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(2021 – 2022)
2. INTRODUÇÃO
Devido a maior crise sanitária já vivida no país, nosso modo de viver foi drasticamente
modificado em diversos âmbitos, incluindo a área da educação. Com os alunos não podendo
frequentar o ambiente escolar, fez-se necessária a adaptação brusca para um novo modo de
ensino, que não havia sido vivenciado pela maioria dos estudantes: o ensino remoto.
O ensino remoto consiste em trocar o espaço presencial (da sala de aula) pelo virtual.
Esse método de ensino conta com a tecnologia como uma ferramenta de ensino e
aprendizagem, com o uso de plataformas digitais diferentes e a introdução de novas
metodologias inovadoras. (GARCIA; MORAIS; RÊGO; ZAROS, 2020, p. 5). No caso, devido à
pandemia da COVID-19, esse ensino foi feito de forma emergencial, portanto, funcionou
como uma solução temporária para que a grade curricular tivesse continuidade, mas esse
processo nos faz pensar sobre a possibilidade da utilização da tecnologia, em suas diversas
formas, para fins educacionais com mais frequência.
3. OBJETIVOS
A pesquisa tem como objetivo geral analisar o uso das metodologias ativas como fator
motivacional para o engajamento estudantil do técnico integrado nas aulas remotas do IFPE,
campus Recife. A partir desse objetivo depreendemos os seguintes objetivos específicos:
De acordo com Horn e Staker (2015), o modelo de rotação se subdivide em: rotação
por estações, feito por meio da alternância de atividades (estações) em grupo; laboratório
rotacional, parecido com a “rotação por estações”, com exceção de que tem também
atividades no laboratório de informática; rotação individual, em que não é necessário passar
por todas as estações, somente as estipuladas anteriormente conforme suas necessidades; e
sala de aula invertida, oposto ao modelo tradicional (conteúdos em casa e parte prática na
sala de aula).
O aluno deve ser o centro do processo de aprendizagem, tendo uma postura mais
ativa. É necessário ter autonomia e atitude crítica e construtiva, de modo a problematizar a
realidade em que vive e refletir de forma crítica sobre como intervir. O trabalho em equipe é
importante para que todos os alunos interajam entre si e expressem suas opiniões. É de
extrema importância sempre introduzir novidades, assim, renovando, inventando e
desenvolvendo novas metodologias constantemente. Por último, o professor possui a função
mais importante: fazer o discente buscar o conhecimento e, antes de tudo, fazê-lo refletir e
questionar aquilo que aprendeu. Ou seja, deve ensiná-lo a pensar, provocá-lo e desafiá-lo
para que suas próprias opiniões e pontos de vista sejam formadas. Paulo Freire (1996) ressalta
que:
Percebe-se, assim, a importância do papel do educador,
o mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte
de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos,
mas também ensinar a pensar certo. Daí a
impossibilidade de tornar-se um professor crítico se,
mecanicamente memorizador, é muito mais um
repetidor de frases e de ideias inertes do que um
desafiador. (FREIRE, 1996, p. 14).
Além de seguir os pilares da metodologia ativa, é de extrema importância que o
processo de aplicação não aconteça de modo drástico, pois se comparado com o modelo
tradicional de ensino é muito diferente e difícil de adaptar, tanto para o aluno, quanto para o
professor. Entretanto, foi isso que aconteceu com os estudantes durante o ano de 2020 e
grande parte de 2021, o que causou um impacto gigantesco na vida da maioria, que nunca
havia passado por um estudo on-line e ativo em sua vida.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Visando atender ao objetivo geral e aos específicos, as perguntas foram divididas em
seções. As perguntas da primeira seção foram feitas com o intuito de entender a realidade
socioeconômica dos estudantes para, deste modo, analisar da melhor forma as respostas da
pesquisa. As da segunda buscaram identificar metodologias ativas e ferramentas digitais
utilizadas pelos discentes e as da terceira, analisar as percepções e sentimentos com relação
ao estudo remoto e suas implicações para atender aos objetivos da pesquisa.
ANÁLISE SOCIOECONÔMICA
Tendo em vista que o ensino remoto tem alguns requerimentos (internet, aparelho
eletrônico, etc.) para o seu funcionamento que deveriam ser de acesso geral, mas
infelizmente não estão disponíveis para todos, fizemos as perguntas seguintes para
determinar se a situação socioeconômica foi, de fato, um problema para os estudantes
respondentes do formulário.
A maioria dos estudantes (93%) marcou que sim, tem um acesso tranquilo à internet,
enquanto que apenas 7% tem uma internet problemática, mas existente e nenhum dos
respondentes (0%) é desprovido deste recurso. Por isso, podemos depreender que a internet
não foi um fator de grande dificuldade para maioria dos estudantes que fazem parte do nosso
campo de análise, apenas para alguns que tem uma internet oscilante e muito provavelmente
perdiam trechos das aulas síncronas o que pode atrapalhar bastante na construção da linha
de raciocínio, porém todos tiveram acesso à essas aulas e aos materiais disponibilizados pelas
plataformas de ensino escolhidas pelos professores mesmo com uma certa dificuldade.
98% Não
Tendo em vista que 98% dos estudantes marcou que sim, tem um aparelho disponível,
essa não foi uma questão marcante para os estudantes pertencentes ao nosso campo de
estudo. Aqueles 2% que não possuem um aparelho seu, mas usam o de um familiar/amigo,
podem ter tido dificuldades quanto a disponibilidade do aparelho, o que pode ter atrapalhado
sua rotina de estudos, porém ainda sim puderam acessar as aulas.
27%
Sim
73%
Não
A maioria (73%) dos estudantes respondeu que tem sim um ambiente de estudo, o
que é excelente, porém 27% disse que não tinha um ambiente em que pudessem se
concentrar. Essa pode ter sido uma questão que atrapalhou bastante seu rendimento durante
as aulas síncronas e também assíncronas, pois quando o ambiente está muito “caótico”,
acaba impossibilitando a atenção, o que resulta num estudo de pouca qualidade.
Debates 66,70%
Gamificação 85,60%
Isso mostra que quase todos os estudantes do nosso campo de análise tiveram
contato com metodologias ativas. Apenas 1,1% dos discentes marcou que não vivenciou
nenhuma dessas metodologias, mas pode ter vivenciado outras que não tenham sido listadas.
Canva 78,90%
Padlet 33,30%
Trello 6,70%
Classcraft 1,10%
Nunca usei nenhuma
das ferramentas citadas
1,10%
O Canva, utilizado por 78,9% dos estudantes, consiste num aplicativo muito amplo,
que se utilizado de modo interessante pode gerar um estudo ativo, como a produção de
mapas mentais, por exemplo. Que configura em 70% de aprendizagem, segundo Glasser. O
google docs/slides também pode ser utilizado para produção e revisão de materiais por parte
d aluno ou do professor. Nesse caso, se for pelo professor configura numa aprendizagem
passiva e pelo aluno, ativa.
Padlet (33,3%) e Trello (6,7%) são aplicativos de organização dos estudos, portanto
não configuram como práticas ativas, mas fazem parte do processo de aprendizado, de todo
modo.
A sexta pergunta (Tabela 2) foi completamente aberta para os alunos nos informarem
se utilizam ou não ferramentas digitais e quais são elas, além das que citamos na pergunta
anterior. A partir disso, mapeamos novas ferramentas.
Nas categorias jogos e questões temos exercícios daquilo que foi aprendido que
configuram os aprendizados 70% ativos. Estimulando o conhecimento a partir da prática, do
debate, etc. Dependendo do jogo pode ser ainda mais produtivo.
Todas essas ferramentas digitais são úteis para organizar e dinamizar os estudos dos
estudantes e já são utilizadas por eles. Grande parte delas podem ser aplicadas num estudo
ativo, pois acabam estimulando a construção do conhecimento de diferentes formas.
Esta seção visa a análise do uso das metodologias ativas como fator motivacional para
o engajamento estudantil e da percepção dos estudantes quanto ao ensino remoto.
A sétima pergunta (Gráfico 6) visa entender como que os estudantes se sentiram com
relação aos estudos no ensino remoto, nesse caso com metodologias ativas e passivas.
Gráfico 6 – Sentimentos com relação aos estudos no ensino remoto
Motivação 10,00%
Desmotivação 85,60%
Determinação 17,80%
Sobrecarga 81,10%
Desesperança 46,70%
Concentração 13,30%
Estresse 82,20%
Raiva 48,90%
Outros 12,10%
As respostas desesperança e raiva com mais de 40%, indicam a impotência vivida pelo
estudante. Nessa categoria se enquadram aqueles que realmente gostariam de estar tirando
proveito desse tempo, mas não foi possível por algum motivo.
Por outro lado, uma pequena parcela dos estudantes se sentiu concentrada,
determinada e motivada (entre 10% e 15%) e, portanto, conseguiram tirar proveito do ensino
remoto e puderam até gostar da experiência. O que pode significar uma identificação com o
uso das ferramentas digitais nos estudos.
A oitava pergunta (Gráfico 7) consiste numa escala de proveito dos estudos remotos.
43,30%
33,30%
15,60%
4,40% 3,30%
1 2 3 4 5
A maioria (43,3%) dos alunos teve uma produtividade mediana, pois não conseguiram
focar muito. Enquanto que 33,3% não focou muito nos estudos e 4,4% não estudo nada. Isso
pode se dar pela questão de que durante a pandemia tiveram muitas preocupações para além
dos estudos, além da dificuldade existente devido ao novo modelo de ensino.
Por outro lado, 15,6% estudou até que focado e 3,3% teve muito foco. Esses números
nos mostram que a grande maioria realmente teve uma dificuldade para focar, mas não é
unânime, muitos conseguiram focar e se dedicar nesses tempos, podendo até descobrir uma
identificação com o ensino on-line ou o híbrido.
.
Gráfico 8 – Identificação com novos métodos
9%
47% Sim
44%
Não
Outros
As respostas foram bem dividas, 47% marcou que sim, se identificou com algum
método e 44% marcou que não. Entre as respostas negativas, podemos ver eu nem sempre é
possível se identificar com os métodos ativos e às vezes uma aprendizagem passiva pode ser
mais efetiva para um grupo específico de alunos, pois, de todo modo, a aprendizagem ativa
exige uma dedicação maior, tanto por parte do aluno, quanto por parte do professor.
A grande maioria (50%) marcou que ficou interessado (a) por algumas dessas
dinâmicas, 5,6% marcou que ficou motivado (a) e 16,7% marcou que ficou interessado (a) e
motivado (a), isso mostra que dinâmicas ativas e interativas tiveram um bom desempenho
durante a pandemia e fez com que muitos estudantes participassem de fato das aulas on-line,
o que não foi muito comum no ensino remoto do IFPE, campus Recife.
A minoria (13,3%) marcou que ficou desinteressado (a), 6,7% marcou que ficou
desmotivado (a) e 2,2% marcou que ficou desinteressado (a) e desmotivado (a), o que mostra
que alguns alunos realmente não se sentem muito confortáveis em participar ativamente das
aulas. Isso também pode significar que os métodos utilizados no ensino remoto não foram
muito interessantes para esses alunos.
Entre os que marcaram outros (5,5%), tiveram relatos, como “Gostei das
metodologias, mas algumas foram mal aplicadas, como a sala de aula invertida (que gerou
uma dupla carga horária)”, que deu uma ênfase maior na aplicação, em que a metodologia,
no caso a sala de aula invertida, pode até ser interessante para os alunos, mas devido à uma
aplicação ruim gerou desinteresse e/ou desmotivação. Mas, de todo modo, não descarta uma
futura aplicação dessa metodologia novamente, de modo correto. “Interessado, mais por
estar em um ambiente virtual a dinâmica não tem a mesma interação que nas aulas
presenciais”, esse relato mostra um interesse por metodologias ativas sendo fora do
ambiente remoto, mas ainda sim possivelmente utilizando a tecnologia para dinamizar o
processo.
Por fim, a décima primeira pergunta (Gráfico 10) permite que saibamos qual a
preferência dos estudantes com relação ao tipo de aula depois de experienciar tanto as aulas
expositivas – aulas dadas pelo professor em que ele é o protagonista – e as aulas interativas
– aulas com atividades diferentes, que tem os alunos como protagonistas.
48%
52%
Aula expositiva
Aula interativa
Segundo os dados, 52% dos estudantes preferem aulas em que os professores agem
mais e 48% preferem aulas mais interativas. Esse resultado não exclui a possibilidade da
aplicação eventual de metodologias ativas com e sem ferramentas digitais, é só uma questão
de preferência para a maior parte das aulas.
Desse modo, a partir dos relatos podemos inferir que depende muito da metodologia
utilizada que pode não dar certo com certos estudantes, devido às suas preferências de
estudo. Cabe ao professor a difícil missão de determinar, de acordo com as peculiaridades
dos seus alunos, qual é a metodologia ativa que pode ser utilizada de modo que não
desmotive os estudantes, mas sim os motive. Acaba sendo um trabalho árduo para o
professor agradar sempre à todos os alunos, mas é possível aplicar metodologias ativas no
ensino presencial.
6. CONCLUSÃO
Logo, conclui-se que o período remoto “forçou”, de certo modo, a aplicação de novas
metodologias e, principalmente, o uso de tecnologias (TDIC’s). Essa nova realidade adentrou
no cotidiano das escolas e gerou uma independência e autonomia maior do estudante,
fazendo grande parte deles irem buscar na tecnologia, e fora dela, ferramentas que pudessem
ser utilizadas para ajudar nesse processo.
Cada um teve uma percepção diferente dos modelos e ferramentas experienciados.
Apesar do estranhamento, muitos estudantes conseguiram se identificar com algumas
metodologias e tiveram interesse na vivência de aulas mais interativas mesmo depois do
ensino remoto. Além disso, a grande maioria dos estudantes faz a utilização de ferramentas
digitais nos estudos, assim, mesmo que muitos não saibam que estão tendo um estudo ativo,
acabam vivenciando isso com algumas dessas ferramentas e métodos de estudo que utilizam.
Portanto, as metodologias ativas foram sim um fator motivacional e de engajamento
para alguns estudantes, no entanto, muitos não se sentiram muito confortáveis com a
experiência, mas pode ser devido à pandemia e não aos métodos de ensino somente.
Desse modo, pode ser possível implementar novas metodologias e tecnologias nas
aulas do IFPE, campus Recife, mesmo depois do ensino remoto. Porém, é importante que seja
feito da melhor forma para engajar e motivar os estudantes.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Fornecer parecer sobre o desempenho do(a) bolsista e sobre o andamento das atividades do
projeto, informando quaisquer problemas e providências tomadas.