Você está na página 1de 10

Sumário

Introdução ....................................................................................................................... 2
Desenvolvimento ............................................................................................................. 3
Noção de Constituição Económica ............................................................................ 4
A Lei Constitucional de 1975 ..................................................................................... 4
Constituição Económica Estatutária (1975/1991) .................................................... 6
Política econômica intervencionista: crescimento acelerado (2002 –2012) ........... 7
Os efeitos das Revisões da Lei Constitucional na Constituição Económica .......... 8
Conclusão ........................................................................................................................ 9
Referencias bibliográficas......................................................................................................... 10
Introdução

Angola, é País independente desde 1975, tem passado por profundas


transformações na economia do ponto de vista da condução da política econômica, sejam
essas de caráter ortodoxo ou heterodoxo.
Justifica-se esse trabalho pela importância de se entender os desdobramentos e
resultados alcançados pelas diversas medidas econômicas adotadas durante os 35 anos de
independência. Esse trabalho tem como objetivo analisar, numa perspetiva diacrônica e
sincrônica, o produto das políticas econômicas implementadas nesse período com ênfase
na política fiscal.
A independência e Movimentos de Libertação a conquista da independência foi
precedida por décadas de luta de diferentes movimentos de libertação, sendo os principais
o MPLA (Movimento Popular de libertação de Angola), a UNITA (União Nacional para
a Independência total de Angola) e a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola).
Cada um desses grupos possui visões e apoios políticos diferentes.

O Direito Econômico em Angola desempenha um papel crucial no desenvolvimento


e na estruturação da economia do país, especialmente após a independência em 1975.
Aqui estão alguns pontos-chave sobre sua importância: Regulação e Estruturação
Econômica.
O Direito Económico estabelece o arcabouço legal que regula as atividades
económicas em Angola. Isso inclui leis, regulamentos e políticas que governam setores
como comércio, investimento, propriedade, contratos, concorrência, finanças e
tributação. Essa estruturação é fundamental para promover um ambiente de negócios
estável e transparente. Atração de Investimento.

2
Desenvolvimento

A Republica Popular de Angola tornou-se um Estado independente em 11 de


novembro de 1975, apos uma guerra de libertação de cerca de 14 anos contra
a colonização portuguesa.
No entanto, o caminho do desenvolvimento tem sido árduo e incerto. O governo
do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) herdou dos Portugueses uma
economia com muitas potencialidades a Longo prazo, mas repleta de problemas a curta
prazo.

As altas taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil, aos elevados Índices de


ruralidade, a baixa capitação do produto nacional, a uma estrutura produtiva largamente
dependente
dos interesses da ex-metrópole, vieram acrescer os problemas de uma
paz ate hoje sempre adiada.
As guerras intestinas, as invasões da Africa do Sul, o êxodo em massa dos colonos,
em especial dos técnicos, o abandono de muitas empresas e a paralisação da rede de
transportes e dos circuitos de comercialização devastaram o frágil tecido económico
angolano.

E tornaram-no muito vulnerável as flutuações do mercado internacional de certas


matérias primas, nomeadamente do petróleo, diamantes e café, das quais a primeira
representa cerca de 70% do volume das exportações e de 60% do PI B.

E neste contexto que devem entender-se as nacionalizações e os confiscos


efetuados em 1976 e 1977 pelo Estado angolano e a instituição de uma direção económica
centralizada. é também neste contexto que devem ser analisadas quer a opção por uma
via socialista de desenvolvimento, proclamada na Lei Constitucional a data da
independência e reafirmada, numa óptica leninista, nas revisões constitucionais de 1980
e 1986, quer as dificuldades da sua concretização.

Embora seja explícito quanta a instituição de um sistema económico de transição


para o socialismo, o texto constitucional da Republica Popular de Angola contem um
escasso numero de princípios relativos aos elementos configuradores deste sistema, a sua
concreta organização, a dinâmica do seu desenvolvimento.

3
Noção de Constituição Económica

Ao abordar o tema a que me propus, sobre a nova constituição económica de


Angola e as oportunidades de negócios e investimentos, não poderei deixar buscar e aqui
relevar a noção de Constituição económica com que irei operar.
Tomarei a constituição económica como o conjunto de normas e princípios
relativos à economia, ou seja, a Ordem Constitucional Económica.
Do ponto de vista formal a Constituição económica é a parte económica da
Constituição do Estado, em que estão contidos os dispositivos essenciais ao ordenamento
da atividade económica desenvolvida pelos atores económicos (indivíduos, pessoas
coletivas, incluindo o Estado).
É neste conjunto de dispositivos que se encontram escalpelizados os direitos,
deveres, liberdades e responsabilidades destes mesmos atores no exercício da atividade
económica.
Seguindo Sousa Franco e Oliveira Martins, a Constituição económica é
conformadora das restantes normas da ordem jurídica da economia.

A Lei Constitucional de 1975

A Lei Constitucional de 1975 consagrava postulados constitucionais de âmbito


económico assente no projeto constitucional do MPLA dos quais destaco as seguintes
linhas de jurídico-económicas:

- Livre iniciativa da atividade privada dentro dos trâmites da lei;


- Intervenção direta e indireta do Estado.

A Lei Constitucional e agora a Constituição foram e são as leis supremas que


densificam o princípio da ordem jurídica da economia, porém tal não resulta de uma
análise só nesta sede, por enquanto também o legislador ordinário (parlamento e governo)
dispõe de plena liberdade para dentro dos trâmites previstos na carta magana, fazer
evoluir a Constituição económica.
A República Popular de Angola, logo após a sua Independência em 1975, entrou
numa nova fase econômica de maneira muito conturbada.
No momento imediatamente posterior à Independência, a economia e a estrutura
física de Angola encontravam-se sob condições adversas: destruição física dos seus bens,
falta de mão de obra qualificada e ausência de capitais para financiamento.
O I Congresso do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), em
dezembro de 1977, definiu que o novo governo, comandado por Agostinho Neto, deveria
seguir o “modelo socialista” e que, a partir de então, o país passaria a ser orientado pela
União Soviética.

4
Dessa forma seriam nacionalizadas as principais unidades de produção,
transformando-as em empresas estatais. Criando as condições necessárias para o
planejamento centralizado da economia e da sociedade.

Como a nova gestão econômica estava fundamentada na planificação centralizada,


por meio dos planos de desenvolvimento, segundo Menezes (2000, p. 236), “foram
criados quatro níveis básicos de planificação econômica:
O nacional, o setorial, o provincial e o das unidades de produção e de certas
instituições do governo (por exemplo: hospitais, escolas, instituições científicas etc.).
Os planos eram geralmente de curto prazo, não passando de um ano, e para tanto,
além das metas previamente estabelecidas, eles deviam incluir indicadores e uma série de
programas vinculados às diversas esferas da economia.
Eram programas que tinham como objetivo atingir aquelas áreas consideradas
fundamentais para o desenvolvimento econômico, como os programas de emprego e
salários, programas para investimentos nas áreas de construção civil, telecomunicações,
transportes e energia.
Enquanto isso, decorria de maneira sólida a nacionalização de empresas privadas
e a criação de grandes empresas públicas. Segundo Menezes (2000, p. 261), “em meados
de 1977, mais de 85% das empresas.
Tinham sido colocadas sob o controle direto do Estado angolano, na condição de
Unidades Econômicas Estatais (UEE).
Na época foram estatizadas ou criadas as grandes empresas estatais, a maioria
ainda vigente em Angola:

 Transportes Aéreos de Angola (TAAG): é atualmente a principal


companhia aérea do país, passou a ser assim designada em 1973,
substituindo a Divisão dos Transportes Aéreos de Angola (DTA),
existente desde 1938. Em 1975 foram nomeados os primeiros gestores
angolanos.

 A Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol): criada


pela nacionalização da Angola Sociedade de Lubrificantes e
Combustíveis, subsidiária da Sacor (companhia portuguesa) em 1976, com
o objetivo de gerir a exploração de hidrocarbonetos de Angola. A
Sonangol é hoje a principal empresa estatal Angolana e principal
financiadora do país.

 Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama): a Endiama


consolidou-se como empresa estatal apenas em 1981, mas antes já havia
sido nacionalizada a maior parte do capital da Endiama, empresa privada
de capital misto (Portugal, Bélgica, África do Sul, Inglaterra e Estados
Unidos), entre 1977 e 1979.

5
Tabela 1: Quantidade setorial de empresas públicas, privadas e mistas em 1984

Setores Empresas Públicas Empresas Privadas Empresas Mistas Total Setorial


Agricultura 65 14 0 79
Comércio Externo 9 18 0 27
Comércio Interno 48 50 1 99
Construção 24 12 4 40
Energia 5 3 1 9
Indústria 139 91 11 241
Pescas 21 15 1 37
Petróleo 2 10 0 12
Transportes 64 21 1 86
Outros 24 33 0 57
Total geral 401(58,37%) 267(38,86%) 19(2,77%) 687(100%)

Constituição Económica Estatutária (1975/1991)

A constituição económica estatutária neste período consagrava dentre outros os


seguintes principais fundamentos:

a. Independência Económica virada para o bem-estar social das camadas


populares mais exploradas pelo colonialismo.
b. Reconhecimento e proteção dos diversos sectores da economia (pública,
cooperativa e privada).
c. Tributação progressiva dos impostos diretos.

Como se pode ver através dos princípios enunciados, temos consagrados


princípios de base económica socializante assentes no desiderato da construção do
socialismo; da igualdade e justiça social, de forte matriz ideológica.

Constituição Económica Diretiva (1975/1991)

A constituição económica diretiva assentava nos seguintes princípios fundamentais:


a. Acentuado dirigismo do Estado
b. Des) intervenção direta e ou indireta do Estado na economia

6
Estes princípios comportam a planificação direta e ou indireta da economia muito
típico do socialismo e do centralismo que marcavam os ideias daquela época, a presença
quase que incontornável do Estado na Economia, bastante administrativa, com barreiras
burocráticas e planos rígidos.

Política econômica intervencionista: crescimento acelerado (2002 –2012)

O período de 2002 ao atual representa uma mudança fundamental no ambiente


econômico, político e social de Angola.

Quando aos 22 de fevereiro de 2002 foi confirmada oficialmente a morte do então


líder do partido opositor ao governo, a Unita, um dos principais responsáveis pela guerra
civil que desestabilizou Angola, abriam-se as perspetivas para melhorias e avanços
substanciais na economia angolana.

O país, que acabara de sair da “década perdida", iniciou os anos 2000 com
uma nova dinâmica na economia. As contas nacionais já davam sinais de melhorias no
final do período anterior.

E com o acordo de paz assinado oficialmente entre o governo de Angola e as


chefias militares da Unita em 4 de abril de 2002 –um dos mais contundentes obstáculos
ao crescimento e desenvolvimento econômico de Angola – o governo local poderia dar
início a uma série de medidas destinadas a recuperar a economia.

O governo angolano seguiu as recomendações keynesianas sobre o papel do


Estado na economia em momentos de recessão. Para Keynes, cabe ao Estado intervir na
economia por meio de políticas fiscais e monetárias expansionistas de modo a gerar
demanda agregada e assim estimular a economia.

Foi exatamente o que fez o governo angolano, ou seja, criou o Programa de


Investimentos Públicos (PIP), com maior incidência nas áreas sociais e recuperação e
criação de infraestruturas.

Segundo o Ministério do Planeamento, os investimentos públicos exerceram


um efeito catalisador importante sobre a economia nacional, não só do ponto de vista da
indução do investimento privado, como da melhoria das condições gerais de vida da
população.

7
O Banco Nacional de Angola (BNA) conduziu a política monetária de uma
forma diferente daquela que se viu nos anos 1990.

Além de usar o mecanismo de esterilização das receitas petrolíferas para


garantir a estabilidade de preços, a política monetária não mais financiava as despesas do
Estado de maneira inflacionária, e o BNA adotou a política de emissão de títulos de longo
prazo para financiar os investimentos do governo (MINISTÉRIO DAS FINANÇAS,
2008).

Tabela 3: Dados Econômicos Gerais Com o Modelo Intervencionista (2002–2009)

PIB Investimentos
Crescimento PIB per capita Inflação Desemprego
Anos (milhões de Públicos
do PIB (%) (dólares) (%) (%)
dólares) (taxa de crescimento)

2002 11.204 15,3 685 105,59 44,3 -


2003 13.956 3,3 848 76,56 42,3 37,6
2004 19.800 11,2 1.157 31,01 40,3 -8,5
2005 30.632 20,6 1.728 18,53 34,5 44,0
2006 45.168 18,3 2.489 12,21 32,3 250,9
2007 59.263 23,3 3.078 11,79 25,3 27,6
2008 77.280 13,8 4.206 13,17 23,9 71,7
2009 71.743 2,4 3.879 13,99 21,8 -21,2
2010 82.400 3,5 4.461 14,50 25,3 -14,8
2011 104.300 3,9 5.359 11,4 25,6 13,1
2012 112.700 5,2 5.732 9,0 23,0 12,4

Os efeitos das Revisões da Lei Constitucional na Constituição Económica

Ao longo dos seus mais de 35 anos de existência, a carta magna de Angola


conheceu 186 revisões pontuais com efeitos na Constituição económica nos termos que
a seguir irei catalogar:

- 1976 (Lei nº. 71/76 de 11 de Novembro)


- 1977 (Lei 13/77 de 7 de Agosto)
- 1978 (Lei Constitucional revista de 7 de Fevereiro de 1978)
- 1979 (Lei nº 1/79 de Janeiro)
- 1980 (Lei Constitucional revista de 23 de Setembro de 1980)
- 1986 (Lei nº 1/86 de 1 de Fevereiro)
- 1987 (Lei nº2/87 de 31 de Janeiro)
- 1991 (Lei nº12/91 de 6 de Maio)

8
Conclusão

Em Suma a evolução do Direito Econômico em Angola desde 1975 representa um


processo dinâmico, moldado por desafios históricos e transformações estruturais.
As mudanças legislativas refletem a busca por um equilíbrio entre interesses
públicos e privados, estimulando o crescimento econômico e a inclusão social.

O crescimento da economia angolana entre 1975 e 1988 foi lento e, após a crise
das economias socialistas e o fim da União Soviética, o governo angolano passou a
orientar pelo capitalismo e pela ortodoxia, consagrando acima economia de mercado,
adotando políticas neoliberais para conduzir a economia, sobretudo pós-1989.

9
Referencias bibliográficas

ROCHA, José Manuel Alves Da. Os limites do crescimento econômico em


angola: as fronteiras entre o possível e o desejável. Luanda: Editoral Nzila, 2009. 277

José Armando Morais Guerra, Direito da Economia Angolana, ESCHER, 1994.

David Ferraz, A Alta Administração Pública no Contexto da Evolução dos Modelos


de Estado e de Administração, Cadernos INA.

10

Você também pode gostar