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Ao Juízo de Direito da 3ª Vara de Família da Comarca de Ponta Grossa-PR

RUTH CARDOSO NOGUEIRA, já qualificada nos autos n° 4302-


09.2017.8.16.0054 de Ação de Exoneração de Pensão Alimentícia proposta por
JOÃO LIMA DA SILVA, igualmente qualificado, vem respeitosamente perante
Vossa Excelência por meio do advogado que abaixo assina, conforme
procuração anexa (documento 01), com escritório à Rua X, n° X, cidade de
XXXX, onde recebe intimações, apresentar defesa na forma de contestação, o
que faz nos seguintes termos:

I-SÍNTESE DO CASO

O autor alega em sua inicial que ao ter se divorciado da requerida em


agosto de 2000, vem pagando pensão alimentícia que fora determinada em
sentença, equivalente a 20% dos seus rendimentos, no valor mensal atual de
R$ 7.000,00.
O mesmo afirma que não tem mais condições de continuar os pagamentos,
pois no início deste ano sofreu um AVC e está em tratamento, e que precisa de
todo o dinheiro dos seus vencimentos mensais para continuar o seu tratamento
de saúde.
Além disso, diz que o casamento não é previdência social e que todo esse
tempo pagando alimentos para a requerida já foi suficiente para que esta
pudesse ter se colocado no mercado de trabalho, não o fazendo por pura
preguiça.
Diante destes argumentos, pediu a exoneração do pagamento da pensão,
dando a causa o valor de R$ 7.000,00.

II - PRELIMINARES PROCESSUAIS.

1) Da Incorreção do Valor da Causa.


Antes da discussão do mérito, devemos apontar que o autor descumpriu os
ditames do artigo 292, III, do Código de Processo Civil, pois em ação cujo
objeto seja a discussão sobre alimentos, o valor da causa deverá ser de uma
anuidade das parcelas mensais.
Sendo assim, considerando que o cálculo dos 20% (vinte por cento) sobre os
vencimentos do autor do valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais) mensais de
pensão paga, uma anuidade corresponde a R$ 84.000,00 (oitenta e quatro mil
reais).
Portanto, requer seja corrigido o valor da causa para constar o montante
correto, intimando-se o autor para complementar as custas.
2) Incompetência Absoluta.
Verifica-se que a propositura da demanda se deu em juízo incompetente,
porque como dispõe o artigo 53, lI, do Código de Processo Civil, quando a ação
discutir alimentos, deve ser proposta no foro do domicílio de quem recebe os
alimentos.
Conforme documentação já anexada e pela própria qualificação da petição
inicial, a requerida tem domicilio na cidade de Foz do Iguaçu -PR, daí que os
autos devem ser remetidos para ser distribuído a uma das Varas de Família da
Comarca de Foz do Iguaçu-PR.

III - NO MÉRITO

As questões processuais acima levantadas, no mérito, não assiste razão


ao autor no seu pleito, pois como dispõe o artigo 1694 do Código Civil, os
alimentos recebidos pela requerida são necessários e oportunos, uma vez que
se divorciou com idade avançada (cinquenta e cinco anos) e atualmente possui
setenta e três anos, sendo impossível sua recolocação no mercado de
trabalho.
Até porque o autor nunca deixou que a requerida trabalhasse ou fosse
independente economicamente, enquanto foi casado com ela, fazendo com
que a mesma vivesse somente para os afazeres domésticos, não sendo justo
que agora a acuse de preguiça ou má vontade em buscar o aperfeiçoamento
profissional.
Diante disso, como comprovado pela documentação à defesa (atestados
médicos e exames), a requerida possui problemas de saúde, como doença
cardíaca e pressão alta, problemas que tornam obrigatória a tomada contínua
de medicação na qual gasta mensalmente em torno de R$ 1.500,00, não sendo
justo que venha a perder o pensionamento efetivado pelo ex-marido, na fase
mais difícil de sua vida, por isso impugnada a afirmação e junto dela a
pretensão de exoneração dos alimentos.
Deve ser cientificado o juízo que o autor possui um plano de saúde
ligado a empresa onde trabalha, o qual é completo e cobre até medicamentos,
não sendo razoável que se exonere da pensão alimentícia baseado em
despesas que não está obrigado a suportar, restando impugnada a afirmação
da petição inicial.
O artigo 1699 do Código Civil exige, para que haja revisão ou
exoneração dos alimentos, que fique demonstrada a mudança de situação
financeira e econômica das partes, o que não ocorreu neste caso, estando
exatamente igual ao tempo quando foram fixados os alimentos, daí que a
pretensão deduzida não preenche os requisitos legais para a modificação, com
a alteração do trinômio da possibilidade - necessidade-proporcionalidade.
Diante disso e de tudo mais que será suprido com a instrução
processual, verifica-se que o autor não está albergado pelo direito, devendo ser
rechaçada a sua pretensão.

IV - REQUERIMENTOS.

a) Com o exposto, requer seja recebida e processada a contestação, para


que em preliminar seja corrigido o valor da causa para R$ 84.000,00
intimando o autor a complementar as custas processuais, sob pena de
extinção do processo sem julgamento de mérito, bem como, sejam
reconhecidas a incompetência do juízo da 3ª Vara de Família da
Comarca de Ponta Grossa, para que os autos sejam remetidos ao juízo
competente da Vara de Família da Comarca de Foz do Iguaçu-PR.
b) No mérito requer seja julgado improcedente o pedido do autor,
condenando-o ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios de 20% sobre o valor da causa corrigido.
c) Requer a produção de provas, especialmente o depoimento pessoal do
autor, sob pena de confissão, a oitiva de testemunhas que serão
arroladas oportunamente e a juntada de novos documentos.
Pede Deferimento.
Local, Data
Advogado
OAB PR

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