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RESENHA III
“Do ponto de vista dos nativos”: a natureza do entendimento antropológico.
Manaus
2023
Clifford Geertz nasceu em 23 de agosto de 2006 em São Francisco, Califórnia nos
Estados Unidos. Foi um antropólogo norte-americano e um dos nomes mais importantes da
antropologia contemporânea, famoso por fundar a vertente conhecida como antropologia
interpretativa ou hermenêutica. Este é um dos temas do capítulo 3 do seu livro “O saber local”.
O capítulo é intitulado “Do ponto de vista dos nativos: a natureza do entendimento
antropológico” e, como o próprio título diz, Geertz procura levantar um debate acerca do
antropólogo, seu trabalho e a sua forma de entender a cultura.
Para elucidar essa ideia, o autor cita três exemplos de seu trabalho, sendo eles as
pesquisas feitas com as sociedades javanesa, balinesa e marroquina. Através dessa exposição,
Geertz busca mostrar como esses conceitos são empregados através da análise dessas
sociedades sobre o conceito de pessoa.
Feito esse apanhado sobre a concepção do eu nessas três sociedades, Geertz retorna a
questão principal referente ao “ponto de vista dos nativos”. Para o autor, esse trabalho
etnográfico percorre, continuamente, uma percepção de totalidade através das várias partes que
a constituem, para uma percepção de várias partes que integram uma totalidade. Todo esse
caminho, que o autor entende como a trajetória, está associado ao método conhecido como
círculo hermenêutico de Wilheim Dilthey. Sendo assim, Geertz postula que é preciso
compreender o indivíduo a partir daquilo que ele entende de si próprio, reunindo as partes do
todo e entendendo o todo a partir dessas partes, através dos conceitos de “experiência-próxima”
e “experiência-distante” para que seja possível identificar quais são as características
fundamentais de uma determinada sociedade, e a partir disso, realizar uma interpretação acerca
dos sistemas simbólicos que gerenciam seus comportamentos, pensamentos, sentimentos,
valores, entre outros fundamentos. Em suma, nas palavras do próprio autor
[...] a compreensão depende de uma habilidade para analisar seus modos de expressão,
aquilo que chamo de sistemas simbólicos, e o sermos aceitos contribui para o
desenvolvimento desta habilidade. Entender a forma e a força da vida interior dos
nativos – para usar, uma vez mais, esta palavra perigosa – parece-se mais com
compreender o sentido de um provérbio, captar uma alusão, entender uma piada – ou,
como sugeri acima – interpretar um poema, do que como conseguir uma comunhão
de espíritos. (GEERTZ, 1983, p. 107)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS