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Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre

Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas

MODELOS COMPORTAMENTAIS

 Psicanálise: modelo psicológico que durante anos se tornou, praticamente, exclusivo de interpretação e
intervenção clínica;
 Características Essenciais
 Fatores psicodinâmicos subjacentes aos diversos transtornos psicopatológicos;
 Processo terapêutico era demorado;
 O sujeito tinha um papel passivo na terapêutica.

 Terapia Comportamental
 Intervenções fáceis de conduzir e menos demoradas
 Sintomas vistos como um objetivo a remover
 Objeto: o comportamento ou os processos próximos do comportamento manifesto
 Centrada no aqui e no agora
 Comportamento inadaptados são adquiridos por aprendizagem na mesma forma que quaisquer
outros comportamentos
 Novas aprendizagens podem modificar comportamentos inadaptados
 Objetivos terapêuticos específicos e bem definidos

CONDICIONAMENTO CLÁSSICO | Pavlov e Watson

 O condicionamento clássico focaliza-se na aprendizagem de respostas emocionais e fisiológicas


involuntárias (respostas automáticas a estímulos). Pelo processo de condicionamento clássico, seres
humanos e animais podem ser treinados para reagir de maneira involuntária a um estímulo que produz a
resposta automaticamente.
 Tipo de aprendizagem em que um estímulo anteriormente neutro (que originalmente não
desencadeava uma resposta particular) adquire o poder de estimular a resposta, após ter sido
repetidamente associado a outro que normalmente o desencadeia.

Pavlov | “Os cães de Pavlov”

1. Pavlov começou por soar um diapasão e registar a resposta do cão ao som. Conforme esperado, não
houve salivação. O som do diapasão era um estímulo neutro porque não provocava resposta (salivação).

2. Então, Pavlov alimentava o cão. A resposta era salivação. O alimento era um estímulo incondicionado pois
não existiu nenhuma aprendizagem prévia ou “condicionamento” necessário para estabelecer uma
ligação natural entre alimento e salivação. A salivação era uma resposta incondicionada, novamente
porque ocorre de modo automático – sem necessidade de condicionamento.

3. Pavlov demonstrou que um cão podia ser condicionado a salivar após ouvir o diapasão. Ele fez isso pela
combinação contígua do som com o alimento. No início da experiência, ele soava o diapasão e então
rapidamente alimentava o cão. Após Pavlov ter repetido diversas vezes, o cão começou a salivar após
ouvir o som, mas antes de receber o alimento. Agora o som havia se tornado um estímulo condicionado
que podia provocar salivação por si só. A resposta de salivar após o tom era agora uma resposta
condicionada.

Antes do condicionamento:
 Estímulo Incondicionado (comida) > Resposta incondicionada (salivação)
 Estímulo Neutro (campainha) > Nenhuma resposta
Durante o condicionamento:

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 Estímulo Incondicionado (comida) + Estímulo Neutro (campainha) > Resposta Incondicionada


(salivação)
Depois do condicionamento:
 Estímulo Condicionado (campainha) > Resposta Condicionada (salivação)

 O modelo comportamental surge de modo experimental e acaba por se estender à prática clínica com o
Caso do pequeno Albert, de Watson.

Watson | “O Pequeno Albert”

1. Albert, uma criança de 9 meses, estável física e emocionalmente, não apresentava respostas de
evitamento a ratos brancos, máscaras ou coelhos (estímulo neutro). Apresentava sim uma reação
emocional de medo (resposta incondicionada) à percussão de um martelo numa barra de ferro (estímulo
incondicionado);
2. Watson começou a apresentar um rato junto com o barulho e Albert começou a desenvolver uma
resposta emocional (resposta condicionada) de choro e fuga face à apresentação do rato (estímulo
condicionado);
3. Posteriormente, Albert começou a exibir respostas de medo relativamente a outros estímulos com
semelhanças ao estímulo condicionado, p.e., coelhos, cães, cabelo (generalização do estímulo);
4. De modo a alterar este comportamento fóbico, procedeu-se à confrontação com o estímulo original (rato)
na ausência do estímulo aversivo, a barra de ferro (extinção).

 Conclui-se então que: se os mecanismos de aprendizagem são equivalentes aos verificados nos animais,
talvez fosse possível, por recurso aos mesmos mecanismos e métodos de aprendizagem, tratar
perturbações psicológicas (fobias, depressões, obsessões-compulsivas…)
 Existem então quatro estratégias para alterar o comportamento fóbico
 Confrontação com o estímulo original (rato) na ausência do estímulo aversivo (barra de
ferro)
 Recondicionamento através da apresentação dos estímulos fóbicos com a estimulação
simultânea de algumas zonas erógenas.
 Recondicionamento através do emparelhamento com guloseimas ou outros tipos de
comida
 Desenvolver atividades construtivas com estes objetos através da imitação.
 Conclusões
 Grande parte das aprendizagem verifica-se por um processo de condicionamento, onde por
emparelhamento repetido entre um estímulo neutro e um estímulo incondicionado, o primeiro
adquire algumas das propriedades do segundo, passando a desencadear por si só respostas
aprendidas condicionadas.
 O comportamento disfuncional ou neurótico, à semelhança de qualquer outro comportamento,
obedece às mesmas leis de aprendizagem e condicionamento.
 É possível, mediante o recurso aos processos e leis de aprendizagem, descondicionar
condicionamentos previamente adquiridos e assim tratar, por recurso às teorias da
aprendizagem, várias perturbações do comportamento.

Pressupostos do Condicionamento Clássico

 Prossuposto do Condicionamento Clássico


 Grande parte dos comportamentos humanos e animais são aprendidos com uma cadeia
complexa de emparelhamento entre estímulos neutros e incondicionados, dando origem a vários

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condicionamentos, alguns dos quais de segunda ordem 1 (isto é, condicionamentos que tomam
como ponto de partida condicionamentos estabelecidos anteriormente).
 Prossuposto do Contracondicionamento e Extinção
 Se as respostas são aprendidas por mecanismos de condicionamento clássico, os mesmos
mecanismos poderão orientar o processo de transformação e mudança.
 O princípio estabelece que através do emparelhamento entre um estímulo previamente indutor
de uma resposta emocional desagradável e um outro estímulo incondicionado, elicitador de uma
resposta antagónica, a associação entre o estímulo condicionado e a resposta emocional
disfuncional diminui progressivamente, acabando por se extinguir.
 De mesmo modo, a extinção estabelece que expondo o sujeito ao estímulo condicionado na
ausência repetida do estímulo incondicionado, a resposta condicionada extinguir-se-á
progressivamente. Assim, torna-se possível inverter grande parte das aprendizagens
disfuncionais mediante o simples recurso a dois mecanismos: contracondicionamento e a
extinção.
 Prossuposto do Condicionamento Emocional
 Existe emparelhamento entre um estímulo previamente indutor de uma resposta emocional
desagradável e um outro estímulo incondicionado elicitador de uma resposta antagónica. A
exposição ao estímulo condicionado na ausência repetida do estímulo incondicionado leva a uma
extinção progressiva da resposta condicionada.

Conceitos Fundamentais

 Estímulo Neutro: estímulo que originalmente não desencadeia uma resposta particular;
 Estímulo Incondicionado: provoca uma resposta natural e espontânea (inata), sem condições de
aprendizagem prévia;
 Estímulo Condicionado: sendo previamente neutro, passa a provocar uma resposta semelhante à do
estímulo incondicionado, após um emparelhamento sucessivo com este;
 Resposta Incondicionada: é uma resposta natural e espontânea do organismo ao estímulo
incondicionado;
 Resposta Condicionada: é uma resposta estruturalmente semelhante à incondicionada, mas produzida na
sequência da apresentação de um estímulo condicionado;
 Generalização do Estímulo: consiste na produção de uma resposta condicionada, para estímulos que
apresentam algum grau de semelhança com o estímulo condicionado. Quanto maior for o grau de
semelhança percebido entre o novo estímulo e o estímulo condicionado, maior será a probabilidade da
generalização do estímulo.
 Generalização da Resposta: difere da generalização do estímulo pois consiste na realização de diferentes
respostas para o mesmo estímulo. O sujeito passa a evidenciar, para um mesmo estímulo, várias
respostas ligadas entre si por algum tipo de associação estrutural ou funcional.
 Discriminação: ocorre quando somente o estímulo condicionado específico é capaz de desencadear a
resposta condicionada (impede-se a generalização do estímulo);
 Extinção: apresentação repetida do estímulo condicionado na ausência do estímulo incondicionado, de
modo a enfraquecer a ligação entre ambos, levando o esbatimento e desaparecimento da resposta
condicionada;
 Contracondicionamento: emparelhar um estímulo previamente indutor de uma resposta disfuncional e
um outro estímulo incondicionado, elicitador de uma resposta antagónica (substituir uma resposta
desadequada por uma mais adaptativa) – base da dessensibilização sistémica2.

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Generalização do estímulo;
2
Procedimento clínico;

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Implicações Terapêuticas

 De acordo com o condicionamento clássico, existem duas condições mantêm os comportamentos


emocionais disfuncionais:
 O desenvolvimento de respostas emocionais condicionadas
 E o aparecimento de respostas de evitamento.

 Assim, o tratamento deve visar a extinção, através da exposição do indivíduo aos estímulos
condicionados, na ausência das condições aversivas provocadas pelo estímulo incondicionado.
Resultam daqui duas implicações terapêuticas:
 A inibição recíproca e contracondicionamento: que se refere ao enfraquecimento de
um resposta condicionada provocado pela estimulação de uma resposta antagónica.
 Origina estratégias terapêuticas de exposição gradual e mediatizada,
designadas por técnicas de dessensibilização sistemática, que implicam o
confronto gradual com uma hierarquia de estímulos condicionados através da
mediatização do relaxamento.
 É constituída por três componentes:
o Treino de relaxamento progressivo
 Processo sequencial de treino de relaxamento que funciona
como resposta antagónica inibidora de ansiedade.
 O treino pode ser realizado:
 16 grupos musculares
 7 grupos musculares
 4 grupos musculares
 Relaxamento por recordação
 O treino termina aquando da audição da palavra “relaxe”
 Nem todos os sujeitos podem ou conseguem utilizar esta
técnica.
o Construção de hierarquias ansiogénica (USD)
 Construção de hierarquias de estímulos ansiogénico
 Escalas de unidades subjetivas de desconforto (USD) de 0 a
100
 Dificuldades:
 Classificar os “medos”
 Diversas situações ansiogénica – dificuldade em
identificar qual a mais ansiogénica
 Inclusão de sensações internas e externas
o Apresentação emparelhada de relaxamento e das hierarquias
 Exposição do doente a cada uma das hierarquias (USD) de
forma emparelhada com a resposta de relaxamento.
 Só se dá a progressão para a USD seguinte quando o sujeito
relate e ou não apresente sinais ansiogénicos na USD na qual
se encontra.
 Dificuldade:
 Não identificação (sujeito e ou terapeuta) dos sinais
ansiogénicos
 Capacidade imagética do sujeito
o Dessensibilização sistemática ao vivo:

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 Processo semelhante, alteração ocorre no facto de o


terapeuta acompanhar o sujeito na sua exposição ao estímulo
fóbico
o Dessensibilização sistemática em grupo:
 O grupo tem que apresentar um problema comum
 Pode ser realizada em contexto fechado – consultório – neste
caso tentar encontrar USD comum
 Pode ocorrer ao vivo – idêntica ao que acontece com um
único indivíduo
 A extinção ou habituação: onde se procura uma exposição repetida aos estímulos
condicionados, na ausência do estímulo incondicionado, prevenindo simultaneamente a
organização pelo sujeito de qualquer resposta de evitamento.
 Origina estratégias terapêuticas de exposição direta, designadas de técnicas de
imersão ou implosão, onde existe uma exposição direta e prolongada, em
realidade ou em fantasia, a estímulos objetivamente inofensivos, mas temidos.
Com o propósito de reduzir emoções negativas bem como situações de
evitamento.
o Principais constituintes das técnicas de exposição direta:
 Exposição repetida
 Estímulo cada vez mais intenso
 Prevenindo simultaneamente qualquer tipo de resposta de
fuga ou evitamento
o Técnica de imersão
 Exposição dos doentes a estímulos fóbicos intensos na
ausência de qualquer resposta inibitória ou antagónica
 As cenas são essencialmente somáticas
o Técnica de implosão
 Exposição a medos hipotéticos, exposição a situações que o
sujeito relata como desencadeadoras de ansiedade
 As cenas são construídas a partir de cenas internas,
hipotéticas e dinâmicas
o Construção das cenas
 Cenas sintomáticas concretas
 Estímulos relativamente aos quais o sujeito
evidencia respostas sintomáticas específicas
 Cenas internas
 Elementos do discurso interno do sujeito em
resposta aos estímulo ansiogénicos
 Cenas hipotéticas
 Não são linearmente apresentadas pelo sujeito,
podem ser apresentadas hipoteticamente
relacionadas com o problemas
 Cenas dinâmicas
 Cenas que se encontram na perspetiva
psicodinâmica, hipoteticamente relacionadas com o
comportamento sintomático
o Fundamento de aplicação
 Exposição dá-se de forma direta à situação e ou cena;

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 As cenas são descritas de forma a causar o maior nível de


ansiedade possível;
 A exposição não deve ser interrompida a meio, mantém-se
até que se ultrapasse consideravelmente os níveis de
ansiedade;
 Só quando a ansiedade reduz substancialmente é que é
permitida a interrupção da exposição à cena;
 Quando existem vários tipos de cenas, as cenas sintomáticas
e internas devem ser apresentadas em primeiro lugar,
progredindo depois para as cenas hipotéticas e dinâmicas se
for caso disso.

CONDICIONAMENTO OPERANTE | Thorndike e Skinner

Thorndike | Lei do Efeito e Lei da Prática3

1. Thorndike colocou gatos em complexas gaiolas com comida no exterior e das quais os animais podiam
escapar através da ativação de mecanismos variados. Ao fim de algum tempo, e após várias tentativas
aleatórias, o animal estava capaz de escapar.
2. O gato era então colocado e novo na gaiola tendo em vista verificar se alguma coisa tinha sido aprendida
neste processo de ensaio e erro. Verificava-se que a saída era agora mais rápida e este ia aumentando
sucessivamente de rapidez à medida que se verificavam os ensaios repetidos de prática.

 Thorndike referiu-se a este processo de aprendizagem de respostas instrumentais como um processo de


ligação entre estímulos dados e uma nova resposta e que estas ligações eram fortalecidas ou
enfraquecidas em funções das consequências ou efeitos do comportamento.
 Lei da prática: o fortalecimento das conexões entre um estímulo e uma nova resposta depende
do número de vezes que o estímulo é emparelhado com a nova resposta.
 O comportamento que é recompensado torna-se mais provável. Por outro lado, se o
comportamento for seguido de algo desagradável, terá tendência para não ser repetido.
 Lei do efeito: é através das consequências do comportamento que se reforçam as ligações entre
estímulos e respostas. Com a repetição, as respostas também se fortalecem.

Skinner4 | “Caixa de Skinner”

 Skinner verificou que o meio não estimula unicamente o comportamento, o meio seleciona o
comportamento através das suas consequências.
 O comportamento é fundamentalmente regulado pelas suas consequências e são estas que, mais
do que os antecedentes, ocupam um lugar privilegiado na aprendizagem animal e humana.
 O estímulo não desencadeia por si só a resposta. É através da associação de um
estímulo a uma consequência que o primeiro adquire as propriedades discriminativas 5
de indução da resposta.
 O estímulo funciona como um sinal da probabilidade da ocorrência de determinadas
consequências, aumentando ou diminuindo deste modo a probabilidade de ocorrência
de uma resposta.

3
Foco nas respostas instrumentais do organismo, e não nas repostas reflexas; ênfase o processo regulador dos efeitos e
consequências dos comportamentos.
4
Foco na resposta operante ou instrumental do sujeito; nas consequências dessa resposta; e nos estímulos discriminativos que
indicam ao sujeito a probabilidade da ocorrência da consequência.
5
Estímulo discriminativo.

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1. A “caixa de Skinner” consistia numa gaiola insonorizada, equipada com uma alavanca ligada a um
mecanismo fornecedor de alimentação e a um instrumento de registo acumulativo das respostas do
animal.

2. O rato iniciava vários movimentos exploratórios até que casualmente tocava na alavanca que accionava a
distribuição do alimento. Este comportamento de acionar a alavanca era prontamente seguido de uma
consequência agradável: o fornecimento de comida (reforço positivo).
 Rapidamente o animal aprendia a acionar a alavanca como forma de obter alimentação. Isto é, o
reforço positivo da alimentação aumentou rapidamente a frequência da resposta instrumental
de acionar a alavanca.
3. Para complicar a situação original, fez-se com que o dispensador de comida e a respetiva alavanca só
funcionassem quando fosse previamente apresentado um sinal luminoso, verificou-se que ao fim de
alguns ensaios o animal passava a acionar a alavanca unicamente após a apresentação dessa luz.
 A luz transformava-se assim num estímulo discriminativo, sinalizando a probabilidade da
ocorrência de uma determinada consequência.

 Leis de Skinner (1938):


1. Quando um comportamento é seguido de uma consequência reforçadora, a força deste
comportamento aumenta;
2. Quando um comportamento, anteriormente fortalecido por condicionamento, deixa de ser
seguido de uma consequência reforçadora, a força do comportamento diminui.

Pressupostos do Condicionamento Operante

 Pressuposto do Condicionamento Operante


1. Estabelece que os comportamentos humanos e animais são fundamentalmente regulados pelas
suas consequências. São as consequências do meio que selecionam os comportamentos a serem
desenvolvidos.
2. Sempre que as consequências de um determinado comportamento forem reforçadas pelo meio,
aumenta a probabilidade desse comportamento.
3. Pelo contrário, sempre que um comportamento é seguido de consequências punitivas, diminui a
probabilidade de emissão futura desse comportamento.

 Pressuposto da Extinção
1. Sempre que um determinado comportamento operante deixa de ser seguido de um
acontecimento reforçador, diminui progressivamente a probabilidade de emissão desse
comportamento operante.
2. Assim, a retirada das consequências que fortalecem um comportamento poderá inverter o
sentido da aprendizagem, conduzindo ao desaparecimento de uma resposta instrumental
aprendida.

 Pressuposto da Transformação de Comportamentos operantes


 Todos os comportamentos humanos, normais ou patológicos, simples ou complexos, verbais ou
não verbais, podem ser operacionalizados em unidades discretas. É também possível identificar
as consequências que mantêm esses comportamentos, bem como a presença de estímulos
discriminativos. É ainda possível desenvolver planos terapêuticos ou educativos, para aumentar
ou diminuir a probabilidade desses comportamentos, através da manipulação dos estímulos
discriminativos e das respetivas consequências.

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Consequentes do comportamento | conceitos fundamentais

 Reforço: consequência de um comportamento que tem como efeito aumentar a frequência, duração ou
intensidade desse comportamento.
1. Reforço positivo: define-se pelos acontecimentos que são apresentados após a resposta e que
aumentam a sua frequência, duração ou intensidade.
 Administração de um acontecimento positivo para o sujeito, de modo a aumentar o
comportamento.
2. Reforço negativo: consiste no acontecimento que põe fim a uma situação aversiva aumentando,
em consequência, o comportamento precedente.
 Retirada de acontecimento negativo para o sujeito, de modo a aumentar o
comportamento.
 Escalas de Reforço (5): programas através dos quais o reforço é administrado.
1. Escalas de reforço contínuo6: todas as respostas operantes são seguidas do reforço.
2. Escalas de reforço intermitente7: somente algumas das respostas são seguidas de reforço.
 Por proporção de resposta/razão:
 Fixo: o reforço aparece após um número fixo e determinado de respostas.
 Variável: o reforço é administrado aleatoriamente à volta de uma média de
respostas, de modo que o sujeito nunca saiba quando vai ser reforçado.
 Por intervalo de tempo
 Fixo: o reforço é consequente à resposta emitida, após um intervalo de tempo.
 Variável: a duração do intervalo varia também aleatoriamente, à volta de uma
média temporal determinada.

 Punição: consiste na apresentação de um acontecimento aversivo ou na retirada de um estímulo positivo


como consequência pela emissão de uma determinada resposta operante, conduzindo em ambos os
casos à diminuição da frequência, duração ou intensidade do comportamento.
1. Punição positiva (tipo 1): um acontecimento aversivo é apresentado como consequência de uma
resposta.
2. Punição negativa (tipo 2): retirada de um acontecimento positivo como consequência da
resposta.

Implicações terapêuticas

 A maioria dos problemas do comportamento humano resumem-se em dois grandes planos:


1. O reportório comportamental do sujeito não inclui determinado comportamento, ou esse
comportamento tem uma frequência (duração ou intensidade) insuficiente;
2. O reportório comportamental do sujeito inclui comportamentos em excesso, pelo que é
necessária uma eliminação.
 Assim, as principais estratégias operantes são técnicas que visam a diminuição ou o aumento de um
comportamento através da manipulação das consequências (consequentes) e dos estímulos
discriminativos (antecedentes).

Estratégias para diminuir o comportamento

1. Extinção

6
Programas de reforço contínuo são fundamentais na aquisição de um novo comportamento, mas pouco resistentes aos
processos de extinção.
7
Programas de reforço intermitente, principalmente os de proporções e intervalo variáveis, dificultam consideravelmente os
processos de extinção.

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 Definição: retirada de todos os reforços que se encontram a manter um determinado


comportamento-problema
 Condições: identificação adequada das fontes de reforço. Retirada do reforço de forma
consistente e sistemática para que o comportamento não passe a ser intermitentemente
reforçado
 Limitações: não deve ser utilizada quando o aumento inicial do comportamento-problema
levanta sérios riscos para a pessoa ou para os outros

2. Saciação
 Definição: fornecimento de uma superabundância dos reforços que estão a manter o
comportamento, de modo que estes percam o seu valor de reforço e assim se consiga a
diminuição ou eliminação do comportamento
 Condições: identificação das fontes adequadas de reforço e os reforços que mantêm o
comportamento sejam potencialmente saciáveis
 Processo:
1. Identificação dos reforços que mantêm o comportamento-problema;
2. Fornecimento de grandes quantidades desses reforços de forma consistente e sistemática
3. Manutenção do processo e saciação até o comportamento indesejado ser extinto.

3. Custo de resposta
 Definição: retirada de reforços previamente adquiridos como consequência pela realização de
um comportamento indesejável
 Condições: necessidade da existência de um leque suficiente de reforços positivos que possam
ser facilmente manipuláveis
 Processo: os custos deverão ser realistas e aplicados imediatamente após a realização do
comportamento-problema
 Limitações: impraticável quando a quantidade de reforços valorizados pelo sujeito é
extremamente reduzido

4. Prática positiva (forma de super-correção)


 Definição: correção para uma situação melhor que a original, dos efeitos negativos que o
comportamento indesejável teve no meio
 Condições: identificação operacional das consequências ambientais do comportamento. É
desejável que a resposta de correção consista numa atividade útil para o doente.
 Limitações: impraticável quando o comportamento não tem um impacto visivelmente negativo
sobre o meio.

5. Time-out (exclusão temporária)


 Definição: retirar ao sujeito, como consequência pela realização de um comportamento
indesejável, a oportunidade de este ser reforçado positivamente, durante um certo período de
tempo.
 Condições:
1. O lugar ou atividade de qual o sujeito é retirado seja reforçador para ele
2. A área de time-out não pode ter fontes potenciais de reforço
 Processo: após a realização do comportamento na área reforçadora, o sujeito deverá ser
colocado imediatamente na área livre de reforços, por um período de duração média.
 Limitações: só é possível usar esta técnica em situações nas quais for adequado ou exequível o
isolamento do sujeito de todas as potenciais fontes de reforço.

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Estratégias para aumentar comportamentos

 Reforço positivo
 Definição: apresentação de uma consequência positiva contingente à realização do
comportamento desejável
 Condições: o terapeuta tem de ter disponível um número e variedade suficiente de reforços
positivos
 Processo:
 Aplicação imediata e contínua do reforço;
 Administração intermitente variável
 Limitações: dependência dos sujeitos em relação às fontes de reforço.

 Reforço negativo
 Definição: acontecimento que põe fim a uma situação aversiva aumentando, em consequência,
o comportamento precedente
 Condições: existência de uma grande motivação do sujeito para a mudança
 Processo: o sujeito deverá ser colocado numa situação aversiva que deverá ser imediatamente
terminada, contingencialmente à realização do comportamento apropriado
 Limitações: esta técnica deve somente ser utilizada na aquisição de repostas adaptativas

 Moldagem/técnica de aproximações sucessivas


 Definição: reforço dos comportamentos que constituem aproximações progressivas ao
comportamento-alvo terminal
 Condições: terapeuta deve ser capaz de identificar e operacionalizar várias aproximações ao
comportamento-alvo
 Processo:
 Quais os padrões comportamentais a criar;
 Seleção;
 Decomposição do comportamento-alvo em várias aproximações e modelamento de
uma etapa de cada vez
 Limitações: só em situações em que seja possível definir aproximações sucessivas a um
comportamento terminal

 Esbatimento
 Definição: passagem progressiva do controlo de um comportamento das consequências para os
estímulos antecedentes discriminativos
 Condições: identificação ou construção de sinais suscetíveis de anunciar as probabilidades de
uma determinada consequência
 Processo: tornar evidente a presença de estímulos discriminativos e emparelhá-los com o
reforço contínuo dos comportamentos apropriados, esbatendo progressivamente o reforço.
 Limitações: dependência dos estímulos discriminativos antecedentes

 Token economy (economia de fichas)


 Objetivo: desenvolvimento e produção de comportamentos e competências adaptativas e
extinção de comportamentos indesejáveis
 Exemplo: hospital psiquiátrico – desenvolvimento de comportamentos de higiene e
cuidado pessoal, a promoção de competências sociais e de vida, a extinção de condutas
sintomáticas e a aquisição de comportamento de autocontrolo

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 Contexto de intervenção: ocorre em todas os contextos do âmbito de atuação da psicologia.


 Condições: estabelecer:
 Os sujeitos alvo (pois pode ser realizado em grupo)
 Os comportamentos desejáveis, observáveis e passíveis de registo (a produzir, a
aumentar e ou a eliminar)
 A entrega contingente de fichas (pontos) perante os comportamentos, a não entrega
quando não se observam os comportamentos acordados e a retirada de fichas face a
comportamento antagónicos aos que se visa promover
 Os reforços eficazes
 E de que modo podem ser equilibrados os ganhos em fichas e os custos dos reforços.
 Vantagens:
 O programa não é limitado pela saciação e permite definir o papel ativo do sujeito
 Corresponsabilização de todos os intervenientes e ou do sujeito no seu processo
terapêutico
 Auxilia no pensamento de adiar a gratificação e ou na capacidade de tomar decisões a
longo prazo
 Limitações:
 Dificuldade na generalização dos comportamentos
 Dificuldade de identificação dos reforços
 Dificuldade no controlo das fichas

 Contrato de contingência: contrato celebrado por todas as partes envolvidas (terapeuta, sujeito
de intervenção e sempre que se justifique pais e ou tutores).
 Neste contrato deve ficar claro que os reforços não são dados, mas sim conquistados e
que existe uma situação de reciprocidade.

Condicionamento clássico Condicionamento operante

Procura modificar ou controlar as respostas por Visa modificar ou controlar as respostas por
intermédio dos seus antecedentes – estímulos que intermédio das suas consequências – resultados que
precedem seguem no tempo

É possível identificar um estímulo específico Ignora-se qual é o estímulo que provoca a resposta

Existe substituição – um estímulo inicialmente


Existe uma mudança é na frequência, intensidade ou
neutro adquire a capacidade de substituir um
duração da resposta emitida
estímulo incondicionado

Passividade – espera-se pela apresentação do


Atividade – o comportamento não é reforçado se
estímulo condicional e que a este se siga o
não se fizer nada
estímulo incondicional

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APRENDIZAGEM SOCIAL | Bandura

 O paradigma da aprendizagem social surge, em parte, em resposta às limitações do paradigma do


condicionamento operante, nomeadamente:
 Situações nas quais o sujeito não desempenha o comportamento no mesmo contexto em que
este foi, inicialmente, observado;
 Situações em que nem o modelo, nem o sujeito foram reforçados;
 Situações nas quais o comportamento observado ocorreu no passado (dias, semanas e meses).

 Experiência de Bandura
 Bandura demonstrou que a aprendizagem de comportamentos se verifica pela simples
observação de um modelo, independentemente das consequências da sua execução. O reforço
ou a punição, quer sejam simbólicos ou reais, contribui para a inibição ou desinibição do
comportamento aprendido. Isto é, a modelagem constitui um elemento fundamental para
aquisição de um comportamento. E a prática acompanhada de reforço é o pilar para a
reprodução motora.

 Modelação e mimetização
 Bandura distingue modelação de imitação: enquanto a imitação consiste na reprodução
topográfica de um comportamento, o modelação refere-se à aprendizagem de uma regra.

 A partir de um estudo de Goodwin e Mahoney (1975) sobre os efeitos da modelagem cognitiva em


comportamentos agressivos em três crianças impulsivas, concluiu-se que:
 A combinação de modelagem cognitiva com modelagem comportamental produz uma
aprendizagem mais eficaz
 A verbalização das cognições juntamente com as ilustrações comportamentais produzem um
aumento de eficácia no processo de aprendizagem

Teorias de autoeficácia

 São os julgamentos que as pessoas fazem acerca da sua eficácia pessoal que constituem os melhores
preditores do seu envolvimento e persistência em diferentes tarefas
 As aprendizagens quer se verifiquem por experiência, quer por observação produzem os seus efeitos
através da alteração cognitiva das perceções dos sujeitos acerca da sua eficácia pessoal

Modelagem

 Modelagem: processo fundamental na aquisição dos reportórios comportamentais dos sujeitos


 Prática e reforço: elementos essenciais para a tradução motora da aprendizagem modelada
 Processos de modelagem: aquisição de respostas motoras, de regras abstratas, de processos cognitivos e
discurso interno
 Através da observação dos outros e da auto-observação da sua própria prática e das suas reações
leva ao desenvolvimento de perceções de autoeficácia que vão guiar e predizer as suas ações
futuras.

 Bandura indica que a observação de um modelo:


 Permite:
 Eliminar defeitos de comportamento
 Reduzir temores e inibições excessivas
 Transmitir sinais de autorregulação
 Facilitar padrões sociais de comportamento

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 Pode levar a:
 Aquisição de padrões complexos de resposta
 Condicionar respostas emocionais
 Extinguir comportamentos de medo
 Induzir inibição
 Facilitar ou desinibir algumas respostas

Elementos básicos da Aprendizagem Social

 Não basta a simples exposição de um sujeito a um modelo para que o comportamento ou regra sejam
aprendidos. Entre acontecimentos modelados e reprodução motoras desses comportamentos há toda
uma série de subprocessos cognitivos.

 Bandura defende que a aprendizagem vicariante assenta em 4 processos básicos:


 Atenção
 Os processos de atenção que regulam a direção das perceções do observador em
relação aos objetos e ações observadores. A simples exposição não é suficiente para
assegurar a aquisição de uma resposta motora ou cognitiva.
 Há dois grupos de características que influenciam os processos de atenção.
 Características do modelo:
 Saliência: modelos com características mais salientes;
 Valência afetiva: atração por um modelo;
 Complexidade: altos níveis de complexidade dificultam a atenção
prestada;
 Prevalência;
 Valor funcional: o valor funcional que uma resposta tem para um
observador é também determinante na mobilização dos seus
processos de atenção.
 Características do observador:
 Capacidade percetual: ninguém pode ser chamado à atenção para
estímulos que seja incapaz de processar sensorialmente;
 Disponibilidade percetual: as disponibilidades percetuais dos sujeitos,
derivadas das suas aprendizagens passadas, determinam, em larga
medida, aquilo que é extraído do processo de observação;
 Capacidade cognitiva: as capacidades cognitivas do sujeito limitam a
informação a processar;
 Nível de ativação: é necessário um certo nível de ativação para que
sujeito canalize a sua atenção na direção do modelo;
 Preferências adquiridas: a história de reforços passados determina os
padrões de atenção do indivíduo para diferentes estímulos;

 Retenção
 Mesmo que prestemos atenção a um determinado acontecimento, se não o retivermos,
há uma reduzida probabilidade de influência desse acontecimento no nosso reportório
comportamental.
 Fatores de retenção
 Codificação e organização simbólica: é necessário que o indivíduo seja
capaz de transformar as observações numa série de símbolos verbais e
imagéticos. Estas simbolizações constituem guias para as execuções
dos sujeitos. É ainda necessário que o indivíduo organize essa

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simbolização em relação com outras representações cognitivas, para


que a informação codificada adquira um maior sentido e
funcionalidade.
 Prática cognitiva/coberta: o exercício simbólico de um
comportamento aumenta a probabilidade da sua retenção. Muitos
dos comportamentos que aprendemos não podem ser imediatamente
exercitados comportamentalmente; daí que se torne necessário
recorrer à sua repetição imagética ou proposicional, de modo a
facilitar a sua retenção.
 Prática comportamental: o exercício comportamental de uma
resposta aprendida é uma condição fundamental para a sua retenção.
Uma maior eficácia da aprendizagem por observação verifica-se
quando o comportamento modelado é exercitado de um modo
simultaneamente simbólico e comportamental.
 Competência e estruturas cognitivas do observador: a retenção de
um comportamento depende das competências cognitivas dos
sujeitos bem como dos esquemas concetuais prevalentes.
 P.e, um indivíduo com prevalência de esquemas depressivos
tenderá a selecionar apenas informações congruentes com os
estados depressivos.

 Produção
 Quando um comportamento de um modelo é aceito como próprio para o observador, e
tende a ser consequências positivas, é suscetível de ser reproduzido.
 Fatores de produção:
 Representação cognitiva: a fase inicial do processo de reprodução de
um comportamento envolve, acima de tudo, uma reprodução global
dos mecanismos de ação desse comportamento. Antes de tudo o
mais, o sujeito necessita de possuir um modelo internalizado do
comportamento e dos seus respetivos componentes.
 Execução do comportamento: as ideias dificilmente se traduzem em
execuções corretas sem que estejam decorridos alguns ensaios
comportamentais. Todas as aprendizagens adequadas necessitam de
um processo de monitorização que só a prática pode assegurar.
 Informação de feedback: o aperfeiçoamento da reprodução motora
de um comportamento exige uma constante informação retroativa
relativamente aos processos de execução.
 Emparelhamento: o sujeito emparelha a sua representação do
comportamento com os dados provenientes da auto-observação das
suas execuções. O refinamento de uma aprendizagem obriga então a
que sejam feitos ajustamentos, de modo que o comportamento do
sujeito seja emparelhado com a representação cognitiva do
comportamento observado.
 Capacidades físicas e componentes comportamentais: finalmente, a
execução motora de um comportamento está obviamente limitada
pelas capacidades físicas do cliente. A aprendizagem por observação
não é possível se, apesar da capacidade de simbolização, o sujeito não
dispõe da capacidade física ou das respostas componentes necessárias
para a execução de um dado comportamento.

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 Motivação
 Podemos adquirir uma nova habilidade ou comportamento pela observação, mas
podemos não executar aquele comportamento até que haja motivação ou incentivo
para fazê-lo. O reforço pode desempenhar diversos papéis na aprendizagem por
observação.
 Se esperarmos ser reforçados por imitar as ações de um modelo, podemos ser mais
motivados a prestar atenção, lembrar e reproduzir os comportamentos. O reforço é
importante na manutenção da aprendizagem.
 Reforço externo/direto: a quantidade de reforço que o indivíduo
recebe pela realização do comportamento, influencia
significativamente a quantidade e a qualidade da reprodução motora.
Reproduções seguidas de reforço são facilitadas, enquanto
reproduções seguidas de punição são dificultadas.
 Reforço vicariante/indireto: a probabilidade de reprodução de uma
resposta é também influenciada pelo tipo e quantidade de reforço
observador na execução do modelo. A observação de modelos a
serem reforçados por uma determinada execução, aumenta a
probabilidade de emissão de um resposta imitativa pelo observador,
enquanto a punição desencadeia efeitos contrários.
 Autorreforço: o autorreforço pela reprodução do comportamento e
um modelo influencia igualmente a quantidade e a qualidade das
respostas produzidas.
 Preferências de incentivo e padrões internos: As preferências de
incentivo e os padrões ou sistemas de valores de um sujeito
determinam os valores atribuídos a determinadas tarefas e a
determinados tipos de reforço. Daí que se torne necessário analisar os
componentes motivacionais de cada sujeito, para que os processos e
incentivos sejam adequados às características de cada um.

 O processo de aprendizagem social é altamente complexo.


 Entre a apresentação de um modelo e a reprodução do comportamento existem componentes
cognitivos que medeiam e determinam a eficácia do processo;
 A ineficácia de uma determinada aprendizagem pode estar relacionada com:
 Ausência de atenção para comportamentos relevantes;
 Codificação ou simbolização inadequada das observações;
 Dificuldades na reprodução motora;
 Ausência ou insuficiência de reforços.

Pressupostos

 Pressuposto da aprendizagem social


 Atenção, retenção, iniciação, monitorização e aperfeiçoamento dos comportamentos
 Pressuposto do determinismo recíproco
 Recusa de um determinismo uni ou bidirecional na explicação do comportamento humano
 Aceita o determinismo recíproco
 Pressuposto da autoeficácia
 As aprendizagens são mediadas cognitivamente através da construção de teorias de autoeficácia

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Implicações terapêuticas

 Fatores facilitadores de modelagem e prática comportamental


 Fatores facilitadores da aquisição
 Características do modelo
 Características do observador
 Características da apresentação do modelo
 Fatores facilitadores da execução
 Fatores de incentivo e execução
 Fatores que afetam a qualidade da execução
 Fatores que afetam a transferência e a generalização

 Modelagem e prática comportamental


 Seleção das situações alvo
 Recolha de informação
 História pessoal
 Exploração do comportamento problema
 Identificação, descrição e organização hierárquica das situações alvo
 Situação, comportamento atual e comportamento atual
 Organização hierárquica

 Instrução
 Modelagem
 Uso de modelos preferencialmente semelhantes ao do indivíduo;
 Uso de modelos reconhecidos pelo indivíduos como competentes, simpáticos, atrativos
 Apresentação do modelo a autorreforçar-se ou a ser reforçado pelos seus êxitos
 Durante a apresentação do modelo deve ser chamado à atenção acerca da observação
das características fundamentais da execução do modelo
 Práticas de comportamentos
 Recriar a situação-alvo o mais realisticamente possível
 Treinar e ajudar o indivíduo ao longo do processo

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 Feedback
 Objetivo
 Imediato
 Centrado nos pontos fortes da execução
 Reforço apropriado

 Prática comportamental ao vivo e prevenção de recaída


 Prática comportamental ao vivo
 Execução dos comportamentos treinados em situações reais
 Registo de automonitorização
 Prevenção de recaída
 “registo de prevenção de recaída”
 Progressão
 Passagem para o item seguinte das hierarquias

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MODELOS COGNITIVISTAS

 A abordagem cognitiva visa retomar a importância dos processos internos e das representações
simbólicas na explicação e modificação do comportamento.
 Segunda esta abordagem,
 O organismo humano responde primordialmente às representações cognitivas sobre o seu meio
e não diretamente ao meio;
 Estas representações cognitivas encontram-se funcionalmente relacionadas com os processos e
parâmetros de aprendizagem;
A maior parte da aprendizagem humana é mediada cognitivamente;
 Pensamento, sentimentos e comportamentos são casualmente interativos.

Surgimento da abordagem cognitiva

 Reconhecida incapacidade dos modelos não mediacionais para explicar parte da variabilidade do
comportamento humano;
 Necessidade de contemplar os processos internos de um modo cientificamente alternativo à psicanálise;
 Necessidade de desenvolvimento de técnicas e metodologias que permitissem o alargamento do alvo de
intervenções para além dos limites impostos pelas abordagens comportamentais;
 Necessidade de dar importância ao crescimento da investigação sobre os processos cognitivos;
 Crescente reconhecimento da eficácia das abordagens de teor cognitivo;
 Progressivo desenvolvimento de uma comunidade de terapeutas reclamando-se do cognitivismo;
 Terapias cognitivas em crescente popularidade;
 Diferenciação progressiva dentro do comportamentalismo e mesmo dentro do cognitivismo, dando lugar
à emergência de várias comunidades e subgrupos específicos.

 A abordagem cognitiva assenta em três proposições e inclui cinco paradigmas:


 Proposições
 A atividade cognitiva afeta o comportamento;
 A atividade cognitiva pode ser monitorizada e alterada;
 As modificações comportamentais desejadas podem ser conseguidas através de
mudanças cognitivas.
 Paradigmas
 Paradigma do condicionamento coberto
 Paradigma do autocontrolo
 Paradigma das aptidões de conforto
 Paradigmas da reestruturação cognitiva
 Paradigma construtivo-desenvolvimental

Características da terapia cognitiva

 Ativa: quer o doente quer o terapeuta procuram trabalhar em conjunto, no sentido de o próprio doente
aprender a identificar o superar os próprios medos.
 Educativa: o terapeuta deverá ensinar ao seu doente a natureza dos seus problemas, os fatores da sua
manutenção, bem como o processo terapêutico.
 Tarefas de casa: o doente deverá pôr as práticas e técnicas aprendidas na consulta, no seu dia a dia.
 Estabelecimento de uma boa aliança terapêutica.
 Ensina os doentes a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais.
 Diretiva – o terapeuta tem em conta o “aqui e o agora”, o que implica trabalhar ao nível dos
pensamentos, sentimentos e comportamentais atuais.
 Estruturada – a terapia supõe todo um conjunto de sessões estruturadas. Tempo limitado de intervenção.

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 Formulação em contínuo desenvolvimento do doente e dos seus problemas em termos cognitivos.


 Orientada para uma meta focalizada em problemas.
 Utilização de técnicas para mudar o pensamento, humor e comportamento.

Objetivos

 Avaliação e mudanças dos processos cognitivos


 Reduzir estados emocionais negativos por meio de aquisição de aptidões
 Substituir as crenças e atitudes irracionais que causam mal-estar por formas de pensamento mais em
consonância com a realidade

Limitações

 Doentes que apresentem uma capacidade limitada de empenho ao nível dos seus procedimentos lógico-
empíricos
 Doentes que apresentam sintomatologias como síndromes cerebrais orgânicas, bem como sintomas
psicóticos.
 Apresentam uma falha ao nível dos recursos e capacidades que lhe permitam tomar consciência,
verbalizar e abordar as suas crenças disfuncionais
 O terapeuta não ter conhecimento dos pensamentos disfuncionais do doente sendo a problemática
mantida, fator que gera frustração para ambas as partes
 Conjunto de crenças contra-terapêuticas não as manifestando no contexto da consulta terapêutica.

MODELO COGNITIVO DE BECK

 Existem três níveis cognitivos:


 Os mais centrais são as crenças nucleares (esquemas)8
 Depois, as crenças subjacentes (pressupostos e regras)
 E por fim os pensamentos automáticos

 Representações estáveis do conhecimento que o sujeito faz acerca de si próprio, dos outros, e do mundo:
 Dão significado à experiência vivida
 Constituem uma forma verbal interpretativa
 Armazenadas na memória a longo prazo
 Processos inconscientes
 Podem contribuir para distorcer o significado dos acontecimentos e, consequentemente, o
processo de avaliação primária.

 Características dos esquemas


 Esquema: padrão cognitivo estável que orienta o processamento da informação
 É um padrão extremamente estável e duradouro que se desenvolve durante a infância e
é elaborado ao longo da vida do indivíduo
 Nós vemos o mundo através dos nossos esquemas que aceitamos como verdades
inquestionáveis, sem preocupação de as testar.
 Perpetuam-se a si próprios e são muito resistentes à mudança.
 Funções: examinar, selecionar, codificar, avaliar, determinar e modelar
 O processo de identificação de um esquema é sempre inferencial
 Conceptualização que o indivíduo faz das suas experiências
8
Um esquema mental é comparável a uns óculos que se tenha que usar permanentemente, com a particularidade
de permitir observar o meio ambiente de “uma só cor” e de “uma só forma” frequentemente assustadora

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Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas

 Pensamentos automáticos
 Verbalização e relato dos comportamentos

 Características dos esquemas disfuncionais


 Não refletem a realidade da experiência humana
 P.e., “devo ser sempre forte”
 São rígidas, extremas e hiper generalizáveis
 Impedem a concretização dos objetivos em vez de os facilitar
 Estão associados a emoções extremas e excessivas

 Tipos de domínios e esquemas


 Autonomia
 Dependência/incompetência
 Subjugação
 Vulnerabilidade ao mal ou à doença
 Medo de perder o autocontrolo
 Conexidade
 Privação emocional
 Abandono/perda
 Desconfiança/abuso
 Isolamento social/alienação
 Autossacrifício
 Merecimento
 Defeito/incapacidade de ser amado
 Indesejabilidade social
 Incompetência/fracasso
 Autopunição
 Vergonha/embaraço
 Limites e padrões
 Padrões excessivos/rígidos
 Limites insuficientes/grandiosidade

 Principais processos
 Manutenção
 Processos habituais pelos quais os esquemas funcionam e disfuncionais se perpetuam
 Nível cognitivo: realce da informação que confirma o esquema e negação ou
minimização da informação que o contradiz (distorções cognitivas)
 Nível comportamental: padrões comportamentais autodestrutivos, antes
adaptativos e funcionais durante a infância do paciente
 Nível emocional/afetivo: sentimento de desesperança na iminência da
alteração dos esquemas, mesmo após a aprendizagem sobre o seu
reconhecimento e monitorização.
 Evitamento
 Forma como as pessoas evitam a ativação dos esquemas – evitamento de emoções
desagradáveis
 Nível cognitivo: tentativas automáticas e volitivas no sentido de bloquear os
pensamentos ou imagens que possam desencadear os esquemas (mecanismos
de defesa, despersonalização, comportamentos compulsivos);

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 Nível comportamental: tendência a evitar situações reais ou circunstanciais


que possam ativar os esquemas, e assim evitar a dor psicológica (isolamento
social, fracasso)
 Nível emocional/afetivo: tentativas voluntárias ou automáticas para bloquear
emoções dolorosas.
 Compensação
 Comportamento que parece oposto aquilo que o esquema sugere, de forma a evitar a
ativação do esquema;
 Tentativas parciais de desafio dos esquemas existentes – funcionais em determinada
extensão;

 Erros no processamento da informação


 A ativação de esquemas disfuncionais introduz de imediato um conjunto de erros de
processamento cognitivo e como produto destes erros cognitivos ativados pelos esquemas
disfuncionais, surgem no indivíduo pensamentos automáticos
 Os erros sistemáticos no pensamento da pessoa deprimida mantêm a crença do doente na
validade das suas conceções negativistas, apesar da presença de evidências contraditórias

 Tipos de erros no processamento de informação


 Inferência arbitrária: retira conclusões específicas na ausência de evidências
 Abstração seletiva: foca atenção num detalhe retirado do seu contexto
 Sobregeneralização: estabelece uma regra geral com base num acontecimento isolado
 Magnificação/minimização: erro grosseiro na avaliação do seu significado ou magnitude
 Personalização: tendência para relacionar acontecimentos externos com o próprio sem
base
 Pensamento dicotómico: classificação das experiências em categorias opostas

 Pensamentos automáticos
 São constituídos por auto-verbalizações, formas de diálogo interno, imagens ou fantasias, que
surgem de um modo automático, distorcido, prejudicial, plausível e involuntário

 Objetivo da terapia cognitiva: conduzir à reestruturação dos esquemas cognitivos, corrigindo os erros de
processamento da informação mediante o teste empírico das cognições disfuncionais do cliente.

 Mudança terapêutica a dois níveis:


 Modificação ao nível dos pensamentos automáticos
 Modificação ao nível da estrutura

 Depressão
 Estrutura: negatividade face a si próprio, ao mundo e ao futuro
 Processo: seletividade no processamento de informação negativa auto-referente e minimização
do material positivo
 Produto: pensamento envolvendo a perda e fracasso
 Ansiedade
 Estrutura: ameaça física ou psicológica
 Processo: seletividade no processamento de estímulos ameaçadores com estimativas exageradas
de vulnerabilidade
 Produto: pensamento envolvendo ameaça e perigo

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