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Ubuntu e o processo de individuação: em direção a uma

psicologia analítica multicultural

Roger Brooke

Psychological Perspectiess 1: 36- 3s2008 . Jung Instiuie of Los Angeles. ISSN: 0033-292
prini 11 6-3030 online. DOl: 10.1080100332920802031870

Assumindo uma posição informada pelo pensamenio pós-colonials argumenia-se que o


conceiio de indiiiduação de Jungs com sua ênfase na separação e na retrada das projeçõess é
essencialmenie moderno e ocidenial. Qualquer grupo de pessoas é considerado por Jung
apenas como uma ameaça regressiia ao processo de indiiiduação. O colonialismo europeu de
Jung fca eiidenie em suas iiagens à América e em sua resposia aos sonhos que ali ieie.
Argumenia-se que iraços desse colonialismo permanecem eiidenies como um colonialismo da
psique na medida em que oposios como claro-escuros branco-preios ciiilizado / primitios
conscienie / inconscienie permanecem como os princípios organizadores em nossa ieoria da
psique. É discutda a experiência do auior de crescer no apariheid da América do Suls junio
com o relaio de um sonho de uma mulher xhosa iradicional e ouira mulher xhosa. iida s.
Depois dissos o conceiio de negriiude de Senghor é usado para descreier uma consciência
indiiiduanie que pode esiar mais perio de nossa experiência humana compartlhada do que a
enconirada nos escriios de Jung. A indiiiduação é enião discutda em iermos do conceiio Zulu
do Ubuniu. O Ubuniu se baseia no reconhecimenio de que nos iornamos pessoas por meio de
ouiras pessoas que nos iraiam como pessoass e que a comunidade pode ser imaginada como
faciliiadora de nossa indiiiduação. É sugerido que Ubuniu pode descreier nossa experiência de
crescimenio deniro da comunidade junguiana. O Ubuniu se baseia no reconhecimenio de que
nos iornamos pessoas por meio de ouiras pessoas que nos iraiam como pessoass e que a
comunidade pode ser imaginada como faciliiadora de nossa indiiiduação. É sugerido que
Ubuniu pode descreier nossa experiência de crescimenio deniro da comunidade junguiana. O
Ubuniu se baseia no reconhecimenio de que nos iornamos pessoas por meio de ouiras
pessoas que nos iraiam como pessoass e que a comunidade pode ser imaginada como
faciliiadora de nossa indiiiduação. É sugerido que Ubuniu pode descreier nossa experiência de
crescimenio deniro da comunidade junguiana.

Jung não tnha muiio iempo para grupos. O miio de sua iida era a afrmação da
capacidade do indiiíduo para a consciências posição a partr da qual ele iendia a encarar as
reuniões de pessoas com um olhar preconceiiuoso. A deliciosa coleção de Jacobi (1971) dos
escriios de Jung sobre o indiiíduo e a comunidade reiela uma suspeiia consisienie de que
qualquer grupo de pessoas só poderia exercer uma airação regressiia em direção à
inconsciência indiiidual. Com um desdém como o de Nieizsche pelas massass Jung obseriou:
"Um milhão de zero é unido não somas infelizmenies a um" (Jacobis p. 166); e para grupos de
pessoas que pensam que são inieligenies: "Cem Grandes Cérebros fazem um grande
cabeçudo" (p. 166). É ierdade que Jung iambém disse: "Se um homem é capaz de leiar uma
iida responsáiels ele próprios enião ele iambém esiá conscienie de seus deieres para com a
comunidade ”(p. 163). No enianios esie iema não é desenioliido. Tampouco Jung iê qualquer
papel possíiel para uma comunidade de pessoas na faciliiação do processo de indiiiduação.

Bianca Daalder, Conftuence, 2007-2008. Oil on linen, 6" x 6'l

O modelo de indiiiduação de Jung refeie os imperatios da étca exisiencialisia do


século 20: auionomias iniegridades auientcidade em relação a si mesmo. O que eu acho que
só receniemenie enirou em foco crítco é aié que ponio o modelo de psique e indiiiduação de
Jung iambém refeie seus pressuposios colonialisias europeus. Quero dizer isso não apenas em
relação à sua releiância para as pessoas das chamadas "ouiras culiuras"s mas iambém em
iermos de sua lógica inierna. Seu modelo refeie a polítca culiural colonialisia (iardia) em que
seu pensamenio se siiuou hisioricamenie. Em ouiras palairass há um colonialismo da psique
que pode ser deieciado no pensamenio de Jung a respeiio da indiiiduação. Nesie coniexios

Abordo primeiro a quesião da indiiiduação como fenômeno culiurals depois as iiagens


de Jung à Áfricas nas quaiss afrmos Jung não escapou do sonho europeu da Áfricas como
podemos ier em seus próprios sonhos. Nesse coniexios discuio o que signifca consciência na
indiiiduação e faço uma breie excursão pela noção de negriiude de Senghor. Assim
deiidamenie preparadoss reiornaremos à noção de indiiiduação por meio do iermo Ubuniu. 1

INDIVIDUAÇÃO COMO FENÔMENO CULTURAL

Jung compreendeu melhor do que seus coniemporâneos psicanalítcos que nossos


modelos de menie e de desenioliimenio humano esião impregnados de pressuposios
culiurais dos quais podemos esiar apenas iagamenie cienies. A culiura é o olho que iê anies
de sabermos o que iemos. Como sabemoss Jung queria enconirar uma posição fora de si
mesmo a partr da qual pudesse ier seus próprios pressuposios culiurais (Jungs 1961s p. 266). É
por isso que ele iiajou para a Índias o sudoesie americano e a África.

Foi uma pena que Jung não questonou suas suposições sobre as culiuras africanas que
iisiiou e sobre as quais refetu. Ele abre seu ensaio de 1931s "Homem Arcaico"s dizendo que
não pode falar do homem ciiilizado sem preconceiioss mas que pode falar sobre o "homem
arcaico" deiido ao seu próprio "ponio de iisia superior": "Nosso equipamenio menial"s diz
Jung s "sendo mais diferenciados é superior ao seu" (Jungs 1931s p. 0).

É surpreendenie que Jung não pareça apreciar com clareza sufcienie que o que iemos
como a culiura de ouira pessoa é organizado pelos nossos próprios pressuposios e ialores. A
culiura africana que Jung iiu era uma faniasia de iransferência culiurals um refexo das
imagens organizadoras deniro da consciência coletia do europeu educado do início do século
XX. No que diz respeiio à indiiiduaçãos por exemplos o conceiio de Jung é ião compleiamenie
culiural que pratcamenie exclui a possibilidade de indiiiduação para pessoas de cors
especialmenie na África.

Indiiiduação é o iermo que orienia a psicologia analítca; As Obras Coleiadas de Jung


podem ser lidas como elaborações desse iema ceniral. O desenioliimenio da consciências as
complexidades da consciência e da conduia morals enconirar o caminho enire os oposioss as
imagens alquímicas de luia e iransformação e a diferenciação e iniegração da espiriiualidade
ocidenial são iodas dimensões da indiiiduação. Embora Jung reconheça a indiiiduação como
um processo uniiersal ou arquetpicos parece seguro dizer que ele geralmenie a considera uma
iocação partcularmenie ocidenial e "moderna" (ier Jacobis 196 ). Ele esiá infundido com os
ialores e suposições do homem modernos de acordo com Jung. Se os negros africanos são
percebidos como carenies de ego auiônomo e auio-refexãos como sendo "inconscienies"s
"primitios"s "infantss "iodos" em seu "esiado naiural" e ainda não capaz de responsabilidades
"ioniade e inienção dirigida"s enião claramenie a indiiiduaçãos para eless nem mesmo
começou (por exemplos Jung 1931s1946s1961s p. 270).

Esiou à frenie de mim mesmo. Exisiem dois signifcados sobreposios de indiiiduação na


obra de Jung. Em primeiro lugars a indiiiduação é um processo no qual a pessoa se iorna cada
iez mais indiiisa em relação a si mesmas mais compleia do que perfeiia (Jung 19 3s p. 1 9)s e
uma "unidade ou iodo separado e indiiisíiel" (Jungs 1939s 27 ). Em segundo lugars a
indiiiduação é um processo em que a pessoa se separa da identfcação com o coletio - ianio
o inconscienie coletio da infância quanio a consciência coletia de sua culiuras na medida em
que esie é apenas o inconscienie coletio iornado iisíiel.

O que liga esses processos que compõem a indiiiduação é uma ênfase na retrada das
projeções - ou sejas assumir a responsabilidade pessoal pela própria iida psíquica e reconhecer
que os maiores confiios morais e espiriiuais esião deniro da própria alma. A separação é a
chaie para o processos ianio no que diz respeiio aos ouiross de quem retramos as projeçõess
quanio das imagens arquetpicas iniernass das quais luiamos um cerio grau de energia e
consciência. Para ier ceriezas a separação iem como objetio melhorar os relacionamenios de
uma pessoa com os ouiros e deniro de si mesmo. Separação não é para ser esquizóides mas
para permitr um relacionamenio mais compleio e satsfaiório. No enianios a separação
contnua a ser a chaies e o signifcado contnuo dos ouiros nesie processo não é discutdos
exceio negatiamenie como uma airação regressiia.

É difcil falar sobre indiiiduação; aqui esiá um relaio dos escriios de Jung. A indiiiduação
é imaginada como um processo no qual o desenioliimenio da consciência eniolie a retrada
de projeções - um processo que é consisienie com uma iisão racional de um mundo maierial e
cientfco. Em iez da partcipação místcas 2 na qual a iida psíquica esiá submersa em um
mundo animado de projeçõess iiie-se racionalmenie em um mundo cientfco
"despiriiualizado" e redescobre o signifcado deniro de si. A consciência superior da pessoa
separa a pessoa do rebanho. Podemos iniejar aqueles que iiiem "perio da naiureza"s o
inconscienies o sentmenio e o corpos mas a solidão e a perda de iiialidade são eniendidas
como o preço a pagar pela indiiiduação (Jungs 1938). Embora nóss como egos/Euss podemos
nos sentr intmamenie coneciados ao inconscienie e ao selfs separação e relacionamenio
conscienies em iez de identfcação inconscienies são os iemas organizadores. C. Jung lembra
que aos 21 anos se sentu seguro de que esiaia em uma busca nobre. Eu tnha iisio a
enireiisia de Freeman [19 9/1977] na BBC com Jung e esiaia coniencido de que o fuiuro do
mundo esiaia "por um fo" e iudo dependia de meus esforços heróicos. Quando comecei a
sentr carinho especial por uma joiems proniamenie abandonei-a para poder retrar minha
"projeção da anima" e aié sent um caloroso brilho moral a respeiio - e inexplicaielmenie
deprimidos é claro.)

Espero que iodos nós possamos reconhecer esses fos nos escriios de Jungs mas imagino
que iambém sentmos que esia apreseniação é superinieleciualizada e perde a profundidade
de nossa própria experiências especialmenie no que diz respeiio ao signifcado faciliiador de
ouiras pessoas a quem iemos uma díiida.

Voliarei a esie ponios mas primeiro deiemos fazer o que Jung ieniou fazer: ier nossas
próprias suposições de ouiro ponio de iisia culiural.

O VIÈS COLONIALISTA INCONSCIENTE DE JUNG

Podemos começar com o próprio relaio de Jung sobre sua iiagem à África Orienial em
192 -26 (ier Burlesons 200 )s e seu sonho de ier o cabelo cacheado por seu barbeiro afro-
americano de Chatanooga. Nesse sonhos Jung podia sentr o calor do modelador de cachos
quando seu barbeiro "negro" deixaia seu cabelo "crespo" e ele acordou "aierrorizado". Jung
coniou como inierpreiou o sonho como "uma adieriência do inconscienie" de que "o
primitio era um perigo para [ele]" e que sua "personalidade europeia deies em iodas as
circunsiânciass ser preseriada iniacia" (Jungs 1961s p.302) .

Em minhas leiiurass Jung comeieu o erro comum de inierpreiar seu sonho enquanio
ainda esiaia sob suas garras. Depois que ele acordous seu ego onírico assusiado ainda esiaia
sonhando o pesadelo ao ieniar eniender o sonho. Jung podia sentr que o inconscienie era um
perigo para ele como egos mas sua resposia foi simplesmenie fugir de iolia para a Europa com
medo de "enegrecer". Sua percepção da África negra permaneceu uma iransferência concreia.
Nenhuma projeção foi retradas nem da África nem das ireias de seu próprio inconscienie. A
resposia de Jung ao seu próprio sonho foi concreia e liierals leiando a um retro liieral para a
Europa. Jung reagiu ao sonho em iez de analisá-lo. ironicamenies a esse respeiios Jung esiaia
se comporiando ião "primitiamenie" quanio qualquer um que imaginou ier ao seu redor.
Como Michael Vannoy Adams (1996) discutu em deialhes cuidadososs Jung falhou em usar sua
própria ieoria dos sonhos para iniestgar a compensação e o ielos que esse pesadelo contnha.
Se tiesse feiio issos Jung poderia ier reconhecido que sua "cabeça" precisaia ser iransformada
pelo calors que seu barbeiro negros como um analisias esiaia irabalhando em sua cabeça para
efeiuar uma mudança necessárias e que o que cresceria de sua idéias-cabeças - seriam menos
"reias"s mais "periertdas" - mais intmamenie enraizadas no inconscienie que Jung esiaia
projeiando nos negros e na África.

Qual era a "personalidade europeia" que Jung precisaia desesperadamenie preseriar?


Acho que iem a ier com a constiuição europeia da identdade: racionals inieriorizadas
cariesianas colocada sobre e conira um mundo do qual iodas as projeções foram suposiamenie
retradas (Brooees 1991). A experiência de Jung de belas mulheres negrass confanies e
auiossufcieniess e de um mundo que ganhara iida à medida que suas "forças psíquicas
liberadas se derramaiam alegremenie de iolia às exiensões primitias" (Jungs 1961s p. 293)s
foi uma experiência de ser seduzidos como ele indica expliciiamenie. Mas sua resposia foi para
afrmar suas ansiedades.

Infelizmenies acho que os iraços do pesadelo africano de Jung permanecem no ceniro


da ieoria junguiana. O pesadelo permanece na medida em que as imagens de escuridão e luzs
inconsciência e consciências permanecem como oposios binárioss constiuindo-se
muiuamenie. (Deie-se mencionars no enianios que Sianion Marlan usou as imagens
alquímicas e a sensibilidade de Jung para demolir essas oposições; ier Marlans 1999s 200 .) Se
esie pesadelo de co-constiuir esias oposições binárias iem consequências ieóricas e
psicológicass as consequências polítcas são iais que nós - ous pelo menoss eus como um sul-
africano branco - deieríamos chorar.

O que quero fazer agora é nos conduzir a uma sedução imaginatias de modo que nosso
próprio pensamenio possa se iornar um pouco "periertdo" - espero que sem que nos
siniamos muiio disiorcidos.

Como Adams e ouiros argumeniarams a iisão de Jung da indiiiduaçãos da consciências


do inconscienie e da África e dos negros foi iisia airaiés das lenies do racionalismo e do
eiolucionismo. Apesar do si mesmo (Self) s Jung foi um racionalisia em suas repetdas ligações
da consciência com o pensamenio e a objetiidades e em sua suposição de que é o méiodo
cientfco que perscruia airaiés de nossas projeções psíquicas para o mundo "real" (Jungs 1926s
p. 327) . Como iodos os seus coniemporâneos modernoss Jung foi um eiolucionisia em sua
suposição de que naiurezas morfologias culiura humana e consciência esião iodas eioluindos
com algumas culiuras e pessoas à frenie de ouiras. Não imporia o quanio reconheçamos as
ieniatias de Jung de escreier sobre os paradoxos da consciência e da modernidade europeias
e não imporia o quanio pensemos e ieçamos como apologisias em nossas inierpreiações de
Jungs é preciso dizer que percorre ioda a sua obra um conjunio consisienie de equações e
oposições. Eles se parecem com isio:

Branco Europeu x Negro Africano


Claro x escuro
Ciiilizado x primitio
Conscienie x inconscienie
Racional x emocional
Desincorporado x incorporado
Cientfco x superstcioso
neurótco reprimido x psicótco paranóico
adulio x infantl
pessoal x impessoal
indiiidual x coletio
separação x partcipação místca
moral x amoral

Esie conjunio de oposições informa signifcatiamenie a compreensão de Jung da


indiiiduação e sugere que a indiiiduação é a prerrogatia e o fardo do "homem moderno".
Também reiela uma atiude colonialisia e paiernalisia em relação aos de ouiras culiurass
especialmenie os negros africanos. Difcilmenie pode ser defensáiel ou oferecer muiio
conforio aos negros africanos (ou pessoas de cor em qualquer lugar) ao saber que Jung
iniejaia suas iidas "signifcatias"s sua "iniegridade" e sua "iiialidade"s quando iais airibuios
são comparados a inconsciências infâncias naiureza animals psicoses e ausência de
responsabilidade pessoal (por exemplos Jungs 1946s p. 116).

Podemos nos surpreender com a ausência de pessoas de cor no mundo junguiano? Nóss
junguianoss precisamos abordar essas quesiões com a frmeza moral com que iraiamos da
quesião do ant-semitsmo de Jung.

Não é necessário argumeniar que a iisão de Jung sobre os negros africanos não iem
qualquer suporie empírico. Taliez eu possa dar apenas um exemplo de quão longe de qualquer
realidade empírica esse tpo de pensamenio esiá. Em Origens e hisiória da consciências
Neumann diz: "A experiência primitia é ioials mas não esiá associada a um complexo do ego
es conseqüeniemenies não se iorna uma experiência pessoal que pode ser lembrada"
(Neumanns 19 4s p. 330). Minha goiernania na África do Sul era uma mulher xhosa iradicionals
que nascera em uma cabana de barro na monianha Hogsbaces na área conhecida como Ciseei.
Ela nunca tnha frequeniado uma escola ocidenial e contnuaia analfabeias mas seguia seus
cosiumes iradicionais com deioção. Ela iambém tnha uma memória que a maioria de nós
poderia iniejar; na ierdades eu achei surpreendenie. Ela conhecia os deialhes de sua exiensa
hisiória familiar que remoniaia a gerações. Ela podia se lembrar de uma lisia de compras com
dezenas de iiens ou receiias complexas que ela tnha iisio mais de um ano anies. Ela iambém
tnha a capacidade de suporiar e criar uma família em face da opressão do apariheid e de
diferenciar enire o apariheid como um sisiema e os brancos que iambém se enconiraiam
deniro dele. Ela tnha suas próprias perspectias sobre o mundo e sobre os líderes polítcos
que ouiia no rádio. Seu pensamenio étco era bem diferenciado. Na era do apariheids ela
esiaia muiio menos diiidida em seu pensamenio polítco do que a maioria dos sul-africanos
brancos. Tanio para nenhum ego ou memória!

O colonialismo de Jung é reielado em um sonho que ele ieie no norie da África em


1920. Ele sonhou com um príncipe árabe que ieniou afogá-lo. Depois de luiarem e Jung
iencers ele forçou o joiem príncipe a ler um iexio antgo que Jung sabia ser de alguma forma
seu próprio liiro - embora Jung não pudesse ler a escriia antga e esiranha por si mesmo.
"Expliquei-lhe que agora que o haiia iencidos ele deieria ler o liiro. Eu sabia que isso era
absoluiamenie essencial es por fms ele cedeu" (Jungs 1961s p. 271).

Mais uma iezs Jung como ego domina o árabes apesar de inierpreiá-lo como um símbolo
de si mesmo. Jung ainda esiá nas garras do sonho quando esiá discutndo isio cerca de 40
anos depois. Nenhuma função compensaiória foi permitda. Jung não iem inieresse em
aprender com o Ouiros embora reconheça que o Ouiro é uma imagem de si mesmo. Para nóss
ouiir o sonho de Jung com um ouiido polítcos no enianios é iomar consciência de imagens de
poders conquisias auioconfança e uma ierríiel ausência de auioconhecimenio. Como o sonho
reielas Jung não esiaia cienie do que esiaia em seu próprio "liiro". Ele esiaia inconscienie das
narratias que compõem sua própria hisiória e iida psíquicas ao mesmo iempo em que
obrigaia o Ouiro a se submeier a elas. É o Ouiros o árabe africanos que iem a iarefa de iornar
conscienie o inconscienie de Jung.

Tenho iergonha de admitr que essas difculdades no pensamenio de Jung


permanecerams aié cerio ponios como sombras duradouras no meu próprio. Cresci na África
do Sul e tie pais relatiamenie liberais e esclarecidos. Minha cara educação em escola
partcular foi maraiilhosa e ioialmenie colonial. Eu sabia mais latm do que xhosa e fco
chocado em admitr que era adolescenie anies de saber que os negros tnham sobrenomes.
Quandos no fnal da adolescências li pela primeira iez os escriios de Jung e descobri que eles
falaiam de minha iisão de mundo em desenioliimenios experimeniei pouca dissonância
cognitia na organização culiural de suas imagens-guia. Eu iambém li sobre o "homem
arcaico"s os "primitios"s o "desenioliimenio da consciência" e a "África" sem ier mais
conhecimenio culiural do que Jung. Pelo conirários Eu ieria que admitr que a psicologia de
Jung aprofundou minha diiisão e meu sentmenialismo. Achei que esiaia me iornando menos
preconceiiuoso quando poderia esiar piorando.

Refetndo sobre Jung agora com um olhar crítco culiural e morals somos chamados a
assumir a responsabilidade pelas consequências polítcas de nossos pressuposios psicológicos.
A inconsciências aquis não é reprimida ou em ouiro lugar. Como Michael Adams nos mosirous a
inconsciência pode ser o ponio cego no ceniro de nossa imaginação culiural.

NOSSO TERRENO ARQUETÍPICO COMO BASE PARA A PSICOLOGIA MULTICULTURAL

Apesar dessas crítcass Jung nos oferece uma maneira de pensar sobre a indiiiduação e o
desenioliimenio da consciência que foi perdida aié agora. Mais do que qualquer ouiro estlo
de psicanálises Jung iem o poiencial de ser uma psicologia ierdadeiramenie multculiurals
enraizada em nosso ierreno arquetpico compartlhado ainda aberio a infniias iariações
culiurais. Vamos começar com um sonho. Mesmo que iocê não saiba nada sobre a culiura
Xhosas ou as cadeias de associações acessíieis apenas na língua Xhosas a sensibilidade
junguiana nos ajuda a ouiir essa pessoa e seu sonho com compreensão e respeiio.

Uma mulher xhosa de 3 anos ieio para Grahamsiown em busca de irabalho. Ela
gosiaia de seu noio empregos do dinheiro exira que conseguia ganhar e dos modernos
seriiços públicos - eleiricidades saneamenio e água encanada - fornecidos por morar na
cidade. Ela manieie seus laços comuniiários e ieie o cuidado de lembrar-se de seus ancesirais
em ocasiões imporianies ou quando decisões imporianies precisaiam ser iomadas. Mesmo
assims ela começou a se sentr deprimida e "preocupada". Ela sabia do irabalho que eu fazia.
Um dia ela disse que ieie um sonho que queria me coniar. Ela enião me coniou seu sonhos em
inglêss que era sua ierceira língua:

Esiou na fazenda onde fui criada. A ierra esiá na minha família desde anies do
meu bisaiô. Alguém esiá dirigindo um iraior puxando um arado sobre a ierra
onde criamos gado e enierramos nossos ancesirais. Esiou preocupada e
chaieada. Enião eu desço um caminho para um pequeno lago. Eu eniro na
água aié meu peiio. É muiio iranquilo. Enião eu iejo muiios peixinhos
dourados na água ao meu redors e fco muiio feliz em iê-los. Alguns deles iêm
à superfcie e falam comigo. Dizem que não deio me preocupar nem fcar
irisies que esião felizes e que cuidarão de mim. Enião eu saio da água.

Sem ouira palairas já nos emocionamos com seu sonho. É um priiilégio esiar em sua
presença. Disse à sonhadora que o sonho dela foi um presenies dado a ela porque ela é uma
boa mulher. Eu disse que achaia que os peixes eram a forma como seus ancesirais tnham
iindo aié ela e que eles a esiaiam assegurando de que iudo esiaia bems embora ela estiesse
iiiendo uma iida moderna na cidade. Nesse ponios a sonhadora derramaia lágrimas de alíiio.
Ela admitu ques em partculars pensaia que os peixes poderiam ser seus ancesiraiss mas ela
era muiio "tmida" para dizer isso. Acresceniei ques embora o sonho tiesse sido dado a elas
não pensei que fosse apenas para elas e sugeri que ela poderia querer compartlhá-lo com
ouiras pessoas. Foi um sonho "grande".
O que esiou defendendo aqui é que a psicologia junguiana possibiliia que
compartlhemos a iniegração e a iransformação que ocorrem na iida psíquica dessa mulher
Xhosa basianie iradicional. Apesar de nossas diferenças culiuraiss compartlhamos uma
humanidade comum. Nenhuma das oposições mencionadas anieriormenie - preio / brancos
conscienie / inconscienies ciiilizado / primitio - se aplica aqui ao longo de linhas raciais ou
geográfcas.

Ceriamenie podemos nos ier alis com elas à medida que iambém nos esforçamos para
fazer as pazes com nossos próprios ancesiraiss mesmo que os ienhamos colonizado chamando-
os de "represeniações do objeio inierno" .3 Em nossa iradição europeias esse sonho xhosa
iambém foi de Goeihes quando escreieu sobre Fausio arando a ierras forçando os deuses a
fugir sem ieio. Nosso sonhador Xhosa é um pouco como Bauciss oferecendo. hospiialidade aos
deuses dos sem-ieio (Giegerichs 1984)s embora nossa sonhadora seja mais atia: Ela iai ao lago
para enconirá-los. Nossa sonhadora nos lembra que os ancesirais e o sagrado ainda esião
presenies se estiermos disponíieis para eles. A psicologia junguiana nos lembra que uma
mulher xhosa iradicional iem muiio a nos ensinar sobre a profundidade psíquicas o insighi
conscienie e a iniegridade moral: os iemas cenirais da indiiiduação.

Não exisie uma descrição fenomenológica ioialmenie satsfaiória do que Jung eniende
por consciência indiiiduanie. A maioria das discussões parece muiio carregada de ieorias com
referências à iniegração de oposioss uma relação ótma enire ego e selfs e assim por dianie. No
enianios exisiem alguns indicadores eiocatios. Jung escreie que "a indiiiduação não exclui
ninguém do mundos mas reúne o mundo para si mesmo" (Jungs 19 4s p. 226). Ele iambém diz
que uma "consciência ampliada ... é uma função do relacionamenio com o mundo de objeioss
leiando o indiiíduo a uma comunhão absoluias iinculatia e indissolúiel com o mundo em
geral "(Jungs 193 s p. 178). (Parece que Jung pode esiar se esforçando demais?)

O que dizers eniãos dos limiies e da retrada das projeções? Se a psique nos rodeia e não
há saída delas enião é coniradiiório dizer que os limiies separam a psique do mundo
circundanie. Precisamos lembrar ques para Jungs não podemos nos eleiar para fora da psique
para apreender o mundos assim como não podemos alcançar o númeno eantano. Porianios
precisamos pensar nas fronieiras como esiruiuradas deniro da própria realidade psíquica.

Os limiies nos permiiem partcipar da realidade do Ouiros na iida psíquicas ião


intmamenie como uma mãe com seu flho ou como um amanie. Ao mesmo iempos os limiies
marcam uma diferença enire nós que nunca pode ser dissoliida sem iiolência ao Ouiro e uma
dissolução mágica e defensiia do ego. Limiies signifcam que a presença do Ouiro nunca pode
ser possuída; preseriam a presença da própria inierioridade e do misiério infniio do Ouiro.
Quer o Ouiro seja uma pessoas um ancesirals um animals um lugar ou Deuss sabemos que essa
presença iambém marca uma ausência inefáiel e sagradas e que nosso saber é sempre auio-
refexiio e humilde em sua limiiação.

A retrada de projeçõess se quisermos usar a expressãos não é ianio um processo de


irazer de iolia pedaços de mim do "lá fora" para "aqui"s retrando a psique do mundo. A
retrada das projeções és sugere Daiid Holis um processo em que a pessoa para de falar e passa
a ouiir.
És diz Holis "a atiidade que deixa o mundo existrs que permiie que a Presença soe"
(Holis 197 s p. 143). Aprofunda nossa comunhão com o mundo. Quando nossas faniasias
simplifcadoras são suspensas e aprendemos a ouiirs o Ouiro se iorna mais presenie em
signifcados ialors complexidade e misiério. Esse processo é muiio diferenie do argumenio de
Jung (Jungs 1940s p. 8 ) de que a retrada das projeções despiriiualiza o mundo ao priiá-lo de
signifcado. A retrada das projeções faciliia a apreseniação emergenie do Ouiros um desperiar
inierpessoal e étco que esiá ausenies ou na melhor das hipóieses apenas implíciios nos
escriios de Jung.

Já deieria esiar aparenie que o signifcado junguiano do iermo consciência preiende ser
algo muiio diferenie de suas inierpreiações racionalisiass embora esias sejam freqüeniemenie
implíciias pelo próprio Jung em seus escriios "cientfcos". Nas linhas fnais de Memóriass
Sonhoss Refexõess Jung escreie:

Quanio mais incerio me sinio sobre mim mesmos mais cresceu em mim um
sentmenio de afnidade com iodas as coisas. Na ierdades parece-me que aquela
alienação que por ianio iempo me separou do mundo se iransferiu para o meu
próprio mundo inierior e me reielou uma inesperada falia de familiaridade
comigo mesmo. (Jungs 1961s p. 392)

Nessas linhass a consciência de Jung não é mais cariesianas inieriorizadas desencarnadas


racional e separada do mundo. Tampouco o self é mais o objeio de iniestgaçãos o ião
procurado Ouiro inierior que daria a Jung um ierreno frme sob seu ego iulneráiel e às iezes
ansioso (Papadopouloss 1984). Aquis como em seus primeiros relaios de sua iiagem à África e
da apreseniação primordial do mundos Jung reiela que o eu é uma capacidade que permiie
que o mundo esieja presenies cada coisa à sua maneiras de acordo com ela mesma. Nesses
"pensamenios iardios" no fnal de Memóriass sonhoss refexõess Jung é aienciosos perspicazs
diferenciados étco e profundamenie enioliido com o mundo e a hisiórias ao nos legar o
presenie dessas linhas. Se gosiamoss iambém podemos noiar que não há confusão de limiies
ou perda de identdades e as funções do ego de Jung aos 80 anos esião funcionando
perfeiiamenie bem. A consciências para Jungs não é uma espécie de "razão que apenas iê"s
mas é incorporada e partcipanie; a razão é aquela que "enira em confiio". Na descoberia - ou
ialiez redescoberia - de Jung de si mesmo no mundos há uma regressão ao que ele haiia
imaginado ser uma identfcação primitia com o coletio.

Duas expressões enconiraram agora o seu caminho para essas refexões: comparei uma
"razão que só iê" e uma "razão que enira em confiio". O auior dessas linhas é Leopold
Senghors ex-presidenie do Senegal. Senghor foi um esiadisias flósofos poeia e escriior. Ele
escreieu sobre a coniribuição que o pensamenio e a flosofa africanos podem dar a uma
ciiilização global emergenie. Em uma palesira de 1961 na Uniiersidade de Oxfords Senghor
descreieu a consciência madura e diferenciada do africano negros uma consciência que
Senghor chamou de negriiude. É uma consciência que não ignora a realidade cientfca - na
ierdades Senghors como Jungs foi inspirado pelos modelos sisiêmicos e dinâmicos da fsica
coniemporânea e por pensadores como Heideggers Bachelard e Teilhard de Chardin.

A negriiude é uma consciência que eniende a realidades em últma análises como um


misiério espiriiual; seu conhecimenio é engajado e íntmo ao iniés de desapegados
desinieressado ou o que Romanyshyn uma iez chamou de "despótco" (1984). É uma
consciência para a pessoa inieira: sensuals afetia e pensatias iniegrando o que nóss
junguianoss chamaríamos de funções.

O que Senghor esiá descreiendo como negriiude é uma qualidade de consciência pela
qual muiios junguianos podem se sentr airaídoss mesmo que pareças para algunss basianie
idealizada. Uma descrição feiia por Senghor é gramatcalmenie inadequada e difcil de seguirs
sa eu me dei permissão para ciiar iagamenie. Você noiarás iambéms a referência oblíqua de
Senghor a Jung:

[Consciência de negriiude] é ioda a rede de ialores ciiilizados ... que


caracierizam os poios negross ous mais precisamenies o mundo negro africano.
Todos esses ialores são informados por uma razão iniuitia - uma consciência -
que eniolie ioda a pessoa. Essa razão é sencienie; é uma razão que se debaies
que se expressa emocionalmenie; eniolie a rendição do ego e uma comunhão
de sujeiio e objeio; é uma razão que inclui a consciência dos miioss com o que
me refro às imagens arquetpicas da Alma Coletia; acima de iudos os ialores
da Negriiude são informados airaiés dos riimos primordiais de nossos seres
sincronizados com os do cosmos. Em ouiras palairass o sentdo de comunhãos
o dom de fazer miioss o dom do riimos são os elemenios essenciais da
Negriiude. (Senghors 1963/1998s p. 440) .4

UBUNTU: INDIVIDUAÇÃO E O MUNDO SOCIAL

O conceiio de Ubuniu oferece um imporianie coniraponio à iisão de Jung do mundo


socials que só é imaginado como sufocando o desejo de indiiiduação. O iermo Ubuniu pode
nos ajudar a imaginar nosso mundo social faciliiando a indiiiduaçãos em iez de constiuindo
um empecilho regressiio para a inconsciência. Também abre uma dimensão étca para a
indiiiduação e a consciência que sempre parece problemátcas ou pelo menos embaraçosas
para Jungs mas é inirínseca à realização humana.

Ubuniu é um iermo Zulu para sensibilidade comum na África Subsaariana. É difcil


iraduzir para o inglês. É o senso de comunidade de uma pessoas de responsabilidade para com
os ouiross iiios e morioss e para com o mundo em geral. Não é um airibuio que algumas
pessoas possuems ou algo que pode ser deixado de lado. Ubuniu é um iermo que defne o que
é ser uma pessoas onde ser uma pessoa é um dado e uma iarefa de auio-realização.

Ubuniu é dado a nós porque somos humanoss mas sua realização é uma iarefa espiriiual
que requer deierminação pessoals coragem moral e o apoio de ouiros que nos iraiam como
pessoas. Ubuniu é a qualidade que iemos e admiramos naqueles que parecem ier se iornado
ioialmenie humanos: pessoas como Nelson Mandela e o arcebispo Desmond Tuiu iêm
imediaiamenie à menie. Ubuniu é a marca do humanismo africano (ier Senghors
1977/2001).

Lembramos como Descaries esiabeleceu sua base defnidora da exisiência humana. Ele
disse: "Pensos logo exisio". Para o africanos nosso campo de defnição foi reafrmado pelo
ieólogo africano John Mbit como "Nós somoss logo exisio" (ciiado em Burlesons 200 s p. 120).
Esia afrmação não deie ser inierpreiada como uma descrição de identfcação indiferenciada
com o coletio. És aniess um reconhecimenio de ques como diz o diiado zulus "uma pessoa é
uma pessoa por meio de pessoas" (Shutes 1993s p. Vi). Para o africano negros comunidade não
é coletiidade (Senghors 1977/2001; Shutes 1993); em iez dissos o Ubuniu é aquele senso de
comunidade que preseria a pessoa e no qual o pessoal pode prosperar.

O humanismo africanos eiocado pelo iermo Ubunius imaginaria a indiiiduação como um


processo de crescimenio e iransformação pessoal deniro daquela rede de relações que iorna
essa iransformação possíiel e à qual a pessoa permaneces porianios etcamenie deiedora.
Augustne Shute descreie o Ubuniu como o espíriio animador por irás das iiriudes africanass
como paciências hospiialidades lealdades respeiios sociabilidades resisiência e simpata. É
iambém o espíriio de auioconhecimenios o que signifca possuir o que chamamos de sombras
reconhecendo que as falhas e pecados dos ouiros iambém são nossa responsabilidade. Cura e
reconciliação são ialores orieniadores. O desenioliimenio moral e étco não esiá enraizado
em proibições e injunçõess como os Dez Mandamenios.

O espíriio do Ubuniu foi dramatcamenie realizado nos anos seguinies ao fm do


apariheids quando o bispo Desmond Tuiu e Alex Boraine chefaram a Comissão de
Reconciliação e Justça na África do Sul. Vítmas de iiolência podem se aproximar da comissão
com suas hisiórias. Os auiores da iiolência - incluindo ex-policiais de segurança enioliidos em
assassinaio sancionado pelo Esiado e ouiross como os joiens do Congresso Pan-africanisia que
assassinaram a assisienie americana Amy Biehl - compareceram à Comissão. O princípio era
que qualquer pessoa que confessasse um crime e falasse a ierdade esiaria liire de processo.
Ubuniu é o espíriio que leiou os pais de Amy Biehl a iniciar uma insialação de educação e
ireinamenio na Cidade do Cabos e a ireinar e empregar os assassinos de sua flha. É ierdade
que muiias pessoass em ambos os lados do confiio polítcos fcaram decepcionados com a
Comissão. Muiias iítmas de iiolência e assassinaio do Esiado sentram que a justça não tnha
sido feiia de forma adequada. No enianios o TRC foi uma conquisia exiraordinárias nascida da
ideia de que somos chamados a possuir nossas próprias sombras e fazer o que estier ao nosso
alcance para curar a sociedade ferida. Deniro do espíriio do Ubunius curar a comunidade - e
enconirar nossa própria cura nesse processo - és a longo prazos uma iocação mais eleiada do
que buscar iingança em nome da justça.

Se imaginarmos a indiiiduação airaiés da noção de Ubunius enião não haierá solidão


heróicas nenhuma separação crescenie de ouiros considerados como um "rebanho". A
consciência indiiiduada ceriamenie não é a racionalidade desapaixonada da ciência. Na
consciência do Ubunius iodas as iiriudes que admiramos esião presenies: responsabilidade
pessoals auioconhecimenio étcos força e coragems humildades perdãos compreensão humanas
conhecimenio da hisiória e senso do sagrado.

A indiiiduação eniolie uma série de iransformações deniro daquela rede de relações


com a qual já esiamos engajados. Permanecemos incorporados do início ao fm. Da
dependência infantl à espiriiualidade maduras nossa comunidade em expansão é o lar
psicológico no qual nos iornamos pessoas plenamenie. 7 Imagino ques para a maioria de nóss a
própria comunidade junguiana forneceu uma experiência do que ienho falando.

Roger Brooees Ph.D.s é professor de psicologia na Duquesne Uniiersiiy em Pitsburghs


psicólogo licenciado em prátca priiada e psicólogo consulior no LifeCare Hospiial. Quando ele
deixou Souih As frica em 1994 ele foi Direior de Treinamenio na Uniiersidade de Rhodes. Ele é
auior de Jung and Phenomenology (Rouiledges 1991; Triiium Presss 2007) e ediior de Paihways
inio ihe Jungian World (Rouiledges 1999)s bem como numerosos artgos sobre psicologia
analítcas aialiação psicológica e psicoierapia.

NOTAS

1. Esie artgo foi apreseniado na Conferência da Associação Iniernacional de Psicologia


Analítcas Cidade do Cabos África do Suls 14 de agosio de 2007. Uma iersão ligeiramenie
diferenie desie artgo foi lida para a Sociedade InierRegional de Analisias Junguianoss Sania Fés
19 de ouiubro de 2006.

2. O uso do iermo de Leii-Bruhl por Jungs bem como a quesião geral da infuência de
Leii-Bruhl em Jungs foi receniemenie o iópico de consideráiel inieresse na Associação
Iniernacional de Esiudos Junguianos (por exemplos ier Case-meni s 2006; Flowers 2006; Segals
2006).

3. Ocorreu-me que a ieoria das relações objeiais é ioialmenie colonialisia; é uma das
maneiras pelas quais nóss como Jungs forçamos os ancesirais a "ler nosso liiro". A ieoria das
relações objeiais pode ser sobre nossas relações ancesiraiss mas na psicanálise nos
relacionamos com os ancesirais apenas depois de colonizá-los com nosso modelo
despoienciador de menie.

4. A ciiação original é: “[Consciência da Negriiude] é iodo o complexo de ialores


ciiilizados ... que caracierizam os poios Negross ous mais precisamenies o mundo Negro-
Africano. Todos esses ialores são informados pela razão iniuitia. Porque essa razão sencienies
a razão que se agarras se expressa emocionalmenies por meio dessa auio-eniregas dessa união
de sujeiio e objeio; por meio dos miioss com o que me refro às imagens arquetpicas da Alma
Coiletia; sobreiudo por meio dos riimos primordiais s sincronizados com os do cosmos. Em
ouiras palairass o sentdo de comunhãos o dom de fazer miioss o dom de riimos são os
elemenios essenciais da Negriiude "(Senghors 1961s p. 440).

. Nos Esiados Unidoss pode-se pensar em Martn Luiher King Jr.s Jimmy Carier e Bill
Moyer. Posso incluir Bill Clinion. No Ocidenies iendemos a pensar no humanismo como iendo
raízes francesas pós-iluminisiass mas o humanismo iambém é profundamenie africano.

6. O que é a sombra do Ubuniu? Posso pensar em dois: (1) o que seria de iodo o
nepotsmo e (2) os perigos regressiios do pensamenio de grupo e do anonimaios que não
desaparecem. Eles permanecem como sombrass assim como fazem para iodos nós.

7.Há alguns liiros maraiilhosamenie legíieis ques enraizados na fenomenologias


reenconiram o senso de eonseiousness como iiial e comprometdo com um mundo que é diio.
Os últmos escriios de Heidegger (1978) foram hisioricamenie essenciais; ier iambém
Searchfor Gods de Vmeeni Vyeinas (1972); mais reeenily: Daiid Abram's (1996) The Spell of
ihe Sensuous. As ligações oniológicas e episiemológicas enire a flosofa africana e a
fenomenologia foram obseriadas por Senghor e Shute.

OUTRAS LEITURAS

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