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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO


PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO

RELATÓRIO FINAL – PROGRAMAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

(2021 – 2022)

EDUCAÇÃO HÍBRIDA: O USO DE METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO TÉCNICO E NO


ENSINO SUPERIOR

OS DESAFIOS DOS DISCENTES DO ENSINO MÉDIO INTEGRADO, COM RELAÇÃO AO USO


DAS TDICS NO ENSINO REMOTO DO IFPE CAMPUS RECIFE

Relatório Final apresentado à Pró-


Reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e
Inovação como parte dos requisitos do
Programa de Iniciação Científica do IFPE,
sob orientação do Prof. Jussara de
Freitas Magalhães Pimentel.

Lívia Feitosa Mendonça


Campus Recife
SET/2022
1. RESUMO
Esta é uma pesquisa que aborda uma análise das dificuldades dos discentes do IFPE,
campus Recife, durante o ensino remoto iniciado no período da pandemia da COVID-19
quanto ao uso das metodologias ativas e de TDIC’s (Tecnologias Digitais da Informação e
Comunicação). Assim, temos como objetivo principal analisar o uso das metodologias ativas
como um fator motivacional para o engajamento estudantil. Considerando que as
metodologias ativas consistem no protagonismo estudantil e na busca individual do aluno
pelo conhecimento, podemos notar também que o uso de certas ferramentas, sejam elas
digitais ou não, podem configurar num estudo ativo, mesmo que não seja de conhecimento
do aluno, o que também buscamos analisar com a pesquisa. Visando atingir esses objetivos,
foi necessário ter uma base teórica sobre metodologias ativas e seu funcionamento “ideal”,
que conta com alguns autores referência no assunto educação. Além disso, elaboramos e
compartilhamos com os estudantes um formulário Google e, utilizando a teoria de Minayo
(2001) como base para análises quanti-qualitativas, analisamos os dados coletados por meio
deste formulário. Por meio desta análise, é possível compreender as questões que mais
interferiram nos estudos do período remoto, além de mapear e identificar as metodologias e
as ferramentas digitais já utilizadas pelos estudantes. Desse modo, obtivemos como
resultados que muitos discentes utilizam e/ou utilizaram metodologias ativas e TDIC’s nos
seus estudos, também fizemos a análise dos pontos negativos e positivos da experiência do
ensino remoto para os alunos. Nessa instância, questionamos a possibilidade de continuar
com a implementação de algumas metodologias ativas no ensino cotidiano mesmo com o
retorno das aulas presenciais, pois a interação com os estudantes gera mais interesse e
rendimento.

Palavras-chave: desafios; engajamento estudantil; ensino remoto; metodologias ativas;


TDIC’s.

2. INTRODUÇÃO
Devido a maior crise sanitária já vivida no país, nosso modo de viver foi drasticamente
modificado em diversos âmbitos, incluindo a área da educação. Com os alunos não podendo
frequentar o ambiente escolar, fez-se necessária a adaptação brusca para um novo modo de
ensino, que não havia sido vivenciado pela maioria dos estudantes: o ensino remoto.
O ensino remoto consiste em trocar o espaço presencial (da sala de aula) pelo virtual.
Esse método de ensino conta com a tecnologia como uma ferramenta de ensino e
aprendizagem, com o uso de plataformas digitais diferentes e a introdução de novas
metodologias inovadoras. (GARCIA; MORAIS; RÊGO; ZAROS, 2020, p. 5). No caso, devido à
pandemia da COVID-19, esse ensino foi feito de forma emergencial, portanto, funcionou
como uma solução temporária para que a grade curricular tivesse continuidade, mas esse
processo nos faz pensar sobre a possibilidade da utilização da tecnologia, em suas diversas
formas, para fins educacionais com mais frequência.

Na atualidade, o estímulo proporcionado pelo uso da tecnologia se tornou primordial


para que o aluno se motive e sinta de fato vontade de aprender. As TDIC’s (Tecnologias
Digitais da Informação e Comunicação) sendo utilizadas em conjunto com metodologias
ativas, cujo objetivo é alentar uma postura mais participativa e autônoma dos estudantes com
relação à busca de conhecimento, promovem novas possibilidades e uma mudança no
sistema de ensino para torná-lo mais significativo. Essas metodologias foram aplicadas
durante o ensino remoto do IFPE, campus Recife, por muitos docentes como tentativa de
engajar os alunos, de modo a superar as distrações e dificuldades presentes nessa etapa dos
estudos.

Assim, visando compreender as dificuldades dos estudantes durante o período remoto


e depreender, a partir da opinião dos estudantes, formas de motivá-los utilizando
metodologias ativas e ferramentas digitais não somente no período remoto, mas também nas
aulas presenciais pós-pandemia, essa pesquisa foi elaborada e organizada da seguinte forma:
introdução, explicando a motivação do estudo; objetivos; metodologia, explicando como o
estudo foi dirigido e seu objeto de estudo; e por fim, resultados e discussões, que se trata da
análise propriamente dita.

3. OBJETIVOS
A pesquisa tem como objetivo geral analisar o uso das metodologias ativas como fator
motivacional para o engajamento estudantil do técnico integrado nas aulas remotas do IFPE,
campus Recife. A partir desse objetivo depreendemos os seguintes objetivos específicos:

➢ Identificar quais metodologias ativas estão sendo utilizadas pelos estudantes;


➢ Mapear as ferramentas digitais utilizadas pelos estudantes durante as aulas síncronas
e assíncronas;
➢ Analisar os pontos positivos e negativos quanto ao uso das ferramentas digitais pelos
estudantes.
4. METODOLOGIA UTILIZADA
Tendo em vista que o principal objetivo da pesquisa é analisar o uso de metodologias
ativas como motivação para o engajamento estudantil, foi realizada uma pesquisa em
formato de formulário Google com os discentes do IFPE, campus Recife, para determinar
quais foram suas maiores dificuldades com relação ao ensino remoto e quais ferramentas
foram utilizadas por eles nestes tempos.

O campo de análise da nossa pesquisa é restrito aos respondentes do formulário que,


na época de respostas, pertenciam ao quinto período dos cursos de técnico integrado do IFPE,
campus Recife. A justificativa para essa escolha está na obrigatoriedade de vivência do ensino
remoto do instituto por parte dos estudantes respondentes do formulário. Sabendo que os
estudantes das turmas de 2020.1 (quinto período) estiveram presentes no ensino remoto e
devido à facilidade do contato com todos os cursos desse período, foram os escolhidos.
O formulário em si contemplou 90 estudantes dos cursos do ensino médio integrado
do IFPE, campus Recife, como pode ser observado na Tabela 1. Utilizamos Minayo (2001)
como base para analisar de forma quanti-qualitativa as respostas do formulário, que consiste
em ordenar, classificar e, por fim, analisar os dados obtidos
Tabela 1 - Tabela quantitativa de respondentes do formulário
A análise tem como objeto de estudo não só o formulário, mas também o conceito e
o funcionamento de metodologias ativas. Entende-se como Metodologias Ativas, a didática
em que o aluno se torna protagonista na busca pelo seu próprio conhecimento, ou seja, ele
se torna corresponsável por sua aprendizagem. Elas são responsáveis por despertar a vontade
e o encanto por aprender, além de promover sensibilidade e o interesse de conhecer. Desta
forma, as metodologias ativas podem ser vistas como pontos de partida para progredir para
processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva, de generalização, de
reelaboração de novas práticas. (MORAN, 2015, p. 18). Nas metodologias ativas o professor
continua tendo um papel fundamental na formação humana, pois age como curador e
mentor, assim guiando seus alunos na sua busca pela construção do conhecimento, como
afirma Paulo Freire (1996):

O papel do professor é propiciar ao aluno elementos


para busca e construção do conhecimento; sair da figura
passiva para ativa no processo de aprendizagem.
Entende-se nesse processo, que “o conhecimento novo
supera outro que antes foi novo e se fez velho e se
“dispõe” a ser ultrapassado por outro amanhã”. (FREIRE,
1996, p.31).
Quando incorporado o ambiente on-line a essas metodologias com uso de TDIC’s, o
estudo se torna mais amplo do que aquele vivenciado somente na sala de aula. O uso da
tecnologia no campo da educação traz inúmeras possibilidades, tratando-se tanto de
métodos de estudo, quanto de plataformas que podem ser utilizadas pelos estudantes.
Existem inúmeras plataformas digitais que podem ser aplicadas pelos professores durante as
aulas para que não só atraia a atenção dos alunos, mas também os tornem ativos,
funcionando também como uma forma de transformar essa aprendizagem em ativa. Segundo
Lévy (1993):

Os sistemas cognitivos humanos podem então transferir


ao computador a tarefa de construir e de manter em dia
representações que eles antes deviam elaborar com os
fracos recursos de sua memória de trabalho, ou aqueles,
rudimentares e estáticos, do lápis e papel. Os esquemas,
mapas ou diagramas interativos estão entre as interfaces
mais importantes das tecnologias intelectuais de suporte
informático. (LÉVY, 1993, p. 40).
Portanto, podemos inferir que a tecnologia traz vários benefícios que dão suporte a
uma nova percepção do aprendizado. Esse ensino on-line quando implementado de forma
correta em conjunto com o ensino presencial, configuram o ensino híbrido. O ensino híbrido,
do inglês blended learning, surge como uma alternativa que permite que alunos com
diferentes ritmos e métodos de estudo acompanhem os professores sem que ninguém saia
prejudicado. (MORIN, 2015, p. 26).
O blended learning funciona da seguinte forma: os alunos aprendem em parte no
ambiente on-line, sob supervisão ou recomendação do professor e a outra parte num
ambiente presencial, fora de sua residência. Essa versatilidade permite que essa categoria de
ensino possa implementar vários modelos de metodologias ativas, modelos esses que podem
ser visualizados no esquema da Figura 1.
Figura 1 - modelos de ensino híbrido

Fonte: adaptação do modelo de Horn e Staker (2015)

De acordo com Horn e Staker (2015), o modelo de rotação se subdivide em: rotação
por estações, feito por meio da alternância de atividades (estações) em grupo; laboratório
rotacional, parecido com a “rotação por estações”, com exceção de que tem também
atividades no laboratório de informática; rotação individual, em que não é necessário passar
por todas as estações, somente as estipuladas anteriormente conforme suas necessidades; e
sala de aula invertida, oposto ao modelo tradicional (conteúdos em casa e parte prática na
sala de aula).

O modelo flex é feito de modo que o ensino on-line é o foco de aprendizagem e as


atividades são feitas conforme as necessidades do aluno. O modelo à La carte tem uma
disciplina ofertada completamente on-line e os outros cursos serão organizados pelo aluno.
Por último, o modelo virtual enriquecido consiste na disponibilização de cursos on-line e
presenciais conforme a escolha do aprendiz, caso encontre dificuldades ele pode ter mais
encontros presenciais. (HORN; STAKER, 2015).

Cada modelo tem suas peculiaridades e estimula a autonomia de diferentes formas,


assim, cabe ao professor/orientador decidir qual metodologia ativa se encaixa mais com a
turma em questão.

Durante o período de isolamento, as metodologias ativas foram empregadas na


tentativa de estimular os alunos, contudo, para ter sucesso é preciso seguir e aplicar seus
princípios. São eles: aluno, autonomia, problematização da realidade e reflexão, trabalho em
equipe, inovação e professor. (DIESEL; SANTOS BALDEZ; NEUMANN MARTINS, 2017, p. 273-
279). Seguindo os pilares das metodologias ativas, as chances desse método disruptivo
funcionar para os alunos são maiores, pois estarão sendo utilizadas do modo “correto”.

O aluno deve ser o centro do processo de aprendizagem, tendo uma postura mais
ativa. É necessário ter autonomia e atitude crítica e construtiva, de modo a problematizar a
realidade em que vive e refletir de forma crítica sobre como intervir. O trabalho em equipe é
importante para que todos os alunos interajam entre si e expressem suas opiniões. É de
extrema importância sempre introduzir novidades, assim, renovando, inventando e
desenvolvendo novas metodologias constantemente. Por último, o professor possui a função
mais importante: fazer o discente buscar o conhecimento e, antes de tudo, fazê-lo refletir e
questionar aquilo que aprendeu. Ou seja, deve ensiná-lo a pensar, provocá-lo e desafiá-lo
para que suas próprias opiniões e pontos de vista sejam formadas. Paulo Freire (1996) ressalta
que:
Percebe-se, assim, a importância do papel do educador,
o mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte
de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos,
mas também ensinar a pensar certo. Daí a
impossibilidade de tornar-se um professor crítico se,
mecanicamente memorizador, é muito mais um
repetidor de frases e de ideias inertes do que um
desafiador. (FREIRE, 1996, p. 14).
Além de seguir os pilares da metodologia ativa, é de extrema importância que o
processo de aplicação não aconteça de modo drástico, pois se comparado com o modelo
tradicional de ensino é muito diferente e difícil de adaptar, tanto para o aluno, quanto para o
professor. Entretanto, foi isso que aconteceu com os estudantes durante o ano de 2020 e
grande parte de 2021, o que causou um impacto gigantesco na vida da maioria, que nunca
havia passado por um estudo on-line e ativo em sua vida.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Visando atender ao objetivo geral e aos específicos, as perguntas foram divididas em
seções. As perguntas da primeira seção foram feitas com o intuito de entender a realidade
socioeconômica dos estudantes para, deste modo, analisar da melhor forma as respostas da
pesquisa. As da segunda buscaram identificar metodologias ativas e ferramentas digitais
utilizadas pelos discentes e as da terceira, analisar as percepções e sentimentos com relação
ao estudo remoto e suas implicações para atender aos objetivos da pesquisa.

ANÁLISE SOCIOECONÔMICA

Tendo em vista que o ensino remoto tem alguns requerimentos (internet, aparelho
eletrônico, etc.) para o seu funcionamento que deveriam ser de acesso geral, mas
infelizmente não estão disponíveis para todos, fizemos as perguntas seguintes para
determinar se a situação socioeconômica foi, de fato, um problema para os estudantes
respondentes do formulário.

Começando a análise propriamente dita, a primeira pergunta (Gráfico 1) busca


determinar se a qualidade da internet foi uma questão para muitos alunos, visto que uma
internet confiável e suficiente é um dos requisitos para o sucesso do ensino remoto e/ou do
EaD (Ensino à Distância).
Gráfico 1 – Acesso à internet

Você possui um acesso tranquilo de internet?


7%
Sim

Não, cai com


frequência

93% Não possuo


internet em casa

A maioria dos estudantes (93%) marcou que sim, tem um acesso tranquilo à internet,
enquanto que apenas 7% tem uma internet problemática, mas existente e nenhum dos
respondentes (0%) é desprovido deste recurso. Por isso, podemos depreender que a internet
não foi um fator de grande dificuldade para maioria dos estudantes que fazem parte do nosso
campo de análise, apenas para alguns que tem uma internet oscilante e muito provavelmente
perdiam trechos das aulas síncronas o que pode atrapalhar bastante na construção da linha
de raciocínio, porém todos tiveram acesso à essas aulas e aos materiais disponibilizados pelas
plataformas de ensino escolhidas pelos professores mesmo com uma certa dificuldade.

A segunda pergunta (Gráfico 2) buscou saber se a carência de aparelhos digitais


(smartphone, notebook, etc.) foi um fator problema durante o ensino remoto, tendo em vista
que o acesso às aulas on-line depende de algum desses aparelhos.

Gráfico 2 – Acesso às aulas on-line

Você possui algum aparelho disponível para acessar as


aulas on-line?
2% Sim

Sim, mas é de algum


familiar

98% Não
Tendo em vista que 98% dos estudantes marcou que sim, tem um aparelho disponível,
essa não foi uma questão marcante para os estudantes pertencentes ao nosso campo de
estudo. Aqueles 2% que não possuem um aparelho seu, mas usam o de um familiar/amigo,
podem ter tido dificuldades quanto a disponibilidade do aparelho, o que pode ter atrapalhado
sua rotina de estudos, porém ainda sim puderam acessar as aulas.

A terceira pergunta (Gráfico 3) busca entender se barulhos e interrupções de parentes,


por exemplo, foram questões que tiraram a atenção dos estudantes durante o ensino remoto.

Gráfico 3 – Ambiente disponível

Em sua casa, há um ambiente em que você possa se


concentrar na aula e nos estudos?

27%
Sim
73%
Não

A maioria (73%) dos estudantes respondeu que tem sim um ambiente de estudo, o
que é excelente, porém 27% disse que não tinha um ambiente em que pudessem se
concentrar. Essa pode ter sido uma questão que atrapalhou bastante seu rendimento durante
as aulas síncronas e também assíncronas, pois quando o ambiente está muito “caótico”,
acaba impossibilitando a atenção, o que resulta num estudo de pouca qualidade.

IDENTIFICAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS E FERRAMENTAS DIGITAIS

Esta seção é destinada ao mapeamento e identificação de metodologias ativas e


ferramentas digitais utilizadas pelos estudantes.

A pergunta quatro (Gráfico 4) foi elaborada visando atender ao objetivo de


identificação das metodologias de ensino-aprendizagem vivenciadas pelos estudantes, que,
nesse caso, foram e/ou são aplicadas pelos professores durante o ensino remoto e fora dele
(presencial).
Gráfico 4 – Uso de metodologias

Seus (suas) professores (as) já fizeram/fazem uso de


alguma das metodologias de ensino-aprendizagem a
seguir? (marque todas as opções que se aplicam)
Aprendizagem baseada em
problemas/projetos
43,30%

Debates 66,70%

Estudo em seminário 84,40%

Gamificação 85,60%

Sala de aula invertida 65,60%

Não vivenciei nenhuma


dessas metodologias
1,10%

As metodologias mencionadas são todas ativas, sendo elas: aprendizagem baseada


em projetos/problemas (43,3%) que consiste na aplicação do conteúdo na vida real,
praticando-o; Debates (66,7%) que consiste na preparação de um material para discutir com
os colegas; Estudo em seminário (84,%) que abrange leitura, produção e ensino do conteúdo
aos colegas; Gamificação (85,4%) que consiste Nua fixação maior do conteúdo por meio de
jogos e dinâmicas em grupo; Sala de aula invertida (65,6%) que consiste na busca pelo
conhecimento e vivência em sala com o professor.

Isso mostra que quase todos os estudantes do nosso campo de análise tiveram
contato com metodologias ativas. Apenas 1,1% dos discentes marcou que não vivenciou
nenhuma dessas metodologias, mas pode ter vivenciado outras que não tenham sido listadas.

A quinta (Gráfico 5) e a sexta (Tabela 2) pergunta visam mapear as ferramentas digitais


utilizadas pelos estudantes tanto para estudar sozinhos, quanto para estudar nas aulas
síncronas e assíncronas comandadas pelo professor. O proveito dos estudantes com cada
método pode ser “medido” pela pirâmide de aprendizagem de William Glasser (Figura 2).

Figura 2 – Pirâmide de aprendizagem


Fonte: adaptação de William Glasser elaborada pela Escola da Prevenção

A quinta pergunta (Gráfico 5) foi formulado com respostas pré-determinadas para


podermos mapear as ferramentas digitais já conhecidas por nós.

Gráfico 5 – Ferramentas digitais utilizadas

Quais ferramentas digitais você já utiliza/utilizou no


ambiente remoto?

Canva 78,90%

Google docs/slides 90,00%


Kahoot, Quizlet,
Quizziz, Edpuzzle
77,80%
Lousa interativa
(ex.: google jamboard)
45,60%

Padlet 33,30%

Trello 6,70%

Classcraft 1,10%
Nunca usei nenhuma
das ferramentas citadas
1,10%
O Canva, utilizado por 78,9% dos estudantes, consiste num aplicativo muito amplo,
que se utilizado de modo interessante pode gerar um estudo ativo, como a produção de
mapas mentais, por exemplo. Que configura em 70% de aprendizagem, segundo Glasser. O
google docs/slides também pode ser utilizado para produção e revisão de materiais por parte
d aluno ou do professor. Nesse caso, se for pelo professor configura numa aprendizagem
passiva e pelo aluno, ativa.

Kahoot, Quizlet, Quizziz e Espuzzle (77,8%) e Classcraft (1,1%) são plataformas de


jogos que estimulam uma participação maior e configuram como uma prática ativa, pois estão
exercitando aquele conhecimento. Lousa interativa (45,6%) também faz com que o aluno
participe e interaja mais nas aulas, dependendo do modo que o professor utilize.

Padlet (33,3%) e Trello (6,7%) são aplicativos de organização dos estudos, portanto
não configuram como práticas ativas, mas fazem parte do processo de aprendizado, de todo
modo.

A sexta pergunta (Tabela 2) foi completamente aberta para os alunos nos informarem
se utilizam ou não ferramentas digitais e quais são elas, além das que citamos na pergunta
anterior. A partir disso, mapeamos novas ferramentas.

Tabela 2 – Mapeamento de ferramentas digitais


De acordo com a pirâmide de aprendizagem de William Glasser (Figura 2), podemos
configurar muitos dessas ferramentas digitais como responsáveis por uma aprendizagem
ativa, como os que estão na categoria de jogos e questões, pois se encaixam como uma
prática daquele conhecimento que foi adquirido.

Na categoria de audiovisual, temos um estudo passivo, pois se caracteriza como ler,


ver e assistir, todos pertencentes ao topo da pirâmide. Na categoria de sites, temos alguns
que podem ser interessantes dependendo de como forem utilizados, de modo geral são
passivos, pois tem como base a leitura, mas muitas vezes tem também questões e atividades
que estimulam.

Nas categorias jogos e questões temos exercícios daquilo que foi aprendido que
configuram os aprendizados 70% ativos. Estimulando o conhecimento a partir da prática, do
debate, etc. Dependendo do jogo pode ser ainda mais produtivo.

Na categoria redes sociais, temos uma amplitude de tipos de aprendizagem, o aluno


pode usar para ler, ver, assistir, ensinar aos outros, debater, inúmeras possibilidades.
Portanto, se usadas com a finalidade de estudar e do modo certo podem gerar um estudo
muito amplo e proveitoso. Na categoria outros, 9 alunos disseram que não utilizam nenhuma
ferramenta digital, mas não descarta a possibilidade dele (a) fazer um estudo ativo sem
tecnologias.

Todas essas ferramentas digitais são úteis para organizar e dinamizar os estudos dos
estudantes e já são utilizadas por eles. Grande parte delas podem ser aplicadas num estudo
ativo, pois acabam estimulando a construção do conhecimento de diferentes formas.

PERCEPÇÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA

Esta seção visa a análise do uso das metodologias ativas como fator motivacional para
o engajamento estudantil e da percepção dos estudantes quanto ao ensino remoto.
A sétima pergunta (Gráfico 6) visa entender como que os estudantes se sentiram com
relação aos estudos no ensino remoto, nesse caso com metodologias ativas e passivas.
Gráfico 6 – Sentimentos com relação aos estudos no ensino remoto

Marque todas as opções que se aplicam a como você se


sentiu com relação aos estudos durante o ensino remoto.

Motivação 10,00%

Desmotivação 85,60%

Determinação 17,80%

Sobrecarga 81,10%

Desesperança 46,70%

Concentração 13,30%

Estresse 82,20%

Raiva 48,90%

Outros 12,10%

Podemos depreender do gráfico a predominância de sentimentos negativos, como


desmotivação, sobrecarga e estresse, todos acima de 80%. Assim, é possível notar que para a
maioria foi um período de muita dificuldade para estudar, seja por questões externas ou pela
falta de dinamismo nas aulas.

As respostas desesperança e raiva com mais de 40%, indicam a impotência vivida pelo
estudante. Nessa categoria se enquadram aqueles que realmente gostariam de estar tirando
proveito desse tempo, mas não foi possível por algum motivo.

Por outro lado, uma pequena parcela dos estudantes se sentiu concentrada,
determinada e motivada (entre 10% e 15%) e, portanto, conseguiram tirar proveito do ensino
remoto e puderam até gostar da experiência. O que pode significar uma identificação com o
uso das ferramentas digitais nos estudos.

Entre os que responderam outros (12,1%), recebemos relatos negativos quanto ao


processo valendo ressaltar questões como esquecimento, pressão, dificuldade em prestar
atenção e difícil acesso ao professor para tirar dúvidas. Todas essas questões interferem no
estudo qualitativo, mas talvez com o melhoramento de algum desses pontos é possível ter
um proveito maior do ensino remoto.

A oitava pergunta (Gráfico 7) consiste numa escala de proveito dos estudos remotos.

Gráfico 7 – Escala de proveito de estudos

Em uma escala de 1 a 5 (em que 1 seria o mais negativo -


não estudei, e 5 seria o mais positivo - tive muito foco) o
quanto você sente que foi seu proveito nos estudos
durante o ensino remoto?

43,30%

33,30%

15,60%

4,40% 3,30%

1 2 3 4 5

A maioria (43,3%) dos alunos teve uma produtividade mediana, pois não conseguiram
focar muito. Enquanto que 33,3% não focou muito nos estudos e 4,4% não estudo nada. Isso
pode se dar pela questão de que durante a pandemia tiveram muitas preocupações para além
dos estudos, além da dificuldade existente devido ao novo modelo de ensino.

Por outro lado, 15,6% estudou até que focado e 3,3% teve muito foco. Esses números
nos mostram que a grande maioria realmente teve uma dificuldade para focar, mas não é
unânime, muitos conseguiram focar e se dedicar nesses tempos, podendo até descobrir uma
identificação com o ensino on-line ou o híbrido.

A nona pergunta (Gráfico 8) busca determinar se os estudantes se identificaram com


algum dos métodos novos de ensino-aprendizagem vivenciados durante o ensino remoto

.
Gráfico 8 – Identificação com novos métodos

Você se identificou com novos métodos de


estudar/aprender usados durante o ensino remoto?

9%

47% Sim

44%
Não

Outros

As respostas foram bem dividas, 47% marcou que sim, se identificou com algum
método e 44% marcou que não. Entre as respostas negativas, podemos ver eu nem sempre é
possível se identificar com os métodos ativos e às vezes uma aprendizagem passiva pode ser
mais efetiva para um grupo específico de alunos, pois, de todo modo, a aprendizagem ativa
exige uma dedicação maior, tanto por parte do aluno, quanto por parte do professor.

Entre os 9% que deram outras respostas, obtivemos relatos como “Depende do


método inserido, alguns métodos mais interessantes dispersaram meu interesse como
estudante, enquanto outros me mantiveram disperso, foi um grande 8 ou 80” e “Alguns sim,
outros não”, o que mostra que seria interessante aplicar novamente alguns desses métodos
novamente tendo o feedback dos alunos, pois enquanto alguns podem ser muto estimulantes
outros podem fazer efeito contrário dependendo do aluno. Além da aplicação de novos
métodos para achar algum que agrade a maior parte dos alunos.

A décima pergunta (Gráfico 9) buscou identificar como eu os alunos se sentiram com


a experimentação de dinâmicas interativas na sala de aula remota, em que o aluno participa
mais do que o professor expõe o conteúdo.
Gráfico 9 – Percepção sobre novas dinâmicas

A grande maioria (50%) marcou que ficou interessado (a) por algumas dessas
dinâmicas, 5,6% marcou que ficou motivado (a) e 16,7% marcou que ficou interessado (a) e
motivado (a), isso mostra que dinâmicas ativas e interativas tiveram um bom desempenho
durante a pandemia e fez com que muitos estudantes participassem de fato das aulas on-line,
o que não foi muito comum no ensino remoto do IFPE, campus Recife.

A minoria (13,3%) marcou que ficou desinteressado (a), 6,7% marcou que ficou
desmotivado (a) e 2,2% marcou que ficou desinteressado (a) e desmotivado (a), o que mostra
que alguns alunos realmente não se sentem muito confortáveis em participar ativamente das
aulas. Isso também pode significar que os métodos utilizados no ensino remoto não foram
muito interessantes para esses alunos.

Entre os que marcaram outros (5,5%), tiveram relatos, como “Gostei das
metodologias, mas algumas foram mal aplicadas, como a sala de aula invertida (que gerou
uma dupla carga horária)”, que deu uma ênfase maior na aplicação, em que a metodologia,
no caso a sala de aula invertida, pode até ser interessante para os alunos, mas devido à uma
aplicação ruim gerou desinteresse e/ou desmotivação. Mas, de todo modo, não descarta uma
futura aplicação dessa metodologia novamente, de modo correto. “Interessado, mais por
estar em um ambiente virtual a dinâmica não tem a mesma interação que nas aulas
presenciais”, esse relato mostra um interesse por metodologias ativas sendo fora do
ambiente remoto, mas ainda sim possivelmente utilizando a tecnologia para dinamizar o
processo.

Por fim, a décima primeira pergunta (Gráfico 10) permite que saibamos qual a
preferência dos estudantes com relação ao tipo de aula depois de experienciar tanto as aulas
expositivas – aulas dadas pelo professor em que ele é o protagonista – e as aulas interativas
– aulas com atividades diferentes, que tem os alunos como protagonistas.

Gráfico 10 – Tipo de aula

Qual tipo de aula você prefere?

48%
52%
Aula expositiva

Aula interativa

Segundo os dados, 52% dos estudantes preferem aulas em que os professores agem
mais e 48% preferem aulas mais interativas. Esse resultado não exclui a possibilidade da
aplicação eventual de metodologias ativas com e sem ferramentas digitais, é só uma questão
de preferência para a maior parte das aulas.
Desse modo, a partir dos relatos podemos inferir que depende muito da metodologia
utilizada que pode não dar certo com certos estudantes, devido às suas preferências de
estudo. Cabe ao professor a difícil missão de determinar, de acordo com as peculiaridades
dos seus alunos, qual é a metodologia ativa que pode ser utilizada de modo que não
desmotive os estudantes, mas sim os motive. Acaba sendo um trabalho árduo para o
professor agradar sempre à todos os alunos, mas é possível aplicar metodologias ativas no
ensino presencial.
6. CONCLUSÃO
Logo, conclui-se que o período remoto “forçou”, de certo modo, a aplicação de novas
metodologias e, principalmente, o uso de tecnologias (TDIC’s). Essa nova realidade adentrou
no cotidiano das escolas e gerou uma independência e autonomia maior do estudante,
fazendo grande parte deles irem buscar na tecnologia, e fora dela, ferramentas que pudessem
ser utilizadas para ajudar nesse processo.
Cada um teve uma percepção diferente dos modelos e ferramentas experienciados.
Apesar do estranhamento, muitos estudantes conseguiram se identificar com algumas
metodologias e tiveram interesse na vivência de aulas mais interativas mesmo depois do
ensino remoto. Além disso, a grande maioria dos estudantes faz a utilização de ferramentas
digitais nos estudos, assim, mesmo que muitos não saibam que estão tendo um estudo ativo,
acabam vivenciando isso com algumas dessas ferramentas e métodos de estudo que utilizam.
Portanto, as metodologias ativas foram sim um fator motivacional e de engajamento
para alguns estudantes, no entanto, muitos não se sentiram muito confortáveis com a
experiência, mas pode ser devido à pandemia e não aos métodos de ensino somente.
Desse modo, pode ser possível implementar novas metodologias e tecnologias nas
aulas do IFPE, campus Recife, mesmo depois do ensino remoto. Porém, é importante que seja
feito da melhor forma para engajar e motivar os estudantes.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BACICH, Lilian; MORAN, José. (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora:
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partir das coreografias didáticas na educação superior. 2021. Dissertação (Mestrado em
Educação Matemática e Tecnológica) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2021.

8. PARECER DO ORIENTADOR(A): AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DO(A) ESTUDANTE

Fornecer parecer sobre o desempenho do(a) bolsista e sobre o andamento das atividades do
projeto, informando quaisquer problemas e providências tomadas.

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