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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

Gabriela Rodrigues Pereira


Laura Roberta Barsante Rocha
Maria Eduarda Da Silva

USO DE PSICODÉLICOS/ENTEÓGENOS EM PSICOTERAPIA ASSISTIDA


NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR

Betim
2023
Gabriela Rodrigues Pereira
Laura Roberta Barsante Rocha
Maria Eduarda Da Silva

USO DE PSICODÉLICOS/ENTEÓGENOS EM PSICOTERAPIA ASSISTIDA


NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR

Projeto de trabalho de conclusão de curso


apresentado para avaliação da disciplina
Projeto de TCC, ministrada pelo Professor
Alexandre Rocha Araújo, Centro Universitário
Una, Cidade Universitária.

Betim
2023

1
Gabriela Rodrigues Pereira
Laura Roberta Barsante Rocha
Maria Eduarda da Silva

USO DE PSICODÉLICOS/ENTEÓGENOS EM PSICOTERAPIA ASSISTIDA


NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR

Trabalho de conclusão do curso de


Psicologia apresentado ao Centro
Universitário Una, Betim, como
requisito à obtenção de título de
Psicólogo.

Orientador: Prof. Alexandre Rocha


Araújo

BANCA EXAMINADORA

Local: Betim/MG
Horário: 21:00
Data: 28/06/2023

Prof. Acríssio Luiz Gonçalves


Centro Universitário UNA

BETIM
2023

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 6
2. MÉTODO.................................................................................................................................. 7
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................. 7
3.1 Transtorno Depressivo Maior (TDM)................................................................................ 7
3.2 A história da ciência psicodélica........................................................................................9
3.3 Microdoses....................................................................................................................... 14
3.4 Dietilamida do Ácido Lisérgico (Lsd)............................................................................. 14
3.5 Psilocibina (Cogumelos Mágicos)................................................................................... 17
3.6 Ayahuasca........................................................................................................................ 19
3.7 Como é feita a Terapia Assistida por Psicodélicos e Enteógenos....................................20
3.8 Tratamento convencional do TDM e tratamento com psicodélicos.................................24
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................25
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA......................................................................................28

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RESUMO

O presente artigo realizou o levantamento bibliográfico e histórico de substâncias


psicoativas chamadas de psicodélicos e enteógenos, com ênfase em LSD, psilocibina e
Ayahuasca em psicoterapia assistida no tratamento do Transtorno Depressivo Maior
(TDM). Essas substâncias psicoativas são capazes de alterar/expandir a consciência
porque pertencem a um classe farmacológica de psicotrópicos, ou seja, possuem em sua
molécula semelhanças com os receptores presentes no sistema nervoso central, portanto
a ingestão de tais substâncias em casos de transtorno depressivo maior pode vir a
resultar em efeitos antidepressivos e ansiolíticos, sensação de bem estar e euforia. As
substâncias, foco deste trabalho são psicoativas, no entanto os enteógenos são retirados
diretamente da natureza e assim utilizados, enquanto os psicodélicos são substâncias
sintéticas. O Transtorno Depressivo Maior (TDM), sendo a principal causa de
incapacidade entre os problemas de saúde, totalizando em mais de 300 milhões de
pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde em 2022, possui alto
índice de refratariedade/resistência levando-se em consideração que 44% dos pacientes
apresentam resistência a duas terapias consecutivas antidepressivas e 33% param de
apresentar resposta após a quarta terapia antidepressiva consecutiva (PIO et al,. 2021).
O TDM é um transtorno de humor caracterizado por sentimento de tristeza grave que
persiste por mais de duas semanas, levando o indivíduo a desinteressar-se pelas
questões cotidianas. Visto o alto índice de refratariedade/resistência aos tratamentos
tradicionais, e a capacidade de alteração dos neurotransmissores ocasionados pela
ingestão de psicodélicos, foi analisado como é realizada a terapia assistida por
psicodélicos e suas etapas, sendo elas: autoexame, conexão empática, discussão,
diminuição dos sintomas, nutrição e término da sessão bem como a utilização das
microdoses durante o tratamento. Foi efetuada uma retrospectiva da história da ciência
psicodélica desde seus primórdios até o tempo atual. Foram analisadas também cada
uma das substâncias e seus efeitos nos indivíduos, comprovando assim a eficácia de
cada uma delas para o tratamento do TDM.

PALAVRAS-CHAVE: Enteógeno, psicodélicos, Terapia assistida, e Transtorno


Depressivo Maior.

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1. INTRODUÇÃO

A depressão segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde, 2022) é a


principal causa de incapacidade entre os problemas de saúde e atinge mais de 300
milhões de pessoas de diversas faixas etárias, em todo o mundo. Na pior das hipóteses,
pode levar ao suicídio, que hoje é responsável por mais de 800 mil casos por ano, além
de ser considerado a segunda maior causa de morte entre jovens 15 a 29 anos. Apesar
do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (American Psychiatric
Association, 2014, p.155) constatar 8 subtipos de depressão sendo eles: transtorno
disruptivo da desregulação do humor, transtorno depressivo maior, transtorno
depressivo persistente, transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo
induzido por substância/medicamento, transtorno depressivo devido a outra condição
médica, transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado,
será abordado o Transtorno Depressivo Maior (TDM) com mais ênfase. Este tem por
característica a alteração de humor, destacando-se a tristeza profunda e sentimento de
desesperança de forma persistente por mais de duas semanas, anedonia, alteração
psicomotora, diminuição da concentração, culpa , distúrbios do sono e apetite, além de
idealizações suicidas. Os sintomas afetam as esferas cognitiva, emocional, biológica,
social, sexual e psicológica acarretando em sofrimento para o indivíduo. Segundo
Dalgalarrondo et al. (2019), o adoecimento por depressão está ligado a múltiplas
manifestações que denotam desvitalização e desvalorização.

Atualmente os tratamentos tradicionais do TDM estão voltados para o uso de


medicamentos controlados e psicoterapia, no entanto entre os períodos de 2005 à 2015
houve um aumento significativo de 18% de TDM, na população mundial, 44% dos
pacientes apresentam o fenômeno de resistência a duas terapias antidepressivas
consecutivas e 33% param de apresentar resposta após a quarta terapia antidepressiva
consecutiva ou seja, os tratamentos tradicionais em alguns casos apresentam baixa
eficácia ocasionando a refratariedade e desistência do processo terapêutico (Pio et al.,
2021). Dada a insatisfação com os resultados obtidos com os tratamentos tradicionais,
nos últimos anos, especificamente a partir de 1990, vem sendo estudada a utilização
dos psicodélicos em psicoterapia assistida.

Psicodélicos são substâncias psicoativas capazes de interagir e alterar os


neurotransmissores, ocasionando liberação de serotonina e sensação de bem estar que é

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o caso das substâncias denominadas Dietilamida do ácido lisérgico (LSD), psilocibina e
ayahuasca o que pode resultar em um possível avanço para o tratamento do Transtorno
Depressivo Maior.

Neste artigo serão abordados três tipos de substâncias psicodélicas: LSD,


Ayahuasca e Psilocibina (Cogumelos Mágicos). Estas foram definidas devido a
variedade de pesquisas disponíveis para a obtenção de informações.

2. MÉTODO

Realizou-se uma revisão narrativa bibliográfica, para que fosse feita uma síntese
sobre o uso de psicodélicos/enteógenos em psicoterapia assistida no tratamento do
transtorno depressivo maior, abordando de forma panorâmica a história dos
psicodélicos, etimologia e definições de transtorno depressivo maior, análise quanto a
utilização dos enteógenos na psicoterapia assistida bem como resultados obtidos a partir
dessa prática.

A pesquisa foi realizada entre os meses de setembro de 2022 a agosto de 2023,


através do Scielo e Google Acadêmico. Foram utilizadas as palavras-chave “transtorno
depressivo maior”, “terapia assistida”, "psicodélicos", "enteógenos", "alucinógenos",
“psilocibina” e “lsd”.

Coletamos informações de vinte artigos e sites, na língua portuguesa e inglesa,


os quais trouxeram dados sobre o TDM, a terapia assistida por psicodélicos/enteógenos,
a história dos psicodélicos, e as características do LSD e da Psilocibina.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR (TDM)

Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com
depressão segundo a OMS (Organização mundial da saúde, 2022) tornando-se uma crise
de saúde global. Os crescentes números exigem um maior investimento em respostas
eficazes na prevenção e tratamento dessa doença.

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O DSM -5 de 2014, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais,
criado pela Associação Americana de Psiquiatria, define a depressão como um
transtorno de humor, caracterizado por uma tristeza persistente e grave com duração
acima de duas semanas, capaz de diminuir o interesse pelas atividades cotidianas
(American Psychiatric Association, 2014, p. 162). Além disso, a depressão prejudica o
funcionamento psicossocial do indivíduo acarretando em sofrimento pois, nesses
quadros, podem ocorrer disfunções em vários níveis, sendo eles cognitivo, físico,
biológico, social, sexual e psicológico.

Porém, alguns tipos de depressão são listados no DSM-5 (American Psychiatric


Association, 2014, p.155) por sintomas específicos como o transtorno depressivo maior,
transtorno depressivo persistente, transtorno depressivo específico ou inespecífico. E há
aqueles classificados por etiologia: transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno
depressivo decorrente de outra condição de saúde e os transtornos induzidos por
substâncias farmacológicas. Ainda que a causa exata seja desconhecida, é considerada
multifatorial (TRAMONTINA, 2022), pois inclui fatores hereditários, biológicos,
psicológicos e sociais. Uma das teorias amplamente discutidas, é a que defende que a
origem dessa doença está nas alterações dos neurotransmissores: noradrenalina (NA),
serotonina (5 HT), e dopamina (DA) (ANDRADE et al., 2003).

Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais)


o transtorno depressivo maior tem como sintomas alterações do apetite, insônia ou
hipersonia, perdas cognitivas como diminuição da concentração, agitação ou retardo
psicomotor, ansiedade, pânico, sentimento de culpa, falta de energia/libido, dificuldade
em tomar decisões e pensamentos suicidas (American Psychiatric Association, 2014,
p.161).

É possível utilizar alguns mecanismos para distinguir subtipos de Transtorno


Depressivo Maior como a sintomatologia, gravidade do caso, intensidade, frequência e
sua polaridade. Na sintomatologia existem os: melancólicos, psicóticos e atípicos, já a
gravidade do caso leva em consideração se ele é leve, moderado ou grave. Nos subtipos
há também o olhar clínico voltado para a intensidade (distimia) e a frequência em que
ela ocorre, se é de forma breve, recorrente ou persistente e por fim sua polaridade,
podendo ser unipolar ou bipolar.

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O tratamento tradicional é aplicado de acordo com o quadro do paciente, pois
em alguns casos a psicoterapia com uso de fármacos é o suficiente, em outros casos
graves e extremos, exigem hospitalização e o tratamento com eletroconvulsoterapia
(ECT) (ANTUNES et al., 2009), que é a indução elétrica de uma convulsão controlada,
administrada sob sedação profunda ou anestésica. Essa prática, apesar de apresentar
bons efeitos antidepressivos, pode ocasionar perda significativa de memória e confusão
mental.

Observa-se também que os tratamentos tradicionais com antidepressivos não são


de todo satisfatórios, pois apenas de 25% a 35% dos pacientes se recuperam totalmente
(CROWN et al., 2002) o que pode aumentar as chances de desenvolver a depressão
refratária ou seja, persistente. Existem algumas causas possíveis que justificam a
refratariedade, como por exemplo a não-aderência ao tratamento e a resistência
medicamentosa. Isso se dá pois o tratamento tradicional geralmente requer múltiplas
sessões nas quais demandam tempo, disponibilidade de deslocamento, uso dos serviços
de saúde e seus respectivos custos, ou mesmo utilizando os fármacos receitados, não
apresentam melhora ou são resistentes às propriedades apresentadas, transformando o
transtorno em uma condição de difícil remissão e com aspecto crônico.

Além disso, os medicamentos utilizados apresentam demora no tempo de ação


para início dos efeitos, exigem continuidade e possuem efeitos colaterais que
perpassam por diversas áreas como a biológica, sexual, social e cognitiva. A busca por
resultados satisfatórios e com efetividade maior fizeram com que houvesse procura por
tratamentos alternativos como a terapia assistida por psicodélicos, na qual associa a
utilização de microdoses de substâncias psicoativas seguras sob supervisão de um
profissional atrelada ao tratamento psicoterapêutico.

3.2 A HISTÓRIA DA CIÊNCIA PSICODÉLICA

Desde seus primórdios, a humanidade faz uso de substâncias psicodélicas. De


acordo com historiadores, o consumo dos cogumelos na história da humanidade se dá
desde o período da Idade da Pedra, entre 7.000 e 9.000 anos atrás, as espécies de
cogumelos mágicos consideradas sagradas são as que contém como princípio ativo a
psilocibina.

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A ciência psicodélica começa em 1943, quando de modo acidental, Albert
Hoffman, descobriu os efeitos do Dietilamida do Ácido Lisérgico (LSD), uma droga
sintética derivada de um alcalóide do fungo Claviceps purpurea. Ela afeta o sistema
nervoso central, provocando alterações no estado de consciência. Essa descoberta abriu
um novo campo de pesquisa onde se estudam os efeitos terapêuticos e medicinais dos
psicodélicos e enteógenos dentro da saúde mental.

Após a descoberta começam as primeiras investigações em torno da substância.


O químico suíço Albert Hofmann consumiu por acaso o ácido lisérgico durante uma
pesquisa, e relatou ter visto formas de caleidoscópios coloridos com os olhos fechados,
dias após o mesmo consumiu 0,25 miligramas da substância e observou alterações da
percepção e do humor como vontade de rir.

Em 1947 houve o primeiro estudo científico sobre os efeitos do LSD, pelo


professor Arthur Stoll, que era supervisionado por Hofmann. Eles pesquisaram dois
grupos de pessoas, um grupo composto por indivíduos esquizofrênicos e outros não
esquizofrênicos. Segundo o relatório publicado, os resultados dos sentimentos
acarretados no grupo de pessoas não esquizofrênicas se resumiam a sensações de
euforia, padrões visuais, sentimento de juventude, beleza e sensibilidade a sons, no
outro grupo a intensidade dos sintomas foram reduzidos, e nenhum sujeito teve seu
quadro agravado. Foram administradas as doses de 100 mcg (micrograma) por dois dias
consecutivos, no segundo dia não observaram efeitos nos indivíduos, consequentemente
nada foi concluído sobre a eficácia da substância. (SOARES, 2021).

A partir do estudo publicado sobre o LSD começam a surgir uma série de


pesquisas com substâncias psicodélicas, como uso ancestral de psilocibina, ou como é
conhecido popularmente, cogumelos mágicos. As pesquisas se dão após um casal que
viajava para o México no início dos anos 50, documentar suas experiências em um
ritual no livro The Wondrous Mushroom (o maravilhoso cogumelo) (METZENER
1968).

Também na década de 1950 a Agência Central de Inteligência (CIA), conduzia


pesquisas utilizando psicodélicos como soro da verdade, na mesma década foi lançada
uma edição de fotorreportagem de uma velada no México, que consiste em um ritual
onde são inseridos cogumelos com a finalidade de curar doentes. O relato do ritual pode
ser considerado como uma indicação terapêutica do uso de tais substâncias, após o

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lançamento da edição pessoas que não estavam inseridas no ambiente de pesquisas se
interessaram pelo assunto.

Apesar dos acontecimentos anteriores, o termo psicodélico é bastante recente,


surgiu através de Humphry Osmond, um cientista suiço que no ano de 1956 queria
diferenciar o termo psicodélicos de alucinógenos. Surge então a expressão psicodélicos,
significando manifestação da mente, com a junção dos termos gregos Psique (alma) e
delein (manifestar), pois o mesmo acreditava que alucinógenos trazia uma compreensão
de distorção dos pensamentos, e tais substâncias não produzem necessariamente
alucinações, que remetem a algo que não existe na realidade. (LOBO, 2021).

Na década 1960, os cogumelos passaram a ser usados recreativamente pela


sociedade juntamente ao LSD, mesma época em que começaram as reivindicações e
protestos contra a guerra do Vietnã, nesse mesmo ano foram enviados cogumelos para
Albert Hofmann, tendo em vista que o mesmo descobriu os efeitos do LSD e publicou
estudos sobre seus possíveis efeitos terapêuticos. A Universidade de Harvard permitiu
que alunos pós graduandos realizassem estudos em torno da psilocibina, até ser
descoberto que os mesmos usavam a substância para fins recreativos.

No ano de 1964 estudos feitos por Grof et al. (1973), um psiquiatra checo,
comprovaram efeitos analgésicos do LSD. Foram envolvidos 60 pacientes
diagnosticados com diferentes tipos de câncer, e isso incentivou novos estudos
utilizando a substância para aliviar a depressão e ansiedade em pacientes com câncer
terminal. O estudo indicou que aproximadamente 29% dos 60 pacientes de câncer
apresentaram grande melhora em sintomas como estresse emocional e físico, enquanto
41,9% tiveram melhora moderada e 22,6% não apresentaram melhoras significativas
durante o tratamento, porém 6,4% mostraram aumento dos indicadores de melhora no
estresse após o fim do tratamento.

Na década de 1970 o LSD e psilocibina tornam-se ilegal nos Estados Unidos,


atrasando as pesquisas cientificas feitas com o ácido e outras substâncias psicodélicas.
Com o uso recreativo fora de controle, as manifestações populares do movimento hippie
contra a Guerra do Vietnã, entre os anos de 1960 a 1970, o governo dos Estados Unidos
proibiu o uso das substâncias e suspendeu as pesquisas psicodélicas. A proibição
impediu que as substâncias fossem definidas para uso medicinal e passou a ser
reconhecido como alto potencial de abuso pela sociedade.

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Com a proibição da substância, alguns autores vieram a defender seus efeitos
colaterais adversos, o que mudou o foco para as questões negativas, tais como
mudanças sensoriais resultantes de terror e pânico (GROF et al., 1973), alegando até
mesmo que baixas doses provocam alucinações, delírios, alterações na percepção de
tempo e espaço e que provocam quadros semelhantes à esquizofrenia. (GRAEFF, 1989).

Em 1976 foi proposto um novo termo por pesquisadores que estavam estudando
plantas e fungos em terras indígenas. As plantas e fungos pesquisadas passaram a ser
chamadas de enteógenos cujo o significado: “daquilo que gera Deus dentro de si”,
também é uma combinação dos termos gregos etheos (Deus dentro) e gen (tornar-se),
porém tal termo é aceito para definir substâncias advindas da natureza, como psilocibina
e ayahuasca o que não é o caso do LSD por ser esta última uma substância sintética,
assim se encaixando no termo psicodélico. (MAIA, 2020).

A ayahuasca, que é um enteógeno bastante utilizado nas pesquisas psicodélicas,


teve sua legalização para fins ritualísticos no Brasil no ano de 1980, e em decorrência
houve grande interesse da parte de pesquisadores em investigar seu potencial
terapêutico. (SOARES, 2021).

Somente em 1990 O psiquiatra americano Rick Strassman, trouxe o retorno da


Ciência Psicodélica, começando a estudar os efeitos fisiológicos nas pessoas através do
uso de ayahuasca, com o objetivo de analisar potenciais terapêuticos da mesma,
acontecendo uma retomada dos estudos feitos por outros psicodélicos de 1940 e 1960,
dando início à terapia psicodélica. (SANTOS, MEDEIROS 2021).

Com a retomada das pesquisas com psicodélicos, volta a ideia inicial de Albert
Hofmann de que psicodélicos não são sinônimos de alucinógenos, são substâncias
psicoativas seguras para o consumo humano, pouco tóxicas se comparadas ao álcool.

O primeiro estudo sobre ayahuasca teve sua publicação no ano de 1996, foram
aplicados testes de personalidade e avaliações neuropsicológicas nos participantes, os
resultados apontaram potencial para tratamento de dependência química através da
substância. Posteriormente, se inicia a investigação do valor terapêutico da substância
para o tratamento da depressão, o que parece ter sido o primeiro estudo envolvendo
ayahuasca no tratamento de depressão severa. (SOARES, 2021).

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Em 2015 houve a criação da Associação Psicodélica do Brasil, onde são
produzidos materiais sobre os psicodélicos e o sobre uso e efeito das substâncias,
visando a redução de danos pelo consumo abusivo em festas.

No Brasil existe um grupo de pesquisadores na área de psicodélicos, composto


por psiquiatras, psicólogos, terapeutas e médicos (Instituto Phaneros), o qual tem o
objetivo de avaliar, pesquisar e desenvolver a terapia assistida no Brasil. Um desses
pesquisadores foi Eduardo Schenberg, um neurocientista paulista, que em 2018
introduziu no Brasil a terapia assistida por psicodélicos para tratar transtorno pós
traumático e conseguiu resultados surpreendentes.

Ainda no Brasil, em 2022, foi fundado o Instituto Alma Viva, o qual


disponibiliza pós-graduação no ramo da terapia assistida por psicodélicos, além de
também oferecer o tratamento com psilocibina.

Em 2020 foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária -


ANVISA a importação de psilocibina para tratar depressão no Brasil através de
pesquisas, porém ainda há um atraso comparado a estudos produzidos em outros países.
(MORAES, 2020).

Para compreender de maneira clara e objetiva, elaboramos abaixo uma linha do


tempo da história da ciência psicodélica:

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Fonte: elaboração própria

3.3 MICRODOSES

Os estudos e o interesse em torno da microdosagem vem crescendo


gradativamente, conquistando o espaço entre indivíduos que procuram desenvolvimento
pessoal, melhora na saúde mental e aumento das capacidades cognitivas. O uso de
microdoses se destaca na redução dos sintomas de ansiedade, depressão dentre outros
transtornos. Também é possível observar o aumento da criatividade, sabedoria de
possuir uma mente mais aberta e maior capacidade de “pensar fora da caixa” para a
solução de problemas. (LOPES, SAYURI et. al; 2014)

As pesquisas atuais giram em torno das microdoses, doses que não causam
alucinações ou grandes distorções perceptivas e são utilizadas para tratar transtornos
psiquiátricos, melhorando funções cognitivas. Sua ingestão se dá por via oral e é feito
um cronograma baseado em determinar um ciclo, ingerir um dia e interromper pelos

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dois dias seguintes, normalmente pode se repetir por um ou mais meses (LOPES,
SAYURI, 2014).

Fadiman (2022) explica que se alguém consome microdose e se sente perturbado


ou “louco”, provavelmente está consumindo uma dose além do recomendado.

Segundo o artigo “Terapia Psicodélica, Efeitos neurobiológicos das drogas


recreativas”, o lsd é uma droga segura, se for aplicado de forma correta, entre doses de
50 a 200 mcg, sendo em um ambiente monitorado.

O que pode gerar perigo a quem ingerir esse psicodélico, é o uso de forma
recreativa, através do comércio ilegal, sem ter a comprovação de que o lsd foi preparado
de forma segura, sendo talvez uma substância diferente da desejada, que trará efeitos
inesperados. Além disso, o ambiente escolhido pode não ser o melhor para a
experiência, surgindo as chamadas "bad trips", que são sentimentos de paranóia,
ansiedade e pânico.

3.4 DIETILAMIDA DO ÁCIDO LISÉRGICO (LSD)

Hofmann (1938, p. 47) começou em 1938 suas pesquisas em laboratório para


tentar encontrar um estimulante da circulação sanguínea, porém foi em 1943 que o
mesmo teve contato com a substância denominada Dietilamida do ácido lisérgico
(LSD), popularmente conhecida como “ácido” ou “doce”, o contato ocorreu por acaso
de forma direta em sua pele, que narrou a experiência da seguinte forma:

Eu fui forçado a interromper meu trabalho no laboratório no meio da tarde e


ir para casa, tendo sido afetado por uma marcante inquietação combinada
com uma leve tontura. Em casa me deitei e afundei em uma condição não
desagradável de um tipo de intoxicação, caracterizada por uma imaginação
extremamente estimulada. Num estado como de um sonho, com os olhos
fechados, eu achei a luz do dia desagradavelmente brilhante, eu percebia um
fluxo ininterrupto de quadros fantásticos, formas extraordinárias com um
intenso caleidoscópico jogo de cores. Depois de umas duas horas, essa
condição desapareceu. (Hofmann, 1938, p. 47)

Dias após o incidente ele diluiu 0,25 mcg de LSD e consumiu, relatou que as
sensações estavam diretamente ligadas à substância, não sentiu o menor sinal de efeitos
adversos no dia seguinte, automaticamente percebeu que havia um novo composto para
ser usado a fins farmacológicos, em especial visando a psiquiatria. (SOARES, 2021).

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O ácido lisérgico (LSD) possui semelhanças na estrutura dos receptores 5-HT,
atuando diretamente nos receptores 5-HT2A (serotonina), provocando alterações nos
estados da consciência, possibilitando melhor atividade cerebral (SANTOS, BELO
2022) causando efeitos psicoativos. Também há afinidade pelos receptores 5-HT1A,
5HT2C, 5HT5A E 5-HT6 (LOPES, SAYURI, LENZ 2022).

Descobertas no campo da neurociência evidenciam que o LSD tem efeitos


relacionados à síntese de plasticidade sináptica, englobando regiões do córtex cerebral e
amígdala, sendo assim, observa-se grande potencial terapêutico no tratamento do TDM
e outros transtornos psiquiátricos (SOUZA, SOUZA 2022).

Amígdala cerebral é um grupo de células sensíveis, que têm respostas excessivas


a eventos negativos, dando retorno de forma fisiológica e comportamental aos estímulos
emocionais. O córtex cerebral e córtex pré frontal estão ligados ao comportamento
cognitivo, tomada de decisões e está ligado aos efeitos do estresse (CASTANHEDE,
RODRIGUES, ALVES, ALVES, SILVEIRA 2021).

O LSD utilizado em pequenas doses, pode proporcionar efeitos de euforia e ação


antidepressiva pois se assemelha ao neurotransmissor responsável pela serotonina.
(LOPES, SAYURI, LENZ 2022).

Existem estudos comprovando os efeitos positivos do LSD no processamento de


emoções e sociabilidades, testes de empatia e orientações de valores sociais, de acordo
com o resultado de três testes que mediam o reconhecimento de emoções por expressões
faciais, teste de empatia e orientações de valores sociais. Conclui-se que a substância
produz sentimentos de felicidade, confiança, empatia, aumenta o desejo de estar com
outras pessoas, sugerindo que sua utilização pode ser promissora em ambientes
supervisionados para o tratamento da depressão (SOARES 2021).

Em 2020 houve um estudo para testar a eficácia do LSD no tratamento de


ansiedade e transtorno depressivo maior, evidenciando melhor qualidade de vida após
12 meses de ingestão, o grupo tratado com a substância obteve melhoras significativas
nos âmbitos físicos e psicológicos, comparado ao grupo com tratamento tradicional
(SOUZA, SOUZA 2022).

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Em outro estudo no ano de 2021, participantes recrutados de forma on-line,
utilizaram 13,5 mcg de LSD, relataram redução nos sintomas de estresse e depressão a
longo prazo, porém relataram também alteração na capacidade de atenção (LEMOS
2021).

O efeito mais relevante do LSD durante a terapia assistida consiste em vir à tona
sentimentos reprimidos pelo paciente, além de sentimentos positivos de humor
(MANGINI, 1998).

Estudos indicam também que a microdosagem de LSD tem grande efeito no


tratamento do TDM pois diminui a ruminação mental e repetição de pensamentos. A
ingestão de 10 a 25 mcg são toleradas nos indivíduos e não acarretam basicamente
nenhum efeito fisiológico negativo, pesquisadores afirmam que observam efeitos
positivos nos sintomas relacionados a falta de motivação e incapacidade de sentir
prazer, sentimentos presentes nos casos de depressão maior (HIGGINS 2021).

Mesmo com indícios de que o LSD auxilia no tratamento de transtornos


depressivos, existem dificuldades no financiamento de pesquisas nas últimas décadas,
devido ao preconceito da proibição em vários países (PIO et al.,2021).

3.5 PSILOCIBINA (COGUMELOS MÁGICOS)

A psilocibina pode ser encontrada em mais de duzentas espécies de cogumelos,


os quais são denominados cogumelos mágicos devido a seus efeitos psicodélicos. Esses
eram usados como ferramenta de auxílio espiritual em diversas culturas indígenas,
conforme já abordado aqui.

A carne dos cogumelos se mancham de azul quando ocorre o processo de


oxidação, sendo isso o indicador de que há presença de psilocibina em sua composição.

A psilocibina se resume a um princípio ativo extraído de cogumelos do gênero


Psilocybe. Sua estrutura química se assemelha ao neurotransmissor 5-hidroxitriptamina
ou 5-HT, contendo efeitos fisiológicos na ligação primária dos receptores de serotonina
na fenda sináptica, havendo maior afinidade com o receptor 5-HT2A (SILVA et al
2021).

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A estrutura dos cogumelos mágicos é semelhante à serotonina, compartilhando o
mecanismo de ação em comum, o receptor 5HT2A, o que produz efeitos
antidepressivos (ITO 2018).

Atualmente a psilocibina é um dos enteógenos mais utilizados como fonte de


pesquisa dentro da terapia assistida por psicodélicos, pois é uma substância considerada
segura e com duração ativa mais longa (SOARES 2021).

A substância extraída do cogumelo mágico é promissora para substituição de


fármacos antidepressivos tradicionais, visto que os inibidores são agonistas diretos do
receptor 5-HT2A, e tem efeitos também nos receptores 5-HT1A e 5-HT2C (PIO et al
2021).

Apesar de baixo potencial danoso, podem ocorrer efeitos adversos, tais como
agitação, falta de concentração e julgamentos prejudicados (AUSTIN 2019).

No ano de 2011 foram utilizadas doses de 0,2 mcg de psilocibina para


tratamento de depressão em pessoas com câncer em estado avançado. Foram obtidas
respostas fisiológicas e psicológicas positivas durante as sessões, foi revelado melhoras
no humor a partir do primeiro mês, os resultados apontam viabilidade e segurança na
utilização de doses moderadas na terapia assistida com psilocibina (SOARES 2021).

Em 2012 uma pesquisa em semelhança à publicação Yasmin Schmid et


al.,(2021), utilizando a escala 5D-ASC (Escala de Estados Alterados de Consciência
com 5 Dimensões), para autoavaliação e avaliação de estímulos externos no ambiente,
apontou que a psilocibina afeta o estado de humor positivamente, gerando mais afeto. O
resultado está especificamente interligado ao sub receptor de serotonina 5-HT, portanto
se concluiu que a substância psicodélica em questão tem grande potencial terapêutico
para o TDM (SOUZA, SOUZA 2022).

Em um estudo conduzido no ano de 2016 utilizando a psilocibina em 51


pacientes, estes obtiveram diminuição no quadro de angústia e redução em quadros de
desejo de suicídio (COSTA, SILVA 2022).

A psilocibina indica grande potencial terapêutico no tratamento do transtorno


depressivo maior, pois a depressão está ligada ao funcionamento da atividade de
neurotransmissores de acordo com viés da neurociências, entre eles a noradrenalina,
dopamina e serotonina. Quando essas substâncias se encontram reduzidas na fenda

17
sináptica, não há produção de emoções positivas, podendo causar sintomas depressivos
(SILVA et al 2021).

Indivíduos com transtorno depressivo maior possuem uma sensibilidade na


amígdala, estrutura interligada às emoções. Um estudo publicado por Kraehenmann et
al. (2010) realizou uma ressonância magnética da amígdala após utilização de
psilocibina em pacientes saudáveis e em pacientes com histórico de depressão maior,
apontou resultados que confirmam que há diminuição da amígdala com a psilocibina, há
também aumento do estado de humor positivo, reconhecido através de um questionário
de avaliação de humor, como um meio de tratamento rápido e de durabilidade (PIO et.
al, 2021).

Apesar da melhora nos sintomas de depressão com a utilização de psilocibina na


terapia assistida, há dificuldade de encontrar voluntários para os estudos. Mesmo com a
escassez de estudos contendo grande índice de pacientes, os resultados têm efeito
significativo, e os sujeitos analisados, de fato sentiram melhora rápida em sua condição
psiquiátrica (PIO, et al, 2021).

A psilocibina em sua forma natural de cogumelo, encontrada na natureza, não é


citada explicitamente como proibida em nenhuma lei, porém não há casos de
legalização de prescrição de medicamentos com a substância (COSTA, SILVA 2022).

3.6 AYAHUASCA

Ayahuasca é um termo da língua de povos indígenas da região andina e


amazônica, que significa “vinho da alma”. Sua preparação advém das folhas de um
arbusto conhecido como chacrona, folhagens nativas da amazônia utilizadas em rituais
de cura espiritual por nativos desde o século XV. Contém em sua composição o agonista
de receptores 5-HT2A, 5-HT1A e dimetiltriptamina (DMT), conhecida como molécula
do espírito (SOARES, 2021).

Consequentemente por possuir ligação com os receptores, elevam os níveis de


BNDF (fator neurotrófico que gera aumento da neuroplasticidade) nas áreas pré frontais
do cérebro, o que acarreta efeitos antidepressivos (ITO, 2018).

18
Os neurotransmissores 5-HT2A, 5HT1A modulam o processamento emocional,
aumentando o humor positivo, e se destacam em suas propriedades terapêuticas com o
consumo da ayahuasca na redução de sintomas depressivos (ITO, 2018).

Os efeitos do chá enteógeno duram aproximadamente quatro horas, podendo


ocorrer alterações perceptivas, cognitivas, emocionais e afetivas (PEREIRA, 2021).

Seus sintomas físicos incluem efeitos eméticos e purgativos, além de sensações


corpóreas, visões e recordações de memórias afetivas do passado. O ato de vomitar
(efeito emético) é visto como desintoxicação do organismo, eliminando as toxinas e
expurgando emoções mórbidas, desencadeando reações psicológicas e espirituais
(SOARES 2021).

Em 2018, um estudo investigou o potencial terapêutico do enteógeno no


transtorno resistente a tratamento, envolvendo 29 pacientes (PALHANO-FONTES et
al., 2018). Os mesmos passaram por um período de duas semanas sem ingestão de
antidepressivos e consumiram dose única de 1ml/kg de placebo ou ayahuasca. Foi
determinada a volta dos voluntários em um, dois e sete dias após administração das
substâncias para avaliação. Os pacientes que receberam a ayahuasca tiveram melhora
no quadro depressivo em 46% a partir do primeiro dia, já o grupo placebo de 42%, no
sétimo dia o grupo placebo teve remissão dos sintomas em 7% e os que consumiram
ayahuasca 36%. Apesar de episódios de vômito, não houve registros secundários graves
(PEREIRA 2021).

Pesquisadores (SANTOS et al., 2018) vêm investigando o potencial terapêutico


do chá indígena no tratamento de TDM. Nesta pesquisa, foi observado que pacientes
que possuíam TDM a mais de 11 anos e que ingeriram em média quatro fármacos
diferentes, na intenção de identificar o mais eficaz, criaram resistência a esses
medicamentos e não houve êxito no tratamento.

Em estudo feito em 2019, envolvendo 29 pacientes, 14 tomaram o chá e 15


tomaram placebo (formulado para ter aspecto e sabor do chá originário), importante
para verificar o efeito real e não influenciado por crenças envolvendo a substância.
Foram realizadas avaliações fisiológicas e psicológicas nos participantes, antes e após o
tratamento, além de ressonância magnética do cérebro. Ambos demonstraram melhoras
e diminuição do quadro depressivo, o grupo que consumiu o chá indigena apresentou

19
regressão de sintomas maior que 50%, enquanto o grupo placebo reduziu 27%, os
resultados foram alcançados em média após um, dois e sete dias.

Foi relatado pelos autores do estudo uma melhora nos sintomas de depressão
severa em todos os pacientes que tomaram ayahuasca após o sétimo dia, quatro que
consumiram o placebo tiveram piora em seus sintomas, não houve sintomas adversos
reportados após a dose, mas alguns sentiram estresse psicológico pela experiência.
Apesar de 57% terem relatado náuseas, não foi considerado pelos autores como efeito
adverso e sim efeitos colaterais. Ficou concluída a segurança e valor terapêutico do
enteógeno no tratamento de depressão severa em ambiente monitorado (SANTOS,
SANCHES, OSÓRIO 2018).

3.7 COMO É FEITA A TERAPIA ASSISTIDA POR PSICODÉLICOS E ENTEÓGENOS

A utilização de psicodélicos em terapia assistida está crescendo aos poucos, mas


ainda não há uma “condução” pré estabelecida, porém existe uma sequência de
procedimentos e duração em comum na maioria delas, sendo quinze consultas durante
três meses, intercalando três com a substância endógena e doze sem a substância.
Esse tipo de tratamento vem sendo notado pelo seu potencial de eficácia,
utilizando psicodélicos para gerar circunstâncias que mudam as memórias e emoções
dos pacientes (que estão no inconsciente, se manifestando no consciente de forma
distorcida), enquanto o psicólogo está ao lado do paciente, dando suporte e o guiando
para chegar à compreensão dos insights e pensamentos que obteve durante o efeito do
psicodélico. O quadro de profissionais envolvidos é constituído por médicos,
psicólogos, psiquiatras e anestesistas.
De início acontecem algumas sessões preparatórias. Nesta etapa o foco principal
é conhecer o indivíduo, entendendo sua história de vida e fornecer psicoeducação a ele,
informando-o sobre as características e objetivos da terapia assistida por psicodélicos.
Logo após algumas sessões de preparação, acontece a sessão com enteógeno,
que podem chegar a oito horas de duração, sendo acompanhada por dois psicólogos que
revezam o período de tempo entre eles. Ao decorrer destas oito horas os psicólogos
atuam como apoio às reações que o sujeito pode apresentar, levando sentimentos de
segurança e conforto para ele, podendo haver contato físico (algo que é incomum na
terapia convencional), mantendo a relação profissional, respeitando o espaço do

20
indivíduo. Quando o efeito da substância vai diminuindo, o paciente e o psicólogo
mantêm um diálogo sobre as experiências vividas durante a terapia, os insights e
reflexões que chegaram diante dessa vivência.
As sessões vão se desenrolando desta forma, sendo em maior quantidade as
sessões sem o enteógeno, em torno de doze, e em menor quantidade as com enteógenos,
em torno de três. Ocorre dessa forma pelo fato de que o objetivo não é o uso do
psicodélico em si, mas utilizá-lo como meio para chegar a conclusões, reflexões e
sentimentos que seriam de difícil acesso sem ele.
A terapia assistida por psicodélicos pode também utilizar músicas, luzes, e
objetos para deixar o meio mais agradável ao indivíduo que passará por essa terapia. A
terapia assistida por psicodélicos pode ser compreendida associada a diversas
abordagens teóricas da psicologia. Apesar deste não ser o tema do trabalho, ou seja,
aproximações de abordagens teóricas à terapia assistida, podemos relacioná-la às
neurociências e à psicanálise, por exemplo. Associada às neurociências, se tratando dos
circuitos neurais disfuncionais que acontecem nos pacientes com TDM, desregulando a
noradrenalina, dopamina e serotonina, podendo observar os efeitos neurobiológicos que
a terapia assistida traz nessa circunstância. Quanto a associação com a psicanálise,
quando fazemos ligação da emergência de representações do inconsciente ao
consciente, observando o paciente obtendo insights e compreensões após o uso do
enteógeno.
Quando o paciente está em um transtorno depressivo, há o fator adoecedor por
trás dos sintomas, o qual o indivíduo não consegue enxergar e percebê-lo, é através da
terapia que pode se chegar a esses fatores.
Portanto é possível observar como a psicanálise poderia explicar alguns
acontecimentos da terapia assistida por psicodélicos, para que isso aconteça é necessário
entender os níveis da consciência.
Freud na primeira tópica descreveu o aparelho psíquico de dois modos, sendo o
tópico, possuindo três níveis, o consciente, pré consciente e inconsciente.
Onde o consciente é responsável pela atenção, foco e conexões do exato
momento da vivência do sujeito; o pré consciente com a função de armazenar memórias
não reprimidas e de fácil acesso ao consciente, precisando apenas de uma força para
destinar atenção a essas memórias; e por fim, o inconsciente, onde estão as pulsões, os e
os desejos recalcados, os quais foram castrados pelos pais na infância. E o segundo
modo que é o dinâmico, onde as informações ficam incessantemente tentando ir para a

21
consciência, porém, o pré consciente trabalha como uma barreira, a qual não permite
que esse caminho para consciência seja feito. Dessa forma, os elementos inconscientes
se disfarçam através de sonhos, atos falhos, sintomas e chistes para chegar até ao
consciente. Nos primórdios da psicanálise, período de 1880 a 1895, Freud e Breuer se
valiam do método hipno-catártico, que consistia na produção de um estado alterado de
consciência no paciente, via hipnose, com a finalidade de produzir o efeito terapêutico
da “purgação” (catharsis)1. Quanto ao método hipno-catártico, Laplanche (1991),
informa:
Método de psicoterapia em que o efeito terapêutico visado é uma “purgação”
(catharsis), uma descarga adequada dos afetos patogênicos. O tratamento
permite ao sujeito evocar e até reviver os acontecimentos traumáticos a que
esses afetos estão ligados e ab-reagi-los. (LAPLANCHE, 1991, p.60)

O transtorno depressivo pode ter diversas causas, uma delas sendo esses afetos,
desejos reprimidos que se disfarçam se tornado sintomas da depressão.
Quando o indivíduo se dispõe ao tratamento terapêutico, ele abre caminho para
que junto ao psicólogo, possam tornar possível o acesso aos elementos recalcados que
estão causando o transtorno e seus sintomas. Algo que tanto se verifica na construção
histórica do método psicanalítico quanto o que se apresenta na terapia assistida por
psicodélicos, permitindo uma aproximação metodológica entre ambas.
Sobretudo, o intuito aqui, não é aprofundarmos o conhecimento psicanalítico,
mas apenas comparar a psicanálise com a terapia assistida por psicodélicos, ressaltando
que há semelhanças entre elas.
O psicólogo Duncan Blewett e o psiquiatra Nick Chuelos em 1959, dividiram a
terapia psicodélica em 8 etapas, assim criando diretrizes a serem seguidas para a
condução da sessão, sendo elas denominadas respectivamente; 1) on set (organização);
2) self-examination (auto exame); 3) the empatic bond (conexão empática); 4)
discussion (discussão); 5) diminishment of symptoms (diminuição dos sintomas); 6) the
meal (nutrição); 7) termination of session (término da sessão); e, 8) after-contact with
the subject (pós contato com o sujeito)2 (BLEWETT; CHWELOS, 1959).
No início tem uma demora na iniciação dos efeitos do psicodélico no organismo,
podendo ocasionar sentimento de tédio, é importante que nesse meio tempo o terapeuta
desenvolva e mantenha o vínculo terapeuta e paciente; a partir do instante em que a

1
“Catharsis é um termo grego que significa purificação, purgação” (LAPLANCHE,
1991, p.60)
2
Os nomes entre parênteses das etapas da terapia assistida são de tradução livre das autoras.

22
substância começa a agir na consciência do indivíduo, iniciando seu estado de ápice,
vem a parte do “self examination” (auto exame), é aqui que o sujeito se aprofunda em si
e tem insights de situações que não se atingiria em um estado comum da consciência,
sendo assim o terapeuta atua dando suporte quando solicitado pelo paciente; após passar
o pico do efeito da substância, entra-se na fase da “the empact bond” (conexão
empática), onde paciente e terapeuta traçam uma conexão acolhedora que é a porta de
entrada do que vem a seguir, levando a etapa de “discussion” (discussão), como o nome
já sugere, trata-se a possibilidade de discutir e analisar os insihts e os sentimentos
vivenciados anteriormente; durante a “diminishment of symptoms” (diminuição dos
sintomas), ocorre a perda dos efeitos da substância e a profundidade das vivencias
diminui; já na fase de “the meal” (nutrição), o indivíduo volta a realidade do estado
comum da consciência, o que leva a última etapa do processo terapêutico, “termination
of session” (término da sessão) é quando não há mais sintomas do psicodélico no
sujeito; após a experiência psicodélica chegar ao fim, o paciente deve quase de imediato
ter contato com o terapeuta, levando ao “after-contact with the subject” (pós contato
com o sujeito), onde se fala a respeito das suas vivências subjetivas e o que elas vem a
significar. (RODRIGUES; FARIA , 2018 apud BLEWETT;CHWELOS,1959). De
acordo com uma publicação do Instituto Phaneros (2022), dentro da sessão o terapeuta
especializado, guia e conforta ao longo da experiência psicodélica, ao contrário das
práticas convencionais pode vir a incluir um acolhimento mais vivo, podendo ocasionar
até contato físico, porém jamais com cunho sexual e apenas com autorização do
paciente antes da experiência psicodélica.
Este tratamento apesar de ter uma história de pesquisa e conhecimento, precisa
ser mais estudado, para se construir protocolos mais delimitados e condições mais
definidas de aplicação.

3.8 TRATAMENTO CONVENCIONAL DO TDM E TRATAMENTO COM PSICODÉLICOS

Devido a alta prevalência do transtorno depressivo na sociedade, o índice de


pessoas com TDM resistentes ao tratamento convencional tem aumentado cada vez
mais. A prevalência no Brasil é de 15,5% de acordo com a OMS, e ocupa a quarta
posição nas principais causas de ônus no país (ITO, SAKAMOTO, 2020).

23
O transtorno depressivo maior é uma das patologias mais comuns no mundo, e a
terceira causa mais prevalente de incapacidade. A patologia vem crescendo anualmente
entre a população, estima-se que em 2030 se torne a maior carga global de doenças no
mundo.
Nos anos 60 foi descoberta a influência da serotonina na depressão maior, foram
iniciados estudos para aumento de serotonina na fenda sináptica, sem influenciar outros
neurotransmissores (PEREIRA, 2021).
A teoria monoaminérgica é uma das mais conhecidas e aceitas na explicação do
transtorno depressivo, propondo a diminuição das funções monoaminas (dopamina,
serotonina e noradrenalina). É com foco nesta teoria que se baseiam a maioria dos
tratamentos farmacológicos antidepressivos (ITO, SAKAMOTO, 2020).
Quando uma ou mais destas substâncias não se encontram em quantidade
suficiente na fenda sináptica, não são produzidas emoções positivas no sistema nervoso
causando sintomas depressivos (SILVA et al., 2021).
Os ISRS (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) fazem parte de uma
classe de fármacos antidepressivos que atuam no aumento da serotonina, no entanto
possuem em alguns casos como efeitos colaterais náuseas e disfunção sexual.
Atualmente os antidepressivos no mercado tem alcance limitado, demorando
semanas ou meses para atingir os efeitos esperados, além de conter grande índice de
efeitos adversos, prejudicando a qualidade de vida dos usuários (SANTOS, BELO
2018).
Contudo cerca de 60% dos adoecidos pelo transtorno, não atingem uma resposta
no seguimento do tratamento antidepressivo por fármacos, seja pela falta de aceitação,
pelo efeito terapêutico delongado ou relutância da patologia ao tratamento (PEREIRA
2021).
Existem outras vias de tratamento, tais como aumento das doses, substituição de
medicamentos, combinação de classes, terapia eletroconvulsiva e psicoterapia, ainda
assim 30-40% da população diagnosticada não atinge recuperação (PEREIRA 2021).
O número de pessoas acometidas pelo transtorno depressivo maior aumentou 18% entre
2005 e 2015, a estimativa de pacientes que não correspondem a duas terapias
antidepressivas consecutivas é de 44%, cerca de 33% não obtém retorno em quatro
terapias consecutivas distintas (PIO et al., 2021).

24
Alternativamente ao tratamento convencional, a terapia assistida por
psicodélicos tem a finalidade de criar uma nova via de tratamento terapêutico, visando
os pacientes que não obtêm retorno através das práticas convencionais.
A serotonina desempenha papel em funções do organismo como modulação do
humor, sono, saciedade, motivação, percepção da dor e função neuroendócrina
(sintetizar hormônios na corrente sanguínea) (PEREIRA 2021), alguns dos psicodélicos
e enteógenos classificados como serotoninérgicos (antagonistas do receptor serotonina
5-HT) são, LSD, psilocibina e ayahuasca (PEREIRA 2021).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É nítido, através das pesquisas, o potencial que os enteógenos e psicodélicos


juntamente com a psicoterapia têm de amenizar o sofrimento psíquico, sem causar
abstinência como acontece no tratamento convencional.
Os psicodélicos são substâncias psicoativas seguras para o ser humano, alteram
e interagem com o neurotransmissor que produz bem estar, a serotonina. O uso deve ser
realizado com a orientação e supervisão de profissionais da saúde e o uso repetitivo e
recreativo pode levar a tolerância, ocorrendo assim uma dificuldade em atingir camadas
mais profundas da percepção da consciência. Pois a substância psicodélica pode vir a
acarretar uma exposição de fatos que antes estavam ocultos.
Pesquisas utilizando psicodélicos passam por burocráticos e rigorosos comitês
de ética e sofrem grandes restrições do ponto de vista legal em atribuição ao uso
recreativo, que pode vir a levar o usuário a ter experiências negativas.
Atualmente os antidepressivos têm ação limitada e demoram semanas para se
estabelecerem no organismo e produzirem os resultados esperados, sem esquecer dos
inúmeros efeitos adversos que acarretam, sendo um deles a dependência do indivíduo ao
fármaco. Visando a melhor qualidade de vida e melhores resultados a longo prazo para
os usuários em tratamento do TDM, é de suma importância a pesquisa de novas vias de
tratamentos terapêuticos, partindo do pressuposto que o tratamento feito com
psicodélicos não causa dependência e pode vir a oferecer resultados mais rápidos e
efetivos.
Embora as pesquisas tenham sofrido atraso em seu desenvolvimento no passado,
vemos que é um assunto que ganha cada vez mais espaço e interesse na sociedade atual,

25
onde mais profissionais vêm se interessando e se especializando para contribuir para a
implementação da terapia assistida por psicodélicos.
Porém devemos ressaltar que os organismos se diferem de pessoa a pessoa, e
deve-se avaliar de forma individual se o indivíduo irá se adaptar ou não ao tratamento,
assim como é feito nos tratamentos convencionais.
Esta área de trabalho pode ser promissora, as novas pesquisas envolvendo
psicodélicos vem se mostrando uma via alternativa aos métodos convencionais
farmacológicos e futuramente tem potencial para vir a ser uma nova maneira de tratar
transtornos psicológicos de forma inovadora.
Ensaios clínicos mostram grande potencial do LSD e da psilocibina no
tratamento de depressão em pacientes diagnosticados com sintomas de doenças
terminais.
Podemos analisar através dos estudos citados que o LSD se mostra eficaz para a
diminuição do estresse, aumento da empatia e aumento da sociabilidade, podendo não
ter resultados imediatos em alguns casos mas, se mostrando eficaz após o tratamento,
além de ter baixo índice de sintomas negativos em ambientes supervisionados.
Observa-se que a psilocibina e ayahuasca demonstraram mais efeitos clínicos
significativos na redução dos sintomas do TDM a curto e a longo prazo, enquanto se
encontra uma escassez de pesquisas envolvendo o LSD no tratamento do transtorno
depressivo maior, isso se dá a ilegalidade da substância em diversos países.
Considerando que a dose única de antidepressivos não assegura eficácia de
longa duração, os psicodélicos associados à terapia assistida por profissionais
capacitados em ambiente monitorado têm potencial altamente efetivo.
Os psicodélicos e enteógenos citados na pesquisa (LSD, psilocibina e
ayahuasca) possuem capacidade de interagir com os receptores neuronais, atingindo em
específico o sistema monoaminérgico, levando serotonina 5-HT e consequentemente
obter melhoras nos quadros de TDM.
Durante a elaboração da pesquisa nota-se a possibilidade de ganhos terapêuticos
e aumento da qualidade de vida das pessoas portadoras do transtorno depressivo maior,
e pacientes que não respondem ao tratamento convencional por fármacos, observando
uma melhora física e mental.
Logo a importância de mais programas para que as pesquisas captem mais
voluntários e mais pesquisas sejam desenvolvidas na área, para assim atingir parâmetros
na aplicação das microdoses.

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