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Eu fui uma mulher amada.

Primeiro pela minha família e depois por meus companheiros na não-vida. Meu senhor sempre
foi atencioso, os membros do meu clã e da minha seita sempre me viram com consideração e
cuidado e por isso não pude sair dessa vida sem mandar um tchau para eles:

Para Diodore, enviei uma mensagem de texto para o celular de seu carniçal, dizendo: Te
adimiro muito, quando crescer quero ser como você.

Para Celeste, enviei uma mensagem também, para seu próprio aparelho, dizendo: Você é a
melhor amiga que uma vampira poderia ter.

Talvez tenha quebrado a máscara, mas quem se importa?

E para meu pai, mandei um telegrama que dizia: Obrigada por me salvar tantas e tantas vezes.

As mensagens mandei antes da conversão. Sabia que os meus poderiam tentar impedir se
tivessem tempo. Qualquer um diria que estava me sujeitando àquilo por homem, mas não era
isso... não era por homem apesar de estar me unindo à um.

Tudo começou quando conheci o Saulo, uma criança da noite perdido e sozinho que cuidava de
mim como se eu fosse uma criança. Nossa amizade cresceu e eu sei que se não fosse por Falvie
e seus truques com minha mente, talvez eu e ele tivéssemos nos envolvido romanticamente
muito antes. Mas Falve não importa mais, ela morreu, diablerrizada por meu Saulo. Gosto de
pensar que ele tomou essa decisão para me proteger, mas a verdade é que ele almeja o
poder... acima de tudo. E o fato de ser sempre protegida por ele, me faz acreditar que sou
importante, de alguma forma, mesmo que não possa dar a ele o que ele deseja.

Ele desejava Poder e foi seduzido pela Setita, amiga do Anju... aquele Ventrue estranho, e eu
descobri tudo... descobri o que ele ia fazer, e aquilo me matou!

Me matou de ciúmes... me matou de preocupação e de medo de perdê-lo para sempre. Discuti


com a mulher, e ela me deu um prazo de 72 horas para convencê-lo, senão, eu me converteria
também.

Seria uma luta perdida, Saulo estava irredutível... eu acabaria me tornando uma Setita e ele
também.

Na minha primeira noite, eu chorei, nervosa e aflita. Dormi no porão da casa de Saulo
enquanto Anju estava estranho sentado num canto (queria poder ter a satisfação de
aproveityar aquela visão deplorável, mas estava flita demais).

Na noite seguinte conversamos.

Meu coração estava partido... mas Saulo me falava de forma doce e confiante, dizendo que
seriamos nós dois contra o mundo... me prometendo que nunca mais teria medo e dizendo
que, independente de qualquer coisa, ele se tornaria Setita... se eu o impedisse com o pacto
com a Setita do Anju, ele encontraria outra (e isso me partia o coração). Meu sacrifício seria me
vão, mas ainda podíamos ficar juntos para sempre.

E dentro da minha alma, eu não queria perdê-lo, da mesma forma que não queria me perder.
Mas o pacto era claro... minha vida em troca da dele... mas ele procuraria outras formas, e eu
acabei perdendo de todo jeito.


BLI
CA
Aceitei, relutante. Ele pareceu satisfeito (acho que nunca ví Saulo tão feliz). Nos amamos e no
dia seguinte ele fez todas as minhas vontades. Conseguiu um vestido de noiva e pessoas para
me arrumarem e tivemos uma cerimônia de casamento, onde iniciamos nosso poderoso laço
de sangue (casamento rubro, acho que é o nome). Estava feliz, mas com medo, enquanto ele
parecia radiante.

Antes da minha transformação, consegui alguns minutos para me despedir. Saulo estava
ansioso e a Setita aguardava pacientemente.

Tudo aconteceu na casa dele.

Ele me segurou firme pelos ombros, abaixou a cabeça e começou a sussurrar no meu ouvido
declarações de amor e poder que me deixaram encantada e me distraíram, enquanto a mulher
arrancava o coração do meu peito e trocava meu sangue pelo dela.

Entrei em torpor depois disso.

E hoje, não consigo imaginar minha vida de outra forma.


BLI
CA

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