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REDAÇÃO
AULA 05
Conclusão
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Prof.ª Celina Gil
Sumário
Apresentação 3
1 - Repertório de redação 4
2 – Conclusão 12
2.1 – Conectivos de conclusão 14
2.2 – Análise de redação 16
2.3 – Exercícios: Conclusão 17
3 - Propostas 26
Considerações Finais 37
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Apresentação
Olá!
conclusão; e
- Prática de redação.
1 - Análise social
Apontamentos acerca de assuntos ligados ao contemporâneo.
Esses apontamentos têm o objetivo de fortalecer seu repertório e auxiliar na
elaboração de argumentos.
3- Produção textual
Análise de redações/trechos de redações e/ou exemplo de produção textual.
Propostas de redação inéditas para serem executadas pelo aluno.
Vamos lá?
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1 - Repertório de redação
Para nosso repertório de hoje, separamos alguns assuntos que tem a ver com arte, cultura
e tecnologia. Esses são temas frequentes em sua prova e saber um pouco mais sobre eles pode
ajudar você a encontrar repertório para suas redações.
Tópicos
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número maior de pessoas. Outra vantagem é que incentiva trabalhos não comerciais, já que incentiva o
acesso às ferramentas de produção cultural. No nosso contexto contemporâneo, que lida com a internet,
podemos pensar essa tensão entre alienação e tomada dos meios de produção cultural de maneira mais
ampla. Podemos pensar desde as novas profissões da internet – como youtubers – até a facilidade de
criação e disseminação de notícias falsas no contemporâneo (ambos temas importantes para a realidade
brasileira).
FILMES
O Show de Truman (1998) Dir.: Birdman (2014) Dir.: Alejandro Yesterday (2019) Dir.: Danny
Peter Weir G. Iñárritu Boyle
Em 1927, um grupo de atores e Dois funcionários de uma O filme mostra uma série de
uma produtora cinematográfica locadora acidentalmente pequenas histórias acerca da
enfrentam a difícil transição do apagam todos as fitas-cassetes era de ouro do rádio, na
cinema mudo para o falado. O do lugar. Para não sofrerem a primeira metade do século XX.
filme lida com questões de represália do chefe, eles Destaque para a passagem da
mercado e arte dentro da regravam todos os filmes de suposta invasão alienígena
indústria cinematográfica. maneira amadora e transmitida pelo rádio.
improvisada.
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1.2 - Tecnologia
Essencialmente, o que norteia a discussão acerca dessa relação é a tentativa de tentar
responder à pergunta: a tecnologia traz mais benefícios ou mais malefícios para o homem.
Ao longo do tempo, vivemos sob a ideia de que o progresso cientifico e tecnológico sempre
levaria à evolução, ou seja, seríamos melhores na medida em que tivéssemos uma sociedade mais
tecnológica. De fato, a tecnologia foi capaz de melhorar nossa vida e facilitar nossas ações
cotidianas. Desde ações pequenas – como a possibilidade não precisar lavar a roupa à mão, pois
há uma máquina – até maiores – como as viagens de avião ou a invenção de máquinas que
auxiliam em tratamentos médicos.
A tecnologia, porém, não foi capaz de solucionar alguns problemas essenciais aos seres
humanos: a igualdade não foi alcançada, não fomos capazes de eliminar a pobreza e ainda
passamos por momentos de guerra e conflito intenso. Muitas vezes, inclusive, a tecnologia parece
estar no centro de diversos desses problemas. Muita tecnologia, por exemplo, surge de pesquisas
voltadas para a guerra, e as grandes corporações parecem muitas vezes incentivar a desigualdade
social e lucrar com ela. Cabe sempre pensar como a tecnologia se insere na lógica de mercado,
não eliminando as desigualdades, mas aprofundando-as.
O questionamento que fica é:
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FILMES
Matrix (1999) - Dir.: Lana e Lilly Blade Runner (1982) - Dir.: Ex_Machina: Instinto Artificial
Wachowski Ridley Scott (2014) - Dir.: Alex Garland
Neo é um hacker que descobre a No ano de 2019, uma grande Programador vence concurso
verdade sobre a realidade ao corporação cria clones humanos para passar uma semana na casa
conhecer um grupo rebelde. Eles para trabalhar em colônias fora do CEO da companhia que
mostram a Neo que o mundo e a da Terra. Um ex-policial é trabalha. Lá, descobre que fará
relação dos homens com as chamado para caçar um grupo parte de um experimento
máquinas não é exatamente o de clones que fugiu e se interagindo com o primeiro robô
que ele pensava. escondeu em Los Angeles. de inteligência artificial.
LIVROS
1984 – George Orwell Admirável mundo novo – Eu, Robô – Isaac Asimov
Em uma sociedade sempre em Aldous Huxley
Coletânea de contos que, no
guerra, completamente vigilada O livro conta a história de entanto, se relacionam entre si.
por câmeras e telas, a Bernard Marx, um homem que O livro discorre sobre a evolução
personagem Winston Smith, um vive em uma sociedade que se dos robôs e a transformação de
homem que trabalha alterando organiza em torno da seu papel na sociedade ao longo
notícias de jornal, pensa supervalorização do do tempo. O último conto – e
secretamente em modos de pensamento científico. Já não há último estágio da evolução dos
burlar a tirania do Estado do mais estruturas familiares: as robôs – mostra a Terra sendo
Grande Irmão, entidade que pessoas são geradas em administrada por 4 máquinas
observa a todos por telas. laboratórios e adestradas para que ditam desde os modos de
exercer seu papel na sociedade, produção até os de consumo.
que se organiza em castas.
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FIQUE
ATENTO!
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1
A partir do texto disponível em < https://www.megacurioso.com.br/polemica/98787-20-fatos-para-
voce-entender-o-que-e-apropriacao-cultural.htm > Acesso em 22 dez. 2020.
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PANTERA NEGRA
O filme “Pantera Negra” faz uma discussão importante sobre o assunto, abordando principalmente
uma questão muito contemporânea: a devolução ou não de objetos de museus para seus países de
origem.
Muitos dos grandes museus do mundo têm parte de seu acervo fruto de saques. O espólio das
colonizações são entendidas hoje como parte da violência colonialista e países como França e Holanda
têm promovido ações de devolução de obras para seus países de origem. O desafio desses países hoje
é garantir condições de manutenção, exposição e restauro das obras que retornarem, já que um dos
argumentos usados pelas instituições que resistem às devoluções é justamente o risco de deterioração
das peças. Esse assunto não é apenas do passado: na Síria, desde o início da guerra, houve uma grande
quantidade de tráfico ilícito de antiguidades.
O problema não é você individualmente usar algo que acha bonito, mas quando um elemento de
um grupo minoritário é "sequestrado" e passa a ser associado a outro grupo. Quando isso acontece, esse
novo grupo é considerado inovador ou criativo, enquanto o grupo que usava originalmente pode ter sido
marginalizado pelo mesmo elemento. Nos anos 50 nos EUA, por exemplo, o jazz era considerado música
de negros e visto de maneira negativa. Quando músicos brancos começaram a gravar nesse ritmo, o jazz
acabou se tornando uma música considerada refinada. A apropriação cultural, então, é um modo de
reforçar o desequilíbrio social entre pessoas de grupos dominantes e minoritários.
Fonte: Pixabay
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Assimilação Cultural
Apropriação Cultural é Intercâmbio Cultural ocorre quando há uma
necessariamente uma ocorre quando diferentes obrigatoriedade por parte
relação de dominação, culturas promovem trocas de povos oprimidos de
opressão. mútuas. performar a cultura de seu
opressor.
Século 19 – A vinda da Corte Real portuguesa para o país deu origem à criação de mecanismos
culturais. Bibliotecas, teatros e casas de ópera começaram a integrar o cenário da colônia, como
acontecia na Europa.
Década de 1930 – governo Getúlio Vargas passou a ver o investimento como forma de propaganda.
Nos 20 anos seguintes, a atuação com caráter privado começou a se consolidar.
Ano de 1986 – Período de redemocratização, criação da Lei Sarney. Considerada pioneira, instituía
mecanismos de incentivo fiscal para atividades artísticas. Foi revogada em 1990, mas substituída
em 1991 pela Lei Federal de Incentivo à Cultura ou apenas Lei Rouanet.
O meio mais utilizado para fomentar o mercado cultural é o mecenato. As pessoas físicas e jurídicas
oferecem recursos que são usados como patrocínio para as realizações. Em troca, é comum que
recebam contrapartidas, como o incentivo fiscal dado pelo governo e outras vantagens.
O fomento cultural também pode surgir por meio de apoio ou parceria, mas nesses casos, não há a
política de incentivo fiscal.
(Disponível em <https://arteemcurso.com/blog/qual-e-a-realidade-do-incentivo-a-cultura-no-brasil/>)
A relação entre arte e Estado, porém, sempre suscita uma série de discussões. Elencamos aqui
algumas das principais questões que podem aparecer na sua prova ou até mesmo na sua redação.
A formação de Quais as
O Estado deveria Como preservamos a
público no Brasil é de consequências da
financiar a cultura e a Cultura e a Arte no
responsabilidade de dependência de
arte? Brasil?
quem? editais?
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2 – Conclusão
Na nossa aula 00, quando falamos sobre a conclusão da redação, citamos as principais estratégias
para escrever uma conclusão. Relembre esses dados:
• A conclusão deve ocupar apenas um parágrafo e ser tão sucinta quanto possível
• Não se deve colocar informações novas. A conclusão é um momento de reflexão, de retomada das
ideias principais, não de apresentação de dados.
Partindo do exemplo da tese “Deve-se iniciar cedo a prática de atividade física, a fim de garantir
uma maior qualidade de vida no futuro”:
Antes de entrarmos nos exercícios em si, vamos pensar na ideia de progressão de texto.
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Contextualização
Tese
Comprovada
principalmente por esse
Argumento 1 argumento
Retomado
imediatamente na Argumento 2
conclusão e preparando
para a finalização com o
argumento principal. Conclusão com:
Retomada do Argumento 2
Retomada do Argumento 1.
Para que um texto progrida, ele precisa trazer um tanto de novidade e um tanto de repetição. O
que isso quer dizer que o texto deve trazer informações novas e remeter-se a algo dito anteriormente.
A conclusão é o momento da repetição: você deve retomar o que foi dito antes, para reforçar sua
ideia. Esse é o momento de fazer uma paráfrase dos seus argumentos. Lembre-se o que é uma paráfrase
e estratégias para fazê-la:
A paráfrase é uma reescrita do texto. Ocorre quando um autor reescreve, com suas próprias
palavras, o texto de outro, mantendo o sentido original. Veja um:
• Inversão da ordem das informações – inverter os períodos ou a ordem das orações ajuda a
diferenciar os textos.
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• Sinônimos – trocar palavras por outras de sentido equivalente é um modo de reescrever sem perder
o sentido original. Ex.: “atraente” é substituído por “atrativas” na paráfrase. Termos genéricos
(como a palavra “interessante” que utilizamos na nossa paráfrase, por exemplo) também
funcionam.
• Troca de classes gramaticais – muitas vezes, o mesmo radical pode dar origem a palavras de
diferentes classes gramaticais. O radical “estimul-“, por exemplo, gera as palavras “estimulantes” e
“estimulam”, respectivamente, adjetivo e verbo.
Veja na tabela abaixo uma lista de conectivos de conclusão com exemplos de uso:
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enfim Enfim, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...)
logo Logo, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...)
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Muitos alunos têm dúvida quando o assunto é a famosa proposta de intervenção. Estamos
acostumados a ouvir falar de redação sempre tendo o ENEM como referência, então é normal que essa
confusão ocorra. A proposta de intervenção é obrigatória na prova do ENEM, mas não em outras provas.
Como identificar então quando você deve ou não a fazer?
Uma proposta de intervenção nada mais é do que uma sugestão de solução para o problema
apresentado. Por vezes, a solução não é total, mas apenas uma ideia de como amenizar o problema. Não
é seu ponto de vista, mas sim uma proposta prática: o que de fato pode ser feito no mundo quanto ao
problema levantado. Ela deve ser utilizada quando a proposta da redação assim o exigir. Você reconhece
a necessidade quando o tema faz escolhas lexicais como as a seguir:
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Modos de (...)
Por vezes, não aparecerão essas expressões de maneira explícita. Pense, por exemplo, uma
redação que o tema fosse “O conflito pode ser evitado”, que apareceu no Colégio Naval em 2019. Está
implícita a ideia de que você deve, em sua redação, responder “Como o conflito pode ser evitado?”. É
diferente, por exemplo, de uma proposta como a da AFA de 2020, que era “Qual, para você, seria a palavra
do ano 2019”. Nesse caso, não há proposta de intervenção possível: você deve apenas apontar qual a
palavra que você escolheria e defender sua escolha. Não há nenhuma questão a ser solucionada aqui.
A proposta nada mais é que uma demonstração do seu posicionamento enquanto cidadão, de
maneira crítica e reflexiva. Para isso, se pergunte:
DICA: sempre que for buscar responsáveis para resolve um problema, pense em três instâncias:
- Indivíduos: as pessoas diretamente envolvidas com o problema em questão. Por exemplo: em questões
de saúde, os profissionais da área; em questões de educação, professores e pedagogos etc.
Se você abordar essas três instâncias na sua proposta de intervenção, ela ficará completa e
abrangente. Lembre-se que o principal risco de uma proposta de intervenção é que ela fique rasa ou
proponha soluções fáceis/sem materialidade.
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Argumento 1
Argumento 2
Conclusão
Vamos lá?
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Proposta
Todas as redações aqui selecionadas se referem a uma mesma proposta: FUVEST 2010, cujos
textos de apoio eram:
Na civilização em que se vive hoje, constroem-se imagens, as mais diversas, sobre os mais variados
aspectos; constroem-se imagens, por exemplo, sobre pessoas, fatos, livros, instituições e situações.
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I.
TESE:
ARGUMENTOS:
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CONCLUSÃO:
II.
AULA 05 – REDAÇÃO 20
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TESE:
ARGUMENTOS:
CONCLUSÃO:
III.
AULA 05 – REDAÇÃO 21
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TESE:
ARGUMENTOS:
CONCLUSÃO:
IV.
AULA 05 – REDAÇÃO 22
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TESE:
ARGUMENTOS:
CONCLUSÃO:
AULA 05 – REDAÇÃO 23
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Comentários
I. Sem limites
Essa redação se desenvolveu em torno da ideia de que imagens, mais do que simplesmente
entreter, são capazes de mudar situações vigentes, podendo mesmo trazer esperança em situações
difíceis.
Os argumentos são primeiro baseados em filmes em que a criação de imagens e fuga À realidade
possibilitou a sobrevivência em um ambiente hostil. Depois, utiliza-se a citação de Martin Luther King
(“Eu tenho um sonho”) para mostrar que uma imagem triste também pode mudar a realidade. Após o
discurso de esperança e a morte de King, há uma diminuição da violência contra os negros nos EUA.
Essa redação se desenvolveu em torno da ideia de que criamos imagens para tornar o mundo
mais bonito do que ele realmente é.
Os argumentos são: como tudo é muito breve e efêmero no mundo, criamos imagens para
tentar aproveitar e fixar os momentos; pessoas sofrendo com a desigualdade social também criam
imagens para tentar tornar sua realidade menos penosa; cada pessoa cria imagens de acordo com suas
próprias concepções de mundo e contextos.
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Essa redação se desenvolveu em torno da ideia de que os fatos em si pouco importam. Mais
importantes são suas consequências a partir das representações e símbolos obre ele.
Os argumentos são: o primeiro, sobre como um evento do passado pode ser compreendido no
futuro de acordo com os anseios de seu tempo (sobre como entendemos o Quilombo dos Palmares de
maneira diferente do que ele era entendido então); o segundo, sobre como em cada contexto, mesmo
no presente, produz imagens diferentes sobre a mesma pessoa ou situação (a partir do exemplo do
caso Cesare Battisti).
Os argumentos partem de exemplos da história brasileira: um para mostrar como uma imagem
pode mudar o significado de algum evento ou processo histórico (o grito da independência); o outro,
demonstrando como a atuação de pessoas pode ser ressignificada posteriormente através das imagens.
Assim, sua conclusão deveria abordar esses assuntos, reescrevendo-os.
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3 - Propostas
(AFA – 2016)
Com base nos textos lidos e analisados, contidos na prova de Língua Portuguesa, e na coletânea
que segue abaixo, escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre:
A realidade da vida nas favelas e a maneira como são apresentadas atualmente para o mundo.
TEXTOS DA PROVA
TEXTO I
Quarto de Despejo
2 de MAIO de 1958. Eu não sou indolente. Há tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava
que não tinha valor e achei que era perder tempo.
...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheço com mais atenção. Quero enviar
sorriso amavel as crianças e aos operarios.
...Recebi intimação para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel.
A noite os meus pés doiam tanto que eu não podia andar. Começou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o
José Carlos. A intimação era para ele. O José Carlos tem 9 anos.
3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas
ficou sem efeito, porque eu não tenho gordura. Os meninos estão nervosos por não ter o que comer.
6 de MAIO. De manhã não fui buscar agua. Mandei o João carregar. Eu estava contente. Recebi outra
intimação. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas
quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12ª Delegacia.
...o que eu aviso aos pretendentes a política, é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome
para saber descrevê-la.
9 de MAIO. Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: Faz de conta que estou sonhando.
10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era tão
amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimação.
(...) O Tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente
propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao país.
Pensei: se ele sabe disso, porque não faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros,
o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. Não posso
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resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome.
A fome tambem é professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianças.
11 de MAIO. Dia das mães. O céu está azul e branco. Parece que até a natureza quer homenagear as mães
que atualmente se sentem infeliz por não realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje
não vai chover. Hoje é o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me
que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar pão amanhã, porque eu só
tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabeça de um porco no frigorifico. Comemos a carne
e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos estão sempre com fome.
Quando eles passam muita fome eles não são exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas estão
ocultas. O barraco está cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes.
É assim que os favelados matam mosquitos.
13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpatico para mim. É o dia da Abolição. Dia
quecomemoramos a libertação dos escravos. Nas prisões os negros eram os bodes expiatorios. Mas
osbrancos agora são mais cultos. E não nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os
pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho só feijão e sal. A chuva está forte. Mesmo assim,
mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo até passar a chuva para mim ir lá no Senhor Manuel
vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou
sair. (...) Eu tenho dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada: Viva a mamãe!. A
manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida.
Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim:
“Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos.
Hoje choveu e não pude catar papel. Agradeço. Carolina”
(...) Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou a pedir
comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um
pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e
arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a
escravatura atual – a fome!
TEXTO II
FAVELÁRIO NACIONAL
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TEXTOS DA REDAÇÃO
TEXTO I
Marginalizados pela exclusão social e idealizados no cinema e na música popular, morros do Rio vivem
entre catástrofe e descaso do poder público
Boris Faust
A imensa tragédia nos morros do Rio de Janeiro relembra o quanto as favelas cariocas fazem parte
do imaginário dos brasileiros. Começando pela sua origem e por sua designação, elas têm uma história
peculiar e centenária. Embora haja controvérsias a respeito, parecem ter surgido, por volta de 1897, como
local de moradia, oferecido pelo governo aos soldados que regressavam da campanha de Canudos [na
Bahia]. Não por acaso, a designação "favela" foi dada por esses soldados que, nas proximidades do arraial
de Canudos, acamparam num morro, chamado de morro da Favela, em referência a um arbusto
resistente, muito conhecido nas zonas secas do Nordeste. (...) Com uma distância de 50 anos, o editorial
da revista "Anhembi", de responsabilidade do escritor e jornalista Paulo Duarte, fala da vitória de Getúlio
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Vargas nas eleições presidenciais de 3 de outubro de 1950, vinculando-a, no Rio de Janeiro, ao "meio
milhão de miseráveis, analfabetos, mendigos famintos e andrajosos, espíritos recalcados e justamente
ressentidos, indivíduos tornados pelo abandono homens boçais, maus e vingativos, que desceram os
morros embalados pela cantiga da demagogia (...)".
Idealização do morro
O reverso da demonização da favela veio pela mão do cinema e principalmente da música popular.
No caso do cinema, uma referência lendária é o filme "Favela dos Meus Amores", de 1935, do qual, se
não estou enganado, não sobrou uma só cópia. Dirigido por Humberto Mauro, com a colaboração de
Henrique Pongetti, sua trilha musical era feita de canções e sambas de Ary Barroso, Custódio Mesquita e
Orestes Barbosa, entre outros.
Milhares de sambas tematizaram a favela, em fases que têm a ver com a história do país, onde
predominam ora a idealização romântica (as cabrochas, os barracos sem trinco, a proximidade do céu),
ora a violência (dos marginais ou da polícia), ora o protesto contra as injustiças sociais. Isso foi muito bem
mostrado por Jane Souto de Oliveira e Maria Hortense Marcier num ensaio intitulado "A Palavra É Favela",
que se encontra no livro já citado de Zaluar e Alvito.
Curiosamente, Noel Rosa [1910-37], um dos grandes da música popular brasileira, tematizou quase
todos esses aspectos, inclusive na célebre polêmica com Wilson Batista, respectivamente na defesa e na
condenação do malandro.
Nos versos da música popular, encontramos às vezes um apelo para que a cidade enfrente o
problema da favela e da habitação popular. É o caso de "Barracão", a célebre canção de Luiz Antonio e
Oldemar Magalhães, que não eram compositores do morro, mas sabiam o que diziam: "Ai, barracão/
Pendurado no morro/ Vai pedindo socorro/ À cidade a seus pés".
Bela inversão, em que uma cidade, geograficamente submetida, tem, no entanto, socialmente,
uma posição dominante com relação aos habitantes lá do alto.
Até que ponto o pedido de socorro, diante da catástrofe atual, será ouvido? Até que ponto o
problema será enfrentado com um misto de humanidade e competência técnica, à margem da falsa
dualidade "remoção ou urbanização", que percorre a história das favelas, como se todas as situações - na
realidade, muito diversas - fossem idênticas?
A folha corrida do poder público, onde consta o crime do esquecimento de tantas e tantas
tragédias, não me permite ser otimista. Mas quem sabe – assim espero – eu esteja completamente
enganado.
(www1.folha.uol.com.br/paywall/login.shtml?http://www1.folha.uol.com.Br/fsp/mais/fs1804201009.htm – acesso em
20/05/2015)
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(INÉDITA)
Com base na coletânea que segue abaixo, escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa,
sobre:
TEXTO 1
TEXTO 2
Até o começo do século 19, filhos eram um ativo econômico. Ajudavam desde cedo com o trabalho
doméstico, colaborando para o bem-estar da família, e ainda faziam as vezes de plano de aposentadoria
para os pais.
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Hoje, contudo, crianças ficaram caras. E, para piorar, elas demoram muito até começar a trazer
contribuições econômicas. Como observa Galston, no espaço de dois séculos, a criação de filhos deixou
de ser um bem privado para tornar-se um bem público.
E por que crianças beneficiam a sociedade? A crer na análise de economistas como Julian Simon,
riqueza são pessoas. Quanto mais gente, melhor, já que são indivíduos que têm ideias (além de consumir
produtos) e são as novas ideias que vêm assegurando o brutal aumento de produtividade a que assistimos
nos últimos 200 anos.
E isso nos coloca diante de um dos grandes dilemas dos tempos modernos. Para assegurar a
sustentabilidade da exploração dos recursos naturais do planeta, precisaríamos estabilizar ou até reduzir
a população. Só que fazê-lo é uma espécie de suicídio econômico, já que ficaria muito difícil manter taxas
positivas de crescimento, sem as quais instituições como previdência e até democracia representativa
podem entrar em colapso.
(EPCAR – 2018)
TEXTO I
O PODER DA LITERATURA
José Castello
Em um século dominado pelo virtual e pelo instantâneo, que poder resta à literatura? Ao contrário
das imagens, que nos jogam para fora e para as superfícies, a literatura nos joga para dentro. Ao contrário
da realidade virtual, que é compartilhada e se baseia na interação, a literatura é um ato solitário, nos
aprisiona na introspecção. Ao contrário do mundo instantâneo em que vivemos, dominado pelo “tempo
real” e pela rapidez, a literatura é lenta, é indiferente às pressões do tempo, ignora o imediato e as
circunstâncias.
AULA 05 – REDAÇÃO 31
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e desestabilizar a existência. Contudo, desde os gregos, a literatura conserva um poder que não é de mais
ninguém. Ela lança o sujeito de volta para dentro de si e o leva a encarar o horror, as crueldades, a imensa
instabilidade e o igualmente imenso vazio que carregamos em nosso espírito. Somos seres “normais”,
como nos orgulhamos de dizer. Cultivamos nossos hábitos, manias e padrões. Emprestamos um grande
valor à repetição e ao Mesmo. Acreditamos que somos donos de nós mesmos!
Mas leia Dostoievski, leia Kafka, leia Pessoa, leia Clarice – e você verá que rombo se abre em seu
espírito. Verá o quanto tudo isso é mentiroso. Vivemos imersos em um grande mar que chamamos de
realidade, mas que – a literatura desmascara isso – não passa de ilusão. A “realidade” é apenas um pacto
que fazemos entre nós para suportar o “real”. A realidade é norma, é contrato, é repetição, ela é o
conhecido e o previsível. O real, ao contrário, é instabilidade, surpresa, desassossego. O real é o estranho.
(...)
A literatura não tem o poder dos mísseis, dos exércitos e das grandes redes de informação. Seu
poder é limitado: é subjetivo. Ao lançá-lo para dentro, e não para fora, ela se infiltra, como um veneno,
nas pequenas frestas de seu espírito. Mas, nele instalada pelo ato da leitura, que escândalos, que estragos,
mas também que descobertas e que surpresas ela pode deflagrar.
Não é preciso ser um especialista para ler uma ficção. Não é preciso ostentar títulos, apresentar
currículos, ou credenciais. A literatura é para todos. Dizendo melhor: é para os corajosos ou, pelo menos,
para aqueles que ainda valorizam a coragem.
(...)
TEXTO II
(...) Bauman é autor do conceito de “modernidade líquida”. Com a ideia de “liquidez”, ele tenta
explicar as mudanças profundas que a civilização vem sofrendo com a globalização e o impacto da
tecnologia da informação. Nesta entrevista, ele fala sobre como a vida, a política e os padrões culturais
mudaram nos últimos 20 anos. As instituições políticas perderam representatividade porque sofrem com
um “déficit perpétuo de poder”. Na cultura, a elite abandonou o projeto de incentivar e patrocinar a
cultura e as artes. Segundo ele, hoje é moda, entre os líderes e formadores de opinião, aceitar todas as
manifestações, mas não apoiar nenhuma.
(...)
ÉPOCA – As redes sociais aumentaram sua força na internet como ferramentas eficazes de
mobilização. Como o senhor analisa o surgimento de uma sociedade em rede?
Bauman – Redes, você sabe, são interligadas, mas também estão descosturadas e remendadas por
meio de conexões e desconexões... As redes sociais eram atividades de difícil implementação entre as
comunidades do passado. De algum modo, elas continuam assim dentro do mundo off-line. No mundo
interligado, porém, as interações sociais ganharam a aparência de brinquedo de crianças rápidas. Não
AULA 05 – REDAÇÃO 32
Prof.ª Celina Gil
parece haver esforço na parcela on-line, virtual, de nossa experiência de vida. Hoje, assistimos à tendência
de adaptar nossas interações na vida real (off-line), como se imitássemos o padrão de conforto que
experimentamos quando estamos no mundo on-line na internet.
ÉPOCA – Os jovens podem mudar e salvar o mundo? Ou nem os jovens podem fazer algo para
alterar a história?
Bauman – Sou tudo, menos desesperançoso. Confio que os jovens possam perseguir e consertar o
estrago que os mais velhos fizeram. Como e se forem capazes de pôr isso em prática, dependerá da
imaginação e da determinação deles. Para que se deem uma oportunidade, os jovens precisam resistir às
pressões da fragmentação e recuperar a consciência da responsabilidade compartilhada para o futuro do
planeta e seus habitantes. Os jovens precisam trocar o mundo virtual pelo real.
ÉPOCA – O senhor afirma que as elites adotaram uma atitude de máximo de tolerância com o
mínimo de seletividade. Qual a razão dessa atitude?
Bauman – Em relação ao domínio das escolhas culturais, a resposta é que não há mais
autoconfiança quanto ao valor intrínseco das ofertas culturais disponíveis. Ao mesmo tempo, as elites
renunciaram às ambições passadas, de empreender uma missão iluminadora da cultura. A elite deixou de
ser o mecenas da cultura. Hoje, as elites medem sua superioridade cultural pela capacidade de devorar
tudo. (...)
ÉPOCA – Como diz o crítico George Steiner, os produtos culturais hoje visam ao máximo impacto
e à obsolescência instantânea. Há uma saída para salvar a arte como uma experiência humana
importante?
Bauman – Bem, esses produtos se comportam como o resto do mercado. Voltam-se para as vendas
de produtos na sociedade dos consumidores. Uma vez que a busca pelo lucro continua a ser o motor mais
importante da economia, há pouca oportunidade para que os objetos de arte cessem de obedecer à
sentença de Steiner... (...)
TEXTO III
Jana Lauxen
Porque, em minha opinião, a literatura que não lhe sacode; que não lhe tira do lugar onde você
confortavelmente está; que não lhe faz repensar; que não desconstrói e bagunça; que não coloca o dedo
na ferida e chafurda; é uma literatura inofensiva – logo, irrelevante. Os livros e autores que me
conquistaram, e me fizeram compreender o poder da literatura na formação política e social de qualquer
cidadão, falavam de sexo, de drogas, de dor, de vida, de desespero – e não de dragões, fadas e gnomos.
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(...)
TEXTO IV
PROVA DE REDAÇÃO
Com base no excerto a seguir, na tirinha abaixo e na prova de Língua Portuguesa, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre a seguinte questão: A importância da Literatura na
formação do ser humano.
TEXTO I
(COMPAGNON, Antoine. Literatura para quê? Tradução de Laura Tadei Brandini. Belo Horizonte: UFMG,
2009. p.46.)
AULA 05 – REDAÇÃO 34
Prof.ª Celina Gil
TEXTO II
Orientações:
• A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas aquelas
pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa.
• Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra de forma
(caixa alta), as maiúsculas deverão receber o devido realce.
Nas respostas à crise do coronavírus, a música tem sido uma das principais protagonistas. Nas
varandas, nas lives no Instagram e no Facebook, nas manifestações encabeçadas por celebridades a favor
do isolamento social, nos festivais virtuais independentes ou patrocinados, só dá ela. A música até nos
pareceu uma resposta natural ao momento necessário de coletividade, união e conscientização, afinal
"music makes the people come together", já cantava a bola a hitmaker Madonna na virada do milênio
(em "Music", 2000).
Públicos, cativos ou não, encontraram na música uma distração para a árdua tarefa de ficar em
casa, fazer parte da construção de barreiras para frear a transmissão do vírus e aplacar a angústia que traz
a falta de respostas governamentais efetivas para evitar o colapso econômico que se anuncia. Sem
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dúvidas, como muitos colegas críticos de música têm celebrado, são lindas e louváveis as iniciativas de
músicos e produtores que vêm disponibilizando seu tempo e seu trabalho (frise-se!) para shows virtuais
cem porcento na faixa. Porém, é nesse trabalho, que agora se espera gratuito, que residem questões
profundas e complexas que devem ser postas.
Fazer música, nesta crise humanitária, converteu-se em um sinal de altruísmo, de doação. O artista
que não quiser/puder entrar nessa onda de shows gratuitos pode até mesmo ser considerado pouco
empático à situação — leitura, inclusive, que já podemos observar em comentários direcionados a
determinados artistas nas redes sociais. Essa cobrança e até mesmo queixa que têm assolado alguns
artistas mostra que o público, muitas vezes, está alheio a tudo o que pode envolver o fazer música ao vivo
e online, como direitos autorais, cinegrafistas, editores, qualidade de equipamentos de imagem e som
etc. A falta de empatia, para usar o termo do momento, talvez resida em querer de graça a única coisa
que tais artistas têm a nos oferecer: seus shows, suas vozes e suas canções.
Quem paga a conta dos músicos? Aplausos, visualizações e curtidas virtuais, via de regra, não
enchem os bolsos do artista nem de toda a cadeia produtiva que está por trás de uma canção gravada,
composta ou apresentada (destaquemos aqui a extensa rede de produtores, instrumentistas,
compositores, técnicos de som etc.). Embora, em editais e em negociações com casas de espetáculos, o
alcance virtual de determinado artista tem contado como um importante argumento para sua
contratação, na nova configuração da produção musical independente, é nos shows que a grande maioria
dos artistas ganha o seu pão, como o sociólogo Thiago Galletta já apontou em "Cena Musical Paulistana
dos Anos 2000: a Música 'Brasileira' Pós-Internet'" (2015).
Uma vez que todos os shows, com toda a razão, foram suspensos para auxiliar no controle da
pandemia do Covid-19, de onde virá o sustento desses músicos que estão por aí sendo intimados a
disponibilizarem seu trabalho como se fossem voluntários em uma espécie de Músicos Sem Fronteiras?
O atual desamparo ao qual a classe artística musical está submetida só expõe a fragilidade, a precariedade
e a vulnerabilidade do trabalho musical no Brasil nos últimos anos.
TEXTO 2
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TEXTO 3
Tempo e Artista
Chico Buarque
Imagino o artista num anfiteatro
Onde o tempo é a grande estrela
Vejo o tempo obrar a sua arte
Tendo o mesmo artista como tela
Com base nos textos da prova de Língua Portuguesa, bem como no seu conhecimento de mundo,
escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre o seguinte questionamento:
Considerações Finais
Não deixe de produzir as redações e enviá-las para correção. É muito importante que você não
acumule redações para a última hora, pois não teremos tempo para corrigir.
Na próxima aula, vamos nos aprofundar ainda mais no estudo de coesão e coerência, pensando
também alguns aspectos gramaticais.
Qualquer dúvida estamos à disposição no fórum ou nas redes sociais.
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