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ESA 2023

REDAÇÃO

AULA 05
Conclusão

Prof.ª Celina Gil

www.estrategiamilitares.com.br
Prof.ª Celina Gil

Sumário
Apresentação 3

1 - Repertório de redação 4

2 – Conclusão 12
2.1 – Conectivos de conclusão 14
2.2 – Análise de redação 16
2.3 – Exercícios: Conclusão 17

3 - Propostas 26

Considerações Finais 30

Siga minhas redes sociais!

Professora Celina Gil @professoracelinagil @professoracelinagil

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Apresentação
Olá!

Na aula de hoje, veremos:

- Prática e estudo de desenvolvimento da conclusão;

- Exercícios de identificação de temática; desenvolvimento de

conclusão; e

- Prática de redação.

Nossas aulas de redação serão sempre compostas de 3 partes:

1 - Análise social
Apontamentos acerca de assuntos ligados ao contemporâneo.
Esses apontamentos têm o objetivo de fortalecer seu repertório e auxiliar na
elaboração de argumentos.

2 - Estudo de uma parte da dissertação


Estudo aprofundado de uma das partes que compõe o texto dissertativo.
Vamos passar por introdução, desenvolvimento, conclusão e coesão/coerência.

3- Produção textual
Análise de redações/trechos de redações e/ou exemplo de produção textual.
Propostas de redação inéditas para serem executadas pelo aluno.

Vamos lá?

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1 - Repertório de redação
Para nosso repertório de hoje, separamos alguns assuntos que tem a ver com arte, cultura
e tecnologia. Esses são temas frequentes em sua prova e saber um pouco mais sobre eles pode
ajudar você a encontrar repertório para suas redações.
Tópicos

Indústria Tecnologia Arte e


Cultural hoje Sociedade

1.1 - Indústria Cultural


vamos pensar nas ideias de indústria cultural e cultura de massa. Esses são conceitos importantes para
tratar de temas como consumismo, cultura e arte no contemporâneo.
O termo Indústria Cultural foi popularizado
enquanto conceito pela Escola de Frankfurt,
principalmente pelos sociólogos Theodor Adorno
(1903 – 1969) e Max Horkheimer (1895 – 1973). A
Indústria Cultural seria uma das responsáveis pela
formação do pensamento das sociedades mediadas
pelo consumo e pela massificação.
A Indústria Cultural é como uma fábrica, que
produz bens culturais padronizados e
homogeneizados. Esses produtos alienam quem os
consomem, pois não incentivam a reflexão ou o
questionamento das estruturas. São apenas
entretenimento, com o objetivo de domesticar as pessoas.
Nos habituamos sempre aos mesmo produtos, o que faz com que propostas mais inovadoras
causem estranhamento e, por isso mesmo, nem sempre sejam capazes de atrair muito público. Por
gerarem menos lucro, essas produções são vistas como inúteis, ou seja, colocamos na possibilidade de
monetarização o valor da arte.
Outro perigo dessa estrutura é a criação de falsas necessidades: os meios de comunicação e
difusão de cultura incentivam o consumo de modo que a felicidade parece que só pode ser atingida
através dele.
Outro conceito importante para esse assunto é a ideia de cultura de massa. Chama-se de cultura
de massa os produtos da indústria cultural, ou seja, as expressões da cultura produzidas com o intuito de
serem vendidas e gerar lucro. Seu objetivo é atingir o grande público. Uma de suas principais
características é ser capaz de absorver aquilo que se opõe a ela: sabe aquele programa que passa na
televisão e fala mal de televisão? É isso!
As principais influências da cultura de massa na literatura partem do cinema e da televisão. Hoje
em dia, é possível ouvir falar também em cultura pop. São expressões, portanto, intimamente ligadas à
ideia de consumo.
Nem tudo é maligno na Indústria Cultural e na produção de arte e cultura no sistema capitalista.
Para outro pensador da Escola de Frankfurt, Walter Benjamin (1892-1940), a maior difusão da arte através
dos meios de comunicação pode ser uma via de democratização da arte, pois a cultura alcança um

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número maior de pessoas. Outra vantagem é que incentiva trabalhos não comerciais, já que incentiva o
acesso às ferramentas de produção cultural. No nosso contexto contemporâneo, que lida com a internet,
podemos pensar essa tensão entre alienação e tomada dos meios de produção cultural de maneira mais
ampla. Podemos pensar desde as novas profissões da internet – como youtubers – até a facilidade de
criação e disseminação de notícias falsas no contemporâneo (ambos temas importantes para a realidade
brasileira).

FILMES
O Show de Truman (1998) Dir.: Birdman (2014) Dir.: Alejandro Yesterday (2019) Dir.: Danny
Peter Weir G. Iñárritu Boyle

Acompanhamos a história de Um ator de meia idade, que Um músico em busca do sucesso


um homem que teve toda a sua ficou muito famoso por conta de
sofre um acidente e, depois
vida televisionada num reality uma sequência de filmes de disso ocorre algo inusitado:
show. Coisas estranhas super-herói em que atuou ninguém mais no mundo se
começam a acontecer e Truman quando jovem, tenta se lembra que os Beatles existiram.
passa a questionar sua estabelecer como um artista Ele, então, passa a fazer muito
realidade. sério numa produção teatral. sucesso “compondo” músicas
dos Beatles.
Cantando na chuva (1952) Dir.: Rebobine, por favor (2008) Dir.: Era do rádio (1987) Dir.: Woody
Gene Kelly Michel Gondry Allen

Em 1927, um grupo de atores e Dois funcionários de uma O filme mostra uma série de
uma produtora cinematográfica locadora acidentalmente pequenas histórias acerca da
enfrentam a difícil transição do apagam todos as fitas-cassetes era de ouro do rádio, na
cinema mudo para o falado. O do lugar. Para não sofrerem a primeira metade do século XX.
filme lida com questões de represália do chefe, eles Destaque para a passagem da
mercado e arte dentro da regravam todos os filmes de suposta invasão alienígena
indústria cinematográfica. maneira amadora e transmitida pelo rádio.
improvisada.

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1.2 - Tecnologia
Essencialmente, o que norteia a discussão acerca dessa relação é a tentativa de tentar
responder à pergunta: a tecnologia traz mais benefícios ou mais malefícios para o homem.
Ao longo do tempo, vivemos sob a ideia de que o progresso cientifico e tecnológico sempre
levaria à evolução, ou seja, seríamos melhores na medida em que tivéssemos uma sociedade mais
tecnológica. De fato, a tecnologia foi capaz de melhorar nossa vida e facilitar nossas ações
cotidianas. Desde ações pequenas – como a possibilidade não precisar lavar a roupa à mão, pois
há uma máquina – até maiores – como as viagens de avião ou a invenção de máquinas que
auxiliam em tratamentos médicos.
A tecnologia, porém, não foi capaz de solucionar alguns problemas essenciais aos seres
humanos: a igualdade não foi alcançada, não fomos capazes de eliminar a pobreza e ainda
passamos por momentos de guerra e conflito intenso. Muitas vezes, inclusive, a tecnologia parece
estar no centro de diversos desses problemas. Muita tecnologia, por exemplo, surge de pesquisas
voltadas para a guerra, e as grandes corporações parecem muitas vezes incentivar a desigualdade
social e lucrar com ela. Cabe sempre pensar como a tecnologia se insere na lógica de mercado,
não eliminando as desigualdades, mas aprofundando-as.
O questionamento que fica é:

A tecnologia piorou o homem?

Ou o homem é mau e a tecnologia evidencia isso?


Um elemento importante ligado à tecnologia é a ideia de alienação. Vilém Flusser, filósofo,
ao escrever sobre fotografia no livro A filosofia da caixa preta, conclui que somos alienados dos
processos de produção que envolvem tecnologia, ou seja, nós não sabemos como as coisas
acontecem, só que acontecem.
Um exemplo disso são nossos conflitos quanto ao uso de nossos dados na internet. Nós
não sabemos de que modo nossos dados serão usados na internet, porque não conhecemos os
processos tecnológicos. Ao não conhecer os processos, não fazemos uso da total capacidade da
tecnologia. Além disso, corremos o risco de tratá-la como algo mágico, ou seja, de tratarmos os
processos tecnológicos como tabu religioso e, por isso mesmo, imutáveis e inquestionáveis.
Veja algumas situações em que a relação com a tecnologia poderia ser um caminho para
sua redação:

Novos modos de relacionamento


A influência da tecnologia no trabalho
pessoal

Inclusão de tecnologia na educação As diferenças geracionais do uso da tecnologia

Diferença de comportamento na vida real e na


A onipresença da internet
digital

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FILMES

Matrix (1999) - Dir.: Lana e Lilly Blade Runner (1982) - Dir.: Ex_Machina: Instinto Artificial
Wachowski Ridley Scott (2014) - Dir.: Alex Garland

Neo é um hacker que descobre a No ano de 2019, uma grande Programador vence concurso
verdade sobre a realidade ao corporação cria clones humanos para passar uma semana na casa
conhecer um grupo rebelde. Eles para trabalhar em colônias fora do CEO da companhia que
mostram a Neo que o mundo e a da Terra. Um ex-policial é trabalha. Lá, descobre que fará
relação dos homens com as chamado para caçar um grupo parte de um experimento
máquinas não é exatamente o de clones que fugiu e se interagindo com o primeiro robô
que ele pensava. escondeu em Los Angeles. de inteligência artificial.

LIVROS

1984 – George Orwell Admirável mundo novo – Eu, Robô – Isaac Asimov
Aldous Huxley
Em uma sociedade sempre em Coletânea de contos que, no
guerra, completamente vigilada O livro conta a história de entanto, se relacionam entre si.
por câmeras e telas, a Bernard Marx, um homem que
O livro discorre sobre a evolução
personagem Winston Smith, um vive em uma sociedade que se dos robôs e a transformação de
homem que trabalha alterando organiza em torno da seu papel na sociedade ao longo
notícias de jornal, pensa supervalorização do do tempo. O último conto – e
secretamente em modos de pensamento científico. Já não há último estágio da evolução dos
burlar a tirania do Estado do mais estruturas familiares: as robôs – mostra a Terra sendo
Grande Irmão, entidade que pessoas são geradas em administrada por 4 máquinas
observa a todos por telas. laboratórios e adestradas para que ditam desde os modos de
exercer seu papel na sociedade, produção até os de consumo.
que se organiza em castas.

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1.3 - Arte e Sociedade


A relação entre arte e sociedade deve ser observada sempre a partir de algumas ideias que temos
sobre arte. Qual o papel atribuímos às obras de arte que norteariam essa relação?

A arte pode ser provocativa. Pode, por exemplo, criticar


movimentos da sociedade contemporânea a ela ou produzir críticas
contra uma pessoa ou governo em especial. A imagem ao lado, por
exemplo, mostra um homem cercado de tecnologia. Ele está com
as mãos amarradas e o corpo atado por fios, segurando um celular.
No rosto, ele tem um aparelho de assistir à realidade virtual. Isso
pode ser lido como uma crítica à sociedade que vivemos, que
deposita expectativas demais na tecnologia e acaba ficando presa
a ela, sem ser capaz de olhar para o real.

Uma obra que busque despertar o senso crítico tem como


objetivo ampliar os horizontes de pensamento, fazendo com que,
muitas vezes, nos questionemos acerca do mundo como ele é. Por
isso, diversos governos autoritários ao longo da história
promoveram censura às artes. Ao longo da história, obras de arte
foram censuradas por diversas razões, mas principalmente dois
conteúdos provocavam maior número de proibições: questões
morais ou críticas diretas ao governo/governante da época.

Algumas obras que tratamos como clássicas sofreram


oposição em sua época. A Capela Sistina de Michelangelo, por
Fonte: Unsplash. Disponível em
exemplo, foi considerada imoral por muitos por apresentar pessoas <https://unsplash.com/photos/uydt8hNz3h
peladas na parede que representava o Juízo Final. Um pupilo de E> Acesso em 04/05/20.
Michelangelo chegou a pintar panos sobre as personagens do
afresco para cobrir seus órgãos genitais. No século XIX, Gustave Courbet teve sua obra “A origem do
mundo”, que representava um órgão sexual feminino proibida de ser exposta e só foi parar nas paredes
dos museus em 1995. Hoje em dia, obras de conteúdo “potencialmente ofensivas” são retiradas das redes
sociais o tempo todo.

A discussão sobre a censura às artes na sociedade é fundamental e você pode acabar


encontrando-a, por exemplo, em uma proposta de redação.

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A arte também já serviu de propaganda e instrumento político de legitimação de governos ao


longo da história. A sustentação de um governo depende não só de suas ações como também de apoio
popular. Esse apoio pode ser construído através da arte e da cultura, usando das bens culturais como
propaganda do governo. Essa mistura entre arte e política foi muito profícua na primeira metade do século
XX, principalmente durante o período das Primeira e Segunda Guerras Mundiais.

Veja dois exemplos abaixo:

Arte Nazista Arte Soviética


Baseada em suas Após a Revolução
interpretações de mundo Russa, em 1917, havia
centradas na eugenia e na uma necessidade de
superioridade da raça ariana, a garantir que a população
arte nazista vendia um mundo apoiasse uma mudança
idílico e clássico. Representava tão brusca de governo. A
a Alemanha como uma nação cultura e as artes
forte. serviram pra por um lado
Diferente da arte de vanguarda do reforçar os ideias da
período, a arte nazista fugia das abstrações e revolução e por outro
representavam o mundo de maneira mais criar um novo movo de fazer arte, com
naturalista. referenciais diferentes dos anteriores.

A escola de arte Bauhaus foi perseguida Havia o incentivo à formação de grupos


pelo regime por se opor ao ideal de arte do como o Proletkult (em português Cultura
regime. Era parte do que eles chamavam de Proletária), com o objetivo de incentivar uma
arte degenerada. literatura de cunho social acessível ao povo.

Intercâmbio entre culturas


Quando se pensa em contato entre culturas diferentes, há algumas questões envolvidas,
principalmente a ideia de Apropriação cultural. Apropriação Cultural acontece quando uma pessoa de
uma cultura hegemônica adota aspectos de uma cultura que não é a sua, usando esses elementos sem a
devida referência. Ela também se caracteriza pelo uso de elementos que eram originalmente fonte de
opressão de um grupo por um outro dominante. Isso pode ocorrer principalmente em contextos de
colonização. Muitas vezes, os grupos colonizadores se apropriam de elementos sem compreender seu
verdadeiro significado cultural. Dentre os elementos mais comuns a terem seus usos questionado,
encontramos acessórios e trajes, símbolos, culinária e expressões artísticas. 1

1
A partir do texto disponível em < https://www.megacurioso.com.br/polemica/98787-20-fatos-para-
voce-entender-o-que-e-apropriacao-cultural.htm > Acesso em 22 dez. 2020.

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PANTERA NEGRA

O filme “Pantera Negra” faz uma discussão importante sobre o assunto, abordando principalmente
uma questão muito contemporânea: a devolução ou não de objetos de museus para seus países de
origem.

Fonte: Instagram Um filme me disse

Muitos dos grandes museus do mundo têm parte de seu acervo fruto de saques. O espólio das
colonizações são entendidas hoje como parte da violência colonialista e países como França e Holanda
têm promovido ações de devolução de obras para seus países de origem. O desafio desses países hoje
é garantir condições de manutenção, exposição e restauro das obras que retornarem, já que um dos
argumentos usados pelas instituições que resistem às devoluções é justamente o risco de deterioração
das peças. Esse assunto não é apenas do passado: na Síria, desde o início da guerra, houve uma grande
quantidade de tráfico ilícito de antiguidades.

Mas qual a problemática envolvida?

O problema não é você individualmente usar algo que acha bonito, mas quando um elemento de
um grupo minoritário é "sequestrado" e passa a ser associado a outro grupo. Quando isso acontece, esse
novo grupo é considerado inovador ou criativo, enquanto o grupo que usava originalmente pode ter sido
marginalizado pelo mesmo elemento. Nos anos 50 nos EUA, por exemplo, o jazz era considerado música
de negros e visto de maneira negativa. Quando músicos brancos começaram a gravar nesse ritmo, o jazz
acabou se tornando uma música considerada refinada. A apropriação cultural, então, é um modo de
reforçar o desequilíbrio social entre pessoas de grupos dominantes e minoritários.

Fonte: Pixabay

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Essencialmente, você deve aprender a diferença entre apropriação, intercâmbio e assimilação


cultural:

Assimilação Cultural
Apropriação Cultural é Intercâmbio Cultural ocorre quando há uma
necessariamente uma ocorre quando diferentes obrigatoriedade por parte
relação de dominação, culturas promovem trocas de povos oprimidos de
opressão. mútuas. performar a cultura de seu
opressor.

Relação entre artistas e poder constituído


Um dos modos de relacionar-se com o poder, para além das críticas sociais ou questionamento de
sistemas é através da cooperação. Uma das principais relações entre artistas e Estado está nas políticas
de apoio às artes. Veja um breve histórico dos aportes financeiros do Estado para artes no Brasil.

Século 19 – A vinda da Corte Real portuguesa para o país deu origem à criação de mecanismos
culturais. Bibliotecas, teatros e casas de ópera começaram a integrar o cenário da colônia, como
acontecia na Europa.
Década de 1930 – governo Getúlio Vargas passou a ver o investimento como forma de propaganda.
Nos 20 anos seguintes, a atuação com caráter privado começou a se consolidar.
Ano de 1986 – Período de redemocratização, criação da Lei Sarney. Considerada pioneira, instituía
mecanismos de incentivo fiscal para atividades artísticas. Foi revogada em 1990, mas substituída
em 1991 pela Lei Federal de Incentivo à Cultura ou apenas Lei Rouanet.

O meio mais utilizado para fomentar o mercado cultural é o mecenato. As pessoas físicas e jurídicas
oferecem recursos que são usados como patrocínio para as realizações. Em troca, é comum que
recebam contrapartidas, como o incentivo fiscal dado pelo governo e outras vantagens.
O fomento cultural também pode surgir por meio de apoio ou parceria, mas nesses casos, não há a
política de incentivo fiscal.
(Disponível em <https://arteemcurso.com/blog/qual-e-a-realidade-do-incentivo-a-cultura-no-brasil/>)

A relação entre arte e Estado, porém, sempre suscita uma série de discussões. Elencamos aqui
algumas das principais questões que podem aparecer na sua prova ou até mesmo na sua redação.

A formação de Quais as
O Estado deveria Como preservamos a
público no Brasil é de consequências da
financiar a cultura e a Cultura e a Arte no
responsabilidade de dependência de
arte? Brasil?
quem? editais?

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2 – Conclusão
Na nossa aula 00, quando falamos sobre a conclusão da redação, citamos as principais estratégias
para escrever uma conclusão. Relembre esses dados:

• A conclusão deve ocupar apenas um parágrafo e ser tão sucinta quanto possível

• Não se deve colocar informações novas. A conclusão é um momento de reflexão, de retomada das
ideias principais, não de apresentação de dados.

Partindo do exemplo da tese “Deve-se iniciar cedo a prática de atividade física, a fim de garantir
uma maior qualidade de vida no futuro”:

Modo de organização Exemplo

Conectivos de conclusão: iniciar as Portanto, deve-se incluir atividades físicas no dia a


orações da conclusão com palavras que dia. Além de promover uma melhoria no aproveitamento
tenham sentido conclusivo possibilita a do tempo no trabalho, atividades físicas também
retomada de ideias. previnem doenças que podem encurtar a expectativa de
vida. Essa percepção faz com que a atividade não seja uma
Perceba que foi feito praticamente obrigação, mas um novo modo de vida.
uma paráfrase dos argumentos.
Reescrever os argumentos é um bom modo
de finalizar seu texto.

Retomada da tese: retomar a ideia Levando-se em consideração estes aspectos,


da tese citando os argumentos é o modo pode-se perceber que de fato a prática de atividades
mais comum de concluir um texto. Se físicas influi em diversas áreas da vida no dia a dia. Ao
estiver com dificuldade de criar uma mesmo tempo que é importante para a saúde, auxilia no
conclusão, esta é a maneira mais segura. trabalho (argumento principal) e na socialização com a
família e amigos (argumentos secundários). Incluindo-a
nos pequenos gestos do cotidiano, pode-se driblar a falta
de tempo da vida moderna (contra-argumento) e realizar
uma mudança de vida benéfica.

Antes de entrarmos nos exercícios em si, vamos pensar na ideia de progressão de texto.

A progressão do texto é o modo como um texto se constrói de maneira que as informações se


conversem, ou seja, que elas estejam ligadas. Um texto não pode se construir apenas de frases soltas,
dispostas de maneira aleatória. Nas próximas aulas, veremos sobre coesão e coerência. Por ora, vamos
nos preocupar apenas com a ordem em que as informações são dispostas no texto.

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Contextualização

Tese
Comprovada
principalmente por esse
Argumento 1 argumento

Retomado
imediatamente na Argumento 2
conclusão e preparando
para a finalização com o
argumento principal. Conclusão com:

Retomada do Argumento 2

Retomada do Argumento 1.

Para que um texto progrida, ele precisa trazer um tanto de novidade e um tanto de repetição. O
que isso quer dizer que o texto deve trazer informações novas e remeter-se a algo dito anteriormente.

O desenvolvimento é o momento da novidade: você deve trazer argumentos diferentes daquilo


que está na introdução para comprovar sua ideia.

A conclusão é o momento da repetição: você deve retomar o que foi dito antes, para reforçar sua
ideia. Esse é o momento de fazer uma paráfrase dos seus argumentos. Lembre-se o que é uma paráfrase
e estratégias para fazê-la:

A paráfrase é uma reescrita do texto. Ocorre quando um autor reescreve, com suas próprias
palavras, o texto de outro, mantendo o sentido original. Veja um:

Texto Original Paráfrase

Comprar por impulso e se livrar de bens que já


não são atraentes, substituindo-os por outros Ser completo enquanto consumidor significa
mais vistosos, são nossas emoções mais ser completo na vida. As sensações que mais
estimulantes. Completude de consumidor nos estimulam vêm da compra por impulso e
significa completude na vida. de livrar-nos de coisas menos atrativas,
trocando-as por outras mais interessantes.
(Zygmunt Bauman. A riqueza de poucos beneficia todos
nós?, 2015. Adaptado.)

Observe as possíveis estratégias utilizadas aqui para criar a paráfrase:

• Inversão da ordem das informações – inverter os períodos ou a ordem das orações ajuda a
diferenciar os textos.

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• Sinônimos – trocar palavras por outras de sentido equivalente é um modo de reescrever sem perder
o sentido original. Ex.: “atraente” é substituído por “atrativas” na paráfrase. Termos genéricos
(como a palavra “interessante” que utilizamos na nossa paráfrase, por exemplo) também
funcionam.

• Troca de classes gramaticais – muitas vezes, o mesmo radical pode dar origem a palavras de
diferentes classes gramaticais. O radical “estimul-“, por exemplo, gera as palavras “estimulantes” e
“estimulam”, respectivamente, adjetivo e verbo.

Apenas mudar a ordem dos termos do texto não configura paráfrase.


Você precisa reescrever.

2.1 – Conectivos de conclusão


Conclusivas: Relacionam pensamentos em que o segundo conclui o primeiro.

A conjunção “pois” se emprega entre vírgulas.

Ex.: consequentemente, logo, pois, por conseguinte, portanto.

O carro quebrou; logo, não podemos viajar.

Você está atrasado; deve, pois, pedir desculpas.

Veja na tabela abaixo uma lista de conectivos de conclusão com exemplos de uso:

Assim, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho


(argumento secundário), atividades físicas também previnem doenças que podem
assim
encurtar a expectativa de vida (argumento principal). Essa percepção faz com que a
atividade não seja uma obrigação, mas um novo modo de vida (tese).

Assim sendo, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no


assim sendo
trabalho (...)

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Dessa forma, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no


dessa forma
trabalho (...)

dessa Dessa maneira, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no


maneira trabalho (...)

Desse modo, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no


desse modo
trabalho (...)

Em resumo, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho


em resumo
(...)

Em síntese, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho


em síntese
(...)

Em suma, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho


em suma
(...)

enfim Enfim, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...)

logo Logo, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...)

nesse Nesse sentido, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no


sentido trabalho (...)

Portanto, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho


portanto
(...)

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Muitos alunos têm dúvida quando o assunto é a famosa proposta de intervenção. Estamos
acostumados a ouvir falar de redação sempre tendo o ENEM como referência, então é normal que essa
confusão ocorra. A proposta de intervenção é obrigatória na prova do ENEM, mas não em outras provas.
Como identificar então quando você deve ou não a fazer?

Uma proposta de intervenção nada mais é do que uma sugestão de solução para o problema
apresentado. Por vezes, a solução não é total, mas apenas uma ideia de como amenizar o problema. Não
é seu ponto de vista, mas sim uma proposta prática: o que de fato pode ser feito no mundo quanto ao
problema levantado. Ela deve ser utilizada quando a proposta da redação assim o exigir. Você reconhece
a necessidade quando o tema faz escolhas lexicais como as a seguir:

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Como resolver o problema de (...)

De que modo fazer com que (...)

Medidas para (...)

Modos de (...)

Por vezes, não aparecerão essas expressões de maneira explícita. Pense, por exemplo, uma
redação que o tema fosse “O conflito pode ser evitado”, que apareceu no Colégio Naval em 2019. Está
implícita a ideia de que você deve, em sua redação, responder “Como o conflito pode ser evitado?”. É
diferente, por exemplo, de uma proposta como a da AFA de 2020, que era “Qual, para você, seria a palavra
do ano 2019”. Nesse caso, não há proposta de intervenção possível: você deve apenas apontar qual a
palavra que você escolheria e defender sua escolha. Não há nenhuma questão a ser solucionada aqui.

A proposta nada mais é que uma demonstração do seu posicionamento enquanto cidadão, de
maneira crítica e reflexiva. Para isso, se pergunte:

O que deve ser feito?

Quem deve fazer?

Como deve fazer?

Para que fim?

DICA: sempre que for buscar responsáveis para resolve um problema, pense em três instâncias:

- Estado: leis, políticas públicas, políticos etc.

- Sociedade: família, instituições de ensino, empresários, cidadãos de modo geral etc.

- Indivíduos: as pessoas diretamente envolvidas com o problema em questão. Por exemplo: em questões
de saúde, os profissionais da área; em questões de educação, professores e pedagogos etc.

Se você abordar essas três instâncias na sua proposta de intervenção, ela ficará completa e
abrangente. Lembre-se que o principal risco de uma proposta de intervenção é que ela fique rasa ou
proponha soluções fáceis/sem materialidade.

2.2 – Análise de redação


Na sua prova, a menos que seja expressamente pedido que haja uma intervenção, você
deve preferir fazer uma redação que simplesmente retome os argumentos expostos. Veja um
exemplo desse tipo de conclusão

AULA 05 – REDAÇÃO 16
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Argumento 1
Argumento 2
Conclusão

2.3 – Exercícios: Conclusão


Na aula de hoje vamos fazer uma dinâmica um pouco diferente do que temos feito. Você
encontrará aqui redações prontas, apenas sem conclusão. Seu objetivo é ler a redação, identificar os
argumentos de cada uma e escrever uma redação que retome os argumentos e a tese.

Vamos lá?

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Proposta
Todas as redações aqui selecionadas se referem a uma mesma proposta: FUVEST 2010, cujos
textos de apoio eram:

Um mundo por imagens

A imaginação simbólica é sempre um fator Ao invés de nos relacionarmos diretamente


de equilíbrio. O símbolo é concebido como uma com a realidade, dependemos cada vez mais de
síntese equilibradora, por meio da qual a alma dos uma vasta gama de informações, que nos
indivíduos oferece soluções apaziguadoras aos alcançam com mais poder, facilidade e rapidez. É
problemas. como se ficássemos suspensos entre a realidade
da vida diária e sua representação.

Tânia Pellegrini. Adaptado.


Gilbert Durand

Na civilização em que se vive hoje, constroem-se imagens, as mais diversas, sobre os mais variados
aspectos; constroem-se imagens, por exemplo, sobre pessoas, fatos, livros, instituições e situações.

No cotidiano, é comum substituir-se o real imediato por essas imagens.

Dentre as possibilidades de construção de imagens enumeradas acima, em negrito, escolha apenas


uma, como tema de seu texto, e redija uma dissertação em prosa, lançando mão de argumentos e
informações que deem consistência a seu ponto de vista.

AULA 05 – REDAÇÃO 18
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I.

TESE:

ARGUMENTOS:

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CONCLUSÃO:

II.

AULA 05 – REDAÇÃO 20
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TESE:

ARGUMENTOS:

CONCLUSÃO:

III.

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TESE:

ARGUMENTOS:

CONCLUSÃO:

IV.

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TESE:

ARGUMENTOS:

CONCLUSÃO:

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Comentários

I. Sem limites

Essa redação se desenvolveu em torno da ideia de que imagens, mais do que simplesmente
entreter, são capazes de mudar situações vigentes, podendo mesmo trazer esperança em situações
difíceis.

Os argumentos são primeiro baseados em filmes em que a criação de imagens e fuga À realidade
possibilitou a sobrevivência em um ambiente hostil. Depois, utiliza-se a citação de Martin Luther King
(“Eu tenho um sonho”) para mostrar que uma imagem triste também pode mudar a realidade. Após o
discurso de esperança e a morte de King, há uma diminuição da violência contra os negros nos EUA.

A conclusão original da redação foi:

II. Questão de sobrevivência

Essa redação se desenvolveu em torno da ideia de que criamos imagens para tornar o mundo
mais bonito do que ele realmente é.

Os argumentos são: como tudo é muito breve e efêmero no mundo, criamos imagens para
tentar aproveitar e fixar os momentos; pessoas sofrendo com a desigualdade social também criam
imagens para tentar tornar sua realidade menos penosa; cada pessoa cria imagens de acordo com suas
próprias concepções de mundo e contextos.

A conclusão original da redação foi:

AULA 05 – REDAÇÃO 24
Prof.ª Celina Gil

III. Fatos: símbolos na memória

Essa redação se desenvolveu em torno da ideia de que os fatos em si pouco importam. Mais
importantes são suas consequências a partir das representações e símbolos obre ele.

Os argumentos são: o primeiro, sobre como um evento do passado pode ser compreendido no
futuro de acordo com os anseios de seu tempo (sobre como entendemos o Quilombo dos Palmares de
maneira diferente do que ele era entendido então); o segundo, sobre como em cada contexto, mesmo
no presente, produz imagens diferentes sobre a mesma pessoa ou situação (a partir do exemplo do
caso Cesare Battisti).

A conclusão da redação original foi:

IV. Simbolizar o passado, descobrir o presente

Essa redação se desenvolveu em torno da ideia de que a manipulação de imagens é capaz de


transformar as pessoas, dando-lhes status diferentes do que na vida real.

Os argumentos partem de exemplos da história brasileira: um para mostrar como uma imagem
pode mudar o significado de algum evento ou processo histórico (o grito da independência); o outro,
demonstrando como a atuação de pessoas pode ser ressignificada posteriormente através das imagens.
Assim, sua conclusão deveria abordar esses assuntos, reescrevendo-os.

A conclusão original da redação foi:

AULA 05 – REDAÇÃO 25
Prof.ª Celina Gil

3 - Propostas
(ESA – 2016)
Com o aumento das doações de órgãos, a lista de pessoas que esperam por um transplante - que
em 2008 era de 64.774 - agora é de 37.336 pessoas. Disparada em primeiro lugar está a lista de espera de
pacientes com doença renal crônica (24.687 pessoas). Em seguida vêm as pessoas que necessitam de
transplante de fígado (2.063) e de rim e pâncreas (648 pacientes). O desafio não está apenas em obter o
consentimento das famílias. A saúde pública precisa estar apta para captar os órgãos.

Disponível em: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-doacao-de-orgaos-avanca-imp-,1568331. Acesso em:


05/04/2017. (Com adaptações)

Elabore um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “Desafios da doação de órgãos no


Brasil”. Para isso, reflita sobre as principais dificuldades que envolvem o processo de doação: tomada de
decisão das famílias, infraestrutura de hospitais e de equipes de captação e distribuição.

(INÉDITA)
“As mulheres ainda foram maioria nos cuidados com a casa: 145,1 milhões de pessoas com 14
anos ou mais de idade realizaram afazeres domésticos no ano passado, sendo 68 milhões de homens e
82,1 milhões de mulheres.

"Há um fenômeno estrutural, que é as mulheres fazerem mais afazeres domésticos que os
homens. A taxa de participação dos homens até vem caminhando um pouco no sentido de melhorar, mas
ainda é um problema estrutural no nosso País", explicou Aguas.”

Por Daniela Amorim. Trecho disponível em: <https://www.terra.com.br/economia/ibge-mulheres-trabalham-


quase-o-dobro-de-horas-que-homens-nos-cuidados-da-casa-e-
parentes,2fc7106b3e9eef04f93d50ff83885bf2xcbjucbu.html> Acesso em 10 set. 2019.

Elabore um texto dissertativo-argumentativo, com no mínimo 20 (vinte) e no máximo 30 (trinta)


linhas, refletindo sobre a persistência da desigualdade de gênero no Brasil do século XXI.

Estratégia Militares - 2020


TEXTO 1

A valorização da música e a desvalorização do músico

A pandemia do Covid-19 expõe a vulnerabilidade do trabalho musical pós-digital

Nas respostas à crise do coronavírus, a música tem sido uma das principais protagonistas. Nas
varandas, nas lives no Instagram e no Facebook, nas manifestações encabeçadas por celebridades a favor
do isolamento social, nos festivais virtuais independentes ou patrocinados, só dá ela. A música até nos
pareceu uma resposta natural ao momento necessário de coletividade, união e conscientização, afinal

AULA 05 – REDAÇÃO 26
Prof.ª Celina Gil

"music makes the people come together", já cantava a bola a hitmaker Madonna na virada do milênio
(em "Music", 2000).

Públicos, cativos ou não, encontraram na música uma distração para a árdua tarefa de ficar em
casa, fazer parte da construção de barreiras para frear a transmissão do vírus e aplacar a angústia que traz
a falta de respostas governamentais efetivas para evitar o colapso econômico que se anuncia. Sem
dúvidas, como muitos colegas críticos de música têm celebrado, são lindas e louváveis as iniciativas de
músicos e produtores que vêm disponibilizando seu tempo e seu trabalho (frise-se!) para shows virtuais
cem porcento na faixa. Porém, é nesse trabalho, que agora se espera gratuito, que residem questões
profundas e complexas que devem ser postas.

Fazer música, nesta crise humanitária, converteu-se em um sinal de altruísmo, de doação. O artista
que não quiser/puder entrar nessa onda de shows gratuitos pode até mesmo ser considerado pouco
empático à situação — leitura, inclusive, que já podemos observar em comentários direcionados a
determinados artistas nas redes sociais. Essa cobrança e até mesmo queixa que têm assolado alguns
artistas mostra que o público, muitas vezes, está alheio a tudo o que pode envolver o fazer música ao vivo
e online, como direitos autorais, cinegrafistas, editores, qualidade de equipamentos de imagem e som
etc. A falta de empatia, para usar o termo do momento, talvez resida em querer de graça a única coisa
que tais artistas têm a nos oferecer: seus shows, suas vozes e suas canções.

Quem paga a conta dos músicos? Aplausos, visualizações e curtidas virtuais, via de regra, não
enchem os bolsos do artista nem de toda a cadeia produtiva que está por trás de uma canção gravada,
composta ou apresentada (destaquemos aqui a extensa rede de produtores, instrumentistas,
compositores, técnicos de som etc.). Embora, em editais e em negociações com casas de espetáculos, o
alcance virtual de determinado artista tem contado como um importante argumento para sua
contratação, na nova configuração da produção musical independente, é nos shows que a grande maioria
dos artistas ganha o seu pão, como o sociólogo Thiago Galletta já apontou em "Cena Musical Paulistana
dos Anos 2000: a Música 'Brasileira' Pós-Internet'" (2015).

Uma vez que todos os shows, com toda a razão, foram suspensos para auxiliar no controle da
pandemia do Covid-19, de onde virá o sustento desses músicos que estão por aí sendo intimados a
disponibilizarem seu trabalho como se fossem voluntários em uma espécie de Músicos Sem Fronteiras?
O atual desamparo ao qual a classe artística musical está submetida só expõe a fragilidade, a precariedade
e a vulnerabilidade do trabalho musical no Brasil nos últimos anos.

(Disponível em: <https://medium.com/revista-bravo/avaloriza%C3%A7%C3%A3o-da-m%C3%BAsica-e-


adesvaloriza%C3%A7%C3%A3o-do-m%C3%BAsicoc5d409008fd3> Acesso em 15 abr. 2020)

TEXTO 2

AULA 05 – REDAÇÃO 27
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TEXTO 3

Tempo e Artista
Chico Buarque
Imagino o artista num anfiteatro
Onde o tempo é a grande estrela
Vejo o tempo obrar a sua arte
Tendo o mesmo artista como tela

Modelando o artista ao seu feitio


O tempo, com seu lápis impreciso
Põe-lhe rugas ao redor da boca
Como contrapesos de um sorriso

Já vestindo a pele do artista


O tempo arrebata-lhe a garganta
O velho cantor subindo ao palco
Apenas abre a voz, e o tempo canta

Dança o tempo sem cessar, montando


O dorso do exausto bailarino
Trêmulo, o ator recita um drama
Que ainda está por ser escrito

No anfiteatro, sob o céu de estrelas


Um concerto eu imagino
Onde, num relance, o tempo alcance a glória
E o artista, o infinito

(Disponível em: https://www.letras.mus.br/chico-buarque/86064/ Acesso em 15 abr. 2020)

Com base nos textos da prova de Língua Portuguesa, bem como no seu conhecimento de mundo,
escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre o seguinte questionamento:

O papel da arte e imagem do artista no contemporâneo.

AULA 05 – REDAÇÃO 28
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(INÉDITA)
Com base na coletânea que segue abaixo, escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa,
sobre:

Os novos arranjos familiares no século XXI

TEXTO 1

TEXTO 2

Por que temos filhos?

A pergunta do título comporta vários níveis de resposta. No plano biológico, a reprodução é um


imperativo, fazendo parte de várias das definições de vida. Mas a biologia é só parte da história. A
paternidade também encerra dimensões culturais, econômicas e emocionais.

Inspirado em “Anti-Pluralism”, de William Galston, arrisco algumas reflexões sobre a matéria.

Até o começo do século 19, filhos eram um ativo econômico. Ajudavam desde cedo com o trabalho
doméstico, colaborando para o bem-estar da família, e ainda faziam as vezes de plano de aposentadoria
para os pais.

AULA 05 – REDAÇÃO 29
Prof.ª Celina Gil

Hoje, contudo, crianças ficaram caras. E, para piorar, elas demoram muito até começar a trazer
contribuições econômicas. Como observa Galston, no espaço de dois séculos, a criação de filhos deixou
de ser um bem privado para tornar-se um bem público.

Embora a paternidade possa trazer recompensas emocionais, do ponto de vista estritamente


econômico, ela favorece a sociedade como um todo, enquanto a maior parte dos custos recai sobre os
genitores.

E por que crianças beneficiam a sociedade? A crer na análise de economistas como Julian Simon,
riqueza são pessoas. Quanto mais gente, melhor, já que são indivíduos que têm ideias (além de consumir
produtos) e são as novas ideias que vêm assegurando o brutal aumento de produtividade a que assistimos
nos últimos 200 anos.

E isso nos coloca diante de um dos grandes dilemas dos tempos modernos. Para assegurar a
sustentabilidade da exploração dos recursos naturais do planeta, precisaríamos estabilizar ou até reduzir
a população. Só que fazê-lo é uma espécie de suicídio econômico, já que ficaria muito difícil manter taxas
positivas de crescimento, sem as quais instituições como previdência e até democracia representativa
podem entrar em colapso.

(Hélio Schwartsman. Folha de S.Paulo. Adaptado)

Considerações Finais
Não deixe de produzir as redações e enviá-las para correção. É muito importante que você não
acumule redações para a última hora, pois não teremos tempo para corrigir.

Na próxima aula, vamos nos aprofundar ainda mais no estudo de coesão e coerência, pensando
também alguns aspectos gramaticais.
Qualquer dúvida estamos à disposição no fórum ou nas redes sociais.

Prof.ª Celina Gil

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AULA 05 – REDAÇÃO 30

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