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LIMITES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Lorivane A. Meneguzzo1
Douglas Cassiano2
Gricelia da Silva3
Kelly Daise Fabris4
Lidiane Nunes de Almeida5
Taise da Luz Souza6

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar o papel dos pais e professores a
questão da construção dos limites e regras pela criança. A criança precisa aprender
valores e saber a importância de dividir, de respeitar os outros, de ter responsabilidades
com seus atos. Os pais precisam compreender que não podem impedir que as crianças
tenham frustrações. O desenvolvimento dos limites, da socialização e a educação iniciam
no nascimento, a partir das interações com os familiares. O desenvolvimento infantil
passa por fases e a construção de limites não é diferente. Cabe aos pais e professores
evitar que as crianças cresçam achando que todo mundo deve satisfazer todos seus
desejos. Os autores utilizados foram Tiba (2006), Silva (2009), Zagury (2002), Piaget
(1977). A metodologia utilizada para este estudo foi a bibliográfica, como pesquisa em
artigos, sites de universidades, livros e revistas.

PALAVRAS CHAVE: Educação Infantil. Limites. Desenvolvimento. Socialização.

Atualmente, a sociedade está passando por mudanças muito rápidas e a


educação também está sendo afetada em pontos positivos e negativos. Existe uma crise
de valores em que a falta de limites e a falta de bons exemplos por parte dos pais e ou
familiares está deixando muitas das características que os jovens carregam para a vida
adulta. Essa falta de limites resulta em jovens que pensam ter o poder nas mãos e que
acham que podem fazer tudo, sem ter que pagar pelas consequências de seus atos.
Infelizmente, muitas crianças nunca ouviram um não de seus pais, e isso traz muitos
prejuízos para o seu amadurecimento, pois, dessa forma, elas não aprendem a conviver
com as frustrações.

1
Professora de Educação Infantil com Licenciatura em Pedagogia UCS. Pós graduação em Psicopedagogia pela
UNICID. Mestrado em educação pela UCS.
2
Professor de Educação Infantil com Licenciatura em Pedagogia UCS. Pós graduação em Educação Inclusão e Especial
pela UNICID.
3
Professora de Educação Infantil com Licenciatura em Pedagogia UCS. Pós graduação em Psicopedagogia pela
UNICID.
4
Professora de Educação Infantil com Licenciatura em Pedagogia UCS. Pós graduação em Educação Infantil pela
UNICID.
5
Professora de Educação Infantil com Licenciatura em Pedagogia UCS.
6
Professora de Educação Infantil com Licenciatura em Pedagogia UCS. Pós graduação em Psicopedagogia pela
UNICID.
Muitos pais, sentem culpa pelo pouco tempo que passam com os filhos, ou por
ter que colocar a criança na escola desde bebê, e tentam compensar deixando-os
fazerem o que quiserem, como escolher se vão sair ou não, o que vão comer, a hora de
comer de ir dormir, etc. Porém, o poder de decisão e a imposição de limites é função dos
pais, já que eles são os responsáveis pela educação das crianças.
A criança precisa aprender valores e saber a importância de dividir, de respeitar
os outros, de ter responsabilidades com seus atos. Os pais precisam compreender que
não podem impedir que as crianças tenham frustrações, pois é através delas que as
crianças amadurecem e se tornam aptas para enfrentar a vida, tornando-se jovens e
adultos saudáveis e seguros.

DESENVOLVIMENTO E LIMITES

O desenvolvimento dos limites, da socialização e a educação iniciam no


nascimento, a partir das interações com os familiares. É papel dos pais darem início ao
processo de educação dos seus filhos ao que se refere a: conceitos morais, éticos,
respeito mútuo e dignidade para que se constitua uma pessoa íntegra e independente.
Nos primeiros meses de vida a criança chora descontroladamente esse é o meio
de comunicação entre ela e a mãe, através desse choro a mãe percebe que a criança tem
alguma necessidade a ser atendida seja ela fome, dor ou desconforto. Com o passar do
tempo a criança passará apenas a resmungar e choramingar, até abandonar esse meio
de comunicação (SILVA, 2009).
Com aproximadamente um ano de idade a criança já sabe se expressar para
conseguir o que quer. No decorrer da convivência ela percebe que a linguagem oral é
mais eficiente para solicitar o que quer, em vez de fazer birra. A birra acontece porque a
criança não quer ser contrariada ou porque solicita algo que os pais recusam-se de dar e
quando isso acontece mesma chora, esperneia, grita e berra a fim de conseguir o que
deseja, se a criança for atendida sempre que fizer birra esse tipo de conduta tende a
permanecer e a criança assimilará que através dessa postura pode ampliar os limites
acreditando que controla o mundo em que vive e essas são atitudes extremamente
opostas ao que o meio social deve propiciar em longo prazo isso pode gerar descontrole,
violência e agressão (SILVA, 2009).
Por isso os pais devem evitar que os filhos cresçam achando que todo mundo tem
que satisfazer todos os seus desejos, pois a criança não saberá lidar com a menor
contrariedade e apresentará dificuldades para lidar com as frustrações que a vida
apresenta. É importante ressaltar que é na fase de um ano e meio aos cinco anos de
idade que a criança apresenta características especiais como a birra e a desobediência é
a partir disto que os pais devem começar a colocar os limites com muita segurança e
coerência. É nesta fase que a criança assimila a construção do desejo, esta é a etapa que
o individuo aprende esperar pelo prazer, esperar para receber e também lidar com as
frustrações por não conseguir o que deseja. “A criança reage agressivamente de forma
inadequada, até conseguir o que quer, expondo os pais a situações desconfortáveis […] o
sucesso de uma birra alimenta a próxima” (TIBA, 2006).
A birra é a dificuldade de aceitar o limite e para contê-la é preciso que os pais não
atendam o desejo da criança perante essa estratégia. A coerência (os adultos que cuidam
da criança devem entrar em acordo quanto as regras, de nada adianta um dizer não e o
outro dizer sim, diante da mesma situação), manter a palavra, (a partir do memento que o
“não” foi dito, ele deve permanecer, os adultos não devem voltar atrás diante da palavra
dada) analisar a causa e consequência, (analisar juntamente a criança o que resulta de
sua atitude) são atitudes que devem ser adotadas perante a birra da criança. Vale
ressaltar que em nenhum momento os adultos devem ceder a birra da criança, ela precisa
compreender que não pode ter tudo o que quer, e saber esperar é uma necessidade na
sociedade.

LIMITES, DISCIPLINA, EDUCAÇÃO


A questão do limite tem se apresentado uma dificuldade tanto para pais quanto
para professores. O comportamento das crianças está se modificado muito com o passar
do tempo e um dos fatores é a construção dos limites e a formação de valores por parte
da criança desde a primeira infância.

Hoje, a punição é cada vez mais rara, tanto na escola como em casa. Os pais têm
larga parcela de culpa no que diz respeito à indisciplina dentro da escola. É uma situação
cada vez mais comum: eles trabalham muito e têm menos tempo para dedicar à
educação das crianças. Sentindo culpa pela omissão, evitam dizer não aos filhos e
esperam que a escola assuma a função que deveria ser deles: a de passar para a criança
os valores éticos e de comportamentos básicos. A escola é uma instituição que muito
colaborará com os pais nesse sentido, mas nunca os poderá substituir. (ZAGURY, 2002).

Segundo, Piaget a disciplina é um conceito social e externo, mas que sua


conscientização e prática dependem da maturação psicológica do sujeito. “Toda a moral
consiste num sistema de regras e, a essência de toda moralidade deve ser procurada no
respeito que o indivíduo adquire por estas regras” (PIAGET, 1977, p. 11, apud
FRANZOLO).

Autores, como Içami Tiba (2002), Maria Augusta Sanches Rossini (2001) e Tânia
Zagury (2002) fazem referência à geração de pais que confundem autoridade com
autoritarismos, e optam por não colocar limites. Outros alegam que a geração de pais
recebe outro tipo de modelo através da mídia e acaba sofrendo sua influência. Para essa
abordagem liberal, os pais estão sendo influenciados por modelos mais liberais e
terminam por assumir um papel mais “moderno” de educar (SILVA, ARAÚJO).

Cabe aos pais delegar ao filho tarefas que ele já é capaz de cumprir. Essa
é a medida certa do seu limite. É por isso que os pais nunca devem fazer
tudo pelo filho, mas ajudá-lo somente até o exato ponto em que ele precisa,
para que, depois, realize sozinho suas tarefas. É assim que o filho adquire
autoconfiança, pois está construindo sua autoestima (TIBA, 1996, p.43).

A escola e a família tem funções e papéis distintos na questão dos limites, porém
precisam trabalhar de forma compartilhada. O primeiro grupo social que a criança faz
parte é a família o segundo geralmente é a escola, que desempenha o papel de promover
a socialização (noções de limite de valores) e o desenvolvimento cognitivo. É no ambiente
escolar que as crianças aprendem como conviver em sociedade, a lidar com as
diferenças, com a tolerância em relação à frustração, com a aceitação das regras
coletivas, nesse processo, está incluído também, compreender que nem sempre é
possível fazer tudo que deseja. Quando se fala em limites, muitas vezes a dúvida permeia
a cabeça dos pais e educadores em relação ao que fazer e como lidar com os
comportamentos indesejados apresentados pela criança.

É certo que a escola é uma instituição que muito irá colaborar com os pais em
relação ao educar, mas nunca poderá os substituir, pois esta é uma responsabilidade que
não se delega e acredita-se que nenhum pai queira incumbir a outros a formação ética de
seus filhos. (ZAGURY, 2008).

Na educação infantil o processo de construção do limite deve ser trabalhado


diariamente. Estabelecer regras e combinados geralmente surte efeito positivo, mas para
isso, devem ser expostos em forma de cartazes ilustrativos, pois para este público é
importante o aspecto visual, pois permite a internalização e assimilação. Ao estabelecer
as regras na sala de aula a criança entende que existem limites que devem ser
respeitados naquele ambiente, então ela passa a perceber que no espaço escolar tem
regras que visam o seu bem estar e do próximo. Porém ao estabelecer as regras o
professor deve mantê-las, pois faz parte da postura do professor diante da criança.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção de limites está diretamente ligada a socialização e convivência de


forma que a criança reconheça seus próprios limites e os dos outros. Educar é um desafio
diário, porém é a forma mais eficaz de construir crianças sociáveis, responsáveis, ou seja,
sujeitos conscientes de seus direitos mas também de seus deveres.
Educar requer tempo, paciência, compreensão e afeto, por isso, pais e ou
professores devem pensar e mediar suas decisões e ações quando se diz respeito a
educação da criança. Os limites são importantes para que estas questões sejam
alicerçadas tendo em vista que é na infância que o indivíduo passa pela formação moral e
ética. Na fase da educação infantil a criança passa por diversas transformações e é a
partir disto que ela vai construir bases para sua formação social para seguir para as fases
seguintes onde o meio social é o grande responsável pela sua formação social e afetiva.
Portanto, entende-se que os limites e disciplina são fundamentais para a
constituição de sujeitos conscientes e participes da sociedade em que estão inseridos.

REFERÊNCIAS

FRANZOLO, Mariana Ribeiro. Construindo Regras, Construindo Disciplina na Educação


Infantil. Disponível em: http://www.janehaddad.com.br/new/indisciplina-escolar/295-construindo-
regras-construindo-disciplina-na-educacao-infantil. Acesso em: abr. de 2022.

LOUZADA, Leny Xavier. Regras e limites no contexto da educação infantil. Disponível em:
<https://escoladepaisgrandefloripa.org.br/regras-e-limites-no-contexto-da-educacao-
infantil/>. Acesso em abr. de 2022.

SILVA, Ediene. ARAÚJO, Francisco. Um Breve Estudo Sobre a Indisciplina Escolar.


Disponível em:
<https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/cintedi/2018/TRABALHO_EV110_MD1_SA4_ID
418_23072018002947.pdf..
SILVA, Lidiane. Limites na educação infantil. 2009. Disponível
em:<http://www.bibliotecadigital.funvicpinda.org.br:8080/jspui/handle/123456789/129>. Acesso
em abr. de 2022.

TIBA, I. Quem ama educa. 48 ed. São Paulo: Editora Gente, 2002.
ZAGURY, T. Escola sem conflito. Parceria com os pais. Rio de Janeiro: Record, 2002.

ZAGURY, T. Limites sem Traumas: Construindo cidadãos. 82. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008.

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