O Sódio na Alimentação de Cães e Gatos
O sódio (Na) é um macro mineral considerado
essencial a todos os animais e representa cerca
de 0,13% do peso corporal de um animal adulto. É
importante, juntamente com outros minerais, na
manutenção da pressão osmótica, no equilíbrio
ácido-base, na transmissão de impulsos
nervosos, no funcionamento da bomba sódio e
potássio, e na absorção de nutrientes.1;2
O conhecimento da ingestão diária adequada de
sódio para cães e gatos para manutenção da
saúde, bem como o conhecimento de suas
funções e metabolismo no organismo, são
importantes para o manejo correto nas diferentes
fases de vida e para algumas condições clínicas.
Tabela 1. Recomendações mínimas de sódio para cães e gatos em crescimento e manutenção
FEDIAF (2018)4
g/100 g MS g/1000 kcal EM
Gato filhote 0.16 0.40
Gato adulto 0.10 0.25
Cão filhote 0.22 0.55
Cão adulto 0.12 0.29
* As concentrações de nutrientes são expressas para uma densidade calórica especificada de 4000 kcal EM/kg. Os valores expressos são os
valores mínimo recomendados, e estes valores baseiam-se numa média diária de consumo de energia de 95 kcal/kg 0 ,75 (398 kJ/kg 0,75 ).
Sódio e condições clínicas
A quantidade de sódio diária consumida parece
ser importante para o tratamento ou controle de
algumas condições clínicas1. As dietas com
quantidades reduzidas de sódio são utilizadas
como coadjuvantes terapêuticos em pacientes
cardiopatas. Essas dietas são utilizadas junta-
mente com o tratamento farmacológico com a
finalidade de redução da pré-carga cardíaca1.
Freeman (2009) recomenda ingestão controlada
de sódio para animais segundo a classificação da
insuficiência cardíaca congestiva, sendo que cães
pertencentes à classe I-a devem receber dieta
com menos de 100 mg/100 kcal; cães da classe
I-b podem receber dieta com leve restrição de
sódio, menos de 80 mg/100 kcal; e cães perten-
centes a classe II devem receber restrição mo-
derada de sódio, entre 50 a 80 mg/100 kcal. Já
em pacientes com ICC grave (classes III e IV), as
restrições dietéticas de sódio são mais intensas,
menos de 50 mg/100 kcal da dieta6.
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A concentração plasmática de sódio em cães
e gatos é mantida aproximadamente em 155
mEq/L e 145 mEq/L, respectivamente3. Uma
série de fatores podem influenciar no requeri-
mento nutricional do sódio, como a fase de
reprodução, lactação e crescimento¹. Segundo o
FEDIAF (2018), a inclusão de 1,5% de sódio na
matéria seca (MS) ou 3,75 g/1000 kcal energia
metabolizável (EM) do alimento demonstrou ser
segura a curto prazo para cães e gatos adultos,
desde que tenha oferta de água a vontade. Não
foram localizados na literatura estudos a longo
prazo com ingestões superiores.
As recomendações mínimas de sódio preco-
nizadas pelos três principais guias nutricionais se
encontram na Tabela 1.
NRC (2006)1 AAFCO (2014)5
g/100 g MS g/1000 kcal EM g/100 g MS g/ 1000 kcal EM
0.14 0.35 0.20 0.50
0.068 0.17 0.20 0.50
0.22 0.55 0.30 0.80
0.08 0.20 0.08 0.20
Devido a relação da alta ingestão de sódio e
casos clínicos de hipertensão em humanos,
surgiu a preocupação da quantidade de sódio
que pode ser fornecida para cães e gatos com
hipertensão ou com doença renal. A compara-
ção dos estudos, que avaliaram a relação de
sódio e hipertensão, é difícil de ser realizada, pois
as publicações a respeito utilizaram doses de
sódio e unidades diferentes. Estudos realizados
demonstraram que ingestões variadas (ex. 200
mg/kg alimento; 1 g/Mcal alimento; 0,07 g/100
kcal EM) de sódio não tiveram correlação com a
pressão arterial em gatos adultos saudáveis,
idosos, doentes renais, cães parcialmente
nefrectomizados ou cães com insuficiência
cardíaca7-12.
Enquanto estudo recente demonstrou que a
restrição acentuada de sódio (50 mg/kg de
alimento) pode ativar precocemente o sistema
renina angiotensina aldosterona e, consequen-
temente, elevar a pressão sanguínea em alguns
indivíduos7. Portanto, em casos de hipertensão
em cães e gatos a recomendação atual é de evitar
excessos, mas não restringir. Segundo revisão
realizada por Elliott (2013), no caso de doença
renal os estudos não corroboram a hipótese de
restrição de sódio dietético para redução da
pressão arterial13. Porém, estudos de longo prazo
são necessários para investigar a possível
correlação do sódio com a hipertensão em cães
e gatos com doença renal crônica.
Para cães e gatos com urolitíase recomenda-se
aumento na ingestão de água para redução na
concentração de minerais calculogênicos e
aumento da frequência de micções e volume
urinário. Estudos demonstraram que o aumento
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da ingestão de sódio promoveu maior consumo
de água e, consequentemente, maior volume
urinário e menor densidade relativa da urina em
cães e gatos saudáveis14;15. Mas, o leve aumento
no consumo de sódio pode elevar o risco de
urolitíase de oxalato de cálcio, promovendo
assim calciúria. Até o momento, os estudos
demonstraram resultados inconsistentes em
relação as quantidades de sódio e calciúria em
animais saudáveis. Portanto, estudos adicionais
em pacientes com urolitíase precisam ser realiza-
dos15;16. Vale ressaltar que o aumento do con-
sumo de água pode ser obtido com o aumento
de oferta de água ou com a utilização de dietas
úmidas16.
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Autores: Dra. M.V. Ana Paula Judice Maria – Coordenadora de Pesquisa e
Desenvolvimento Adimax Pet; M.V. René Rodrigues Junior – Capacitação Técnica
de Equipe e Palestras Técnicas Adimax Pet
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