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O Setor Público

O Sector Público compreende o conjunto das entidades controladas pelo poder político. É composto
pelo Sector Público Administrativo e pelo Sector Público Empresarial (entidades com estatuto de
empresas públicas), bem como as sociedades e quasi-sociedades (não financeiras e financeiras)
controladas ou maioritariamente financiadas por unidades das Administrações Públicas, incluindo o
Banco Central.

O Setor público administrativo (SPA)

O Sector Público Administrativo é constituído pelo conjunto de entidades e de serviços da


Administração Central, Local e Regional e ainda pela Segurança Social e pelos Fundos Autónomos.
Desenvolve a sua atividade com base em critérios não empresariais, integrando as atividades
tradicionais do Estado.

- Administração central (composição)


- Administração regional (composição)
- Administração local (composição)
- Segurança social (organização/objectivo)
- Fundos autónomos

O Sistema de Segurança Social é aquele que pretende assegurar direitos básicos dos cidadãos e a
igualdade de oportunidades, bem como, promover o bem-estar e a coesão social entre todos os
cidadãos portugueses ou estrangeiros que exerçam atividade profissional ou residam no território
português. É composto por três sistemas, o Sistema de Proteção Social de Cidadania, o Sistema
Previdencial e o Sistema Complementar nos termos da Lei de Bases da Segurança Social (Lei n.o
4/2007, de 16 de janeiro).

Os Serviços e Fundos Autónomos englobam os organismos com autonomia financeira e


administrativa, financiados mioritariamente com transferências provenientes de outras unidades da
Administração Pública e com impostos que lhes estejam consignados. A sua atuação efetua-se em
determinadas áreas, quer através da regulamentação e fiscalização, quer através da atribuição de
apoios financeiros aos agentes económicos no quadro da política económica e social do Estado.
(FAT; FGA)
O Setor Empresarial do Estado (SEE)

O Sector Público Empresarial integra um universo diversificado de entidades que operam em


múltiplos sectores de atividade. Caracteriza-se pelo desenvolvimento de atividades intrinsecamente
mercantis, através da produção e venda de bens e serviços, embora também servindo fins sociais
e/ou coletivos. Estas entidades apresentam fundamentalmente, uma organização e uma gestão
empresarial, seguindo uma filosofia que se aproxima bastante das organizações privadas.

As empresas do Sector Público Empresarial podem ter como ‘entidade mãe’ o Estado (empresas do
Sector Empresarial do Estado - SEE), os municípios ou associações de municípios (empresas do
Sector Empresarial Local) ou os Governos Regionais dos Açores ou da Madeira (empresas do
Sector Empresarial Regional).

- Empresas Públicas
- Empresas Participadas (participações diretas/indiretas)
- Empresas Municipais
Nacionalizações

A 25 de abril de 1974, um golpe de Estado, perpetrado por um movimento das Forças Armadas
Portuguesas liderado pelo movimento dos capitães de abril, derrubou o regime autoritário vigente
em Portugal que se revelara incapaz de encontrar uma solução política para o conflito armado com
os movimentos de libertação das colónias portuguesas em África.O golpe de Estado, acionado
pelos militares que lutaram pelo fim da guerra colonial e pela democratização do país, deu lugar a
um processo revolucionário que pretendia pôr em marcha a efetiva democratização da política, a
coletivização da economia e a descolonização.

Este projeto de revolução popular (PREC) veio a ser travado pelo 25 de novembro de 1975, que
instituiu a democracia parlamentar.

No decurso do IV Governo Provisório, as principais medidas tomadas foram: as nacionalizações da


banca, dos seguros, das principais empresas industriais dos transportes e das comunicações e o
início da reforma agrária com a ocupação de terras com o apoio dos militares. As nacionalizações
da banca e dos seguros, ocorridas a 24 de março de 1975 foram consideradas pelo general Costa
Gomes como a medida mais revolucionária do Portugal contemporâneo.

O Estado debilitado pela descolonização e pela revolução foi forçado a intervir nos campos
financeiro, económico e empresarial. As nacionalizações foram uma medida política ditada pelas
circunstâncias, mas que correspondia em traços gerais às posições defendias pelo Partido
Comunista Português durante a "revolução democrática e nacional".

Nesta fase pré-constitucional as nacionalizações facilitaram as consequências da descolonização,


colocando como interlocutor dos novos Estados africanos o Estado português. A perda de poder no
domínio económico e político dos grandes banqueiros nacionais correspondia a uma reivindicação
dos sindicatos dos trabalhadores e contava com a expectativa de muitos industriais e comerciantes
dependentes do capital financeiro.

No contexto da reforma agrária, desencadeada pela revolução, procedeu-se à nacionalização das


terras que estavam incluídas no "Plano de Rega do Alentejo" (186 638 ha). A maioria das terras
regadas pertenciam aos concelhos de Alcácer do Sal, Ferreira do Alentejo, Coruche, Odemira,
Santiago do Cacém e Idanha-a-Nova. Este projeto não sofreu, neste período, contestação pois fora
o Estado a financiar a construção das infraestruturas e a fornecer os equipamentos.

Nesta política de intervenção do Estado na vida económica, conduzida pelo Governo e pelo
Conselho da Revolução foi por demais evidente o grande empenho do PCP que procurava
influenciar os centros de decisão para por em prática a estatização da economia.

A 16 de abril os Decretos-Leis nºs 205-A, B, C, D, E, F, G/75 (Diário do Governo n.º89, 1ª série)


nacionalizam as empresas: Sacor, Petrosul, Sonap, Cidla, Companhia de Caminhos de Ferro
Portugueses, Companhia Nacional de navegação, Companhia Portuguesa de Transportes Aéreos
Portugueses, Siderurgia Nacional, Aliança Elétrica do Sul, Companhia Elétrica do Alentejo e
Algarve, Companhia Elétrica das Beiras, Companhia Hidroelétrica do Norte de Portugal,
Companhias Reunidas Gás e Eletricidade, Companhia Portuguesa de Eletricidade, Elétrica
Duriense, Empresa Hidroelétrica do Coura, Empresa Hidroelétrica da Serra da Estrela, Empresa
Insular de Eletricidade, Hidroelétrica do Alto Alentejo, Hidroelétrica Portuguesa, Sociedade Elétrica
do Oeste e a União Elétrica Portuguesa.

A 23 e 24 de abril de 1975 o governo nomeou comissões administrativas para as empresas


Indústria Alimentar e Cimentos de Leiria. Esta política de intervenção nas empresas pela
exoneração dos corpos gerentes e pela nomeação de comissões administrativas continuou a 5 de
abril, tendo então por objetivo as empresas rodoviárias.

A segunda fase desta política começou com a nacionalização de empresas da atividade


cimenteira. Continuou com a nacionalização das empresas da indústria de celulose) e das
sociedades ligadas ao setor dos tabacos (13 de maio). Também o setor dos transportes coletivos de
passageiros dos grupos: João Belo, Claras, Cernache, Eduardo Jorge e Transul não escaparam a
esta vaga de nacionalizações (5 de junho de 1975).

Esta legislação muito característica do IV Governo Provisório, prolongou-se por mais algum tempo,
mas já sem o alcance ou a importância das nacionalizações já referidas. Esta era veio a terminar no
VI Governo Provisório, presidido pelo almirante Pinheiro de Azevedo, mantendo-se apenas a
transferência de propriedades no Alentejo dentro da reforma agrária.
O Estado nacionalizou um terço da economia

Em 1975, de um momento para o outro, o Estado português viu-se proprietário de 1300


empresas. De alguns potentados industriais, certamente, de empresas de sectores estratégicos
para qualquer economia. Mas também de barbearias na Baixa de Lisboa, de restaurantes nas
maiores cidades, de alguns hotéis, de modestas fábricas de transformação de tomate e de um
cortejo muito pitoresco de pequenas e médias empresas espalhadas pelo País que vieram no
arrasto da nacionalização dos grandes grupos. Estes, muito dentro do espírito da época, tinham
tentado diversificar o mais possível a sua actividade, penetrando em sectores completamente
diversos do negócio de origem.

A seguir ao Verão Quente, quando terminou o Processo Revolucionário em Curso (Prec), o


Estado português tinha-se transformado no maior conglomerado da Europa, no maior grupo
empresarial fora dos países de economia planificada. Falou-se num peso de 30% do PIB
nacional, cálculos mais recentes apontam para um VAB das empresas públicas sobre o PIB de
19,8% em 1978, contra 24,7% da Itália e 12,9% da França - embora nestes dois países o
Estado não detivesse monopólios de sectores vitais, como a banca.

"Na Europa dos anos 70, no segundo pós-guerra, as nacionalizações não são um exclusivo da
esquerda", observa Pedro Lains, investigador do Instituto de Ciências Sociais (ICS) e
coordenador da HistóriaEconómicadePortugal,1700- -2000, publicada este ano. "Em Portugal
tem-se olhado de mais para as motivações ideológicas das nacionalizações. É necessário
observar também as circunstâncias concretas da economia que, naquela altura, criaram as
condições para que fosse dado esse passo."

Tradição estatista. Em 1975, no 11 de Março, quando se derrotou o alegado golpe dos


spinolistas que permitiu ao PCP empurrar o Governo de Vasco Gonçalves e o Movimento das
Forças Armadas (MFA) para a estatização de empresas, Portugal não era uma economia liberal.
Pelo contrário apesar da sua matriz predominantemente privada, organizara-se num modelo
fortemente condicionado pelo Estado, quer como cliente, quer como regulador, quer, sobretudo,
como protector das pressões da concorrência externa.

Embora com intuitos reformistas, é dentro desta mentalidade que em Outubro de 1974 começa
a ser elaborado o Plano Melo Antunes, a cargo de uma equipa constituída por José Silva Lopes,
Rui Vilar, Maria de Lourdes Pintasilgo e Vítor Constâncio, todos da esfera socialista, todos
membros do Governo de Vasco Gonçalves. Quanto mais meses passavam, mais o plano se
transformava num modo de fazer face ao agravamento da situação económica, na qual a euforia
revolucionária e os efeitos do choque petrolífero de 1973 tinham colocado todos os indicadores
no "vermelho".

As nacionalizações começaram pelo sector bancário e segurador (ver caixa), com excepção das
participações estrangeiras a ITT, a Société Générale de Belgique (ligada ao Fonsecas & Burnay
na eléctrica CRGE), ou a Compaignie Française des Pétroles (ligada à SONAP), entre outras,
ficam fora da intervenção do Estado. A Jerónimo Martins, por exemplo, devido à participação
accionista da Unilever, mantém-se privada. E, mesmo a CUF (ver texto ao lado), devido ao
cruzamento de capitais com grupos estrangeiros em vinte empresas, só mais tarde é
nacionalizada.

Com o correr dos meses foram sendo tomados pelo Estado a grande indústria, os transportes
públicos, a comunicação social, o sector agrário e, quase sempre por via indirecta, o imobiliário,
o turismo e alguns serviços. De fora ficaram sectores e empresas localizados sobretudo no
Norte do País, como o têxtil, a transformação da cortiça, a refinação de açúcar e a exportação
de vinho.

"As empresas viviam em grande sufoco financeiro, em grande parte por causa da imposição de
um salário mínimo incomportável", recordou ao JN já este ano José Barreto, outro investigador
do ICS. "A contratação colectiva descarrilara, as exportações caíram. Os mecanismos de
mercado não funcionavam." Em Espanha, onde se viveu uma situação com algumas
semelhanças, optou-se por deixar as empresas entrar nesse jogo de dificuldades. Com os
custos de produção subitamente mais altos, viveu-se uma situação de "darwinismo económico",
em que só singraram as empresas mais aptas, tendo este movimento levado a taxa de
desemprego espanhol aos 24% nos anos 80.
No período 1973-1984, recorda por seu turno Pedro Lains, a economia portuguesa até cresceu
mais do que a espanhola. Portugal embalara nos anos 60 e o seu PIB atingiu um pico de 11,2%
em 1973. Mas, a seguir, este ressente-se do primeiro choque petrolífero e da agitação política
de 1974-75, da qual as nacionalizações fizeram parte. Em 1976-77, todavia, volta a crescer,
impulsionado pelo aumento da procura interna que a subida dos salários proporciona. O
problema foi que esse crescimento se fez muito à custa das importações, desequilibrando
perigosamente a balança de pagamentos o que, a partir de 1978, é agravado pelo segundo
choque petrolífero.

"A forte 'selecção natural' feita nesse período em Espanha é, provavelmente, uma das principais
razões para compreender o actual momento alto da sua economia", pondera Pedro Lains. Do
mesmo modo, "a ausência de uma transformação do mesmo tipo em Portugal é, provavelmente,
uma das razões mais fortes para explicar o mau comportamento económico da última década",
continua. "Mas ligar isso às nacionalizações é que parece um passo longo de mais."

Segundo este historiador, "não podemos concluir que, se as nacionalizações não tivessem
existido, a economia teria tido um comportamento melhor". Estas, "apesar de mal conduzidas,
tiveram um impacto reduzido na economia", sustenta, "e não foram a principal causa da crise
que se seguiu". Essa foi, na sua opinião, o já mencionado desequilíbrio da balança de
pagamentos.

Nacionalizações em 1975: A queda do gigante

Em 1975, Portugal tinha o maior conglomerado industrial da Península Ibérica e um dos maiores
da Europa. A Companhia União Fabril (CUF) pesava 5% no PIB nacional e empregava
milhares de pessoas. Não escapou à onda de nacionalizações que varreu o país depois do
golpe falhado de Spínola a 11 de Março de 1975. Hoje só resta uma sombra do gigante
industrial.

Das nacionalizações às privatizações

Privatizar ou nacionalizar uma empresa é um acto político. As nacionalizações maciças após o


11 de Março de 1975 visavam ‘quebrar a espinha à burguesia’, para mudar o sistema político e
social do país. A pretendida colectivização não foi avante, felizmente. mas a irreversibilidade
das nacionalizações manteve-se na constituição até 1989. só então admitiu o ps retirar essa
disposição anti-democrática e anacrónica. O atraso teve um alto custo para a economia
portuguesa. A maioria das empresas que tinham passado para o Estado perdeu
competitividade, abrigada que estava da concorrência. Também negativa foi a decisão política
de não indemnizar razoavelmente os grupos empresariais alvo das nacionalizações, apesar de
os fundos de Bruxelas terem começado a afluir em força ao país a partir de 1989. daí resultou
que os ex-donos das empresas e bancos nacionalizados que concorreram às privatizações
tinham escasso capital, necessitando, por isso, de se endividarem e/ou de se associarem a
estrangeiros, para comprarem o que tinha sido seu. A onda de privatizações acentuou-se,
entretanto, promovida também por governos do ps. mas não houve uma estratégia para
privatizar em função de uma visão a longo prazo do interesse nacional, e agora?

agora temos de privatizar, vendendo a estrangeiros empresas que gostaríamos de manter


portuguesas (não há dinheiro português para as comprar). não por motivos ideológicos, mas
por necessidade imperiosa. Não é a troika que nos obriga. são antes duas outras coisas.
primeiro, o estado português, através de um governo do ps, assumiu compromissos de
privatizar determinadas empresas; não cumprir essas obrigações (algo que aconteceu na
grécia, por exemplo) seria negativo para a imagem do país junto dos credores. perdemos
soberania? claro: um país com a dívida que acumulámos não é soberano. mas a
responsabilidade é de quem o endividou. Em segundo lugar, o estado tem hoje de vender
empresas pelo mesmo motivo que uma família muito endividada é forçada a vender bens de
estimação para acalmar os credores. anda por aí gente a bramar que portugal vende empresas
ao desbarato. realmente, a conjuntura não é a ideal para privatizar. mas o encaixe financeiro
conseguido até agora nas operações de privatização excedeu todas a previsões, desmentindo
aquela demagógica acusação.
Privatizações

Entre nós, a década de oitenta há-de ficar marcada pela afirmação de opções políticas com
sustentação ideológica de espírito neoliberal, assentes na prevalência da organização
microeconómica privada, em detrimento da gestão socializada e colectiva dos meios de
produção. Recordemos as experiências dos EUA, Reino Unido e a queda do muro de Berlim.
Temos falado neste seminário em internacionalização e globalização. O tema das privatizações
coloca-nos dentro de um outro tema, profundamente interpenetrado com aqueles: a
liberalização. Alguns, como é o caso daqueles que sustentam o actual Governo, procuraram —
e procuram —, contudo, conciliar as opções de liberalismo económico com visões
humanizadas, não individualistas ou tecnocráticas da sociedade. Esta nova cultura
política/económica criou condições favoráveis à redução da intervenção do Estado na
economia, e em particular à minimização da sua presença no âmbito do sector empresarial.
Neste contexto, as privatizações passaram então a ser encaradas como uma importante e
imprescindível contribuição para uma mais eficiente e eficaz distribuição de recursos na
economia, não só por via da transferência da propriedade e da gestão de activos empresariais
do Estado para a esfera privada, mas também — e através dela — pelo estímulo que induzem
à dinamização e reestruturação interna do sector empresarial do Estado. A revisão
constitucional de 1989, introduzindo a possibilidade de alienação pelo Estado das empresas
nacionalizadas depois de 1974, não só acolheu tais concepções político-económicas, como
viria a ter uma significativa incidência ao nível da reconstrução dos mecanismos de mercado na
área económica em geral e em particular na esfera financeira. Na verdade, já antes, ao tempo
do Governo do chamado Bloco Central — quer com a revisão constitucional de 1982, quer com
a alteração da Lei de Delimitação dos Sectores, através do Decreto-Lei nº 406/83, de 19 de
Novembro, — se haviam dado passos significativos no sentido da abertura à iniciativa privada
de investimentos nos sectores bancário, segurador, adubeiro e cimenteiro. Foi sem dúvida um
passo importante no sentido da transformação estrutural do tecido económico nacional.
Permaneciam contudo restrições às reprivatizações. Apenas com a aprovação da Lei nº 71/88,
de 24 de Maio, foi criado o primeiro enquadramento legal necessário para dar início ao
processo de reorganização da actividade económica através da alienação de participações
públicas. Na sequência desta Lei, foi aprovada uma outra — a Lei nº 84/88, de 20 de Julho —
que veio permitir a transformação das empresas públicas em sociedades anónimas de capitais
públicos: estava dado o pontapé de saída para as reprivatizações. Havia contudo ainda a
restrição constitucional que apenas permitia a alienação de posições minoritárias, obrigando o
Estado a manter o controlo absoluto da empresa.

É com este enquadramento que, durante 1989, se iniciam os processos de reprivatização


parcial da Unicer, no sector cervejeiro, e do Banco Totta & Açores, da Aliança Seguradora e da
Tranquilidade, no sector financeiro. Seria, contudo, com a revisão constitucional de 1989 e a
subsequente Lei Quadro das privatizações, de Abril de 1990, que se constituiria em Portugal —
finalmente — um verdadeiro quadro legal propiciador da substituição estruturante e
estruturadora do Estado por agentes económicos privados em importantes sectores da nossa
economia. II. Objectivos e Modelos de Reprivatização Este quadro legal veio instituir um
conjunto de objectivos que respeitam ao Estado como agente económico, ao funcionamento da
economia nacional e das suas unidades produtivas — alguns dos quais potencialmente
incompatíveis entre si, pelo que susceptíveis de graduação diversa operação a operação. O
objectivo principal das reprivatizações é operar a transferência dos centros de decisão
económica para a esfera do sector privado e garantir a formação de adequados níveis de
concorrência indutores de uma eficiente afectação de recursos. Visa-se, assim, reduzir o peso
do Estado na economia. Importa, contudo, notar que, ao nível do sector empresarial, a redução
do peso do Estado na economia não se realizará apenas pela via de reprivatizações indutoras
da diminuição dos interesses económicos accionistas do Estado. A prossecução deste
objectivo — como não nos temos cansado de repetir — exige também a minimização do
esforço de canalização de recursos públicos na manutenção da actividade remanescente do

Concluído este breve enquadramento das reprivatizações, de 1987 até hoje, concretizaram-se
159 operações de privatização que originaram um encaixe global de 1842 mil milhões de
contos, se considerados os 112 milhões de contos destinados a aumentos de capital das
próprias empresas privatizadas. Foram — consequentemente — muitas as empresas e os
sectores de actividade já abrangidos pelas operações de privatização. Todavia, apesar desta
diversidade o sector onde as privatizações assumiram uma importância particular, quer pelo
volume das operações quer pelas alterações estruturais que estimularam, foi o sector
financeiro sector empresarial do Estado.
2013: As últimas grandes privatizações da era da troika

A privatização mais valiosa do tempo da troika ficou fechada há quatro anos, com a francesa
Vinci a ficar com a ANA-Aeroportos. A saída do Estado da EDP também aconteceu em 2013. O
ano de 2013 ficou marcado pela conclusão das duas maiores privatizações do tempo da troika
no país. A privatização da ANA - Aeroportos de Portugal, vendida à francesa Vinci, foi decidida
em finais de 2012, mas só ficou fechada em 2013, com o pagamento da totalidade dos 3.080
milhões de euros ao Estado. O valor do negócio superou o da venda da fatia estatal de 25,5%
na EDP que ficou fechada por um montante total de 3.056 milhões de euros no ano de 2013,
altura em que a Parpública alienou os últimos 4,144% da eléctrica. Nessa altura já a China
Three Gorges tinha assegurado 21,35%

Ao contrário da ANA, a privatização da TAP teve de esperar. Cancelada a venda da companhia


aérea ao empresário colombiano, que adquiriu a nacionalidade polaca e concorria sozinho, o
Executivo de Passos Coelho desencadeou contactos para conseguir vender a transportadora,
assumindo em 2013 vontade de reiniciar o processo nesse ano. O que não aconteceu.

A privatização da TAP acabou por ser relançada apenas em 2015, cabendo a vitória à Atlantic
Gateway, consórcio que reunia o português Humberto Pedrosa e o norte-americano David
Neeleman. Um processo que ainda não chegou ao fim. O resultado das eleições de 2015, com
a chegada de António Costa ao Governo, ditou mudanças na operação. O Executivo quis
renegociar uma reversão parcial com os privados, que tinham ganho a privatização de 61% da
empresa em 2015, pagando 10 milhões pelas acções e injectando imediatamente dinheiro na
companhia. Todos os passos para a conclusão deste acordo, que vai permitir ao Estado ficar
com 50% da TAP

Foi nesse ano que o Estado português vendeu 40% da empresa que gere as redes nacionais
de transporte de electricidade e de gás natural por um valor total de 592 milhões de euros. A
chinesa State Grid passou a ser a maior accionista com 25% do capital. Já os restantes 15%
da REN foram vendidos à Oman Oil, petrolífera estatal de Omã. Só mais tarde, em Junho de
2014, o Estado alienou em bolsa os restantes 11% que detinha na REN, por 157 milhões de
euros.

Os anos de troika em Portugal foram marcados por outras privatizações relevantes, mas cujos
encaixes ficaram abaixo dos obtidos com a ANA - Aeroportos de Portugal e EDP. Entre as mais
relevantes, concluídas já em 2014, conta-se a compra pelos chineses da Fosun de 80% da
Caixa Seguros por mil milhões de euros. Também os CTT passaram nesse ano a ser uma
empresa 100% privada, numa operação que gerou mais de 900 milhões de euros para os
cofres do Estado. Nesse mesmo ano, o grupo Mota-Engil aceitou pagar quase 150 milhões
para ficar com a EGF.

Sérgio Monteiro foi responsável pelas operações da ANA, TAP, CTT, CP Carga e concessões
na área dos transportes. O homem que veio da banca de investimento apresentou contas do
Parlamento que mostram uma poupança de 7.100 milhões de euros com juros da dívida
pública, por via do valor que foi destinado à amortização dos empréstimos do Estado. Esta
economia, mais uma receita bruta estimada de 9,3 mil milhões de euros, e menos os
dividendos que o Estado perde para os privados, dão a soma positiva dos 10.100 milhões, para
um cálculo feito a 20 anos.
Mas, dos 10 mil milhões de euros de receita, menos de metade chegou ao Fundo de
Regularização da Dívida Pública e foi usado para abater a dívida do Estado. Dados
fornecidos ao Observador por fonte oficial do Ministério das Finanças, indicam que foram
aplicados na amortização de dívida, um total de 4.560 milhões de euros, divididos por três
anos (2012, 2013 e 2014) e cinco empresas – EDP, REN, CTT, ANA e BPN.

Empresa Geral de Fomento: reprivatização está concluída

Parpública já informou que foi concluída a reprivatização da Empresa Geral de Fomento,


com a aquisição de 95 % do capital público daquela empresa, que pertencia à Águas de
Portugal, pela SUMA (2015-07-29)
1989/1991 - O mundo era assim
1. Jorge Sampaio assume liderança do PS. A 15 de Janeiro de 1989, o Partido Socialista passa a
ser liderado por Jorge Sampaio que assume o cargo de Secretário Geral do partido.

2. Começam as privatizações em Portugal: A 26 de abril de 1989, arranca o processo de


privatizações das empresas públicas, muitas delas nacionalizadas após a revolução de Abril de
1974.

3. Massacre em Tiananmen: A 4 de Junho de 1989, o Exército Vermelho chinês ataca


violentamente uma manifestação de estudantes na Praça de Tiananmen em Pequim que pediam
reformas políticas no país. Relatos de jornalistas apontam para entre 3 mil e 7 mil mortos
provocados pelo massacre.

4. Revisão constitucional: A 8 de Julho de 1989 é aprovada a 2ª Revisão da Constituição da


República Portuguesa, que deu maior abertura ao sistema económico, nomeadamente pondo termo
ao princípio da irreversibilidade das nacionalizações.

5. Queda do muro de Berlim: A 9 de Novembro de 1989, cai o Muro de Berlim que dividiu a cidade
de Berlim durante 28 anos e foi o símbolo maior da cortina de ferro que dividia a Europa desde o
final da IIª Guerra Mundial.

6. Mário Soares é reeleito presidente da República: A 13 de Janeiro de 1991, realizam-


se eleições presidenciais, nas quais Mário Soares é reeleito presidente da República Portuguesa,
com cerca de 70% dos votos.

7. Primeira Guerra do Golfo: A 17 de Janeiro de 1991 iniciam-se os bombardeamentos ao Iraque


por parte de uma coligação de países liderada pelos Estados Unidos naquela que ficou conhecida
como a Primeira Guerra do Golfo.

8. Acordos de Bicesse: A 31 de maio de 1991, sob o patrocínio de Portugal, é rubricado em


Bicesse, próximo de Lisboa, o acordo de paz entre MPLA e UNITA.

9. Acaba o Pacto de Varsóvia: A 1 de Julho de 1991, o Pacto de Varsóvia, organização militar


formada por diversos países da Europa de Leste, é formalmente dissolvida.

10. Inauguração da Ponte de São João: A 24 de Junho de 1991, o dia do Santo padroeiro que dá
nome à construção, é inaugurada a Ponte de São João, uma ligação ferroviária sobre o rio Douro
entre o Porto e Gaia.

11. Portugal sagra-se Campeão Mundial de Juniores: A 30 de Junho de 1991, Portugal sagra-se
como Campeão Mundial de Juniores pela segunda vez consecutiva, desta vez em Lisboa num jogo
que venceu o Brasil através da marca de grandes penalidades.

12. Tentativa de golpe de Estado na URSS: A 19 de agosto de 1991, a ala mais ortodoxa do
Partido Comunista da ex-União Soviética inicia uma tentativa de Golpe de Estado para retirar do
poder o reformista Mikhail Gorbachov.

13. PSD de Cavaco Silva conquista maioria absoluta: A 6 de outubro de 1991 têm lugar eleições
legislativas, ganhas pela terceira vez consecutiva pelo PSD liderado por Cavaco Silva, e mais uma
vez com maioria absoluta, tendo atingido desta vez os 50,60% dos votos.

14. Morre Freddie Mercury: A 24 de Novembro de 1991, morre Freddie Mercury, vocalista dos
Queen e um dos artistas mais multifacetados do século XX.

15. Fim da URSS: Mesmo no final do ano, a 31 de Dezembro de 1991, é extinta a URSS
Nacionalizações

- Conceito de Nacionalização

- Período em que ocorreram as principais nacionalizações em Portugal.

- Fatores que justificam as Nacionalizações

- Objetivos das Nacionalizações

- Principais sectores intervencionados (exemplos de empresas


nacionalizadas nos diferentes sectores)

- Consequências das Nacionalizações para a Economia Portuguesa.

- Relacionar a legislação e Nacionalizações

Privatizações

- Conceito de Privatização/Reprivatização

- Período em que decorreram as primeiras privatizações em Portugal

- Fatores que conduziram às privatizações

- Objetivos das privatizações (destino das receitas)

- Principais sectores/empresas privatizadas/reprivatizadas

- As privatizações durante o período da troika

- Consequências das privatizações para a Economia Portuguesa

- Relacionar a legislação e Privatizações

- Identificar os principais acontecimentos políticos e económicos da


década de 70, 80 e 90 (cronologia temporal com as datas/acontecimentos
mais relevantes)

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