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RECURSOS

TERAPÊUTICOS
MANUAIS

Gabriela Souza de Vasconcelos


Introdução aos recursos
terapêuticos manuais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer a importância do toque terapêutico nas intervenções


manuais.
„„ Descrever os efeitos fisiológicos na terapia manual.
„„ Listar os recursos terapêuticos manuais.

Introdução
As técnicas de terapia manual podem ser utilizadas individualmente
ou em conjunto com as demais intervenções fisioterapêuticas e trazem
inúmeros benefícios ao paciente e à evolução do tratamento.
De acordo com o objetivo terapêutico, poderá ser escolhida uma
ou mais técnicas que se complementem para atingir e contemplar as
necessidades do paciente, como alívio de dor, melhora da amplitude
de movimento, entre outras.
Neste capítulo, você vai ler sobre a importância do toque terapêutico,
seus efeitos fisiológicos e as diferentes técnicas de terapia manual.

1 Toque terapêutico
Ainda que muitas vezes não percebamos, o toque está entre as formas de
comunicação não verbal que utilizamos em nosso dia a dia. Segundo Silva
(2002), a comunicação não verbal envolve todas as manifestações de com-
portamentos que não são expressos pelo uso de palavras; ela pode nos ajudar
a identificar a dor, o medo, a irritação, a ansiedade ou a preocupação das
pessoas a nossa volta.
2 Introdução aos recursos terapêuticos manuais

O toque pode ser classificado em instrumental, expressivo ou afetivo,


expressivo-instrumental e terapêutico. O toque instrumental é caracterizado
pelo toque físico apenas para procedimentos técnicos e prestação de assistên-
cia. O toque expressivo ou afetivo é espontâneo e aplicado de maneira mais
humanizada, não estando relacionado a uma atividade específica. O toque
expressivo-instrumental alia o toque espontâneo ao toque cujo objetivo é rea-
lizar um procedimento técnico. Por último, o toque terapêutico é uma terapia
integrativa e holística baseada na milenar técnica terapêutica de imposição das
mãos que objetiva aliviar sintomas, dores, minimizar ansiedade e melhorar o
processo de cicatrização, a partir da crença em uma energia universal, vital
e que mantém todos os seres vivos (KRIEGER, 1979).
Embora o ato de tocar uma pessoa seja reconhecido como estratégia de
cura há mais de 15 mil anos, a hoje chamada terapia manual passou a ser na
atualidade um importante componente na intervenção de doenças ortopédicas
e neurológicas, sendo considerada uma área de especialização da fisioterapia
(DUTTON, 2010).
O avanço das pesquisas, da tecnologia e da área de fisioterapia permitiram
que, a fim de favorecer a reabilitação física dos pacientes, inúmeras técnicas
de terapia manual fossem desenvolvidas e aplicadas, tanto de modo individual
quanto em conjunto com as demais intervenções da fisioterapia. Entre essas
técnicas, podem-se citar Cyriax (massagem friccional transversa), Mennel,
Maitland, Mulligan, Kaltenborn, osteopatia, quiropraxia, liberação miofascial,
técnica de liberação posicional, técnicas de mobilização neurodinâmica,
exercícios com resistência manual, facilitação neuromuscular proprioceptiva
(FNP), mobilização e manipulação das articulações, etc. (DUTTON, 2010;
KISNER; COLBY, 2017).
Os objetivos dessas técnicas incluem alívio dos sintomas dolorosos
e melhora da extensibilidade tecidual, o que permite maior amplitude de
movimentos. Infelizmente, ainda não há consenso em relação à escolha da
melhor técnica e à disfunção para que se deve aplicá-la, pois as avaliações e
as pesquisas científicas esbarram na subjetividade da aplicação e da avaliação
da efetividade dessas intervenções. Por exemplo, o fisioterapeuta pode, de um
paciente para outro, alterar a intensidade de pressão aplicada, seja por causa
do cansaço, seja pelo baixo nível de tolerância do paciente. Outro ponto que
pode interferir e enviesar a análise da efetividade dessa avaliação é a satisfa-
ção de cada paciente com a técnica aplicada. Atualmente, a grande maioria
dos profissionais se baseia na sua própria experiência para escolher a melhor
intervenção (NOGUEIRA, 2008; DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2017).
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Mesmo com essas dificuldades, é possível indicar as técnicas de terapia


manual para dores musculoesqueléticas; condições musculoesqueléticas não
irritáveis; dores musculoesqueléticas intermitentes; dores que melhoram
com o repouso, com exercícios ou com posicionamentos específicos; e dores
relacionadas à permanência nas posturas em pé e sentada (DUTTON, 2010).
As contraindicações podem ser divididas em relativas e absolutas.
As contraindicações relativas são efusão ou inflamação articular, artrite reu-
matoide, sinais neurológicos, osteoporose, hipermobilidade, gravidez (técnicas
na coluna), tontura e terapia com esteroides ou anticoagulantes. Já, segundo
Dutton (2010), as contraindicações absolutas incluem infecção bacteriana,
infecção sistêmica localizada, malignidade, suturas ou feridas abertas no
local a ser tratado, fratura recente, celulite, estado febril, hematoma, condição
circulatória aguda, osteomielite, diabetes avançada, hipersensibilidade da
pele, sensação de final de movimento inadequada (espasmódica, vazia, óssea),
dor grave e constante, irradiação extensiva da dor, dor que não melhora com
repouso e irritação grave.
Além das indicações e das contraindicações para a aplicação das técnicas
de terapia manual, também alguns princípios devem ser considerados tanto
no momento da escolha quanto, principalmente, durante a realização das
técnicas de terapia manual. De acordo com Campos et al. (2009) e Dutton
(2010), esses princípios são os seguintes: conhecer a forma das superfícies
articulares (côncavo e convexo) para a realização dos deslizamentos, compor-
tamento dos sintomas (duração, tipo e irritabilidade), posicionamento tanto
do paciente quanto do profissional, posicionamento da articulação, direção e
quantidade da força, especificidade, posicionamento preciso das mãos (toques
leves e seguros para auxiliar nas manobras) e reforço dos ganhos (estratégias
que aumentem a duração das manobras, seja por repetição da técnica ou por
exercícios direcionados para a articulação acometida).
É de fundamental importância reconhecer que o toque não se define ape-
nas pelo ato físico de tocar; ele compreende a forma de tocar, as expressões
faciais, a atenção visual, o tom de voz, a iluminação, os cheiros e os gestos
que envolvem o outro. Por isso, o ato de tocar, que parece tão simples, pode
ser decisivo na aquisição de confiança e influenciar na qualidade das relações
que o fisioterapeuta vai estabelecer com o seu paciente (BRASIL, 2010).
Mesmo com todas as técnicas decoradas, anamnese bem realizada, fatores de
indicação e contraindicação bem definidos, ao tocar alguém o fisioterapeuta estará
invadindo um espaço pessoal, e nem sempre o toque é permitido ou desejado;
sendo assim, é necessário observar os sinais emitidos pelo paciente e sempre lhe
pedir licença para tocá-lo (MONTAGU, 1988; AYRES, 2005; SILVA, 2002).
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Para Dutton (2010), a utilização das técnicas de terapia manual depende da condição
do paciente, e a intensidade da força aplicada é baseada no estágio da cicatrização.
É importante explicar ao paciente que a dor gerada pelas técnicas deve ser mantida
dentro do limite de tolerância.

2 Efeitos fisiológicos da terapia manual


A pele é responsável pelo sentido do tato e tem um papel muito importante
na relação dos seres humanos; por meio dela, o toque pode trazer sensações
tanto agradáveis quanto desagradáveis e interferir na forma como as situações
a nossa volta são percebidas. Em função disso, o toque e a proximidade física
devem ser vistos como modos potenciais de se estabelecer com o paciente
uma comunicação que transmita afetividade, envolvimento e segurança —
e, acima de tudo, que promova a valorização do outro.
Conforme Montagu (1988), essa relação entre a pele, o tato e a sua reper-
cussão para todo o sistema humano se deve à origem dos tecidos, visto que os
sistemas epitelial e nervoso são diferenciações do ectoderma. Os elementos
sensoriais envolvidos no toque provocam emoções e sensações na pessoa tocada
devido às alterações glandulares, neurais, musculares e mentais (MONTAGU,
1988; SILVA, 2002).
Quando bem aplicadas, as técnicas de terapia manual podem trazer inúme-
ros benefícios ao paciente, pois o toque exerce uma função muito importante
tanto na vida das pessoas quanto nos seus processos de cura. Isso porque,
entre outras coisas, por meio do toque se pode promover a união entre os
sujeitos e a percepção do outro. No entanto, deve-se salientar que, apesar
do seu potencial terapêutico, o toque pode causar distanciamentos entre as
pessoas, gerar desconfortos e abalar a confiança, sobretudo quando não forem
respeitados os limites de uma das partes (MONTAGU, 1988; SILVA, 2002).
Existem inúmeras técnicas de terapia manual disponíveis para a utilização
durante os atendimentos fisioterapêuticos; sendo assim, cabe ao profissional
buscar o aperfeiçoamento e o conhecimento sobre cada uma delas e optar por
aquela, ou aquelas, que trará mais benefícios aos seus pacientes (BIENFAIT,
1999).
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De um modo geral, o que se espera com a utilização das técnicas de terapia


manual é o alívio da dor; o relaxamento muscular; a eliminação de catabólitos;
a melhora da viscosidade entre as fáscias; a melhora da circulação arterial e
venosa; a estimulação da atividade metabólica intersticial; o aumento do viço
da pele, deixando-a mais fina e brilhante; a aceleração do fluxo do retorno
linfático; a estimulação do peristaltismo; a melhora na nutrição circulatória
dos tecidos moles e das articulações; a produção de endorfinas; a diminuição
da espessura do tecido conjuntivo; a melhora do alongamento da musculatura
e a possibilidade de maior movimento articular; a quebra de contraturas/
encurtamentos/retrações; e a restauração do formato ou do comprimento
(BIENFAIT, 1999; KALAMIR et al., 2007; NOGUEIRA, 2008; BRINGEL;
SOUZA; NESSI, 2015; CAGNIE et al., 2015).
De acordo com os objetivos terapêuticos, é possível utilizar diferentes técnicas
que podem apresentar certas particularidades nos efeitos fisiológicos. Por exem-
plo, as técnicas de manipulação e mobilização articular, amplamente utilizadas
pelos fisioterapeutas, apresentam os seguintes efeitos: hipoalgesia, inibição do
espasmo muscular por influência na excitabilidade do motoneurônio, melhora
do controle motor e repercussões no sistema nervoso autônomo, estímulo à
propriocepção e ao líquido sinovial e produção de elasticidade a fibras aderidas
(NOGUEIRA, 2008). Já as técnicas de manobras miofasciais — como massagem,
liberação miofascial, pompagem, entre tantas outras — trazem relaxamento
muscular; eliminação de catabólitos; melhora da viscosidade entre as fáscias;
melhora da circulação arterial e venosa; estimulação da atividade metabólica
intersticial; aumento do viço da pele, deixando-a mais fina e brilhante; aceleração
do fluxo do retorno linfático; estimulação do peristaltismo; favorecimento de
um melhor alongamento da musculatura; possibilidade de maior movimento
articular; contribuição na produção de endorfinas; e diminuição da espessura
do tecido conjuntivo (BRINGEL; SOUZA; NESSI, 2015; CAGNIE et al., 2015).

A fim de enriquecer seus estudos, você pode ler o artigo Fascite plantar: a terapia manual
como método de tratamento (CARVALHO et al.). O artigo traz informações sobre os efeitos
da terapia na reabilitação física de pacientes com fascite plantar. Além disso, para que
os objetivos terapêuticos sejam alcançados e o paciente tenha uma reabilitação física
plena, cabe ao profissional treinar bastante as manobras e respeitar os limiares de dor
e sensibilidade de cada paciente.
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3 Recursos terapêuticos manuais


A terapia manual pode ser definida como:

[...] uma abordagem clínica que utiliza técnicas práticas especializadas e


específicas, incluindo, mas não se limitando, a mobilização de tecidos moles,
manipulação/mobilização, usada por profissionais de saúde especialistas,
a fim de diagnosticar e tratar estruturas de tecidos moles e articulares com
o objetivo de modular a dor, aumentar a amplitude de movimento, reduzir
ou eliminar a inflamação dos tecidos moles, induzir relaxamento, melhorar
o reparo tecidual contrátil e não contrátil, a extensibilidade e/ou estabili-
dade, facilitando o movimento e melhorando a função (PARIS, documento
on-line, 2013).

A seguir, serão apresentadas algumas das técnicas de terapia manual que


os fisioterapeutas podem utilizar na prática clínica.

Massagem friccional transversa (Cyriax)


A massagem friccional transversa foi desenvolvida por Cyriax e consiste em
aplicar massagens repetidas transversalmente às fibras no músculo, nos tendões,
nas bainhas dos tendões e nos ligamentos. Ela é indicada para lesões agudas
ou subagudas em ligamentos, tendões ou músculos, inflamações crônicas em
bolsas e aderências nesses tecidos, pois tem a função de aumentar a mobili-
dade e a extensibilidade dos tecidos e tratar tecidos inflamatórios cicatriciais.
Entretanto, ela é contraindicada para inflamações agudas, hematomas, peles
abertas ou debilitadas, nervos periféricos e para pessoas que apresentem
redução da sensibilidade na área afetada. Para Dutton (2010), os efeitos dessa
técnica são alívio da dor, hiperemia traumática e redução do tecido cicatricial.

Liberação miofascial
A liberação miofascial consiste em técnicas desenvolvidas para liberar res-
trições no tecido miofascial. O objetivo dessa técnica é aplicar leves pressões
sustentadas na fáscia, para promover a liberação de restrições fasciais. Ela é
indicada para tratar lesões de tecidos moles, como, por exemplo, síndromes
miofasciais dolorosas, cefaleias de origem tensional, disfunções da ATM, etc.
(DUTTON, 2010).
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Mobilização dos tecidos moles


Segundo Bienfait (1999), Dutton (2010) e Donnelly et al. (2020), além das
de Cyriax e da liberação miofascial, outras técnicas são direcionadas para
a mobilização dos tecidos moles, como a pressão sustentada, a compressão
isquêmica, a massagem, a acupressão e a pompagem.

Pressão sustentada
A técnica de pressão sustentada deve ser realizada no centro do tecido restrito,
na profundidade, na direção e no ângulo exatos da restrição máxima. Pode ser
realizado um movimento espiral (sentidos horário e anti-horário) associado
com a pressão sustentada a fim de se aumentar a tensão no tecido em uma
direção e diminuir a tensão em outra direção. Essa técnica pode ser aplicada
em lesões de tecido mole, como tensões musculares, pontos gatilhos, torcicolos,
entre outros (DUTTON, 2010).

Compressão isquêmica
A compressão isquêmica é muito utilizada em postos gatilhos, ativos ou
inativos. Em relação a sua forma de aplicação, ela se parece muito com a
pressão sustentada e deve ser mantida por 8 a 12 segundos. Para Dutton
(2010), o princípio dessa técnica se baseia na hipótese de que a compressão
sobre o ponto gatilho impediria a entrada de oxigênio, tornando-o inativo e
quebrando o ciclo dor–espasmo–dor.

Massagem geral
Bastante utilizada pelos fisioterapeutas, a massagem geral são deslizamentos
sistemáticos, terapêuticos e funcionais no corpo, que objetivam aumentar a
circulação e a temperatura da pele na área massageada, como resultado da
dilatação dos capilares. Geralmente, a massagem é utilizada para disfunções
dos tecidos moles, como lesões ou tensões musculares, pontos gatilhos, sín-
dromes dolorosas em que o relaxamento muscular é necessário e traz bem-
-estar ao paciente, dores lombares crônicas inespecíficas. A massagem pode
ser diferenciada em effleurage, deslizamentos, petrissage e dedilhamento
(DUTTON, 2010; DONNELLY et al., 2020).
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„„ A effleurage se baseia em movimentos aplicados aos músculos e


aos tecidos moles em direção centrípeta (distal para proximal), para
melhorar o relaxamento e aumentar a drenagem venosa e linfática.
O fisioterapeuta deve fazer contato firme com a palma da mão e, ao
final do movimento, retirar as mãos da pele do paciente, de modo que
ela volte à posição inicial.
„„ O deslizamento é uma opção de massagem aplicada levemente ao
longo do comprimento das superfícies a fim de promover relaxamento.
„„ A petrissage é um grupo de técnicas que envolvem a compressão das
estruturas dos tecidos moles, incluindo apertar, pressionar, rolar e pegar.
O objetivo dessa técnica é liberar áreas de fibrose muscular.
„„ O dedilhamento é a aplicação de deformações rítmicas e repetidas
sobre o músculo, visando ao relaxamento.

Acupressão
A acupressão é uma técnica de mobilização dos tecidos moles oriunda da
shiatsu e da acupuntura e consiste em aplicar pressão manual sobre os pontos
da acupuntura para melhorar o fluxo de energia do corpo (DUTTON, 2010).

Pompagem
A pompagem consiste em uma manobra de mobilização fascial que melhora
a circulação local e a nutrição dos tecidos, reduzindo a dor. Essa técnica pode
ser utilizada em dores lombares e cervicais, lesões e tensões musculares e de
tecidos moles (BIENFAIT, 1999).

Energia muscular
As técnicas de energia muscular combinam a precisão da mobilização passiva
com a efetividade, a segurança e a especificidade das terapias de reeducação
e dos exercícios terapêuticos. Mais indicadas nas fases agudas e subagudas
do processo de cicatrização, essas técnicas podem ser usadas para mobilizar
articulações, fortalecer músculos fracos e alongar músculos e fáscias encurta-
dos. Entre elas, podem-se citar os alongamentos passivos e ativos, a facilitação
neuromuscular proprioceptiva (FNP), a reeducação postural global (RPG), o
spray de gelo e o alongamento, entre outros. As técnicas de energia muscular
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podem ser utilizadas em muitas disfunções cinético-funcionais, tais como: dor


lombar crônica, dor cervical, escoliose, hipercifose, pós-operatórios, lesões
musculares, lesões tendíneas e demais situações que tenham sido geradas por
encurtamentos musculares ou que precisem melhorar o alongamento muscular
(DUTTON, 2010; DONNELLY et al., 2020).

Terapia de liberação posicional


(tensão — contratensão)
A terapia de liberação posicional pode ser considerada uma técnica manual
indireta, pois se trata de um procedimento posicional passivo que coloca
o corpo em uma posição de maior conforto, aliviando a dor pela redução
e parada da atividade proprioceptiva inadequada que mantém a disfunção
somática. Em muitos casos de dores crônicas, na coluna, no quadril, no ombro
ou em qualquer outra articulação, o paciente adota posturas antálgicas para se
proteger da dor, o que, a longo prazo, também traz consequências dolorosas.
Segundo Dutton (2010) e Donnelly et al. (2020), a intenção dessa técnica é
posicionar as articulações e os segmentos de forma que tragam conforto e
alívio dos sintomas ao paciente.

Técnicas de mobilização e manipulação articular


A mobilização articular pode ser caracterizada como uma técnica de terapia
manual que abrange movimentos passivos qualificados para um complexo
articular que são aplicados em velocidades e amplitudes variáveis com a
intenção de restaurar o movimento ideal, a função física e reduzir a dor.
Já a manipulação pode ser considerada um impulso passivo, de alta velocidade
e de baixa amplitude, aplicado a um complexo articular dentro de seu limite
anatômico, apresentando os mesmos objetivos da mobilização — incluindo,
ainda, o reposicionamento articular. Como exemplos das técnicas de mobiliza-
ção e manipulação articular, podem-se citar Kaltenborn, Maitland, Mulligan,
osteopatia e quiropraxia. Essas técnicas são muito utilizadas em situações
de restrição de amplitude de movimento ou posicionamento inadequado das
articulações, como em dores na coluna, pós-operatórios, síndrome do ombro
congelado, torcicolos, entorses ligamentares, entre outros (DUTTON, 2010;
DONNELLY et al., 2020).
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O toque, como forma de cura, é utilizado há muito tempo e se tornou uma


das técnicas mais utilizadas pelos fisioterapeutas durante os processos de
reabilitação física. Atualmente, com os avanços tecnológicos, inúmeras técnicas
de terapia manual foram desenvolvidas e têm sido aplicadas com vistas aos
diversos objetivos anteriormente listados neste capítulo. Em função de todos os
benefícios trazidos por elas, as técnicas de terapia manual podem ser indicadas
para muitas disfunções cinético-funcionais, tais como: disfunções da ATM,
dores musculares, dores de cabeça, tendinites, síndrome do ombro congelado
ou pós-operatórios que gerem restrições da amplitude de movimento, etc.

A fim de complementar seus estudos, você pode assistir ao vídeo “Terapias manuais na
fisioterapia”, do canal Crefito-3, que apresenta uma breve explicação sobre as técnicas
de terapia manual, seus efeitos e princípios. O vídeo está disponível no YouTube.

AYRES, J. R. de C. M. Hermenêutica e humanização das práticas de saúde. Cienc. saúde


colet., v. 10, nº. 3, p. 549–560, jul./set. 2005.
BIENFAIT M. Fáscias e pompages: estudo e tratamento do esqueleto fibroso. 5. ed. São
Paulo: Summus, 1999.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas
em Saúde. O futuro hoje: estratégia brasileirinhas e brasileirinhos saudáveis primeiros
passos para o desenvolvimento nacional. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. (Série B
Textos Básicos de Saúde) (Série ODM Saúde Brasil, 4).
BRINGEL, T. N.; SOUZA, M. M.; NESSI, A. Efeitos fisiológicos: massagem em pró estética
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CAGNIE, B. et al. Evidence for the use of ischemic compression and dry needling in
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CAMPOS, B. C. et al. Ensino de massoterapia: habilidades envolvidas na relação fisiote-
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Introdução aos recursos terapêuticos manuais 11

CARVALHO, C. C et al. Fascite plantar: a terapia manual como método de tratamento.


Revista de Trabalhos Acadêmicos - Universo Recife. v. 5, n. 2, 2018. Disponível em: http://
revista.universo.edu.br/index.php?journal=1UNICARECIFE2&page=article&op=view&
path%5B%5D=6640&path%5B%5D=3731. Acesso em: 24 mar. 2020.
DONNELLY, J. M. et al. Dor e disfunção miofascial de Travell, Simons & Simons: manual de
pontos-gatilho. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2020. 1012 p.
DUTTON, M. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
KALAMIR, A. et al. Manual therapy for temporomandibular disorders: A review of the
literature. Journal of Bodywork and Movement Therapies, v. 11, º. 1, p. 84–90, jan. 2007.
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri
Manole, 2017.
KRIEGER, D. The therapeutic touch: how to use yourhands to help or to heal. New York:
Prentice Hall, 1979.
MONTAGU, A. Tocar: o significado humano da pele. 10. ed. São Paulo: Summus; 1988.
NOGUEIRA, L. A. C. Neurofisiologia da terapia manual. Rev. Fisioterapia Brasil. v. 9, nº.
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PARIS, S. V. A history of manipulative therapy through the ages and up to the current
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SILVA, M. J. P. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em
saúde. 10. ed. São Paulo: Loyola, 2002.

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