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bioRXiv

Sergio Parra

Os cientistas ultrapassaram uma nova fronteira na virologia com uma descoberta espantosa: vírus gigantes enterrados nos solos das florestas de Harvard, nos
EUA, foram encontrados por especialistas da Universidade de Massachusetts e do Instituto Max Planck de Investigação Médica.
Estes micróbios – 350 vírus gigantes com um diâmetro entre 220 e 1.200 nanómetros – apresentam características morfológicas nunca antes observadas pela ciência,
desde camadas exteriores em forma de estrela até apêndices tubulares que desafiam a nossa compreensão da biologia viral. Publicadas no bioRXiv, estas descobertas
representam um avanço significativo no nosso conhecimento da diversidade viral.

10 vírus vistos ao microscópio: do VIH ao vírus Nipah

A ORIGEM DOS VÍRUS GIGANTES


Os vírus gigantes, conhecidos principalmente por infectarem organismos unicelulares, estão a abrir um debate na comunidade científica sobre a sua possível interacção
com animais ou seres humanos.

Notavelmente maiores do que os vírus típicos, este tipo de vírus tem fascinado os cientistas devido ao seu tamanho e aos seus enormes genomas. Ao contrário do vírus da
COVID-19, que mede entre 100 e 160 nanómetros, estes gigantes ultrapassam as medidas comuns, tornando-se visíveis ao microscópio electrónico, uma técnica que
revelou formas tão impressionantes que foram apelidadas de "Estrela de Natal", "Tartaruga" e "Górgona".
bioRXiv

a) "Tipo Mimi". b) "Supernova". c) "Corte de cabelo". d) "Tartaruga". e) "Canalizador". f) "Estrela de Natal". g) "Flacón". h) "Górgona". i-k) VLPs grandes com estruturas
de cauda.

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Estas descobertas sugerem uma imensa diversidade genética e estrutural, desafiando as percepções tradicionais e abrindo um mundo de virologia ambiental por descobrir.

A origem destes vírus gigantes continua a ser um enigma. A sua presença não se limita apenas aos solos florestais, mas estende-se a diversos ambientes, como os oceanos e
o permafrost (como o Pithovirus sibericum, que ressuscitou depois de ter estado congelado durante 30.000 anos).

No entanto, há décadas que sabemos da existência desses vírus. Tomemos como exemplo o vírus da varíola, cujo tamanho é comparável ao de uma pequena bactéria. A
evolução para um tamanho maior destes vírus teve provavelmente origem na sua menor dependência da célula hospedeira que parasitam. Estes vírus transportam a sua
informação genética sob a forma de ADN. Curiosamente, as células que infectam mantêm a sua maquinaria de ADN fechada no interior do núcleo celular.

Enquanto outros vírus desenvolveram estratégias para se infiltrarem neste núcleo, os vírus maiores optaram por uma táctica diferente: incorporar o seu próprio conjunto
de ferramentas. Dentro da sua estrutura encapsulada, tecnicamente conhecida como capsídeo, alojam as proteínas essenciais para ler o ADN e transformá-lo em ARN.
Uma vez conseguido isso, o vírus passa a manipular a célula hospedeira para converter esse ARN em proteínas. É nesta altura que começa a sua fase de parasita celular,
explorando os recursos da célula para seu próprio benefício.

A evolução para um tamanho maior dos vírus não é um fenómeno recente – está ligada à necessidade de integrar funções que não podem ser usurpadas da célula
hospedeira. No entanto, nos anos 2000, começou a surgir um novo grupo de vírus, caracterizado por ser ainda maior e, sobretudo, por possuir genomas de dimensões
consideravelmente maiores.
bioRXiv

O Mimivirus é um dos maiores vírus conhecidos.

Entre estes, o Mimivírus foi um dos primeiros a ser identificado. Este vírus tem um genoma maior do que o de algumas bactérias e um tamanho comparável ao de uma
célula bacteriana comum. O termo "mimi" no seu nome deriva de "mimic", porque o seu grande tamanho levou a que fosse confundido com uma bactéria durante anos.

IMPLICAÇÕES E INVESTIGAÇÃO FUTURA


Esta descoberta não só enriquece a nossa compreensão da biodiversidade viral, como também realça a necessidade de mais investigação para compreender o seu papel na
saúde humana e nos ecossistemas.

A possibilidade de existirem vírus gigantes semelhantes nos solos de outras florestas em todo o mundo e o reconhecimento de que há milhões de vírus ainda por catalogar
sublinham a importância desta nova era de descobertas virais. A virologia ambiental tem pela frente um caminho emocionante, cheio de mistérios a resolver e respostas a
descobrir no vasto e desconhecido mundo dos micróbios gigantes.

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