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ESPANHOL, Evandro
ORIENTADOR....
Resumo
Diante das complexidades do ambiente da educação básica brasileira, a gestão
escolar torna-se um tema cada vez mais relevante e estratégico, atento a tendências
e suportado por indicadores de desempenho. Este artigo propõe, através de uma
pesquisa qualitativa e quantitativa, a reflexão baseada na análise dos indicadores
educacionais e de custos, das escolas sociais maristas e do sistema público, bem
como a dar ciência sobre tendências e possibilidades para a educação básica
internacionais e que começam a ser ventiladas no ambiente nacional. No entanto, o
artigo não se propõe a estabelecer juízo de valor tanto sobre o comparativo de
indicadores entre as escolas sociais maristas e o sistema público, quanto sobre as
tendências na área educação. A intencionalidade deste estudo é estabelecer
fundamentações teóricas e análises referentes ao tema, e apontar a possibilidade de
que experimentos no sistema educacional, põem ser considerados no curto e médio
prazo, dada a alteração do grupo político dominante no país.
1. INTRODUÇÃO
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Um outro modelo de escola: a charter school
Estudos sobre a relação entre IDEB e gastos por aluno (fonte: Banco Mundial)
A análise feita pelo banco mundial aponta que a variação dos gastos de
municípios e estados somente explica 11% do desempenho no IDEB, indicando
possibilidades de aumentar a eficiência, potencializando o desempenho nas regiões
Norte e Nordeste, e gerando economias nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
O mesmo estudo ao comparar o desempenho de vários municípios brasileiros
indica a possibilidade de uma economia equivalente a até 1% do PIB, caso
houvesse a aplicação das boas práticas dos municípios com melhor desempenho
naqueles com pior performance. Nesta equiparação de eficiência por todas as
escolas, o desempenho melhoraria em 40% no ensino fundamental e 18% no ensino
médio. Em vez disso, o Brasil gasta 62% a mais do que o necessário para o
desempenho observado, ou seja, R$ 56 bilhões, dos quais R$ 41 bilhões poderiam
ser economizados no ensino fundamental e R$ 15 bilhões no ensino médio.
Um exemplo interessante de boas práticas são alguns municípios do Ceará,
que conseguem ter IDEB acima de 4 com um gasto em torno de R$15mil, conforme
quadro a seguir:
Embora seja difícil chegar na relação específica do custo de cada escola no país,
a análise das principais fontes de financiamento da educação básica aponta
perspectivas dos valores aplicados. Considerado como uma das bases iniciais do
financiamento, a tabela abaixo apresenta a estimativa de repasse do FUNDEB de
2018 por aluno.
Mínimo Máximo
Estimativa Fundeb Custo Custo Custo
Custo Mensal
Quanto custa um aluno Anual Anual Mensal
Ensino Fundamental: anos iniciais R$ 3.641 R$ 303 R$ 3.820 R$ 318
Ensino Fundamental: anos finais R$ 4.006 R$ 334 R$ 4.202 R$ 350
Ensino médio R$ 4.551 R$ 379 R$ 4.774 R$ 398
¹ Fonte: Fundeb, 2018
² Considera apenas os estados de atuação das escolas sociais do Grupo Marista
Além do FUNDEB, que no país todo representa em média algo próximo a 50%
dos valores aplicados na educação básica – essa relação pode variar bastante entre
os estados e municípios (de 20% a 90%) dependendo da capacidade de
arrecadação tributária (ex: aproximadamente 33% no município de Florianópolis e
59% em Criciúma) – diversas outras fontes (federais, estaduais e municipais) são
utilizadas para complementar os gastos com a educação básica no país (ex.: Salário
Educação, PNAE, PDDE, PNLD, entre outras) considerando alimentação, material
didático, investimentos, formação dos professores e custeio das atividades
pedagógicas e administrativas.
Administração
Custo Hora-Aula (Com DSR E Hora Escola Social
Pública
Atividade)
Mín Máx Mín Máx
Paraná (Fundamental) 11,01 54,78 18,52 21,58
Fontes: INEP, 2016; e dados da avaliação interna do Grupo Marista, com base
nos critérios do MEC.
Particular Particular
Áreas do conhecimento Municipal
Conveniada Paga
Linguagens e Comunicação 32,8% 47,5% 83,5%
Matemática 33,4% 48,8% 85,5%
História e Ciências Sociais 31,0% 46,3% 82,7%
Ciências 31,9% 47,7% 85,0%
Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DO CHILE (Centro de Es tudos , 2016)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dada a descentralização da gestão educacional do Brasil e a variação do
repasse do FUNDEB é bastante difícil estabelecer o custo aluno real para a
educação básica pública no Brasil, porém as referências de que se dispõe apontam
que as escolas sociais maristas apresentam custos similares, e em casos
específicos, inferiores do que o sistema público.
O custo da hora-aula varia bastante no sistema público dada a permanência
dos profissionais e o plano de carreira docente, algo que o sistema particular de
educação básica não incorporou, e que ao longo do tempo tornou-se uma luta
bastante apequenada dos sindicatos. Nas escolas sociais maristas o valor de hora-
aula é inferior a média do sistema público, bem como a estrutura administrativa
também é menor.
Já os indicadores de desempenho acadêmico são superiores na rede de
escolas sociais maristas, tanto no que se refere a evasão escolar, e índices de
alfabetização, bem como nos indicadores de aprovação e ENEM. Tais dados são
altamente relevantes pois denotam que a racionalização dos custos e o foco na
qualidade da educação possibilitam uma gestão escolar bastante funcional,
priorizando o aluno e o seu processo de aprendizagem.
As reflexões sobre outros modelos de administração escolar como a charter
school e o sistema de vouchers tornam-se relevantes para a gestão da rede de
escolas sociais maristas, dado que as mesmas intencionam ocupar este espaço de
efetividade nos custos e oferta de qualidade educacional. Conhecer outros modelos
e experiencias pode contribuir ou apoiar as discussões sobre o processo de gestão,
bem como possibilitar o acesso a boas práticas e inovações na gestão escolar.
Recentemente os ruídos sobre novos modelos de gestão da educação pública
tomaram força na mídia e nos círculos que discutem sobre os desafios da educação
no Brasil, principalmente na educação pública, por isto, torna-se premente que
grupos que atuam no sistema educacional entendam os caminhos possíveis para o
segmento. Os modelos de escolas charter e de ofertas de voucher adotados em
outros países no mundo e na América do Sul, principalmente no Chile, apontam
algumas possíveis tendências, principalmente ao considerar a ociosidade existente
no setor privado nacional e a relação custo/qualidade por aluno.
A possível adoção ou experimentação destes modelos para atender a
demanda de crianças e jovens no país parece se tornar uma solução considerada
para o curto e médio prazo. Mesmo diante de várias controvérsias em relação ao
tema, a alteração do grupo político dominante pode resultar na proposição de alguns
experimentos neste sentido, através da alteração das regras do FUNDEB.
Para consumo interno da gestão da rede marista, este relatório comparativo
entre os indicadores de desempenho das escolas sociais maristas em relação as
escolas públicas em conjunto com a análise de tendências da educação básica, são
instrumentos poderosos para apontar sucessos, falhas e novas estratégias de
atuação, sempre priorizando o sucesso acadêmico dos alunos. Possíveis
indicadores de superioridade da atuação marista podem ser inválidos, dado que a
análise não é exaustiva tanto nas variáveis quanto nas correlações, Pode-se reduzir
tais instrumentos ao apoio a gestão na análise do atingimento das metas, as quais
se propõe a superar os indicadores do sistema público, porém com custos inferiores.
Estudiosos da área educacional afirmam que não há um caminho único para
a necessária transformação da educação brasileira, porém entendem que qualquer
estudo deve considerar a mensuração da qualidade e do custo por aluno como base
dos processos de gestão escolar.
REFERÊNCIAS
A NOVA ESCOLA, Quanto custa um aluno no Brasil: Disponível em:
<https://novaescola.org.br/conteudo/11890/quanto-custa-um-aluno-no-brasil>
Charter school: uma escola pública que caminha e fala como escola privada.
Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br/entrevistas/charter-school-uma-
escola-publica-que-caminha-e-fala-como-escola-privada/>
FRIEDMAN, Milton; FRIEDMAN, Rose. Livre para escolher: Uma reflexão sobre a
relação entre liberdade e economia. Record, 2015.
IOSCHPE, Gustavo. O que o Brasil quer ser quando crescer?: E outros textos sobre
educação e desenvolvimento. Objetiva, 2014.