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21/10/2023, 21:36 Revista Educação Pública - Gestão democrática escolar: esferas, funcionamento e legislações

ISSN: 1984-6290
Qualis B1 - avaliação CAPES 2020-2024
DOI: 10-18264/REP

Gestão democrática escolar: esferas, funcionamento e legislações

Felipe Wilson Martins Santana


Graduado em Letras - Português/Literatura, pós-graduado em Gestão Escolar, diretor de escola

Glaucio Martins da Silva Bandeira


Mestre (UFF), graduado em Pedagogia, Geografia e História, psicopedagogo, especialista em EAD e EJA (UFF), orientador educacional

A gestão escolar é um tema bastante estudado na comunidade acadêmica, principalmente aquela que gerencia a educação básica.
É a partir dela que acontece todo o funcionamento da escola. Depois de muitos estudos e pesquisas, entendeu-se que a Gestão
Democrática é a mais relevante para o processo completo de ensino-aprendizagem.

Esta modalidade de gestão se faz necessária, pois é nela que incluímos, no contexto escolar, toda a comunidade, e com a
participação ativa da mesma se torna muito mais eficiente todo o processo.

A gestão democrática dentro de uma escola pública é ainda mais necessária, justamente por se entender que a população é
beneficiada e é um agente ativo dentro da unidade escolar, pois ela faz parte da comunidade. Trazer os integrantes desta
comunidade para se envolver nas tomadas de decisões faz com que a escola ganhe um espaço social ainda maior e mais
contundente.

Contudo, essa comunidade, em sua maioria, não entende nem procura entender o funcionamento da gestão escolar pública,
trazendo o conceito comum de que quem não conhece os seus direitos não poderá cobrá-los. Há uma necessidade potente de
tornar conhecidas as legislações que regem a gestão democrática. E, sem dúvidas, a informação é o melhor caminho para que
sejam apresentadas essas legislações.

Este artigo visa apresentar o funcionamento das escolas públicas em todos os âmbitos em que está inserida, seja o corpo técnico,
pedagógico, administrativo, financeiro ou de recursos humanos. Tendo um foco específico nas instituições públicas bem como as
legislações que as orientam no espaço da Secretaria de Estado de Educação do Estado do Rio de Janeiro.

A relevância deste artigo se dá pelo fato de não haver uma ampla divulgação dessas legislações para comunidade acadêmica bem
como a civil, fazendo com que não haja uma luta por direitos e maiores conquistas para a educação de base, é importante
ressaltar que há a necessidade de futuros gestores e/ou pesquisadores terem um material consolidado para aprofundarem seus
conhecimentos e práticas pedagógicas e administrativas. Vale destacar que há poucas mudanças na estrutura de base do
funcionamento da gestão democrática entre as unidades federativas do Brasil, tornando esse texto também útil no território
nacional.

Este estudo foi estruturado mediante pesquisa bibliográfica buscando as legislações vigentes bem como pesquisadores sobre o
assunto para fundamentar e validar as informações aqui contidas, que foram abordadas através da experiência dos autores.

Desenvolvimento
A gestão escolar é, sem dúvida, primordial, e precisa ser democrática e participativa. Quando se tem uma equipe gestora que
entende essa visão, os resultados serão sempre positivos e refletidos na construção de um indivíduo consciente enquanto cidadão
e pronto para contribuir na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. E por mais que se tente agir da mesma forma, a
gestão em uma unidade pública é bem diferente de uma gestão na unidade privada, uma vez que possui suas especificidades.
Contudo, os princípios da democracia e participação não devem ser excluídos. Percebe-se assim que há resultados diferentes
entre essas escolas e que há uma necessidade, da parte dos gestores de ambas as unidades, de buscar uma equidade no trabalho
da gestão para que se alcance resultados equivalentes.

A gestão escolar em unidade pública deve ser democrática e participativa, uma vez que há a necessidade de trazer para dentro do
processo de ensino-aprendizagem toda a comunidade escolar, que é composta por também funcionários, pais ou responsáveis
dos alunos matriculados na unidade. Em qualquer atividade feita pela unidade, a comunidade precisa se fazer representada. O que
deixa a gestão mais transparente e participativa na tomada de decisões, seja ela no campo pedagógico, administrativo, financeiro
ou no campo da infraestrutura daquela unidade.

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Construção do corpo técnico-pedagógico


O corpo técnico-pedagógico-administrativo da unidade escolar do Estado do Rio de Janeiro vinculada à Secretaria de Estado de
Educação (Seeduc/RJ) é composto por: diretor geral, diretor adjunto, professor supervisor educacional/coordenador pedagógico,
professor orientador educacional/orientador educacional, professor articulador pedagógico, secretário escolar, agente de leitura,
auxiliar de agente de pessoal. A quantidade de funcionários para cada função varia de acordo com a classificação da unidade, bem
como com o número de alunos e funcionários. Conforme apresentado na resolução abaixo:

Art. 1º Compõem a rede pública estadual de ensino todas as unidades escolares mantidas e administradas pela Secretaria de Estado
de Educação e órgãos vinculados.

Art. 2º A estrutura básica das unidades escolares da Rede Pública Estadual de Ensino será constituída das seguintes
funções/atividades:

I. Direção;

II. Assessoramento técnico-pedagógico;

III. Assessoramento técnico-administrativo;

IV. Professores em regência de turma;

V. Professores extraclasse.

Parágrafo único – O quantitativo de pessoal em cada unidade escolar será fixado por esta Resolução e será revisto sempre que
houver reclassificação da unidade escolar (Resolução Seeduc nº 4.778, de 20 de março de 2012).

Até a presente data, a escolha dos diretores da unidade é feita de maneira democrática por consulta à comunidade escolar, o que
dá ao gestor maior autonomia no processo acadêmico e não o deixa “refém” de questões políticas. Os demais integrantes do
corpo técnico-pedagógico são escolhidos por esse gestor e autorizados pela Seeduc/RJ. Todos precisam ser funcionários efetivos
e estar na rede há pelo menos três anos com efetivo exercício da função pela qual foi contratado através de concurso público.

Art. 1º O Poder Executivo, a quem compete nomear e exonerar diretores e diretores adjuntos das unidades escolares, promoverá
processos consultivos para a indicação de membros do magistério para estes cargos, de acordo com o disposto na presente lei.

Parágrafo único – aplicar-se-á o disposto no caput deste artigo às unidades de ensino da Rede Faetec.

Art. 2º – O candidato deverá:

I - contar, no mínimo, 3 (três) anos de magistério público, com pelo menos 3(três) anos de regência de turma;

II - estar em exercício na unidade escolar ou dela não estar afastado por mais de 1 (um) ano, com exceção dos diretores em
exercício na data da publicação da presente lei e, salvo em caso de licença médica, tendo, neste caso, retornado ao exercício na
unidade escolar antes do término do período de inscrições de candidaturas;

III - ser membro efetivo do magistério público estadual;

IV - não ter tido participação comprovada em irregularidade administrativa;

V – apresentar um plano de gestão para a escola, conforme Meta 15 do Capítulo 5 de Financiamento e gestão da educação do
Plano Estadual de Educação, Lei nº 5.597, de 18 de dezembro de 2009, que deverá ser disponibilizado na página eletrônica da
Secretaria de Estado de Educação – Seeduc/RJ;

VI - ter assinado o termo de compromisso do diretor de escola da rede pública estadual de ensino;

VII – apresentar os nomes dos(as) candidatos(as) a adjuntos(as) (Lei nº 7.299, de 03 de junho de 2016).

A gestão financeira e pedagógica da escola pública


A unidade escolar está vinculada a um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, chamada de Associação de Apoio à Escola, na qual
tem todas as atribuições de uma pessoa jurídica. A gestão da unidade escolar é por determinação o presidente dessa associação e
é através dela que todos os recursos financeiros são reportados à unidade escolar, ou seja, o diretor, eleito pela comunidade
escolar, gerencia, na escola pública, todos os recursos financeiros recebidos, sejam eles do âmbito estadual ou federal.

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Art. 1º Esta lei estabelece as diretrizes da autonomia das unidades escolares da rede pública do Estado do Rio de Janeiro, visando à
gestão democrática, ao melhor aproveitamento dos recursos e à qualidade da educação.

Art. 2º A autonomia das unidades escolares far-se-á através de um conjunto de práticas integradas, nas esferas administrativas,
financeira e pedagógica, com a participação dos diversos segmentos da comunidade escolar, através das Associações de Apoio à
Escola - AAEs.

Art. 3º - Cada unidade escolar da rede pública do Estado do Rio de Janeiro será assistida por uma única Associação de Apoio à
Escola - AAE, respeitadas as seguintes exigências:

I - Instituição sob a forma de sociedade civil, sem fins lucrativos;

II - Compromisso de destinar os benefícios de suas atividades à unidade escolar a que estiver vinculada;

III - Reconhecimento do estatuto-padrão, na forma como fixado pela Secretaria de Estado de Educação;

IV - Obrigação de prestação de contas dos recursos e bens repassados a qualquer título;

V - Previsão estatutária de, no caso de sua extinção, reverter todo o seu patrimônio ao estado, vinculada a sua utilização à respectiva
unidade escolar

(Lei nº 3.067, de 25 de setembro de 1988).

Contudo, o gestor não trabalha sozinho nesta área; é necessário ter uma diretoria estatutária composta por: presidente, vice-
presidente, secretários, tesoureiros. Tem-se também um conselho fiscal composto por cada membro da comunidade escolar:
professor, funcionário administrativo e responsável e/ou aluno quando maior de 18 anos. Todos eles representam legal e
judicialmente a Associação. É feito anualmente um plano de trabalho para que possam ser autorizadas pela Seeduc/RJ e assim
liberadas as transferências de recursos; só então podem-se utilizar as verbas para o funcionamento da escola.

Da formalização do termo de compromisso

Art. 2º A formalização do termo de compromisso está condicionada à apresentação, até 31 de outubro de cada ano, da seguinte
documentação atualizada:

I - requerimento assinado pelo representante legal da AAE, dirigido ao Secretário de Estado de Educação;

II - Termo de compromisso assinado pelo representante legal da AAE;


III - ato constitutivo da AAE, com o devido registro no cartório civil de pessoas jurídicas;

IV - ata da AAE, registrada no cartório do registro civil de pessoas jurídicas, vigente a época da formalização do Termo de
Compromisso, que contenha a identificação e a qualificação de seus dirigentes e dos membros do conselho fiscal;

V - cópia do ato administrativo de nomeação do representante legal da AAE como diretor geral da unidade escolar à qual está
vinculada;

VI - cópia da carteira de identidade, CPF e comprovante de residência do representante legal e do primeiro tesoureiro da AAE;

VII - comprovação de regularidade no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ, junto à Receita Federal do Brasil - RFB, com os
dados cadastrais devidamente atualizados;

VIII - parecer conjunto do conselho fiscal e do conselho escolar das unidades declarando que todos os recursos recebidos por meio
de transferências financeiras regulamentadas nesta resolução e os recursos diretamente arrecadados ou recebidos de outros entes
federativos são revertidos aos seus objetivos estatutários (...);

IX - balanço patrimonial do exercício anterior ou demonstrativo financeiro anual evidenciando o total de receitas e despesas,
referente ao período compreendido entre julho do ano anterior a julho do ano corrente;

X - comprovantes de regularidade fiscal e tributária, em especial, quanto à Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, Imposto de
Renda da Pessoa
Jurídica - IRPJ e Declaração de Créditos e Débitos de Tributos Federais - DCTF;

XI - comprovantes de que os bens patrimoniais adquiridos no exercício anterior tenham sido revertidos ao patrimônio do Estado;

XII - a regularidade de apresentação de prestação de contas através de declaração a ser emitida pela respectiva diretoria regional
administrativa;
XIII - plano de trabalho, que deverá prever o valor, a destinação e a forma de aplicação do recurso financeiro a ser transferido à
respectiva AAE (Resolução Seeduc nº 5.197, de 29 de janeiro de 2015).

Recebem-se na unidade escolar, por meio de contas bancárias, diversas verbas, que são destinadas a fazer a unidade escolar
funcionar. Os recursos advindos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) têm destino direcionado, não
podendo ser desviado para outra demanda que a unidade tenha, salvo alguma orientação de órgão superior. São eles: Programa
Dinheiro Direto na Escola (PDDE), Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), Programa Nacional de Alimentação Escolar

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(PNAE). Já os recursos financeiros advindos do governo estadual são específicos para alimentação escolar e para manutenção da
escola. Todos esses recursos variam de acordo com o número de alunos da unidade escolar, conforme determinado na
Resolução/CD/FNDE nº 3, de 21 de janeiro de 1999.

O gestor deve apresentar a toda a comunidade escolar os valores recebidos, bem como eles foram gastos mensalmente, e esse
registro deve ser assinado por ele e por toda a diretoria e conselho fiscal, validando assim os gastos públicos com aquela unidade.
Vale ressaltar que qualquer erro ou ação de má-fé será de responsabilidade do gestor, podendo ser penalizado por essa situação.
É importante destacar também que não há por parte da gestão financeira demanda para pagamento de funcionários; isso fica a
cargo do órgão à qual a unidade está veiculada, neste caso o governo do Estado do Rio de Janeiro.

A gestão pedagógica de uma unidade é definida por toda a comunidade. É importante que ela tenha um grêmio estudantil e um
conselho escolar, e estes órgãos precisam ser ativos e participativos no processo. O gestor democrático dá voz e voto a esses
órgãos, fazendo assim uma gestão envolvente onde todos os pares se tornam protagonistas no processo de ensino-
aprendizagem.

O grêmio estudantil é um órgão colegiado que representa os interesses dos (as) estudantes na escola e que possibilita reflexões que
podem resultar em diferentes ações na comunidade escolar. É também um espaço de aprendizagem, cidadania, convivência e
trabalho em equipe (Zonta et al., 2016, p. 271).

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com
as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;

II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (LDB - Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996).

Vale ressaltar que estas instituições podem e devem participar também da gestão financeira, no que tange sugerir como aplicar os
recursos recebidos; contudo, o conselho fiscal e a diretoria é que tem, nesse caso, o poder de decisão.

A formação completa de um indivíduo é o maior interesse da gestão pedagógica e é para o seu bom desempenho que todas as
outras áreas de gestão trabalham.

A CF/88 incorporou uma série de medidas que buscaram um novo horizonte para a sociedade, através de uma maior participação
do ovo na vida política do país. No seu Art. 206, faz-se referência a gestão democrática da educação, demonstrando uma
preocupação com a participação de todos para com a melhoria do ensino e na qualidade, levando todos a se comprometerem
nesse processo (Drescher, 2014).

O que norteia a gestão pedagógica é o projeto político-pedagógico (PPP). Nele consta o retrato da unidade, bem como seus
pontos fortes e fracos, os planos de ação para que haja melhor resultados internos e externos, o diagnóstico geopolítico de onde
a unidade está localizada e qual objetivo aquela unidade quer alcançar em relação a seus discentes.

Na construção de seu processo de autonomia, a escola tem priorizado a elaboração e a efetivação do projeto político-pedagógico,
por entender que o mesmo é um instrumento elaborado de forma participativa por todos os segmentos da instituição. Definido
como um processo permanente de reflexão e discussão dos problemas da escola, o PPP possibilita a descoberta e utilização de
alternativas viáveis à efetivação das ações pedagógicas e administrativas da escola, pois é elaborado tomando por base a dimensão
de globalidade e totalidade da educação (Revista Rebes, 2013, p. 22, Coluna 1).

Esse documento é construído por toda a comunidade, e o envolvimento dela nesse processo de construção é fundamental para
que o PPP seja fidedigno à realidade da unidade a que descreve.

Cabe à gestão pedagógica, formada por toda a equipe técnico-pedagógica, zelar pelo cumprimento do PPP também de forma
transparente e democrática. Buscar melhores resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) através da Prova
Brasil e do fluxo de alunos.

Sobre o fluxo dos alunos, cabe à gestão pedagógica criar estratégias e planos para manter os discentes na unidade, com o apoio
da família e de órgãos parceiros como Conselho Tutelar e Ministério Público. Garantir também o apoio pedagógico aos docentes
e, dentro das possibilidades, oferecer recursos pedagógicos e tecnológicos para que o processo aconteça da forma mais eficiente
possível.

A gestão administrativa da escola pública


A gestão de uma escola pública é responsável também por garantir o bom funcionamento da unidade, bem como pela
preservação e manutenção do espaço público. A análise do que precisa ser comprado, melhorado ou descartado é feita pelo
gestor ou alguém designado por ele, o que não isenta os demais pares deste processo de participar e contribuir para as melhorias
da unidade.

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Cabe ao gestor assegurar que os recursos financeiros destinados à manutenção dos espaços da unidade, os materiais necessários
para o serviço de alimentação escolar, a limpeza de todo o ambiente e os instrumentos tecnológicos e pedagógicos sejam
investidos integralmente para esses fins. O corpo discente e docente precisa funcionar em um espaço bem organizado, limpo e
com mínima condição de uso. E cabe ao gestor assegurar esse espaço.

Gestão de pessoas da escola pública


A gestão de pessoas da unidade não é efetivada pelo gestor da mesma, e sim pelo órgão à qual ela está veiculada, contudo cabe
ao gestor receber esse profissional, zelar por sua vida funcional, criar um ambiente agradável e tranquilo para que esse servidor
faça seu trabalho de maneira eficiente.

O gestor, juntamente com o agente de pessoal, tem a função de cuidar da vida funcional do servidor, coletando seus documentos
pessoais e profissionais, fazendo periodicamente o controle de frequência, auxiliando nos processos administrativos e funcionais
que precisam ser realizados. Fica a cargo da gestão de pessoas arquivar todos os documentos de todos os funcionários lotados
em sua unidade escolar, por menor que tenha sido o tempo do servidor na escola, e fornecer as declarações necessárias a todos
eles, ativos ou inativos.

Nesse setor da unidade, são realizados e fornecidos diversos documentos aos servidores; os mais importantes são: admissão na
UE de acordo com memorando, declaração de tempo de serviço com as devidas alterações durante o tempo de lotação na escola,
processo de acumulação de cargos, de enquadramento por formação, de averbação de tempo de serviço, mudança de nome, de
infrequência, de aposentadoria. Esses documentos são feitos pelo agente de pessoal e assinados pelo gestor da unidade e, na falta
do agente, são feitos pelo próprio gestor ou alguém designado por ele. A legislação vigente que regulamenta sobre as atribuições
da gestão de pessoas e fundamenta este discurso é a Resolução SAD nº 2.400, de 15 de julho de 1994.

Cabe à gestão de pessoas também o organizar os horários de trabalho dos servidores efetivos, de acordo com a carga horária
contratada através de concurso público, bem como fiscalizar o seu cumprimento. Esses horários são organizados seguindo
critérios de resoluções vigentes que precisam ser cumpridas na íntegra e bem divulgadas para que haja transparência no processo.

Já os funcionários terceirizados são fiscalizados por agentes próprios que fazem todo o processo de contratação, alocação,
horários e garantia do serviço utilizado para o qual foram admitidos. O gestor, neste caso, apenas recebe o funcionário e garante a
ele um ambiente propício ao trabalho, e o seu contato é com o fiscal da empresa terceirizada contratada. E a fiscalização feita pelo
gestor é eletronicamente via Seeduc/RJ.

O gestor é o principal responsável pelo pleno funcionamento da unidade, cobrindo todos os turnos de funcionamento sem que
haja sobrecarga ou falta de funcionários em cada setor da unidade no horário de funcionamento dela. Um ambiente saudável,
agradável, humanizado e eficiente é a luta diária da gestão de pessoas da unidade.

Quando se trabalha com pessoas, é comum haver divergência sobre as várias nuances do termo liderança. Para Hunter (2004, p.
28), “você gerencia coisa e lidera pessoas”. Liderança, sob essa ótica, “é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem
entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum (Flach, 2013, p. 11).

Partindo desse princípio, o gestor da unidade escolar precisa ser um líder que motiva e influencia os seus pares para dar o seu
melhor.

A secretaria da escola pública


A secretaria da escola é conhecida como a porta de entrada para a instituição. Ela é o primeiro acesso de toda a comunidade e a
principal forma de acesso à unidade. É composta por secretário e auxiliares de secretaria.

A integração dessas instituições nos fornece uma nova configuração da relação escola-família e ressalta a importância da gestão da
escola no sentido de considerar as necessidades familiares, no que diz respeito aos aspectos psicológicos, sociais e éticos de uma
relação significativa com os outros, de crescimento da própria competência educativa, social dos jovens que fazem à escola. [...]
Desta forma, trazendo essas questões para o contexto escolar, para seus integrantes e gestores/as, temos que refletir como
trabalhar as relações humanas e de trabalho neste contexto, principalmente sobre a função do/a secretário/a escolar, que tem um
contato direto e essencial com toda a comunidade escolar. Isso significa que a melhor maneira de trabalhar a relação escola/família
é criando uma sintonia interna entre os agentes educativos, um envolvimento processual entre ambos para a consolidação de uma
instituição social que dê continuidade a esse ambiente de aprendizagem, traduzindo-se numa grande parceria na progressão de
seus alunos/as por meio dos agentes educativos (Abud, 2012).

Nesse setor, é feita toda e qualquer documentação de alunos. Tanto pessoais como da sua vida escolar. A unidade precisa ter um
arquivo permanente, também conhecido como “arquivo morto”, onde ficam guardados os dados de todos os alunos que se
matricularam na unidade desde sua inauguração. É necessário também ter um arquivo ativo, que contém os dados e a vida escolar
de todos os alunos matriculados no ano vigente.

Cabe à secretaria da escola construir a vida escolar do discente baseado nos diários de classe, utilizando notas, carga horária e
frequência. Faz-se necessário uma ficha individual com esses dados a cada ciclo que o aluno encerra, que varia de modalidade de
ensino escolhido pelo aluno.
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É função da secretaria também registrar no histórico do discente, qual legislação está em vigor para garantir a legalidade do
documento entregue. Declarações, protocolos, históricos escolares, realização de matrícula, fichas individuais, manutenção dos
arquivos ativos e inativos, realização do censo escolar são as principais atribuições da secretaria da escola. “O secretário é
responsável por planejar, coordenar e executar todos os trabalhos administrativos da escola dentro dos prazos estabelecidos, e de
participar das reuniões pedagógicas e de gestão escolar, com parceria direta com o diretor" (Bruini, 2020).

Assim como o secretário escolar, que faz parte da equipe técnico-administrativa da escola, o gestor também é responsável pelo
pleno funcionamento do setor. Toda e qualquer documentação emitida pela secretaria precisa ser assinado por ambos os
funcionários para ter validade. Cabe ao gestor conferir os documentos após feito pela equipe da secretaria.

A certificação do aluno ao concluir a Educação Básica é outro documento de extrema importância que o setor precisa realizar. Para
a sua confecção, é necessária uma vistoria completa da vida escolar do aluno, desde o primeiro ano acadêmico dentro da
Educação Básica até o último; feito isso, é realizado o histórico escolar completo, contendo carga horária anual, frequência, notas e
observações. Em seguida, é solicitada a presença do inspetor escolar, que faz uma nova conferência e valida as informações dadas
na documentação; somente mediante a autorização do inspetor é feito o certificado que é assinado pelo gestor, secretário, e o
inspetor. Dependendo da modalidade da formação do docente, faz-se necessária a publicação em Diário Oficial, conforme
determinado na Deliberação CEE nº 357, de 26 de julho de 2016. A secretaria da unidade é um setor da gestão escolar que requer
muita atenção do gestor para que haja uma competente vida escolar do discente, desde sua entrada até a sua saída da UE.

Conclusão
A gestão escolar democrática, como apresentado, é bem mais ampla e demanda muito conhecimento técnico, pedagógico e
administrativo, outrora não conhecido de todos. Contudo, seu funcionamento garante um rumo mais eficaz para a escola pública,
tornando o aluno, bem como seus pares, cidadãos conscientes e responsáveis pelo pleno funcionamento da escola, através das
instituições parceiras nesse processo democrático que são o conselho escolar, o grêmio estudantil e a associação de apoio à
escola.

Com maior participação da sociedade no processo ensino-aprendizagem menor será a desigualdade que ainda existe em nosso
país, pois mais pessoas entrarão nesse circuito melhorando cada dia mais o funcionamento de um dos setores mais relevantes
para o nosso país: a Educação.

Referências
ABUD, Cristiane de C. Ramos. A função do secretário escolar na contemporaneidade: entre memórias e arquivos escolares.
Linguagem, Educação e Memória, v. 3, nº 3, p. 1-9, nov. 2012.

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FLACH, Deisiane Wagner. Liderança motivacional: o que o gestor tem a ver com isso? 2013. 36f. Monografia (Doutorado), Curso de
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c8aa0900025feef6032564ec0060dfff/faa481bd18c5c3e583257fcb0061ea02? OpenDocument#:~:text=
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de Bauru, 2016. p. 263-279.
Publicado em 09 de fevereiro de 2021

Como citar este artigo (ABNT)


SANTANA, Felipe Wilson Martins; BANDEIRA, Glaucio Martins da Silva. Gestão democrática escolar: esferas, funcionamento e legislações.
Revista Educação Pública, v. 21, nº 5, 9 de fevereiro de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/5/gestao-
democratica-escolar-esferas-funcionamento-e-legislacoes

Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (CC BY-NC 4.0)

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