Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Betim
2023
Gabriela Rodrigues Pereira
Laura Roberta Barsante Rocha
Maria Eduarda Da Silva
Betim
2023
1
Gabriela Rodrigues Pereira
Laura Roberta Barsante Rocha
Maria Eduarda da Silva
BANCA EXAMINADORA
Local: Betim/MG
Horário: 21:00
Data: 28/06/2023
BETIM
2023
2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 6
2. MÉTODO.................................................................................................................................. 7
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................. 7
3.1 Transtorno Depressivo Maior (TDM)................................................................................ 7
3.2 A história da ciência psicodélica........................................................................................9
3.3 Microdoses....................................................................................................................... 14
3.4 Dietilamida do Ácido Lisérgico (Lsd)............................................................................. 14
3.5 Psilocibina (Cogumelos Mágicos)................................................................................... 17
3.6 Ayahuasca........................................................................................................................ 19
3.7 Como é feita a Terapia Assistida por Psicodélicos e Enteógenos....................................20
3.8 Tratamento convencional do TDM e tratamento com psicodélicos.................................24
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................25
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA......................................................................................28
3
RESUMO
4
1. INTRODUÇÃO
5
o caso das substâncias denominadas Dietilamida do ácido lisérgico (LSD), psilocibina e
ayahuasca o que pode resultar em um possível avanço para o tratamento do Transtorno
Depressivo Maior.
2. MÉTODO
Realizou-se uma revisão narrativa bibliográfica, para que fosse feita uma síntese
sobre o uso de psicodélicos/enteógenos em psicoterapia assistida no tratamento do
transtorno depressivo maior, abordando de forma panorâmica a história dos
psicodélicos, etimologia e definições de transtorno depressivo maior, análise quanto a
utilização dos enteógenos na psicoterapia assistida bem como resultados obtidos a partir
dessa prática.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com
depressão segundo a OMS (Organização mundial da saúde, 2022) tornando-se uma crise
de saúde global. Os crescentes números exigem um maior investimento em respostas
eficazes na prevenção e tratamento dessa doença.
6
O DSM -5 de 2014, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais,
criado pela Associação Americana de Psiquiatria, define a depressão como um
transtorno de humor, caracterizado por uma tristeza persistente e grave com duração
acima de duas semanas, capaz de diminuir o interesse pelas atividades cotidianas
(American Psychiatric Association, 2014, p. 162). Além disso, a depressão prejudica o
funcionamento psicossocial do indivíduo acarretando em sofrimento pois, nesses
quadros, podem ocorrer disfunções em vários níveis, sendo eles cognitivo, físico,
biológico, social, sexual e psicológico.
7
O tratamento tradicional é aplicado de acordo com o quadro do paciente, pois
em alguns casos a psicoterapia com uso de fármacos é o suficiente, em outros casos
graves e extremos, exigem hospitalização e o tratamento com eletroconvulsoterapia
(ECT) (ANTUNES et al., 2009), que é a indução elétrica de uma convulsão controlada,
administrada sob sedação profunda ou anestésica. Essa prática, apesar de apresentar
bons efeitos antidepressivos, pode ocasionar perda significativa de memória e confusão
mental.
8
A ciência psicodélica começa em 1943, quando de modo acidental, Albert
Hoffman, descobriu os efeitos do Dietilamida do Ácido Lisérgico (LSD), uma droga
sintética derivada de um alcalóide do fungo Claviceps purpurea. Ela afeta o sistema
nervoso central, provocando alterações no estado de consciência. Essa descoberta abriu
um novo campo de pesquisa onde se estudam os efeitos terapêuticos e medicinais dos
psicodélicos e enteógenos dentro da saúde mental.
9
lançamento da edição pessoas que não estavam inseridas no ambiente de pesquisas se
interessaram pelo assunto.
No ano de 1964 estudos feitos por Grof et al. (1973), um psiquiatra checo,
comprovaram efeitos analgésicos do LSD. Foram envolvidos 60 pacientes
diagnosticados com diferentes tipos de câncer, e isso incentivou novos estudos
utilizando a substância para aliviar a depressão e ansiedade em pacientes com câncer
terminal. O estudo indicou que aproximadamente 29% dos 60 pacientes de câncer
apresentaram grande melhora em sintomas como estresse emocional e físico, enquanto
41,9% tiveram melhora moderada e 22,6% não apresentaram melhoras significativas
durante o tratamento, porém 6,4% mostraram aumento dos indicadores de melhora no
estresse após o fim do tratamento.
10
Com a proibição da substância, alguns autores vieram a defender seus efeitos
colaterais adversos, o que mudou o foco para as questões negativas, tais como
mudanças sensoriais resultantes de terror e pânico (GROF et al., 1973), alegando até
mesmo que baixas doses provocam alucinações, delírios, alterações na percepção de
tempo e espaço e que provocam quadros semelhantes à esquizofrenia. (GRAEFF, 1989).
Em 1976 foi proposto um novo termo por pesquisadores que estavam estudando
plantas e fungos em terras indígenas. As plantas e fungos pesquisadas passaram a ser
chamadas de enteógenos cujo o significado: “daquilo que gera Deus dentro de si”,
também é uma combinação dos termos gregos etheos (Deus dentro) e gen (tornar-se),
porém tal termo é aceito para definir substâncias advindas da natureza, como psilocibina
e ayahuasca o que não é o caso do LSD por ser esta última uma substância sintética,
assim se encaixando no termo psicodélico. (MAIA, 2020).
Com a retomada das pesquisas com psicodélicos, volta a ideia inicial de Albert
Hofmann de que psicodélicos não são sinônimos de alucinógenos, são substâncias
psicoativas seguras para o consumo humano, pouco tóxicas se comparadas ao álcool.
O primeiro estudo sobre ayahuasca teve sua publicação no ano de 1996, foram
aplicados testes de personalidade e avaliações neuropsicológicas nos participantes, os
resultados apontaram potencial para tratamento de dependência química através da
substância. Posteriormente, se inicia a investigação do valor terapêutico da substância
para o tratamento da depressão, o que parece ter sido o primeiro estudo envolvendo
ayahuasca no tratamento de depressão severa. (SOARES, 2021).
11
Em 2015 houve a criação da Associação Psicodélica do Brasil, onde são
produzidos materiais sobre os psicodélicos e o sobre uso e efeito das substâncias,
visando a redução de danos pelo consumo abusivo em festas.
12
Fonte: elaboração própria
3.3 MICRODOSES
As pesquisas atuais giram em torno das microdoses, doses que não causam
alucinações ou grandes distorções perceptivas e são utilizadas para tratar transtornos
psiquiátricos, melhorando funções cognitivas. Sua ingestão se dá por via oral e é feito
um cronograma baseado em determinar um ciclo, ingerir um dia e interromper pelos
13
dois dias seguintes, normalmente pode se repetir por um ou mais meses (LOPES,
SAYURI, 2014).
O que pode gerar perigo a quem ingerir esse psicodélico, é o uso de forma
recreativa, através do comércio ilegal, sem ter a comprovação de que o lsd foi preparado
de forma segura, sendo talvez uma substância diferente da desejada, que trará efeitos
inesperados. Além disso, o ambiente escolhido pode não ser o melhor para a
experiência, surgindo as chamadas "bad trips", que são sentimentos de paranóia,
ansiedade e pânico.
Dias após o incidente ele diluiu 0,25 mcg de LSD e consumiu, relatou que as
sensações estavam diretamente ligadas à substância, não sentiu o menor sinal de efeitos
adversos no dia seguinte, automaticamente percebeu que havia um novo composto para
ser usado a fins farmacológicos, em especial visando a psiquiatria. (SOARES, 2021).
14
O ácido lisérgico (LSD) possui semelhanças na estrutura dos receptores 5-HT,
atuando diretamente nos receptores 5-HT2A (serotonina), provocando alterações nos
estados da consciência, possibilitando melhor atividade cerebral (SANTOS, BELO
2022) causando efeitos psicoativos. Também há afinidade pelos receptores 5-HT1A,
5HT2C, 5HT5A E 5-HT6 (LOPES, SAYURI, LENZ 2022).
15
Em outro estudo no ano de 2021, participantes recrutados de forma on-line,
utilizaram 13,5 mcg de LSD, relataram redução nos sintomas de estresse e depressão a
longo prazo, porém relataram também alteração na capacidade de atenção (LEMOS
2021).
O efeito mais relevante do LSD durante a terapia assistida consiste em vir à tona
sentimentos reprimidos pelo paciente, além de sentimentos positivos de humor
(MANGINI, 1998).
16
A estrutura dos cogumelos mágicos é semelhante à serotonina, compartilhando o
mecanismo de ação em comum, o receptor 5HT2A, o que produz efeitos
antidepressivos (ITO 2018).
Apesar de baixo potencial danoso, podem ocorrer efeitos adversos, tais como
agitação, falta de concentração e julgamentos prejudicados (AUSTIN 2019).
17
sináptica, não há produção de emoções positivas, podendo causar sintomas depressivos
(SILVA et al 2021).
3.6 AYAHUASCA
18
Os neurotransmissores 5-HT2A, 5HT1A modulam o processamento emocional,
aumentando o humor positivo, e se destacam em suas propriedades terapêuticas com o
consumo da ayahuasca na redução de sintomas depressivos (ITO, 2018).
19
regressão de sintomas maior que 50%, enquanto o grupo placebo reduziu 27%, os
resultados foram alcançados em média após um, dois e sete dias.
Foi relatado pelos autores do estudo uma melhora nos sintomas de depressão
severa em todos os pacientes que tomaram ayahuasca após o sétimo dia, quatro que
consumiram o placebo tiveram piora em seus sintomas, não houve sintomas adversos
reportados após a dose, mas alguns sentiram estresse psicológico pela experiência.
Apesar de 57% terem relatado náuseas, não foi considerado pelos autores como efeito
adverso e sim efeitos colaterais. Ficou concluída a segurança e valor terapêutico do
enteógeno no tratamento de depressão severa em ambiente monitorado (SANTOS,
SANCHES, OSÓRIO 2018).
20
indivíduo. Quando o efeito da substância vai diminuindo, o paciente e o psicólogo
mantêm um diálogo sobre as experiências vividas durante a terapia, os insights e
reflexões que chegaram diante dessa vivência.
As sessões vão se desenrolando desta forma, sendo em maior quantidade as
sessões sem o enteógeno, em torno de doze, e em menor quantidade as com enteógenos,
em torno de três. Ocorre dessa forma pelo fato de que o objetivo não é o uso do
psicodélico em si, mas utilizá-lo como meio para chegar a conclusões, reflexões e
sentimentos que seriam de difícil acesso sem ele.
A terapia assistida por psicodélicos pode também utilizar músicas, luzes, e
objetos para deixar o meio mais agradável ao indivíduo que passará por essa terapia. A
terapia assistida por psicodélicos pode ser compreendida associada a diversas
abordagens teóricas da psicologia. Apesar deste não ser o tema do trabalho, ou seja,
aproximações de abordagens teóricas à terapia assistida, podemos relacioná-la às
neurociências e à psicanálise, por exemplo. Associada às neurociências, se tratando dos
circuitos neurais disfuncionais que acontecem nos pacientes com TDM, desregulando a
noradrenalina, dopamina e serotonina, podendo observar os efeitos neurobiológicos que
a terapia assistida traz nessa circunstância. Quanto a associação com a psicanálise,
quando fazemos ligação da emergência de representações do inconsciente ao
consciente, observando o paciente obtendo insights e compreensões após o uso do
enteógeno.
Quando o paciente está em um transtorno depressivo, há o fator adoecedor por
trás dos sintomas, o qual o indivíduo não consegue enxergar e percebê-lo, é através da
terapia que pode se chegar a esses fatores.
Portanto é possível observar como a psicanálise poderia explicar alguns
acontecimentos da terapia assistida por psicodélicos, para que isso aconteça é necessário
entender os níveis da consciência.
Freud na primeira tópica descreveu o aparelho psíquico de dois modos, sendo o
tópico, possuindo três níveis, o consciente, pré consciente e inconsciente.
Onde o consciente é responsável pela atenção, foco e conexões do exato
momento da vivência do sujeito; o pré consciente com a função de armazenar memórias
não reprimidas e de fácil acesso ao consciente, precisando apenas de uma força para
destinar atenção a essas memórias; e por fim, o inconsciente, onde estão as pulsões, os e
os desejos recalcados, os quais foram castrados pelos pais na infância. E o segundo
modo que é o dinâmico, onde as informações ficam incessantemente tentando ir para a
21
consciência, porém, o pré consciente trabalha como uma barreira, a qual não permite
que esse caminho para consciência seja feito. Dessa forma, os elementos inconscientes
se disfarçam através de sonhos, atos falhos, sintomas e chistes para chegar até ao
consciente. Nos primórdios da psicanálise, período de 1880 a 1895, Freud e Breuer se
valiam do método hipno-catártico, que consistia na produção de um estado alterado de
consciência no paciente, via hipnose, com a finalidade de produzir o efeito terapêutico
da “purgação” (catharsis)1. Quanto ao método hipno-catártico, Laplanche (1991),
informa:
Método de psicoterapia em que o efeito terapêutico visado é uma “purgação”
(catharsis), uma descarga adequada dos afetos patogênicos. O tratamento
permite ao sujeito evocar e até reviver os acontecimentos traumáticos a que
esses afetos estão ligados e ab-reagi-los. (LAPLANCHE, 1991, p.60)
O transtorno depressivo pode ter diversas causas, uma delas sendo esses afetos,
desejos reprimidos que se disfarçam se tornado sintomas da depressão.
Quando o indivíduo se dispõe ao tratamento terapêutico, ele abre caminho para
que junto ao psicólogo, possam tornar possível o acesso aos elementos recalcados que
estão causando o transtorno e seus sintomas. Algo que tanto se verifica na construção
histórica do método psicanalítico quanto o que se apresenta na terapia assistida por
psicodélicos, permitindo uma aproximação metodológica entre ambas.
Sobretudo, o intuito aqui, não é aprofundarmos o conhecimento psicanalítico,
mas apenas comparar a psicanálise com a terapia assistida por psicodélicos, ressaltando
que há semelhanças entre elas.
O psicólogo Duncan Blewett e o psiquiatra Nick Chuelos em 1959, dividiram a
terapia psicodélica em 8 etapas, assim criando diretrizes a serem seguidas para a
condução da sessão, sendo elas denominadas respectivamente; 1) on set (organização);
2) self-examination (auto exame); 3) the empatic bond (conexão empática); 4)
discussion (discussão); 5) diminishment of symptoms (diminuição dos sintomas); 6) the
meal (nutrição); 7) termination of session (término da sessão); e, 8) after-contact with
the subject (pós contato com o sujeito)2 (BLEWETT; CHWELOS, 1959).
No início tem uma demora na iniciação dos efeitos do psicodélico no organismo,
podendo ocasionar sentimento de tédio, é importante que nesse meio tempo o terapeuta
desenvolva e mantenha o vínculo terapeuta e paciente; a partir do instante em que a
1
“Catharsis é um termo grego que significa purificação, purgação” (LAPLANCHE,
1991, p.60)
2
Os nomes entre parênteses das etapas da terapia assistida são de tradução livre das autoras.
22
substância começa a agir na consciência do indivíduo, iniciando seu estado de ápice,
vem a parte do “self examination” (auto exame), é aqui que o sujeito se aprofunda em si
e tem insights de situações que não se atingiria em um estado comum da consciência,
sendo assim o terapeuta atua dando suporte quando solicitado pelo paciente; após passar
o pico do efeito da substância, entra-se na fase da “the empact bond” (conexão
empática), onde paciente e terapeuta traçam uma conexão acolhedora que é a porta de
entrada do que vem a seguir, levando a etapa de “discussion” (discussão), como o nome
já sugere, trata-se a possibilidade de discutir e analisar os insihts e os sentimentos
vivenciados anteriormente; durante a “diminishment of symptoms” (diminuição dos
sintomas), ocorre a perda dos efeitos da substância e a profundidade das vivencias
diminui; já na fase de “the meal” (nutrição), o indivíduo volta a realidade do estado
comum da consciência, o que leva a última etapa do processo terapêutico, “termination
of session” (término da sessão) é quando não há mais sintomas do psicodélico no
sujeito; após a experiência psicodélica chegar ao fim, o paciente deve quase de imediato
ter contato com o terapeuta, levando ao “after-contact with the subject” (pós contato
com o sujeito), onde se fala a respeito das suas vivências subjetivas e o que elas vem a
significar. (RODRIGUES; FARIA , 2018 apud BLEWETT;CHWELOS,1959). De
acordo com uma publicação do Instituto Phaneros (2022), dentro da sessão o terapeuta
especializado, guia e conforta ao longo da experiência psicodélica, ao contrário das
práticas convencionais pode vir a incluir um acolhimento mais vivo, podendo ocasionar
até contato físico, porém jamais com cunho sexual e apenas com autorização do
paciente antes da experiência psicodélica.
Este tratamento apesar de ter uma história de pesquisa e conhecimento, precisa
ser mais estudado, para se construir protocolos mais delimitados e condições mais
definidas de aplicação.
23
O transtorno depressivo maior é uma das patologias mais comuns no mundo, e a
terceira causa mais prevalente de incapacidade. A patologia vem crescendo anualmente
entre a população, estima-se que em 2030 se torne a maior carga global de doenças no
mundo.
Nos anos 60 foi descoberta a influência da serotonina na depressão maior, foram
iniciados estudos para aumento de serotonina na fenda sináptica, sem influenciar outros
neurotransmissores (PEREIRA, 2021).
A teoria monoaminérgica é uma das mais conhecidas e aceitas na explicação do
transtorno depressivo, propondo a diminuição das funções monoaminas (dopamina,
serotonina e noradrenalina). É com foco nesta teoria que se baseiam a maioria dos
tratamentos farmacológicos antidepressivos (ITO, SAKAMOTO, 2020).
Quando uma ou mais destas substâncias não se encontram em quantidade
suficiente na fenda sináptica, não são produzidas emoções positivas no sistema nervoso
causando sintomas depressivos (SILVA et al., 2021).
Os ISRS (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) fazem parte de uma
classe de fármacos antidepressivos que atuam no aumento da serotonina, no entanto
possuem em alguns casos como efeitos colaterais náuseas e disfunção sexual.
Atualmente os antidepressivos no mercado tem alcance limitado, demorando
semanas ou meses para atingir os efeitos esperados, além de conter grande índice de
efeitos adversos, prejudicando a qualidade de vida dos usuários (SANTOS, BELO
2018).
Contudo cerca de 60% dos adoecidos pelo transtorno, não atingem uma resposta
no seguimento do tratamento antidepressivo por fármacos, seja pela falta de aceitação,
pelo efeito terapêutico delongado ou relutância da patologia ao tratamento (PEREIRA
2021).
Existem outras vias de tratamento, tais como aumento das doses, substituição de
medicamentos, combinação de classes, terapia eletroconvulsiva e psicoterapia, ainda
assim 30-40% da população diagnosticada não atinge recuperação (PEREIRA 2021).
O número de pessoas acometidas pelo transtorno depressivo maior aumentou 18% entre
2005 e 2015, a estimativa de pacientes que não correspondem a duas terapias
antidepressivas consecutivas é de 44%, cerca de 33% não obtém retorno em quatro
terapias consecutivas distintas (PIO et al., 2021).
24
Alternativamente ao tratamento convencional, a terapia assistida por
psicodélicos tem a finalidade de criar uma nova via de tratamento terapêutico, visando
os pacientes que não obtêm retorno através das práticas convencionais.
A serotonina desempenha papel em funções do organismo como modulação do
humor, sono, saciedade, motivação, percepção da dor e função neuroendócrina
(sintetizar hormônios na corrente sanguínea) (PEREIRA 2021), alguns dos psicodélicos
e enteógenos classificados como serotoninérgicos (antagonistas do receptor serotonina
5-HT) são, LSD, psilocibina e ayahuasca (PEREIRA 2021).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
25
onde mais profissionais vêm se interessando e se especializando para contribuir para a
implementação da terapia assistida por psicodélicos.
Porém devemos ressaltar que os organismos se diferem de pessoa a pessoa, e
deve-se avaliar de forma individual se o indivíduo irá se adaptar ou não ao tratamento,
assim como é feito nos tratamentos convencionais.
Esta área de trabalho pode ser promissora, as novas pesquisas envolvendo
psicodélicos vem se mostrando uma via alternativa aos métodos convencionais
farmacológicos e futuramente tem potencial para vir a ser uma nova maneira de tratar
transtornos psicológicos de forma inovadora.
Ensaios clínicos mostram grande potencial do LSD e da psilocibina no
tratamento de depressão em pacientes diagnosticados com sintomas de doenças
terminais.
Podemos analisar através dos estudos citados que o LSD se mostra eficaz para a
diminuição do estresse, aumento da empatia e aumento da sociabilidade, podendo não
ter resultados imediatos em alguns casos mas, se mostrando eficaz após o tratamento,
além de ter baixo índice de sintomas negativos em ambientes supervisionados.
Observa-se que a psilocibina e ayahuasca demonstraram mais efeitos clínicos
significativos na redução dos sintomas do TDM a curto e a longo prazo, enquanto se
encontra uma escassez de pesquisas envolvendo o LSD no tratamento do transtorno
depressivo maior, isso se dá a ilegalidade da substância em diversos países.
Considerando que a dose única de antidepressivos não assegura eficácia de
longa duração, os psicodélicos associados à terapia assistida por profissionais
capacitados em ambiente monitorado têm potencial altamente efetivo.
Os psicodélicos e enteógenos citados na pesquisa (LSD, psilocibina e
ayahuasca) possuem capacidade de interagir com os receptores neuronais, atingindo em
específico o sistema monoaminérgico, levando serotonina 5-HT e consequentemente
obter melhoras nos quadros de TDM.
Durante a elaboração da pesquisa nota-se a possibilidade de ganhos terapêuticos
e aumento da qualidade de vida das pessoas portadoras do transtorno depressivo maior,
e pacientes que não respondem ao tratamento convencional por fármacos, observando
uma melhora física e mental.
Logo a importância de mais programas para que as pesquisas captem mais
voluntários e mais pesquisas sejam desenvolvidas na área, para assim atingir parâmetros
na aplicação das microdoses.
26
27
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANTUNES, Paula. Rosa; Moacyr. Belmonte de Abreu; Paulo. Lobato; Maria.
Fleck, Marcelo. Eletroconvulsoterapia na depressão maior: aspectos atuais. Rev
Bras Psiquiatr. Maior, 2009.
28
MACHADO Naiana, PARCIAS Silvia Rosana, SANTOS Karoliny, SILVA
Maria Eduarda Merlin.Transtorno depressivo maior: avaliação da aptidão motora e
da atenção.
29
SCALCO, Monique Gomes da Silva. Depressão refratária e estimulação elétrica
cortical: da anatomia aos protocolos de pesquisa. Dissertação (Mestrado- Mestrado em
Ciências médicas) –Universidade de brasília, p (3-72), 2018. Disponível em:
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/32978/1/2018_MoniqueGomesdaSilvaScalco.pdf.
Acesso em: 23 de junho de 2023
30