Você está na página 1de 61

MINI-MANUAL DE LESÕES

DOS MEMBROS INFERIORES

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................4
QUADRIL............................................................................................................................... 4
IMPACTO FEMOROACETABULAR (IFA) E SÍNDROME DO IMPACTO FEMOROACETABULAR...................................6
CAUSAS..................................................................................................................................... 8
SINTOMAS.................................................................................................................................. 8
DIAGNÓSTICO.............................................................................................................................. 9
RISCOS E COMPLICAÇÕES..............................................................................................................11
RECUPERAÇÃO........................................................................................................................... 12
QUADRÍCEPS........................................................................................................................15
CAUSAS...................................................................................................................................... 16
SINTOMAS....................................................................................................................................16
DIAGNÓSTICO............................................................................................................................... 16
RISCOS E COMPLICAÇÕES............................................................................................................... 18
RECUPERAÇÃO..............................................................................................................................18
ISQUIOTIBIAIS...................................................................................................................... 19
CAUSAS...................................................................................................................................... 20
SINTOMAS....................................................................................................................................21
DIAGNÓSTICO............................................................................................................................... 22
RISCOS E COMPLICAÇÕES............................................................................................................... 22
RECUPERAÇÃO..............................................................................................................................22
ADUTORES...........................................................................................................................22
CAUSAS...................................................................................................................................... 23
SINTOMAS....................................................................................................................................24
DIAGNÓSTICO............................................................................................................................... 24
RISCOS E COMPLICAÇÕES............................................................................................................... 25
RECUPERAÇÃO..............................................................................................................................25
JOELHOS.............................................................................................................................26
TENDINOPATIA PATELAR................................................................................................................. 28
CAUSAS................................................................................................................................... 29
SINTOMAS................................................................................................................................ 29
DIAGNÓSTICO............................................................................................................................ 29
2
RISCOS E COMPLICAÇÔES..............................................................................................................30
RECUPERAÇÃO........................................................................................................................... 30
TORNOZELO......................................................................................................................... 31
ENTORSE DE TORNOZELO................................................................................................................ 31
CAUSAS................................................................................................................................... 32
SINTOMAS................................................................................................................................ 34
DIAGNÓSTICO............................................................................................................................ 35
RISCOS E COMPLICAÇÕES..............................................................................................................35
RECUPERAÇÃO........................................................................................................................... 35
TENDÃO DE AQUILES...................................................................................................................... 37
CAUSAS................................................................................................................................... 37
SINTOMAS................................................................................................................................ 38
DIAGNÓSTICOS...........................................................................................................................39
RISCOS E COMPLICAÇÕES..............................................................................................................40
RECUPERAÇÃO........................................................................................................................... 41
PÉS....................................................................................................................................41
FASCITE PLANTAR......................................................................................................................... 41
CAUSAS................................................................................................................................... 42
SINTOMAS................................................................................................................................ 43
DIAGNÓSTICO............................................................................................................................ 43
RISCOS E COMPLICAÇÕES..............................................................................................................44
RECUPERAÇÃO........................................................................................................................... 44
ESPORÃO DO CALCÂNEO................................................................................................................. 47
CAUSAS................................................................................................................................... 48
SINTOMAS................................................................................................................................ 49
DIAGNÓSTICO............................................................................................................................ 50
RISCOS E COMPLICAÇÕES..............................................................................................................51
RECUPERAÇÃO........................................................................................................................... 51
NEUROMA DE MORTON....................................................................................................................53
CAUSAS................................................................................................................................... 53
SINTOMAS................................................................................................................................ 54
DIAGNÓSTICO............................................................................................................................ 54
RISCOS E COMPLICAÇÕES..............................................................................................................56
RECUPERAÇÃO........................................................................................................................... 56
REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 59

3
INTRODUÇÃO

Sabemos que os membros inferiores são alvo recorrente de lesões, seja no


âmbito do cotidiano ou no esporte de alto rendimento. Os membros inferiores são
o sustentáculo do nosso corpo, necessários para basicamente qualquer atividade
do nosso dia-a-dia.

Seja para caminhar, correr, nadar, pular ou até mesmo sentar, os nossos
membros inferiores são amplamente requisitados no nosso cotidiano. No âmbito
dos esportes, é quase impossível pensar em uma modalidade que não utilize os
membros inferiores, mesmo que indiretamente.

Logo, este breve e-book surge com o intuito de disseminar um pouco do


conhecimento acerca das principais lesões dos membros inferiores. Desde o
quadríceps, até o Tendão de Aquiles, falaremos um pouco sobre os mecanismos de
lesão, o tratamento a recuperação e até o prognóstico. Esperamos que você
aproveite bastante o conteúdo!

QUADRIL

O quadril é uma das articulações mais importantes do corpo humano. Ele nos
permite caminhar, correr e pular, sustenta o peso do corpo e as forças dos
músculos do restante dos membros inferiores.

Anatomicamente, o quadril é a articulação na qual o fêmur encontra com o


acetábulo. O quadril é uma das articulações mais importantes do corpo humano. Ele
4
nos permite caminhar, correr e pular, sustenta o peso do corpo bem como as
forças dos músculos do restante dos membros inferiores.

Anatomicamente o quadril é a articulação na qual o fêmur encontra com o


acetábulo. É uma estrutura extremamente complexa. Envolvendo diversos
ligamentos (como o íliofemoral e pubafemoral) ossos e cartilagens, (como o labrum
acetabular) bursas e músculos (como os paravertebrais e piriforme).

Devido a sua estrutura, o quadril tem uma boa coaptação, favorecendo a


estabilidade da estrutura. Consequentemente, é a articulação do corpo humano
mais difícil de sofrer luxação. Porém, a amplitude de movimento do quadril é

5
limitada, principalmente quando comparada a outra articulação semelhante, a do
ombro.

Como qualquer outra articulação do corpo humano, o quadril pode ser


acometido de diversas patologias, sejam elas traumáticas ou degenerativas.
Passemos então a analisar algumas dessas patologias que podem afetar essa
estrutura.

IMPACTO FEMOROACETABULAR (IFA) E SÍNDROME DO IMPACTO FEMOROACETABULAR

O IFA é uma patologia que acomete as estruturas do quadril. Ele ocorre


quando há um contato anormal ou um encaixe imperfeito entre o fêmur e o
acetábulo, que ocorre nos movimentos do quadril.

Mais precisamente, quando falamos em IFA, estamos nos referindo a


projeção óssea formada no colo do fêmur ou ao longo da borda do acetábulo, que,
consequentemente, compromete toda a biomecânica dessa articulação.

6
Como o quadril é muito requisitado ao longo do dia, bem como nas práticas
esportivas, esse impacto pode acontecer de forma frequente. Os movimentos que
demandam grandes amplitudes do quadril podem exacerbar ainda mais essa
patologia.

O IFA é dividido em três tipos, CAM ou CAME e PINCER e Misto. Vejamos de


maneira sucinta as diferenças entre estes três tipos.

 CAM ou CAME: Caracterizado por um contorno ósseo em formato abaulado, um


aumento de volume ósseo na região de transição entre a cabeça e o colo do
fêmur.

 PINCER: Neste tipo, é caracterizado por uma proeminência óssea na porção


anterior e superior da borda do acetábulo.

 MISTO: Esta é a forma mais comum de IFA e, como o próprio nome indica, aqui
temos a presença de ambas as deformações ósseas anteriores.

7
CAUSAS

As causas do IFA ainda não são definitivamente conhecidas. Porém, sabemos


de algumas lesões, patologias e outras

Dentre as causas do IFA, não podemos deixar de citar as doenças que podem
ocorrer ainda na infância, como a Epifisiólise, Doença de Perthes e a Síndrome de
Legg-Calvé-Perthes. Estas patologias afetam o quadril e podem, eventualmente,
resultar em um quadro de IFA.

Também podemos mencionar pessoas que praticam esportes que demandam


grandes amplitudes de movimento das articulações do quadril. Essa demanda
excessiva pode aumentar as chances de o indivíduo desenvolver deformidades no
quadril.

SINTOMAS

Em alguns casos, o indivíduo com IFA não apresenta manifestações clínicas


ou dor, porém, quando apresentar dor, chamamos de Síndrome do Impacto
Femoroacetabular (SIFA).

A SIFA é o quadro sintomático da IFA, ou seja, é a presença da IFA mais


sintomas como a dor e perda da funcionalidade do quadril.

Dentre os principais sintomas da SIFA estão:

8
 Dor no quadril, principalmente ao realizar movimentos de flexão, adução e
rotação do quadril.
 Dor na região inguinal;
 Dor que se acentua com atividade física;
 Dor que se acentua ao permanecer sentado por longos períodos de tempo
ou ficar longos períodos em determinadas posições;
 Em alguns casos pode haver estalidos ao movimentar o quadril;

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é realizado principalmente através de exame de imagens (Raio


x, Ressonância e Tomografia).

Imagem: Raio X indicando IFA no tipo CAM.

9
Imagem: Ressonância magnética indicando IFA no tipo Pincer.

Também pode ser realizado o chamado teste de impacto, no qual, com o


paciente em posição de decúbito dorsal, o joelho é levado até o peito e depois é
realizada uma rotação externa. Caso seja acusada a dor, o teste é positivo para o
impacto.

10
Imagem: Teste de Impacto.

RISCOS E COMPLICAÇÕES

A existência do IFA, somada a execução repetitiva dos movimentos de flexão


e extensão de quadril, principalmente em grandes amplitudes de movimento, pode
resultar em atrito excessivo e, consequentemente, em lesões das estruturas moles
interpostas na articulação, como lábrum e cartilagem. Logo, o IFA é considerado um
possível fator de risco para o desenvolvimento de um desgaste precoce do quadril.

Devido as alterações mecânicas da articulação do quadril, algumas


descompensações podem ocorrer nas articulações sacro ilíacas, do púbis e da
coluna lombar, consequentemente podendo causar dores nestas regiões.

11
RECUPERAÇÃO

O tratamento para a IFA poderá ser feito de maneira conservadora (não


cirúrgica) ou cirúrgica. O tratamento não cirúrgico pode incluir:

 Mudanças de hábitos;
 Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides;
 Fisioterapia para a melhora da amplitude de movimento e fortalecimento dos
músculos que sustentam a articulação.

Já em casos de danos as articulações e o tratamento não cirúrgico não


apresentar bons resultados a cirurgia talvez seja a opção indicada.

A artroscopia é um dos procedimentos cirúrgicos que pode ser utilizado


para corrigir os danos causados pelo impacto. Porém, nem todos os danos podem
ser corrigidos, dependerá principalmente da extensão e gravidade dos danos
causados à articulação.

12
Imagem: Realização da artroscopia do quadril.

Imagem: Raio X do ante e depois de cirurgia de artroscopia do quadril para IFA no tipo CAM.

13
Há também a possibilidade de cirurgia aberta, porém, está é mais invasiva e
o tempo de recuperação é mais prolongado. Entre seus benefícios são o maior
acesso ao local da lesão e melhor visibilidade.

No período pós-operatório é necessário que o indivíduo utilize muletas por 4


a 8 semanas, de forma a não sobrecarregar o membro operado. O tempo de
recuperação irá depender dos procedimentos feitos, a extensão dos danos à
articulação e as estruturas reparadas na cirurgia. A fisioterapia será fundamental,
devendo começar o quanto antes, para auxiliar na recuperação, principalmente
para auxiliar nos resultados pretendidos com a cirurgia.

Na fase inicial, o objetivo é a redução da dor e do processo inflamatório provenientes da


cirurgia e a preservação da cápsula articular do quadril, que foi lesada no momento da
cirurgia.
Em seguida, deve ser priorizado o ganho de amplitude de movimento (em um primeiro
momento, sem forçar muito os movimentos de extensão, abdução e rotação externa da
coxa, para não estressar a cápsula do quadril) e o fortalecimento da musculatura
estabilizadora do quadril, bem como do joelho e tornozelo (sobretudo da perna operada).
Enquanto o indivíduo ainda tiver de muletas, esses exercícios devem ser realizados sem
que o paciente suporte o próprio peso.
Após a retirada das muletas, os exercícios passam a ser com descarga de peso sobre o
membro operado; o trabalho de resistência deve ser intensificado e, por fim, é realizado
treinamento do controle do movimento dos membros inferiores e treino do gesto
esportivo, nos casos em que os pacientes pretendem voltar para a atividade física. Esse
processo dura, em média, de 2 a 4 meses.

14
QUADRÍCEPS

O quadríceps é formado pelo vasto medial, vasto lateral, vasto intermédio e


reto femoral.

Os músculos do quadríceps estão envolvidos em inúmeras atividades, tanto


do dia-a-dia, quanto de esportes, por exemplo; no caminhar, correr, estabilizar o
joelho e flexionar a perna. Logo, todos estes músculos, bem como os tendões da
coxa, são suscetíveis a lesões.

15
A gravidade destas lesões varia entre contraturas, estiramentos, distensões
do tendão ou músculo, a rupturas parciais ou totais.

CAUSAS

As lesões do quadríceps geralmente afetam o músculo reto femoral e


ocorrem durante esportes que envolvem corrida, salto ou chute, como futebol. Nos
casos mais extremos, a força que essas atividades exercem sobre o músculo faz
com que ele se rompa completamente, situação comum em esportes de contato,
nos quais um golpe direto no músculo pode levar até mesmo a um sangramento
localizado.

SINTOMAS

Os sintomas devem variar dependendo da gravidade da lesão. Geralmente há


dor, e talvez alguma fraqueza, hematomas na perna e algum inchaço.

Se o tendão do quadríceps foi rompido, pode haver um sinal sonoro ou um


"estalo" audível no momento ruptura. Podendo ocorre, também, a sensação de uma
“lacuna” no local da ruptura. A realização da extensão do joelho pode não ser
possível, consequentemente dificultando o caminhar.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico clínico das lesões do quadríceps são feitos, na maioria das


vezes, através da apalpação muscular, testes de alongamento, resistência e
avaliação funcional.

16
Imagem: Exame de apalpação com resultado positivo para ruptura de tendão do quadríceps.

O raio-X pode ser um instrumento importante na detecção de danos ósseos,


principalmente em caso de lesões mais graves. Se houver suspeita de ruptura, o
diagnóstico normalmente é feito através de exame físico, sendo necessário, às
vezes, ultrassonografias ou ressonâncias magnéticas.

17
Imagem: Raio X acusando ruptura do tendão quadríceps.

Cabe ressaltar que a ruptura conjunta do quadríceps e dos tendões


patelares são denominadas rupturas do mecanismo extensor do joelho.

RISCOS E COMPLICAÇÕES

Uma lesão não tratada pode levar a uma perda severa de mobilidade e
flexibilidade na área afetada, bem como da função. Raramente, uma contusão pode
levar à miosite ossificante, uma condição dolorosa que envolve calcificação
muscular (quando o osso começa a crescer dentro do músculo).

RECUPERAÇÃO

A recuperação sempre dependerá de diversos fatores tanto objetivos,


quanto subjetivos, dentre eles; a gravidade da lesão, a musculatura afetada e as
individualidades do paciente.
18
Um músculo lesionado pode se recuperar dentro de 4 semanas, enquanto a
reabilitação de uma pequena ruptura pode levar de 4 a 8 semanas, dependendo da
gravidade da lesão. Já no caso de uma ruptura total do tendão do quadríceps, será
necessário procedimento cirúrgico, podendo levar de 4 a 6 meses para a
recuperação.

ISQUIOTIBIAIS

Os isquiotibiais, musculatura da parte posterior da pena, são o conjunto dos


três músculos; o semitendíneo, o semimebranoso e a porção longa do bíceps
femoral.

19
As lesões nos isquiotibiais são as mais recorrentes no futebol, podendo
variar em gravidade, desde contusões razoavelmente pequenas, estiramentos e
rupturas moderadamente graves até rupturas em grande escala.

CAUSAS

Contusões por trauma são causadas por forte impacto no músculo


resultante de uma colisão ou queda. As lesões nos isquiotibiais ocorrem em
esportes nos quais o atleta precisa acelerar repentinamente ou quando os
músculos estão sujeitos a alongamentos ou contrações repentinos e fortes: por
exemplo, no futebol ou em atividades de salto.

Técnica inadequada, fadiga muscular e aquecimento inadequado também


podem levar a essa lesão. Em casos graves, o alongamento excessivo do músculo
contra uma força, por exemplo, durante o levantamento de peso, pode causar uma
ruptura completa do músculo.

20
SINTOMAS

As lesões podem ser acompanhadas de dor e inchaço. Um estiramento dos


isquiotibiais pode causar inchaço na parte de trás da coxa e, em casos graves, pode
haver um estalo no momento da lesão.

Imagem: Hematoma na parte posterior da coxa em caso de ruptura completa do semimembranoso.

Também podem ocorrer sensações de pontadas nessa área durante o


exercício e quando aplicada pressão, flexionado ou estendido o joelho. A parte de
trás da coxa pode ficar tensa e causar dificuldade para caminhar, dependendo da
gravidade da lesão.

21
DIAGNÓSTICO

Seu fisioterapeuta fará um diagnóstico através de exame físico e talvez uma


ultra-sonografia ou ressonância magnética.

RISCOS E COMPLICAÇÕES

Retornar ao esporte antes que os músculos se recuperem adequadamente


pode levar à lesão recorrente. Se não for tratado, pode causar uma rigidez e
inflamação do tendão. A "síndrome dos isquiotibiais" pode se desenvolver, na qual o
tecido cicatricial dos músculos lesionados retém o nervo ciático, causando mais
dor.

RECUPERAÇÃO

Poderá voltar ao esporte assim que não sentir dor. Lesão leve, a
recuperação pode levar de 2 a 3 semanas. Moderadas precisarão de 6 a 8 semanas,
mas podem demorar mais. A ruptura do músculo pode exigir cirurgia, após a qual o
seu tempo de recuperação pode ser de 4 a 6 meses.

ADUTORES

O termo “groin problems” (termo geral para problemas de adutor e púbis),


refere-se ao alongamento excessivo ou ruptura de qualquer um dos cinco músculos
adutores da parte interna da coxa. São eles: o Grácil, Pectíneo, e Adutor curto,
longo e

22
magno.

Essa musculatura é muito importante, principalmente por sua função de


estabilização do quadril durante a corrida, assim como nos movimentos de flexão,
adução e rotação externa da coxa.

Quanto as lesões nesta região, na maioria dos casos, são pequenas rupturas
de algumas fibras musculares, porém, na maior parte delas, o músculo permanece
intacto.

CAUSAS

As lesões nos adutores e púbis são frequentemente causadas por


movimentos extenuantes de alongamento das pernas, ao correr ou chutar uma bola,
por exemplo, ou por mudanças repentinas de direção, que podem ocorrer em
23
diversos esportes, como futebol, hóquei ou tênis. O uso excessivo dos músculos
adutores pode levar a inflamação no púbis (tendinopatia adutora).

SINTOMAS

Dependendo da gravidade da lesão, pode haver desde um leve desconforto,


até uma dor intensa na parte superior da coxa. Também pode haver dor ao puxar a
perna contra uma resistência. É possível também que ocorra inchaço e hematomas
na parte interna da coxa.

DIAGNÓSTICO

O profissional diagnosticará a condição a partir do seu histórico médico e de


um exame físico. Talvez seja necessário o uso de uma ecografia ou ressonância
magnética para confirmar o diagnóstico.

24
Imagem: Ruptura completa de tendão adutor longo e parcial do grácil vista por ressonância magnética.

RISCOS E COMPLICAÇÕES

Normalmente, a tensão na virilha cura sem problemas. No que se refere a


reabilitação, embora exercícios de alongamento importantes, o exagero pode
resultar em uma lesão que demande mais tempo de cicatrização.

RECUPERAÇÃO

A maioria das lesões nos adutores e púbis levam aproximadamente de 4 a 6


semanas para cicatrizar, porém, o tempo dependerá da gravidade da lesão. A
recuperação deve ser realizada de forma ativa, junto a fisioterapia, e todo o
trabalho multidisciplinar. Se você passou por uma cirurgia, é provável que seu
período de reabilitação seja de 3 a 6 meses ou até mesmo mais.

25
JOELHOS

As lesões e distúrbios musculoesqueléticos de joelho são extremamente


comuns, tanto durante a prática de esportes, quanto no dia-a-dia. Neste mini
manual vamos abordar 3 lesões. A dor femoropatelar, a tendinopatia patelar e a
ruptura do tendão patelar.

DOR FEMOROPATELAR

A dor femoropatelar (DFP) é um dos distúrbios mais comuns do joelho em


atletas. As mulheres têm um risco maior de desenvolver essa condição. Por outro
lado, 10% dos jovens que iniciam um programa de atividade física serão
diagnosticados com DFP.

CAUSAS

Normalmente, a DFP é causada por alguma anormalidade no funcionamento


da patela. Quando a patela não desliza corretamente, nos movimentos de extensão e
flexão de joelho, acaba gerando fricção. Esta fricção acaba por irritar a cartilagem
da patela, consequentemente gerando dor. A DFP também está correlacionada com
o uso excessivo do joelho ou sua sobrecarga, situações que causam desgaste
contínuo da articulação.

Entretanto, a DFP também afeta pessoas inativas, sedentárias. A própria


obesidade, devido a sobrecarga, pode ser uma das causas da DFP.

26
Existem fatores de risco intrínsecos para a DFP, como anomalias anatômicas
ou morfológicas, disfunção muscular ou histórico de trauma ou cirurgia no joelho.

Dentre os fatores extrínsecos, podemos citar certos esportes que


demandam muito desta articulação, a superfície onde o esporte é praticado, o tipo
de calçado também influencia no surgimento de DFP.

SINTOMAS

Como o próprio nome indica, o principal sintoma da DFP é a DOR. Ela pode
ocorrer em diversas situações como:

 Ao praticar esportes;
 Descer escadas;
 Dor ao ficar sentado por muito tempo.

Também é possível que haja sensação de instabilidade, ou bloqueio do joelho,


bem como sensação de ruídos ou estalos.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é feito através do exame clínico, sendo possível a utilização de


exames por imagem, principalmente como forma de diagnóstico diferencial, para
distinguir uma possível DFP de outras possíveis patologias, como a condromalácia e
a tendinite patelar.

RISCOS E COMPLICAÇÕES
27
Embora a DFP tenha sido originalmente descrita como tendo um curso
autolimitado, pesquisas mais recentes mostraram que uma paciente com histórico
dessa condição pode aumentar o risco de desenvolver osteoartrite femoropatelar,
sugerindo que pacientes com DFP devam ser tratados para prevenir a degeneração
articular.

RECUPERAÇÃO

O tratamento e recuperação da DFP é muito focado no equilíbrio muscular e


biomecânico, bem como na reabilitação muscular, principalmente do quadríceps,
isquiotibiais e panturrilha. O trabalho fisioterápico também visa a melhora do
deslizamento da patela sobre o sulco troclear no fêmur.

Quanto aos atletas, é indicado que não se pratique o esporte enquanto a dor
persistir.

TENDINOPATIA PATELAR

As tendinopatias causam uma enorme dor de cabeça para muito pacientes e


alunos, a Tendinite Patelar (joelho de saltador) é uma das lesões por esforço de
impacto repetitivo mais comuns no joelho. Estudos recentes mostram que acomete
de 20 a 30% dos atletas e esportistas de diversas modalidades, principalmente os
praticantes dos populares esportes de impacto como a corrida de rua, o handebol,
o vôlei e o basquete, bem como esportes que exigem frenagem constante, como o
tênis. Didaticamente, tendinite patelar é uma inflamação no tendão que liga a patela
(rótula) à tíbia.
28
CAUSAS

A sobrecarga excessiva no tendão patelar pode provocar alterações nesta


estrutura, levando a pequenas lesões, progressivamente, podendo ocasionar em
uma tendinose.

Fatores extrínsecos: Esforço repetitivo com sobrecarga durante atividades


de corridas e saltos, frequência e a intensidade dos treinos e competições, tipo de
superfície do solo, erros de treinamentos, condições ambientais;

Fatores intrínsecos: Força muscular da perna quanto a da coxa estão


relacionadas com o aparecimento de tendinopatia patelar, flexibilidade que
quadríceps e isquiostibiais, fatores psicológicos e sociais, desequilíbrio muscular,
fatores anatômicos e biomecânicos;

SINTOMAS
A Tendinopatia Patelar pode apresentar alguns dos seguintes sintomas:

 Dor localizada na região inferior da patela, após exercícios;


 Dor relacionada à carga, que aumenta com a demanda dos extensores do
joelho;

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico clínico ainda prevalece eminentemente cínico, logo, a


realização de um exame físico funcional específico e minucioso é essencial para se
chegar ao diagnóstico final. O diagnóstico clínico também se caracteriza por dor à

29
palpação no pólo inferior da patela e adjacências. Já nos casos mais avançados, é
possível visualizar nódulo palpável, bem como edema associado.

Os exames de imagem com certeza também são de grande ajuda para o


diagnóstico diferencial. Exames como Raio-x, ultrassom e ressonância magnética
(RM) auxiliam no diagnóstico. O ultrassom e a RM podem definir de maneira mais
precisa o local exato da lesão, sua extensão, bem como identificar a presença de
alterações degenerativas.

RISCOS E COMPLICAÇÔES

A principal complicação da tendinopatia patelar é a dor persistente durante


a prática de esportes. Porém, também há o temor de uma eventual ruptura do
tendão patelar.

RECUPERAÇÃO

A prevenção e o tratamento devem ser realizados de maneira progressiva


conforme a tolerância e carga do tendão, levando sempre em consideração a dor
apresentada nos grupos musculares envolvidos, assim como os movimentos e
técnicas a serem realizados.

Inicialmente, o tratamento é clínico, com repouso, possível utilização de


crioterapia e fisioterapia. O tratamento conservador pode levar até seis meses.
Nos casos em que o tratamento conservador não for bem-sucedido, ou em
casos de pré-ruptura em atletas ou pacientes ativos, é possível a utilização do
tratamento cirúrgico.
30
Nos casos de cirurgia por artroscopia, a recuperação pode levar entre 6 e 8
semanas. Já no caso da cirurgia aberta, a transposição ao esporte pode levar de
60 a 90 dias.

TORNOZELO

O tornozelo é uma estrutura muito importante, isto porque, como a


extremidade inferior é uma cadeia cinética, tudo o que afeta o tornozelo também
afeta o joelho e o quadril e alterações na função dos membros inferiores
associadas à instabilidade crônica do tornozelo podem predispor os pacientes a
lesões de Ligamento Cruzado Anterior (LCA).

ENTORSE DE TORNOZELO

A entorse lateral do tornozelo é uma lesão musculoesquelética que ocorre


frequentemente, com alta prevalência tanto na população geral quanto em
indivíduos que praticam esportes. São mais prevalentes, porém, em esportes com
saltos, rotações e contato físico.

31
CAUSAS

As lesões de tornozelo ou entorses de tornozelo estão entre as lesões mais


comuns em alguns esportes principalmente em esporte com saltos e mudanças
bruscas de direção. Para esportes indoor, por exemplo, foi relatada uma incidência
de 7 entorses por 1.000 exposições.

32
Entre os principais fatores de risco intrínsecos para a ocorrência das lesões
nas estruturas do tornozelo temos:

- Redução na mobilidade dorsiflexão do tornozelo;

- Redução na propriocepção;

- Deficiência no controle postural;

- Histórico de entorse de tornozelo.

Normalmente, as lesões na estrutura do tornozelo são de natureza


ligamentares. Mais especificamente, os ligamentos laterais são os mais lesados,
algo em torno de 70 a 80% das lesões. Entre os ligamentos laterais, temos: LTFA
33
(ligamento talofibular anterior), LCF (ligamento calcâneo fibular), LTFP (ligamento
talofibular posterior).

O LTFA é o mais lesado, e o primeiro deles (cerca de 70% das lesões). Tal
fato justifica-se pelo mecanismo de lesão na maioria das entorses (lesão
combinada entre a flexão plantar e a inversão). Em seguida, o ligamento mais
lesado é o LCF, cerca de 20%, e normalmente associada à lesão do LTFA. Por último
temos o LTFP que raramente é lesado.

SINTOMAS

Os principais sintomas de uma entorse de tornozelo são o inchaço e


sensibilidade na região lateral do pé. Também é possível que o indivíduo tenha
dificuldade para caminhar ou até mesmo ao tentar colocar o pé no chão. Podem
ocorrer equimose local e até mesmo derrame articular, dependendo é claro do
grau da lesão.

34
Imagem: Equimose local em caso de entorse de tornozelo.

Nas lesões mais graves, pode haver a ocorrência de um estalido, e a


sensação de que algo “rasgou”.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da entorse de tornozelo é feito através do exame clínico. É


importante questionar o paciente acerca da situação em que ocorreu a lesão.

O uso de outros meios de diagnóstico, principalmente por imagens, pode ser


de grande valia, como o Raio X, Ressonância Magnética e Ecografia.

RISCOS E COMPLICAÇÕES

Apesar da alta prevalência e incidência de lesões de entorses, foi relatado


que apenas aproximadamente 50% dos indivíduos que tem uma entorse procuram
atendimento especializado.

O não tratamento das lesões no tornozelo pode levar a sérias complicações


a longo prazo. Entre 15 e 20% das entorses podem evoluir com a alguma
complicação, incluindo a possibilidade de instabilidade ligamentar crônica.

RECUPERAÇÃO

Após o diagnóstico correto, pode-se afirmar que, embora um curto período


de imobilização possa ser útil no alívio da dor e do inchaço, o paciente com uma
ruptura aguda do ligamento lateral do tornozelo se beneficia mais com o uso de

35
bandagem funcional elástica em combinação com um programa de exercícios livres
ou piscina.

Imagem: Utilização da bandagem funcional para entorse de tornozelo.

Cuidados devem ser tomados com o uso de anti-inflamatórios não


esteróides (AINEs) após uma entorse de tornozelo. Eles podem ser usados
​ ​ para reduzir a dor e o inchaço, mas o uso pode acarretar em complicações,
isto porque os AINEs podem suprimir o processo natural de cicatrização.

Os programas supervisionados baseados em exercícios são preferidos em


relação as modalidades passivas, pois, estimulam a recuperação da estabilidade
articular funcional.

A cirurgia deve ser reservada para casos que não respondem a tratamento
completo e abrangente com base em exercícios.

36
TENDÃO DE AQUILES

O Tendão Câlcaneo, conhecido como Tendão de Aquiles (TA), é o mais


espesso, resistente e forte do corpo humano. Ele conecta os músculos da pena ao
osso do calcanhar.

É uma estrutura extremamente demandada pelo corpo, principalmente por


ser parte integral dos movimentos de caminhada, corrida e saltos.

A ruptura aguda do tendão de Aquiles (AT) é uma das lesões mais comuns
dos tendões na população adulta, com incidências entre 7 e 40 por 100.000
pessoas-ano.

CAUSAS

Durante atividades esportivas e recreativas, os tendões não só são


submetidos a grandes forças, como também são responsáveis ​ ​ por transmiti-

37
las ao sistema esquelético. Logo, excesso de ativação muscular excêntrica é
amplamente responsável pelas rupturas do tendão.

O risco de rupturas mostrou aumentar durante atividades pliométricas (por


exemplo, saltos), quando uma grande força excêntrica é seguida por uma grande
contração concêntrica.

A distribuição de rupturas de TA, relacionadas ao esporte, varia de acordo


com as demandas específicas de cada modalidade desportiva. Basquete, futebol,
tênis e corrida/caminhada/alongamento são os esportes que mais comumente
resultam em rupturas de TA. Apesar das inúmeras diferenças, a principal
semelhança entre estes esportes, do ponto de vista biomecânico, é a frequente
exigência de rápidas mudanças de direção e saltos.

Outros fatores também podem predispor o indivíduo a uma ruptura do TA,


como infecções locais, hipertireoidismo, doenças renais crônicas e uso prolongado
de corticoides (local ou ora)

SINTOMAS

Dentre os principais sintomas da ruptura do TA, podemos citar:

 Dor na parte de trás da perna;


 Uma descontinuidade ou um vão, um vazio, pode ser visualizada ou sentida,
acima do tendão calcâneo;
 A possível ocorrência de estalido audível;

38
Podem ocorrer também o edema e a perda de função.

DIAGNÓSTICOS

O diagnóstico é feito a partir da história clínica, sendo muito importante


questionar acerca do evento que ocasionou a lesão. Através de exames físicos é
possível confirmar a ocorrência a ruptura, como por exemplo o Teste de Thompson.

Muitas vezes, através da simples visualização ou apalpação da região do TA é


possível diagnosticar a ruptura, pois, pode ocorrer uma depressão na área
conforme a imagem a seguir.

O uso de exames por imagem também pode ser útil para a determinação do
grau da lesão. Seja através da Ecografia ou da Ressonância Magnética.

39
Imagem: Ressonância magnética acusando ruptura aguda do tendão calcâneo.

O Raio X também pode ser utilizado, porém, possui menos confiabilidade no


que se refere a visualização do tendão. Mas, no caso de diagnóstico de avulsão de
fragmento do osso calcâneo, é um instrumento importante.

RISCOS E COMPLICAÇÕES

A complicação mais comum, no que se refere ao tratamento conservador, é


a rerruptura, porém pode ocorrer também a diminuição considerável da amplitude
de movimento do tornozelo.

Quanto ao tratamento cirúrgico, as principais complicações são o risco de


infecção,

40
RECUPERAÇÃO

As rupturas do TA podem ser totais ou parciais, logo, o tempo de


recuperação varia dependendo da gravidade da lesão. Porém, também é necessário
levar em conta as características de cada indivíduo, sua saúde, nível de atividade
física e etc.

A recuperação também dependerá do tipo de tratamento adotado, sendo as


opções o tratamento não-cirúrgico ou cirúrgico.

O tratamento não cirúrgico é indicado para casos de ruptura parcial do


tendão. Aqui é feito repouso, aplicação de compressas de gelo e a elevação do pé e
perna. O uso das bandagens também pode ser benéfico. É possível também a
imobilização, com o pé em flexão plantar acentuada.

No caso do tratamento cirúrgico, normalmente utilizado em casos de


ruptura completa, a imobilização no pós-operatório pode durar entre 4 e 6
semanas. Já a reabilitação completa pode levar até um ano.

PÉS

FASCITE PLANTAR

Outra condição muito presente no cotidiano, tanto de atletas quanto de


pessoas comuns, é a fascite plantar. Algumas estimativas indicam que 1 a cada 10
pessoas tem ou já tiveram algum tipo de dor na região subcalcânea. Devido a
inflamação do tecido fibroso chamado fáscia plantar, essa condição é muito

41
dolorosa, principalmente na parte da manhã. Há também a possibilidade de ocorrer
inchaço no local.

CAUSAS

Ainda não há um consenso científico acerca da causa da fascite plantar.


Porém, podemos trazer alguns fatores de risco para o desenvolvimento dessa
patologia:

 Obesidade, sedentarismo, idade;


 Pé cavo ou plano, bem como padrões anômalos de marcha (biomecânica da
pisada);
 Trauma, fratura por estresse;
 Diminuição da dorsiflexão do tornozelo, encurtamento do tendão de aquiles,
coalizão tarsal;
 Retração do gastrocêmio e isquiotibiais;
 Permanecer em pé por longos períodos;
42
 Esportes em carga (corrida, salto...)

SINTOMAS

Os principais sintomas da fascite plantar já foram brevemente mencionados.


São eles, a dor na parte interna da região calcânea, inchaço e vermelhidão,
sensibilidade ao toque na região do arco plantar, no osso do calcanhar e na
almofada do calcanhar.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é feito a partir da história clínica, sendo muito importante


questionar acerca de algum evento que pode ter desencadeado as dores.

Também são utilizados exames físicos, como a apalpação da fáscia, Sinal de


Tinel e até mesmo avaliação da mobilidade das articulações do tornozelo e subtalar,
tanto ativa quanto passiva.

No âmbito dos exames por imagem, podem ser utilizadas a ecografia na


procura de sinais de inflamação na região, ressonância magnética, raio x,
cintilografia óssea e eletroneuromiografia como formas de diagnóstico diferencial,
para eliminar outras patologias que possam estar causando as dores na região do
calcanhar.

43
RISCOS E COMPLICAÇÕES

Uma das complicações, apontada em estudos, decorrentes da fascite plantar


é a alteração da biomecânica da marcha. Como o indivíduo sente dor, acaba
compensando e mudando a maneira como pisa no chão para atenuar a dor.

RECUPERAÇÃO

A fascite plantar é uma condição extremamente tratável, sendo que a grande


maioria das pessoas que começam um tratamento veem uma melhora significativa
nos primeiros dois meses de tratamento.

A abordagem fisioterapêutica da fascite plantar tem o intuito de mitigar o


processo inflamatório, diminuir a dor e restaurar a função mecânica da fáscia
plantar. Outro objetivo importante é a melhora da biomecânica da marcha, para que
não ocorram maiores complicações.

O alongamento e a massagem são fundamentais no tratamento da condição


em questão. Tendo em vista que a tensão da musculatura da panturrilha e da fáscia
plantar são causas comuns da fascite plantar, o alongamento ajuda na
descompressão das estruturas afetadas. Este pode ser feito de forma livre ou com
ajuda de instrumentos.

44
Nessa mesma vertente, podemos trazer a liberação miofascial como forma
de tratamento da fascite plantar. Que também visa a diminuição da dor,
alongamento das estruturas da planta do pé e da fáscia plantar.

Para aprender mais sobre a liberação miofascial, acesse:

https://cineticaedu.com/clm/
45
O uso de palmilhas ortopédicas também é recomendado como um dos
componentes do tratamento. Estas ajudam a corrigir algum padrão errôneo de
marcha, que pode ser cauda da fascite plantar.

As bandagens funcionais também são utilizadas como forma de manter uma


posição anti-pronatória do pé. A pronação, causada pela excessiva flexão plantar,
pode resultar no aumento de tensão nas estruturas da planta do pé, estressando
excessivamente a fáscia.

Para aprender mais sobre as bandagens funcionais você pode acessar o site
da cinética:

46
https://cineticaedu.com/curso-bandagem/

Finalmente, alguns fatores podem ajudar a prevenir a fascite plantar:

 Fortalecimento deve abranger toda a musculatura flexora e extensora do


tornozelo, incluindo os gatrocnêmios, sóleo, tibial anterior;
 Alongamento da fáscia plantar e da musculatura da cadeia posterior;
 Evitar o excesso de peso;
 Utilizar bons calçados, principalmente adequados a atividades físicas
específicas;
 Utilização de palmilhas para correção de alterações anatômicas e posturais,
entre outros.

ESPORÃO DO CALCÂNEO

Esta patologia (entesopatia de calcâneo) nada mais é que o crescimento


exacerbado do osso do calcanhar. É uma condição bastante presente na
sociedade, afetando principalmente pessoas idosas.

O calcâneo é o maior osso do pé. Ele sustenta o peso do corpo, suportando


impactos constantes. O esporão surge, então, por microtraumas e inflamação
crônica, gerando, consequentemente, a calcificação do tecido em torno do
calcâneo.

47
Imagem: Representação do esporão do calcâneo.

CAUSAS

Assim como no caso da fascite plantar, a qual é comumente associado, as causas


do esporão não são completamente conhecidas. Porém, sabe-se que o esporão
pode se formar quando a fáscia plantar exerce pressão excessiva sobre o

48
calcanhar.

Além disso, temos alguns fatores de risco que facilitam o desenvolvimento


da patologia. Dentre estes podemos citar:

 Pratica de atividades que geram impacto do pé no chão.


 Uso de calçados inadequados.
 Alteração na biomecânica da marcha.
 Obesidade.
 Pé chato ou cavo.
 Idade (acima dos 40 anos).

SINTOMAS

O esporão do calcâneo pode ser assintomático, sendo que algumas


pesquisas indicam que cerca de 50% dos afetados não sentem dor.
49
Porém, em outros casos, pode haver dor intensa que chega a influenciar na
mobilidade e qualidade de vida do indivíduo afetado. Essa dor está comumente
associada a uma fascite plantar. Pode haver, também, edema e vermelhidão na
região do calcanhar.

DIAGNÓSTICO

As formas de diagnóstico do esporão do calcâneo são; o exame clínico, o


histórico do paciente e, principalmente os exames de imagem como o Raio X e a
ressonância magnética.

Imagem: Raio X indicando o esporão do calcâneo.

50
Imagem: Ressonância magnética indicando esporão do calcâneo.

RISCOS E COMPLICAÇÕES

A principal complicação, em caso de não tratamento adequado, é que a dor


se torne crônica, afetando a qualidade de vida do indivíduo, assim como a própria
funcionalidade do pé.

RECUPERAÇÃO

O tratamento da patologia visa o alívio da dor, redução da inflamação e a


manutenção funcional do pé, para melhorar a qualidade de vida do afetado. A
maioria dos esporões do calcâneo dolorosos pode ser tratada sem a necessidade
de cirurgia.

A prescrição de medicamentos anti-inflamatórios é feita com o intuito de


alívio da dor e redução da inflamação. As palmilhas ortopédicas, já mencionadas na

51
parte da fascite plantar, também são utilizadas para distribuir de maneira mais
eficaz a pressão exercida sobre o calcâneo, além de corrigir a biomecânica da
pisada.

A fisioterapia também é extremamente importante no tratamento do


esporão, não só para a diminuição da dor, como para os ajustes anatômicos
necessários. Sempre visando que o problema não se torne crônico.

O tempo de recuperação dependerá do grau da patologia. Podendo levar de


dois meses até um ano para que haja a diminuição dos sintomas e melhora na
qualidade de vida do indivíduo.

Contudo, não se fala em “cura” do esporão, pois, após o desenvolvimento da


calcificação, no é possível removê-la com tratamento não invasivo.

Para a total remoção do esporão é necessária a realização de processo


cirúrgico. Porém, ela é reservada para os casos mais graves, quando há
interferência na funcionalidade do pé, de forma que o paciente tenha muita
dificuldade em caminhar ou exercer atividades cotidianas.

A cirurgia possui certos riscos, dentre os principais podemos citar:

 Dor neuropática por lesão de nervo.


 Hipostesias.
 Fibroses.
 Infecção.
52
Quanto ao pós-operatório, o indivíduo ficará entre 3 a 6 semanas sem
exercer fora sobre o pé operado.

NEUROMA DE MORTON

O Neuroma de Morton é um nódulo benigno, que ocorre normalmente entre o


terceiro e o quarto metatarso do pé, e pode chegar a atingir 10mm. Também é
caracterizado por fibrose e desorganização das fibras nervosas. Leva este nome
por ter sido descoberto por Thomas G. Morton.

CAUSAS

As causas exatas do Neuroma de Morton ainda são desconhecidas. Porém,


acredita-se que essa patologia pode estar relacionada a uma reação do nervo a
algum tipo de irritação, compressão ou lesão que ocorra nos nervos plantar medial
e plantar lateral.
53
Um dos fatores de risco do neuroma é o uso de sapatos altos e sapatos
apertados. Os sapatos de bico fino são grandes causadores desta patologia, por
isso, essa síndrome é comum entre as mulheres, nas quais a prevalência é quatro
vezes maior do que nos homens.

Outro fator de risco são as deformações nos pés, como joanetes, pés chatos
ou com arcos altos, entre outras deformidades.

SINTOMAS

O sintoma mais presente é a dor local, principalmente ao caminhar. Essa dor


pode agravar com o uso de calçados apertados, causando também irradiação para
os dedos adjacentes.

Sensação de queimadura, formigamentos, dormência e choque também são


sintomas recorrentes. Algumas pessoas reportam uma sensação de pedra no
sapato. O edema e sinais inflamatórios também podem estar presentes, apesar de
serem mais raros. .

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é feito a partir da história clinica do indivíduo, assim como


exame clínico. O sinal de Mulder e palpação de ressalto ao mobilizar o neuroma são
utilizados para auxiliar o diagnóstico.

54
Imagem: Teste de Sinal de Mulder.

Outros exames também são utilizados como forma de confirmação do


diagnóstico, como o Raio X (para eliminar outras possibilidades como Doença de
Freiberg e patologias articulares ou ósseas), a ressonância magnética e o
ultrassom (ecografia).

Imagem: Ecografia acusando Neuroma de Morton.

55
Imagem: Ressonância magnética indicando Neuroma de Morton.

RISCOS E COMPLICAÇÕES

As principais complicações do Neuroma de Morton tem relação direta com a


qualidade de vida do indivíduo. Dentre estas podemos citar a dificuldade de
caminhar e praticar atividades física e a diminuição da funcionalidade. Porém,
felizmente, é uma patologia facilmente tratável.

RECUPERAÇÃO

Antes de falarmos de tratamento e recuperação, é importante mencionar


que o mais recomendado é a prevenção. Esta pode ser feita com:

 Alternar diariamente os sapatos utilizados.


 Evitar o uso de calçados apertados.
 Massagear a região dos pés, principalmente antes da atividade física, como
forma de diminuir a sensibilidade e rigidez do tecido.

56
 Controlar o peso.

Entretanto, após o diagnóstico, temos várias possibilidades de tratamento,


como:

 Tratamento fisioterapêutico;
 O uso de palmilhas ortopédicas;
 Infiltração com corticoides e analgégicos.
 Alongamentos e exercícios para o dedão e tornozelo;
 Ultrassom;
 Mobilização dos metatarsos e dedos dos pés;
 Massagem transversa profunda.

Vale ressaltar que o tratamento fisioterápico ajuda no alívio da dor e


melhora da funcionalidade e qualidade de vida do indivíduo. Porém, não interfere na
evolução do curso da patologia.

Também existe a possibilidade do procedimento cirúrgico, utilizado,


normalmente, após não se alcançar resultado com o tratamento conservador.

Neste caso é realizado a remoção do tecido nervoso afetado (neurectomia).


Como qualquer procedimento cirúrgico, existe a possibilidade de ocorrer algumas
complicações, dentre as principais temos a possibilidade de recidiva do neuroma
local ou no espaço adjacente.

57
Imagem: Neurectomia do Neuroma de Morton na abordagem Dorsal e Ventral, respectivamente.

A recuperação da cirurgia leva em torno de 4 a 8 semanas, de acordo com a


individualidade de cada paciente. No caso da atividade esportiva, o retorno pode
ocorrer em torno de 10 semanas após o procedimento.

58
REFERÊNCIAS
ANDROSONI, R.; NETTO, A. A.; MACEDO, R. R.; FASOLIN, R. P.; BONI, G.; MOREIRA, R. F. G. Tratamento da Fasciíte
Plantar Crônica pela Terapia de Ondas de Choque: Avaliação Morfológica Ultrassonográfica e Funcional.Revista
Brasileira de Ortopedia, v. 48, n. 6, 2013.

Baldon, R. M.; Serrão, F.V.; Silva, R.S.; Piva, S.R.: Effects of Functional Stabilization Training on Pain, Function, and
Lower Extremity Biomechanics in Women With Patellofemoral Pain: A Randomized Clinical Trial. Journal of
Orthopaedic and Sports Physical Therapy. 2014

Casanova F. Dor no Pé e no Tornozelo. In: Gusso G., Lopes J.M.C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade.
Porto Alegre: Artmed, 2012. p 1724-1734. Disponível
em: https://books.google.com.br/books?id=lOZHeFiBYd4C&pg=PT22&lpg=PT22&dq=Casanova+F.+Dor+no+P%C3
%A9+e+no+Tornozelo&source=bl&ots=Fi1RMTFAde&sig=ctM3ANNtA1Dwe4o_-vH_yNGGlZI&hl=pt-
BR&sa=X&ei=6nHrVJGgIYqfggSDsYKADg&ved=0CCQQ6AEwAQ#v=onepage&q=Casanova%20F.%20Dor%20no%
20P%C3%A9%20e%20no%20Tornozelo&f=false

Chiodo C.P. et al. Approach to Common Problems of the Foot and Ankle. In: Goroll AH, Mulley AG. Primary Care
Medicine. 5th edition. 999 – 1005.

Cohen, M; Ferretti, M; Beretta, F; Joicemar, M; Ejnisman, B. Tendinopatia patelar. Rev Bras Ortop.
2008;43(8):309-18

Costa, M. T.; HUNGRIA NETO, J. S. Estudo comparativo dos métodos conservador e cirúrgico para tratamento das
lesões agudas do tendão do calcâneo.Acta ortop. bras., São Paulo , v. 15,n. 1, p. 50-54, 2007

Crawford F., Thomson C. Intervenciones para tratar el dolor plantar del talón (Revisión Cochrane traducida)
[Internet]. Em: La Biblioteca Cochrane Plus, 2008 [cited 2013 Dec 10]. Número 2. Oxford: Update Software Ltd.
Disponível em: http://www.update-software.com/BCP/BCPGetDocument.asp?DocumentID=CD000416 Acesso
em: 8 ago 2013.

Dononan L, et al. Rehabilitation for Chronic Ankle Instability With or Without Destabilization Devices: A
Randomized Controlled Trial. J Athl Train. 2016.
59
Ferreira RC. TALALGIAS: FASCITE PLANTAR. Rev Bras Ortop. 2014;49(3):213-7.

FERREIRA, R. C. Talalgia: Plantar Fasciitis.Revista Brasileiro de Ortopedia, v. 49, n. 3., 2014.

GABRIEL, M. R. S.; PETIT, J. D.; CARRIL, M. L. S. Fisioterapia em Traumatologia, Ortopedia e Reumatologia. Rio de
Janeiro: Revinter, 2001.

HOPPENFELD, S.Propedêutica Ortopédica – Coluna e Extremidade. São Paulo: Atheneu, 2008.

KISNER, C.; COLBY , L. A.Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. São Paulo: Manole, 2005.

MYERS,T. W.Trilhos Anatômicos: Meridianos Miofasciais para Terapeutas Manuais e do Movimento. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2010.

PERRIN, D. H.Bandagens Funcionais e Órteses Esportivas. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Peter Malliaras, BPhysio (Hons), PhD, Jill Cook, PhD, Craig Purdam, MSportsPhysio, Ebonie Rio, BPhysio (Hons),
MSportsPhysio, PhD. Patellar Tendinopathy: Clinical Diagnosis, Load Management, and Advice for Challenging
Case Presentations. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, 2015.

PONTIN, J. C. B.; COSTA, T. R.; CHAMLIAN, T. R. Tratamento Fisioterapêutico da Fascite Plantar. Acta Fisiátrica, v.
21, n. 3, 2014.

PRENTICE, W. E.Modalidades Terapêuticas para Fisioterapeutas. Porto Alegre: Artmed, 2014.

Rodrigues, F. and Waisberg, G. Entorse de tornozelo. Rev. Assoc. Med. Bras. [online]. 2009, vol.55, n.5
[cited 2020-08-24], pp.510-511.

SILVA, D. R.; ZANG, G. C.; VIDMAR, M. F.; PIMENTEL, G, L. Terapia por Ondas de Choque Extracorpórea e Laser na
Redução da Dor de Indivíduos com Fasciíte Plantar: Revisão Sistemática.ConScientiae Saúde, v. 15, n. 4, 2016.

SILVA, R. H.; PONTIN, J. C. B.; COSTA, T. R. Manual de Exercícios e Orientações para Pacientes.Acta Fisiátrica, v. 21,
n. 2, 2014.

60
Vuurberg G, Hoorntje A, Wink LM, et al Diagnosis, treatment and prevention of ankle sprains: update of an
evidence-based clinical guideline British Journal of Sports Medicine 2018;52:956.

ZANON, R. G.; BRASIL, A. K.; IMAMURA, M. Ultra-Som Contínuo no Tratamento da Fasciíte Plantar Crônica. Acta
Ortopédica Brasileira, v. 14, n. 3, 2006.

61

Você também pode gostar