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CURSO DE NUTRIÇÃO
NUTRIÇÃO MATERNO-INFANTIL – Prof. Daniele Gonçalves Vieira
• Perda de peso fisiológica: PIG < 5% do peso ao nascer (PN): AIG 5-10% do PN.
• Diminuição da filtração glomerular (diminuição da reabsorção de sódio, glicose e
aminoácidos, além da excreção de bicarbonato).
• Aumento da viscosidade sanguínea (massa eritrocitária, hematócrito).
• Diminuição do envoltório de gordura (isolamento térmico).
• Retardo na maturação pulmonar (hipóxia crônica e consumo de oxigênio com retenção de
gás carbônico).
• Diminuição do glicogênio cardíaco e da largura das fibras miocárdicas.
• Boca: debilidades em relação à sucção, pois esta inicia-se a partir da 28ª semana e a
coordenação sucção-deglutição, a partir da 32ª até a 34ª semana.
• Esôfago: pode haver uma tendência a refluxo gastroesofágico (RGE) devido à imaturidade
esfincteriana e ao lento esvaziamento gástrico. Após a 33ª semana de gestação, os
eventos motores associados ao esfíncter esofagiano inferior são semelhantes aos do
adulto, porém o tônus somente se eleva entre a 3ª e 4ª semana após o nascimento, o que
explica a ocorrência de RGE, mesmo em crianças a termo.
• Estômago: ocorre retardo do esvaziamento, o que contribui para o RGE, além de reduzida
capacidade gástrica, quando em comparação com bebês a termo. Outro evento importante
é a redução da produção de ácido clorídrico (50% daquela do adulto), devido à diminuição
das células parietais e imaturidade dos receptores para gastrina, embora esta esteja
presente a partir da 20ª semana de gestação.
• Fígado: ocorre diminuição da concentração de sais biliares (diminuição do fluxo da
circulação êntero-hepática e diminuição do processo de conjugação dos ácidos biliares
secundários como a taurina e glicina). Além desses fatos, também há a menor capacidade
para conjugação da bilirrubina.
• Intestino: as vilosidades estão presentes a partir da 12ª semana de vida intrauterina,
porém o aprimoramento funcional só ocorre no último trimestre da gestação. O
desenvolvimento morfofuncional é modulado por peptídeos reguladores no TGI, os quais
são identificados entre a 6ª e 16ª semana. Porém, a maturação destes só ocorre a partir
das 10 últimas semanas gestacionais, o que justifica a alimentação precoce e a
alimentação enteral mínima (0,2 a 20 mL/kg/dia), uma vez que tais procedimentos
promovem a maturação da função dos peptídeos reguladores e, portanto, funcionam como
estímulo trófico à mucosa intestinal. O retardo do peristaltismo também ocorre e o
complexo motor de migração, relacionado à atividade motora de jejum, desenvolvendo-se
na fase final da gestação.
• Enzimas digestivas: Amilase salivar – a atividade enzimática ao nascimento é expressa
na ordem de 5 a 10% da encontrada no adulto. Torna-se importante a partir da 22ª
semana; Maltase, sacarase e alfa-dextrinases – aparecem entre a 4ª e 10ª semanas,
sendo que entre a 28ª e 34ª semana apresentam 70% da atividade total e, por isso, os
processos de digestão e absorção da maltodextrina e outros polímeros de glicose são mais
satisfatórios do que o da lactose; Lactase – aparece a partir da 10ª semana sendo que
entre a 28ª e 30ª semanas gestacionais apresentam 30% da atividade total encontrada no
recém-nascido a termo; Amilase pancreática – apresenta níveis bastante reduzidos já na
última semana de gestação, mesmo em recém-nascidos a termo; HCl – devido à sua
restrita produção, diminuem os níveis de pepsina sem que o processo digestivo de
proteínas fique comprometido; Proteases pancreáticas – elevação significativa a partir da
28ª semana; Tripsinogênio – aparece a partir da 26ª semana e a Tripsina, a partir daí,
apresenta níveis semelhantes aos do adulto; A quimiotripsina e as carboxipeptidases ao
nascer apresentam de 10 a 60% da atividade do adulto; As aminopeptidases em níveis
reduzidos em relação ao recém-nato a termo, não limitam o processo digestivo; As lípases
lingual e gástrica são importantes no processo de hidrólise de triglicerídeos de cadeias
curta e média, porém, também ao têm grande importância fisiológica; A lipase pancreática
aparece a partir da 16ª semana, mas com produção restrita. Limita de forma importante o
processo de aproveitamento dos lipídeos dietéticos; Os sais biliares apresentam
concentração diminuída sendo que, na 32ª semana, encontram-se, em média, perto de
50% da produção de sais biliares do recém-nascido a termo.
• Necessidades hídricas: são estimadas com base no levado conteúdo corpóreo hídrico dos
RNBP/RNPT. Além disso, considera-se a alta labilidade hídrica desses recém-nascidos.
Para os RNPT, ao final da 1ª semana pode-se atingir até 180 a 200 mL/kg/dia, sendo que,
para aqueles nascidos com peso inferior a 1500 g, inicia-se com 60 mL/kg/dia e aumenta-
se de 15 a 30 mL/kg/dia até 150 mL/kg/dia entre o 7º e o 8º dias, aproximadamente.
• Necessidades energéticas: 1ª semana: 50-100 kcal/kg/dia; 2ª semana: 110-150 kcal/kg/dia.
• Recomendação de carboidratos: o consumo médio de carboidratos de um RNBP fica em
torno de 10 a 15 g/kg/dia. O fornecimento da lactose deve estar em torno de 3 a 12
g/100kcal, preferencialmente não ultrapassando 8 g/100mL.
• Necessidades lipídicas:
• Necessidades Protéicas: RNPT entre 800 e 1200 g: 4,0 g/kg/dia ou 3,1 g/100 kcal. RNPT
entre 1200 e 1800 g: 3,5 g/kg/dia ou 2,7 g/100 kcal. RNBPT: 2,7 e 3,0 g/kg/dia ou 2,0 a 2,7
g/100 kcal. Percebe-se que, em média, essas recomendações variam de 3 a 4 g/kg/dia,
sendo que de 1,0 a 2,0 g/kg/dia são necessárias para evitar catabolismo.
• Necessidades de vitaminas e minerais: Ferro: é necessária a suplementação de ferro de 2
mg/kg/dia, com início entre 1,5 e 2 meses. Para recém-nascidos com peso menor do que
1500 g a suplementação é de 3 e 4 mg/kg/dia. Zinco e oligoelementos (Se, Mo, Cu, Mn):
ocorre deficiência em bebês nascidos com menos de 28 semana gestacionais. Vitaminas A
e D: recomenda-se suplementação a partir dos 10 dias de vida, sendo que em doses de
1500UI (vit. A) e 400(vit. D), oferecem boa proteção contra a broncodisplasia pulmonar
(BOP). Vitamina E, complexos B e C: recomenda-se suplementação a partir da 1ª semana
de vida, tanto para uso do leite humano, quanto para fórmulas. Cálcio: 130 a 150 mg/kg/dia
(64% de retenção). Fósforo: 60 a 75 mg/kg/dia (76% de retenção. Sódio: considerar as
necessidades aumentadas pela perda urinária.
• Leite materno / leite humano: Ainda que haja necessidade de suplementação de alguns
nutrientes, o que ainda é discutível, a primeira alternativa alimentar eleita para RNPT ainda
será o leite materno. Seu elevado conteúdo em fatores imunológicos confere proteção
contra as infecções, principalmente as entéricas.
• Leite de vaca: Não é recomendado, pois há relatos de complicações como azotemia,
acidose metabólica e hiperamonemia entre RNPT que o consumiam.
• Fórmulas para RNPT e RNBP: Atualmente, elas conferem inúmeras vantagens,
principalmente pelo fato de apresentarem composição conhecida e características
químicas e constituintes adaptadas às particularidades fisiológicas dos RNPT,
principalmente considerando que, na maioria, a mãe tem dificuldade de oferecer o seu
próprio leite para o seu filho devido à impossibilidade de sugar o seio materno, seja por
imaturidade do reflexo sucção-deglutição, seja pelo desgaste energético que a sucção
representa para este recém-nascido.
• Vias e técnicas de alimentação para o RNPT: algumas vias e técnicas de alimentação
podem ser referidas, a depender do peso e/ou idade gestacional de nascimento ou das
condições em que se encontra o recém-nascido: intravenosa (nutrição parenteral); Via
digestiva; Sonda oro-entérica; Sonda oro-gástrica; Sucção.