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Alimentação

Os 12 principais tipos
de transtorno alimentar,
de anorexia a
compulsão
Alguns, como bulimia ou anorexia, são
conhecidos. Já outros (vigorexia, pregorexia...)
passam despercebidos. Veja como identiScar
transtornos alimentares
Por André Biernath
24 abr 2020, 13h37 - Publicado em 14 fev 2020, 10h28

Hoje, não só aumenta o número de


transtornos alimentares como o de suas
vítimas. Tanto que o último Congresso
Brasileiro de Psiquiatria (CBP), que aconteceu
no Rio de Janeiro, contou com uma sessão
especial para discutir as diferentes formas
desse problema se manifestar.

Selecionamos os principais tipos para que você


aprenda a identiScá-los e saiba quando é hora
de procurar ajuda:

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Anorexia
Na sala do CBP onde se discutiu os diferentes
tipos de transtorno alimentar, especialistas
apresentaram doenças já conhecidas há
séculos e outras que foram descritas nos
últimos anos. A anorexia, claro, foi uma das
mais citadas.

“Trata-se de uma condição mental com a mais


alta taxa de mortalidade, pois provoca uma
perda de peso muito rápida”, descreve a
psiquiatra Christina de Almeida dos Santos, da
Faculdade Pequeno Príncipe, em Curitiba, uma
das palestrantes do evento.

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Os pacientes começam a restringir o consumo


de alimentos que eles consideram muito
calóricos e esses cortes Scam cada vez
maiores. Ao mesmo tempo, distorcem a própria
imagem corporal e continuam a achar que
estão gordos.

Bulimia
Outro quadro bastante conhecido desse
panteão de doenças. Ao contrário do que se
pensa, os acometidos por ela não são
magérrimos. Muitos Scam constantemente
acima do peso e se incomodam bastante com
esse fato.

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“Na bulimia, há dois momentos: primeiro, um


exagero no consumo de determinados
produtos. Na sequência, o sujeito se sente
culpado por ter ingerido tudo aquilo e encontra
alguma maneira de expurgar aquelas calorias”,
explica a médica Fátima Vasconcellos, diretora
da Associação Brasileira de Psiquiatria.

O método mais utilizado para eliminar esse


excesso costuma ser a indução do vômito. Mas
existem outras maneiras encontradas para
fazer essa compensação.

“Há quem tome remédios, como laxantes e


diuréticos, enquanto outros apostam em
exercícios físicos extenuantes”, acrescenta a
especialista. Essas ações geralmente são
feitas sem que familiares e amigos saibam.

Compulsão alimentar
Ao lado de anorexia e bulimia, a compulsão
alimentar faz parte da tríade clássica dos
transtornos alimentares. Nela, a questão é o
exagero mesmo: a pessoa devora uma
quantidade enorme de comida. Alguns chegam
a ingerir de 4 mil a 15 mil calorias em poucos
minutos — a média recomendada para um
adulto saudável são 2 mil calorias por dia.

Aqui, não acontece nenhuma tentativa para


eliminar esses alimentos, como vômitos ou
remédios. Esses ataques súbitos de gulodice
são motivados por dilemas emocionais, como
ansiedade e estresse. “Falamos de um
problema grave de saúde pública, pois muitos
dos portadores desenvolvem obesidade grave”,
ressalta Fátima.

É importante diferenciar também episódios


isolados de algo mais crônico e preocupante:
exagerar vez ou outra no rodízio de pizzas ou
na churrascaria não é relexo de uma doença
psiquiátrica.

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Tare
Sigla para transtorno alimentar restritivo
evitativo
evitativo. É o quadro típico de crianças que se
recusam a comer um grupo alimentar
especíSco por motivos que vão de aparência e
cor a odor, textura, temperatura e paladar. Há
quem não experimente nada que seja amarelo,
outros fogem de purês e papas, um terceiro
grupo evita frutas e verduras, e assim por
diante.

Claro que todo mundo tem suas manias e


preferências nos primeiros anos de vida, mas
deve-se ligar um sinal de alerta quando essa
restrição impede o consumo de nutrientes
essenciais, que impactam o desenvolvimento
infantil e podem levar a déScits importantes.

Recentemente, um jovem britânico de 17 anos


vítima de Tare perdeu a visão porque só se
alimentava de batata frita e pão branco. A
ausência de vitaminas e minerais em sua dieta
foi tão grave que lesou o nervo óptico,
responsável por captar e transmitir os
estímulos de luz do ambiente ao cérebro.

Ruminação
O sujeito regurgita um pouco do que comeu na
última refeição e mastiga novamente. Parte
dos portadores cospe o conteúdo, enquanto
outra parcela engole uma segunda vez. Esse
processo se repete praticamente todos os dias
e não está relacionado a nenhuma outra
condição médica, como o reluxo
gastroesofágico.

Se comparado com o vômito provocado na


bulimia, o volume de alimentos que volta à
boca é pequeno, o que permite disfarçar a
ruminação por meio de tosses e outras táticas.
Esse quadro foi descrito em bebês, crianças,
adolescentes e até adultos de 20 a 30 anos.

Além da saúde mental, o transtorno traz outras


consequências ao organismo: a ida constante
de ácidos estomacais para o esôfago, a
garganta e a cavidade bucal provoca úlceras,
mau hálito e cáries. Muitos sofrem uma perda
de peso rápida e desenvolvem outros
incômodos, caso de náuseas, constipação ou
diarreia.

Pica
Em latim, pica é o nome de um pássaro muito
comum em parte da Europa. Esse bicho come
praticamente qualquer coisa. Os sujeitos com
essa síndrome apresentam um comportamento
parecido: eles ingerem itens que não são
considerados alimentos de verdade, como
moedas, terra, argila, carvão, tecidos… Além
disso, entram na descrição os casos de quem
engole ingredientes sem nenhum preparo,
como farinhas e batatas cruas.

É normal que crianças pequenas levem à boca


muitos desses objetos, pois estão explorando o
mundo à sua volta. A situação Sca séria
quando isso vira um hábito e perdura por três
meses ou mais.

O transtorno, também conhecido pelo nome de


alotriofagia ou alotriogeusia
alotriogeusia, se distingue de
costumes locais: alguns povos originários da
África e das Américas experimentavam terra e
outros elementos estranhos ao paladar em
rituais e cerimônias religiosas.

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comer

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Ortorexia
Pizza sexta à noite? Nem pensar! Uma
sobremesa no almoço de domingo? Pecado
mortal. A ortorexia, que ainda não é um
transtorno alimentar reconhecido por toda a
comunidade cientíSca, vem da junção dos
termos gregos “orexis” (apetite) e “orthos”
(correto). O que pega aqui é a obsessão por
alimentos saudáveis, puros e naturais.

O quadro, descrito há 22 anos pelo médico


americano Steven Bratman, costuma aparecer
em mulheres de classes sociais mais
abastadas, bem como em pessoas com traços
de perfeccionismo e que se cobram muito. A
questão não está nas calorias de cada prato,
mas, sim, na pureza dos produtos.

O quadro pode gerar grande sofrimento


emocional, pois o indivíduo geralmente se
recusa a comer algo que não foi preparado por
ele mesmo, e também leva a um isolamento
social, já que muitos evitam refeições ou
confraternizações e festas.

Vigorexia
“Esse não é um transtorno alimentar clássico,
mas, sim, uma dismorSa corporal que tem uma
ligação com as fobias”, deSne o psiquiatra
Adriano Segal, da Associação Brasileira para o
Estudo da Obesidade e da Síndrome
Metabólica.

A obsessão aqui está na ideia de um corpo


perfeito, com músculos fortes e torneados.
Diferentemente dos tipos sobre os quais já
falamos, a vigorexia é mais comum em homens
jovens que se submetem a uma rotina
exaustiva e exagerada de exercícios físicos.

Em paralelo aos treinos na academia, muitos


também criam neuras com a comida: só
comem frango com batata-doce ou acham que
suplementos proteicos são suScientes para se
manterem de pé.

Há ainda um grupo que aposta pesado em


anabolizantes e outras substâncias proibidas
para alcançar o resultado — e eles nunca estão
satisfeitos e querem sempre aumentar o
tamanho do peitoral, dos braços e das pernas.

Diabulimia
Eis outra condição descrita nas últimas
décadas que ainda não entrou oScialmente no
grupo dos transtornos alimentares. A
diabulimia é a junção de diabetes com bulimia.

Vamos voltar alguns passos para explicar


direito essa história: diabéticos apresentam
falhas na ação da insulina, um hormônio
secretado pelo pâncreas. Por uma série de
motivos, a substância não consegue mais fazer
a glicose virar combustível para as células.

Resumo da ópera: sobra açúcar na circulação.


Para equilibrar essa equação, alguns pacientes
precisam aplicar todos os dias doses de
insulina. “Mas quem tem a diabulimia deixa de
tomar de propósito o medicamento com o
objetivo de perder peso”, conceitua Christina de
Almeida dos Santos.

Essa decisão, porém, é pra lá de arriscada: o


desbalanço nas taxas de açúcar traz graves
consequências, como hipoglicemias e
comprometimentos nos rins, nos olhos, no
coração…

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Drunkorexia
Esse transtorno, divulgado pela primeira vez
num artigo em 2008, já foi declarado um
problema de saúde pública na Austrália,
especialmente em mulheres universitárias
jovens. Em inglês, “drunk” signiSca bêbado. A
drunkorexia seria, então, o hábito de substituir a
comida por bebidas como uma maneira de
inibir o apetite e, assim, emagrecer. O consumo
de doses é alto: são cinco ou seis drinques em
menos de duas horas.

O álcool ainda tem outro papel por aqui: ele


aplaca a ansiedade e o nervosismo, deixando o
sujeito inebriado e sem focar em suas
preocupações. Quem é acometido por essa
condição desenvolve outros comportamentos
típicos da anorexia ou da bulimia, como a
indução de vômitos e o uso compulsivo de
medicamentos.

O abuso etílico leva à dependência química, à


falta crônica de nutrientes importantes obtidos
por meio da dieta convencional e provoca
lesões em órgãos como o fígado.

Fatorexia
A empresária britânica Sara Bird, de 53 anos,
Scou assustada quando foi a um consultório e
o médico fez o diagnóstico de obesidade. Sem
se pesar havia muitos anos, não tinha notado
que ganhara 30 quilos.

“Quando me olhava no espelho, via uma pessoa


conSante, magra, mas na verdade estava
obesa”, contou, numa entrevista à BBC Brasil
em 2010. Foi daí que ela cunhou o termo
fatorexia — “fat”, em inglês, signiSca gordura.

Desde então, Sara publicou livros, fez palestras


e iniciou um movimento nas redes sociais para
que o distúrbio fosse reconhecido pelos
manuais de psiquiatria. Em suma, esse
transtorno seria o inverso da anorexia.

“O sujeito não se enxerga gordo, mesmo com


todas as mudanças no tamanho de roupas e
medidas corporais”, observa Fátima
Vasconcellos. Para piorar, ele persiste em
hábitos nocivos à saúde e não vê motivos para
procurar apoio proSssional.

Pregorexia
Não é isso que você está pensando: ninguém
está comendo pregos por aí para Scar com a
barriga chapada — assim esperamos, pelo
menos. “O ‘preg’ no início da palavra vem de
‘pregnancy’, ou gravidez, no bom português”,
ensina Christina.

O conceito é super-recente e abrange qualquer


transtorno alimentar que ocorra ao longo dos
nove meses de gestação. Pode ser anorexia,
bulimia, compulsão alimentar, ortorexia…
“Muitas das mulheres Scam extremamente
preocupadas com a questão do peso e da
alimentação durante esse período e acabam
caindo em armadilhas, como dietas restritivas,
indução de vômitos ou atividades esportivas
intensas”, complementa a expert.

A prática, claro, traz muitas encrencas: aborto


espontâneo e diSculdades no desenvolvimento
do bebê são algumas delas. Para evitar
qualquer risco, tenha sempre uma conversa
franca e tire todas as suas dúvidas com o
obstetra.

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