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Segundo os dicionários da Língua Portuguesa, coerência remete à ligação ou harmonia entre situações,
acontecimentos ou ideias; relação harmônica; conexão, nexo, lógica. Sendo assim, considero coerente
aquele que pensa, fala e age de maneira que haja nexo e harmonia nas ações. É claro que manter-se
coerente é complexo. No entanto, não convém adotarmos um estilo de gestão baseado apenas em dados
e fatos, se a informação não é coerente com a realidade. Precisamos adotar comportamentos baseado em
valores. Coerência é percebida por comportamento constante, abotoado aos nossos valores e princípios.
A coerência, portanto, está relacionada à credibilidade pessoal, o que requer trabalho consistente. A falta
de coerência causa um prejuízo nem sempre percebido. O primeiro sinal é a desarmonia dentro das
empresas, a ausência de lógica ou conexão entre as ideias e ações por parte dos dirigentes e gestores.
Essa coerência é a base para a existência da confiança na empresa, nos outros e em si mesmo.
No mundo corporativo, constantemente ouvimos os diretores e gerentes dizendo: “preciso da opinião e
contribuição de todos”. Entretanto, muitos exemplos mostram o contrário. Quando conduzem uma reunião,
vários acabam decidindo tudo apenas por si. Do outro lado, funcionários prometem metas incríveis,
tentando se destacar dos demais, e depois não conseguem atingir seus objetivos (a culpa, claro, sempre
recai nos colegas, nos clientes, no governo e afins). Problemas relacionados à falta de comunicação,
trabalho em equipe, e comportamento, podem ter pelo menos uma parcela relativa à falta de coerência.
Atitudes não coerentes geram um círculo vicioso, alimentam conflitos e, consequentemente, levam à
desmotivação e mais incoerência. O clima piora e as pessoas deixam de confiar umas nas outras,
esperando sempre algo contrário ao o que é dito, já que a experiência delas mostra que o real é diferente
do prometido.
A complexidade está no gerenciar seu próprio comportamento. Por isso é fundamental, a cada decisão e
cada interação com alguém, oferecer a verdade para as pessoas. São nas revisões de orçamento, nas
discussões de desempenho que damos o passo primordial para ser ou não ser coerentes. São esses os
momentos em que, muitas vezes, comprovamos que a nossa jornada é diferente da nossa própria fala.
Logo, não podemos fazer um discurso quando não há garantia de cumprimento do que está se prometendo.
Deve-se calcular o alcance das nossas palavras, ver o quanto são significativas para quem as ouve. O
discurso deve, portanto, refletir sua prática. O incoerente não apenas descumpre o que planeja, mas
também padece de uma deficiência primária: desconhece o peso e o valor de sua palavra. Assim como
ignora o fato de que a palavra perde sua intensidade a cada vez que é descumprida.
Chega a ser clichê, mas a velha história do menino que de tanto mentir que estava se afogando acabou
ignorado ao se afogar de verdade, cabe perfeitamente nesse tema. A coerência é uma palavra muito usada
no dia a dia, mas que poucos conhecem a fundo a sua essência. Pior, poucos avaliam as consequências
de se percorrer um caminho que nos distancie dela. Seja para uma corporação, seja para um executivo,
seja um chefe de família. Ser coerente é um dos pilares para se construir a credibilidade, algo que está tão
em voga nos tempos de crise política e econômica que vivemos. Aliás, não seria a falta de coerência um
dos principais, senão o mais relevante, motivo por tempos tão difíceis? Tempos em que políticos,
empresários e servidores se afastam cada vez mais da honestidade e ética, um dos principais valores que
deveriam os guiar. Mais um exemplo de como a incoerência pode abalar até mesmo uma nação.
3. Observe a tirinha a seguir. Pode-se dizer que ela revela uma incoerência? Justifique
sua resposta.
Os episódios ocorridos no ano de 2012 (divulgados pela mídia) da ação da prefeitura do Rio de
Janeiro atuando nas ‘cracolândias’ provocaram a discussão acerca do acerto ou não da
internação forçada dos usuários de crack. As classes média e alta, acuadas, defendem a política
de internação municipal, sob o argumento de que tais pessoas, reunidas para se drogarem,
constituiriam um perigo em potencial. A municipalidade, por seu turno, fundamenta sua
conduta sob o argumento da preocupação com a saúde daquelas pessoas que precisam de ajuda
para se recuperarem. Por uma escolha pública, a ajuda eleita pelo Estado foi a internação
involuntária para tratamento, ou seja, contra a vontade dos usuários. Deve ser esclarecido que,
em tais episódios, não se realizou a chamada internação compulsória, mas sim a involuntária.
Como visto, a compulsória é a requerida judicialmente e a involuntária é a realizada a pedido de
pessoa diversa do paciente.
Assim, não houve um requerimento judicial de internação coletiva dos usuários de crack que
estivessem nas ruas. Mas sim, segundo o noticiado pela imprensa, a internação dessas pessoas
com base em laudo médico, que, supõe-se, existia no momento da internação. Tais argumentos
não convencem.
Texto adaptado: COELHO, Isabel; OLIVEIRA, Maria Helena Barros de. Internação
compulsória e crack: um desserviço à saúde pública.
5. O pior tipo de defeito que um texto pode ter é significar o oposto do que o redator
pretendia. A propósito disso, leia o trecho que segue:
Crime racial – O olha da manchete de página do Diário Catarinense dizia: “Maurício José
Lemos Freire, titular do primeiro órgão do mundo a tratar especificamente de casos de
racismo, deu palestra em escola de Joinville”. Aí o título botou tudo a perder: DELEGACIA
DEFENDE CRIME RACIAL.
Meu secretário ficou indignadíssimo:
“Considerado, que diabo de delegacia é essa que defende o crime racial? Quer dizer que
se um monstro qualquer espancar um doce crioulinho é só correr para a delegacia que
estará a salvo?”
Parece que é. Fascistas de todo o mundo, acorrei! Revista Imprensa
Essa incoerência foi provocada por um problema de estruturação sintática da frase. Qual
é ele? Qual seria a versão adequada desse título?