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Os insondáveis desígnios de Deus e os sucessores de São Pedro

Ana Carolina da Veiga Dias

“Quem dizem os homens ser o Filho do homem?”, perguntou Jesus a seus


discípulos e Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Cristo
então disse: “Bem-aventurado és tu, Simão, porque não foi a carne e o sangue que te
revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e
sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será
ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.
Em uma de suas homilias, Padre Paulo Ricardo explica que, neste relato do
Evangelho de São Mateus, o poder de ligar e desligar concedido a São Pedro, o
primeiro Papa da Igreja, “na linguagem rabínica, quer dizer tanto proibir e permitir, na
interpretação da lei mosaica, quanto condenar e absolver, na aplicação da disciplina”,
restando “visível o poder pontifício nos campos da fé e da moral”.
O Concílio Vaticano I, de 1870, tornou infalível o dogma do “primado da
verdadeira e própria jurisdição” conferido por Jesus ao Apóstolo Pedro e confirmou
que “o Romano Pontífice é o sucessor de São Pedro no mesmo primado”, “o chefe de
toda a Igreja e o pai e doutor de todos os cristãos”.
Diz a Glosa que Jesus “concedeu o poder a Pedro de uma maneira especial para
nos convidar à unidade. Fez dele príncipe dos apóstolos, para que a Igreja tivesse um
só vigário principal de Cristo, ao qual todos os membros da Igreja pudessem recorrer
em caso de discordância”. Nosso Senhor também pediu a São Pedro: “apascenta os
meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas”.
Por isso, ensina o Catecismo da Igreja Católica que, para executar o ofício do
Magistério, “ordenado ao cuidado para que o povo de Deus permaneça na verdade
que liberta”, Cristo, o Bom Pastor, dotou seus pastores do carisma de infalibilidade em
matéria de fé e de costumes.
Nós católicos, portanto, acreditamos fielmente que o Papa é o sucessor de São
Pedro e que ele, em específicas questões, reveste-se com a mesma infalibilidade de
Cristo. Assim, quando o Sumo Pontífice proclama, por um ato definitivo, um ponto da
doutrina sobre fé e costumes, é preciso aderir, em obediência.
Durante toda História do Papado, muitos papas erraram e pecaram, como
Libério, que excomungou e perseguiu os santos Atanásio e Hilário. Entretanto, ovelhas
obedientes como Deus nos quer, não devemos julgar aquele que Ele escolheu como
Vigário de Cristo. “Como é profunda a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus! Como
são insondáveis suas decisões, e como são impenetráveis seus caminhos! Quem
poderá compreender o pensamento do Senhor?”, escreveu São Paulo aos Romanos.
Dante, em sua Divina Comédia, colocou São Celestino V no Inferno por haver
renunciado ao Papado. No entanto, anos depois, soube-se que o santo homem o fez
pois descobrira que os cardeais o usavam para manobras políticas. Durante a Segunda
Guerra Mundial, muitos criticaram o silêncio de Pio XII, sem saber que prisioneiros
imploravam que não se pronunciasse, porque cada protesto seu agravava o sofrimento
das vítimas dos nazistas. Posteriormente, o rabino chefe israelense declarou que “o
povo de Israel nunca esquecerá o que Sua Santidade e ilustres delegatários, inspirados
pelos eternos princípios da religião, estão fazendo pelos nossos desventurados irmãos
e irmãs, deixando prova da Providência Divina nesse mundo".
Lembremos que o Papa, assistido pelo Espírito Santo, não pode errar, ao ligar e
desligar, quando se trata de matéria de fé e de costumes; que ele é sucessor de São
Pedro, pedra sobre a qual Jesus edificou sua Igreja; e que nossa Igreja, Corpo Místico
de Cristo, é Una. Inspiremo-nos em São Josafá, martirizado na Ucrânia por defender a
unidade da Santa Igreja Católica e a autoridade do Papa na época do Cisma do Oriente.
E, sobretudo, rezemos pelo nosso Sumo Pontífice, como Jesus rezou por São Pedro,
pois foi ele o escolhido pelos insondáveis desígnios de Deus para este tempo.

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