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RESUMO
A história do patê começa antes mesmo da era Cristã, os primeiros patês foram feitos de
fígado de pato, mas hoje em dia existem patês de diferentes tipos, como de frango, atum,
legumes, entre outros. Para se fabricar o patê é preciso seguir diversas etapas dentre elas a
pasteurização, e devem-se tomar medidas como Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Análise
de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), evitando que o produto esteja
contaminado com microrganismos patogênicos. A partir disto o objetivo foi realizar análises
microbiológicas de patês comercializados na cidade de Anápolis-GO, para averiguar qual o
nível de contaminação dos produtos adquiridos, para isso coletou-se quatro amostras, duas
industrializadas e duas amostras artesanais, as mesmas foram etiquetadas e solubilizadas em
90 mL de caldo Tryptic Soy Broth, com 0,25mL de tween 80 estéril, para cada análise
preparou-se um meio de cultura específico e após isso feito a estriagem das amostras, as
mesmas foram analisadas após 24-48h. Todas deram positivo para S. aureus e todas deram
negativo para Salmonella, apenas duas deram positivo para E. Coli e três deram positivo para
Shigella, o que deixa evidenciado a importância do processo de cozimento, pasteurização e
medidas de BPF e APPCC.
Palavras-chaves: Patê. Análise Microbiológica. Contaminação.
ABSTRACT
The history of pate begins even before the Christian era, the first pates were made from duck
liver, but nowadays there are different types of pates, such as chicken, tuna, vegetables,
among others. To manufacture the pâté it is necessary to follow several steps, including
pasteurization, and measures such as Good Manufacturing Practices (GMP) and Hazard
Analysis and Critical Control Points (APPCC) must be taken, preventing the product from
being contaminated with microorganisms pathogens. From this, the objective was to carry out
microbiological analyzes of pâtés marketed in the city of Anápolis-GO, to ascertain the level
of contamination of the purchased products. For this, four samples were collected, two
industrialized and two handmade samples, they were labeled and solubilized in 90 mL of
Tryptic Soy Broth broth, with 0.25 mL of sterile tween 80, for each analysis a specific culture
medium was prepared and after that the samples were streaked, analyzed after 24-48h. All
were positive for S. aureus and all were negative for Salmonella, only two were positive for E.
Coli and three were positive for Shigella, which highlights the importance of the cooking
process, pasteurization and GMP and HACCP measurements.
Keywords: Pate. Microbiological analysis. Contamination.
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* luanenogueiraaps@hotmail.com
INTRODUÇÃO dores abdominais e febre (BRASIL, 2010;
FORSYTHE, 2013; RAMOS, 2014;
A história do patê começa antes
GAVIÃO, 2020).
mesmo da era Cristã, os primeiros patês
foram feitos de fígado de pato, contudo Para que os alimentos não
esse prato apenas era servido aos faraós apresentem altos riscos aos clientes é
por ser uma comida muito sofisticada na preciso que a indústria ou produtora tenha
época, atualmente a base desse alimento um alto controle microbiológico
pode ser de diferentes tipos e pode ser garantindo a qualidade do produto. Afim
servido para qualquer pessoa, de que isso seja feito existem várias
principalmente aquelas que apresentam medidas, entre elas: as Boas Práticas de
dificuldade na mastigação. Nos dias de Fabricação (BPF) e o projeto de Análise de
hoje para se fabricar o patê é preciso seguir Perigos e Pontos Críticos de Controle
diversas etapas, dentre elas: cozimento, (APPCC) (MOLINA, 2018; SILVA, 2020;
trituração, embalagem e tratamento VANZELLA, 2020).
térmico correto evitando que o produto
Partindo do exposto, procurou-se
esteja contaminado com microrganismos
realizar algumas análises microbiológicas
patogênicos (BIANCHIN, 2014;
de patês industrializados e artesanais
NAVARRO, 2015; ESTANECH, 2018;
comercializados na cidade de Anápolis-
ABREU, 2019; FLORES, 2019).
GO, para averiguar qual o nível de
A contaminação dos alimentos contaminação dos produtos adquiridos.
pode causar doenças e intoxicação
REFERENCIAL TEÓRICO
alimentar nos consumidores e esse
Origem do patê
contágio pode ocorrer de diversas formas e
devido a inúmeros agentes contaminantes, O patê tem uma grande importância
os principais são: parasitas, vírus, toxinas nas tradições gastronômicas por ter um
naturais, agrotóxicos ou resíduos químicos, histórico tão antigo e por suas propriedades
porém as bactérias ficam em destaque, nutricionais significativas, mas não há
dentre elas: Salmonella spp, Escherichia dados definidos na história sobre a origem
coli, Staphylococcus aureus, Shigella spp, da produção de patês. Sabe-se que os
Bacillus cereus e Clostridium. Se caso primeiros patês foram feitos de fígado de
ocorrer de fato essa contaminação os patos (Ver Figura 1) que migravam no
sintomas mais comuns e frequentes, são a inverno para as margens do rio Nilo, nessa
falta de apetite, náuseas, vômitos, diarreia,
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* luanenogueiraaps@hotmail.com
época o alimento era tão requintado que completa cocção, ou seja, até o cozimento
apenas era servido aos faraós integral, depois a mesma é moída com um
(ESTANECH, 2018). crivo de 6 mm e adiante são colocados
diversos condimentos, entre eles: salsa e
Figura 1- Patê de fígado de pato.
pimentas. Essa mistura é homogeneizada
durante 15 minutos e posteriormente
embalada em recipientes de vidro estéreis
ou em envoltório natural ou artificial, todos
perfeitamente fechados. Depois disso o
produto é submetido a um tratamento
Fonte: https://digamaria.com/2012/11/pate-de-
figado-de-pato-%E2%8E%9Dou-de- térmico próximo de 121ºC durante 30
frango%E2%8E%9E/
minutos. Os objetivos desse tratamento
Esse preparado culinário é um térmico é de estender a vida útil do patê,
alimento feito à base de carne, peixe e/ou evitar o crescimento de microrganismos
vegetais, há também um acréscimo de patogênicos e bem como fazer a inativação
condimentos que oferecem uma de bactérias e enzimas presentes na
consistência cremosa para o alimento, matéria-prima, desta forma esse
dessa forma o mesmo se torna uma boa procedimento deve ser eficiente e capaz de
alternativa para alimentação de idosos e eliminar todos os microrganismos
crianças por ser de fácil mastigação patogênicos, garantindo assim uma
(BIANCHIN, 2014; FLORES, 2019). segurança aos consumidores do alimento,
por fim os produtos são todos armazenados
Atualmente encontram-se no
de forma correta (NAVARRO, 2015;
comércio duas nomeações para patês:
ALMEIDA, 2017; ESTANECH, 2018;
cremoso e pastoso. O patê cremoso é
ABREU, 2019).
produzido com uma parte da matéria-prima
crua e a outra cozida, já o patê pastoso é Figura 2 – fluxograma de fabricação dos
patês
feito através do processamento com a
matéria-prima cozida. O patê
industrializado é produzido seguindo
algumas etapas (Ver Figura 2)
primeiramente a carne que será utilizada
para fazer o patê é limpa e após isso é
cozida a uma temperatura de 60ºC até Fonte: (ALMEIDA, 2017)
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* luanenogueiraaps@hotmail.com
Contaminação alimentar classificadas em categorias, como:
infecciosas, intoxicantes e toxigênicas. Em
Se caso alguma etapa feita na
Brasil (2010, p. 38), são definidas como:
fabricação dos alimentos for inadequada
pode ocorrer a contaminação do produto. A 1- Infecções – são causadas pela
falta de higiene durante essa preparação ingestão de microrganismos
também pode contribuir para o contágio, o patogênicos, denominados
local onde é feito e os equipamentos invasivos, que aderem à mucosa
utilizados também podem colaborar para o intestinal humana e proliferam,
aumento da população dos agentes colonizando, com capacidade de
microbianos nos alimentos e adiante causar penetrar e invadir tecidos;
doenças e intoxicação alimentar nos 2- Intoxicações – provocadas pela
consumidores (GAVIÃO, 2020). ingestão de alimentos contendo
Os principais agentes envolvidos toxinas formadas em decorrência
em causas de Doenças Transmitidas por da intensa proliferação do
Alimentos (DTA) destacam-se parasitas, microrganismo patogênico;
vírus, toxinas naturais, agrotóxicos ou 3- Toxinfecções – são provocadas
resíduos químicos (Ver Figura 3), no pela ingestão de alimento contendo
entanto, os de maior incidência são as microrganismos toxigênicos com
bactérias, apresentando amplo espectro de capacidade de produzir ou liberar
diversidade e virulência (FORSYTHE, toxinas quando estes se
2013; BRASIL, 2010). multiplicam, esporulam ou sofrem
lise na luz intestinal.
Figura 3 - Agentes contaminantes
Figura 4 - Imagem microscópica Salmonella spp. Figura 5 - Imagem microscópica Escherichia coli.
mesma forma que a citada anteriormente é virulência, que tem aumentado nos últimos
uma bactéria anaeróbica, gram positiva que anos, pode apresentar manifestações de
pode causar lesões no intestino delgado quadros mais críticos e agravos à saúde,
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* luanenogueiraaps@hotmail.com
Análise microbiológica alimentícia qualidade dos produtos de origem animal é
a análise microbiológica (SANTOS, 2019).
A contaminação bacteriana de
alimentos é um problema tão significativo Boas Práticas de Fabricação e Análise
que é responsável por 92,2% das de Perigos e Pontos Críticos de Controle
ocorrências de doenças transmitidas devido
A inovação, os investimentos na
à ingestão de alimentos entre os anos de
indústria alimentícia e o desenvolvimento
2000 e 2017. Assim sendo para que os
de novas tecnologias, incluindo a
alimentos oferecidos aos consumidores não
atualização dos processos, tem um grande
apresentem esses altos riscos e não
destaque atualmente, já que o maior
favoreça a contaminação alimentar é
interesse da empresa é trazer qualidade aos
preciso ter um controle microbiológico
produtos comercializados. Assim sendo
(Ver Figura 9) rígido para segurança dos
várias medidas pode ser usadas para que
consumidores (MOLINA, 2018; SILVA,
haja essa melhoria nos produtos, entre elas:
2020).
as Boas Práticas de Fabricação (BPF) e o
Figura 9 - Análise microbiológica.
Projeto Análise de Perigos e Pontos
Críticos de Controle (APPCC)
(VANZELLA, 2020).
controlar as etapas de fabricação dos qual a eficiência deve ser analisada através
do alimento produzido e um dos principais foram criadas em 1973 nos Estados Unidos
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medicamentos, esses erros passaram a No Brasil a APPCC foi instalada
existir na época a partir do momento que em 1988 a partir de uma parceria entre a
as indústrias deixaram de considerar os Confederação Nacional da
aspectos microbiológicos farmacotécnicos Indústria/Serviço Nacional de
e começaram a ter grandes problemas com Aprendizagem Industrial (CNI/SENAI) e o
contaminação cruzada e intoxicação. Foi Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
no ano de 1978 que a Organização Pequenas Empresas (SEBRAE) e também
Mundial de Saúde (OMS) aprovou de fato seus pré-requisitos (Boas Práticas - BP e
as BPF, fazendo com que essas regras se Procedimentos Padrões de Higiene
disseminassem a todos os países, desta Operacional - PPHO). Tais projetos foram
forma a concretização das BPF’s fez a criados no intuito de apoiar os
produção de medicamentos se tornar estabelecimentos com atividades
padronizada possibilitando uma qualidade alimentícias. A recomendação do APPCC
cada vez competente (COSTA, 2012; é feita por organizações internacionais
SILVA, 2013). como a Organização Mundial do Comércio
(OMC), Organização das Nações Unidas
Já o APPCC corresponde a um
para Alimentação e Agricultura (FAO),
instrumento de qualidade que visa realizar
OMS e pelo Mercado Comum do Sul
a identificação dos prováveis perigos que o
(MERCOSUL). Desta forma é preciso que
produto pode provocar ao consumidor,
os gestores das indústrias se atentem e
identificando também qual a etapa ou
compreendam que é essencial a
processo que possa ter gerado esses riscos
conscientização higiênico sanitária de
e posteriormente colocando em prática
todos os funcionários que fazem parte do
soluções que sejam capazes de sanar ou
processo, visto que o mercado está
minimizar as ameaças que possam existir
progressivamente mais competitivo e com
através da mercadoria. O Sistema APPCC
clientes cada vez mais exigentes
colabora então para um maior
(VALOIS, 2002; BRASIL, 2009;
contentamento do consumidor, fazendo
VANZELLA, 2020).
com que amplie a competitividade das
empresas, contribuindo também para uma METODOLOGIA
viável conquista de novos mercados e
Coletas das amostras
potencializando a produção, reduzindo
desta forma os desperdícios e aumentando Foram coletadas amostra de um
a fabricação (CAMPOS NETO, 2017). patê de frango industrializado, duas de patê
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de frango artesanal e uma de patê de peixe Casoy nesse caso usou-se o que foi citado
industrializado, totalizando quatro primeiro, com 0,25mL de tween 80 estéril.
amostras diversas colhidas em 2021, os
Identificação Presuntiva de
mesmos comprados em estabelecimentos
Staphylococcus aureus
diferentes e localizados na cidade de
Anápolis, Goiás. Os locais dessas coletas Para a detecção presuntiva de
foram escolhidos em função das condições Staphylococcus aureus, partindo do caldo
de disponibilidade de pontos de vendas e Tryptic Soy Broth, estriou-se por
comercialização e todas estavam dentro do esgotamento em placas de Petri contendo o
prazo de validade descrito no rótulo, as Ágar Mannitol uma alçada do meio de
mesmas foram conservadas refrigeradas a enriquecimento seletivo que apresentou
no mínimo 4ºC e transportadas no dia uma aparência turva e incubou-se a 35°C
definido para análise para o laboratório por 24-48h. Para uma identificação
microbiológico da Faculdade SENAI presuntiva de Staphylococcus aureus as
Roberto Mange de Anápolis-GO. placas que apresentaram colônias
arredondadas de cor creme foram
Análises Microbiológicas
consideradas positivas (FILHO, 2007).
Após a coleta as amostras foram
Identificação de Escherichia coli
nomeadas como A1, A2, A3 e A4, essa
nomeação não teve nenhum tipo de Para a identificação de Coliformes
critério, apenas foram etiquetadas para não partindo do caldo Tryptic Soy Broth,
haver nenhuma confusão, facilitar no estriou-se por esgotamento em placa de
momento da análise e coleta de resultados, Petri contendo o Ágar MacConkey e
depois disto foi efetuado as análises incubou-se a 35°C por 24-48h. Considerou
microbiológicas realizando a identificação positivas as colônias não mucoides,
presuntiva para os microrganismos. vermelhas (FILHO, 2007).
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alça de platina estéril retirou-se uma alçada pneumonia, meningite, endocardite,
da amostra e estriou-se por esgotamento síndrome do choque tóxico, septicemia,
em placa de Petri contendo os meios XLD entre outras. Sintomas como náuseas e
e incubou-se a 35°C por 24–48h. vômitos se apresentam em 2 a 4 horas,
Considerou-se positivo para Salmonella no associados à sudorese, cólicas abdominais
Ágar XLD: colônias vermelhas com centro e diarreia. Podem surgir ainda sintomas
negro e positivo para Shigella as colônias como dores de cabeça, calafrios e baixa na
que ficaram transparentes ou rosa quase pressão arterial, também febre em
vermelho que não tinham o centro negro raríssimas vezes (SANTOS, 2007;
(FILHO, 2007). BRASIL, 2010; CARVALHO, 2010).
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* luanenogueiraaps@hotmail.com
desconforto e insatisfação ao cliente, bem ALMEIDA, S.K. Avaliação da qualidade
físico-química e sensorial de pasta de
como prejuízos a todos, já que o alimento é
carne (patê) de ovino e caprino. 2017.
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Coli os patês industrializados que passam
12/05/2021 às 18h44min.
rigorosamente por esse processo não
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obtiveram resultado positivo, apesar de que de ervas aromáticas e pólen apícola e
na averiguação de Shigella teve uma seus efeitos durante armazenamento de
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