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ENSINO REMOTO EMERGENCIAL: DESAFIOS ENCONTRADOS PELOS

PROFESSORES DO CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA DO IFCE –


CAMPUS QUIXADÁ

INTRODUÇÃO
O presente estudo teve por objetivo refletir sobre os desafios encontrados pelos
professores do curso de Licenciatura em Química do IFCE – Campus de Quixadá,
durante o Ensino Remoto Emergencial (ERE), considerando o cenário de pandemia,
bem como as vivências dos professores durante esse momento. A partir de toda a
situação referente ao vírus da COVID-19, o ERE foi introduzido na rede educacional
pública e privada, na intenção de proporcionar a continuidade da formação dos alunos a
partir da transferência do ensino presencial para o ensino mediado através das
Tecnológias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC’s).
Além da dificuldade que os docentes encontraram com a implementação
obrigatória do ERE, os discentes também sofreram com dificuldades para o acesso às
aulas, uma vez que esses problemas refletem diretamente no contexto de oferta e acesso
do ensino remoto a população brasileira, em específico, nas periferias e nas camadas
sociais mais pobres, pois agravou as desigualdades e lacunas existentes na educação
oferecida em nosso país (PEREIRA; SANTOS e MANENTI, 2020).
Vale ressaltar que este trabalho procurou apontar as necessidades identificadas
em um contexto acadêmico composto por professores, levando em consideração
referencial teórico sobre a conjuntura, para que os docentes e os discentes de gerações
futuras pudessem ter o registo desse momento histórico, de modo a iniciar um diálogo
entre a teoria sobre o uso das ferramentas tecnológicas durante o período que se tem
difundido na atualidade.

METODOLOGIA
A metodologia desta pesquisa baseia-se em uma pesquisa descritiva, realizado
por meio de narrativas e descrições do tipo de estudo de caso, com abordagem
qualitativa. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa do IFCE para a
deliberação e obteve-se o parecer consubstanciado favorável, por meio da Plataforma
Brasil. A pesquisa foi dividida em duas etapas: Na primeira etapa foi efetuada a
apresentação da pesquisa, seguida da assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) e, por fim, aplicação do questionário. Na segunda etapa foi
realizada a análise de dados coletados por meio do questionário aplicado na etapa
anterior. O público-alvo da pesquisa foram os/as professores/as do curso de Licenciatura
em Química – IFCE campus de Quixadá. Para a coleta de dados foi enviado, aos 36
professores do curso, um questionário por meio da plataforma de Formulários do
Google com 21 questões relacionadas ao uso das TDIC’s, onde apenas, 11 professores
concordaram, assinaram o TCLE, e responderam a pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base em toda a pesquisa teórica, considerando os estudos de Aquino et al.
(2020); Chaves Filho et al. (2020); Fugimoto e Altoé (2009) Saviani (2020); Saviani e
Galvão (2021); Pereira; Santos e Manenti
(2020); Rocha e Vasconcelos (2016) etc., bem como das análises feitas a partir do
questionário aplicado aos professores do curso, pode-se considerar que o uso das
TDIC’s, durante o ERE, foi importante para que pudéssemos ultrapassar as barreiras do
isolamento social de forma segura. De todo modo, considera-se que foi um modelo
adotado de forma apressada, mas que supriu uma carência necessária, ressaltando o fato
dos prejuízos a curto e longo prazo observados nessa pesquisa, assim como todo o
mundo foi afetado diretamente pela COVID-19, a educação não seria diferente.
No quadro 1 procura-se apresentar uma síntese das questões e respostas dos
professores, relacionadas ao uso das TDIC’s durante o ERE. Devido ao limite do
número de laudas do resumo expandido, não será possível expor o questionário
completo.
Quadro 1 - Questionário sobre o Uso das TDIC's no Ensino Remoto Emergencial

1. Qual o tempo de docência? 54,55% responderam que estão há mais de 10


anos, 27,3% variam de 5 até 10 anos e os outros
18,2% está há 5 anos na docência.
2. Você conhece ou já ouviu falar sobre o uso 100% responderam que conheciam ou que já
das Tecnologias Digitais da Informação e tinham ouvido falar sobre as TDIC’s.
Comunicação (TDIC’s) em sala de aula?
3. Se a resposta anterior for sim, você é 81.8% responderam que já conheciam ou
adepto(a) ou já utilizou em sala de aula utilizaram e 18.2% responderam que não eram
antes do período de pandemia da COVID- adeptos ou não utilizavam.
19?
4. Você sentiu dificuldade no manuseio das 72.7% dos professores responderam que sentiram
TDIC’s utilizadas pelo IFCE – Campus dificuldade no manuseio das ferramentes e
Quixadá para a adesão ao ERE? apenas 27,3% não apresentaram dificuldade, o
que pode está relacionado com diversos fatores.
5. Encontrou dificuldades de manuseio de Todos os professores responderam que
alguma TDIC’S para a realização das aulas encontraram alguma dificuldade, seja na
online? preparação da aula, na ferramenta utilizada, ou na
falta de recurso tanto dos professores quanto dos
alunos.
6. Se a resposta anterior for sim, quais as Diante dos relatos, é possível ver diversos fatores
principais dificuldades? que contribuíram para as dificuldades durante o
ERE, a falta de recursos, preparação e
disponibilidade, afetou não somente os
professores como os alunos, pois por muitas
vezes não possuíam o necessário para acessar a
aula, fazendo com se tornasse inviável concluir a
disciplina.
7. Em sua opinião, o uso das TDIC’s auxiliou De acordo com os relatos, houve uma
no processo de ensino aprendizagem? De contribuição para o ensino-aprendizagem, pois a
que forma? tecnologia possibilitou a continuação do ensino
diante de uma situação incomum, mas muitos
desafios foram vivenciados através do uso das
TDIC’s.
8. Em sua opinião, as TDIC’s podem servir 72,7% dos professores não acharam as TDIC’s
como instrumento para avaliar a instrumento efetivo no quesito avaliar a
aprendizagem dos alunos no período do aprendizagem dos alunos, enquanto apenas
ERE? 27,3% tiveram alguma satisfação utilizando
alguma ferramenta tecnológica como método
avaliativo de aprendizagem.
9. Houve uma mudança drástica na sua rotina 100% dos questionados responderam que houve
profissional durante o período de pandemia uma mudança significativa durante esse período.
da COVID-19?

CONCLUSÕES
A partir das respostas dos professores, foi possível discutir a teoria e a prática
sobre a influência das TDIC’s durante o período do ERE, pois quando foi permitido
retornar ao presencial algumas TDIC’s continuaram a fazer parte das aulas e da rotina
da maioria deles, ainda que com os pontos negativos relatados, como a falta de recurso
pelos professores e alunos, exaustão mental e carga horária de trabalhos alteradas,
inexperiência diante do manejo das ferramentas tecnológicas etc.
Cabe salientar que, conforme os estudos de Saviani e Galvão (2021), é possível
destacar inúmeras limitações do ensino remoto, tais como os interesses privatistas
colocados para a rede educacional como produto, a exclusão tecnológica, absentismo de
democracia nos processos decisórios para admissão desse modelo, sem esquecer do
escasseamento e ampliamento do trabalho para docentes e demais servidores das
instituições.
Nota-se assim, que o momento atípico que esta pesquisa foi escrita, logo se fez
de extrema importância para os professores o uso das TDIC’s no processo de ensino
aprendizagem diante da vivência de cada profissional, através dessas ferramentas
tecnológicas a educação lutou batalhas diárias perante a pandemia. A pesquisa mostrou
a importância dos professores neste período, o fato de procurar um local para que o
barulho exterior não afetasse a vídeo aula, ou comprar produtos e serviços que fossem
otimizar a aula para os alunos, sempre procurando maneiras de contribuir para a
obtenção de conhecimento por parte dos alunos. Mas observa-se a necessidade de
políticas educacionais que garantam a formação para o manuseio de ferramentas
tecnológicas e os recursos para os professores bem como para os alunos, de modo a
possibilitar condições de trabalho para o ensino e a aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação. Ensino


Remoto Emergencial. Química.

REFERÊNCIAS
AQUINO, E. M. L. et al. Medidas de distanciamento social no controle da pandemia de
COVID-19: potenciais impactos e desafios no Brasil. Revista Ciência e Saúde
Coletiva. Vol. 25, Supl. 1.1, p. 2423-2446, jun. 2020. Disponível em: Acesso em: 17 de
abril de
2021
CHAVES FILHO, F. H., SUN, H. T., DA SILVA, E. C. S., & CAMPOS, L. M. L.
Discurso sedutor sobre o ensino remoto e professores e professoras de Ciências
Naturais: adesão ou resistência? Germinal: Marxismo e Educação em Debate, 2020,
12(3), 503- 522.
FUGIMOTO, S. M., ALTOÉ, A. O Computador na Escola: Professor de Educação
Básica e sua Prática Pedagógica. Seminário de Pesquisa do PPE (2009).
PEREIRA, H. P.; SANTOS, F. V.; MANENTI, M. A. Saúde Mental de Docentes em
Tempos de Pandemia: os impactos das atividades remotas. Boletim de conjuntura
(boca), ano II, vol. 3, n. 9, Boa Vista, 2020, p.26-32.
SAVIANI, D.; GALVÃO, A. C. (2021). Educação na Pandemia: a falácia do “ensino”
remoto. In: Universidade e Sociedade. Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior, (67), 36-49.
SAVIANI, D. Crise estrutural, conjuntura nacional, coronavirus e educação – o
desmonte da educação nacional. Revista Exitus, [S. l.], v.10, n. 1, p. e020063, 2020.
DOI: 10.24065/2237-9460.2020v10n1ID1463. Disponível em:
http://www.ufopa.edu.br/portaldeperiodicos/index.php/revistaexitus/article/view/1463.
ROCHA, J. S., VASCONCELOS, T. C. Dificuldades de aprendizagem no ensino de
química: algumas reflexões. Encontro Nacional de Ensino de Química, 2016, 18: 1-
10

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