AO DOUTO 2º JUÍZO DA FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES DO FORO REGIONAL DE

SANTANA, NA COMARCA DA CAPITAL DE SÃO PAULO

Autos nº

Thimothy, nacionalidade, casado, profissão,

portador da carteira de identidade nº , inscrito no CPF nº , residente e domiciliado na
rua, nº, bairro, cidade, estado, CEP, endereço eletrônico, e Adam, nacionalidade,
casado, profissão, portador da carteira de identidade nº , inscrito no CPF nº , residente
e domiciliado na rua, nº, bairro, cidade, estado, CEP, endereço eletrônico, por seu
Advogado e bastante procurador constituído na forma do incluso instrumento de
mandato (anexo 01) e ao final subscrito, vem, respeitosamente, à honrosa presença
de Vossa Excelência, propor

AÇÃO DE ANULAÇÃO DE TESTAMENTO

De Miva, (mãe dos autores), nacionalidade, estado

civil, portadora do RG, inscrita no CPF nº, com último domicílio na rua , nº , bairro,
Cidade/estado, falecida em 5/11/2023, conforme certidão de óbito em anexo, pelos
fatos e direitos abaixo explanados.

I – DOS FATOS
 Miva faleceu em 05 de novembro de 2023, deixando
os seus dois filhos, Timothy e Adam, ambos casados pelo regime da separação
absoluta de bens, conforme certidão de casamento anexa.

Miva realizou um testamento em outubro de 2020,

localizado a partir de consulta ao Colégio Notarial, neste Miva dispõe de 25% (vinte e
cinco por cento) de herança para a associação beneficente “NOME COMPLETO”. Ao
tempo em que o testamento foi redigido, Miva contava com patrimônio de R$
4.000.000,00 (quatro milhões).

Contudo, por conta de questões de saúde,

internação hospitalar, aquisição de medicamentos, inflação e outros fatores, houve a
redução do seu patrimônio para R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil) em
dinheiro aplicado.

Para além disso, foram feitas pesquisas quanto a

associação beneficiada no testamento e há desconfiança quanto a sua administração
e ao seu propósito, em seu estatuto social o propósito é descrito como auxílio de
crianças carentes.

Contudo a sede, no endereço completo, está

localizada em um imóvel de pessoa estranha a associação, que sequer tem
conhecimento da mesma. Os supostos fundadores não foram localizados e, por meio
de pesquisa de certidões negativas e de distribuições de ações, identificou-se um
elevado número de cobranças e execuções, tanto contra a própria associação quanto
contra os fundadores.

Foi distribuída uma petição inicial ao 2º Juízo da

Família e das Sucessões do Foro Regional de Santana, na capital de São Paulo.

II – DO DIREITO

O testamento é um documento por meio do qual é

realizada a manifestação de última vontade de alguém, no qual a pessoa estabelece
o que deve ser feito com o seu patrimônio após sua morte.

Quando está redigindo o seu testamento e escolhe

uma associação ou fundação é porque se importa verdadeiramente com o proposito
ao qual a associação/fundação se dedica a trabalhar, e encontra nesta ação uma
forma de ajudar e contribuir para o trabalho prestado por estas a sociedade.

Contudo, fica claro, até mesmo após uma pesquisa

rápida e rasa que a associação mencionada no testamento de Miva vem praticando
um desvio de proposito, não tendo menção alguma ao suposto auxílio que prestaria a
crianças carentes, com cobranças de dívidas e até mesmo execuções sendo movidas
contra a pessoa jurídica e contra seus fundadores.

Neste sentido o Código Civil dispõe, em seu artigo

1.909, que são anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou
coação.

Ainda, o artigo 138 do mesmo código impõe que

serão anuláveis os negócios jurídicos quando as declarações de vontade emanarem
de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em
face das circunstâncias do negócio. O artigo 139 segue descrevendo o que seria visto
como um erro substancial (grifos nossos):

Art. 139. O erro é substancial quando:

I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração,

ou a alguma das qualidades a ele essenciais;

II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem

se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de
modo relevante;

Sendo uma última vontade contribuir com uma

associação que auxilia crianças carentes, seguir com a partilha, entregando 25%
(vinte e cinco por cento) do patrimônio integral de Miva para uma associação que
claramente não cumpre com seu proposito seria um erro, primeiramente cometido por
esta no momento de redigir seu testamento, e seguido se permitirmos que ocorra.

III – DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer-se:

a) a citação da associação _ para que, em querendo,

apresente a devida contestação a presente;
 b) que seja a presente conhecida e julgada
totalmente procedente, assim declarando o testamento de Miva como ANULADO, com
fundamento nos art. 1.909, 138 e 139 do Código Civil;

c) a expedição de ofício ao 2º Juízo da Família e das

Sucessões do Foro Regional de Santana, na Comarca da Capital de São Paulo, para
que determine o sobrestamento do inventário supra citado, eis que todos os bens
arrolados tornaram-se litigiosos.

Em relação ao valor da causa, atribui-se o montante

de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais),

Protestam provar o alegado, em complementação e se necessário, pelos meios

em direito admitidos, não abdicando de nenhum deles, por mais especial que seja,
inclusive periciais, testemunhais e juntada de novos documentos.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local, data

Advogado OAB/SP