as ondas a mais triste e funesta tragédia que nunca
viram os anjos, que homens que a vissem, não os havia.
Também conhecido como "O Sermão dos Peixes", pois nele o padre usa a imagem dos peixes
como símbolo para fazer uma crítica aos vícios dos colonos portugueses que se aproveitavam da
condição dos índios para escravizá-los e sujeitá-los ao seu poder. Leia um trecho do sermão:
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal
da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas
quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual
será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? (...) Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes?
Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam.
Uma só cousa pudera desconsolar o Pregador, que é serem gente os peixes que se não há-de
converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente (...) Suposto isto,
para que procedamos com clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro
louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios. (...)
DAMASCENO, D.(Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.
ENEM/2014
Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos,
o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por
a) visão cética sobre as relações sociais.
b) preocupação com a identidade brasileira.
c) crítica velada à forma de governo vigente.
d) reflexão sobre os dogmas do cristianismo.
e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.
Comentário: estamos diante de um soneto do autor baiano Gregório de Matos que apresenta
uma intertextualidade (diálogo entre textos, uso de um texto já existente para embasar um
novo). Percebe-se claramente que o autor faz referência às Sagradas Escrituras. Sabendo que
poeta barroco utilizava sua literatura como meio de criticar a sociedade de sua época, ainda
que o fizesse por meio de metáforas, como ocorre no texto acima, podemos confirmar a
alternativa C como resposta correta.
GABARITO: C
3. ARCADISMO
A obra de Lancret representa brilhantemente o que veio a ser o momento que seguiu o tão
conflituoso Barroco. O Arcadismo é leveza, é o culto ao clássico, é estar junto à natureza. Vejam no
quadro: ninfetas, festas, bebidas, uma balada na floresta. Este é o carpe diem ideal dos arcadistas.
O Arcadismo, movimento que também pode ser chamado de Setecentismo ou Neoclacissismo
(retorno ao clássico renascentista), surgiu na Itália e se espalhou pelo mundo até chegar ao Brasil,
no século XVIII.
O nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em
referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto). Arcádia é também a morada dos deuses. Viram
como a mitologia grega perpassa o movimento?
O movimento fazia oposição clara ao exagero e riqueza do Barroco. Para marcar tal
posicionamento, os autores estipularam lemas que deveriam ser seguidos para uma vida feliz,
simples e bucólica. Eram expressões em latim. Conheça algumas delas:
Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos cometidos pelas obras do barroco.
No arcadismo, os poetas primavam pela simplicidade.
Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em detrimento dos centros urbanos
monárquicos;
Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da efemeridade do tempo, convida sua amada
a aproveitar o momento presente.
Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram todos burgueses e habitantes dos
centros urbanos. Por isso a eles são atribuídos um fingimento poético, isto é, a simulação de
sentimentos fictícios.
Vamos ver o que o grande crítico literário Alfredo Bosi disse em seu livro História Concisa da
Literatura Brasileira (São Paulo: editora Cultrix, 2006) sobre os dois momentos do Arcadismo no
Brasil:
a) poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e valorização da
natureza e da mitologia.
b) ideológico (engajada): influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a
crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.
Seus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama
e Santa Rita Durão. No Brasil, o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando houve
a publicação de Obras, do poeta Claudio Manoel da Costa.
Arcádia Ultramarina
Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade de Vila Rica (MG), influenciada pela
Arcádia italiana (fundada em 1690) e cujos membros adotavam pseudônimos, isto é, nomes
artísticos, de pastores cantados na poesia grega ou latina. Por isso que alguns dos principais nomes
do Arcadismo brasileiro publicavam suas obras com nomes inspirados na mitologia grega e romana
Principais características
Sonetos X
Vila Rica
Canto VI
Nasceu na cidade de Porto, em Portugal, porém, filho de mãe portuguesa e pai brasileiro, vive
parte da vida no Brasil. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, muda para o Brasil para
trabalhar como ouvidor e juiz. Aqui, pretendia se casar com a jovem Maria Dorotéia Joaquina de
Seixas Brandão, sua musa Marília.
No entanto, como participara da Inconfidência Mineira, é preso e levado para o Rio de Janeiro.
Quando sai da prisão, muda-se para Moçambique, na África, onde casa com Juliana de Sousa
Mascarenhas.
Tomás Antônio Gonzaga é o pastor Dirceu, pseudônimo criado pelo poeta para seu conjunto
de liras famosas intitulado Marília de Dirceu, publicadas em três partes nos anos de 1792, 1799 e
1812. Nessa obra, Dirceu é o pastor que cultiva o ideal da vida campestre, que vive entre ovelhas
em uma choupana e aproveita o momento presente ao lado da amada Marília.
Lira I
Lira XIX
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive, nos descobre
A sábia natureza.
Lira XV
Como aponta o crítico Alfredo Bosi em seu História Concisa da Literatura Brasileira (São Paulo:
Cultrix, 2006), há uma mudança na cor dos cabelos de Marília, que ora são negros, ora dourados,
como se pode observar nos trechos a seguir:
Essa oscilação, segundo o crítico, demonstraria o compromisso árcade entre o real e os padrões
de beleza do lirismo inspirado no poeta clássico Petrarca. Outra oscilação presente nos poemas é
entre o pastor bucólico e o intelectual da cidade.
Percebe-se, no entanto, uma mudança considerável no discurso do poeta, coincidindo com a
época em que o autor esteve preso e passa a refletir sobre as angústias do aprisionamento, a justiça
e o destino dos homens.
Cabe ressaltar, no entanto, que, embora o conjunto de liras seja dedicado à amada Marília, em
momento algum temos a voz da personagem idealizada. É apenas Dirceu quem discorre acerca dos
seus sentimentos. Segundo alguns críticos literários, esse fato é um reflexo da sociedade patriarcal
em que Gonzaga vivia, não permitindo que suas personagens pudessem expressar suas vozes.
Por fim, Tomás Antônio Gonzaga também ficou conhecido por suas Cartas Chilenas, compostas
por 13 poemas satíricos escritos antes da Inconfidência Mineira. Novamente, Gonzaga cria
personagens e pseudônimos: aqui, Critilo assina as cartas e as envia para Doroteu. O conteúdo das
"cartas" são críticas ao suposto governador do Chile (onde vive Critilo) Fanfarrão Minésio, uma
referência ao governador de Minas Gerais Luís da Cunha Meneses. Veja um exemplo:
TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E
parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles
traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam.
àá à à à -dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito
agradavam.
CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).
TEXTO II
PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm Disponível em: www.portinari.org.br.
Acesso em: 12 jun. 2013. (Foto: Reprodução)
Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de
Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que:
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas
dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação
é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a
gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes verbal e não verbal ,
cumprem a mesma função social e artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes,
produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.
02. (UEL) O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo
portugueses. Desenvolve-se no século XVIII, 100 anos após o surgimento do Barroco na Europa,
à à à à à à à à àE àM àG à à
expressão estética tanto deverá corresponder às solicitações dos elementos transpostos, como dos
à à àI à à à à à m relação aos fatores estruturais, como
no que diz respeito às ideias, aos conhecimentos e valores.
(Adaptado: MACHADO, L. R. Barroco Mineiro. São Paulo: Perspectiva, 1983. p. 167-169.)
I. Nascido da herança europeia, o barroco mineiro é uma arte que traz em si o diálogo entre
sua origem e um novo contexto, caracterizando-se como um meio de expressão ao mesmo tempo
==0==
barroco e mineiro.
II. O aspecto social contemporâneo à chegada do barroco a Minas contribuiu para que sua
organização fosse caótica e para que as características desse movimento acabassem contrastando
com a vida mineira.
III. Posto em contato com o clima de efervescência cultural e com as descobertas no campo
estético de Minas, o barroco mineiro rompeu com a ideia do barroco universal e se destacou pela
ambivalência.
IV. Os elementos transpostos pelos colonizadores apresentavam em suas raízes algumas
semelhanças com o universo mineiro, mas o poder instituído pela Academia Nacional de Belas Artes
encaminhou o movimento para rumos distintos.
à“ à à àIà àIIà à
à“ à à àIà àIIIà à
à“ à à àIIà àIVà àcorretas.
à“ à à àI àIIIà àIVà à
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(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)
Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos,
o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por
a) visão cética sobre as relações sociais.
b) preocupação coma identidade brasileira.
c) crítica velada à forma de governo vigente.
d) reflexão sobre dogmas do Cristianismo.
e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.
BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989. (Foto: Reprodução/Enem)
Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca
no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do
pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por
Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela:
a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.
b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.
c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.
d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.
e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas
07. Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o
poeta se dirige ao seu interlocutor.
áà T à à - à à à à à
Bà á à à àá à àC à
Cà Oà à à à à à
Dà V à à à à à
E à Q à àC à à à à
08. (UEL-PR) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da
Reforma entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das artes uma
difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os versos
que melhor expressam este conflito é:
10. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto
afirmar que:
a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à
catequese.
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura
jesuítica.
d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições
encontradas no Novo Mundo.
SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em: www.arquipelagos.pt. Acesso
em: 29 fev. 2012.
Na região mineira, a separação entre cultura popular (as artes mecânicas) e erudita (as artes
liberais) é marcada pela elite colonial, que tem como exemplo os valores europeus, e o grupo
popular, formado pela fusão de várias culturas: portugueses aventureiros ou degredados, negros e
índios. Aleijadinho, unindo as sofisticações da arte erudita ao entendimento do artífice popular,
consegue fazer essa síntese característica deste momento único na história da arte brasileira: o
barroco colonial.
No século XVIII, a arte brasileira, mais especificamente a de minas Gerais, apresentava a
valorização da técnica e um estilo próprio, incluindo a escolha dos aterias. Artistas como Aleijadinho
e Mestre Ataíde têm suas obras caracterizadas por peculiaridades que são identificadas por meio
a) do emprego de materiais oriundos da Europa e da interpretação realista dos objetos
representados.
b) do uso de recursos materiais disponíveis no local e da interpretação formal com
características próprias.
c) da utilização de recursos materiais vindos da Europa e da homogeneização e
linearidade representacional.
d) da observação e da cópia detalhada do objeto representado e do emprego de
materiais disponíveis na região.
e) da utilização de materiais disponíveis no Brasil e da interpretação idealizada e linear
dos objetos representados.
A dança é importante para o índio preparar o corpo e a garganta e significa energia para o
corpo, que fica robusto. Na aldeia, para preparo físico, dançamos desde cinco horas da manhã até
seis horas da tarde, passa-se o dia inteiro dançando quando os padrinhos planejam a dança dos
adolescentes. O padrinho é como um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por
exemplo, o padrinho sonha com um determinado canto e planeja para todos entoarem. Todos os
à à à à à à à W , Butséwaw ,
Tseretomodzatsewaw , que foram descobrindo através da sabedoria como iria ser a cultura
Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração. Quando o adolescente fura a orelha é
obrigatório ele dançar toda a noite, tem de acordar meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório,
eles vão chamando um ao outro com um grito especial.
WÉRÉ' É TSI'RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração da existência xavante. VIS-Revista do Programa de Pós-Graduação em
Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006.
A partir das informações sobre a dança Xavante, conclui-se que o valor da diversidade artística
e da tradição cultural apresentados originam-se da
a) iniciativa individual do indígena para a prática da dança e do canto.
b) excelente forma física apresentada pelo povo Xavante.
c) multiculturalidade presente na sua manifestação cênica.
d) inexistência de um planejamento da estética da dança, caracterizada pelo ineditismo.
e) preservação de uma identidade entre a gestualidade ancestral e a novidade dos cantos
a serem entoados.
AS COUSAS DO MUNDO
16. (FATEC) Fica claro, no poema acima, que a principal crítica do autor à sociedade de sua
época é feita por meio da
a) denúncia da proteção que o mundo de então dava àqueles que agiam de modo condenável,
embora sob a capa das leis da Igreja.
b) enumeração de certos tipos que, por seus comportamentos, revelam um roteiro que
identifica e recomenda a ascensão social.
c) elaboração de uma lista de atitudes que deviam ser evitadas, por não condizerem com as
práticas morais encontradas na alta sociedade.
d) comparação de valores e comportamentos da faixa mais humilde daquela sociedade com os
da faixa mais nobre e aristocrática.
e) caracterização de comportamentos que, embora sejam moralmente condenáveis, são
dissimulados em seus opostos.
17. (UFJF/PISM/2003) O poema a seguir servirá de base para as duas próximas questões:
19. (PUC-SP)
20. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto
afirmar que:
a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à
catequese.
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura
jesuítica.
Soneto VII
21. (ENEM 2016) No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite
ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma
a) angústia provocada pela sensação de solidão.
b) resignação diante das mudanças do meio ambiente.
c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido.
d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem.
e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.
QUESTÕES COMENTADAS
01. (ENEM/2013)
TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E
parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles
traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam.
àá à à à -dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito
agradavam.
CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).
TEXTO II
PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm Disponível em: www.portinari.org.br.
Acesso em: 12 jun. 2013. (Foto: Reprodução)
Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de
Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que:
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas
dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação
é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a
gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes verbal e não verbal ,
cumprem a mesma função social e artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes,
produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.
Comentários: A carta de Caminha foi um importante documento escrito no século XVI que
apresentou para o povo europeu os relatos do escriba português sobre sua viagem ao novo
continente. A carta apresenta a perspectiva do colonizador durante sua estadia e ajudou a difundir
o imaginário do índio na Europa.
Séculos depois, o pintor Candido Portinari retratou em sua pintura mural "O Descobrimento do
Brasil" a chegada dos portugueses no Brasil pela perspectiva dos índios, que se inquietam ao
observar a vinda dos estrangeiros.
GABARITO: C
02. (UEL) O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo
portugueses. Desenvolve-se no século XVIII, 100 anos após o surgimento do Barroco na Europa,
à à à à à à à à àE àM àG à à
expressão estética tanto deverá corresponder às solicitações dos elementos transpostos, como dos
à à àI à à à à à à à à à à à
no que diz respeito às ideias, aos conhecimentos e valores.
(Adaptado: MACHADO, L. R. Barroco Mineiro. São Paulo: Perspectiva, 1983. p. 167-169.)
C à à à à à à à à à à à à à à à
seguir.
I. Nascido da herança europeia, o barroco mineiro é uma arte que traz em si o diálogo entre
sua origem e um novo contexto, caracterizando-se como um meio de expressão ao mesmo tempo
barroco e mineiro.
II. O aspecto social contemporâneo à chegada do barroco a Minas contribuiu para que sua
organização fosse caótica e para que as características desse movimento acabassem contrastando
com a vida mineira.
III. Posto em contato com o clima de efervescência cultural e com as descobertas no campo
estético de Minas, o barroco mineiro rompeu com a ideia do barroco universal e se destacou pela
ambivalência.
IV. Os elementos transpostos pelos colonizadores apresentavam em suas raízes algumas
semelhanças com o universo mineiro, mas o poder instituído pela Academia Nacional de Belas Artes
encaminhou o movimento para rumos distintos.
(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)
Comentário: O trecho do auto de José de Anchieta, que diz respeito à aculturação dos líderes
indígenas, fica ainda mais forte simbolicamente quando somos informados que os próprios índios
curumins eram colocados para recitar o auto sobre a perda da identidade de seu povo. As Missões
Jesuíticas mandadas pela Coroa Portuguesa ao Brasil tinham justamente essa função de impor a fé
e cultura católica sobre os costumes e tradições indígenas.
GABARITO: A
Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos,
o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por
a) visão cética sobre as relações sociais.
b) preocupação coma identidade brasileira.
c) crítica velada à forma de governo vigente.
d) reflexão sobre dogmas do Cristianismo.
e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.
Comentário: Gregório de Matos, também conhecido como Boca do Inferno, foi famoso por seus
diversos inimigos políticos adquiridos pela produção de seus poemas. Aqui podemos ver um apelo à
figura de Deus para que livre o povo brasileiro (principalmente na Bahia) do "Faraó" tirano e
endurecido.
GABARITO: C
BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989. (Foto: Reprodução/Enem)
Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca
no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do
pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por
Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela:
a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.
b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.
c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.
d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.
e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas
Comentário: No caso do texto, Cláudio Manuel da Costa evidencia as diferenças entre a Colônia
e a metrópole, observando os vaqueiros que o remetem à colônia. De acordo com a leitura do poema
o eu-poético valoriza a vida simples e natural, sugerindo uma nostalgia, presente na Colônia. Essa
dicotomia campo e urbe é muito presente entre os árcades. Há aqui também outras ideias próprias
do Arcadismo, como as definidas pelas expressões em Latim, locus amenus, ou lugar ameno, que
determina e idealiza a natureza como um local perfeito e fugere urbem, ou fugir da cidade, que se
mostra como uma fonte de sofrimento.
GABARITO: B
07. Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o
poeta se dirige ao seu interlocutor.
áà T à à - à à à à à
Bà á à à àá à àC à v.5)
Cà Oà à à à à à
Dà V à à à à à
E) Q à àC à à à à
08. (UEL-PR) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da
Reforma entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das artes uma
difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os versos
que melhor expressam este conflito é:
Comentário: Nesse famoso poema de Gregório de Matos, vemos o autor evidenciando sua
condição como eterno pecador e procurador da clemência de Deus. Isso explicita o conflito entre a
vida pecatória (geralmente atribuída à vida de excessos das condições básicas humanas como a de
se alimentar ou o sentimento da raiva), e a reverência a Deus como ser onipotente de quem se busca
o perdão por esses exageros.
GABARITO: E
10. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto
afirmar que:
a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à
catequese.
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura
jesuítica.
d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições
encontradas no Novo Mundo.
SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em: www.arquipelagos.pt. Acesso
em: 29 fev. 2012.
Comentário: A mulher está no centro da tela, com expressão singela e pouco expressiva, ou
seja, a mesma serenidade sobre a qual fala o poema de Camões. O classicismo (ou quinhentismo)
pensa o homem como o centro do mundo, associando a beleza feminina a uma espécie de equilíbrio
entre razão e emoção.
GABARITO: C
Na região mineira, a separação entre cultura popular (as artes mecânicas) e erudita (as artes
liberais) é marcada pela elite colonial, que tem como exemplo os valores europeus, e o grupo
popular, formado pela fusão de várias culturas: portugueses aventureiros ou degredados, negros e
Comentário: A linguagem de ruptura pode ser apreciada através da maneira em que os versos
estão dispostos, além da inserção de um símbolo ligado ao comercial. A Casa dos Contos, local de
câmbio do século XVIII, é, atualmente, um museu em Ouro Preto (cidade que marca o período colonial
brasileiro e a Inconfidência), ou seja, o eu lírico se refere à resistência aos escritores portugueses.
Cláudio Manuel da Costa é o nome de maior notoriedade nesse aspecto.
GABARITO: E
A dança é importante para o índio preparar o corpo e a garganta e significa energia para o
corpo, que fica robusto. Na aldeia, para preparo físico, dançamos desde cinco horas da manhã até
seis horas da tarde, passa-se o dia inteiro dançando quando os padrinhos planejam a dança dos
adolescentes. O padrinho é como um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por
exemplo, o padrinho sonha com um determinado canto e planeja para todos entoarem. Todos os
t à à à à à à à W , Butséwaw ,
Tseretomodzatsewaw , que foram descobrindo através da sabedoria como iria ser a cultura
Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração. Quando o adolescente fura a orelha é
obrigatório ele dançar toda a noite, tem de acordar meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório,
eles vão chamando um ao outro com um grito especial.
WÉRÉ' É TSI'RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração da existência xavante. VIS-Revista do Programa de Pós-Graduação em
Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006.
A partir das informações sobre a dança Xavante, conclui-se que o valor da diversidade artística
e da tradição cultural apresentados originam-se da
a) iniciativa individual do indígena para a prática da dança e do canto.
b) excelente forma física apresentada pelo povo Xavante.
c) multiculturalidade presente na sua manifestação cênica.
d) inexistência de um planejamento da estética da dança, caracterizada pelo ineditismo.
e) preservação de uma identidade entre a gestualidade ancestral e a novidade dos cantos
a serem entoados.
AS COUSAS DO MUNDO
16. (FATEC) Fica claro, no poema acima, que a principal crítica do autor à sociedade de sua
época é feita por meio da
a) denúncia da proteção que o mundo de então dava àqueles que agiam de modo condenável,
embora sob a capa das leis da Igreja.
b) enumeração de certos tipos que, por seus comportamentos, revelam um roteiro que
identifica e recomenda a ascensão social.
c) elaboração de uma lista de atitudes que deviam ser evitadas, por não condizerem com as
práticas morais encontradas na alta sociedade.
d) comparação de valores e comportamentos da faixa mais humilde daquela sociedade com os
da faixa mais nobre e aristocrática.
e) caracterização de comportamentos que, embora sejam moralmente condenáveis, são
dissimulados em seus opostos.
Comentários: Na primeira estrofe o eu lírico se refere a alguém que faz trapaças, revelando, na
segunda estrofe, o enriquecimento desse tipo de pessoa. Na terceira estrofe essas pessoas mostram-
se como algo que não são verdadeiramente, para, na última estrofe revelar-se em um metapoema,
pois o poeta utiliza o soneto como lugar de externar quão intensamente essas pessoas não tem
E M G M
versos sagazes e críticos à maneira como se comportava a sociedade da época.
GABARITO: E
17. (UFJF/PISM/2003) O poema a seguir servirá de base para as duas próximas questões:
Comentário: Gonzaga está ancorada na idealização da vida pastoril, na busca pela natureza e
pelo equilíbrio, em contraste com a vida urbana de vícios. Assim, o herói árcade vai negar a visão do
rei poderoso e tirano, aproximando-se do pastor justo e correto, que vive sua vida praticando o bem
e integrado à natureza, além, claro, de ser dedicado à sua amada, Marília. Ainda, pode-se perceber
ao longo do poema que o verdadeiro herói é aquele que, por ter em sua vida apenas atos corretos
para se vangloriar, não precisa se arrepender de seus feitos e nem carregar remorsos, reafirmando
o princípio da justiça.
GABARITO: C
retomando essa ideia da pastora pura e idílica, como também reforça sua filiação a tradição árcade,
reconhecendo essa convenção de nomes como traço distintivo da mesma.
GABARITO: B
19. (PUC-SP)
20. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto
afirmar que:
Soneto VII
21. (ENEM 2016) No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite
ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma
a) angústia provocada pela sensação de solidão.
b) resignação diante das mudanças do meio ambiente.
c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido.
d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem.
Comentário: a natureza tem papel fundamental no Arcadismo, período no qual viveu o poeta
Cláudio Manuel da Costa. No soneto, as incertezas e os sofrimentos que lírico vive se fundem com
seu desnorteio em relação à natureza desfigurada que ele (poeta) vê no instante em que tece as
considerações contidas no texto.
GABARITO: E
GABARITO
Chegamos ao final da nossa primeira aula do intensivo! Muita coisa boa está por vir! Espero de
coração que tenham gostado!
No caso de qualquer dúvida, sugestão, entrem em contato comigo por meio do fórum de dúvidas ou
pelo e-mail professorarafaelafreitas@gmail.com