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TCC
ITU – SP
2019
UM OLHAR HISTÓRICO: “INDIANA JONES” E AS VISÕES SOBRE O ORIENTE
A historical look: “Indiana Jones” and visions about the East
RESUMO:
Este artigo trata das representações do mundo oriental pelo mundo ocidental, usando o cinema
como ferramenta de análise, mais especificamente a trilogia “Indiana Jones”, e dá uma breve
contextualização do período de produção das obras audiovisuais e suas implicações nas
representações apresentadas. O presente artigo também trata da aplicação do cinema como
instrumento para o ensino de história em sala de aula seu uso como ferramenta pedagógica
para o aprendizado das reinterpretações sobre o Outro.
ABSTRACT:
This article deals with the representations of the eastern world by the western world, using
cinema as an analysis tool, more specifically the “Indiana Jones” trilogy, and gives a brief
contextualization of the period of production of audiovisual works and its implications on the
presented representations. The present article also deals with the application of cinema as an
instrument for teaching history in the classroom and its use as a pedagogical tool for learning
of reinterpretations about of the Other.
INTRODUÇÃO
A representação mais comum do mundo oriental, é de um lugar
exótico, misterioso, místico e que carece de certa “simetria mental” aos olhos dos
ocidentais (SAID, 2007). São nesses aspectos que o Orientalismo, mais
especificamente a obra homônima do professor e ativista palestino Edward Said,
se apoiam para mostrar como são feitas as representações do Oriente.
O orientalismo é um discurso estruturado e baseado nas relações de
poder entre as duas entidades culturais Oriente x Ocidente, que acaba por gerar no
imaginário popular um “Oriente inventado”, produzido segundo visões externas, e
que reproduzem uma imagem do mundo oriental à sua maneira e segundo as suas
interpretações e que nem sempre se justifica no mundo real.
Segundo Said (2007), essas representações do mundo oriental e seus
habitantes, não são mais que instrumentos de dominação, seja ela cultural,
política, social ou economicamente falando, pois como já citado, o Ocidente
produziu o seu próprio mundo oriental, com as suas convicções e certezas.
Dentre os diversos fatores que proporcionam para que essa dominação
cultural ocorra, e que faz com que tais representações sejam feitas, dois se
destacam: a cultura, que tem um papel crucial na formação das visões sobre esse
“Oriente inventado”, e a outra é a mídia, que é o veículo pelo qual essas
representações são exprimidas ao mundo.
É importante evidenciar que um dos grandes protagonistas para o
entendimento do orientalismo é o papel central da cultura, já que, o que buscamos
é compreender o contexto do imperialismo a partir do ponto de vista cultural.
Quando falamos no uso dos estudos culturais para entender o orientalismo, nos
referimos a questão da importância do “choque cultural” entre Ocidente e Oriente,
e como o mundo oriental é representado pelo mundo ocidental. A cultura se insere
nesse contexto pois é a principal disseminadora de certos ideais e visões, ela se
torna o escopo pelo qual olhamos, julgamos e fazemos juízo de valor para as
ações alheias, ajuda a criar a visão e na formação da conduta e na impressão das
pessoas sobre determinado fato, como podemos ver no trecho abaixo de Hall
(1997).
ou grupo, cada uma dessas imagens pode partir de escopos diferentes e são
criados alguns signos que fazem com que tais imagens remetam a um grupo
específico, no exemplo de Hall (1997) são as imagens usadas para descrever o que
é “ser inglês”, porém, há várias representações do mesmo objeto, o que se altera é
o olhar de quem as apresenta e como as apresentam. O cerne de nossos estudos
para estabelecer uma ligação entre a questão cultural, as representações do mundo
oriental no cinema e suas implicações históricas está fundamentada em dois
principais aspectos: a centralidade da cultura e sua importância como reguladora e
formadora de opinião dos indivíduos (HALL, 1997, p. 39) e a mídia como
criadora, reprodutora e divulgadora de certos discursos, nesse segundo ponto nos
referimos a questão dos conglomerados midiáticos acabarem se tornando parte da
formação cultural dos indivíduos.
Este trabalho foca no cinema como uma das mídias veiculadoras dos
discursos sobre o Oriente, utilizando de três filmes em especifico, sendo esses a
“trilogia clássica” dos filmes Indiana Jones, além dos filmes por si só, a obra será
situada no que tange aos contextos políticos e socioeconômicos do período da sua
produção.
crescentes dentro dos EUA são alguns fatores preponderantes para que a
influência norte-americana tanto na política e economia mundial, quanto na
própria administração interna fosse sendo minada e enfraquecida durante toda a
década de 70 e começo da década de 80 (CORTEZ, 2015). Outro agravante, dessa
vez no quesito econômico interno dos EUA era a alta inflação devido as crises já
citadas anteriormente, principalmente os embargos em cima dos barris de petróleo
por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP.
Após uma fuga heroica por parte de Indiana, e uma conversa com dois
agentes da inteligência do exército que procuram pelo antigo mentor de “Indy”
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(apelido pelo qual o protagonista é chamado pelos seus amigos), o mesmo viaja
até o Nepal, lá é que a trama do filme começa de fato e o título se justifica. Aqui
somos introduzidos ao “mundo oriental” da obra, após cenas de ação a trama se
desenvolve e Indiana Jones descobre que o Partido Nazista tem planos de
encontrar a Arca da Aliança e tornar o exército Nazista invencível. Apresentado
um breve plano geral da trama do filme é importante evidenciar alguns pontos:
como já citado neste artigo, o mundo oriental é geralmente representado como a
morada do místico e misterioso e na obra analisada uma das formas de justificar
esse fator é a relíquia procurada por ambos (tanto protagonistas, quanto
antagonistas) estar em algum lugar do Oriente, no caso do filme em Tânis no
Egito. Além disso é também importante expor como são feitas as representações
dos habitantes daquele local e como todos são de certa forma personagens muito
caricatos e que acabam servindo de alívio cômico ao longo do filme.
Figura 2 – Indiana Jones atira em um homem oriental com uma cimitarra após ele
fazer uma encenação com a espada.
Mais uma vez temos num tema amplo o Oriente retratado como a
morada de tudo aquilo que é “mágico” e “místico”, como na imagem acima temos
o templo onde está guardado o Santo Graal.
Outra das representações comuns e que é reafirmada nesse filme são
as representações acerca do indivíduo árabe, geralmente mostrado como
ganancioso e mesquinho e dentro deste terceiro filme essa lógica ainda aparece,
quando um dos antagonistas precisa de reforços militares e fala com um Sheik
local para consegui-los.
Figura 7 – Um dos antagonistas do filme convence um sheik local a lhe dar apoio
militar
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FILMES