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Para quem está na lista de espera por um órgão, a realidade é uma mistura de ansiedade e
incerteza, aguardando o dia em que a vida vai recomeçar após o transplante. O Brasil é referência
mundial em doação e transplantes de órgãos, garantido de forma integral e gratuita pelo Sistema
Único de Saúde (SUS), responsável por financiar e fazer mais de 88% de todos os transplantes de
órgãos do país.
De janeiro a novembro de 2021 foram realizados mais de 12 mil transplantes de órgãos pelo SUS.
Em 2020, foram cerca de 13 mil procedimentos do tipo. Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior
transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. A rede pública fornece aos pacientes
toda a assistência necessária, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e
medicamentos pós-transplante.
Uma conversa com a família pode salvar a vida de alguém que espera apenas por uma ligação
para fazer um transplante. Apesar da ampliação da discussão sobre o tema nos últimos anos,
graças ao incentivo do Ministério da Saúde, esse ainda é um assunto polêmico e de difícil
entendimento para muitas pessoas, o que resulta em um alto índice de recusa familiar, atualmente
em torno de 38,4%, o que pode atrapalhar e reduzir os transplantes e doações de órgãos no país.
Entre os motivos que levam à resistência da família estão, principalmente, a desinformação sobre
a necessidade da doação de ossos, tendões, peles, tecidos e órgãos para garantir a qualidade de
vida de outras pessoas, além da incompreensão sobre o que é morte encefálica.
No Brasil, são os parentes dos pacientes que devem autorizar ou não a doação de órgãos ou tecidos
e por isso é muito importante que a pessoa comunique aos familiares, ainda em vida, o desejo de
ser um doador de órgãos.
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em
lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e
controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), coordenado pelo Ministério da Saúde.
A doação pode ser de órgãos (rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea,
pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical). Órgãos
como rim, parte do fígado ou da medula óssea podem doados em vida, os demais só ocorrem
quando há morte encefálica confirmada ou parada cardiorrespiratória.
Morte encefálica
As principais doenças que levam ao transplante são infarto extenso do miocárdio, hipertensão
arterial grave, doença de chagas, enfisema pulmonar, fibrose pulmonar, cirrose hepática e alcóolica,
tumores malignos e diabetes.
Doador vivo
É a pessoa maior de idade e capaz, juridicamente, que pode doar órgãos a seus familiares. No caso
de doador vivo não aparentado é exigida autorização judicial prévia. Um doador vivo pode doar um
dos rins, parte do fígado, parte da medula ou parte dos pulmões. Para doar órgão em vida, o médico
deverá avaliar a história clínica do candidato e as doenças prévias. A compatibilidade sanguínea é
primordial em todos os casos, mas há também testes especiais para selecionar o doador que
apresenta maior chance de sucesso.
São pacientes assistidos em UTI com quadro de morte encefálica, ou seja, morte das células do
sistema nervoso central, que determina a interrupção da irrigação sanguínea ao cérebro,
irreversível e definitiva. Um doador não vivo pode doar:
Órgãos: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino;
Tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, sangue do
cordão umbilical, veias e artérias.
No Brasil, existem, atualmente, uma central nacional e 27 centrais estaduais de transplantes; 648
hospitais, 1.253 serviços e 1.664 equipes de transplantes habilitados; 78 organizações de procura
por órgãos; 516 comissões intra-hospitalares de doação de órgãos e tecidos para transplantes; 52
bancos de tecido ocular; 13 câmaras técnicas nacionais; 12 bancos de multitecidos; 13 bancos de
cordão de sangue umbilical e placentário; além de 48 laboratórios de histocompatibilidade.