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SUMÁRIO

GEOGRAFIA ............................................................................................................ pág 01


Planejamento 1: A Novíssima Ordem Mundial: Ucrânia X Rússia ................ pág 01
Planejamento 2: Tendências globais populacionais ................................... pág 06
Planejamento 3: Explorando as Três Religiões Monoteístas do Mundo:
Judaísmo, Cristianismo e Islamismo......................................................... pág 13
Planejamento 4: Desafios urbanos do séc. XXI ......................................... pág 20

HISTÓRIA .............................................................................................. pág 27


Planejamento 1: O Imperialismo e suas múltiplas facetas .......................... pág 27
Planejamento 2: A 1ª Guerra Mundial e seus impactos no mundo .............. pág 35
Planejamento 3: A Crise de 1929 e o surgimento de Regimes autoritários .. pág 43

FILOSOFIA............................................................................................. pág 53
Planejamento 1: A filosofia e sua relação com as Ciências Humanas ......... pág 54
Planejamento 2: Filosofia da tecnologia ................................................... pág 63
Planejamento 3: Ecologia, bioética e uma nova relação humana com
a natureza ............................................................................................. pág 74

SOCIOLOGIA ......................................................................................... pág 84


Planejamento 1: As questões sociais no espaço urbana ............................. pág 84
Planejamento 2: Os conflitos urbanos e suas manifestações como a
violência e a segregação ......................................................................... pág 90
Planejamento 3: Os processos de modernização e urbanização
dos grandes centros ............................................................................... pág 96
Planejamento 4: Os interesses e os agentes envolvidos na dinâmica
social das cidades .................................................................................. pág 100
Planejamento 5: Análise dos movimentos sociais urbanos
contemporâneos .................................................................................... pág 107

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MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2023

Geografia Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência Específica 3: Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência,


adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

A geografia do "Gênero (EM13CHS501) Compreender e analisar os fundamentos da ética em diferentes


de Vida" e do "Espaço culturas, identificando processos que contribuem para a formação de sujeitos
Vital". éticos que valorizem a liberdade, a autonomia e o poder de decisão (vontade).
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana (estilos de vida, valores,
condutas etc.), desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade e
preconceito, e propor ações que promovam os Direitos Humanos, a
solidariedade e o respeito às diferenças e às escolhas individuais.
(EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica,
psicológica etc.), suas causas, significados e usos políticos, sociais e culturais,
avaliando e propondo mecanismos para combatê-las, com base em
argumentos éticos.
(EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das
transformações científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus
desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais,
sociedades e culturas.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: A Novíssima Ordem Mundial: Ucrânia X Rússia.
DURAÇÃO: 03 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
A guerra entre a Ucrânia e a Rússia é um conflito complexo e em constante evolução, que teve início em
2014. A cronologia dessa guerra é marcada por uma série de eventos que levaram a uma escalada de
tensões e confrontos armados.
A cronologia da guerra da Ucrânia vs Rússia é marcada por uma série de confrontos, tréguas fracassadas e
esforços diplomáticos para resolver o conflito. Até o momento, o conflito ainda está em curso, com uma
solução duradoura parecendo distante. O conflito teve um impacto devastador na Ucrânia, com milhares de
mortos e uma população deslocada, além de ter gerado tensões significativas nas relações entre a Rússia e
a comunidade internacional.

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B) DESENVOLVIMENTO:
AULA 1
Professor(a), apresente para os estudantes o histórico do conflito entre Ucrânia vs Rússia. Incentive os
estudantes a participarem destacando como percebem o conflito a partir das informações que
acompanham nos diferentes meios de comunicação.

A herança partilhada dos dois países remonta a mais de mil anos, a um período em que Kiev,
atualmente capital da Ucrânia, ocupava uma posição central no primeiro Estado eslavo, a
Rússia de Kiev, berço tanto da Ucrânia como da Rússia.
Em 988, Vladimir I, o monarca pagão de Novgorod e grão-príncipe de Kiev, abraçou a fé cristã
ortodoxa e foi batizado na cidade de Quersoneso, na Crimeia. Referindo-se a esse momento
histórico, o líder russo Vladimir Putin declarou recentemente: "Russos e ucranianos são um
povo só, um único todo".
No ano de 1793, a porção ocidental da Ucrânia, conhecida como Margem Direita (ocidental),
foi anexada pelo Império Russo. Nos anos subsequentes, uma política conhecida como
russificação proibiu o uso e o estudo da língua ucraniana, e os habitantes foram coagidos a se
converter à fé ortodoxa russa.
A Ucrânia enfrentou alguns dos seus maiores desafios durante o século XX. Após a revolução
comunista de 1917, o país, assim como muitos outros, passou por uma guerra civil brutal
antes de ser completamente absorvido pela União Soviética em 1922.
Devido ao fato de a parte oriental da Ucrânia ter sido subjugada pelo domínio russo muito
antes do que a parte ocidental, os habitantes do leste têm vínculos mais estreitos com a
Rússia e tendem a apoiar líderes russos. Por outro lado, a Ucrânia Ocidental passou séculos
sob o controle de potências europeias como a Polônia e o Império Austro-Húngaro, sendo
essa uma das razões pelas quais os ucranianos do oeste tendem a apoiar mais políticos
ocidentais.
Após o colapso da União Soviética em 1991, a Ucrânia conquistou sua independência como
nação. No entanto, a tarefa de unificar o país revelou-se difícil. A transição para a democracia
e o capitalismo foi dolorosa e caótica, e muitos ucranianos, especialmente no leste, ansiavam
pela relativa estabilidade das eras anteriores. A primeira grande crise diplomática entre os dois
lados surgiu com a ascensão de Putin ao poder. Em 2003, a Rússia iniciou, de forma
inesperada, a construção de uma barragem no estreito de Kerch, próxima à ilha ucraniana de
Tulza, entre o território russo e a Península da Crimeia.
Durante a Revolução Laranja, ocorrida entre 2004 e 2005, milhares de ucranianos protestaram
em várias partes do país em resposta a alegações generalizadas de corrupção, intimidação
eleitoral e fraude direta durante as eleições presidenciais de 2004. Observadores locais e
estrangeiros apresentaram dados numéricos amplamente divulgados, indicando que os
resultados da votação de 21 de novembro de 2004 entre os principais candidatos, Viktor
Yushchenko e Viktor Yanukovych, foram manipulados em favor do último, que tinha uma
posição pró-Rússia. A eleição foi considerada fraudulenta e o candidato pró-Ocidente Viktor
Yushchenko tornou-se presidente. Essa revolução revelou as divisões existentes na sociedade
ucraniana.
Em 2008, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pressionou pelo início do
processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia à OTAN, apesar dos protestos de Putin, cujo
governo não reconhece completamente a independência da Ucrânia. Em 2014, a Rússia
ocupou e anexou a Crimeia, seguida por uma revolta separatista na região oriental da Ucrânia,
conhecida como Donbass. Isso levou à declaração das Repúblicas Populares de Lugansk e
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Donetsk, que foram apoiadas e posteriormente reconhecidas pela Rússia. Desde então, a
região tem sido palco de uma guerra exaustiva que continua até os dias atuais. No início de
2015, os separatistas lançaram uma nova ofensiva, supostamente apoiada por tropas russas
que, antes dos combates, removeram suas identificações dos uniformes, o que é negado por
Moscou.
CONANT, EVE. Rússia e Ucrânia: a complicada história que conecta (e divide) os dois países. National
Geographic, 2023. (Adaptado)

AULA 2
− Divida a turma em grupos de 3 a 4 estudantes.
− Cada grupo receberá um caso específico relacionado ao conflito entre Ucrânia e Rússia,
sugestão de fases do conflito:
I - Revolução Laranja.
II - Solicitação da Ucrânia para entrada na OTAN.
III - Anexação da Península da Crimeia.
IV - Plebiscitos no leste da Ucrânia.
− Os grupos terão que pesquisar e analisar o caso atribuído, buscando informações sobre as
causas, eventos e consequências.
− Após a pesquisa, cada grupo elaborará uma análise de seu caso em formato de texto,
destacando os pontos mais relevantes e as perspectivas envolvidas.

AULA 3
▪ Debate estruturado
− Divida a turma em dois grupos: "Ucrânia" e "Rússia".
− Cada grupo terá 10 minutos para discutir e preparar argumentos que representam seus
respectivos pontos de vista sobre o conflito a partir dos saberes e conhecimentos construídos
nas aulas 1 e 2.
− Inicie o debate, concedendo 5 minutos para cada lado apresentar seus argumentos iniciais.
− Em seguida, promova uma discussão aberta, permitindo que os estudantes façam perguntas e
respondam uns aos outros. Encoraje a participação de todos os estudantes e garanta um
ambiente respeitoso e construtivo.

Reflexão final
− Incentive os estudantes a refletirem sobre as diferentes perspectivas apresentadas no debate.
− Faça perguntas orientadoras, como: "Quais são as implicações políticas e econômicas desse
conflito?", "Quais possíveis soluções vocês enxergam para a resolução dessa disputa?".
− Deixe um espaço para comentários finais dos estudantes.

Conclusão
− Faça uma síntese dos principais pontos discutidos durante a aula.
− Reforce a importância de entender diferentes perspectivas e buscar soluções pacíficas para os
conflitos.

RECURSOS:
Quadro; projetor; computador; acesso à internet.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação ocorre por meio de participação, engajamento dos estudantes nas atividades e discussões
propostas.
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ATIVIDADES
1 – Transmita ou solicite ao estudante que leia o infográfico com a cronologia do conflito entre
Rússia e Ucrânia no link: https://jornalismorio.espm.br/sem-categoria/infografico-guerra-da-
ucrania/. Solicite que os estudantes produzam um parágrafo destacando o contexto que
permeia o conflito entre Ucrânia e Rússia.

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REFERÊNCIAS
CONANT, Eve. Rússia e Ucrânia: a complicada história que conecta (e divide) os dois países. National
Geographic. [s. l.], 24 fev. 2023. Disponível em:
https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2022/02/russia-e-ucrania-a-complicada-historia-
que-conecta-e-divide-os-dois-paises. Acesso em: 26 jun. 2023.
INFOGRÁFICO guerra na Ucrânia. Portal ESPM. [s. l.], 19 abr. 2023. Disponível em:
https://jornalismorio.espm.br/sem-categoria/infografico-guerra-da-ucrania/. Acesso em: 28 ago. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
educação infantil, ensino fundamental. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de
Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricula
r_mg.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-
crmg?fbclid=IwAR0pDhjAAej2_GsMKTaMztpUpQjJ6-eTlSrgXsXtGf0QafTM8xKz9q8hTg. Acesso em: 05
fev. 2023.

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COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência Específica 3: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e
espaços, mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores
de conflito e negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações.
Competência Específica 04: Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes
territórios, contextos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e
transformação das sociedades.

OBJETO(S) DE HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
População mundial: (EM13CHS205) Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas
Séculos XIX ao XXI. dimensões culturais, econômicas, ambientais, políticas e sociais, no Brasil e
no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis.
(EM13CHS404) Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em
diferentes circunstâncias e contextos históricos e/ou geográficos e seus
efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens e as gerações futuras,
levando em consideração, na atualidade, as transformações técnicas,
tecnológicas e informacionais.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Tendências globais populacionais.
DURAÇÃO: 03 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Ao longo do século XX, a população mundial passou por um crescimento sem precedentes, resultando
em mudanças significativas nos padrões demográficos e nas dinâmicas socioeconômicas em todo o
mundo. Vários fatores contribuíram para esse crescimento exponencial, incluindo avanços na medicina,
melhorias nas condições sanitárias e a expansão da produção de alimentos. No início do século XX, a
população mundial era de aproximadamente 1,6 bilhão de pessoas. No entanto, com os avanços na
medicina e a melhoria do acesso a cuidados de saúde básicos, a taxa de mortalidade começou a
diminuir. Descobertas científicas importantes, como os antibióticos e a implementação de programas
de vacinação em larga escala, ajudaram a combater doenças e aumentar a expectativa de vida.
A urbanização também desempenhou um papel significativo no crescimento populacional. Durante o
século XX, houve uma migração maciça das áreas rurais para as áreas urbanas, impulsionada pelo
desenvolvimento industrial e pela busca de melhores oportunidades econômicas. As cidades cresceram
rapidamente e a disponibilidade de empregos nas indústrias atraiu uma grande quantidade de pessoas
em busca de trabalho. Outro fator-chave que contribuiu para o crescimento populacional foi a
Revolução Verde, que ocorreu a partir da metade do século XX. A introdução de técnicas agrícolas
modernas, como o uso de fertilizantes, pesticidas e variedades de culturas de alto rendimento, permitiu
um aumento significativo na produção de alimentos. Isso resultou em uma maior disponibilidade de
alimentos e uma redução da fome em muitas partes do mundo.
Combinados, esses fatores levaram a um rápido crescimento populacional. No final do século XX, a
população mundial havia ultrapassado a marca de 6 bilhões de pessoas. Esse aumento populacional
trouxe desafios significativos, como a pressão sobre os recursos naturais, a degradação ambiental, a
escassez de água, o aumento da urbanização desordenada e a necessidade de melhorias nas
infraestruturas e nos serviços públicos. O crescimento da população mundial continua a ser um tópico
importante e complexo no século XXI. Embora a taxa de crescimento tenha diminuído em comparação
com o passado, estima-se que a população mundial atinja cerca de 9 bilhões de pessoas até 2050. Isso
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destaca a importância de políticas e estratégias eficazes para garantir a sustentabilidade ambiental, a
segurança alimentar, o acesso à saúde e o desenvolvimento equitativo em todo o mundo.

B) DESENVOLVIMENTO:
AULA 1
Apresente a teoria demográfica malthusiana e suas derivações, utilize o texto abaixo como guia.
As teorias demográficas malthusiana, neomalthusiana e reformista são conceitos fundamentais para a
compreensão do debate sobre o crescimento populacional e seus impactos na sociedade. Essas teorias
oferecem diferentes perspectivas sobre a relação entre população, recursos e desenvolvimento,
fornecendo abordagens distintas para lidar com os desafios demográficos (CECHINEL, 2022).
A teoria demográfica malthusiana tem suas raízes no trabalho do economista inglês Thomas Malthus,
no final do século XVIII. Malthus argumentou que a população humana cresce exponencialmente,
enquanto a produção de alimentos cresce apenas de forma linear. Portanto, ele previu que o
crescimento populacional inevitavelmente levaria à escassez de alimentos, resultando em fome, miséria
e desequilíbrios sociais. Malthus defendia que medidas como controle da natalidade, restrições ao
casamento e adiamento da idade do casamento seriam necessárias para conter o crescimento
populacional e evitar crises.
Imagem 1 - Teoria Malthusiana.

Fonte: (Toda Matéria, [2023])

A teoria neomalthusiana surge como uma extensão da teoria malthusiana, no século XX, à medida que
novos desafios e preocupações surgem. Os neomalthusianos argumentam que o crescimento
populacional acelerado pode levar a problemas ambientais, esgotamento de recursos naturais e
aumento da pressão sobre a infraestrutura e serviços públicos. Além disso, eles ressaltam a
importância da adoção de medidas contraceptivas, planejamento familiar e controle populacional como
estratégias para lidar com esses desafios. Os neomalthusianos também enfatizam a necessidade de
programas de desenvolvimento sustentável e políticas de educação para promover mudanças de
comportamento em relação à reprodução e ao consumo.
Por outro lado, a teoria demográfica reformista adota uma perspectiva mais otimista em relação ao
crescimento populacional. Os reformistas argumentam que o crescimento demográfico pode trazer
benefícios econômicos e sociais significativos, desde que sejam acompanhados por investimentos
adequados em educação, saúde, infraestrutura e desenvolvimento humano. Eles enfatizam a
importância de melhorar as condições de vida das pessoas, oferecer acesso a serviços básicos de
saúde reprodutiva, empoderar as mulheres e promover o planejamento familiar voluntário como
formas de lidar com os desafios demográficos. Os reformistas destacam que o crescimento
populacional pode ser um motor de desenvolvimento se for gerenciado de maneira equitativa e
sustentável.
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Em resumo, as teorias demográficas malthusiana, neomalthusiana e reformista oferecem diferentes
perspectivas sobre o crescimento populacional e suas consequências. Enquanto a teoria malthusiana e
a teoria neomalthusiana enfatizam os riscos e as restrições associadas ao crescimento populacional, a
teoria reformista destaca o potencial do crescimento demográfico quando acompanhado por medidas
adequadas de desenvolvimento humano e planejamento familiar. Essas teorias fornecem fundamentos
teóricos importantes para os debates e políticas relacionados à população e ao desenvolvimento em
nível global.
BEZERRA, Juliana. Teoria Malthusiana. Toda Matéria. (Adaptado)

AULA 2
Apresente os conceitos de taxa de natalidade, mortalidade e crescimento vegetativo, utilize o texto
abaixo como guia.

A taxa de natalidade, a taxa de mortalidade e o crescimento vegetativo são conceitos


demográficos fundamentais para compreender e analisar o desenvolvimento populacional de uma
determinada região. Esses indicadores fornecem informações essenciais sobre a dinâmica
populacional e têm implicações significativas para a sociedade e as políticas públicas.
A taxa de natalidade refere-se à quantidade de nascimentos ocorridos em uma população
durante um determinado período de tempo, geralmente expressa em relação a cada mil
habitantes. É um indicador que demonstra a capacidade reprodutiva da população e reflete
fatores como a fertilidade, o acesso à saúde, a educação e as condições socioeconômicas. Países
com altas taxas de natalidade tendem a ter uma população jovem e em crescimento, enquanto
países com taxas de natalidade mais baixas geralmente apresentam uma estrutura etária mais
envelhecida.
A taxa de mortalidade, por sua vez, representa o número de óbitos registrados em uma
população durante um determinado período, também geralmente expressa em relação a cada mil
habitantes. Esse indicador reflete a qualidade de vida, o acesso à saúde, as condições sanitárias
e o desenvolvimento socioeconômico de uma região. Uma taxa de mortalidade alta pode ser
resultado de condições precárias de saúde, falta de infraestrutura adequada ou surtos de
doenças, enquanto uma taxa de mortalidade baixa indica um melhor padrão de vida e uma maior
expectativa de vida.
O crescimento vegetativo é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade em
uma população, considerando apenas esses fatores e sem levar em conta o saldo migratório.
Quando a taxa de natalidade é maior que a taxa de mortalidade, ocorre um crescimento
vegetativo positivo, o que indica um aumento da população ao longo do tempo. Por outro lado,
quando a taxa de natalidade é menor que a taxa de mortalidade, ocorre um crescimento
vegetativo negativo, o que implica em uma diminuição da população. O crescimento vegetativo é
um importante indicador para planejamento urbano, políticas de saúde, educação e previdência
social, pois influencia diretamente a estrutura demográfica e as necessidades da população.
É importante ressaltar que a taxa de natalidade, a taxa de mortalidade e o crescimento
vegetativo podem variar amplamente entre diferentes países e regiões, dependendo de fatores
como desenvolvimento socioeconômico, cultura, políticas de saúde, acesso a contraceptivos,
educação e condições ambientais. O monitoramento desses indicadores e a compreensão de suas
causas e consequências são essenciais para uma gestão adequada do crescimento populacional e
o planejamento de políticas públicas eficientes.

CECHINEL, A. F.; Et al. FTD Sistema de Ensino: ensino médio: ciências humanas e sociais
aplicadas. 2º série. 2. ed. São Paulo: FTD, 2022.

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AULA 3
Professor(a), apresente para os estudantes o tema da aula: “Tendências globais populacionais; e dos
objetivos de aprendizagem”. Incentivá-los a levantarem hipóteses sobre o assunto que será abordado,
após coletar as considerações da turma. Dê uma breve explicação sobre o conceito de crescimento da
população e sua importância para a sociedade.
Após o momento de levantamento de hipóteses, organize a turma em grupos pequenos (3-4 pessoas)
para que discutam a questão: Quais são os principais fatores que contribuem para o crescimento da
população, ou ainda, redução em alguns lugares, da população mundial no século XXI?
Para subsidiar a discussão os estudantes deverão realizar uma pesquisa:
− Cada grupo receberá um aspecto específico relacionado ao crescimento populacional para
pesquisar, como taxas de fertilidade, expectativa de vida, migração, urbanização, entre outros.
− Os grupos devem realizar pesquisas online e/ou utilizar materiais fornecidos pelo professor para
coletar informações sobre o tema atribuído.
− Durante a pesquisa, os grupos devem formular uma pergunta relacionada ao seu tópico para
ser discutida posteriormente.

Discussão em grupo
− Cada grupo apresentará brevemente os resultados de sua pesquisa buscando destacar o fator
estudado e como ele influencia no crescimento ou retração da população mundial.
− Após a apresentação de cada grupo, permita que os demais colegas façam perguntas e
comentários sobre o fator apresentado pelo grupo.
− Professor (a), ao final das apresentações dos grupos, destaque as interconexões entre os
diferentes fatores que influenciam o crescimento ou retração da população.

Estudo de caso
− Professor(a), apresente para a turma um estudo de caso que ilustra as consequências do
crescimento populacional em um país ou região específica. Como sugestão indico artigo do
IPEA que analisa a situação de redução do crescimento populacional da China (Disponível em:
https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/9060/1/An%C3%A1lise%20da%20din%C3%A2
mica.pdf.)
− Solicite aos estudantes que discutam no mesmo grupo da atividade anterior, as implicações
sociais, econômicas e ambientais da redução do crescimento da população chinesa.

Debate
− Organize a turma em dois grupos: "A favor" e "Contra" o controle populacional.
− Cada grupo terá a oportunidade de apresentar argumentos e debater sobre a necessidade ou
não de políticas de controle populacional.
− Incentive a reflexão crítica e a consideração de diferentes perspectivas.

Conclusão
− Recapitulação dos pontos-chave discutidos durante a aula.
− Reforçar a importância do tema e sua relevância para o futuro da humanidade.
− Encorajar os estudantes a buscarem soluções inovadoras e sustentáveis para lidar com o
crescimento populacional.

RECURSOS:
Projetor, mapas, computador, acesso à internet, laboratório de informática.

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PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação ocorre por meio de participação, engajamento dos estudantes nas atividades e discussões
propostas.

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ATIVIDADES
Atividade individual
Solicite aos estudantes que pesquisem qual era a população de sua cidade nos 3 últimos censos
demográficos e peça que eles reflitam sobre qual será o comportamento da população de seus
municípios para os próximos anos. Para subsidiar a pesquisa oriente os estudantes a pesquisarem nas
plataformas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE pelo endereço eletrônico -
ibge.gob.br e faça a busca pelo ano do Censo 2000; 2010 e 2022.

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REFERÊNCIAS
CECHINEL, A. F.; Et al. FTD Sistema de Ensino: ensino médio: ciências humanas e sociais
aplicadas. 2º série. 2. ed. São Paulo: FTD, 2022.
BEZERRA, Juliana. Teoria Malthusiana. Toda Matéria. [s. l.], [2023]. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/teoria-malthusiana/. Acesso em: 26 jun. 2023.
JIAN, Wang, JIANGLAN, Yang. Análise da Dinâmica geográfica da China. Repositório IPEA. [s. l.],
[2023]. Disponível em: chrome-
extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/9060/1/
An%C3%A1lise%20da%20din%C3%A2mica.pdf. Acesso em: 28 ago. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
educação infantil, ensino fundamental. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de
Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricula
r_mg.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-
crmg?fbclid=IwAR0pDhjAAej2_GsMKTaMztpUpQjJ6-eTlSrgXsXtGf0QafTM8xKz9q8hTg. Acesso em: 05
fev. 2023.

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COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência Específica 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais


nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir de procedimentos
epistemológicos e científicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente com relação a
esses processos e às possíveis relações entre eles.

OBJETO(S) DE HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
As religiões do mundo. (EM13CHS101). Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas
expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão e à crítica de
ideias filosóficas e processos e eventos históricos, geográficos, políticos,
econômicos, sociais, ambientais e culturais.
(EM13CHS104) Analisar objetos da cultura material e imaterial como
suporte de conhecimentos, valores, crenças e práticas que singularizam
diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço.
(EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar as tipologias evolutivas
(como populações nômades e sedentárias, entre outras) e as oposições
dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/ bárbaros,
razão/sensibilidade, material/virtual etc.), explicitando as ambiguidades e a
complexidade dos conceitos e dos sujeitos envolvidos em diferentes
circunstâncias e processos.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Explorando as Três Religiões Monoteístas do Mundo: Judaísmo, Cristianismo e
Islamismo.
DURAÇÃO: 02 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
As três principais religiões monoteístas do mundo são o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. Essas
religiões compartilham a crença em um único Deus supremo e têm uma influência significativa na
história e na cultura da humanidade.
O Judaísmo é considerado a mais antiga das três religiões monoteístas. Fundada há milhares de anos,
é baseada nos ensinamentos da Torá, que é o livro sagrado dos judeus. Os judeus acreditam em um
Deus único e criador, que fez uma aliança especial com o povo judeu através de Moisés. Além disso, o
Judaísmo enfatiza a importância da ética e dos mandamentos divinos como guias para a vida cotidiana.
O Cristianismo tem suas raízes no Judaísmo e é centrado na figura de Jesus Cristo, acreditado pelos
cristãos como o Filho de Deus. Os ensinamentos cristãos estão registrados na Bíblia, composta pelo
Antigo Testamento (que inclui a Torá) e o Novo Testamento. Os cristãos acreditam que Jesus é o
Messias prometido no Antigo Testamento e que sua morte e ressurreição oferecem salvação e
redenção. O Cristianismo tem diversas denominações e tradições, cada uma com suas interpretações e
práticas específicas.
O Islamismo, por sua vez, foi fundado no século VII pelo profeta Maomé na Península Arábica. Os
muçulmanos consideram o Alcorão como seu livro sagrado, que é considerado a palavra literal de Deus
revelada a Maomé. Os pilares do Islamismo incluem a crença em Allah como o único Deus verdadeiro e
em Maomé como seu último mensageiro. Os muçulmanos seguem os ensinamentos do Alcorão e
também aderem aos princípios éticos e rituais estabelecidos pela tradição islâmica.
Embora tenham diferenças teológicas e práticas distintas, essas três religiões compartilham uma base

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monoteísta comum e têm desempenhado um papel crucial na formação da história e da cultura ao
longo dos séculos. Seus seguidores em todo o mundo encontram significado, orientação espiritual e
uma conexão com o divino através dessas tradições religiosas.

B) DESENVOLVIMENTO:
AULA 01
Apresente aos estudantes as principais características das 3 principais religiões monoteístas.
O Judaísmo é uma das religiões mais antigas do mundo e possui características distintas que
moldaram a identidade e a prática religiosa de seus seguidores ao longo dos séculos. Abaixo
estão algumas das principais características do Judaísmo:
O Judaísmo: é uma religião monoteísta, o que significa que acredita em um único Deus
supremo. Os judeus creem em um Deus único e pessoal, que é eterno, onipotente e
onisciente.
▪ Aliança com Deus: Uma das crenças fundamentais do Judaísmo é a noção de que
Deus fez uma aliança especial com o povo judeu. Essa aliança foi estabelecida
através de Abraão, considerado o pai do povo judeu, e posteriormente renovada
através de Moisés e a entrega dos Dez Mandamentos.
▪ Torá e tradição oral: A Torá é o livro sagrado dos judeus e compreende os
primeiros cinco livros da Bíblia hebraica, também conhecidos como Pentateuco.
Acredita-se que a Torá tenha sido revelada por Deus a Moisés no Monte Sinai. Além
disso, o Judaísmo valoriza a tradição oral, que é a interpretação e a explicação
contínua da Torá ao longo dos séculos.
▪ Ética e justiça social: O Judaísmo enfatiza a importância da ética e da justiça
social. Os judeus são incentivados a agir com bondade, justiça e compaixão em
relação aos outros. O cumprimento dos mandamentos divinos e o engajamento em
ações de caridade são considerados fundamentais para viver uma vida piedosa.
▪ Observância do Shabat e festividades: O Shabat é o dia sagrado semanal do
Judaísmo, que começa ao pôr do sol de sexta-feira e termina no pôr do sol de
sábado. Durante o Shabat, os judeus dedicam-se à oração, ao estudo religioso e ao
descanso. Além disso, o Judaísmo possui uma variedade de festividades ao longo do
ano, como Rosh Hashaná, Yom Kipur, Páscoa Judaica (Pessach) e Hanucá, cada uma
com seus rituais específicos e significados simbólicos.
▪ Identidade cultural e étnica: O Judaísmo não é apenas uma religião, mas
também uma identidade cultural e étnica. Os judeus têm uma rica história cultural,
que inclui a língua hebraica, a literatura, a música e as tradições culinárias únicas.
Essas são apenas algumas das principais características do Judaísmo, que tem sido uma
força significativa na história e na vida espiritual de muitas pessoas ao redor do mundo. O
Judaísmo é uma religião diversa e complexa, com diferentes correntes e interpretações, mas
todas compartilham a crença em um Deus único e a busca por uma vida de retidão e
conexão com o divino.

O Cristianismo: é uma das maiores religiões do mundo, com uma rica história e uma base
de seguidores em diferentes partes do globo. Abaixo estão algumas das principais
características que moldam o Cristianismo:
▪ Crença em Jesus Cristo: O Cristianismo é centrado na figura de Jesus Cristo,
acreditado pelos cristãos como o Filho de Deus e o Messias prometido. Os cristãos

14
creem que Jesus nasceu de uma virgem, viveu uma vida sem pecado, realizou
milagres, foi crucificado, ressuscitou dos mortos e ascendeu aos céus. A vida, morte
e ressurreição de Jesus são consideradas fundamentais para a salvação e a redenção
dos fiéis.
▪ A Bíblia Sagrada: A Bíblia é o livro sagrado do Cristianismo e é dividida em duas
partes: o Antigo Testamento, que contém escritos que precedem o nascimento de
Jesus, e o Novo Testamento, que narra a vida e os ensinamentos de Jesus, bem
como os escritos dos apóstolos. A Bíblia é considerada a palavra de Deus e serve
como guia espiritual e moral para os cristãos.
▪ Trindade: O Cristianismo acredita na Trindade, ou seja, na existência de um único
Deus em três pessoas: Deus Pai, Deus Filho (Jesus Cristo) e Deus Espírito Santo.
Essa doutrina complexa enfatiza a natureza divina de Jesus e a presença do Espírito
Santo para guiar e inspirar os fiéis.
▪ Sacramentos: Os sacramentos são rituais sagrados do Cristianismo que são
considerados sinais visíveis da graça de Deus. Os principais sacramentos são o
Batismo, que simboliza a entrada na comunidade cristã, e a Eucaristia (ou Santa
Ceia), que comemora a última ceia de Jesus com seus discípulos. Além desses, o
Cristianismo reconhece outros sacramentos, como a Confirmação, o Matrimônio, a
Ordem Sacerdotal, a Penitência e a Unção dos Enfermos.
▪ Diversidade de denominações: O Cristianismo é composto por uma variedade de
denominações e tradições, como o Catolicismo Romano, o Protestantismo e a Igreja
Ortodoxa. Cada uma dessas correntes tem suas próprias interpretações teológicas,
práticas litúrgicas e estruturas organizacionais.
▪ Ética cristã: O Cristianismo enfatiza a importância da ética e do amor ao próximo.
Os cristãos são chamados a seguir os ensinamentos de Jesus, que incluem amar a
Deus acima de todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo. A ética cristã
incentiva a justiça social, a compaixão, o perdão, a humildade e a busca pela paz.
Essas são algumas das principais características do Cristianismo, uma religião que tem
influenciado profundamente a história, a cultura e a espiritualidade de milhões de pessoas ao
longo dos séculos.

O Islamismo: é uma religião monoteísta fundada no século VII d.C. na Península Arábica
por Maomé, considerado pelos muçulmanos como o último e mais importante profeta de
Deus. O Islã é baseado em um conjunto de ensinamentos sagrados contidos no Alcorão, que
é o livro sagrado do Islã. Abaixo estão algumas das principais características do Islã:
▪ Crença em Allah: O Islã é estritamente monoteísta e acredita em um único Deus
supremo, chamado Allah. Os muçulmanos creem que Allah é o criador de todas as
coisas, é eterno, onipotente e onisciente.
▪ Revelação do Alcorão: Os muçulmanos acreditam que o Alcorão foi revelado a
Maomé pelo anjo Gabriel ao longo de um período de cerca de 23 anos. O Alcorão é
considerado a palavra literal de Allah e serve como guia espiritual e moral para os
muçulmanos. É composto por 114 capítulos (suras) que abordam questões
teológicas, éticas, legais e práticas.
▪ Cinco Pilares do Islã: O Islã possui cinco pilares fundamentais que formam a base
da prática religiosa dos muçulmanos. Esses pilares são:
− Shahada: A declaração de fé, em que se reconhece que não há outra divindade
além de Allah e que Maomé é seu profeta.
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− Salat: A oração diária realizada cinco vezes por dia, voltada para Meca.
− Zakat: A prática da caridade e da doação aos menos favorecidos.
− Sawm: O jejum durante o mês do Ramadã, período de reflexão, purificação e
autocontrole.
− Hajj: A peregrinação a Meca que todo muçulmano deve realizar pelo menos uma vez
na vida, se tiver recursos físicos e financeiros.
Justiça e Misericórdia: O Islã enfatiza a importância da justiça e da misericórdia. Os
muçulmanos são incentivados a buscar a justiça social, tratar os outros com
compaixão e mostrar misericórdia para com todas as criaturas de Allah.
▪ Umma: A comunidade muçulmana é conhecida como Umma. Os muçulmanos são
encorajados a se unir como uma comunidade global e a cuidar uns dos outros. A
Umma transcende fronteiras étnicas, culturais e nacionais, promovendo a
solidariedade e a fraternidade entre os muçulmanos.
▪ Jihad: A palavra jihad tem sido frequentemente mal interpretada e mal utilizada. Em
seu verdadeiro sentido, a jihad se refere a um esforço interno contínuo para buscar a
retidão e a perfeição espiritual. É uma luta pessoal contra o egoísmo, o pecado e a
injustiça. No entanto, também pode ser interpretada como uma luta defensiva
legítima contra a opressão e a injustiça.
Essas são apenas algumas das principais características do Islã, uma religião que tem uma
influência significativa em várias partes do mundo (MACAULAY-LEWIS, 2015).

AULA 02
Professor(a), inicie a aula com uma atividade de quebra-gelo para criar um ambiente de diálogo e
reflexão. Peça aos estudantes que compartilhem algo que sabem, além da aula passada, sobre uma
das três religiões monoteístas. Em seguida, incentive-os a fazer perguntas uns aos outros.
Estudo em grupo
− Divida a turma em grupos de 3 a 4 estudantes.
− Atribua uma religião para cada grupo (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo).
− Cada grupo deve pesquisar e discutir as principais características, crenças e práticas da religião
atribuída.
− Os grupos podem utilizar recursos online, livros didáticos ou qualquer outra fonte confiável para
coletar informações.

Apresentação em formato criativo (30 minutos)


− Peça a cada grupo que apresente as características da religião indicada para o seu grupo de
uma forma criativa, como uma dramatização, uma música, um poema, um pôster ou qualquer
outro formato que desejarem.
− Incentive-os a destacar elementos importantes, como a origem da religião, crenças centrais,
rituais, símbolos e figuras sagradas.
− Após cada apresentação, abra espaço para perguntas e reflexões dos demais estudantes.

Discussão em painel
− Forme um painel com representantes de cada grupo para uma discussão aberta sobre as
semelhanças e diferenças entre as três religiões.
− Incentive os estudantes a compartilhar suas impressões, aclarar dúvidas e fomentar a
compreensão mútua.
− Estimule uma discussão respeitosa e atenta às diferentes perspectivas.

16
Reflexão individual
− Peça aos estudantes que reflitam sobre o que aprenderam durante a aula e escrevam em seus
cadernos algumas reflexões pessoais sobre as três religiões monoteístas.
− Eles podem considerar como as religiões influenciam as vidas das pessoas, como essas religiões
podem coexistir em sociedades multiculturais e quais valores podem ser extraídos das
diferentes crenças religiosas.

Compartilhamento e conclusão
− Incentive alguns estudantes a compartilhar suas reflexões com a turma, promovendo uma
discussão final sobre a importância do respeito religioso e da compreensão intercultural.
− Finalize a aula destacando a relevância de conhecer e respeitar as diferentes religiões como
uma forma de promover a paz, a tolerância e o diálogo.

RECURSOS:
Quadro, Projetor, Computador, acesso à internet em sala ou laboratório de informática.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação ocorre por meio de participação, engajamento dos estudantes nas atividades e discussões
propostas.

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ATIVIDADES
Solicite que os estudantes procurem conversar com seus amigos, parentes ou conhecidos se eles
conhecem alguém que não seja cristão. Se houver solicite que o estudante converse com essa pessoa,
caso o contrário peça que o estudante anote quais as religiões, não monoteístas mais aparecem nas
referências familiares e reflita sobre essa ocorrência.

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REFERÊNCIAS
CRISTINE FORTES LIA; RADUNZ, R. Os monoteístas no mundo contemporâneo: judeus, cristãos e
muçulmanos. Revista Brasileira de História das Religiões, v. 5, n. 15, p. 241–251, 2013.
GOIÂNIA, Secretaria Municipal de Educação. História – História das religiões monoteístas. Conexão
Escola SME. Goiânia, [2022]. Disponível em:
https://sme.goiania.go.gov.br/conexaoescola/eaja/historia-historia-das-religioes-monoteistas/. Acesso
em: 26 jun. 2023.
MACAULAY-LEWIS, E. The Five Pillars of Islam (article) | Islam. Khan academy. [s. l.], 2015.
Disponível em: https://www.khanacademy.org/humanities/ap-art-history/introduction-cultures-
religions-apah/islam-apah/a/the-five-pillars-of-islam. Acesso em: 26 jun. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
educação infantil, ensino fundamental. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de
Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricula
r_mg.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-
crmg?fbclid=IwAR0pDhjAAej2_GsMKTaMztpUpQjJ6-eTlSrgXsXtGf0QafTM8xKz9q8hTg. Acesso em: 05
fev. 2023.

19
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência Específica 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e


espaços, mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores
de conflito e negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações.
Competência Específica 4: Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes
territórios, contextos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e
transformação das sociedades.

OBJETO(S) DE HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
Profissões e mercado (EM13CHS205) Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas
de trabalho Século XXI. dimensões culturais, econômicas, ambientais, políticas e sociais, no Brasil e
no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis.
(EM13CHS206) Compreender e aplicar os princípios de localização,
distribuição, ordem, extensão, conexão, entre outros, relacionados com o
raciocínio geográfico, na análise da ocupação humana e da produção do
espaço em diferentes tempos.
(EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos e
classes sociais diante das transformações técnicas, tecnológicas e
informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em
diferentes espaços e contextos.
(EM13CHS402) Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e
renda em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a processos
de estratificação e desigualdade socioeconômica.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Desafios urbanos do séc. XXI.
DURAÇÃO: 02 Aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
No século XXI, o mundo testemunhou uma transformação significativa no mercado de trabalho,
impulsionada pelo avanço tecnológico e pela crescente globalização. As profissões do século XXI são
caracterizadas por uma demanda cada vez maior por habilidades digitais, adaptabilidade e
colaboração.
Uma das principais tendências é o surgimento de profissões relacionadas à tecnologia da informação e
comunicação. Desenvolvedores de software, engenheiros de dados, especialistas em inteligência
artificial e cientistas de dados estão em alta demanda, à medida que empresas e organizações buscam
aproveitar o poder dos dados para impulsionar a inovação e a tomada de decisões estratégicas.
Além disso, profissões relacionadas à cibersegurança têm ganhado destaque, uma vez que a proteção
de dados e informações se tornou uma preocupação fundamental. Especialistas em segurança
cibernética são responsáveis por garantir a integridade, confidencialidade e disponibilidade de sistemas
e redes, protegendo-os contra ameaças virtuais.
No campo da saúde, as profissões também têm evoluído para acompanhar as necessidades da
sociedade moderna. Profissionais de saúde digital e telemedicina estão surgindo, proporcionando
acesso remoto a serviços de saúde e ampliando o alcance do atendimento médico. Terapeutas
ocupacionais e de saúde mental também estão em alta demanda, à medida que a conscientização
sobre a importância do bem-estar emocional e da qualidade de vida aumenta.

20
Além disso, à medida que a sustentabilidade se torna uma preocupação global, profissões relacionadas
ao meio ambiente e à energia renovável estão ganhando espaço. Engenheiros ambientais, especialistas
em energias renováveis e planejadores urbanos sustentáveis são fundamentais para enfrentar os
desafios ambientais e promover um desenvolvimento mais equilibrado e consciente.
As profissões do século XXI também têm um forte foco em habilidades socioemocionais. Profissionais
de coaching, mentoria e consultoria estão ajudando indivíduos e organizações a desenvolverem
habilidades de liderança, inteligência emocional e resolução de problemas.
Em suma, as profissões do século XXI estão se adaptando ao mundo em constante mudança,
impulsionado pela tecnologia e pela globalização. O futuro do trabalho requer profissionais versáteis,
com habilidades técnicas sólidas, mas também habilidades humanas essenciais para prosperar em um
ambiente cada vez mais interconectado e complexo.

B) DESENVOLVIMENTO:
AULA 01
Professor(a), apresente a evolução da produção industrial através das características das 3 revoluções
industriais e a indústria 4.0.
As três revoluções industriais marcaram pontos de inflexão cruciais na história da humanidade,
impulsionando transformações sociais, econômicas e tecnológicas em larga escala.
A primeira revolução industrial teve início no final do século XVIII, na Inglaterra. Caracterizada
pela transição da produção artesanal para a mecanizada, essa revolução foi impulsionada pelo advento
da máquina a vapor. O uso de máquinas e a mecanização dos processos produtivos aumentaram
drasticamente a eficiência e a produtividade. A indústria têxtil foi uma das principais beneficiárias dessa
revolução, transformando radicalmente a forma como as roupas eram fabricadas. A urbanização
acelerada e o crescimento das cidades também foram resultados desse período, à medida que a mão
de obra se deslocava para os centros industriais.
A segunda revolução industrial ocorreu no final do século XIX e início do século XX. Desta vez, a
eletricidade, a produção em massa e a linha de montagem foram as principais inovações tecnológicas
que impulsionaram a transformação. A energia elétrica permitiu o desenvolvimento de indústrias mais
diversificadas e complexas, enquanto a produção em massa, popularizada por Henry Ford,
revolucionou a fabricação de produtos, tornando-os acessíveis em larga escala. A automação e a
expansão do setor de transportes, com a disseminação dos automóveis e a construção de ferrovias,
também foram marcos dessa revolução. A segunda revolução industrial teve um impacto profundo no
crescimento econômico, na urbanização e no padrão de vida das pessoas.
A terceira revolução industrial, também conhecida como revolução digital ou revolução tecnológica,
ocorreu a partir do final do século XX. Caracterizada pelo surgimento da computação pessoal, da
internet e das tecnologias da informação e comunicação, essa revolução trouxe uma integração sem
precedentes da tecnologia na sociedade. A automação industrial se expandiu ainda mais, com o uso de
robótica avançada e inteligência artificial. A digitalização de processos e a conectividade global
transformaram a forma como as pessoas se comunicam, trabalham, consomem e se divertem. Essa
revolução também impulsionou o surgimento de novas indústrias e setores, como a tecnologia da
informação, as redes sociais, a economia compartilhada e a inteligência artificial.
Cada uma dessas revoluções industriais deixou um legado duradouro e moldou profundamente a
sociedade em que vivemos hoje. Elas impulsionaram o progresso tecnológico, a inovação, a
urbanização, a globalização e o crescimento econômico, mas também trouxeram desafios e
desigualdades que precisamos abordar à medida que avançamos rumo a um futuro cada vez mais
tecnológico e interconectado.
A indústria 4.0 é um termo que se refere à quarta revolução industrial, marcada pela convergência
21
entre tecnologias digitais, físicas e biológicas. Essa revolução impulsiona a automação e a digitalização
dos processos industriais, transformando radicalmente a forma como as empresas produzem, se
organizam e interagem com seus produtos e clientes.
Na indústria 4.0, tecnologias como Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial, big data, robótica
avançada e realidade aumentada desempenham um papel fundamental. Através da IoT, máquinas e
dispositivos conectados podem coletar e compartilhar dados em tempo real, permitindo uma
comunicação e colaboração eficientes entre diferentes componentes de um sistema produtivo. A
inteligência artificial oferece recursos de análise avançada e tomada de decisão automatizada,
enquanto o big data possibilita o processamento e a utilização efetiva de grandes volumes de
informações.
A automação e a robótica desempenham um papel crucial na indústria 4.0, com máquinas autônomas
realizando tarefas complexas e repetitivas com eficiência e precisão. Além disso, a realidade
aumentada permite a sobreposição de informações digitais no mundo físico, proporcionando suporte e
orientação em tempo real aos operadores e técnicos.
A indústria 4.0 tem o potencial de trazer uma série de benefícios, como aumento da eficiência e
produtividade, redução de custos, personalização em massa, melhoria da qualidade dos produtos,
otimização de cadeias de suprimentos e criação de novos modelos de negócios. No entanto, também
apresenta desafios, como a necessidade de investimentos significativos em infraestrutura e tecnologia,
questões de segurança cibernética e preocupações com o impacto na força de trabalho, exigindo a
reskilling e upskilling dos trabalhadores.
Em resumo, a indústria 4.0 representa uma mudança transformadora na maneira como a indústria
opera, integrando tecnologias digitais avançadas em todos os aspectos da produção. Essa revolução
traz consigo uma série de oportunidades e desafios, redefinindo os processos industriais e moldando o
futuro da manufatura e dos negócios.
NAZARÉ, Tiago Bittencourt; et al. OS DESAFIOS DA INDÚSTRIA 4.0 NO BRASIL. Mythos (Cataguases), v.
10, p. 129-137, 2019.

Imagem 1: “O que é Indústria 4.0?

Fonte: (O que é Indústria 4.0? | Fluipress Automação Industrial, 2021)

AULA 02
22
Professor(a), a proposta nesta aula é iniciá-la propondo à turma a realização da Dinâmica de Grupo -
"Brainstorming", ou levantamento de ideias. Para isso:
− Divida a turma em grupos de 4 a 5 estudantes.
− Peça aos grupos que realizem um brainstorming, ou seja, registrem as principais ideias que
cada um deles tem sobre as mudanças e tendências observadas no mercado de trabalho do
século XXI.
− Cada grupo deve registrar suas ideias em post-its ou em uma folha de papel e colá-las em um
quadro ou mural.
− Após o tempo determinado, promova uma discussão em sala de aula, destacando as principais
ideias de cada grupo e criando uma lista coletiva.

Palestra ou Vídeo Informativo


− Apresente uma palestra ou exiba um vídeo que aborda as transformações no mercado de
trabalho do século XXI, destacando as tendências e os desafios enfrentados pelos profissionais.
Como sugestão segue link para a palestra no TEDx da administradora Michelle Schneider, com
o tema: O Profissional do futuro; (https://www.youtube.com/watch?v=9G5mS_OKT0A&t=80s ).
− Explore temas como automação, inteligência artificial, trabalho remoto, economia
compartilhada, entre outros.
− Incentive a participação dos estudantes com perguntas e estímulos para reflexão.

Discussão em Grupo
− Divida a turma novamente em grupos e forneça a cada grupo uma pergunta ou um problema
relacionado ao mercado de trabalho do século XXI.
− Os grupos devem discutir a questão e apresentar possíveis soluções ou estratégias.
− Estimule o debate e a troca de ideias entre os grupos, promovendo uma visão crítica e
colaborativa.

Estudo de Caso
− Apresente um estudo de caso ou uma situação fictícia relacionada ao mercado de trabalho no
século XXI.
− Peça aos estudantes que analisem o caso em grupos e identifiquem as competências
necessárias para lidar com os desafios apresentados.
− Incentive a reflexão sobre as habilidades sociais, habilidades digitais, adaptabilidade e
aprendizado contínuo.

Debate e Reflexão Individual


− Encerre a aula com um debate em sala de aula, abrindo espaço para os estudantes
compartilharem suas reflexões pessoais sobre as oportunidades e desafios do mercado de
trabalho no século XXI.
− Incentive a participação de todos os estudantes, promovendo um ambiente inclusivo e
respeitoso.

RECURSOS:
Quadro, projetor, computador, acesso à internet em sala ou laboratório de informática.

23
PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação ocorre por meio de participação, engajamento dos estudantes nas atividades e discussões
propostas.

24
ATIVIDADES
Solicite aos estudantes que questionem seus avós, tios e tias e pessoas mais idosas as profissões nas
quais elas trabalharam. Faça esse levantamento e reflita se as profissões citadas ainda existem ou têm
perspectiva de trabalho na atualidade e seus salários na atualidade.

25
REFERÊNCIAS
CECHINEL, A. F.; Et al. FTD Sistema de Ensino: ensino médio: ciências humanas e sociais
aplicadas. 2º série. 2. ed. São Paulo: FTD, 2022.
NAZARÉ, Tiago Bittencourt ; et al. OS DESAFIOS DA INDÚSTRIA 4.0 NO BRASIL. Mythos
(Cataguases), v. 10, p. 129-137, 2019.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
educação infantil, ensino fundamental. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de
Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricula
r_mg.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-
crmg?fbclid=IwAR0pDhjAAej2_GsMKTaMztpUpQjJ6-eTlSrgXsXtGf0QafTM8xKz9q8hTg. Acesso em: 05
fev. 2023.
O QUE É Indústria 4.0? | Fluipress Automação Industrial. [s. l.], 2021. Disponível em:
https://fluipress.com.br/industria-4-0/o-que-e-industria-4-0/. Acesso em: 26 jun. 2023

26
MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2023

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência Específica 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos
âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos
epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em
relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e
fontes de natureza científica.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Imperialismo. (EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos


relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e
epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de natureza
qualitativa e quantitativa (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos,
documentos históricos, gráficos, mapas, tabelas etc.).
(EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar as tipologias evolutivas (como
populações nômades e sedentárias, entre outras) e as oposições dicotômicas
(cidade/ campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/sensibilidade,
material/virtual etc.), explicitando as ambiguidades e a complexidade dos
conceitos e dos sujeitos envolvidos em diferentes circunstâncias e processos.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Imperialismo e suas múltiplas facetas.
DURAÇÃO: 3 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Iniciaremos o nosso trabalho ressaltando que o imperialismo teve um impacto significativo nas fronteiras da
África, resultando em mudanças e transformações territoriais.
Durante o final do século XIX e início do século XX, as potências coloniais europeias estabeleceram uma
divisão e ocupação territorial intensa no continente africano, conhecida como "Partilha da África" ou
"Conferência de Berlim" (1884-1885). Nesse período, as fronteiras africanas foram desenhadas e redefinidas
pelos colonizadores, muitas vezes ignorando as divisões étnicas, culturais e históricas pré-existentes.
As principais potências coloniais na África foram a Grã-Bretanha, França, Bélgica, Alemanha, Portugal,
Espanha e Itália. Cada uma dessas potências estabeleceu sua presença em diferentes regiões do continente,
e as fronteiras coloniais foram determinadas pelos interesses econômicos e políticos dessas nações.
Como resultado desse processo de colonização, as fronteiras africanas foram traçadas de forma arbitrária,
dividindo grupos étnicos e culturais, misturando diferentes comunidades em uma mesma unidade política.
Muitas vezes, isso levou a tensões étnicas e conflitos internos após a independência dos países africanos.

27
Após a Segunda Guerra Mundial, houve movimentos de descolonização na África, e muitos países
conseguiram conquistar sua independência. Durante esse período, algumas fronteiras coloniais foram
mantidas, enquanto outras foram modificadas ou redefinidas por meio de negociações diplomáticas ou
conflitos armados. Além disso, a Organização para a Unidade Africana (OUA), fundada em 1963, e
posteriormente a União Africana (UA), têm trabalhado para promover a integração regional e resolver
disputas fronteiriças.
Atualmente, embora a maioria dos países africanos mantenha as fronteiras coloniais estabelecidas,
existem casos em que as questões fronteiriças persistem, como disputas territoriais entre nações
vizinhas. No entanto, é importante destacar que a história e as transformações das fronteiras africanas
são complexas e variadas, e requerem um estudo mais aprofundado e específico para cada caso.

B) DESENVOLVIMENTO:
Professor(a) o objetivo dessa sequência didática é explorarmos as diversas facetas do imperialismo.
Mas para isso precisamos compreender o que os nossos estudantes sabem sobre o tema. A ampliação
dos conhecimentos é nosso objetivo principal. A sugestão é que conteúdos do século XIX sejam
revisitados, para que os estudantes tenham um olhar atento para a conexão entre o tema proposto.

AULA 1: OBSERVAÇÃO DE IMAGENS E LEITURA DE TEXTO


1º momento: Observação de imagens
A imagem abaixo pode ser projetada para os estudantes de forma que eles reflitam sobre o seu
contexto.

Imagem 1 - Charge: As riquezas da África foram para os países industrializados (adaptado).

Fonte: (POLYP [s.d])

Além da imagem acima peça aos estudantes que reflitam sobre a afirmativa.

“O imperialismo é exclusivamente uma forma de expansão territorial”.

A partir dessa imagem e da reflexão sobre a afirmação, conduza os estudantes em uma discussão
sobre as facetas possíveis do imperialismo de forma que eles compreendam e se familiarizem com as
possibilidades. Também está sendo sugerido a leitura e contextualização.

28
2º momento: leitura de texto.

Texto 1
Imperialismo na África

O imperialismo europeu na África ocorreu ao longo do século XIX. Até 1876, 10,8% do território
africano estavam em posse de colonizadores. Já em 1900, o domínio europeu correspondia a
90,4%. A princípio, a exploração europeia estava espalhada ao longo da costa, com fortes postos
comerciais que garantiam o tráfico de escravos. As primeiras dominações em larga escala
começaram com a França e Grã-Bretanha.
A França ocupou a Argélia, em 1832, a Tunísia, em 1881 e, em seguida, o Marrocos. Assim, estava
criada a África Ocidental Francesa. Por sua parte, com o mesmo intuito de expansão territorial, a
Grã-Bretanha apossou-se do Egito em 1882, do Sudão e do sul da África. Em 1876, o rei da Bélgica,
Leopoldo II, dominou toda a área atual do Congo. A região ficou sob o domínio pessoal do monarca
até 1908, quando foi vendida ao governo da Bélgica e correspondia a oitenta vezes o tamanho do
país dominante.

Motivos
Entre os motivos para a dominação europeia estavam as riquezas naturais africanas. O território era
exuberante em pedras preciosas, matérias-primas vegetais e minerais.

Política e Guerra
Como estratégias de dominação foram usadas negociações políticas, manobras militares e
religiosas.
Para as negociações políticas, os chefes tribais faziam acordos comerciais com os europeus. Estes
levavam produtos da terra enquanto forneciam armas aos africanos.
A fim de expandir o território, os próprios europeus se aliavam com tribos e participavam das
guerras travadas entre eles. Assim, garantiam mais terras e aliados poderosos.

Religião e Ideologia
A religião cristã reforçou a ideia de inferioridade entre aquelas regiões onde era praticado o
politeísmo. Ali, os missionários demonizaram os costumes e os deuses, e conquistaram as mentes
também.
As teorias raciais, como o darwinismo social e o mito do fardo do homem branco, sustentaram a
exploração das riquezas naturais africanas. O argumento era apoiado na tese de que os africanos
eram “bárbaros” e precisavam da contribuição do europeu para alcançar o mesmo grau de
civilização.

Partilha da África
O ápice do imperialismo viria em 1885, com o acordo selado na Conferência de Berlim, que garantia
a liberdade comercial para todos os países em certas áreas. Igualmente, a reunião serviu para
determinar as fronteiras do território africano.
Após a Conferência de Berlim, a África foi dividida em 50 estados. Os termos do acordo não
respeitavam as divisões étnicas tradicionais e geraram impacto catastrófico sobre as nações.
É por este motivo que, ainda nos dias de hoje, alguns países permanecem sob rivalidade étnica que
causa guerras civis e pobreza extrema.

29
A partilha da África também está entre as justificativas para a deflagração da Primeira Guerra
Mundial (1914-1918). Descontentes com a divisão e sem mais territórios para conquistar, as
grandes potências entraram em desacordo e exigiam a revisão da partilha.
Profª Juliana Bezerra
Graduada em História
Texto adaptado

A partir da leitura da imagem, da reflexão sobre a frase afirmativa e da leitura do texto conduza os
estudantes em uma reflexão sobre as facetas possíveis do imperialismo de forma que eles
compreendam e se familiarizem com as possibilidades.
Professor (a), se julgar necessário trabalhe com seus estudantes o conceito de faceta.

faceta
|ê| (fa·ce·ta) substantivo feminino
1. Pequena superfície lisa de um corpo.
2. [Joalheria] Superfície plana e polida das pedras preciosas talhadas.
3. [Por extensão] Aspecto particular de algo ou de alguém, visto sob determinado ponto de vista
(ex.: a questão tem múltiplas facetas; para muitos, é uma faceta desconhecida de sua
personalidade). = LADO
4. [Anatomia] Porção circunscrita da superfície de um osso

"faceta", In: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2023.


Disponível em: https://dicionario.priberam.org/faceta.

AULA 2: AULA EXPOSITIVA: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E AS MÚLTIPLAS FACETAS


DO IMPERIALISMO
Professor(a), nesta aula, apresente para os estudantes uma visão diferenciada do imperialismo
ressaltando seus aspectos, que vão muito além da expansão territorial ou quebra de fronteiras. Segue
uma sugestão de texto para leitura, que pode ser reproduzido para os estudantes caso o professor (a)
julgue necessário. O texto também pode ser projetado no quadro.

Texto 2
O Imperialismo vai muito além do que sabemos

O imperialismo é um fenômeno complexo que apresenta múltiplas facetas. Embora seja


frequentemente associado à expansão territorial e ao controle político e econômico de uma nação
sobre outras, o imperialismo também pode manifestar-se de diversas maneiras. Aqui estão algumas
das múltiplas facetas do imperialismo:

Imperialismo territorial: Essa é a forma mais clássica e evidente de imperialismo, na qual uma
nação estende seu domínio territorial sobre outras regiões. Isso geralmente envolve a conquista
militar, a colonização e a imposição da administração política do poder imperial.

Imperialismo econômico: O imperialismo econômico ocorre quando uma nação exerce controle
sobre a economia de outras regiões, seja por meio da exploração de recursos naturais, da
dominação do comércio, do estabelecimento de monopólios ou da imposição de políticas econômicas
que beneficiam a nação imperial em detrimento das regiões dominadas.

30
Imperialismo cultural: O imperialismo cultural envolve a imposição da cultura, língua, valores e
tradições da nação imperial sobre outras culturas. Isso pode ocorrer por meio da difusão cultural, da
educação, da mídia e da supressão ou marginalização das culturas locais.

Imperialismo político: O imperialismo político refere-se à influência e controle exercidos por uma
nação sobre os assuntos políticos de outras regiões. Isso pode ocorrer por meio da interferência nos
governos locais, do estabelecimento de governos fantoches ou da imposição de políticas e ideologias
políticas.

Imperialismo tecnológico: O imperialismo tecnológico ocorre quando uma nação domina


tecnologicamente outras regiões, impondo seu conhecimento e suas inovações tecnológicas. Isso
pode criar uma dependência das regiões dominadas em relação à nação imperial e afetar sua
autonomia e desenvolvimento.

É importante notar que essas facetas do imperialismo muitas vezes estão interconectadas e se
reforçam mutuamente. O imperialismo pode ter impactos econômicos, políticos, sociais e culturais
profundos sobre as regiões dominadas, e seu legado ainda é visível em muitos países ao redor do
mundo. Estudar e compreender essas múltiplas facetas é essencial para uma análise abrangente do
imperialismo e seus efeitos históricos e contemporâneos.
Fonte: Profª Rossana Coelho
Graduada em História

AULA 3: DEBATE
Faça uma roda de conversa com os estudantes, proporcione e incentive a turma a expor suas ideias,
como também pensar nas implicações acerca do que foi estudado.
Professor (a) colete nesse momento o máximo de ideias possíveis. Cabe a você educador mediar o
debate (brainstorming), onde os estudantes deverão ser encorajados a refletirem sobre os seguintes
aspectos:
• Qual é a diferença entre Imperialismo Econômico e Imperialismo Cultural?
• O Imperialismo Tecnológico refere-se à imposição de tecnologias avançadas sobre regiões
menos desenvolvidas?
• Houve alguma forma de resistência ao Imperialismo?

RECURSOS:
Projetor, caderno, lápis e borracha, espaço para debates e discussões em grupo.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação deverá ser processual e contínua. Isso significa que deverá ser feita de forma gradual,
observando o progresso e o desempenho do estudante em diferentes momentos do processo de
aprendizagem. A participação dos estudantes na roda de conversa poderá sinalizar a adaptação à
atividade proposta. Também é importante o docente indagar os estudantes sobre a prática
apresentada e quão relevante ela se tornou no seu aprendizado.

31
ATIVIDADES
1 − A proposta para nossa primeira atividade é a realização de um Quiz sobre Imperialismo:
O quiz é uma atividade educativa que envolve a aplicação de perguntas e respostas para testar o
conhecimento dos estudantes sobre um determinado tema. Geralmente, os quizzes escolares são
usados como uma forma interativa de revisão de conteúdo, permitindo aos estudantes aplicarem o que
aprenderam e avaliar seu nível de compreensão.
Através dessa atividade objetivamos promover a participação ativa dos estudantes, estimulando o
raciocínio rápido, reforçando o aprendizado e fornecendo feedback imediato sobre o conhecimento
adquirido. Uma sugestão ́é que
1ª etapa: Abaixo estão sendo sugeridas 5 perguntas sobre o tema estudado. Professor (a), a
partir do seu tempo disponível você pode sugerir mais perguntas ou retirar.
2ª etapa: Classifique as perguntas: Divida as perguntas em diferentes níveis de dificuldade, como
fácil, médio e difícil. Isso permitirá que você adapte o quiz ao conhecimento dos estudantes.
3ª etapa: Determine as regras: Estabeleça as regras do seu quiz, como o número de rodadas, o
número de perguntas por rodada e como os pontos serão contabilizados. Explique as regras
para os participantes antes de começar o quiz.
4ª etapa: Prepare os materiais: Você precisará de papel, canetas e um quadro branco ou flip
chart para anotar as perguntas e respostas conforme o jogo avança. Certifique-se de ter o
suficiente para todos os participantes.
5ª etapa: motive os estudantes a participarem. Quanto mais pessoas, mais divertido será!
6ª etapa: Realize o quiz: Faça as perguntas em voz alta e dê tempo suficiente para os
participantes escreverem suas respostas. Em seguida, revele as respostas corretas e peça que
cada participante marque sua própria pontuação.
7ª etapa: Contabilize os pontos: Peça aos participantes que contabilizem seus pontos e
compartilhem suas pontuações ao final de cada rodada. Mantenha um registro das pontuações
para determinar o vencedor.
8ª etapa: Premiação: Se desejar, ofereça algum tipo de prêmio simbólico ao vencedor do quiz,
como um certificado ou um pequeno troféu caseiro.

Lembre-se de que a criatividade é fundamental ao criar um quiz manualmente. Você pode adicionar
elementos adicionais, como perguntas bônus ou desafios físicos relacionados ao tema, para tornar a
experiência mais divertida e interativa.

Seguem as perguntas sugeridas:

1.1 − Dê um exemplo histórico de imperialismo econômico.


a) Expansão territorial do Império Romano.
b) Colonização das Américas pelos europeus.
c) Revolução Industrial na Inglaterra.
d) Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética.

1.2 - Como o imperialismo afetou as fronteiras da África? Explique brevemente.


a) As fronteiras africanas foram mantidas intactas durante o período imperialista.
b) O imperialismo não teve influência nas fronteiras africanas.
c) As fronteiras africanas foram redesenhadas pelas potências europeias, ignorando as divisões
étnicas e culturais existentes.
d) O imperialismo fortaleceu as fronteiras africanas, promovendo a unidade entre os diferentes
grupos étnicos.

32
1.3 − Quais são as principais potências coloniais europeias associadas ao período do Imperialismo?
a) China e Japão.
b) Rússia e Estados Unidos.
c) Alemanha e França.
d) Itália e Espanha.

1.4 − Explique a relação entre o Imperialismo e a Descolonização.


a) O Imperialismo promoveu a descolonização, incentivando os países colonizadores a conceder
independência às suas colônias.
b) O Imperialismo e a Descolonização são termos que não têm relação entre si.
c) A Descolonização foi uma consequência direta do Imperialismo, à medida que as colônias
buscaram sua independência dos países colonizadores.
d) A Descolonização ocorreu antes do período do Imperialismo, tornando-o irrelevante para a
história colonial.

1.5 − Verdadeiro ou falso: As fronteiras coloniais estabelecidas durante o imperialismo foram


respeitadas após a independência dos países africanos. Justifique sua resposta.
a) Verdadeiro - As fronteiras coloniais foram mantidas para manter a estabilidade e a ordem na
África.
b) Verdadeiro - Os países africanos não tiveram interesse em alterar suas fronteiras após a
independência.
c) Falso - As fronteiras coloniais frequentemente não levaram em consideração as divisões étnicas
e culturais existentes, resultando em conflitos e disputas territoriais.
d) Falso - As fronteiras coloniais foram redesenhadas pelos países africanos após a independência
para refletir suas identidades nacionais.

1.6 − Qual foi a conferência importante que ocorreu em 1884-1885 para discutir a partilha da África
entre as potências coloniais europeias?
a) Conferência de Versalhes.
b) Conferência de Berlim.
c) Conferência de Viena.
d) Conferência de Potsdam.

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REFERÊNCIAS
AJAYI, J. F. A. e Crowder, Michael (orgs.). História Geral da África: Volume VI - África do século XIX
à década de 1880. Brasília: UNESCO, 2010.
AMIN, Samir. A Partilha da África: 1880-1900. Lisboa: Editora Edições Cosmos, 1989.
BEZERRA, Juliana. Imperialismo na África. Toda Matéria. [s. l.], [2023]. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/imperialismo-na-africa/. Acesso em: 26 jun. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Sistema de Avaliação da Educação Básica - documentos de
referência: versão 1.0. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira;
Diretoria de Avaliação da Educação Básica, Brasília, 2018. Disponível em:
https://download.inep.gov.br/educacao_basica/saeb/2018/documentos/saeb_documentos_de_referenc
ia_versao_1.0.pdf. Acesso em: 05 fev. 2023.
FACETA. In: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha] [s.l.], 2008-2023. Disponível
em: https://dicionario.priberam.org/faceta. Acesso em: 26 jun. 2023.
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios. São Paulo: Paz e Terra, 2012.
LÊNIN, Vladimir I. O Imperialismo: Fase Superior do Capitalismo. São Paulo: Boitempo Editorial,
2013.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
educação infantil, o ensino fundamental. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de
Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricula
r_mg.pdf. Acesso em: 19 jun. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino fundamental - anos finais.
Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022.
Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg.
Acesso em: 19 jun. 2023.
PARENTI, Michael. O Colonialismo: O Lado Negro do Imperialismo. São Paulo: Editora Moderna,
2010.
POLYP. As riquezas da África foram para os países industrializados. In: Wealth and Poverty,
Aid and Trade. [s.l.: s.d]. Disponível em: https://polyp.org.uk/wealth-
poverty_cartoons/cartoons_about_wealth_and_poverty.html. Acesso em 19. jun. 2023.

34
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência Específica 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais


nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de
procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se
criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões
baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
Competência Específica 6: Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes
posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com
liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Primeira Guerra Mundial. (EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor


argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais,
ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de
dados e informações de natureza qualitativa e quantitativa (expressões
artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos,
gráficos, mapas, tabelas etc.).
(EM13CHS603) Compreender e aplicar conceitos políticos básicos (Estado,
poder, formas, sistemas e regimes de governo, soberania etc.) na análise
da formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências
políticas.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: A 1ª Guerra Mundial e seus impactos no mundo.
DURAÇÃO: 03 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
A Primeira Guerra Mundial ocorreu entre 1914 e 1918 e teve um impacto significativo no mundo em
termos de desenvolvimento político, econômico e social. Aqui estão alguns pontos-chave relacionados
ao desenvolvimento durante esse período:
Tecnologia militar: A Primeira Guerra Mundial foi marcada por avanços tecnológicos significativos no
campo militar. Armas como metralhadoras, artilharia pesada, tanques, aviões e armas químicas foram
usadas pela primeira vez em grande escala. Esses avanços revolucionaram a guerra e tiveram um
impacto duradouro no desenvolvimento posterior da tecnologia militar.
Industrialização e produção em massa: A guerra exigiu um esforço industrial maciço para produzir
armas, munições e suprimentos para as forças armadas. Isso impulsionou a industrialização e a
produção em massa em muitos países, resultando em avanços na eficiência da produção,
desenvolvimento de novas indústrias e crescimento econômico.
Mudanças geopolíticas: O mapa político da Europa e do mundo sofreu mudanças significativas após a
guerra. O colapso de impérios como o Austro-Húngaro, o Russo, o Otomano e o Alemão resultaram na
formação de novos países e na redefinição de fronteiras. Essas mudanças geopolíticas tiveram um
impacto duradouro nas relações internacionais e no desenvolvimento dos países afetados.
Avanços sociais e políticos: A guerra levou a mudanças sociais e políticas em muitos países. A
participação massiva de soldados e trabalhadores nas frentes de batalha e nos esforços de guerra
levou a demandas por direitos trabalhistas, sufrágio feminino e igualdade social. Essas demandas
foram um impulso para mudanças políticas e sociais significativas nas décadas seguintes.

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Consequências econômicas: A guerra deixou muitos países endividados e com suas economias em
crise. As reparações de guerra impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes tiveram um impacto
significativo na economia do país e contribuíram para a instabilidade política e social que se seguiu.
Além disso, o colapso de sistemas econômicos em países afetados pela guerra abriu caminho para
ideologias políticas como o comunismo e o fascismo.
Em resumo, a Primeira Guerra Mundial teve um impacto profundo no desenvolvimento político,
econômico e social em todo o mundo. Suas consequências foram vastas e moldaram as décadas
seguintes, contribuindo para o surgimento de novas tecnologias, mudanças geopolíticas, avanços
sociais e políticos e desafios econômicos significativos.

B) DESENVOLVIMENTO:
Professor (a), essa sequência didática objetiva que os estudantes compreendam os eventos e as
causas da Primeira Guerra Mundial. Vale salientar que é muito importante que eles adquiram (O
objetivo central é fornecer a eles - sugiro trocar pelo escrito em vermelho) uma
compreensão sólida dos eventos, das causas que levaram ao conflito e das consequências para o
mundo.

AULA 1: ANTECEDENTES E ECLOSÃO DA 1ª GUERRA MUNDIAL


Objetivando criar subsídios para o desenvolvimento das habilidades propostas é necessário que sejam
exploradas as rivalidades entre as potências europeias, o sistema de alianças, o assassinato do
arquiduque Francisco Ferdinando e a eclosão da guerra.
A sugestão também é que eles tenham condições de analisar as consequências e o impacto da guerra:
é preciso que sejam capazes de compreender as consequências políticas, econômicas e sociais da
Primeira Guerra Mundial. Isso pode incluir discutir os tratados de paz, a queda de impérios, as
mudanças no mapa geopolítico da Europa e o surgimento de novos estados.
Apresente para a turma o poema abaixo. Ele pode ser impresso ou projetado no quadro. Foi escrito
durante e após a primeira guerra mundial.

É DOCE E HONROSO [DULCE ET DECORUM EST]


Wilfred Owen (tradução de Renato Amado Peixoto)

Encolhidos, como velhos mendigos debaixo de sacos,


Cambaleando como bêbados, tossindo feito velhas, nós ziguezagueamos em meio ao lamaçal,
Até que a luz bruxuleante dos sinalizadores nos fizesse virar
E, para a distante retaguarda, começar a caminhada.

Homens marchavam adormecidos. Muitos tinham perdido suas botas


Mas tropeçavam, calçados de sangue. Todos estavam alquebrados; todos cegos;
Bêbados de fadiga; não escutavam nem mesmo o rugido
Dos desinteressantes obuses que, fora de alcance, explodiam atrás.

Gás! Gás! Rápido, amigos! - A euforia de conseguir ajustar, atabalhoadamente, aquelas máscaras
desajeitadas, na hora exata;
Mas alguém urrava e caindo,
Debatia-se como se estivesse em chamas ou sob cal viva...
Embaçado, através das enevoadas lentes da máscara e de uma grossa luz verde;
Como se estivesse debaixo de um mar verde, eu o vi se afogar.

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Em todos os meus sonhos, diante de meus olhos impotentes,
Ele mergulha sobre mim, sorvendo o ar, asfixiando, afogando.

Se em algum sonho sufocante você também pudesse passar


Por detrás da carroça em que nós o arremessamos.
E observar os olhos brancos contorcidos em sua face,
Seu rosto pendurado, como o de um demônio cansado de pecar;

Se você pudesse ouvir, a cada solavanco, o sangue


Gargarejar dos seus pulmões corrompidos em espumas,
Obscenas como câncer, amargas e esverdeadas como a regurgitação de um boi
Infames, incuráveis feridas sobre línguas inocentes,

Meu amigo, você não iria, com tão grande entusiasmo e idealismo, contar
Para as crianças desejosas de algumas glórias desesperadas,
A velha Mentira: É doce e honroso
Morrer pela pátria.
Wilfred Owen, tradução de Renato Amado Peixoto.

Poemas e literatura escritos durante e após a guerra, como "Dulce et Decorum Est" de Wilfred Owen.
Disponível em: https://www.pensador.com/frase/MjcwODA4MQ/.

Professor (a) a partir da leitura do poema acima, explore junto aos estudantes o vocabulário, e se
necessário, esclareça as dúvidas quanto ao significado de alguma palavra.
Também é sugerido que o poema seja dividido em partes e que seja interpretado com a participação
da turma. Cabe lembrar que o poema de Wilfred Owen retrata os horrores causados pelo uso do gás
mostarda durante a 1ª guerra mundial.

AULA 2: APROFUNDANDO O TEMA ATRAVÉS DA PRÁTICA: CONVERSA DE PAPEL


Professor (a) essa metodologia estabelece uma rotina de pensamento que propicia aos estudantes que
coloquem em prática suas vivências e experiências, sinta-se à vontade para adaptá-la da melhor
maneira possível, atendendo a realidade de suas turmas e de seus estudantes.
Para essa segunda aula, a sugestão é dinamizarmos um pouco mais o trabalho, e ampliarmos a
participação dos estudantes. A sugestão é que a turma seja dividida em 4 grupos. Cada grupo
receberá uma cartolina. O educador poderá escrever na parte central da cartolina frases como:
tratados de paz, em outra cartolina, queda de impérios, mudanças no mapa geopolítico da Europa,
surgimento de novos estados, de forma que cada cartolina tenha uma frase diferente. Os estudantes
deverão escrever o que eles compreendem sobre aquela frase. Após 10 minutos, a cartolina deverá ir
para o outro grupo e assim sucessivamente, de forma que todos os estudantes possam escrever nas
cartolinas, com os quatro temas propostos o que eles pensam sobre aquela temática.
Além disso, pode-se explorar como a guerra afetou a vida das pessoas, tanto nos campos de batalha
como em casa.
Professor (a) se for possível, e você julgar necessário, permita que os estudantes usem seus
dispositivos móveis para fins de pesquisa. Essa sequência didática, pode incentivar os estudantes a
desenvolverem habilidades de pesquisa, permitindo-lhes explorar diferentes fontes de informação,
como documentos históricos, fotografias, testemunhos e relatos de soldados. Isso os ajudará a
desenvolver habilidades de análise crítica e interpretação de diferentes perspectivas históricas.

37
AULAS 3: RODA DE CONVERSA
Estamos chegando ao final desta sequência didática e a proposta é realizarmos uma roda de conversa.
O objetivo da roda de conversa é promover o pensamento crítico e o debate. A Primeira Guerra
Mundial é um assunto complexo e controverso, oferecendo oportunidades para discussões e debates
em sala de aula. Os estudantes podem ser incentivados a refletir sobre questões éticas, analisar as
diferentes visões dos países envolvidos no conflito e avaliar as consequências a longo prazo.

Roteiro
− Utilizar as cartolinas escritas pelos discentes como roteiro para dinamizar a roda de conversa.
− As cartolinas usadas na aula anterior servirão de roteiro para iniciarmos as discussões. O
importante é conectar a história à atualidade. Ao estudar a Primeira Guerra Mundial, os
estudantes podem ser encorajados a fazer conexões entre os eventos históricos e as questões
contemporâneas. Isso pode envolver a análise das semelhanças e diferenças entre a Primeira
Guerra Mundial e conflitos atuais, além de explorar como o legado do conflito ainda afeta as
relações internacionais.

RECURSOS:
Projetor, cartolina, preferencialmente branca, fita adesiva, canetinha, caderno, lápis e borracha. Espaço
para debates e discussões em grupo.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Professor (a), faz-se necessário avaliarmos a participação de cada estudante acerca do conhecimento
adquirido durante a sequência didática; também é fundamental incentivar a reflexão sobre a
importância da 1ª Guerra Mundial e o papel dela para a história do Brasil e do mundo. Estas reflexões
poderão propiciar aos nossos estudantes esclarecimentos necessários para tornarem-se cidadãos
críticos e responsáveis.

38
ATIVIDADES
1 − Observe o mapa a seguir.

Imagem 1 - Mapa da linha ofensiva da Tríplice Entente.

Fonte: (WORDPRESS, 2015)

A Primeira Guerra Mundial foi um dos conflitos armados mais violentos da humanidade e foi tão
impactante para sua época que ficou conhecido como a Grande Guerra. Os historiadores confirmam
essa importância e argumentam que ela encerrou o grande período de entusiasmo da Belle Époque
europeia. Sabendo disso, e de acordo com o que foi estudado, cite um fator que contribuiu para a
Primeira Guerra Mundial em 1914. Em seguida, justifique o porquê de esse fator ser considerado como
um motivo para a explosão do conflito.

2 − Observe o cartão postal, criado pelo governo francês em 1915, e a fotografia de autor
desconhecido do mesmo período e responda:

Imagem 2 - Os Dragões.

Fonte: (SCIELO, 2012)

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Imagem 3 - Soldados na guerra de trincheiras.

Fonte: (GRYZINSKI, 2016)

a) Como a guerra foi retratada no cartão postal francês- Os Dragões?


b) Descreva a fotografia presente no documento 2, tendo em vista o documento 1.

3 − O cartaz abaixo é um exemplo das propagandas de guerra usadas pelos governos nacionais
durante a Primeira Grande Guerra. Sobre isso, responda:

Imagem 4 - Cartaz: soldado na trincheira (adaptado).

Fonte: (FLICKR, [s.d])

a) A quem se dirigia o cartaz?


b) Qual era o seu objetivo?

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4 − A guerra de trincheiras foi uma das expressões mais cruéis da Primeira Guerra Mundial. Durante
anos, milhões de soldados de diferentes nacionalidades lutaram e morreram para defender suas
posições no campo de batalha. A partir da imagem, descreva a vida de um soldado durante a guerra.

Imagem 5 - Soldados em uma trincheira.

Fonte: (AFP, 2018)

5 − Este é um cartaz de propaganda do governo dos Estados Unidos durante a Primeira Guerra
Mundial. Ele foi feito para incentivar a população a comprar selos vendidos pelo governo para financiar
os gastos com o conflito. A participação dos Estados Unidos na guerra selou a vitória das forças aliadas
sobre a Alemanha e o Império Austro-Húngaro e representou um novo contexto nas relações
internacionais de poder. Cite e explique duas transformações políticas, econômicas ou sociais
provocadas pela Primeira Grande Guerra.

Imagem 6 - Selo da economia de guerra (adaptado).

Fonte: (FLICKR, [s.d]

41
REFERÊNCIAS
AFP. Soldados em uma trincheira durante a batalha de Somme. O Globo. [s. l.], 11 nov. 2018.
Disponível em: https://oglobo.globo.com/mundo/de-1918-2018-fim-da-primeira-guerra-mundial-
ompleta-100-anos-23223474?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo.
Acesso em: 19 jun. 2023
ARGUELHES, Delmo de Oliveira. Sob o Céu das Valquírias: As Concepções de heroísmo e honra dos
pilotos de caça na Grande Guerra (1914-19). Curitiba, Editora CRV, 2013.
BRASIL. Ministério da Educação. Sistema de Avaliação da Educação Básica - documentos de
referência: versão 1.0. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira;
Diretoria de Avaliação da Educação Básica, Brasília, 2018. Disponível em:
https://download.inep.gov.br/educacao_basica/saeb/2018/documentos/saeb_documentos_de_referenc
ia_versao_1.0.pdf. Acesso em: 05 fev. 2023.
CABANES, Bruno. A Grande Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
CHRISTOPHER, CLARK. Os Sonâmbulos: Como eclodiu a Primeira Guerra Mundial. Tradução de Berilo
Vargas e Laura Teixeira Motta. São Paulo, Companhia das Letras, 2014.
FERRO, Marc Martins Fontes. História da Primeira Guerra Mundial 1914-1918. Rio de Janeiro.
Edições 70, 1992 p 71 a 81.
FLICKR, [s.d]. Cartaz: soldado na trincheira. In: Alimente um combatente. Coma apenas o
necessário. Não desperdice. Que ele e sua família tenham o suficiente. Disponível em:
https://www.flickr.com/photos/library-company-of-philadelphia/with/35006947321/. Acesso em: 26
jun. 2023.
FLICKR, [s.d]. Selo da economia de guerra. In: Propaganda do governo dos Estados Unidos. No
cartaz está escrito: “Mantenha-o livre. Compre selos da economia de guerra”. Fonte: Library
Company of Philadelphia. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/library-company-of-
philadelphia/with/35006947321/. Acesso em: 26 jun. 2023.
JANKOWSKI, Paul. Verdun: A Batalha Decisiva da Primeira Guerra Mundial. São Paulo: Editora Unesp,
2018.
KEEGAN, John. A Primeira Guerra Mundial. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
MACMILLAN, Margaret. A Paz de Versalhes: 1919 e a Origem de um Mundo Desfeito. Tradução de
Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
educação infantil, o ensino fundamental. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de
Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br
/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricular_mg.pdf. Acesso em: 19 jun. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino fundamental - anos finais.
Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022.
Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg.
Acesso em: 19 jun. 2023.
SCIELO. 2012. Les Dragons. Cartão postal do governo francês de 1915. Disponível em
https://www.scielo.br/j/his/a/v3NxGGYD3YMK3k9ZngJzCnv/. Acesso em: 26 jun. 2023.
SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial: História Completa. Tradução de Roberto
Cataldo Costa. São Paulo, Contexto, 2014.
STEVENSON, David. 1914-1918: A História da Primeira Guerra Mundial. São Paulo: Companhia
das Letras, 2014.
GRYZINSKI Vilma. Soldado na guerra de trincheira. Veja. [s. l.], 5 dez. 2016. Disponível em:
https://veja.abril.com.br/coluna/mundialista/cem-anos-da-grande-batalha-uma-semana-de-punhaladas.
Acesso em: 26 jun. 2023.
WORDPRESS. 2015. Mapa das linhas ofensiva da Tríplice Entente e das Potências Centrais
durante a Primeira Guerra Mundial. Disponível em:
https://1guerramundialblog.wordpress.com/2015/09/30/as-fases-da-guerra/. Acesso em: 26 jun. 2023.

42
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência Específica 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais


nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de
procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se
criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões
baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
Competência Específica 5: Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e
violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos
Humanos.
Competência Específica 6: Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes
posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com
liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Crise de 1929 e os Estados (EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor


Totalitários de Direita. argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais,
ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de
dados e informações de natureza qualitativa e quantitativa (expressões
artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos,
gráficos, mapas, tabelas etc.).
(EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica,
psicológica etc.), suas causas, significados e usos políticos, sociais e
culturais, avaliando e propondo mecanismos para combatê-las, com
base em argumentos éticos.
(EM13CHS603) Compreender e aplicar conceitos políticos básicos
(Estado, poder, formas, sistemas e regimes de governo, soberania etc.)
na análise da formação de diferentes países, povos e nações e de suas
experiências políticas.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: A Crise de 1929 e o surgimento de Regimes Totalitários.
DURAÇÃO: 03 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
A crise de 1929, também conhecida como a Grande Depressão, foi a pior crise econômica do século
XX. Ela teve origem nos Estados Unidos e teve impactos significativos em todo o mundo, ela causou
um colapso do mercado de ações.
Iniciando no dia 24 de outubro de 1929, quando ocorreu o famoso "Crash da Bolsa de Valores de Nova
York", a crise fez com que os preços das ações despencassem rapidamente, resultando em perdas
financeiras massivas para investidores e o fechamento de muitas empresas. Podemos apontar outros
problemas ocasionados pela crise:
− Desemprego em massa: A Grande Depressão levou a um aumento drástico do desemprego
nos Estados Unidos. Milhões de pessoas perderam seus empregos, e as taxas atingiram níveis
alarmantes, chegando a cerca de 25%.
− Falências e fechamento de empresas: Devido à queda na demanda por bens e serviços,
muitas empresas não conseguiram sobreviver e acabaram falindo. Isso levou a uma crise
generalizada no setor empresarial e a uma queda acentuada na produção industrial.

43
− Pobreza e dificuldades sociais: A crise levou a um aumento significativo da pobreza e das
dificuldades sociais nos Estados Unidos. Muitas pessoas perderam suas casas, tiveram
dificuldades para alimentar suas famílias e enfrentaram condições precárias de vida.
− Propagação da crise: A crise econômica dos Estados Unidos se espalhou para outros países,
à medida que o comércio internacional e os investimentos foram afetados. As economias em
todo o mundo entraram em recessão, com quedas acentuadas na produção, no comércio e no
emprego.
− Queda do comércio internacional: A crise resultou em uma queda significativa no comércio
global. Os países implementaram políticas protecionistas, como a imposição de altas tarifas e
barreiras comerciais, levando a uma redução do comércio internacional e a uma contração da
economia global.
− Aumento da instabilidade política: A Grande Depressão alimentou a instabilidade política
em vários países. O desemprego em massa, a pobreza e as dificuldades econômicas levaram ao
surgimento de movimentos extremistas e ao aumento das tensões sociais.
− Redefinição do papel do Estado na economia: A crise levou a uma mudança significativa
nas políticas econômicas, tanto nos Estados Unidos como em outros lugares. Os governos
começaram a desempenhar um papel mais ativo na economia, adotando medidas de estímulo,
regulamentação e bem-estar social para tentar combater os efeitos devastadores da crise.

A crise de 1929 teve um impacto duradouro nas políticas econômicas, na regulação financeira e nas
teorias econômicas. As lições aprendidas com essa crise influenciaram a abordagem das autoridades
governamentais em relação à economia durante as décadas seguintes.

B) DESENVOLVIMENTO:
Professor (a) essa sequência didática tem por objetivo estabelecer uma relação entre a Crise de 1929 e
o surgimento dos regimes totalitários na Europa. Sinta-se à vontade para fazer quaisquer modificações
que julgar necessário.

AULA 1: AULA EXPOSITIVA - LEITURA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO COM OS ESTUDANTES


Professor (a), abaixo está a sugestão de um texto simples que pode ou não ser trabalhado com os
estudantes. Também é importante retomar alguns conceitos básicos como capitalismo, economia de
mercado e crises superprodutivas. Explicite para a turma que a crise de 1929 afetou toda a economia
mundial e que em cada país ela apresentou consequências diferentes.

Texto 1
Os impactos da Crise de 1929

A crise de 1929, foi uma das mais severas recessões econômicas da história mundial. Durante
esse período, muitas atividades foram afetadas devido ao colapso do mercado de ações e à
subsequente crise financeira. Aqui estão algumas atividades que foram impactadas pela crise:

Setor financeiro: O colapso da bolsa de valores de Wall Street em outubro de 1929


desencadeou uma série de falências bancárias e a quebra de várias instituições financeiras. Os
bancos enfrentaram uma falta de confiança generalizada e a retirada de depósitos, resultando
em um colapso do sistema financeiro.

Indústria: A produção industrial diminuiu significativamente durante a Grande Depressão. As


empresas enfrentaram uma queda acentuada na demanda por produtos, o que levou a uma

44
redução na produção e ao fechamento de fábricas. Milhões de trabalhadores perderam seus
empregos e as taxas de desemprego atingiram níveis alarmantes.

Agricultura: A crise afetou especialmente os agricultores. O mercado de commodities entrou


em colapso e os preços dos produtos agrícolas despencaram. Muitos agricultores foram à
falência devido à queda nos lucros e à incapacidade de pagar suas hipotecas, levando a uma
crise generalizada no setor agrícola.

Comércio internacional: A crise econômica dos Estados Unidos se espalhou pelo mundo,
levando a uma diminuição significativa no comércio internacional. O protecionismo aumentou à
medida que os países adotaram políticas comerciais restritivas para proteger suas indústrias
nacionais. Isso agravou ainda mais a queda na demanda e aprofundou a crise econômica global.

Vida cotidiana: A crise teve um impacto profundo nas condições de vida das pessoas. O
desemprego em massa levou à pobreza generalizada, com muitas famílias lutando para
sobreviver. Houve uma queda nos padrões de vida, aumento da mendicância e da desigualdade
social.

Essas são apenas algumas das atividades que foram afetadas pela crise de 1929. A Grande
Depressão teve um impacto duradouro na economia e na sociedade, levando a mudanças
significativas nas políticas governamentais e no sistema financeiro para tentar prevenir crises
semelhantes no futuro.
Fonte: Profª Rossana Coelho
Graduada em História

É importante ressaltar para a turma que a crise de 1929 afetou toda a economia mundial e que em
cada país ela pode apresentar consequências diferentes. No caso de alguns desses países, como a
Itália e a Alemanha, a crise acabou tornando-se terreno fértil para o surgimento de ideais fascistas.
Mas o que é o fascismo? Na segunda aula, é necessário que estes conceitos sejam trabalhados para
que possamos estabelecer as conexões entre seus ideais fascistas e a crise de 1929.

AULA 2: OS REGIMES FASCISTAS / TOTALITÁRIOS


Para que o conceito de fascismo fique claro para os estudantes sugiro que comecemos analisando a
imagem abaixo. Ela nos dá a dimensão da propaganda fascista.

Imagem 1 - Propaganda politiche.

Fonte: (WIKIMEDIA COMMONS, 1924)


45
Observe que a propaganda nos remete a refletir sobre a imagem de prosperidade econômica que o
nazismo quer vender para a sociedade alemã. Aqui, a Lira, moeda alemã, está rapidamente se
valorizando, ao contrário do franco, moeda francesa, que vem perdendo força. Esse tipo de
propaganda se tornou ainda mais potente após a crise de 1929.

Imagem 2 - Uma garotinha nazista (adaptado).

Fonte: (WORDPRESS, [s.d])

Mais um exemplo de propaganda nazista. Observe a aparência ariana da garota, seu uniforme
militante da Juventude Hitlerista e sua lata de dinheiro com o símbolo da suástica. Observamos ainda o
esquema de cores que nos remete à bandeira da Alemanha.
As propagandas fascistas podem variar em termos de formato e conteúdo, dependendo do contexto
histórico e do país em questão. Algumas características comuns podem remeter a um forte simbolismo.
Geralmente fazem uso de símbolos e imagens poderosas para transmitir mensagens. Um exemplo
notório é a suástica usada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
A propaganda também, muitas vezes, busca evocar emoções intensas, como medo, orgulho
nacionalista ou raiva. Ela pode retratar um inimigo comum para unir o povo em torno de um objetivo
específico.
Também cabe ressaltar que a propaganda fascista costuma destacar um líder carismático, retratando-o
como um salvador ou figura messiânica capaz de liderar a nação em direção à grandeza.
É importante lembrar que o fascismo é uma ideologia autoritária e altamente manipuladora. Suas
técnicas de propaganda foram utilizadas para promover ideias de supremacia racial, nacionalismo
extremo e controle totalitário. Ressalte aos estudantes que a análise dessas técnicas serve para
entender a natureza e os perigos do fascismo, e não para promovê-lo ou legitimá-lo.

Principais conceitos a serem trabalhados


− Regimes totalitaristas - Um regime totalitarista é uma forma de governo caracterizada pelo
controle absoluto do Estado sobre todos os aspectos da vida dos cidadãos. Nesse tipo de
regime, o poder é concentrado nas mãos de um único líder ou partido político, e as liberdades
individuais e os direitos civis são severamente restringidos. Alguns exemplos históricos de
regimes totalitaristas incluem o nazismo na Alemanha, o fascismo na Itália sob Mussolini, o
46
stalinismo na União Soviética e o maoísmo na China durante a era de Mao Zedong. É
importante ressaltar que os regimes totalitaristas são considerados como violações dos direitos
humanos fundamentais e contrários aos princípios da democracia e do Estado de direito.
− Fascismo - O fascismo é uma ideologia política e um sistema de governo autoritário que
surgiu na Europa no período entre as duas guerras mundiais, sendo mais proeminente durante
o século XX. O termo "fascismo" deriva do italiano "fascio", que significa "feixe" e simboliza a
união e a força. É importante destacar que o fascismo é amplamente considerado uma
ideologia antidemocrática, opressiva e que viola os direitos humanos fundamentais. O seu
impacto durante o século XX foi marcado por violência, perseguição étnica e racial, e crimes
contra a humanidade.
− Nazismo - O nazismo é uma ideologia política associada ao regime liderado por Adolf Hitler na
Alemanha entre os anos de 1933 e 1945. O termo "nazismo" é uma abreviação de "nacional-
socialismo" (em alemão, Nationalsozialismus). O nazismo teve um impacto devastador durante
a Segunda Guerra Mundial, resultando na perseguição, deportação e genocídio de milhões de
pessoas, principalmente judeus, em um evento conhecido como Holocausto. Após a derrota da
Alemanha nazista em 1945, o regime foi desmantelado e seus líderes foram julgados pelos
crimes de guerra e crimes contra a humanidade. O nazismo é considerado uma ideologia
extremista, racista e antidemocrática.

Professor (a) após trabalhar com a turma os conceitos relacionados ao nazi/fascismo e o


fortalecimento desses regimes após a 1ª Guerra Mundial, conectaremos tais conceitos à crise de 1929.

AULA 3 - DEBATE COM O TEMA: TERIA A CRISE DE 1929 ALGUMA RELAÇÃO COM O
FORTALECIMENTO DOS REGIMES TOTALITÁRIOS DE DIREITA?

− Roteiro de Debate: Como a Crise de 1929 propiciou o surgimento do Regime Nazista.


− Apresentação do tema, das regras e dos participantes
Tempo disponível: 10 minutos
Apresentação do tema: Explique que o debate irá explorar a relação entre a crise de 1929 e o
surgimento do regime nazista na Alemanha.
Apresentação dos participantes: Introduza os participantes e atribua a eles papéis específicos,
como defensores ou opositores da ideia central do debate.
Estabelecimento das regras: Defina as regras do debate, como tempo de fala para cada
participante e respeito às opiniões divergentes.

Impacto econômico da Crise de 1929


Tempo disponível: 10 minutos
− Defensores: Argumentem que a crise econômica teve um impacto profundo na Alemanha,
resultando em desemprego em massa, pobreza e instabilidade financeira.
− Opositores: Apontem que a crise econômica também afetou outros países e que não
necessariamente levou ao surgimento de regimes autoritários.

Descontentamento social e político


Tempo disponível: 10 minutos
− Defensores: Destaquem como o desemprego generalizado e as dificuldades econômicas criaram
um ambiente propício para o crescimento do descontentamento social, abrindo espaço para
líderes radicais como Adolf Hitler ganharem popularidade.
− Opositores: Argumentem que o descontentamento social e político não é suficiente para
explicar o surgimento do regime nazista, e que outros fatores também desempenharam um
papel importante.
47
Propaganda e estratégia do partido nazista
Tempo disponível: 10 minutos
− Defensores: Enfatizem como o partido nazista se aproveitou da crise para espalhar sua
propaganda, retratando judeus, comunistas e outros grupos como bodes expiatórios pelos
problemas da Alemanha.
− Opositores: Pontuem que outros partidos políticos também utilizaram estratégias de
propaganda durante a crise, mas o partido nazista foi mais eficiente em explorar o contexto
social e econômico.

Conclusão
− Tempo disponível: 10 minutos.
− Resumo dos argumentos: Recapitule os principais pontos apresentados pelos defensores e
opositores.
− Reflexão final: Encoraje os participantes a refletirem sobre a relação complexa entre a crise de
1929 e o surgimento do regime nazista, levando em consideração os múltiplos fatores
envolvidos.
− Consideração de outras influências: Discuta brevemente outros fatores históricos que também
podem ter contribuído para o surgimento do regime nazista, como o ressentimento após a
Primeira Guerra Mundial e a ascensão do movimento fascista em outros países europeus.

Encerramento
Professor (a), segue uma sugestão de leitura para nortear os estudantes para que eles possam
estabelecer as conexões entre a crise de 1929 e o nazi/fascismo.
Faça a escuta atenta da opinião dos mesmos e as intervenções necessárias.

Texto 2

A Crise de 1929 e o surgimento dos regimes totalitários de direita

A crise de 1929 teve um impacto significativo no surgimento de regimes autoritários em diversos


países. Podemos apontar algumas maneiras pelas quais essa crise contribuiu para esse
fenômeno:
− Instabilidade econômica e social: A crise de 1929 resultou em uma queda acentuada na
produção, aumento do desemprego em massa e uma série de falências de empresas.
Isso levou a uma profunda instabilidade econômica e social, com muitas pessoas
enfrentando dificuldades financeiras e incertezas em relação ao futuro. A situação de
crise e desespero criou um terreno fértil para líderes autoritários que prometiam
estabilidade e soluções rápidas para os problemas.
− Descontentamento popular e perda de confiança nas instituições democráticas: A crise de
1929 minou a confiança das pessoas nas instituições democráticas existentes. Muitos
cidadãos sentiram que os governos democráticos não estavam lidando efetivamente com
a crise econômica e que as elites políticas estavam desconectadas das dificuldades
enfrentadas pela população. Esse descontentamento e a perda de fé na democracia
abriram espaço para líderes autoritários que prometiam soluções rápidas e eficazes.
− Propagação de ideologias extremistas: A crise de 1929 coincidiu com o surgimento e a
propagação de ideologias extremistas, como o fascismo na Itália, o nazismo na Alemanha
e o autoritarismo populista em outros países. Essas ideologias apresentavam uma visão
simplista e radical para enfrentar os desafios econômicos e sociais da época, além de

48
oferecer um bode expiatório para culpar pelos problemas, como minorias étnicas, grupos
políticos ou nações estrangeiras.
− Liderança carismática e promessa de estabilidade: Os líderes autoritários que emergiram
durante esse período frequentemente se apresentaram como figuras carismáticas e
fortes, capazes de restaurar a ordem e a estabilidade em meio à crise. Eles exploraram o
medo e a insatisfação das pessoas, prometendo soluções rápidas, liderança centralizada e
uma visão de grandeza nacional. Essas promessas atraíram muitos indivíduos que
buscavam segurança e uma saída para a crise.
É importante ressaltar que outros fatores também contribuíram para o surgimento de regimes
autoritários, como as condições pós-Primeira Guerra Mundial, as tensões sociais e políticas
existentes e a manipulação política por parte desses líderes. A crise de 1929 não foi a única
causa, mas certamente desempenhou um papel significativo no ambiente propício para o
surgimento desses regimes autoritários.

Fonte: Profª Rossana Coelho


Graduada em História

RECURSOS:
Projetor, caderno, cópias dos textos, se possível, lápis e borracha, espaço para debates e discussões
em grupo.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Professor (a), avalie a participação de cada estudante, as ideias apresentadas e desenvoltura no
momento da exposição e do debate. Também é importante avaliar o respeito que cada estudante tem
com a ideia do outro durante a sequência didática. Finalize incentivando a reflexão sobre xenofobia,
racismo e como os regimes totalitários tornam-se extremos quando incentivados por governos.

49
ATIVIDADES
1 − A partir dos conhecimentos adquiridos sobre a 1ª Guerra Mundial e a Crise de 1929, resolva a
questão a seguir:

“Com o fim da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos entraram em um período de grande
crescimento econômico. O país tornou-se o grande exportador de alimentos e produtos industriais para
a Europa. Em 1929, os Estados Unidos eram responsáveis por 42% de toda mercadoria produzida no
mundo. Esse grande crescimento da economia do país teve reflexos internos. Cresceu o poder de
compra da classe média norte-americana. Multiplicaram-se as vendas de automóveis, rádios,
geladeiras, lavadoras de roupa e fogões elétricos. Consolidava-se, assim, a chamada sociedade de
consumo”.

Explique o que significa essa sociedade de consumo.

2 − Qual foi o principal fator que desencadeou a crise de 1929?


a) A quebra do sistema bancário europeu.
b) A superprodução industrial.
c) O aumento da oferta de empregos.
d) A diminuição dos investimentos estrangeiros.

3 − Ainda que não encerrasse um projeto coerente de reformas políticas, econômicas e sociais, as
políticas implementadas por Franklin D. Roosevelt em resposta à Grande Depressão lançaram os
fundamentos do estado keynesiano e do poder sindical nos Estados Unidos. (...) o New Deal poder ser
dividido em quatro dimensões: a relativa a reformas econômicas e à regulação de setores da
economia, a que se refere a medidas emergenciais, a que diz respeito a transformações culturais, e,
por último, a referente à nova pactuação política entre o Estado e atores sociais até então largamente
alijados da esfera pública.

Imagem 3 - Homens esperando por pão.

Fonte: (WIKIMEDIA COMMONS, [s.d])

a) Qual o nome do conjunto de reformas econômicas e sociais adotadas pelo governo dos Estados
Unidos no contexto da Grande Depressão?
b) Dê exemplos dessas reformas adotadas.

50
3 − Qual foi o principal fator que desencadeou a crise de 1929?
a) A quebra do sistema bancário europeu.
b) A superprodução industrial.
c) O aumento da oferta de empregos.
d) A diminuição dos investimentos estrangeiros.

4 − Quais foram as principais consequências da crise de 1929?


a) Aumento dos investimentos em infraestrutura.
b) Expansão do comércio internacional.
c) Desemprego em massa e queda do consumo.
d) Aumento da estabilidade financeira global.

51
REFERÊNCIAS
ARENDT, H. Origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras, 2004.
BRASIL. Ministério da Educação. Sistema de Avaliação da Educação Básica - documentos de
referência: versão 1.0. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira;
Diretoria de Avaliação da Educação Básica, Brasília, 2018. Disponível em:
https://download.inep.gov.br/educacao_basica/saeb/2018/documentos/saeb_documentos_de_referenc
ia_versao_1.0.pdf. Acesso em: 05 fev. 2023.
BRENER, Jayme. 1929 - A Crise que mudou o Mundo. Rio de Janeiro: Ática, 2006.
CARONE, Edgard. Brasil e a Crise de 1929. São Paulo: Editora Ática, 1994.
EVANS, Richard J. O Nazismo: História e Memória. São Paulo: Editora Zahar, 2008.
HOBSBAWN, Eric. A Era dos Extremos: O Breve Século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
LIMONCIC, Flávio. Os inventores do New Deal: estado e sindicato nos Estados Unidos dos anos
1930/ Flávio Limoncic. – Rio de Janeiro: mimeo, 2003.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
educação infantil, o ensino fundamental. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de
Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricula
r_mg.pdf. Acesso em: 19 jun. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino fundamental - anos finais.
Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022.
Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg.
Acesso em: 19 jun. 2023.
NUCCI, Guilherme de Souza. 1929: A Crise que mudou o Mundo. São Paulo: Editora Saraiva, 2019.
PACHECO, Marco Túlio de Sousa. Fascismo: Ontem e Hoje. São Paulo: Editora Contexto, 2019.
PIKETTY, Thomas. O Capital no Século XXI. São Paulo: Intrínseca, 2014.
WIKIMEDIA COMMONS. [s.d]. Homens esperando por pão. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bowery_men_waiting_for_bread_in_bread_line,_New_York_C
ity,_Bain_Collection_(cropped).jpg?uselang=pt-br. acesso em: 26 jun. 2023.
WIKIMEDIA COMMONS. 1924. Propaganda politiche 1924. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Propaganda_politiche_1924.jpg. Acesso em: 26 jun. 2023.
WORDPRESS. [s.d]. Uma garotinha nazista. In: Facisim and Design: The Nazi Aesthetic. Disponível
em: https://laurenmacsweencdc.wordpress.com/. Acesso em: 26 jun. 2023.

52
MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2023

Filosofia Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência Específica 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos
âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir de procedimentos
epistemológicos e científicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente com relação a esses
processos e às possíveis relações entre eles.
Competência Específica 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços,
mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores de conflito e
negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam o exercício
arbitrário do poder.
Competência Específica 5: Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência,
adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

O surgimento das (EM13CHS101) Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas


Ciências Humanas e sua em diversas linguagens, com vistas à compreensão e à crítica de ideias
especificidade. filosóficas e processos e eventos históricos, geográficos, políticos,
econômicos, sociais, ambientais e culturais.
A revolução científica e a
mudança de paradigma (EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas,
do pensamento filosófico geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais da
e das visões de mundo. emergência de matrizes conceituais hegemônicas (etnocentrismo, evolução,
modernidade etc.), comparando-as a narrativas que contemplem outros
agentes e discursos.
(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica e de
diferentes gêneros textuais e as tecnologias digitais de informação e
comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas
práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e
disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
(EM13CHS206) Compreender e aplicar os princípios de localização,
distribuição, ordem, extensão, conexão, entre outros, relacionados com o
raciocínio geográfico, na análise da ocupação humana e da produção do
espaço em diferentes tempos.
(EM13CHS501) Compreender e analisar os fundamentos da ética em
diferentes culturas, identificando processos que contribuem para a formação
de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a autonomia e o poder de
decisão (vontade).
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana (estilos de vida, valores,
condutas etc.), desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade
e preconceito, e propor ações que promovam os Direitos Humanos, a
solidariedade e o respeito às diferenças e às escolhas individuais.

53
(EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes
das transformações científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo
e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos
sociais, sociedades e culturas.

(EM13CHS306) Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de


diferentes modelos econômicos no uso dos recursos naturais e na
promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: A filosofia e sua relação com as Ciências Humanas.
DURAÇÃO: 4 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Olá, Professor(a)! Nesse planejamento iremos abordar a construção do novo paradigma científico e do
surgimento das ciências humanas no período Moderno. É sabido por nós que o avanço do capitalismo
industrial, a afirmação da burguesia no poder e o grande êxodo rural são aspectos determinantes que
contribuíram para a afirmação de tais ciências. Porém, esse desenvolvimento esteve interligado com o
modo como a ciência se afirmou na Modernidade, ou seja, com a necessidade de um método, com a
possibilidade de questionar os resultados e, com isso, avançar no conhecimento.
O tema que iremos tratar, tem farta literatura seja nos livros didáticos, seja em canais digitais. A nossa
proposta através desse instrumento é abordar o surgimento das Ciências Humanas e o novo
paradigma científico, não somente a partir dos conceitos já estabelecidos e de fácil acesso por nós,
mas a partir de um tema prático, em que os estudantes possam compreender como o fazer científico é
possibilitado através dos diversos métodos. Em nosso caso, daremos prioridade para as áreas das
ciências humanas, que com a filosofia, fazem parte do currículo escolar: Geografia, História e
Sociologia. Sendo assim, há a possibilidade de uma construção interdisciplinar dessa sequência de
aulas. O diálogo com os pares e a adequação à realidade local podem resultar em um trabalho
interdisciplinar que consiga mostrar aos estudantes a importância dessas disciplinas para a sua
formação.
Para a execução de nosso objetivo, a nossa sequência será dividida em quatro partes: 1)
Sensibilização; 2) Problematização: 3) Investigação; 4) Conceituação. Na primeira aula, faremos a
sensibilização dos estudantes introduzindo-os na temática a ser trabalhada: o método científico. Na
segunda e terceira aulas iremos desenvolver a problematização e a investigação com o foco nas
ciências humanas. Na última aula, faremos a conceituação, motivando assim os estudantes a criarem o
conceito de ciências e, dentro desta, ciências humanas.

B) DESENVOLVIMENTO:
AULA 1 – SENSIBILIZAÇÃO – INTRODUÇÃO AO MÉTODO CIENTÍFICO
A primeira parte de nossa sequência é a sensibilização dos estudantes. Para isso, utilize o texto a
seguir:

54
Filosofia e Ciências Humanas
Você já deve ter ouvido falar que a filosofia é a mãe de todas as ciências, mas o que isso quer
dizer? Seria a filosofia mesma uma ciência? Ela é definida por um método que parta por alguns
princípios? A filosofia, em sentido estrito, não é uma ciência. A função principal da filosofia é a
criação de conceitos com os quais interpretamos a realidade, o mundo humano e não humano.
Através desses conceitos, a filosofia constrói aparatos epistemológicos (conhecimento) com os
quais podemos julgar a validade ou não de um conjunto de pensamentos. Sendo assim, a
filosofia, apesar de não ser uma ciência, deu a base para que a ciência pudesse ser construída.
Foi no início do século XVII que uma grande virada seria feita no conhecimento científico,
gerando mais fortemente o conceito de método e vinculando-o com a ciência. Essa virada se
deu através do pensamento de René Descartes (1596 – 1650). O filósofo, no livro Discurso do
Método, deu as bases do método científico que estaria estruturado em quatro partes: a)
Evidência; b) Análise; c) Síntese; d) Enumeração. Assim, a partir de alguma evidência da
realidade, partiríamos para a análise, em que dividiríamos o objeto do estudo em partes para
compreendê-lo melhor. Depois seria feito a síntese partindo das concepções mais simples até
as mais complexas e, por fim, seria feito a enumeração, ou seja, a construção do pensamento
de maneira clara e distinta.
A construção desse caminho metodológico, unido aos avanços que Galileu Galilei (1564-1642)
imprimiu na astronomia, deram as bases da ciência moderna, em especial às Ciências da
Natureza.
No século XIX, outros problemas passaram a questionar as ciências e geraram uma profunda
discussão metodológica. Esses problemas estavam atrelados ao comportamento humano, à
vida em sociedade, à forma como narrar a história, entre outros. Os métodos, desenvolvidos
para as Ciências da Natureza, não mais deram conta da realidade e, foi nesse contexto, que
começaram a se firmar os diversos métodos das Ciências Humanas, foco de nosso estudo ao
longo deste planejamento.

Após a utilização desse texto, faça um exercício com os estudantes, sistematizando o que vem a ser o
modo de ação das Ciências da Natureza. Quanto às Ciências Humanas, aprofundaremos nas aulas
seguintes. Abaixo, está um texto do Jornal LUPA, número 15 de janeiro de 2023.

Cientistas descobrem dois novos minerais em meteorito de 15 toneladas


Minerais foram batizados de 'elaliita' e 'elkinstantonita'; eles foram encontrados em uma
amostra da rocha espacial que caiu na Somália em 2020.
Por g1 Disponível em: https://tinyurl.com/yukjn3hp

Cientistas encontraram pelo menos dois minerais inéditos em um meteorito de 15 toneladas,


o nono maior já encontrado na Terra. A descoberta foi feita por pesquisadores da
Universidade de Alberta, no Canadá, que receberam uma amostra de 70 gramas da rocha
espacial.
O geólogo e professor da universidade Chris Herd disse que, ao analisar a pequena fatia do
meteorito gigante, notou algo incomum — algumas partes da amostra não eram identificáveis
por microscópio. Minerais parecidos e criados sinteticamente em laboratório na década de
1980 permitiram a rápida identificação dos novos minerais, até então nunca vistos na
natureza. “Isso foi fenomenal. Na maioria das vezes, dá muito mais trabalho do que isso dizer
que há um novo mineral", afirmou Herd em um comunicado da Universidade de Alberta.

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Os novos minerais foram batizados de 'elaliita' e 'elkinstantonita' — os nomes foram
escolhidos para homenagear o 'El Ali', meteoro gigante que deu origem aos minerais, e a
pesquisadora Lindy Elkins-Tanton, investigadora principal da futura missão Psyche, da
Agência Espacial Americana (Nasa).
De acordo com os especialistas, os novos minerais são de fosfato de ferro e foram aprovados
pela Associação Internacional de Mineralogia em novembro deste ano. “Sempre que você
encontra um novo mineral, isso significa que as condições geológicas reais, a química da
rocha, era diferente do que foi encontrado antes”, disse o professor. “É isso que torna isso
emocionante: neste meteorito em particular, você tem dois minerais oficialmente descritos
que são novos para a ciência", afirmou.
Há indícios de que um terceiro mineral ainda possa ser encontrado no meteorito. Os
pesquisadores continuam analisando os novos minerais para entender o que eles podem dizer
sobre as condições do meteorito quando ele se formou. “Sempre que há um novo material
conhecido, os cientistas de materiais também se interessam por causa dos usos potenciais em
uma ampla gama de coisas na sociedade", explicou Herd. O meteorito de 15 toneladas, que
deu origem aos novos minerais, foi encontrado na Somália, em 2020. Ele é chamado de 'El
Ali', mesmo nome da cidade em que foi localizado.

Texto retirado de: Cientistas descobrem dois novos minerais em meteorito de 15 toneladas. Portal G1, [S. l.],
2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2022/12/27/cientistas-descobrem-dois-novos-
minerais-em-meteorito-de-15-toneladas.ghtml>. Acesso em: 28 jun. 2023.

Após fazer a leitura do texto, indique os quatro elementos do método científico de René Descartes
presente no fazer científico da descoberta acima:
1 - Evidência – conhecer de que é formado o meteorito e a possibilidade de novos minerais.
2 - Análise – Retirada de uma parte do meteorito para estudo pormenorizado utilizando de
recursos de um laboratório.
3 - Síntese – Há minerais reconhecidos, há dois novos minerais descobertos e há a possibilidade de
um terceiro mineral, que ainda está em estudo. Ou seja, parte-se do mais simples ao mais
complexo.
4 - Enumerações – Fazer as devidas revisões de forma completa, sem que nada seja omitido.

AULA 2 – PROBLEMATIZAÇÃO/INVESTIGAÇÃO – A ESPECIFICIDADE DAS CIÊNCIAS


HUMANAS
Para abordar a forma como as Ciências Humanas lidam com os fenômenos humanos, partiremos de
um fenômeno específico, apresentando as múltiplas visões com as quais um mesmo fenômeno pode
ser interpretado. Nesse caso, a problematização terá dois momentos. O primeiro introdutório e teórico.
O segundo prático.
Com os estudantes em sala de aula, introduza o que são as ciências humanas e debata com eles a sua
importância. Para isso, sugerimos uma conceituação:

As Ciências Humanas são o ramo do saber que tem o ser humano, ou algo que tem
referência ao humano, como objeto do saber. O objetivo dessas ciências é desvendar quem
é o ser humano, sua psiqué, seu relacionamento social, suas pegadas na história, sua forma
de ocupar o mundo, etc. Para isso, essas ciências valem-se de diversos métodos.

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Apresentadas as Ciências Humanas, convide os estudantes para refletirem sobre um fenômeno
humano a partir de suas diversas facetas. Nesse caso, sugerimos o tema riqueza e a pobreza. Assim,
apresente alguns casos para os estudantes e questione junto a eles acerca do ramo das ciências
humanas ao qual aquela situação de pobreza e de riqueza está vinculado. Nesse momento da aula, é
importante que você apresente a realidade relacionada ao caso abordado e instigue os estudantes a
responderem a que área do conhecimento corresponde aquela realidade. Além disso, busque vincular
os estudos aqui desenvolvidos com as disciplinas presentes no currículo escolar do estudante.

Realidade Situação Disciplina

Ambiente contaminado de diversas Pobreza. Geografia.


formas, desmatamento avançado,
possibilidade de deslizamento,
devido a má utilização do solo. Solo
degradado e sem possibilidade de
uso para atividades agropecuárias.

Liberdade de direitos políticos, Riqueza. Ciências Políticas (Na escola


participação cidadã nas decisões do estudadas na Sociologia,
grupo, liberdade de expressão. Filosofia e História).

Falta de recursos básicos ou Pobreza. Economia (Na escola estudada


limitação para as necessidades do nas disciplinas de Sociologia e
corpo humano. Vida abaixo da linha Geografia).
da pobreza, ou seja, recebendo uma
média menor que R$70,00 por mês.

Falta de direitos sociais, tais como: Pobreza. Sociologia, História.


saúde, educação, trabalho, lazer,
segurança, previdência social,
proteção à maternidade e à infância,
assistência aos desamparados”.

Presença da solidariedade, atitudes Riqueza. Filosofia, Sociologia.


altruístas que levem o respeito e a
dignidade do outro, construção de
uma economia solidária que rompa
com a ideia de competitividade e
implante a ideia de cooperação.

Ambiente tóxico, desgastante e Pobreza. Psicologia (Na escola presente


cansativo. Proliferação de doenças na disciplina de filosofia).
mentais. Falta de espaços lúdicos e
de convivência sadia.

Como introdução da próxima aula, proponha uma tarefa para os estudantes. Separe a turma em
grupos e entregue uma realidade apresentada acima para cada grupo. Nesse momento, busque
orientar os estudantes sobre o que eles devem pesquisar. Como sugestão, seguem abaixo algumas
perguntas norteadoras:

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• Qual o problema a ser investigado pelo grupo?
• Por que essa realidade é um problema?
• Qual a área do conhecimento que estuda essa realidade?
• Qual a metodologia para o estudo dessa realidade?
• Quais as soluções possíveis para essa realidade?
Para responder essa questão, você pode sugerir aos estudantes o uso da biblioteca, laboratório de
informática, combinar com outros professores e motivar os estudantes a entrevistarem os professores
daquela área. O mais importante aqui, nesse momento, é os estudantes entrarem em contato com a
metodologia própria de cada ciência humana. Além disso, exija dos estudantes a construção de uma
apresentação sobre a realidade estudada e as respostas encontradas.

AULA 3 – PROBLEMATIZAÇÃO/INVESTIGAÇÃO – A ESPECIFICIDADE DE CADA ÁREA DAS


HUMANIDADES
Nessa aula, o professor fará a apresentação dos trabalhos dos estudantes. Dividindo o tempo para que
cada grupo possa apresentar para a turma a realidade estudada, qual ciência lida com essa realidade e
como ela é estudada, ou seja, qual metodologia.

AULA 4 – CONCEITUAÇÃO
Feito o caminho de apropriação do que vem a ser as ciências humanas, cabe-nos agora diferenciá-las
da filosofia. A filosofia, apesar de estar unida às demais ciências humanas na grade curricular, não é
propriamente uma ciência. Na primeira aula, pincelamos essa ideia e agora aprofundaremos. Para fazer
essa diferenciação, propomos a aula do programa “Se Liga na Educação” ministrada pelo professor
Felipe Pinheiro no dia 22 de março de 2022.

Introdução à Filosofia - Opção 1 – Aula no Google Drive – Duração: 20 minutos.


Disponível em: https://drive.google.com/file/d/12d2FRo6vyPAvfhGXPUkBFDDCTEIqtzeT/view?
usp=drivesdk.

Introdução à Filosofia - Opção 2 – Aula no Youtube – Início aos 44:30 minutos.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZpjvE6qg7PQ.

RECURSOS:
Quadro; pincel; livros didáticos das disciplinas de ciências humanas; biblioteca; laboratório de
informática; Equipamento multimídia para apresentação de vídeo.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação desse planejamento se propõe processual e somativa. No decorrer da sequência,
acompanhe o envolvimento dos estudantes e a participação em cada uma das etapas. Por fim, na
apresentação dos trabalhos aplique uma quantidade de pontos que serão somados ao final do
bimestre.
Outra alternativa é engajar os estudantes, em momento oportuno, no processo de definição dos
procedimentos de avaliação que serão aplicados à turma. Isso pode promover uma maior integração
entre os estudantes e os processos decisórios relativos às relações de ensino e aprendizagem
características da turma. Além disso, tal estratégia permite a efetivação de um trabalho colaborativo
voltado para a organização das atividades a serem desenvolvidas em sala de aula e para a deliberação
acerca dos pontos a serem distribuídos ao longo do quarto bimestre. Dentro dessa perspectiva é
possível mobilizar e apreciar de que modo as questões metodológicas (circunscritas aos âmbitos das
ciências e da filosofia), abordadas ao longo do planejamento, podem ser úteis para a efetivação desse
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processo de organização de atividades e distribuição de pontos.
Assim, você consegue desenvolver, caso desejar, uma avaliação diagnóstica com relação à
consolidação dos objetos de conhecimentos estudados nas aulas, fomenta o protagonismo estudantil,
estimula o sentimento de pertencimento de todos os integrantes da turma e propicia intervenções
significativas tanto para você quanto para os estudantes.

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ATIVIDADES
1 − A ciência que estuda a presença do ser humano no espaço, a partir de elementos físicos, biológicos
e humanos em relação com a totalidade do planeta é:
a) Geografia.
b) História.
c) Sociologia.
d) Filosofia.
e) Ciências Humanas.

2 − A ciência que estuda a relação do ser humano com o tempo, buscando resgatar diversos elementos
do passado a fim de construir uma narrativa que possua sentido para nós compreendermos quem
somos é:
a) Geografia.
b) História.
c) Sociologia.
d) Filosofia.
e) Ciências Humanas.

3 − A ciência que estuda o ser humano em suas interações sociais, a partir dos diversos grupos e
culturas buscando compreender os fenômenos que marcam a vida social é:
a) Geografia.
b) História.
c) Sociologia.
d) Filosofia.
e) Ciências Humanas.

4 − A filosofia não é uma ciência, mas é considerada a mãe de todas as ciências. O pensamento
filosófico forneceu os conceitos básicos para a formação da ciência como temos hoje. Diante disso,
pesquise e responda:
a) Qual a relação da filosofia com as ciências humanas?
b) Por que podemos considerar Galileu Galilei e René Descartes como os pais da ciência moderna?
c) Qual o contexto do século XIX que possibilitou o surgimento das ciências humanas?

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REFERÊNCIAS
CIENTISTAS descobrem dois novos minerais em meteorito de 15 toneladas. Portal G1, [S. l.], 27 dez.
2022. Disponível em: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2022/12/27/cientistas-descobrem-dois-
novos-minerais-em-meteorito-de-15-toneladas.ghtml. Acesso em: 28 jun. 2023.
GALLO, Sílvio. Metodologia do ensino de filosofia: uma didática para o ensino médio. Campinas:
Papirus, 2012.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
educação infantil, ensino fundamental. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de
Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricula
r_mg.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-
crmg?fbclid=IwAR0pDhjAAej2_GsMKTaMztpUpQjJ6-eTlSrgXsXtGf0QafTM8xKz9q8hTg. Acesso em: 05
fev. 2023.
SELiga Na Educação – Ciências Humanas – 22/03/2022. [s.l.: s.n], 22 mar. 2022. 1 vídeo (295 min.).
Publicado pelo canal Rede Minas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZpjvE6qg7PQ.
Acesso em 28 jun. 2023.

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COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência Específica 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais


nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir de procedimentos
epistemológicos e científicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente com relação a
esses processos e às possíveis relações entre eles.
Competência Específica 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e
espaços, mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores
de conflito e negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam
o exercício arbitrário do poder.
Competência Específica 3: Contextualizar, analisar e avaliar criticamente as relações das sociedades
com a natureza e seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à proposição de soluções
que respeitem e promovam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável em
âmbito local, regional, nacional e global.
Competência Específica 4: Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes
territórios, contextos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e
transformação das sociedades.
Competência Específica 5: Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e
violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos
Humanos.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Filosofia da ciência: o dilema (EM13CHS101) Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas


das tecnologias e suas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão e à
implicações éticas. crítica de ideias filosóficas e processos e eventos históricos,
geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
Filosofia da tecnologia.
(EM13CHS104) Analisar objetos da cultura material e imaterial
como suporte de conhecimentos, valores, crenças e práticas que
singularizam diferentes sociedades inseridas no tempo e no
espaço.
(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e
iconográfica e de diferentes gêneros textuais e as tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica,
significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais
(incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar
informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
(EM13CHS202) Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na
estruturação e nas dinâmicas das sociedades contemporâneas
(fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de
informações, de valores éticos e culturais etc.), bem como suas
interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais,
econômicas e culturais.
(EM13CHS302). Analisar e avaliar os impactos econômicos e
socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de
recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes
ambientes e escalas de análise, considerando o modo de vida das
populações locais e o compromisso com a sustentabilidade.
(EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos,
grupos e classes sociais diante das transformações técnicas,
tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao
longo do tempo, em diferentes espaços e contextos.

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(EM13CHS501) Compreender e analisar os fundamentos da ética
em diferentes culturas, identificando processos que contribuem
para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a
autonomia e o poder de decisão (vontade).
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana (estilos de
vida, valores, condutas etc.), desnaturalizando e problematizando
formas de desigualdade e preconceito, e propor ações que
promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às
diferenças e às escolhas individuais.
(EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses ético-políticos
decorrentes das transformações científicas e tecnológicas no
mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos
valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Filosofia da tecnologia.
DURAÇÃO: 3 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Olá, professor(a)! A tecnologia é um dos temas mais atuais e ao mesmo tempo mais antigos que
envolvem o mundo humano. Antes mesmo da filosofia, as mitologias tradicionais já narravam a
capacidade do ser humano de criar técnicas como algo que o diferencia dos demais animais, dando
lugar especial no contexto geral do mundo. Na Grécia Antiga, a reflexão sobre a technê já ocupava o
pensamento dos grandes filósofos, tais como Sócrates, Platão e Aristóteles.
O diferencial de nosso tempo está, talvez, no fato de as mudanças serem percebidas e vividas de
forma cada vez mais veloz. O surgimento do mundo digital, a conexão em rede, a redução das
distâncias geográficas através da comunicação, a criação de um novo espaço chamado cibernético,
enfim, tudo isso tem provocado um intenso debate e dado a impressão de que estamos no momento
mais importante da tecnologia.
O fato importante a ser notado por nós na filosofia é a condição humana em meio a esse processo. Ou
seja, nós criamos os instrumentos tecnológicos e temos o nosso mundo recriado por eles. Qual ser
humano hoje se vê sem a utilização de recursos tecnológicos mínimos para trabalhar, estudar, enfim,
viver? Quais os impactos desses instrumentos em nossa vida? Como moldamos o nosso agir a partir
deles? Como construímos a nossa antropologia através da tecnologia? Todas essas perguntas
apresentam um pouco da tarefa filosófica na reflexão sobre a tecnologia.
Assim, nesse planejamento, refletiremos sobre os aspectos filosóficos do desenvolvimento da
tecnologia, bem como os aspectos éticos que podemos extrair do avanço da tecnologia. Para isso,
utilizaremos da execução de um estudo dirigido, construção de um painel e consequente debate para,
por fim, desenvolver um momento de conceituação abordando a relação entre tecnologia e ética.
Esperamos que a reflexão do presente tema contribua para ampliação dos horizontes de seus
estudantes.

B) DESENVOLVIMENTO:
A presente intervenção pedagógica será desenvolvida em três etapas: estudo dirigido, painel e debate,
aula expositiva.

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AULA 1 – A FILOSOFIA E A TÉCNICA (ESTUDO DIRIGIDO)
1º Momento
Professor, no primeiro momento da aula, acolha os estudantes, apresente quais os temas serão
trabalhados nos próximos três encontros. Introduza-os à Filosofia da Ciência. Para isso, oferecemos
abaixo um conceito introdutório.

A filosofia da ciência é o ramo da atividade filosófica que oferece os conceitos básicos para o
fazer científico. Esse ramo do saber questiona sobre os fundamentos da ciência, a coerência
dos métodos e o aprimoramento dos processos. Por construir uma base conceitual ampla, a
filosofia é capaz de produzir o debate sobre a validez ou não dos diversos discursos científicos
e a construção lógica desses.

Após isso, sugerimos que você proponha a execução de um estudo dirigido a partir do texto do filósofo
italiano Umberto Galimberti:

64
O ser humano na era técnica
A técnica, comumente considerada uma “ferramenta” à disposição do homem, tornou-se, hoje, o
verdadeiro “sujeito” da história; o homem executa o papel de “funcionário” de seus
equipamentos, cumpre aquelas ações descritas e prescritas no rol de “tarefas” das ferramentas e
coloca sua personalidade entre parênteses em favor da funcionalidade.
Se, então, a técnica passou a ser o sujeito da história e o homem seu servo obediente, o
humanismo pode ser dado por concluído, e as categorias humanísticas, que até agora nós
adotamos para ler a história, se tornam insuficientes para interpretar a época iniciada com a era
da técnica.
De certo modo, a técnica pode ser considerada a própria essência do homem. Porque o homem
é um ser vivo privado de instintos. A definição tradicional de “animal racional” é
substancialmente inadequada, pois falta-lhe a característica essencial do animal, o instinto.
O instinto é uma resposta rígida diante de um estímulo. Se eu mostro a um herbívoro um
pedaço de carne, o herbívoro não percebe a carne como alimento, mas se eu lhe mostrar um
fardo de feno, pula imediatamente para comê-lo. Os homens não têm essas respostas rígidas
aos estímulos que chamamos de “instintos”.
Freud em suas primeiras obras fala de Instinkt, mas depois abandona esta palavra substituindo-
a por Trieb, em português “pulsão”, ou seja, um impulso genérico para alguma coisa. O próprio
“instinto sexual” não é tão instintivo em nós, pois, na presença de um apelo, podemos nos
entregar a todo tipo de perversão – que não acontece com os animais –, assim como focar-nos
em algo não sexual: uma obra de arte, um poema, uma música, etc. Freud chama isso de
“sublimação” da pulsão sexual.
Desta forma, o homem não deve ser pensado como um animal dotado de instintos, mas como
um ser vivo que, não sendo codificado pelos instintos, somente sobrevive quando se torna
“imediatamente técnico”. Neste sentido, podemos datar o nascimento da humanidade no
momento em que o primeiro antropoide levantou um bastão para pegar uma fruta. O
componente técnico é, portanto, a dimensão com a qual o homem compensa a falta de instintos,
e como representa a sua eminente liberdade.
A liberdade não é para ser considerada caída do céu. O homem é livre porque é biologicamente
deficiente, porque não é codificado de uma forma rígida pelos instintos. Assim, a liberdade é
uma sua indeterminação biológica. Somos livres exatamente porque não somos codificados pelos
instintos, ao contrário do animal, que, a partir do momento em que nasce, sabe tudo o que tem
de fazer até a sua morte.
A teoria de que os homens não têm instintos foi apresentada pela primeira vez em Protágoras de
Platão. Conta-se que Zeus encarregou Epimeteu (epi-metis, aquele que pensa depois, ou seja,
imprevidente, inexperiente) de distribuir as qualidades a todos, qualidades que eram, pois, as
instintivas. Quando chegou ao homem, já não tinha mais nada, pois havia sido generoso nas
entregas anteriores. Então Zeus, por compaixão pelo destino humano, encarregou o irmão de
Epimeteu, Prometeu (pro-metis, aquele que pensa antes), de dar suas próprias virtudes ao ser
humano: a “pre-cognição”, a “pre-visão”.
Hobbes sustenta que, enquanto os animais comem porque têm fome, o homem é o único
famelicus famis futurae, isto é, faminto também da fome futura. Ele não precisa ter fome para
procurar comida, porque prevê, e, mesmo estando saciado, sabe que chegará o momento que
precisará de comida. Esta é a virtude do homem: capacidade de previsão.
Então, o homem originalmente nasce “técnico”. Pode-se dizer – usando uma fórmula mais
complexa – que o dia em que entre os antropoides se manifestou pela primeira vez um ato
técnico, naquele dia nasceu o que hoje chamamos de “homem”. (GALIMBERTI, 2015, p. 3-4).

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ESTUDO DIRIGIDO

1 - Qual o papel da tecnologia na formação da racionalidade humana?


2 - Porque o ser humano, criador da técnica, tornou-se dependente dela?
3 - Na visão do autor, qual a relação entre a técnica e o instinto na construção do ser humano?
4 - Para o autor, a liberdade humana é fruto de uma deficiência. Diante disso, explique segundo o
texto porque o autor defende essa ideia.

Dê um tempo para os estudantes lerem e responderem as questões. Após isso, discuta com eles as
respostas, explicitando a ideia central do texto.

2° Momento
Um dos recursos metodológicos utilizados nos dias atuais é a Sala de Aula Invertida, em que os
estudantes estudam um conteúdo em suas casas, por conta própria, e a atividade é executada na
escola. Assim, proponha aos estudantes que assistam ao filme de Charles Chaplin intitulado “Tempos
Modernos”. Esse conteúdo será necessário para a atividade da próxima aula. Abaixo colocamos o link
do filme, encontrado na plataforma Youtube.

Tempos Modernos - Charles Chaplin, 1936, 86 minutos.


Disponível em: https://youtu.be/fCkFjlR7-JQ.

AULA 2 – A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL OU A REINVENÇÃO DO SER HUMANO


Nessa aula, os estudantes, tendo refletido sobre a técnica com o Estudo Dirigido e assistido o filme
Tempos Modernos do Charles Chaplin, serão motivados a refletir sobre o avanço da tecnologia na
Modernidade, em especial, a partir da Revolução Industrial. Nesse sentido, vale ressaltar que as
diversas teorias atuais apontam para a síntese de que nós estamos vivendo a 4ª Revolução Industrial.
Assim, sugerimos que você introduza, em linhas gerais, o tema da Revolução Industrial para os
estudantes.
Na sequência, separe a turma em quatro grupos e forneça aos estudantes materiais para a construção
de um painel - que pode ser composto a partir de, por exemplo, imagens de periódicos, artes feitas
pelos estudantes, estatísticas significativas encontradas em fontes diversas, etc. Além disso, para cada
grupo, disponibilize algumas informações sobre cada uma das quatro revoluções industriais. Essas
informações, juntamente com o resultado das pesquisas realizadas pelos estudantes, deverão ser
organizadas e apresentadas em forma de painéis, de modo a serem apresentadas para o restante da
turma.

EVENTO LOCAL E DATA CARACTERÍSTICAS

1ª Revolução Industrial Inglaterra (1760- A Inglaterra detinha muito poder e capital na


1850). época. O principal fator é a substituição da
manufatura pela maquinofatura. Surgiram as
indústrias, em especial a indústria têxtil
impulsionada pela máquina de fiar, tear mecânico
e máquina a vapor. Surge o trabalho assalariado
e a divisão do trabalho. Indústria baseada no
ferro, no carvão, na energia a vapor.

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2ª Revolução Industrial Inglaterra, Estados Constitui como um aprofundamento da primeira
Unidos, França, revolução, diversificando as atividades industriais
Rússia, Alemanha, e ampliando-as. Inicia-se na Inglaterra, mas
Japão (1850-1945). expande-se para outros países. O
desenvolvimento do aço, da eletricidade e do
petróleo são as marcas dessa nova etapa. As
novas tecnologias possibilitaram a produção em
massa, a automatização do trabalho. As indústrias
químicas, elétricas e de mineração ganham
espaço. Aumenta-se a capacidade de locomoção
com as ferrovias. Assim o escoamento da
produção ganhou agilidade. Criou-se novos
métodos de organização do trabalho, em especial
o Taylorismo e o Fordismo. Surge o capitalismo
financeiro com grandes industriais concentrando
grandes quantidades de capital. A produção em
larga escala, fez com que os países
industrializados buscassem novos mercados
consumidores, financiando assim o imperialismo e
a expansão dos territórios. Desencadeou-se um
êxodo rural, forte processo de urbanização,
aumento da pobreza e da violência.

3ª Revolução Industrial Estados Unidos, Esse período está situado no pós II Guerra
Alemanha, Japão e, Mundial. Os avanços no campo tecnológico
posteriormente, o abrangeram o campo científico, integrando assim
mundo todo (1950). o sistema produtivo. A terceira fase ficou
conhecida como Revolução Técnico-Científica-
Informacional. As indústrias de alta tecnologia,
como a indústria automobilística, ganham mais
notoriedade, em relação às indústrias da primeira
revolução. A robótica, genética, informática,
telecomunicações, eletrônica são os campos que
ganham o máximo destaque. Assim se produz
mais, em menos tempo e com a menor
quantidade de mão-de-obra possível. A
comunicação sofre uma mudança rápida, fazendo
com que a informação chegue cada vez mais
rápido e integrando cada vez mais áreas
diferentes do mundo. O processo de globalização
se agudiza. É nessa época que surgem os
computadores, o ser humano vai ao espaço, a
medicina avança, em especial, com os estudos da
genética, surge a internet, desenvolve-se os
aparelhos eletrônicos, as multinacionais e o
capitalismo financeiro se impõem. Como
consequência negativa, a demanda por recursos
naturais aumentou em larga escala, criando um
problema ecológico, e a mão de obra se
desvalorizou ainda mais.

67
4ª Revolução Industrial Cingapura, Finlândia, A marca mais característica que nos possibilita
Noruega, Suécia, dizer de um novo estágio de evolução na
Estados Unidos, indústria, considerado como uma revolução, é a
Holanda, Israel e, aos impressão 3D. Esse estágio é conhecido como
poucos, expande-se “Indústria 4.0” e o fator preponderante é o
para o mundo inteiro direcionamento dos sistemas para o mundo
(processo vivenciado digital. As indústrias passam por processos de
no tempo presente). automatização em que seus ambientes físicos são
pensados e construídos dentro de uma
mentalidade cibernética, surgindo assim o espaço
Ciberfísico. O que marca esse período é a
nanotecnologia, neurotecnologia, robôs,
inteligência artificial, biotecnologia, impressoras
3D e uso de drones. Como consequência desse
processo vemos a mão-de-obra cada vez mais
desvalorizada, países mudando suas leis
trabalhistas e um intenso debate sobre os limites
da tecnologia.

Construídos os painéis, os estudantes podem apresentá-los para a turma e expor para a comunidade
escolar, como forma de compartilhar o conhecimento. Esse segundo momento, envolvendo não só
docentes e discentes, pode ser concebido de forma interdisciplinar e com vistas a ser exibido em uma
data específica do calendário escolar - como feira de ciências, mostra cultural etc. Essa atividade pode
ser bem oportuna para possibilitar uma maior integração entre os(as) professores(as) que ministram
os componentes curriculares pertencentes à área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

3 AULA – OS IMPACTOS DA TECNOLOGIA SOBRE O AGIR HUMANO


Nessa última aula de nossa sequência, a proposta é a realização de um debate em que você consiga
demonstrar para os estudantes os questionamentos políticos e éticos relacionados à questão do avanço
da técnica. Para isso, propomos abaixo algumas situações dos dias atuais, de modo a favorecer o
desenvolvimento do debate. Nessa aula, seria interessante colocar os estudantes sentados em forma
de círculo e instigá-los ao debate. Além disso, utilize o projetor multimídia para apresentar algumas
informações e posteriormente fomentar o debate.
Questões a serem propostas:

Tema Questões

Produção Carne 3D. Carne 3D é alimento? É possível dizer que com o


avanço dessa tecnologia, o consumo de carne
Disponível em: https://www.youtube.com/
animal se torna antiético?
watch?v=Y-GgbDTvUHs.

Uso de Drones. Com a automatização de toda produção, como ficará


a questão do emprego no futuro? É ético, numa
Disponível em: https://www.youtube.com/
sociedade com 9 milhões de desempregados, as
watch?v=MYO79fknZaE.
empresas ampliarem a sua automatização? Qual o
papel dos governos na organização da sociedade e
na garantia dos direitos de todas as pessoas?

68
Fake News. O direito à liberdade de expressão pode ser
dissociado do direito de saber a verdade? Cada ser
Disponível em: https://www.youtube.com
humano pode usar suas redes sociais como quiser?
/watch?v=29xix_3LTrc.
Qual o papel do Estado para regular as redes
sociais?

Úteros Artificiais. Sabendo que é um vídeo imaginando o futuro,


pergunte aos estudantes: Seria ético gerar filhos em
Disponível em: https://www.youtube.com/
incubadoras como as apresentadas no vídeo? Para
watch?v=jV4T9mk9XMg.
as pessoas que possuem limitações na gestação de
filhos, seria uma boa notícia? Seria ético países que
possuem baixas taxas de natalidade gerarem novos
cidadãos a partir dessa técnica?

Criação de órgãos em laboratório. Qual o limite da manipulação da vida em


laboratório? É ético salvar uma vida humana com um
Disponível em: https://www.youtube.com/
órgão de um porco? Sendo ético, essa técnica pode
watch?v=E5ii09bfKiw.
ser usada para vender os órgãos ou o governo deve
intervir para que todos possam ter acesso? É ético
as pessoas modificarem os seus corpos por questões
estéticas?

RECURSOS:
Cópias de notícias; biblioteca; meios digitais; projetor multimídia; cartolina ou papel kraft; recortes de
revistas, jornais etc.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação dessa sequência didática se propõe processual e somativa. No decorrer da sequência,
acompanhe o envolvimento dos estudantes e a participação em cada uma das etapas. Por fim, na
apresentação dos trabalhos aplique uma quantidade de pontos que serão somados ao final do
bimestre.
Para dar mais significado à proposta avaliativa acima, você pode propor para os estudantes que, ao se
debruçarem sobre a atividade de construção dos painéis, lancem mão do uso de ferramentas
tecnológicas como o ChatGPT - ou ao menos, pesquisem sobre esse chatbot de inteligência artificial
enquanto ferramenta no contexto educacional. O uso do ChatGPT (ou a pesquisa sobre ele) pode
subsidiar informações importantes para que os estudantes reflitam sobre as melhores estratégias a
serem utilizadas na divulgação das informações compiladas nos painéis para a comunidade escolar.
Todo esse processo pode ser registrado pelos estudantes de modo manuscrito (ou, melhor ainda, a
partir de um processador de texto) para, posteriormente ser entregue para você e, assim, ampliar as
suas possibilidades de avaliar (seja a nível diagnóstico, formativo ou somativo) a consolidação das
habilidades trabalhadas pelos estudantes neste planejamento.
Uma vez que o tema central deste planejamento é a filosofia da tecnologia, vale a pena também
considerar em que medida a proposta acima pode ser desenvolvida em parceria com o(a) professor(a)
responsável pelo componente curricular Tecnologia e Inovação em sua escola. Esse trabalho
colaborativo contribui não só para as atividades de integração entre os âmbitos da Formação Geral
Básica e dos Itinerários Formativos, mas também para o desenvolvimento de problematizações mais
significativas sobre tecnologia envolvendo toda a comunidade escolar. Nessa perspectiva, talvez você
possa oferecer alternativas aos estudantes para a execução de algumas atividades propostas nas aulas
que compõem este planejamento, viabilizando, por exemplo, o uso dos computadores da sala de

69
informática (quando possível) ou de ferramentas como Google Forms, Google Classroom, dentre outras
- sempre quando possível, sob orientação do(a) professor(a) de Tecnologia e Inovação e suas
observações problematizadores envolvendo a relação do ser humano com a tecnologia.

70
ATIVIDADES
A evolução da técnica (de onde vem a palavra tecnologia) provocou mudanças em várias instâncias da
vida. A partir de dois recortes do pensamento de Umberto Galimberti, responda o que se pede:

1 − “Quando se argumenta que só podemos nos defender dos chineses melhorando a nossa tecnologia
e, portanto, investindo em pesquisa, é como se reconhecêssemos a superioridade da técnica sobre a
economia, que por sua vez é superior à política. A política torna-se, assim, o lugar da representação da
decisão, mas não é mais o lugar da decisão. Isto é muito perigoso, porque, como Platão nos lembra,
as técnicas sabem como as coisas devem ser feitas, mas não sabem se, de fato, devem ser feitas e
nem o porquê de fazê-las. Daí, para Platão, a necessidade da “técnica regia (basiliké téchne)”, que é a
política, capaz de dar às técnicas as finalidades dos seus procedimentos. Para Platão a política devia
supervisionar a técnica, mas hoje esta relação está completamente invertida.” (GALIMBERTI, 2015, p.
10).

a) A política sendo instância de decisão, se tornou na Modernidade instância de representação, ou


seja, pela democracia escolhemos quem nos representa. Porém, como aqueles que nos
representam poderão decidir sobre problemas, por exemplo, de ordem nuclear ou sobre a
nanotecnologia, se não são eles cientistas especialistas nessas áreas?
b) Podemos dizer que vivemos uma “tecnocracia”, ou seja, o poder é exercido por aqueles que
detém e sabem manusear as técnicas? Justifique a sua resposta.
c) Umberto Galimberti diz: “as técnicas sabem como as coisas devem ser feitas, mas não sabem
se, de fato, devem ser feitas e nem o porquê de fazê-las.” Diante desse pensamento, qual o
papel da reflexão ética para a limitação do uso da tecnologia?

2 − “A tecnociência não tem outra finalidade que não a sua máxima autocapacitação. Prova disso é o
contínuo financiamento de pesquisas sobre energia nuclear. No mundo de hoje, as potências nucleares
têm capacidade de destruir dez mil vezes a terra, mas isso não interrompeu a pesquisa sobre o
aperfeiçoamento da bomba atômica. Estamos beirando o absurdo. E é precisamente o absurdo que
nos faz ver a principal característica do aparato técnico-científico, cuja única finalidade é a
autocapacitação.” (GALIMBERTI, 2015, p. 13).

a) O autor critica o fato de a tecnologia ter-se tornado um fim em si mesmo, sendo possível,
através dela, a destruição do mundo. Diante disso, qual sua opinião sobre a regulação do
avanço tecnológico?
b) É possível pensar em outro modelo de poder, no qual a tecnologia esteja sujeita à vida e não o
contrário?

71
REFERÊNCIAS
CHARLIE Chaplin Tempos Modernos (Dublado). [s.l: s.n.], 6 jul. 2017, 1 vídeo (86 min.). Publicado
pelo canal Mundo Militar. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fCkFjlR7-JQ. Acesso em:
28 jun. 2023.
CIENTISTAS da UFRJ criam órgãos em laboratório. [s.l: s.n.], 7 dez. 2019, 1 vídeo (2:13 min.).
Publicado pelo canal Band Jornalismo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=E5ii09bfKiw.
Acesso em: 29 jun. 2023.
EMPRESA de Israel cria bife feito de plantas com impressora 3D. [s.l: s.n], 3 jul. 2020, 1 vídeo (2:03
min.). Publicado pelo canal Jornal da Record. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Y-
GgbDTvUHs. Acesso em: 29 jun. 2023.
FAKE news: notícias falsas sobre vacinas são propagadas pela internet. [s.l: s.n.], 5 dez. 2020, 1 vídeo
(2:52 min.). Publicado pelo canal Jornal da Record. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=29xix_3LTrc. Acesso em 29 jun. 2023.
GALIMBERTI, Umberto. O ser humano na Idade da Técnica. Cadernos IHU Ideias. São Leopoldo, v.
13, n. 218, p. 1-18, 2015.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
educação infantil, ensino fundamental. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de
Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricula
r_mg.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-
crmg?fbclid=IwAR0pDhjAAej2_GsMKTaMztpUpQjJ6-eTlSrgXsXtGf0QafTM8xKz9q8hTg. Acesso em: 05
fev. 2023.
USO de drones aumenta eficiência na aplicação de defensivos. [s.l.: s.n.], 24 jan. 2021, 1 vídeo (4:25
min.). Publicado pelo canal Canal Rural. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=MYO79fknZaE. Acesso em: 29 jun. 2023.
ÚTEROS artificiais assustam a internet. [s.l: s.n.], 16 dez. 2022, 1 vídeo (2:21 min.). Publicado pelo
canal Olhar Digital. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jV4T9mk9XMg. Acesso em: 29
jun. 2023.

72
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência Específica 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais


nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir de procedimentos
epistemológicos e científicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente com relação a
esses processos e às possíveis relações entre eles.
Competência Específica 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e
espaços, mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores
de conflito e negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam
o exercício arbitrário do poder.
Competência Específica 3: Contextualizar, analisar e avaliar criticamente as relações das sociedades
com a natureza e seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à proposição de soluções
que respeitem e promovam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável em
âmbito local, regional, nacional e global.
Competência Específica 4: Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes
territórios, contextos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e
transformação das sociedades.
Competência Específica 5: Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e
violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos
Humanos.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Ética e Ciência: a relação (EM13CHS101) Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas


entre a exploração da expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão e à
natureza e a responsabi- crítica de ideias filosóficas e processos e eventos históricos,
lidade com as futuras geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
gerações.
(EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor
Os desafios da bioética argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais,
frente ao desenvolvimento ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização
tecnológico e a globalização de dados e informações de natureza qualitativa e quantitativa
na dinâmica produtiva. (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos
históricos, gráficos, mapas, tabelas etc.).
Ética e Ciência: consciência
ecológica e res- (EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e
ponsabilidade com o futuro iconográfica e de diferentes gêneros textuais e as tecnologias digitais
dos povos e lugares. de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e
ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se
Manipulação genética na
comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos,
alimentação e desafios para
resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e
uma vida saudável.
coletiva.
(EM13CHS201) Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações,
das mercadorias e do capital nos diversos continentes, com destaque
para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos,
em função de eventos naturais, políticos, econômicos, sociais e
culturais.
(EM13CHS202) Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na
estruturação e nas dinâmicas das sociedades contemporâneas (fluxos
populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de valores
éticos e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões
políticas, sociais, ambientais, econômicas e culturais.
(EM13CHS205) Analisar a produção de diferentes territorialidades em
suas dimensões culturais, econômicas, ambientais, políticas e sociais,
no Brasil e no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas
juvenis.
73
(EM13CHS301) Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos
de produção e descarte (reuso e reciclagem) de resíduos na
contemporaneidade e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que
promovam a sustentabilidade socioambiental e o consumo
responsável.
(EM13CHS302) Analisar e avaliar os impactos econômicos e
socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de
recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes
ambientes e escalas de análise, considerando o modo de vida das
populações locais e o compromisso com a sustentabilidade.
(EM13CHS306) Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de
diferentes modelos econômicos no uso dos recursos naturais e na
promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta.
(EM13CHS404) Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho
em diferentes circunstâncias e contextos históricos e/ou geográficos e
seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens e as gerações
futuras, levando em consideração, na atualidade, as transformações
técnicas, tecnológicas e informacionais.
(EM13CHS501) Compreender e analisar os fundamentos da ética em
diferentes culturas, identificando processos que contribuem para a
formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a autonomia e
o poder de decisão (vontade).
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana (estilos de vida,
valores, condutas etc.), desnaturalizando e problematizando formas de
desigualdade e preconceito, e propor ações que promovam os Direitos
Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às escolhas
individuais.
(EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses ético-políticos
decorrentes das transformações científicas e tecnológicas no mundo
contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de
indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Ecologia, bioética e uma nova relação humana com a natureza.
DURAÇÃO: 3 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Olá, professor(a)! O presente planejamento está relacionado a um dos temas mais importantes da
atualidade: a relação do ser humano com a natureza a partir do avanço da tecnologia. O avanço da
indústria, como estudado no planejamento anterior, trouxe-nos um problema fundamental: a falta de
recursos naturais para alimentar a população que cresce exponencialmente. Além disso, a manipulação
da vida, seja humana, animal ou vegetal, abriu a reflexão ética para uma nova reflexão: a bioética.
Assim, Ecologia e Bioética são temas diversos, mas que estão voltados para um mesmo problema: a
forma de produção humana na Modernidade e suas consequências. O aumento populacional em
grande escala, a ampliação do consumo, o desenvolvimento industrial e a limitação do planeta fizeram
com que, por exemplo, começássemos a pesquisar a manipulação genética para suprir a suposta falta
de alimento. Assim, esses dois temas estão relacionados e podem ser estudados de maneira filosófica.
Diante disso, a intervenção pedagógica proposta aqui será desenvolvida numa metodologia em quatro
momentos: a) sensibilização; b) problematização; c) investigação; d) conceituação. A sensibilização e

74
problematização serão feitas na primeira aula e terá como objetivo introduzir os estudantes a temática
que parece estar longe da vida deles, mas que na verdade está em tudo. Depois, investigaremos na
tradição filosófica as reflexões feitas acerca dos dois temas, ecologia e bioética. Por fim,
conceituaremos o fenômeno a partir da vida dos estudantes.

B) DESENVOLVIMENTO:
AULA 1 – SENSIBILIZAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO
1º Momento
Para sensibilizar os estudantes, sugerimos que você apresente aos estudantes a embalagem de alguns
produtos feitos de soja e milho. Se quiser, numa aula anterior, solicite aos estudantes que levem de
casa algum produto que tenha milho ou soja em sua composição. Assim, será possível aproximar a
temática das aulas com a vida dos estudantes, abordando um tema que está no alimento que comem.
Dos produtos presentes nas grandes redes de supermercado, praticamente todas terão um símbolo
amarelo triangular, com um “T” em seu interior. Esse símbolo significa que aquele alimento é
transgênico, ou seja, alimento geneticamente modificado. Enfoque bem que esses alimentos estão
presentes na vida dos estudantes. Abaixo, disponibilizamos o símbolo que categoriza um alimento
enquanto transgênico:
Imagem 1 – Símbolo de transgênico no Brasil

Fonte: (WIKIMEDIA COMMONS, [2016])

2º Momento
Apresente aos estudantes o vídeo abaixo, que trata o tema das pesquisas científicas relacionadas à
modificação genética e suas implicações éticas. Nesse vídeo, de forma sucinta, o tema da alimentação
geneticamente modificada está interligado à questão ecológica também.

Reportagens Transgênicos.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=noZ3xOJn1JM.

3º Momento
Faça uma roda de conversa com os estudantes. Questione o que eles pensam sobre o tema: Eles se
sentem seguros ingerindo um alimento modificado geneticamente? O que pensam da manipulação da
vida? Julgam eticamente válida a modificação genética em seres humanos, ou seja, pais escolherem as
cores dos olhos, da pele e do cabelo de seus filhos? Acham válida a reprodução por clonagem de
animais geneticamente mais saudáveis? Em meio a essa dinâmica, favoreça com que os estudantes
questionem as dimensões da vida marcadas pelas pesquisas científicas voltadas para a manipulação da
vida.

75
AULA 2 - INVESTIGAÇÃO
Para essa etapa, elencamos duas possibilidades para você desenvolver o momento de investigação.

Possibilidade 1: Pesquisa
A primeira possibilidade de realização da investigação é separar os estudantes em grupos e levá-los até
a biblioteca da escola ou laboratório de informática e propor um roteiro de pesquisa. Esse roteiro deve
ser orientado no sentido de os estudantes buscarem as principais informações sobre cada tema.
Abaixo, propomos uma possível divisão de temas:

Grupo Tema

1 Ética aplicada;

2 Bioética;

3 Ética Ambiental;

4 O pensamento de Hans Jonas – A ética da responsabilidade; (Bioética);

O pensamento de Michel Serres – Ética Ambiental – O contrato natural (Ética


5
Ambiental);

Peça aos estudantes que investiguem sobre os temas e que anotem: Quais são os principais conceitos?
Sobre o que é refletido nesse campo do saber? Qual a relevância desse pensamento para a vida?
Quando esse pensamento começou a ser relevante e construído? Sobre quais aspectos da vida esse
pensamento discorre? Após essa pesquisa, oriente os estudantes para que guardem essas
informações, pois as mesmas serão úteis para a última aula que compõe este planejamento.

Possibilidade 2: Trabalho com textos


De modo semelhante à alternativa anterior, separe a turma em dois grandes grupos, de modo que
cada parte leia um texto e depois apresenta as ideias principais para a parte que ficou com o outro
texto - e vice-versa. Outra possibilidade ainda, é propor um trabalho em duplas, no qual cada dupla lê
os dois textos e responde a questões sugeridas, tais como:
1 - O que significa bioética e ética ambiental?
2 - Por que essa temática está incluída no campo da ética aplicada?
3 - Qual a relevância desses dois temas para os dias atuais?
4 - É possível dizer que os dois temas estão relacionados?

76
Texto 1

Bioética
Cada vez mais, o conhecimento científico e tecnológico permite a manipulação de processos
naturais. Os novos saberes trouxeram muitos benefícios, como o aumento da expectativa de
vida, o conforto da vida urbana e a agilidade nas comunicações. Porém, quando realizada de
forma excessiva e sem parâmetros, a interferência na natureza pode colocar em risco a vida
de diversas espécies, inclusive a humana, razão pela qual esses procedimentos sempre
envolvem discussões éticas.
Com o avanço da medicina, por exemplo, atualmente é possível realizar o transplante de
órgãos, o que levanta um dilema ético relacionado à vida. O critério médico da morte
encefálica (ou cerebral) atesta o óbito do potencial doador, embora muitas vezes o coração
continue a bater e a temperatura do corpo se mantenha normal. Cabe à equipe de
transplantes orientar os familiares do paciente sobre o critério, confortá-los pela perda de
seu ente querido e, ao mesmo tempo, convencê-los da importância da doação imediata dos
órgãos, que poderão melhorar a qualidade de vida ou até mesmo salvar a vida de outras
pessoas. Acima de tudo, é dever ético da equipe respeitar a vontade da família.
Situações como essa pertencem ao campo da bioética, um conjunto de interrogações e
procedimentos éticos relacionados ao fenômeno da vida. O termo foi utilizado pela primeira
vez na Alemanha, no título de um artigo do teólogo Fritz Jahr (1895-1953), “Bioética: um
panorama das relações éticas dos homens com os animais e as plantas”, de 1927. No início
da década de 1970, o termo foi retomado pelo médico oncologista Van Renssellaer Potter
(1911-2001) para integrar às ciências da vida os estudos sobre valores. A partir daí, a
bioética foi se constituindo como um campo de pesquisas e consolidando sua importância,
especialmente no âmbito da medicina.
Uma das principais fontes filosóficas da bioética é o trabalho de Hans Jonas, especialmente
em seus livros O princípio vida e O princípio responsabilidade. Para Jonas, agir com ética é
“atuar de forma que os efeitos de suas ações sejam compatíveis com a permanência de uma
vida humana genuína”. A ética, portanto, diz respeito à vida não apenas do indivíduo, mas
da espécie humana.
De acordo com Álvaro Valls (1947-), filósofo brasileiro especialista em ética, são quatro os
princípios básicos da bioética que se aplicam aos profissionais da área de saúde, tanto os
que exercem a profissão (médicos, enfermeiros e outros) quanto os que fazem pesquisas
que envolvam seres humanos:
1. princípio da não maleficência: proveniente do código de conduta médico definido na
Antiguidade por Hipócrates (século IV a.C.), afirma que o profissional deve agir de
modo a não causar nenhum mal ao paciente;
2. princípio da beneficência: também proveniente do código hipocrático, afirma que o
profissional deve agir de modo a buscar o benefício do paciente;
3. princípio do respeito à autonomia do indivíduo: de origem moderna, procura desfazer
o paternalismo na relação profissional-paciente; o paciente deve ser informado de
tudo e decidir por si próprio se quer ou não ser tratado e de que forma; no caso de
participação em uma pesquisa, ele deve tomar conhecimento e assinar o termo de
consentimento esclarecido;
4. princípio de justiça: busca regular as relações entre o profissional e o paciente em
uma perspectiva contratual, não baseada apenas na autoridade do profissional. [...]

77
Podemos compreender a bioética como uma ética aplicada. Seu objetivo é refletir sobre
problemas concretos e definir princípios e valores para lidar com esses problemas. Nessa
perspectiva, Peter Singer (1946-) defende uma mudança radical no campo da ética, dada a
complexidade atual das questões relacionadas à vida. No livro Repensando a vida e a morte:
o colapso da ética tradicional, publicado em 1994, ele afirma que não se pode continuar a
utilizar uma perspectiva religiosa, que considera a vida humana sagrada. É preciso repensar
os valores para criar uma nova ética, adequada aos novos problemas práticos. (GALLO,
2017, p. 293-295).

Texto 2

Ética Ambiental
No século XX, a humanidade passou a se preocupar cada vez mais com a preservação dos
recursos naturais e as questões ambientais em geral. Segundo o filósofo Bruno Latour, um
problema ecológico é um híbrido, pois não envolve apenas uma ciência ou um conjunto de
ciências; tem também um aspecto político. Por essa razão, Latour fala em “políticas da
natureza”. Já não basta produzir uma ciência, um conhecimento da natureza: é necessário
também construir ações políticas na relação entre o ser humano e a natureza. Um terceiro
elemento deve ser acrescentado: uma ética ambiental. Uma abordagem política pode corrigir
equívocos passados, mas apenas uma abordagem ética que mude a forma como os seres
humanos se relacionam entre si e com a natureza pode evitar futuros equívocos.
Um dos estudiosos que têm se dedicado a refletir sobre esse tema é o filósofo francês Michel
Serres. Em 2008 ele lançou um livro com o título O mal limpo: poluir para se apropriar?, no
qual expõe uma tese inquietante. Serres afirma que, assim como os outros animais, os seres
humanos procuram “marcar território”, apropriar-se de espaços. Alguns bichos deixam
excrementos para identificar o território com seu cheiro, afastando dali outros bichos. Os
seres humanos, segundo Serres, poluem o ambiente com o mesmo objetivo.
Para Serres, é um equívoco nos referirmos à natureza com a expressão “meio ambiente”.
Essa expressão denota que somos o centro de um sistema de coisas que se espalham à
nossa volta. Seríamos o “umbigo do universo”, os senhores e possuidores da natureza, que
existiria apenas para nos servir. Daí as ações de apropriação poluidoras. A realidade, afirma
Serres, é diferente: o ambiente físico constitui um sistema que independe do ser humano. O
planeta sobreviveria bem sem nós; nós é que não viveríamos sem o planeta. A humanidade
vive na terra como um parasita, retirando tudo para seu proveito sem dar nada em troca. A
visão de que o ser humano teria direitos sobre a natureza foi difundida pelo relato bíblico,
segundo o qual o ser humano é o “senhor da natureza” porque é o único ser à imagem e
semelhança de Deus; e também pela filosofia moderna, que considera o ser humano senhor
do mundo por meio do exercício da razão. Esse tipo de pensamento constituiu a base da
relação parasitária da humanidade com o mundo.
Serres explica que, na filosofia moderna, tanto a noção de um contrato social como a de um
direito natural deixaram de lado a proteção para o conjunto da natureza, porque previam
proteção apenas para os seres humanos. O contrato social é firmado entre os seres humanos
para garantir sua convivência, mas, estando os indivíduos pactuados entre si, a natureza é
esquecida, fica fora do contrato e não interessa à política. A mesma filosofia fala em um
direito natural, que possibilitou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789.
Com a noção de direito natural, especificamente como era compreendido na Idade Moderna,
é enfatizada a ideia da liberdade que cada indivíduo tem para reivindicar seus direitos,

78
assegurando seus interesses subjetivos. Nessa concepção, o conceito de natureza fica
reduzido ao de natureza humana. Ou seja: a constituição da sociedade como a conhecemos
nunca levou em consideração a necessidade de conviver com a natureza.
Serres exemplifica o direito natural comentando uma pintura de Francisco de Goya (1746-
1828), na qual dois homens lutam com porretes enquanto afundam em areia movediça.
trata-se, segundo ele, de uma metáfora de nossa condição: enquanto nos preocupamos com
assuntos exclusivamente humanos, sem atentar para a natureza, destruímos nossas próprias
vidas.
Para mudar essa situação, é necessário um novo contrato, que Serres denomina contrato
natural. Seria não mais um contrato firmado exclusivamente entre os seres humanos, mas
um contrato dos humanos com a natureza inumana. O contrato natural transformaria os
seres humanos de parasitas em simbiontes. Em uma relação simbiótica há um
compartilhamento: os dois lados retiram aquilo de que necessitam, mas também fornecem
ao outro aquilo de que ele necessita. A relação de simbiose é uma relação de reciprocidade,
não de exploração unilateral.
No livro O mal limpo, Serres se pergunta se a terra estaria preparada para assinar tal
contrato. Caberia questionar, também, se a humanidade, enfim, está pronta para isso.
(GALLO, 2017, p. 302-303).

79
AULA 3 – CONCEITUAÇÃO
Nessa aula, busque estimular o protagonismo dos estudantes de modo mais direto, favorecendo com
que eles lancem mão de seus conhecimentos prévios para desenvolver a atividade proposta abaixo.
Nesse sentido, consideramos as seguintes estratégias pedagógicas para mobilizar as habilidades
apresentadas no início desse planejamento:

Opção Execução

Criação de murais a serem expostos na comunidade escolar. Nesses murais


1
podem conter mapas conceituais, ou informações gerais sobre cada temática.

Criação de vídeos tutoriais a fim de serem enviados por aplicativos de


comunicação. Os estudantes serão estimulados a criar uma comunicação sucinta
2
sobre os dois conceitos, bioética e ética ambiental, explicando o que é e a
relevância para os dias atuais.

Criação de podcast sobre uma temática específica que aborde o tema da bioética
3 e/ou ética ambiental. Os estudantes, a partir das pesquisas feitas, podem usar
essas informações para a construção do podcast.

Apresentação sucinta, em forma de oficina, para toda a comunidade escolar,


4
podendo ocupar, por exemplo, um momento do intervalo.

Diante dessas possibilidades, ou outras que podem ser escolhidas pelos estudantes, separe a turma em
grupos, de modo que cada grupo fique com um tema e realize um trabalho. Após a execução,
compartilhe o conhecimento construído com a comunidade escolar. Novamente, considere a
possibilidade de criar conexões mais explícitas com objetos de conhecimento explorados nos
componentes curriculares geografia, história e sociologia ao propor essa atividade para os estudantes.
Do mesmo modo, avalie a possibilidade de favorecer que essa atividade tenha um alcance significativo
na comunidade escolar - o podcast, os vídeos-tutoriais e a oficina poderiam ser concebidos de modo a
serem implementados como atividades periódicas e permanentes na escola, viabilizando, por exemplo,
a criação ou a manutenção de redes sociais relacionadas ao cotidiano da comunidade escolar.

RECURSOS:
Cópias de notícias; biblioteca; meios digitais; projetor multimídia; cartolina ou papel kraft; recortes de
revistas, jornais etc.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação dessa sequência didática se propõe processual e somativa. No decorrer da sequência,
acompanhe o envolvimento dos estudantes e a participação em cada uma das etapas. Por fim, na
apresentação dos trabalhos aplique uma quantidade de pontos que serão somados ao final do
bimestre.
Com relação ao momento de conceituação sugerido logo acima, e a possibilidade de, a partir dele,
ações permanentes serem implementadas na escola, você pode considerar todos os desdobramentos
práticos dessa atividade enquanto material a ser avaliado - apreciando, por exemplo, conteúdos
atitudinais relacionados à proatividade dos estudantes ao propor alternativas significativas para a
criação de produtos condizentes com a proposta da aula (murais, podcast, vídeos-tutoriais, oficina
etc.). Ainda nessa perspectiva, você pode avaliar se todo o trabalho desenvolvido pelos grupos está
alinhado com diretrizes éticas voltadas para a preservação do meio ambiente (economia de energia e

80
de papel, uso de materiais reciclados etc.).
Uma vez que o trabalho explicitado acima provavelmente será desenvolvido em um dado momento do
quarto bimestre, você pode estimular os estudantes a definirem encaminhamentos efetivos e
sustentáveis para que, já no início do ano de 2024, seja possível dar continuidade às possíveis
atividades a serem implementadas permanentemente na escola (murais, podcast, vídeos-tutoriais,
oficina etc.). Todo esse processo pode ser uma ocasião oportuna para você conceber procedimentos
de avaliação personalizados e contextualizados, que contemplem não só as demandas dos estudantes,
mas também aquelas da sua comunidade escolar.

81
ATIVIDADES
1 − O uso dos alimentos geneticamente modificados, apesar de autorizado, ainda gera um forte debate
na sociedade. Os diversos atores sociais, dependendo do lugar que falam, apontam os argumentos
favoráveis ou contrários a utilização desses alimentos. Abaixo, colocamos alguns argumentos
favoráveis e contrários à utilização desses alimentos (Cf. MARINI, 2023):

Favoráveis Contrários

- Possibilidade de aumentar a produção de - Possibilidade de causar prejuízo à saúde


alimentos em áreas menores. humana (suspeita, por exemplo, de aumento
de câncer e reações alérgicas).
- Plantações com maior resistência às pragas
e com menor necessidade de inseticidas. - Perda da biodiversidade (mutação e
desaparecimento de espécies de plantas e
- Redução de custos no cultivo e produção de
organismos).
alimentos que poderiam baratear o produto
para o consumidor. - Contaminação do solo, do subsolo, da água
e um aumento na resistência das pragas aos
- Possibilidade do desenvolvimento de novas
inseticidas.
vacinas.
- Prejuízos à agricultura familiar e aos
pequenos produtores (uma vez que os grãos
transgênicos estão nas mãos das grandes
empresas).

Diante dos dados apresentados - e podendo pesquisar outras fontes de informação, escreva um texto
dissertativo sobre a sua opinião sendo favorável ou contrária ao consumo dos alimentos geneticamente
modificados.

82
REFERÊNCIAS
GALLO, Sílvio. Metodologia do ensino de filosofia: uma didática para o ensino médio. Campinas:
Papirus, 2012.
GALLO, Sílvio. Filosofia: experiência do pensamento. 2 ed. São Paulo: Scipione, 2017.
MARINI, Bruno. Alimentos transgênicos: o que são? Quais os argumentos favoráveis ou contrários ao
seu cultivo? Portal Jurídico Magis. [s.l.: s.n.], 18 jan. 2023. Disponível em:
https://magis.agej.com.br/alimentos-transgenicos-o-que-sao-quais-os-argumentos-favoraveis-e-
contrarios-ao-seu-cultivo/. Acesso em: 29 jun. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
educação infantil, ensino fundamental. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de
Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricula
r_mg.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-
crmg?fbclid=IwAR0pDhjAAej2_GsMKTaMztpUpQjJ6-eTlSrgXsXtGf0QafTM8xKz9q8hTg. Acesso em: 05
fev. 2023.
REPORTAGENS Transgênicos. [s.l: s.n], 14 jan. 2016, 1 vídeo (09:53 min.). Publicado pelo canal
Rayssa Motta. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=noZ3xOJn1JM. Acesso em: 29 jun.
2023.
WIKIMEDIA COMMONS. Símbolo de transgênico no Brasil. [s.l: s.n], 2016. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:S%C3%ADmbolo_de_transg%C3%AAnico_no_Brasil.jpg#met
adata. Acesso em: 29 jun. 2023.

83
MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2023

Sociologia Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência Específica 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços,
mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores de conflito e
negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam o exercício
arbitrário do poder.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

As questões sociais no espaço (EM13CHS201) Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações,


urbano: a formação do espaço das mercadorias e do capital nos diversos continentes, com destaque
urbano no Brasil e sua relação para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos,
com a desigualdade socioespacial em função de eventos naturais, políticos, econômicos, sociais e
e a naturalização da pobreza. culturais.
As relações de poder assimétricas
relativas ao crescimento
desordenado das cidades e seus
impactos sociais.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: As questões sociais no espaço urbano.
DURAÇÃO: 2 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Professor (a), proponha um momento de reflexão aos estudantes ao questionar seus conhecimentos sobre
desigualdades de forma geral. Peça para que eles ilustrem suas falas com exemplos.
Introduza na discussão o conceito “desigualdade socioespacial” e questione se sabem o que vem a ser.
Aguarde o retorno dos estudantes para, em seguida, explicar o termo e, de forma dialógica, fazer a
exposição do tema da aula.
Mostre aos estudantes que utilizará imagens de situações reais e charge para ilustrar os conceitos
apresentados.

B) DESENVOLVIMENTO:
As duas aulas serão divididas em três momentos cada. No primeiro momento será apresentado aos
estudantes uma imagem para ilustrar o conteúdo a ser trabalhado. O objetivo é provocar, estimular a
reflexão e testar a capacidade de análise sobre as questões abordadas na aula. No segundo momento, os
estudantes serão orientados e acompanhados durante uma discussão em grupo para, posteriormente,
registrarem no caderno de Sociologia e apresentarem suas conclusões e, assim, averiguar a aprendizagem.
E, para finalizar as aulas, no terceiro momento a professora ou professor, fará uma intervenção

84
apresentando informações sobre o conteúdo, apresentará conceitos e fará o fechamento das aulas
propondo atividades a serem feitas posteriormente.
AULA 1
1º momento – Divida a turma em 5 grupos. Em seguida, com o auxílio de um retroprojetor, em sala
de aula, na sala de vídeo ou informática, reproduza no quadro a imagem feita por Tuca Vieira e
utilizada em diversos materiais pedagógicos retratando Paraisópolis (São Paulo). O objetivo é provocar
os estudantes com a imagem de uma realidade que, talvez, nunca pararam para analisar de forma
mais profunda.
Imagem 1 - Paraisópolis, 2004

Fonte. (VIEIRA, 2004)

2º momento – Após a apresentação da imagem, proponha uma discussão entre os componentes dos
grupos sobre as percepções a respeito da realidade apresentada nela e orientem a realização de um
registro escrito para ser apresentado no próximo momento. Organize o tempo da aula de modo que
seja suficiente para essa discussão em grupo e registro no caderno para apresentação. Após a
discussão em grupo, peça que escolham um representante do grupo para fazer a apresentação que
melhor represente suas percepções e abra a discussão para toda a turma. O objetivo desse momento é
identificar como os estudantes percebem as desigualdades socioespaciais e, nesse aspecto, quanto
maiores forem as diferenças nas percepções, maiores serão as possibilidades de ampliar a discussão e
fortalecer a aprendizagem.

3º momento – Após a apresentação dos estudantes sobre suas percepções a respeito da imagem e o
que ela provocou neles, apresente o conceito de desigualdade socioespacial e seus desdobramentos.
Para isso, segue trecho de um texto extraído do livro de Sociologia:
→ “Sociologia em Movimento”, página 308, 2018.
Disponível em: file:///C:/Users/Cliente/Downloads/Sociologia%20em%20Movimento%20LP
%20PNLD%202018.pdf.
“Juliana aguarda ansiosa a chegada do carnaval. Moradora de uma metrópole brasileira, gosta de
participar, assim como tantos outros jovens, dos eventos culturais de sua cidade. No momento, só não
conseguiu resolver o problema do retorno para casa após os desfiles, pois mora distante da região
central e as principais atrações e eventos ocorrem longe de seu bairro. E sua cidade convive com uma
série de problemas, como o sistema de transporte ruim, os casos de violência urbana, o alto custo das
moradias e o fato de que o Estado só investe e promove eventos nas áreas centrais. Ela sabe das
dificuldades que enfrentará, mas não desiste, pois entende que a cidade deve ser um espaço para
todos, e não somente para os que possuem mais dinheiro e poder.

85
Situações como a vivida por Juliana interessam à Sociologia Urbana. Esse ramo da Sociologia
compreende um conjunto de conhecimentos teóricos que permitem refletir sobre a realidade dos
grandes centros. Somando-se aos estudos históricos e geográficos, a perspectiva sociológica da cidade
se concentra nas dinâmicas que a tornam o centro da organização social da modernidade. Por meio
desses estudos, é possível compreender como e por que as cidades se desenvolvem como resultado de
relações sociais, bem como reconhecer suas diferentes formas.
Os interesses conflitantes nas cidades mobilizam de maneira específica a população, o capital e o
Estado, o que afeta diretamente a vida de seus habitantes. Tais embates podem ser percebidos na
distribuição espacial de serviços e de infraestrutura, na violência – que não está associada apenas ao
aumento da criminalidade, mas principalmente às desigualdades e às contradições presentes na raiz do
desenvolvimento urbano –, e nas diferentes formas de organização e de atuação política, como a luta
pelo direito à cidadania e à moradia.”
Professora ou professor, mostre aos estudantes como as desigualdades socioespaciais são fruto do
crescimento das cidades, desencadeada pelo processo de urbanização pós Revolução Industrial. Desse
modo, elas podem ser vistas na paisagem urbana de todo país, por meio da disseminação de
condomínios residenciais de luxo e, na contramão, o crescimento de bairros pobres, os aglomerados ou
loteamentos irregulares com pouca ou nenhuma infraestrutura.

AULA 2
1º momento – Peça aos estudantes que mantenham os mesmos grupos da aula anterior. Peça para
que, da mesma forma que fizeram na aula anterior, analisem a imagem abaixo.

Imagem 2 - Post de Rede Social

Fonte: (MOTA, [2023])

2º momento – Após apresentar a imagem, cada estudante fará um parágrafo de, no mínimo, 5 linhas
sobre sua percepção acerca da imagem relacionando com as desigualdades socioespaciais estudadas
na aula anterior. Em seguida, a professora ou professor, escolherá de forma aleatória, ou da forma que
desejar e considerando o tempo da aula, alguns estudantes para apresentarem o conteúdo escrito para
toda a turma.

3º momento – Após a apresentação dos estudantes, faça o fechamento da aula mostrando para os
estudantes como as relações de poder são distribuídas de forma desigual na medida que as cidades
vão crescendo e como essas questões desencadeiam diversos conflitos urbanos. Nesse momento, é
86
importante mostrar aos estudantes os personagens principais desse contexto: de um lado encontram-
se os proprietários dos meios de produção a quem interessa o crescimento das áreas urbanas e a
manutenção do capital, do outro lado encontram-se os trabalhadores das mais diversas áreas
buscando melhores condições de trabalho e de vida de forma geral. Logo, os interesses das classes
dominantes versus do restante da população vão compor a base de grande parte dos conflitos
urbanos.

RECURSOS:
Quadro, pincéis, projetor multimídias, imagens online.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Os estudantes serão incentivados a expressarem suas percepções sobre o tema por meio de atividades
discursivas e escritas e, a partir disso, será observado se houve uma mudança qualitativa no discurso
inicial e final acerca do tema proposto. É importante que, ao final dessas duas primeiras aulas, sejam
capazes de fazer reflexões mais profundas sobre o tema porque serão apresentados outros temas, de
acordo com o plano de curso da disciplina proposto pela SEE/MG, a fim de aprofundar os
conhecimentos sobre a Sociologia Urbana.

87
ATIVIDADES
1 − Em casa, pelo computador ou celular, acesse o link a seguir e responda ao “Quiz: qual causa social
te move?” https://www.fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/quiz-qual-causa-social-te-move/. Em
seguida, registre no caderno de Sociologia seu resultado para avaliação em sala de aula.

2 − Nas duas últimas aulas, pudemos analisar e compreender como as desigualdades perpassam os
espaços urbanos em diversas dimensões. Com base no que foi apresentado e nas discussões feitas em
aula, reflita e realize a atividade abaixo:
A realidade brasileira mudou muito nos últimos anos e isso leva a uma série de análises sociológicas
sobre seu meio urbano. Apresente, pelo menos, um exemplo de planejamento urbano e gestão urbana
do Estado e, pelo menos, um exemplo de atuação do mercado sobre o espaço urbano brasileiro.
Demonstre as tensões presentes nos exemplos escolhidos.

88
REFERÊNCIAS
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.],
2022. Disponível em:
https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%A
Ancia%20do20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 09 jun. 2023.
MINAS GERAIS (Estado). Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Planos de Curso
Ensino Médio. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino Médio. Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais. 2023.
Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg.
Acesso em: 09 jun. 2023.
MOTA, Nando. Post de Instagram. Disponível em:
https://www.instagram.com/p/CDMJoOjpB3d/?utm_source=ig_web_copy_link. Acesso em: 09 jun.
2023.
QUIZ: qual causa social te move? Fundação Telefônica VIVO. [s. l.], 8 jul. 2020. Disponível em:
https://www.fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/quiz-qual-causa-social-te-move/. Acesso em: 09
jun. 2023.
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. 1º, 2º e 3° anos, Ensino Médio. 2ª Edição, 2014.
VIEIRA, Tuca. Paraisópolis, 2004. Disponível em: https://www.tucavieira.com.br/paraisopolis. Acesso
em: 09 jun. 2023.

89
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência Específica 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e
espaços, mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores
de conflito e negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam
o exercício arbitrário do poder.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Os conflitos urbanos e suas (EM13CHS205) Analisar a produção de diferentes territorialidades em


manifestações como a suas dimensões culturais, econômicas, ambientais, políticas e sociais,
violência e a segregação. no Brasil e no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas
juvenis.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Os conflitos urbanos e suas manifestações como a violência e a segregação.
DURAÇÃO: 2 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Professor (a), para introduzir o tema da aula, questione o que consideram serem conflitos. Proponha
um momento de reflexão e análise do que vem a ser violência. Em seguida, apresente aos estudantes
o tema das próximas duas aulas explicando o termo “conflitos urbanos” e seus desdobramentos com
foco especial para a juventude.
Explicite para os estudantes as ferramentas que utilizará nas próximas aulas, contendo dados
estatísticos da violência no país, dados para ilustrar a segregação vivenciada pela juventude quando
tenta se apropriar de espaços urbanos e trecho de um texto fruto de pesquisa acadêmica.

B) DESENVOLVIMENTO:
Sabemos que a violência acontece tanto no campo quanto nas cidades, e tanto nas cidades grandes
como nas pequenas. Assim, é importante apresentar aos estudantes a expressão “violência urbana”
relacionada aos conceitos sociológicos de “criminalidade”, “segregação” e “exclusão”. Mostrar como os
crimes considerados violentos, os chamados crimes “de sangue” deixaram de serem cometidos entre
pessoas que se conheciam em espaços privados para serem cometidos por desconhecidos em espaços
públicos vitimando, em especial, homens jovens.
Ao longo das duas aulas, o (a) professor (a) deverá mostrar aos estudantes que a violência precisa ser
analisada dentro de um contexto mais amplo considerando a naturalização da pobreza, questões
raciais e a segregação socioespacial.

AULA 1
1º momento: Para as próximas duas aulas, é importante que a turma seja dividida em grupos de 5
estudantes. Entregue a cada grupo o infográfico em uma folha impressa contendo dados estatísticos
produzidos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública: “A violência contra pessoas negras no Brasil
2022” e peça que leiam todos os dados com muita atenção.

Imagem 3 - A violência contra pessoas negras no Brasil.


90
Fonte: (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, [2022])

2º momento: Após a leitura atenta das informações contidas no infográfico, oriente aos estudantes
que escrevam no caderno de Sociologia qual dado estatístico mais chamou atenção dos componentes
do grupo e por quê. Em seguida, os estudantes apresentarão os dados escolhidos e farão uma
discussão apresentando os motivos que tais dados chamaram mais atenção deles. Professora ou
professora, contextualize em nível local tudo que os estudantes apresentarem.

3º momento: Nesse momento, mostre aos estudantes a existência da “cultura do medo”, o


sentimento de perigo reproduzido na sociedade fazendo com que diminua o nível de coesão entre os
indivíduos, aumentando e facilitando estratégias de dominação autoritárias, que se valem do processo
de isolamento e alienação social. Na atualidade, a cultura do medo está fortemente associada à
criminalidade urbana e aos valores do senso comum ligados a esse fenômeno.
Para reforçar esse conteúdo, apresente os dados no infográfico que confirmam a “cultura do medo” no
qual aponta que 69,2% dos entrevistados negros e 53,9% dos entrevistados brancos sentem medo de
serem vítimas de violência por parte da Polícia Militar. A polícia é considerada a representação do
poder público para fins de garantia da segurança de todo e qualquer cidadão.

AULA 2
1º momento: Para essa aula, é importante que a turma permaneça dividida em grupos de 5
estudantes. Professora ou professor, escreva as seguintes questões no quadro para que os estudantes
respondam individualmente no caderno de Sociologia:
• Você se sente livre para ir e vir nos espaços urbanos?
• Você sente que a cidade também é sua?

O objetivo desses questionamentos é verificar se os estudantes possuem a noção do que vem a ser os
91
espaços urbanos e se entendem que podem e devem se apropriar desses espaços porque, também, os
pertencem.

2º momento: Professora, ou professor, escreva a palavra “Rolezinho” no quadro e questione os


estudantes sobre o seu significado. Para fortalecer a discussão, entregue o resumo do artigo escrito
pelas autoras Rosanha Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco com o título “ROLEZINHOS: Marcas,
Consumo e Segregação no Brasil” disponível dentro do Dossiê sobre Cultura Popular da Revista de
Estudos Culturais 1, disponível em: file:///C:/Users/Cliente/Downloads/98372-Texto%20do%20artigo-
170763-1-10-20150521.pdf. Acesso em: 15 jun. 2023 à cada grupo para que acompanhem a leitura.
“No início de 2014, o fenômeno conhecido como rolezinho ganhou ampla visibilidade nacional e
internacional. Trata-se de adolescentes das periferias urbanas que se reúnem em grande número para
passear nos shopping centers de suas cidades. O evento causou apreensão nos frequentadores e fez
com que alguns proprietários dos estabelecimentos conseguissem o direito na justiça de proibir a
realização dos rolezinhos, barrando o acesso dos jovens. Desde então, emergiu um amplo debate
sobre segregação na sociedade brasileira. Com base em uma pesquisa etnográfica sobre consumo
popular com jovens da periferia de Porto Alegre, o artigo analisa o fenômeno dos rolezinhos,
abordando suas dimensões locais, nacionais e globais. Levando em consideração o atual momento
brasileiro, que versa sobre políticas de ascensão social via consumo e sobre uma onda de protestos de
inquietação social, argumentamos que os rolezinhos estão se modificando e encontrando diversas
formas de discutir e realizar política cotidiana no âmago de uma sociedade segregada.”

3º momento: Agora, entregue os dados do infográfico com dados produzidos pelo DataFolha sobre a
temática dos “Rolezinhos” para que analisem;

Imagem 4 - Pesquisa Data Folha “Rolezinhos”

Fonte: Leite, [2014].

4º momento: Agora é o momento de ouvir os estudantes. Após a discussão sobre o termo, a leitura
do texto e análise do infográfico, proponha uma discussão para que exponham suas análises sobre o
tema da aula, sobre suas experiências e experiências de conhecidos no que diz respeito à segregação
espacial e seus desdobramentos.

92
RECURSOS:
Quadro, pincéis, imagens e textos impressos.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Os estudantes serão incentivados a expressarem suas percepções sobre o tema, será proposta
atividades com o objetivo de averiguar se os estudantes se apropriaram da habilidade e objeto de
conhecimento propostos nas duas últimas aulas e seus objetos de conhecimento. E será observado se
houve uma mudança qualitativa no discurso inicial e final acerca do tema proposto por meio das
atividades propostas.

93
ATIVIDADES
1 − Com base no que foi apresentado e nas discussões feitas em aula, sabemos que violência,
segregação espacial e espaço público são conceitos-chave para entender o espaço urbano. Escreva um
parágrafo dissertativo-argumentativo de, no mínimo, 5 linhas sobre cada um desses conceitos e as
diferentes abordagens sobre eles.

2 − “[...] O shopping center é uma organização privatizadora do lazer. Mas é preciso reconhecer que
isso acontece e complexifica-se na medida em que não existem políticas públicas que confiram ao
fenômeno do lazer o caráter de direito social, direito de todos. Entendo que o shopping center só vem
aumentando sua participação na esfera do lazer urbano por causa da brecha que a inexistência ou
ineficiência das políticas públicas de lazer, sobretudo no Brasil, vem abrindo. A ausência de políticas
públicas [...] favorece não só a privatização do lazer pelo shopping center como também a segregação
social, uma vez que o poder aquisitivo acaba sendo um dos determinantes principais para as tomadas
de decisões diante das escolhas existentes [...]. PADILHA, Valquíria. Desafios da crítica imanente do
lazer e do consumo a partir do shopping center. ArtCultura, Uberlândia, v. 10, n. 17, p. 103-119, jul.-
dez. 2008. p. 109. Disponível em: Acesso em: jan. 2016.”

SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. Equipamentos públicos do município do Rio de Janeiro. p. 327. 2ª
Edição, São Paulo, 2016. Disponível em:
file:///C:/Users/Cliente/Downloads/Sociologia%20em%20Movimento%20LP%20PNLD%202018.pdf.

Assinale a alternativa que melhor sintetiza o argumento apresentado por Valquíria Padilha.
a) O lazer como direito social pode ser assegurado tanto por políticas públicas como pela iniciativa
privada.
b) A privatização dos espaços de lazer é uma característica das metrópoles contemporâneas que
permite o acesso da população a lugares seguros e limpos.
c) A segregação social é consequência dos processos de privatização do lazer, que tomam por
base a perspectiva dos direitos sociais.
d) O poder aquisitivo da classe trabalhadora não permite que esta possa usufruir dos
equipamentos urbanos na esfera do lazer.
e) O shopping center simboliza a divisão dos espaços da cidade entre as classes sociais e a
negação da igualdade de direitos associada à privatização do lazer.

94
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Souza Renato. O rolezinho da juventude nas ruas do consumo e do protesto. Diplomatique
Brasil. Edição 79. Juventude em Movimento. [s. l.], 03 Fev. 2014. Disponível em:
https://diplomatique.org.br/o-rolezinho-da-juventude-nas-ruas-do-consumo-e-do-protesto/. Acesso em
15 jun. 2023.
BODART, Cristiano; MOURA, Lisandro Lucas de Lima Moura. Café com Sociologia, Consumo, imaginário
e “rolezinho”. Blog Café com Sociologia, [s. l,], 31 Jan. 2014. Disponível em:
https://cafecomsociologia.com/consumo-imaginario-e-rolezinho/. Acesso em: 15 jun. 2023.
BRASIL. A violência contra pessoas negras no Brasil, 2022. Fórum Brasileiro de Segurança
Pública. Anuário Brasileiro de Segurança Pública, ano 16, 2022; Visível e invisível: a vitimização de
mulheres no Brasil, 3ª ed., 2021; Pesquisa Violência e democracia: panorama brasileiro pré-eleições
2022; Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS). Disponível em:
https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2022/11/infografico-violencia-desigualdade-racial-
2022.pdf. Acesso em: 15 jun. 2023
LEITE, Marcelo. 82% dos paulistanos são contra 'rolezinho', diz pesquisa Datafolha. Folha de São
Paulo. São Paulo, 23 Jan. 2014. Disponível em:
https://m.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1401561-82-dos-paulistanos-sao-contra-rolezinho-diz-
pesquisa-datafolha.shtml. Acesso em: 15 jun. 2023.
PINHEIRO-MACHADO, Rosana; SCALCO, Lucia Mury. ROLEZINHOS: MARCAS, CONSUMO E
SEGREGAÇÃO NO BRASIL. Dossiê sobre cultura popular urbana. Revista de Estudos Culturais, 1, USP,
São Paulo. 2014. Dispnoível em> https://pt.scribd.com/document/258902123/05-ed1-ROLEZINHOS-
MARCAS-CONSUMO-E-SEGREGAC-A-O-NO-BRASIL-0 . Acesso em: 15 jun.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.],
2022. Disponível em:
https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%A
Ancia%20do 20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 09 jun. 2023.2023.
MINAS GERAIS (Estado). Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Planos de Curso
Ensino Médio. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino Médio. Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais. 2023.
Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg.
Acesso em: 09 jun. 2023.
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. Equipamentos públicos do município do Rio de
Janeiro. p 319. 2ª Edição, São Paulo, 2016. Disponível em:
file:///C:/Users/Cliente/Downloads/Sociologia%20em%20Movimento%20LP%20PNLD%202018.pdf.
Acesso em: 15 jun. 2023.

95
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência Específica 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e
espaços, mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores
de conflito e negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam
o exercício arbitrário do poder.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Os processos de modernização (EM13CHS203) Contrapor os diversos significados de território,


e urbanização dos grandes fronteiras e vazio (espacial, temporal e cultural) em diferentes
centros e sua relação com sociedades, contextualizando e relativizando visões dualistas como
formas de exercício do poder e civilização/barbárie, nomadismo/sedentarismo e cidade/campo,
de dominação. entre outras.

ATIVIDADES
TEMA DE ESTUDO: Os processos de modernização e urbanização dos grandes centros.
DURAÇÃO: 1 aula.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Professor (a), questione aos estudantes como fazem seus deslocamentos para os centros urbanos.
Quais serviços públicos estão disponíveis para eles nos bairros onde moram, ou nos centros urbanos.
Aguarde o retorno dos estudantes e, em seguida, apresente o conceito de mobilidade urbana e
equipamentos públicos de forma dialógica.

DESENVOLVIMENTO:
AULA 1
A proposta para essa aula, é a reprodução de um vídeo curto, fruto de uma reportagem disponível no
canal da TV Senado com o título “Os problemas de mobilidade nos grandes centros urbanos”. Para
isso, os estudantes serão conduzidos até à sala de vídeo da escola.

Imagem 5 - Ilustração do Vídeo.

Fonte: (TV Senado, [2023])

2º momento: Professora ou professor, mostre aos estudantes como a segregação socioespacial está
associada à camada da população que precisa habitar lugares distantes dos grandes centros urbanos,
onde concentram-se comércios, possibilidades de trabalho, lazer, serviços públicos. Essa parcela

96
grande da população é privada de experimentar toda infraestrutura de serviços públicos já que estes
são deficientes ou mesmo inexistentes nos locais onde habitam. Em seguida, apresente no
retroprojetor a imagem abaixo, retirada do livro de Sociologia “Sociologia em Movimento”, página 319
contendo informações sobre a disposição dos equipamentos públicos no município do Rio de Janeiro

Imagem 6 - Equipamentos públicos do município do Rio de Janeiro

Fonte: (SILVA, [2016])

RECURSOS:
Quadro, pincéis, televisão, projetor multimídia e vídeo.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Os estudantes serão incentivados a expressarem suas percepções sobre o tema e, a partir disso, será
observado se houve uma mudança qualitativa no discurso inicial e final acerca do tema proposto.

97
ATIVIDADES
Percebemos que um problema verificado nas cidades diz respeito à mobilidade urbana. As cidades
brasileiras apresentam grandes dificuldades para a fluidez das pessoas nos transportes públicos. Para
você, por que isso acontece? Que relação você consegue analisar entre a questão da mobilidade
urbana e os transportes públicos coletivos e o individual? Responda as questões no caderno de
Sociologia para posterior avaliação.

98
REFERÊNCIAS
BOULOS JÚNIOR, Alfredo; ADÃO, Edilson e FURQUIM JR, Laércio. Multiversos: Ciências Humanas:
ética, cultura e direitos. Ensino Médio, 1ª Edição, 2020.
Jornalismo - Os problemas de mobilidade nos grandes centros urbanos - Bloco 1. [s.l.: s. n.], 9 jul.
2014. 1 vídeo (5min16). Publicado pelo canal TV Senado. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=UJ6uHUM_9U0. Acesso em: 15 jun. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.],
2022. Disponível em:
https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%A
Ancia%20do 20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 09 jun. 2023.2023.
MINAS GERAIS (Estado). Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Planos de Curso
Ensino Médio. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino Médio. Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais. 2023.
Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg.
Acesso em: 09 jun. 2023.
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. Equipamentos públicos do município do Rio de
Janeiro. p 319. 2ª Edição, São Paulo, 2016. Disponível em:
file:///C:/Users/Cliente/Downloads/Sociologia%20em%20Movimento%20LP%20PNLD%202018.pdf.
Acesso em: 15 jun. 2023.

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COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência Específica 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e
espaços, mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores
de conflito e negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam
o exercício arbitrário do poder.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Os interesses e os (EM13CHS204) Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço


agentes envolvidos na e a formação de territórios, territorialidades e fronteiras, identificando o
dinâmica social das papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios,
cidades. Estados Nacionais e organismos internacionais) e considerando os
conflitos populacionais (internos e externos), a diversidade étnico-cultural
e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Os interesses e os agentes envolvidos na dinâmica social das cidades.
DURAÇÃO: 2 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Professor(a), questione aos estudantes o que eles entendem o que vem a ser uma ‘mercadoria’.
Permita que os estudantes falem livremente o que pensam sobre o termo. De forma dialógica mostre
aos estudantes o conceito de mercadoria e questione se eles entendem as cidades e os espaços
públicos como uma mercadoria. Em seguida, apresente o tema das próximas duas aulas e apresente a
importância de se entender as cidades como um espaço público de direito de todos.

B) DESENVOLVIMENTO:
Para essa aula, será necessário mostrar aos estudantes como o uso mercantilizado das cidades é capaz
de transformar e tratar esse lugar em uma mercadoria a ser vendida e não em um espaço de direito de
todos com sua função social e princípios democráticos de gestão urbana.

AULA 1
1º momento: Reproduza o PodCast do canal Impacto da Fundação Getúlio Vargas, tema “Conflitos
Urbanos”, em algum equipamento sonoro (caixa de som, celular, caixinha de som etc.) de,
aproximadamente, sete minutos. Solicite aos estudantes que, enquanto ouvem o conteúdo do PodCast,
façam anotações no caderno de Sociologia de palavras-chave sobre a temática levando em conta todos
os conteúdos abordados nas últimas aulas para desenvolvimento de atividade posterior. PodCast
disponível em: https://open.spotify.com/episode/4tBVVC1BjNAZzyJv46bN0Y?si=TTWFzTXLSr6R8mR-
zy7oLg.

2º momento: Após escuta ativa do PodCast e registro no caderno de palavras-chave sobre a


temática, faça a leitura do texto disponível no livro “Sociologia em Movimento”, disponível na página
322.

100
“Assim, dois modelos de cidade são contrapostos: um baseado na lógica de mercado para a
distribuição dos recursos urbanos (por exemplo: serviços públicos, como iluminação e esgoto;
equipamentos urbanos, como parques, estádios, hospitais e escolas); e outro que valoriza a
política como meio de democratização da cidade e resolução dos conflitos sociais que
acontecem nela (por exemplo, com decisões tomadas em conjunto com conselhos municipais,
por meio de plebiscitos e fiscalização eficiente dos vereadores).
Na perspectiva do planejamento estratégico, é enfatizada a competitividade na relação entre
as cidades. Elas funcionam como pólos de prestação de serviços e geração de renda e, em
uma visão mais econômica que política, gestores públicos procuram tornar suas cidades
competitivas na busca por investimentos e na atração de mão de obra qualificada. Assim, em
vez de serem vistas como partes de uma região, ou mesmo de uma nação, em uma política
regional ou nacional de desenvolvimento urbano, as cidades passam a ser vistas como
“agentes” que perseguem “seus interesses” na ordem econômica competitiva. Essa forma de
competição também gerou o marketing das cidades, que as formalizou como produtos que
devem ser atraentes aos grandes investidores dos setores imobiliário, de transportes,
hoteleiro, etc.
Comparar a cidade a uma empresa significa que ela deixa de refletir sobre deliberações éticas
e políticas para obedecer às regras do mercado, e, dessa forma, substitui os princípios da
urbanidade, baseados na função social do solo urbano e na democracia, pelos princípios de
produtividade, competitividade e subordinação dos fins sociais à lógica simplista do lucro.
A oposição entre centro e periferia é muitas vezes promovida pela especulação imobiliária, que
torna mais caros os imóveis nas áreas centrais, mas também é consequência direta de
políticas públicas de habitação, que propositalmente afastam os mais pobres do centro e das
zonas residenciais mais valorizadas da cidade.”
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. Equipamentos públicos do município do Rio de Janeiro.
p 322. 2ª Edição, São Paulo, 2016. Disponível em:
file:///C:/Users/Cliente/Downloads/Sociologia%20em%20Movimento%20LP%20PNLD%202018.pdf.

AULA 2
1º momento: Com a ajuda de retroprojetor, reproduza no quadro da sala de aula a charge abaixo.

Fonte: SILVA, [2016].

101
2º momento: Para esse momento, leia para os estudantes o texto disponível no livro “Sociologia em
Movimento” trazendo uma análise sociológica importante sobre os impactos dos mega eventos para as
cidades e a população.

Copa e Olimpíadas: boas ou ruins para a cidade?


Desde a década de 1990, o Brasil vinha pleiteando com insistência o direito de sediar um
megaevento esportivo como os Jogos Olímpicos. Em 30 de outubro de 2007, a Federação
Internacional de Futebol Associado (Fifa) anunciou que o Brasil seria a sede da Copa do Mundo
de 2014. Em 2 de outubro de 2009, foi a vez de o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciar
finalmente a escolha da cidade do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. No
discurso oficial, sediar eventos desse porte só traz benefícios para a cidade. Ou seja, é uma
grande oportunidade de desenvolvimento. Do ponto de vista econômico, em uma estratégia
mercantil de planejamento estratégico, a cidade vira uma mercadoria que atrai investimentos e
turistas. Com base nessa concepção, todos devem colaborar para a realização de eventos que
trarão diferentes vantagens para a população: desde o aporte de verbas até a revitalização de
algumas áreas da cidade. Contudo, análises críticas apontam impactos negativos causados por
megaeventos. O economista e sociólogo carioca Carlos Vainer, professor e pesquisador do
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(Ippur/ UFRJ), afirma que tais ocasiões geram uma “cidade de exceção”, isto é, abre-se uma
série de precedentes, como isenção de impostos para investidores e maior permissividade em
relação à lei de responsabilidade fiscal, mas os municípios continuam impedidos legalmente de
fazer o mesmo para outros fins, como construir e equipar hospitais ou aumentar o salário dos
profissionais da saúde e da educação. Outro aspecto negativo diz respeito ao fenômeno
ideológico da propaganda. Afinal, se sediar um evento do porte de uma Olimpíada é visto como
uma grande “oportunidade de negócios”, não faltarão recursos de marketing para “vender” a
cidade. Assim, o espaço para críticas e manifestações que explicitem os conflitos e os problemas
urbanos pode ficar reduzido ou ausente. A imagem comercializada mascararia a realidade e as
questões sociais seriam negligenciadas. Segundo Vainer, as desigualdades seriam escondidas no
discurso e na prática, enquanto comunidades inteiras seriam removidas para localidades muito
distantes do centro – o que, na opinião dele, é algo que precisa ser decidido por meio do debate
com todos os setores da sociedade. Vainer propõe então que a população exerça um rígido
controle sobre os gastos e os impactos dos projetos, pois boa parte dos investimentos consiste
em transferências dos cofres públicos para empresas privadas; logo, é justo que todos saibam
qual será o retorno de tais investimentos. Dessa forma, a sociedade não deve se privar do
debate. É importante perguntar, por exemplo: é válido gastar tanto com estádios em uma cidade
onde muitas casas não possuem esgoto? Quais são as soluções possíveis no caso? O que se
pode aprender com experiências como a de Atenas, que até hoje está endividada pelos gastos
com as Olimpíadas de 2004? Se a realização de megaeventos vai, como as autoridades
costumam afirmar, melhorar a vida dos moradores da cidade, é, então, imperativo que seja a de
todos, e não de uma pequena e privilegiada parte.
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. Equipamentos públicos do município do Rio de Janeiro. p
324. 2ª Edição, São Paulo, 2016. Disponível em:
file:///C:/Users/Cliente/Downloads/Sociologia%20em%20Movimento%20LP%20PNLD%202018.pdf.

3º momento: O objetivo de mostrar a charge e o texto é provocar os estudantes, fazer com que
reflitam sobre as questões relacionadas ao direito às cidades, acesso aos equipamentos públicos e
atendimento às demandas existentes da população como um todo. Inicie, então, uma discussão com
os estudantes relacionando a charge e o texto com o conteúdo da última aula em que foi estudada a
mercantilização das cidades e os interesses dos envolvidos. É importante, nesse momento, deixar que
os estudantes façam suas análises e sejam orientados em relação aos conceitos estudados.

102
RECURSOS:
Quadro, pincéis, projetor multimídias, equipamento de áudio.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Os estudantes serão incentivados a expressarem suas percepções sobre o tema e realizarem as
atividades propostas e será avaliado se houve uma mudança qualitativa no discurso inicial e final
acerca do tema proposto.

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ATIVIDADES
1 − Você conhece o centro de sua cidade? Já consegue utilizar com tranquilidade os serviços públicos
disponíveis no centro urbano de sua cidade como, por exemplo, transporte público, serviços de saúde,
bibliotecas, parques e praças públicos? Levando em consideração o conteúdo das aulas até aqui,
escreva um parágrafo de, no mínimo, 5 linhas mostrando sua análise sobre esse espaço urbano
problematizando a questão da segregação espacial.

2 − Leia a letra da música abaixo e, em seu caderno de Sociologia, faça o que se pede:

Nós vamos invadir sua praia


Daqui do morro dá pra ver tão legal
O que acontece aí no seu litoral
Nós gostamos de tudo, nós queremos é mais
Do alto da cidade até a beira do cais
Mais do que um bom bronzeado
Nós queremos estar do seu lado
Nós tamo entrando sem óleo nem creme
Precisando a gente se espreme
Trazendo a farofa e a galinha
Levando também a vitrolinha
Separa um lugar nessa areia
Nós vamos chacoalhar a sua aldeia
Mistura sua laia
Ou foge da raia
Sai da tocaia
Pula na baia
Agora nós vamos invadir sua praia

MOREIRA, Roger. Nós vamos invadir sua praia. Intérprete: Ultraje a rigor. In: ULTRAJE A RIGOR. Nós vamos
invadir sua praia. [S. l.]: WEA, 1985. SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. Equipamentos públicos do
município do Rio de Janeiro. p 326. 2ª Edição, São Paulo, 2016. Disponível em:
file:///C:/Users/Cliente/Downloads/Sociologia%20em%20Movimento%20LP%20PNLD%202018.pdf.

Embora o sentido da expressão “vamos invadir sua praia”, na letra da banda Ultraje a Rigor, seja mais
amplo – em que “praia” significa um lugar que um grupo de pessoas considera especialmente como
“seu” –, podemos refletir sobre a mensagem da letra tendo em vista um fenômeno bem específico,
ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, em 2015. Trata-se da “invasão” das praias da zona sul carioca
por moradores da periferia da cidade, fenômeno esse associado, segundo a leitura da grande mídia e
do poder público, à prática de “arrastões” (furtos e roubos em meio a uma grande correria de pessoas)
nas areias.
Na ocasião, um fim de semana muito quente do mês de setembro, a reação de alguns moradores da
zona sul foi de pânico e ao mesmo tempo de revolta contra aqueles que queriam invadir a “sua praia”.
Outros episódios semelhantes já haviam ocorrido nas praias do Rio nos anos 1980, ocasionando
reações muito parecidas. Em 2015, como medida de segurança, as autoridades colocaram em prática
uma política de controle do acesso de determinado público às praias, sob um discurso de proteção aos
jovens e menores em situação de vulnerabilidade. Parando ônibus de determinadas linhas, revistando
e enviando para abrigos públicos jovens (majoritariamente pobres e negros) que se encontravam sem
dinheiro e sem documentos a caminho da praia, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro atuou nos
dias que se seguiram ao episódio do arrastão, visando bloquear a chegada de supostos “marginais” à
zona sul carioca. Tal medida gerou grande polêmica na sociedade, provocando reações e
manifestações de pessoas e de grupos ligados à defesa dos direitos humanos, do direito à cidade e dos

104
direitos das crianças e dos adolescentes. Afinal, a cidade é ou não é para todos? Com base no tema da
segregação social nas cidades, realize um debate com os colegas considerando o seguinte roteiro de
questões:
I) Se a praia é um lugar público, por que algumas pessoas a “frequentam” e outras a “invadem”?
II) Impedir o acesso de jovens pobres à praia pode ser uma solução para o problema da violência?
III) O pertencimento a uma classe social pode se tornar uma barreira para a livre circulação nos
espaços da cidade? Por quê?
IV) Por meio de quais medidas o poder público teria condições de contribuir para a superação
desse problema?

105
REFERÊNCIAS
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. Equipamentos públicos do município do Rio de
Janeiro. p 322. 2ª Edição, São Paulo, 2016. Disponível em:
file:///C:/Users/Cliente/Downloads/Sociologia%20em%20Movimento%20LP%20PNLD%202018.pdf.
Acesso em: 15 jun. 2023.
MINAS GERAIS (Estado). Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Planos de Curso
Ensino Médio. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino Médio. Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais. 2023.
Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg.
Acesso em: 09 jun. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.],
2022. Disponível em:
https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%A
Ancia%20do 20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 09 jun. 2023.2023.

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COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência Específica 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e
espaços, mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores
de conflito e negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam
o exercício arbitrário do poder.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Análise dos movimentos (EM13CHS206) Compreender e aplicar os princípios de localização,


sociais urbanos contem- distribuição, ordem, extensão, conexão, entre outros, relacionados com o
porâneos. raciocínio geográfico, na análise da ocupação humana e da produção do
espaço em diferentes tempos.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Análise dos movimentos sociais urbanos contemporâneos.
DURAÇÃO: 2 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Professor (a), proponha um momento de reflexão aos estudantes ao questionar seus conhecimentos
sobre os movimentos sociais existentes. Peça para que eles ilustrem suas falas com exemplos. Em
seguida, explique o termo e, de forma dialógica, faça a exposição do tema da aula.

B) DESENVOLVIMENTO:
A primeira aula foi dividida em dois momentos. No primeiro momento será apresentado aos estudantes
matéria jornalística sobre as ocupações nas cidades de Belo Horizonte e Contagem para fins de
tomarem conhecimento das lutas por moradias desses grupos. Em seguida, será reforçado o acesso à
moradia como direito social garantido em Constituição. Já a segunda aula, foi dividida em quatro
momentos. De forma geral, os estudantes já possuem conhecimentos sobre os movimentos sociais na
medida que já foram ensinados os conceitos e seus desdobramentos em aulas anteriores de acordo
com o Currículo Referência de Minas Gerais e os Planos de Curso. Porém, é importante testar os
conhecimentos e a visão que possuem sobre os movimentos sociais urbanos, suas manifestações e
lutas. Desse momento, ao longo da segunda aula, os estudantes serão orientados e acompanhados
durante uma discussão em grupo para, posteriormente, registrarem no caderno de Sociologia e
apresentarem suas conclusões e, assim, averiguar a aprendizagem.

AULA 1
1º momento – Com a turma dividida em grupos de 5 estudantes, entregue à cada grupo uma cópia
da notícia “Moradores de ocupações de BH e Contagem fazem marcha contra ameaça de despejo”,
disponível em: https://www.itatiaia.com.br/noticia/moradores-de-ocupacoes-de-bh-e-contagem-
fazem-marcha-ate-o-tjmg-contra-ameca-de-despejo. Leia a notícia junto com os estudantes.

2º momento – Leia para os estudantes o Artigo 6º da Constituição da República Federativa do Brasil


de 1988, no capítulo II, Dos Direitos Sociais. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm .
“Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)”.

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Nesse momento, é importante relembrar aos estudantes a importância da Constituição como lei
máxima em nosso país e o cumprimento de todo conteúdo jurídico disposto nela incluindo a garantia
de todos os direitos e deveres do povo que habita o território nacional.

AULA 2
1º momento: Com o auxílio de um retroprojetor, apresente a imagem abaixo aos estudantes.
Questione se eles conhecem a história das ocupações Dandara e Izidora da Região Metropolitana de
Belo Horizonte e suas lutas e reivindicações.

Fonte: LELIS, [2016].

2º momento: Após a apresentação da imagem, explique para os estudantes o que são as duas
ocupações. Para isso, utilize parte do artigo escrito por Natália Lelis disponível abaixo.

A Ocupação Dandara, formada em 2009 (Figura 1) (...) foi promovida por uma
articulação entre Movimento de Luta por Moradia nos Bairros, Vilas e Favelas
(MLB), Brigadas Populares, Movimento dos Sem Terra (MST) e CPT. A assessoria
jurídica para preparo, realização e início do processo de resistência foi feita
basicamente pelos advogados das Brigadas Populares, e o Plano Urbanístico foi
elaborado como trabalho final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo por
Tiago Castelo Branco Lourenço. Posteriormente, outros advogados e arquitetos
se uniram para reforçar essa assessoria. A ocupação se deu em um terreno de
propriedade de uma empresa do setor da construção civil. Atualmente, cerca de
cinco mil famílias residem na área. Dandara inaugurou uma nova forma de
constituição de moradia popular por meio de assessorias especializadas e redes
de apoio e o seu êxito aumentou a força dos movimentos e ativistas e a
mobilização de famílias para formar outras ocupações.
As ocupações da Região da Izidora (Figura 1), iniciadas entre 2012 e 2013,
acontecem em uma área de dimensões significativas (maior que a área urbana
original de Belo Horizonte, compreendida na Avenida do Contorno), de
propriedade privada, localizada na divisa de Belo Horizonte com Sabará. Nessa

108
área, há um sanatório desativado, uma comunidade quilombola, uma rica rede
hídrica e uma grande área vegetada. Ela tem essa mesma configuração há
décadas e estava destinada à preservação ambiental no zoneamento municipal,
com restrições quanto ao parcelamento, uso e ocupação do solo. Nos últimos
anos, houve investimentos de escala metropolitana – eixos viários, criação de um
Centro Administrativo Estadual, ampliação do Aeroporto Internacional de Confins,
representados esquematicamente na Figura 1 – que aumentaram bastante o
valor de mercado da terra dessa região. A Região da Izidora, por sua localização,
configuração (dimensão, recursos ambientais), aspectos históricos e inserção
urbana (acesso a infraestrutura, equipamentos e serviços), tem uma presença
significativamente mais expressiva que a região da Ocupação Dandara do ponto
de vista das dinâmicas metropolitanas e também sofreu um impacto maior em
relação à valorização imobiliária, decorrente dos investimentos nos últimos anos
no chamado Vetor Norte da RMBH. O terreno onde se formou a Ocupação
Dandara já era de propriedade de uma construtora, e o projeto previsto para a
área, investimento em produção de moradias com recursos do Programa Minha
Casa Minha Vida, não envolvia a aplicação de instrumentos urbanísticos tão
complexos como no caso da Região da Izidora” LELIS, Natália

3º momento: Após a leitura do texto acima, questione aos estudantes se eles perceberam a presença
de grupos organizados no ato de ocupação dos dois territórios apresentados e quais foram eles.
Proponha uma discussão e permita que os estudantes manifestem suas análises sobre o conteúdo
apresentado.

4º momento: Professora ou professor, mostre aos estudantes como as ocupações, de forma geral,
vivem em processo permanente de resistência a ameaças de despejo. Mas, em sua maioria, contam
com a assessoria de profissionais especializados, como advogados populares, arquitetos e urbanistas,
movimentos sociais de luta por moradias. Profissionais e estudiosos ligados às principais universidades
locais, além do trabalho do Ministério Público (Promotoria de Direitos Humanos), da Defensoria Pública
e de uma ampla rede de apoiadores. Em contrapartida, os moradores das ocupações sofrem todo tipo
de ameaças, violências simbólicas e segregação por parte dos proprietários dos terrenos ocupados, do
Poder Público estadual e municipal (são recusados pelos postos de saúde e creches, não recebem
ambulância, não têm acesso dificultado à água tratada e energia elétrica e não têm acesso à rede
pública de coleta de esgoto).

RECURSOS:
Quadro, pincéis, projetor multimídias, imagens online, vídeo.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Os estudantes serão incentivados a expressarem suas percepções sobre o tema e, a partir disso, será
observado se houve uma mudança qualitativa no discurso inicial e final acerca do tema proposto.

109
ATIVIDADES
1 − Leia a charge a seguir. Escreva, em seu caderno de Sociologia, qual crítica realizada pelo autor?

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/dbch07112008.htm.

2 − Para fazer o fechamento das aulas deste bimestre, conduza os estudantes até à sala de vídeo e
exiba o vídeo documentário “A Cidade Para Poucos - Breve História da Propriedade Urbana no Brasil”.

Fonte: (MADALOZZO, [2018])

Após assistirem atentamente ao documentário, os estudantes deverão produzir um texto dissertativo-


argumentativo de, no mínimo, uma página no caderno de Sociologia analisando todo o conteúdo
abordado durante as aulas e sintetizado no vídeo. O objetivo dessa atividade final é averiguar a
capacidade de compreensão dos conteúdos das aulas e o fechamento do bimestre.

110
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Capítulo II, Dos Direitos
Sociais, Artigo 6º. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 15 jun. 2023.
LELIS, Natália. Ocupações urbanas: a poética territorial da política. Rev. Bras. Estud. Urbanos Reg.
18 (3). [s. l.], Set. 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbeur/a/QvDwHw63BnmmMr85xYzsrkk/?lang=pt#. Acesso em: 15 jun. 2023.
A Cidade Para Poucos - Breve História da Propriedade Urbana no Brasil. [s. l.: s. n.], 29 mai. 2018. 1
vídeo (14min16). Publicado por Nisiane Madalozzo Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=SMdo2JReUjw. Acesso em: 15 jun. 2023.
MEIRELES, Carla. Direito à moradia. Politize. [s. l.], 30 Ago. 2017. Disponível em:
https://www.politize.com.br/direito-a-moradia/. Acesso em: 15 jun. 2023.
MINAS GERAIS (Estado). Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Planos de Curso
Ensino Médio. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino Médio. Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais. 2023.
Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg.
Acesso em: 09 jun. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.],
2022. Disponível em:
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