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Introdução às

Ciências sociais

Nota: Esta trabalho foi realizado por


Alunos. Deste modo, pode conter
gralhas ou falta de informação.

A economia e os diálogos interdisciplinares


Comissão de 1º ano 2020/2021 – Economia

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1.4. A economia e os diálogos interdisciplinares

Disciplinas interdisciplinares: de planos.


- Efetuam diálogos entre distintas abordagens
Três planos de interdisciplinaridade:
disciplinares: o Complementaridade: pontos de vista
diferentes, mas sabem-os e respeitam;
I. As problemáticas e os modelos próprios de uma
o Cruzamento, interseção.
dada ciência acolhem e incorporam
Em parte, a economia é uma Ciência Social pelo que princípios e métodos oriundos de outras ciências:
se relaciona e é útil para outras ciências - O Sucedeu, historicamente, com a economia
(interdisciplinaridade). neoclássica (princípio-chave do equilíbrio
importado da física newtoniana) e com a revolução
A visão dos especialistas em economia e a marginalista na economia
relação com as outras ciências sociais: (matematização); Propostas atuais da economia
- Os economistas que publicam em revistas evolucionista (incorporando e
prestigiadas, p.e., citam bastantes outros adaptando ideias das modernas ciências da vida); ou
economistas e outras revistas de sucesso, mas da economia institucionalista, com o objetivo de
citam muito pouco artigos ligados, p. e., integrar a economia cada vez mais com as ciências
à ciência política (0,5% no caso da American sociais e para mais próximo
Economic Review) ou à sociologia (0,3%). da história ou da sociologia; ou mesmo da economia
- Para muitos economistas a ideia de experimental e comportamental
interdisciplinaridade reflete-se nos modelos (importando elementos da psicologia); etc.
económicos e utilizá-los a outros campos.
- O diálogo interdisciplinar tornou-se complicado II. Ciências diferentes, utilizando perspetivas
devido ao facto de ser necessário diferentes, convergem para o esclarecimento de
explicar e justificar conceitos, modelos, processos (multidimensionais):
pressupostos, devido à ausência de
conhecimentos prévios. - Cada ciência aplica a sua perspetiva à elucidação
-A interdisciplinaridade, apesar de apoiada por de novas dimensões que não as que
muitos e fazer sentido, é difícil de originalmente ou habitualmente privilegia (ex.: Gary
concretizar. Não é fácil marcar a fronteira entre Becker e a generalização da escolha
um diálogo interdisciplinar e uma racional) – "imperialismo económico"
dinâmica da economia (economicismo). Exemplificando: Cabe à ciência política analisar o
significado de certos resultados eleitorais. Contudo
Mas, em relação às Ciências Sociais, o que essa
significa a interdisciplinaridade? análise é realizada com conhecimentos de sociologia,
• Não significa a dissolução da organização disciplinar que a completam.
(e da sua utilidade, designadamente na
codificação, na disseminação e no ensino), nem a - A seleção operada pela perspetiva de cada
imposição hegemónica de uma disciplina e da ciência, em processos multidimensionais, requer
sua perspetiva própria face às restantes (caso em abordagens complementares que iluminem as
que ocorreriam erros como o economicismo, dimensões que essa mesma seleção coloca na
o sociologismo ou o psicologismo); sombra (p. ex., Ronald Coase e a economia como
• É um processo de convergência, de cooperação e "sistema aberto"; A. Deaton).
de diálogo entre disciplinas, fundado na Exemplo: Como a economia se centra no estudo
complementaridade das suas perspetivas e muitas dos mercados, tem de ter em conta conhecimentos
vezes exigido pela complexidade dos de sociologia e de política que dizem sobre tradição e
processos sociais em análise. – Apoia a ideia de um autoridade.
estudo mais detalhado e rigoroso sobre
determinado processo social. III. De uma convergência regular resulta um
• A interdisciplinaridade não pode ser vista de uma processo de comunicação preferencial e influência
forma linear e uniforme, mas sim através

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1.4. A economia e os diálogos interdisciplinares

recíproca, levando à formação e desenvolvimento produção, distribuição, troca e consumo de bens e


autónomo de: serviços escassos.
1. Domínios científicos multidisciplinares – ex.:
ciências empresariais, ciências jurídicas, ciências Princípio central
da comunicação; A ação económica enraíza-se na sociedade:
2. Disciplinas de interseção - ex.: sociologia contextos sociais e redes.
económica, psicologia económica, geografia
económica, antropologia económica, economia da A estrutura social, especialmente na forma de
cultura, etc. (a própria ciência política, redes sociais, afeta os resultados económicos
influenciada pelo direito, pela história das ideias e por 3 razões principais:
dos sistemas, pela sociologia e pela
economia). -As redes sociais afetam o curso e a qualidade da
informação. Muita informação é
Sociologia económica: estuda, por exemplo a troca, o alterada e difícil de averiguar o que leva a que o
consumo de bens e serviços escassos, ator não acredite em fontes
etc., de uma perspetiva e utilizando modelos e impessoais e, em vez disso, confie em quem
teorias sociológicos. Esta área do conhecimento conhece;
é relevante, uma vez que estes fenómenos não são
puramente económicos. -As redes sociais são uma fonte importante de
recompensa e punição, já que o seu
Em resultado, constata-se uma constante tensão – impacto é, geralmente, maior quando é proveniente
de certo modo benéfica, pois valoriza a organização de alguém que se conhece
disciplinar e comunicação interdisciplinar - entre as pessoalmente;
disciplinas (formas canónicas de organização do
conhecimento científico), que resulta da constante - Confiança – confiança de que os outros farão o
expansão e do desenvolvimento contínuo destas que está “certo” apesar dos
ciências, bem como das dinâmicas de especialização, incentivos para o contrário, que pode emergir no
cruzamento e interseção. contexto das redes sociais.

Deste modo, verificam-se alguns movimentos Trata-se de uma tradição intelectual com vários
(diferentes) que contribuem porá esta situação. interesses em comum.
- Exemplos:
Entre estes: • Karl Marx (1818-1883): a importância das classes
- Disciplinares: afirmação de identidades e sociais, do trabalho e das relações de
fronteiras; produção;
-Transdisciplinares: desafiam e atravessam • Georg Simmel (1858–1918): o papel sociológico do
fronteiras; dinheiro e o papel da confiança e da
- Interdisciplinares: efetuam diálogos intensos entre competição na economia;
distintas abordagens • Émile Durkheim (1858-1917): a divisão do trabalho
disciplinares; na perspetiva da coesão social (crítica a
- Pluridisciplinares: convergem a partir de Adam Smith);
diferentes abordagens disciplinares • Max Weber (1864-1920): complementaridade
para problemas comuns. entre economia e sociologia - importância da
história e a teoria da "ação económica social"
Alguns domínios de interceção: (sentido, utilidade e orientação para o outro);
1 - Sociologia económica: Pode ser definida
simplesmente como a perspetiva sociológica aplicada Entre outros
ao fenómeno económico. A aplicação de quadros de
referência, variáveis e modelos explicativos da
sociologia a atividades complexas relacionadas com a

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1.4. A economia e os diálogos interdisciplinares

A relação entre alguns economistas e sociólogos Sociologia Economica


manteve-se, embora com menor peso e O que é? - Economic Sociology (…) can be defined
influência, ao longo do século XX – Exemplos: simply as the sociological perspective applied to
• Joseph Schumpeter (1883-1950): a economia como economic phenomena.
uma "economia social" (capitalismo, (Neil J. Smelser & Richard Swedberg, 2005)
democracia e instituições, empreendedorismo); Princípio Central: A Ação Económica enraíza-se na
• Karl Polanyi (1886-1964): análise histórica do sociedade: contextos sociais e redes de interação.
capitalismo e a tese da "grande transformação"
operada pelo capitalismo industrial moderno (a Economia e psicologia
sociedade "dentro" da "economia" e os riscos O que é? – “A few changes between psychologists
da "desincrustação" social); and economists have occurred recently. (…) These
• Talcott Parsons (1902–1979): a economia como um are recent cases in which economists have become
subsistema social, importância das directly involved and have explored hypotheses that
normas e dos valores (críticas ao utilitarismo are of psychological origin.”
económico). ~ (Charles R. Plott ,2008)
Princípio Central: A ação económica é condicionada
por fatores psicológicos
Final do século XX – consolidação da disciplina a partir (Ex.: perceções, emoções, motivações).
de meados de 1980 (Smelser & Swedberg
(2005)14.): Economia da Cultura
- A razão para a sociologia económica ter O que é? - “Cultural economics adapts economic
reaparecido subitamente, após décadas de ideas to the specific eatures of the cultural sector”
negligência, em meados dos anos 80 não é claro. (Ruth Towse, 2010. Textbook of Cultural Economics).
Vários fatores podem ter desempenhado um papel, Princípio Central: Os bens e serviços culturais
intrínsecos ou não à sociologia. No início dos anos 80, combinam três características:
uma nova ideologia neoliberal tinha-se tornado requerem input criativo, geram significado simbólico
popular, o que colocou a economia (e os economistas) e incorporam propriedade intelectual.
no centro de tudo. Em meados
dos anos 80, os economistas também começaram a Geografia Económica
redefinir a fronteira que tradicionalmente O que é? The central question asked by economic
separavam a economia da sociologia e a fazer geographers are how economic patterns across
investigações em áreas que os sociólogos viam, space are configured, and why things happen
tradicionalmente, como seu território. Do mesmo where they do. (Neil M. Coe et al., 2013 (2012).
modo, os sociólogos começaram, também, a “Thinking Geographically”, Economic Geography. A
debruçar-se sobre tópicos económicos. Contemporary Introduction)
Princípio Central: A ação económica enraíza-se no
espaço (variável explicativa e variável dependente).

Antropologia Económica
O que é? “As the most basic, economic
anthropology is the description and analysis of
economic life, using an anthropological perspective.”
Princípio Central: A ação económica enraíza-se na
cultura: relativismo.

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1.4. A economia e os diálogos interdisciplinares
Economia Sociologia
Ator Parte do coletivo (grupos, instituições,
sociedade) e
Parte do individual: o indivíduo racional. considera o indivíduo socialmente construído e
inserido em contextos de interação (Mark
Granovetter: "força dos laços fracos")
Ação Vários tipos de racionalidade (instrumental,
económica cognitiva, emocional, 'tradicional'…).
A racionalidade na base das escolhas para a A racionalidade como uma variável (deve ser
maximização da utilidade; explicada).
A racionalidade como um pressuposto; O sentido da ação económica é historicamente
O sentido da ação económica resulta da construído e, como tal, deve ser estudado.
relação entre gostos (exógenos), de um lado; e Inclui também o poder político, social e
preços e quantidades de bens e serviços, do simbólico,
outro; tendo em conta os diferentes grupos sociais e
Abordagem reducionista do poder as
implicado na ação económica (mercados, redes de interação (teoria da incrustação
instituições). social)
Condicionamentos 1A ação é condicionada pelos gostos e A ação depende de condições sociais
da ação económica a escassez dos recursos: conhecidos (origem social, idade, género, classe social,
estes, os indivíduos agem educação…) (ex.: Pierre Bourdieu 1930
independentemente uns dos outros, 2002)
sendo o coletivo resultado de ações
individuais.
Relação da Os processos económicos devem ser
economia com a sociologicamente explicados.
sociedade A economia não é uma dimensão isolada do
Pouca atenção dada aos resto da sociedade, depende de contextos
fatores/elementos sociais, como as (dinâmicos) institucionais e culturais. (ex.: P.
instituições (exceções recentes Bourdieu diferentes formas de capital e os
institucionalismo e teoria dos jogos) capitais como recursos; Mark Granovetter:
redes de interação e incrustação social da
economia

Objetivos
Analíticos - Os sociólogos criticam Crítica e desvalorização das descrições (ex.: Poucas previsões formais. As descrições
frequentemente os economistas por a economia institucionalista como são significantes e essenciais para a
produzirem modelos formais demasiado descritiva), e defesa das explicação dos fenómenos.
e abstratos, ignorando a informação empírica, previsões.
e os economistas criticam os sociólogos
pelas suas "interpretações post factum "
Merton
Métodos e Modelos matemáticos e previsibilidade, que
modelos se podem afastar da realidade empírica, Uso de uma grande variedade de métodos
dado o predomínio de análises estatísticas a de recolha de informação, incluindo
partir de outras fontes (algumas críticas no inquéritos por questionário, observação
seio da própria economia). participante e outro trabalho de campo.
Redes
pessoais e sociais (ex.: Granovetter)

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1.4. A economia e os diálogos interdisciplinares

Ilustração: A empresa 4- âmbito da evolução das sociedades (em


especial capitalistas);
A empresa é a configuração organizacional mais 5- Os interesses económicos presentes nas
importante do mundo contemporâneo. empresas são muito variados, e essa
Três exemplos de contribuições dos fundadores diversidade condiciona profundamente o
("mais ou menos desvalorizadas" pela economia e a seu comportamento e o seu poder (ex. as
sociologia) para uma abordagem mais aprofundada empresas são os principais empregadores
das empresas: nas sociedades contemporâneas os
investidores dependem do lucro das
- Adam Smith (723 -1790): A distinção entre empresas as empresas controlam mais
proprietários, gestores e empregados (não se lida recursos económicos do que quaisquer
com o próprio dinheiro como com o dos outros). outras organizações, o que lhes dá, e aos
seus dirigentes, um grande poder de
- Alfred Marshall (1842 -1924): O papel das decisão sobre esses recursos o trabalho
organizações é tão importante quanto o do capital, constitui um contexto de socialização
do trabalho e da terra. Os "territórios industriais" central, assim como o principal
(industrial districts). Diferentes tipos de empresas e estruturador de identidades, posições e
de relações com a sua propriedade condicionam as estatutos sociais).
possibilidades de risco e de inovação. A importância
“lealdade”: "cultivar uma relação forte entre os A Empresa Abordagens Económica vs.
trabalhadores e as empresas (Identificação, Sociológica
satisfação com o trabalho, envolvimento com a
performance das empresas.. ).
Economia Sociologia
- Max Weber (864 - 1920) (para lá da teoria da
burocracia): As empresas modernas como uma
Abordagem Abordagem coletiva
forma de organização capitalista ocidental - individual (diferentes tipos de
organizações de natureza associativa, por vezes empresas); consideração das
voluntária, baseadas em relações sociais fundadas redes de interação (alianças,
em interesses comuns o seu principal objetivo é o Papel dos conflitos e dependências
lucro a sua eficiência depende da possibilidade de interesses entre empresas e entre
previsão, pelo que requer a existência de um Estado estas e outras organizações)
e de um sistema jurídico racionais. Raramente se
referem às Raramente consideram
As empresas são um tipo particular de organização relações sociais no os interesses
interior das
4 características empresas
Importância das relações
Consideração de sociais (incluindo as relações
1- O seu principal objetivo é o lucro (o que apenas alguns tipos de informais no trabalho) e da
influencia a sua estrutura e o seu atores no interior das estrutura social das
comportamento esse objetivo determina o empresas (elas empresas
seu sucesso ou insucesso); próprias pouco
2- O sistema jurídico trata as empresas de diferenciadas entre si);
forma diferente das outras organizações o mesmo se aplica ao Consideração de diversos
e define as condições de constituição, ambiente externo. grupos de atores (internos e
comportamento e dissolução das (Função de produção externos) em diversos tipos de
típica). empresas
empresas (as empresas configuram uma
ordem económica legítima);
Alguns progressos na
3- São um tipo particular de instituições, –– economia, incorporando
–diversas e com histórias próprias no A sociologia (incluindo das
algumas dimensões organizações e do trabalho) tem
sociais das empresas ignorado as dimensões económicas
(exs.: as empresas como das empresas, em6 especial o papel
instituições, a teoria da dos interesses económicos na ação
incrustação social; os empresarial e não empresarial.
custos de transação).
1.4. A economia e os diálogos interdisciplinares

PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA: dificultou a sua cooperação. Adicionado a isto, a


- Falta de consenso relativamente à classificação tradição dos economistas foi reforçada pela
da Psicologia como uma ciência social: sua “revolução marginal” da década de 70, que
fronteira entre o social e o "natural" (biológico), com sugeria que valores utilitários relativamente
uma extensa variedade de estáveis podem ser medidos e tratados
aplicações/domínios (ex.: Backhouse, 2010; matematicamente. A postura cética dos psicólogos
definição– da Associação Americana de Psicologia perante qualquer explicação simples da ação
(APA)); humana, como o utilitarismo, foi a segunda razão
- Importância da dimensão clínica e experimental no para as disciplinas terem uma difícil cooperação.
pós-II Guerra, especialmente nos EUA
(forte domínio americano); Recentemente, já houve algumas trocas de ideias
- Um esforço de orientação para o social; entre as estas duas disciplinas:
- Mas prevalência de uma fragmentação interna
muito grande (na APA - criada em 1947 – há Fatores de aproximação recente da Economia à
54 áreas de especialização…). Psicologia:

Persistente afastamento entre a Economia e a (Permanência da abordagem individualista)


Psicologia durante grande parte do século XX:
- Revolução informacional, via TIC's (tecnologias da
- A primeira hipótese para explicar esta separação informação e da Comunicação, final séc. XX:
é que os economistas adotaram certos "Economia informacional global"
pressupostos do comportamento humano e (ManuelCastells,1992);
mantiveram-nos firmemente apesar de haver - Desenvolvimentos (matemáticos) na teoria dos
evidência de os mesmos estarem incompletos e até jogos (John Nash, início 1950's e Prémio Nobel
falsos. Isto devia-se ao seu papel central 994);
nas teorias de mercado emergente em que a - Economia comportamental e experimental como
imagem completa de um sistema de mercado complemento ou alternativa ao paradigma da
competitivo assentava. escolha racional: anos 1990.
- A suposição simplificada da racionalidade
económica (os atores comportam-se DUAS GRANDES VIAS DE INTERAÇÃO:
conscientemente para maximizar o que gostam e
minimizar o que não gostam) possibilitou a 1. Centrada no paradigma dominante (escolha
construção de modelos simples que levaram a racional)
previsões úteis na prática, em várias situações. Processos de decisão baseados em processos
No entanto, este pressuposto também teve muitas cognitivos diversos (como inputs para as
críticas. escolhas):
- Contrariamente, os modelos de Psicologia - Perceções e emoções (condicionadas);
tornavam-se cada vez mais complexos ao longo - Atitudes (aprendidas);
deste - Motivações (eventualmente inconscientes);
período (séc. XX), com cada vez mais variáveis em - Reações (diferentes) a estímulos ou incentivos;
consideração, muitas delas sem unidade de - Contextos (reais) de incerteza;
medida.
2. Alargada às condições socioculturais e
- A segunda hipótese (muito relacionada com a socioeconómicas dos agentes (limitações ao
primeira) é que o compromisso ideológico da princípio da maximização da utilidade e consideração
maioria dos economistas que retomam ao século XVIII do fator tempo – "utilidades
era uma tradição utilitária, enquanto que futuras" e dinâmicas):
os psicólogos tinham compromissos especialmente - Bem-estar (subjetivo);
com a teoria da evolução moderna, o que - Desenvolvimento humano e 'empowerment';

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1.4. A economia e os diálogos interdisciplinares

Análise
económica da Felicidade

- Metodologias apoiadas em inquéritos e alguma


experimentação;
- Multiplicação de fatores (provavelmente)
determinantes e causalidade circular: rendimento,
(des)emprego, família, relações de sociabilidade e
"capital social"…

Exemplos
- A posse de um rendimento mais elevado tende a
induzir maior bem-estar subjetivo, mas pessoas
"mais satisfeitas"
tendem a ser mais bem-sucedidas na vida social e
económica e a obter rendimentos mais elevados
- A situação de desemprego tende a induzir "menor
felicidade," mas indivíduos "menos felizes" tendem a
mostrar mais dificu–ldades em obter um emprego
ou a manter o atual;
- A importância da quantidade e qualidade das
relações interpessoais (capital social): “bens
relacionais" (Ex.: voluntariado);
- A relação entre (qualidade da) saúde e esperança
de vida tende a ser condicionada pelo bem-estar
subjetivo (incluindo a história da saúde familiar);
- O consumo como marca de estatuto social
(condicionamento da avaliação sobre o equilíbrio
trabalho vida familiar sobre o papel do rendimento
sobre as expetativas).

Avaliação contingente: “disponibilidade para pagar”,


“experiência acumulada" (socialização), externalidades
como determinantes do valor.
Exemplos
avaliação de bens e serviços públicos (Ex.:
amenidades ambientais; avaliação da relação com as
gerações futuras; património cultural)

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