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Síndrome de Realimentação Adulto

Como identificar pacientes em risco de SR?

Atualmente, uma ferramenta extremamente útil para a identificação dos


pacientes em risco de SR são os critérios da National Institute for Health and
Care Excellence (NICE). São eles:

• Paciente com um ou mais dos seguintes: índice de massa corporal (IMC)


menor que 16 kg/m2; perda de peso não intencional maior que 15% do
peso corpóreo entre os últimos 3 a 6 meses; mínima ou nenhuma nutrição
por mais de 10 dias; baixos níveis de fósforo, potássio e magnésio antes
da alimentação;

• Paciente com dois ou mais dos seguintes: IMC menor que 18,5 kg/m2; perda
de peso não intencional maior que 10% do peso corpóreo entre os
últimos 3 a 6 meses; mínima ou nenhuma nutrição por mais de 5 dias;
histórico de abuso de álcool ou drogas, incluindo insulina, quimioterapia,
antiácidos e diuréticos.

CURIOSIDADE:

A SR foi descrita pela primeira vez após a Segunda Guerra Mundial em


prisioneiros que apresentaram anormalidades cardiológicas e neurológicas
após o início da realimentação (após terem passado por um longo período de
jejum).

FISIOPATOLOGIA
MINERAIS DEPLETADOS E SUA IMPORTÂNCIA

FÓSFORO: é um elemento predominantemente intracelular essencial para


inúmeros processos intracelulares e a integridade estrutural da membrana. É
necessário para o armazenamento de energia (na forma de adenosina trifosfato
— ATP) e responsável também pelo controle da afinidade da ligação entre a
hemoglobina e o oxigênio. A hipofosfatemia pode ser causadora de fraqueza
muscular, mialgia (dores musculares), parestesias (sensação de
formigamentos), rabdomiólise (degradação do tecido muscular que libera uma
proteína prejudicial no sangue (mioglobolina)), cardiomiopatia, diminuição da
função ventricular, plaquetopenia e hemólise (destruição dos glóbulos
vermelhos). O aparecimento de hipofosfatemia ocorre predominantemente
entre o segundo e o sétimo dia após o reinício da nutrição, sendo essa a
alteração laboratorial mais frequente da SR.

POTÁSSIO: é um cátion intracelular, depletado em desnutridos. A hipocalemia


pode causar alterações eletroquímicas nos potenciais de membrana celular e
manifesta-se da seguinte forma: arritmia, hipotensão, constipação intestinal,
íleo paralítico e alcalose metabólica (alteração do PH sanguíneo).

MAGNÉSIO: um cofator essencial nos sistemas enzimáticos de fosforilação


oxidativa e produção de ATP. Necessário para a integridade estrutural do DNA,
RNA e ribossomos, pode afetar o potencial de membranas e sua deficiência
pode levar à disfunção cardíaca e complicações neuromusculares. Pacientes
com hipomagnesemia apresentam tetania (espasmos musculares), ataxia
(equilíbrio e coordenação motora comprometidos), convulsões, tremores e
arritmias.

SÓDIO: Os níveis de sódio também podem ser afetados, pois a administração


de carboidratos leva à diminuição da excreção renal de sódio e água, que pode
ocasionar congestão. Isso pode ser agravado pela perda cardíaca muscular
durante o jejum (miopatia resultando em insuficiência cardíaca). Por esse
mesmo motivo, nas fases inicias da SR, a taquicardia pode estar presente, em
uma tentativa de compensar a sobrecarga volêmica.

TRATAMENTO

Checagem de eletrólitos plasmáticos e urinários (Na, K, P, Mg, Ca).

A tiamina (vitamina B1) é um importante cofator no metabolismo dos


carboidratos, permitindo a conversão de glicose em ATP (ciclo de Krebs). Nos
casos de deficiência de tiamina, a glicose é convertida em lactato pela lactato
desidrogenase, levando à acidose metabólica

A reposição vitamínica deve começar imediatamente, especialmente a de


tiamina (100-300 mg/dia) e outras vitaminas do complexo B para reduzir a
incidência de encefalopatia de Wernicke (anormalidades oculares, ataxia,
confusão mental, hipotermia e coma) ou a síndrome de Korsakoff (amnésia).
No planejamento das necessidades energéticas, é importante considerar que a
oferta calórica deve ser lenta por via oral, enteral ou parenteral em
aproximadamente 20 Kcal/ kg/dia, ou em média, 1000 Kcal/dia inicialmente, ou
ainda 25% das necessidades calóricas diárias estimadas, avançando de três a
cinco dias para o valor total. As necessidades diárias de proteínas devem ser
de 1,2 a 1,5 g/kg/dia ou 0,17 g de nitrogênio/kg/dia, utilizando o peso ideal na
desnutrição protéico-calórica e o peso ajustado nos indivíduos obesos.

Síndrome de Realimentação Pediatria

Nos pacientes com jejum prolongado na ausência de suporte nutricional ou muito desnutridos,
deve-se monitorar o desenvolvimento da síndrome de realimentação. Se houver este risco,
recomenda-se iniciar a terapia nutricional com 25% da meta calórica em pacientes
alimentados com NE ou NP e monitoramento frequente dos níveis séricos de fósforo,
magnésio e potássio, à medida que aumenta a oferta calórica sendo as primeiras 72 horas de
realimentação o período de maior risco.
REFERÊNCIAS

PIOVAVACARI, Silvia Maria Fraga. Equipe Multiprofissinal de Terapia


Nutricional – EMTN em Prática. 1º ed. Rio de Janeiro; Atheneu, 2017.

SAKAI, Alan Felipe; COSTA, Natalia da. Síndrome de realimentação: da


fisiopatologia ao manejo.
1Hospital Israelita Albert Einstein – São Paulo (SP), Brasil.2017. Disponível
em: < http://revistas.pucsp.br/RFCMS/article/view/32493>

http://arquivos.braspen.org/journal/out-dez-2019/artigos/18-Sindrome-de-
realimentacao.pdf

https://www.scielo.br/j/abcd/a/CQFKvzP6gS38pQnB4rJYjvJ/?
format=pdf&lang=pt

https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2a_Edicao_-_jan2021-
Manual_Suporte_Nutricional_-.pdf

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