Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MODELOS COMPORTAMENTAIS
Psicanálise: modelo psicológico que durante anos se tornou, praticamente, exclusivo de interpretação e
intervenção clínica;
Características Essenciais
Fatores psicodinâmicos subjacentes aos diversos transtornos psicopatológicos;
Processo terapêutico era demorado;
O sujeito tinha um papel passivo na terapêutica.
Terapia Comportamental
Intervenções fáceis de conduzir e menos demoradas
Sintomas vistos como um objetivo a remover
Objeto: o comportamento ou os processos próximos do comportamento manifesto
Centrada no aqui e no agora
Comportamento inadaptados são adquiridos por aprendizagem na mesma forma que quaisquer
outros comportamentos
Novas aprendizagens podem modificar comportamentos inadaptados
Objetivos terapêuticos específicos e bem definidos
1. Pavlov começou por soar um diapasão e registar a resposta do cão ao som. Conforme esperado, não
houve salivação. O som do diapasão era um estímulo neutro porque não provocava resposta (salivação).
2. Então, Pavlov alimentava o cão. A resposta era salivação. O alimento era um estímulo incondicionado pois
não existiu nenhuma aprendizagem prévia ou “condicionamento” necessário para estabelecer uma
ligação natural entre alimento e salivação. A salivação era uma resposta incondicionada, novamente
porque ocorre de modo automático – sem necessidade de condicionamento.
3. Pavlov demonstrou que um cão podia ser condicionado a salivar após ouvir o diapasão. Ele fez isso pela
combinação contígua do som com o alimento. No início da experiência, ele soava o diapasão e então
rapidamente alimentava o cão. Após Pavlov ter repetido diversas vezes, o cão começou a salivar após
ouvir o som, mas antes de receber o alimento. Agora o som havia se tornado um estímulo condicionado
que podia provocar salivação por si só. A resposta de salivar após o tom era agora uma resposta
condicionada.
Antes do condicionamento:
Estímulo Incondicionado (comida) > Resposta incondicionada (salivação)
Estímulo Neutro (campainha) > Nenhuma resposta
Durante o condicionamento:
1
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
O modelo comportamental surge de modo experimental e acaba por se estender à prática clínica com o
Caso do pequeno Albert, de Watson.
1. Albert, uma criança de 9 meses, estável física e emocionalmente, não apresentava respostas de
evitamento a ratos brancos, máscaras ou coelhos (estímulo neutro). Apresentava sim uma reação
emocional de medo (resposta incondicionada) à percussão de um martelo numa barra de ferro (estímulo
incondicionado);
2. Watson começou a apresentar um rato junto com o barulho e Albert começou a desenvolver uma
resposta emocional (resposta condicionada) de choro e fuga face à apresentação do rato (estímulo
condicionado);
3. Posteriormente, Albert começou a exibir respostas de medo relativamente a outros estímulos com
semelhanças ao estímulo condicionado, p.e., coelhos, cães, cabelo (generalização do estímulo);
4. De modo a alterar este comportamento fóbico, procedeu-se à confrontação com o estímulo original (rato)
na ausência do estímulo aversivo, a barra de ferro (extinção).
Conclui-se então que: se os mecanismos de aprendizagem são equivalentes aos verificados nos animais,
talvez fosse possível, por recurso aos mesmos mecanismos e métodos de aprendizagem, tratar
perturbações psicológicas (fobias, depressões, obsessões-compulsivas…)
Existem então quatro estratégias para alterar o comportamento fóbico
Confrontação com o estímulo original (rato) na ausência do estímulo aversivo (barra de
ferro)
Recondicionamento através da apresentação dos estímulos fóbicos com a estimulação
simultânea de algumas zonas erógenas.
Recondicionamento através do emparelhamento com guloseimas ou outros tipos de
comida
Desenvolver atividades construtivas com estes objetos através da imitação.
Conclusões
Grande parte das aprendizagem verifica-se por um processo de condicionamento, onde por
emparelhamento repetido entre um estímulo neutro e um estímulo incondicionado, o primeiro
adquire algumas das propriedades do segundo, passando a desencadear por si só respostas
aprendidas condicionadas.
O comportamento disfuncional ou neurótico, à semelhança de qualquer outro comportamento,
obedece às mesmas leis de aprendizagem e condicionamento.
É possível, mediante o recurso aos processos e leis de aprendizagem, descondicionar
condicionamentos previamente adquiridos e assim tratar, por recurso às teorias da
aprendizagem, várias perturbações do comportamento.
2
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
condicionamentos, alguns dos quais de segunda ordem 1 (isto é, condicionamentos que tomam
como ponto de partida condicionamentos estabelecidos anteriormente).
Prossuposto do Contracondicionamento e Extinção
Se as respostas são aprendidas por mecanismos de condicionamento clássico, os mesmos
mecanismos poderão orientar o processo de transformação e mudança.
O princípio estabelece que através do emparelhamento entre um estímulo previamente indutor
de uma resposta emocional desagradável e um outro estímulo incondicionado, elicitador de uma
resposta antagónica, a associação entre o estímulo condicionado e a resposta emocional
disfuncional diminui progressivamente, acabando por se extinguir.
De mesmo modo, a extinção estabelece que expondo o sujeito ao estímulo condicionado na
ausência repetida do estímulo incondicionado, a resposta condicionada extinguir-se-á
progressivamente. Assim, torna-se possível inverter grande parte das aprendizagens
disfuncionais mediante o simples recurso a dois mecanismos: contracondicionamento e a
extinção.
Prossuposto do Condicionamento Emocional
Existe emparelhamento entre um estímulo previamente indutor de uma resposta emocional
desagradável e um outro estímulo incondicionado elicitador de uma resposta antagónica. A
exposição ao estímulo condicionado na ausência repetida do estímulo incondicionado leva a uma
extinção progressiva da resposta condicionada.
Conceitos Fundamentais
Estímulo Neutro: estímulo que originalmente não desencadeia uma resposta particular;
Estímulo Incondicionado: provoca uma resposta natural e espontânea (inata), sem condições de
aprendizagem prévia;
Estímulo Condicionado: sendo previamente neutro, passa a provocar uma resposta semelhante à do
estímulo incondicionado, após um emparelhamento sucessivo com este;
Resposta Incondicionada: é uma resposta natural e espontânea do organismo ao estímulo
incondicionado;
Resposta Condicionada: é uma resposta estruturalmente semelhante à incondicionada, mas produzida na
sequência da apresentação de um estímulo condicionado;
Generalização do Estímulo: consiste na produção de uma resposta condicionada, para estímulos que
apresentam algum grau de semelhança com o estímulo condicionado. Quanto maior for o grau de
semelhança percebido entre o novo estímulo e o estímulo condicionado, maior será a probabilidade da
generalização do estímulo.
Generalização da Resposta: difere da generalização do estímulo pois consiste na realização de diferentes
respostas para o mesmo estímulo. O sujeito passa a evidenciar, para um mesmo estímulo, várias
respostas ligadas entre si por algum tipo de associação estrutural ou funcional.
Discriminação: ocorre quando somente o estímulo condicionado específico é capaz de desencadear a
resposta condicionada (impede-se a generalização do estímulo);
Extinção: apresentação repetida do estímulo condicionado na ausência do estímulo incondicionado, de
modo a enfraquecer a ligação entre ambos, levando o esbatimento e desaparecimento da resposta
condicionada;
Contracondicionamento: emparelhar um estímulo previamente indutor de uma resposta disfuncional e
um outro estímulo incondicionado, elicitador de uma resposta antagónica (substituir uma resposta
desadequada por uma mais adaptativa) – base da dessensibilização sistémica2.
1
Generalização do estímulo;
2
Procedimento clínico;
3
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Implicações Terapêuticas
Assim, o tratamento deve visar a extinção, através da exposição do indivíduo aos estímulos
condicionados, na ausência das condições aversivas provocadas pelo estímulo incondicionado.
Resultam daqui duas implicações terapêuticas:
A inibição recíproca e contracondicionamento: que se refere ao enfraquecimento de
um resposta condicionada provocado pela estimulação de uma resposta antagónica.
Origina estratégias terapêuticas de exposição gradual e mediatizada,
designadas por técnicas de dessensibilização sistemática, que implicam o
confronto gradual com uma hierarquia de estímulos condicionados através da
mediatização do relaxamento.
É constituída por três componentes:
o Treino de relaxamento progressivo
Processo sequencial de treino de relaxamento que funciona
como resposta antagónica inibidora de ansiedade.
O treino pode ser realizado:
16 grupos musculares
7 grupos musculares
4 grupos musculares
Relaxamento por recordação
O treino termina aquando da audição da palavra “relaxe”
Nem todos os sujeitos podem ou conseguem utilizar esta
técnica.
o Construção de hierarquias ansiogénica (USD)
Construção de hierarquias de estímulos ansiogénico
Escalas de unidades subjetivas de desconforto (USD) de 0 a
100
Dificuldades:
Classificar os “medos”
Diversas situações ansiogénica – dificuldade em
identificar qual a mais ansiogénica
Inclusão de sensações internas e externas
o Apresentação emparelhada de relaxamento e das hierarquias
Exposição do doente a cada uma das hierarquias (USD) de
forma emparelhada com a resposta de relaxamento.
Só se dá a progressão para a USD seguinte quando o sujeito
relate e ou não apresente sinais ansiogénicos na USD na qual
se encontra.
Dificuldade:
Não identificação (sujeito e ou terapeuta) dos sinais
ansiogénicos
Capacidade imagética do sujeito
o Dessensibilização sistemática ao vivo:
4
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
5
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
1. Thorndike colocou gatos em complexas gaiolas com comida no exterior e das quais os animais podiam
escapar através da ativação de mecanismos variados. Ao fim de algum tempo, e após várias tentativas
aleatórias, o animal estava capaz de escapar.
2. O gato era então colocado e novo na gaiola tendo em vista verificar se alguma coisa tinha sido aprendida
neste processo de ensaio e erro. Verificava-se que a saída era agora mais rápida e este ia aumentando
sucessivamente de rapidez à medida que se verificavam os ensaios repetidos de prática.
Skinner verificou que o meio não estimula unicamente o comportamento, o meio seleciona o
comportamento através das suas consequências.
O comportamento é fundamentalmente regulado pelas suas consequências e são estas que, mais
do que os antecedentes, ocupam um lugar privilegiado na aprendizagem animal e humana.
O estímulo não desencadeia por si só a resposta. É através da associação de um
estímulo a uma consequência que o primeiro adquire as propriedades discriminativas 5
de indução da resposta.
O estímulo funciona como um sinal da probabilidade da ocorrência de determinadas
consequências, aumentando ou diminuindo deste modo a probabilidade de ocorrência
de uma resposta.
3
Foco nas respostas instrumentais do organismo, e não nas repostas reflexas; ênfase o processo regulador dos efeitos e
consequências dos comportamentos.
4
Foco na resposta operante ou instrumental do sujeito; nas consequências dessa resposta; e nos estímulos discriminativos que
indicam ao sujeito a probabilidade da ocorrência da consequência.
5
Estímulo discriminativo.
6
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
1. A “caixa de Skinner” consistia numa gaiola insonorizada, equipada com uma alavanca ligada a um
mecanismo fornecedor de alimentação e a um instrumento de registo acumulativo das respostas do
animal.
2. O rato iniciava vários movimentos exploratórios até que casualmente tocava na alavanca que accionava a
distribuição do alimento. Este comportamento de acionar a alavanca era prontamente seguido de uma
consequência agradável: o fornecimento de comida (reforço positivo).
Rapidamente o animal aprendia a acionar a alavanca como forma de obter alimentação. Isto é, o
reforço positivo da alimentação aumentou rapidamente a frequência da resposta instrumental
de acionar a alavanca.
3. Para complicar a situação original, fez-se com que o dispensador de comida e a respetiva alavanca só
funcionassem quando fosse previamente apresentado um sinal luminoso, verificou-se que ao fim de
alguns ensaios o animal passava a acionar a alavanca unicamente após a apresentação dessa luz.
A luz transformava-se assim num estímulo discriminativo, sinalizando a probabilidade da
ocorrência de uma determinada consequência.
Pressuposto da Extinção
1. Sempre que um determinado comportamento operante deixa de ser seguido de um
acontecimento reforçador, diminui progressivamente a probabilidade de emissão desse
comportamento operante.
2. Assim, a retirada das consequências que fortalecem um comportamento poderá inverter o
sentido da aprendizagem, conduzindo ao desaparecimento de uma resposta instrumental
aprendida.
7
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Reforço: consequência de um comportamento que tem como efeito aumentar a frequência, duração ou
intensidade desse comportamento.
1. Reforço positivo: define-se pelos acontecimentos que são apresentados após a resposta e que
aumentam a sua frequência, duração ou intensidade.
Administração de um acontecimento positivo para o sujeito, de modo a aumentar o
comportamento.
2. Reforço negativo: consiste no acontecimento que põe fim a uma situação aversiva aumentando,
em consequência, o comportamento precedente.
Retirada de acontecimento negativo para o sujeito, de modo a aumentar o
comportamento.
Escalas de Reforço (5): programas através dos quais o reforço é administrado.
1. Escalas de reforço contínuo6: todas as respostas operantes são seguidas do reforço.
2. Escalas de reforço intermitente7: somente algumas das respostas são seguidas de reforço.
Por proporção de resposta/razão:
Fixo: o reforço aparece após um número fixo e determinado de respostas.
Variável: o reforço é administrado aleatoriamente à volta de uma média de
respostas, de modo que o sujeito nunca saiba quando vai ser reforçado.
Por intervalo de tempo
Fixo: o reforço é consequente à resposta emitida, após um intervalo de tempo.
Variável: a duração do intervalo varia também aleatoriamente, à volta de uma
média temporal determinada.
Implicações terapêuticas
1. Extinção
6
Programas de reforço contínuo são fundamentais na aquisição de um novo comportamento, mas pouco resistentes aos
processos de extinção.
7
Programas de reforço intermitente, principalmente os de proporções e intervalo variáveis, dificultam consideravelmente os
processos de extinção.
8
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
2. Saciação
Definição: fornecimento de uma superabundância dos reforços que estão a manter o
comportamento, de modo que estes percam o seu valor de reforço e assim se consiga a
diminuição ou eliminação do comportamento
Condições: identificação das fontes adequadas de reforço e os reforços que mantêm o
comportamento sejam potencialmente saciáveis
Processo:
1. Identificação dos reforços que mantêm o comportamento-problema;
2. Fornecimento de grandes quantidades desses reforços de forma consistente e sistemática
3. Manutenção do processo e saciação até o comportamento indesejado ser extinto.
3. Custo de resposta
Definição: retirada de reforços previamente adquiridos como consequência pela realização de
um comportamento indesejável
Condições: necessidade da existência de um leque suficiente de reforços positivos que possam
ser facilmente manipuláveis
Processo: os custos deverão ser realistas e aplicados imediatamente após a realização do
comportamento-problema
Limitações: impraticável quando a quantidade de reforços valorizados pelo sujeito é
extremamente reduzido
9
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Reforço positivo
Definição: apresentação de uma consequência positiva contingente à realização do
comportamento desejável
Condições: o terapeuta tem de ter disponível um número e variedade suficiente de reforços
positivos
Processo:
Aplicação imediata e contínua do reforço;
Administração intermitente variável
Limitações: dependência dos sujeitos em relação às fontes de reforço.
Reforço negativo
Definição: acontecimento que põe fim a uma situação aversiva aumentando, em consequência,
o comportamento precedente
Condições: existência de uma grande motivação do sujeito para a mudança
Processo: o sujeito deverá ser colocado numa situação aversiva que deverá ser imediatamente
terminada, contingencialmente à realização do comportamento apropriado
Limitações: esta técnica deve somente ser utilizada na aquisição de repostas adaptativas
Esbatimento
Definição: passagem progressiva do controlo de um comportamento das consequências para os
estímulos antecedentes discriminativos
Condições: identificação ou construção de sinais suscetíveis de anunciar as probabilidades de
uma determinada consequência
Processo: tornar evidente a presença de estímulos discriminativos e emparelhá-los com o
reforço contínuo dos comportamentos apropriados, esbatendo progressivamente o reforço.
Limitações: dependência dos estímulos discriminativos antecedentes
10
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Contrato de contingência: contrato celebrado por todas as partes envolvidas (terapeuta, sujeito
de intervenção e sempre que se justifique pais e ou tutores).
Neste contrato deve ficar claro que os reforços não são dados, mas sim conquistados e
que existe uma situação de reciprocidade.
Procura modificar ou controlar as respostas por Visa modificar ou controlar as respostas por
intermédio dos seus antecedentes – estímulos que intermédio das suas consequências – resultados que
precedem seguem no tempo
É possível identificar um estímulo específico Ignora-se qual é o estímulo que provoca a resposta
11
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Experiência de Bandura
Bandura demonstrou que a aprendizagem de comportamentos se verifica pela simples
observação de um modelo, independentemente das consequências da sua execução. O reforço
ou a punição, quer sejam simbólicos ou reais, contribui para a inibição ou desinibição do
comportamento aprendido. Isto é, a modelagem constitui um elemento fundamental para
aquisição de um comportamento. E a prática acompanhada de reforço é o pilar para a
reprodução motora.
Modelação e mimetização
Bandura distingue modelação de imitação: enquanto a imitação consiste na reprodução
topográfica de um comportamento, o modelação refere-se à aprendizagem de uma regra.
Teorias de autoeficácia
São os julgamentos que as pessoas fazem acerca da sua eficácia pessoal que constituem os melhores
preditores do seu envolvimento e persistência em diferentes tarefas
As aprendizagens quer se verifiquem por experiência, quer por observação produzem os seus efeitos
através da alteração cognitiva das perceções dos sujeitos acerca da sua eficácia pessoal
Modelagem
12
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Pode levar a:
Aquisição de padrões complexos de resposta
Condicionar respostas emocionais
Extinguir comportamentos de medo
Induzir inibição
Facilitar ou desinibir algumas respostas
Não basta a simples exposição de um sujeito a um modelo para que o comportamento ou regra sejam
aprendidos. Entre acontecimentos modelados e reprodução motoras desses comportamentos há toda
uma série de subprocessos cognitivos.
Retenção
Mesmo que prestemos atenção a um determinado acontecimento, se não o retivermos,
há uma reduzida probabilidade de influência desse acontecimento no nosso reportório
comportamental.
Fatores de retenção
Codificação e organização simbólica: é necessário que o indivíduo seja
capaz de transformar as observações numa série de símbolos verbais e
imagéticos. Estas simbolizações constituem guias para as execuções
dos sujeitos. É ainda necessário que o indivíduo organize essa
13
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Produção
Quando um comportamento de um modelo é aceito como próprio para o observador, e
tende a ser consequências positivas, é suscetível de ser reproduzido.
Fatores de produção:
Representação cognitiva: a fase inicial do processo de reprodução de
um comportamento envolve, acima de tudo, uma reprodução global
dos mecanismos de ação desse comportamento. Antes de tudo o
mais, o sujeito necessita de possuir um modelo internalizado do
comportamento e dos seus respetivos componentes.
Execução do comportamento: as ideias dificilmente se traduzem em
execuções corretas sem que estejam decorridos alguns ensaios
comportamentais. Todas as aprendizagens adequadas necessitam de
um processo de monitorização que só a prática pode assegurar.
Informação de feedback: o aperfeiçoamento da reprodução motora
de um comportamento exige uma constante informação retroativa
relativamente aos processos de execução.
Emparelhamento: o sujeito emparelha a sua representação do
comportamento com os dados provenientes da auto-observação das
suas execuções. O refinamento de uma aprendizagem obriga então a
que sejam feitos ajustamentos, de modo que o comportamento do
sujeito seja emparelhado com a representação cognitiva do
comportamento observado.
Capacidades físicas e componentes comportamentais: finalmente, a
execução motora de um comportamento está obviamente limitada
pelas capacidades físicas do cliente. A aprendizagem por observação
não é possível se, apesar da capacidade de simbolização, o sujeito não
dispõe da capacidade física ou das respostas componentes necessárias
para a execução de um dado comportamento.
14
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Motivação
Podemos adquirir uma nova habilidade ou comportamento pela observação, mas
podemos não executar aquele comportamento até que haja motivação ou incentivo
para fazê-lo. O reforço pode desempenhar diversos papéis na aprendizagem por
observação.
Se esperarmos ser reforçados por imitar as ações de um modelo, podemos ser mais
motivados a prestar atenção, lembrar e reproduzir os comportamentos. O reforço é
importante na manutenção da aprendizagem.
Reforço externo/direto: a quantidade de reforço que o indivíduo
recebe pela realização do comportamento, influencia
significativamente a quantidade e a qualidade da reprodução motora.
Reproduções seguidas de reforço são facilitadas, enquanto
reproduções seguidas de punição são dificultadas.
Reforço vicariante/indireto: a probabilidade de reprodução de uma
resposta é também influenciada pelo tipo e quantidade de reforço
observador na execução do modelo. A observação de modelos a
serem reforçados por uma determinada execução, aumenta a
probabilidade de emissão de um resposta imitativa pelo observador,
enquanto a punição desencadeia efeitos contrários.
Autorreforço: o autorreforço pela reprodução do comportamento e
um modelo influencia igualmente a quantidade e a qualidade das
respostas produzidas.
Preferências de incentivo e padrões internos: As preferências de
incentivo e os padrões ou sistemas de valores de um sujeito
determinam os valores atribuídos a determinadas tarefas e a
determinados tipos de reforço. Daí que se torne necessário analisar os
componentes motivacionais de cada sujeito, para que os processos e
incentivos sejam adequados às características de cada um.
Pressupostos
15
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Implicações terapêuticas
Instrução
Modelagem
Uso de modelos preferencialmente semelhantes ao do indivíduo;
Uso de modelos reconhecidos pelo indivíduos como competentes, simpáticos, atrativos
Apresentação do modelo a autorreforçar-se ou a ser reforçado pelos seus êxitos
Durante a apresentação do modelo deve ser chamado à atenção acerca da observação
das características fundamentais da execução do modelo
Práticas de comportamentos
Recriar a situação-alvo o mais realisticamente possível
Treinar e ajudar o indivíduo ao longo do processo
16
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Feedback
Objetivo
Imediato
Centrado nos pontos fortes da execução
Reforço apropriado
17
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
MODELOS COGNITIVISTAS
A abordagem cognitiva visa retomar a importância dos processos internos e das representações
simbólicas na explicação e modificação do comportamento.
Segunda esta abordagem,
O organismo humano responde primordialmente às representações cognitivas sobre o seu meio
e não diretamente ao meio;
Estas representações cognitivas encontram-se funcionalmente relacionadas com os processos e
parâmetros de aprendizagem;
A maior parte da aprendizagem humana é mediada cognitivamente;
Pensamento, sentimentos e comportamentos são casualmente interativos.
Reconhecida incapacidade dos modelos não mediacionais para explicar parte da variabilidade do
comportamento humano;
Necessidade de contemplar os processos internos de um modo cientificamente alternativo à psicanálise;
Necessidade de desenvolvimento de técnicas e metodologias que permitissem o alargamento do alvo de
intervenções para além dos limites impostos pelas abordagens comportamentais;
Necessidade de dar importância ao crescimento da investigação sobre os processos cognitivos;
Crescente reconhecimento da eficácia das abordagens de teor cognitivo;
Progressivo desenvolvimento de uma comunidade de terapeutas reclamando-se do cognitivismo;
Terapias cognitivas em crescente popularidade;
Diferenciação progressiva dentro do comportamentalismo e mesmo dentro do cognitivismo, dando lugar
à emergência de várias comunidades e subgrupos específicos.
Ativa: quer o doente quer o terapeuta procuram trabalhar em conjunto, no sentido de o próprio doente
aprender a identificar o superar os próprios medos.
Educativa: o terapeuta deverá ensinar ao seu doente a natureza dos seus problemas, os fatores da sua
manutenção, bem como o processo terapêutico.
Tarefas de casa: o doente deverá pôr as práticas e técnicas aprendidas na consulta, no seu dia a dia.
Estabelecimento de uma boa aliança terapêutica.
Ensina os doentes a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais.
Diretiva – o terapeuta tem em conta o “aqui e o agora”, o que implica trabalhar ao nível dos
pensamentos, sentimentos e comportamentais atuais.
Estruturada – a terapia supõe todo um conjunto de sessões estruturadas. Tempo limitado de intervenção.
18
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Objetivos
Limitações
Doentes que apresentem uma capacidade limitada de empenho ao nível dos seus procedimentos lógico-
empíricos
Doentes que apresentam sintomatologias como síndromes cerebrais orgânicas, bem como sintomas
psicóticos.
Apresentam uma falha ao nível dos recursos e capacidades que lhe permitam tomar consciência,
verbalizar e abordar as suas crenças disfuncionais
O terapeuta não ter conhecimento dos pensamentos disfuncionais do doente sendo a problemática
mantida, fator que gera frustração para ambas as partes
Conjunto de crenças contra-terapêuticas não as manifestando no contexto da consulta terapêutica.
Representações estáveis do conhecimento que o sujeito faz acerca de si próprio, dos outros, e do mundo:
Dão significado à experiência vivida
Constituem uma forma verbal interpretativa
Armazenadas na memória a longo prazo
Processos inconscientes
Podem contribuir para distorcer o significado dos acontecimentos e, consequentemente, o
processo de avaliação primária.
19
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Pensamentos automáticos
Verbalização e relato dos comportamentos
Principais processos
Manutenção
Processos habituais pelos quais os esquemas funcionam e disfuncionais se perpetuam
Nível cognitivo: realce da informação que confirma o esquema e negação ou
minimização da informação que o contradiz (distorções cognitivas)
Nível comportamental: padrões comportamentais autodestrutivos, antes
adaptativos e funcionais durante a infância do paciente
Nível emocional/afetivo: sentimento de desesperança na iminência da
alteração dos esquemas, mesmo após a aprendizagem sobre o seu
reconhecimento e monitorização.
Evitamento
Forma como as pessoas evitam a ativação dos esquemas – evitamento de emoções
desagradáveis
Nível cognitivo: tentativas automáticas e volitivas no sentido de bloquear os
pensamentos ou imagens que possam desencadear os esquemas (mecanismos
de defesa, despersonalização, comportamentos compulsivos);
20
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
Pensamentos automáticos
São constituídos por auto-verbalizações, formas de diálogo interno, imagens ou fantasias, que
surgem de um modo automático, distorcido, prejudicial, plausível e involuntário
Objetivo da terapia cognitiva: conduzir à reestruturação dos esquemas cognitivos, corrigindo os erros de
processamento da informação mediante o teste empírico das cognições disfuncionais do cliente.
Depressão
Estrutura: negatividade face a si próprio, ao mundo e ao futuro
Processo: seletividade no processamento de informação negativa auto-referente e minimização
do material positivo
Produto: pensamento envolvendo a perda e fracasso
Ansiedade
Estrutura: ameaça física ou psicológica
Processo: seletividade no processamento de estímulos ameaçadores com estimativas exageradas
de vulnerabilidade
Produto: pensamento envolvendo ameaça e perigo
21
Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 1º Semestre
Modelos Comportamentais, Cognitivos e Construtivistas
22