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A secretaria

A Secretaria Nacional de Paradesporto (SNPAR) foi criada em


20/05/2020 com o objetivo de promover e articular ações
Paradesportivas visando o acesso das pessoas com deficiência
à prática esportiva em todas as suas manifestações, da
iniciação ao alto-rendimento, em todas as faixas etárias e para
as diversas deficiências independente do status dessa prática.

Missão
Desenvolver em conjunto com as demais áreas da Secretaria
Especial do Esporte, ou com as demais organizações do 1º e do
3º setor, programas e projetos visando a promoção da prática
esportiva voltada às pessoas com deficiência.
Visão
Incrementar o acesso das pessoas com deficiências à prática
esportiva em todas as suas manifestações: da iniciação ao alto-
rendimento, em todas as faixas etárias e para as diversas
deficiências que atualmente não estão incluídas em nenhum
programa.

O Paradesporto

O conceito de Paradesporto é bastante amplo e engloba todas


as manifestações da prática de algum esporte por uma pessoa
com deficiência, independente da modalidade escolhida do tipo
ou nível da deficiência. O artigo 42 da Lei Brasileira de Inclusão
– LBI prevê que a pessoa com deficiência tem direito ao esporte
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

Dentro do Paradesporto temos um recorte de modalidades que


são disputadas nos jogos Paralímpicos de verão (22
modalidades) e de inverno (05 modalidades) definidas pelo
Comitê Paralímpico Internacional - IPC. No Brasil quem
administra essas modalidades é o Comitê Paralímpico Brasileiro
- CPB e as deficiências elegíveis são: Deficiência visual
(cegueira e baixa visão), Deficiência física (motora) e
Intelectual.
Cada esporte possui um sistema próprio de classificação
funcional que tem como principal objetivo tornar a competição
mais justa possível. Por isso em diversas modalidades existem
classes funcionais diferentes que competem entre si de acordo
os níveis de funcionalidade.

Já as modalidades que não fazem parte do programa


Paralímpico também possuem suas diversas organizações de
administração nacionais e internacionais, assim como eventos
e sistemas específicos de classificação funcional. Destacam-se
nesse grupo as modalidades praticadas por pessoas com
deficiência intelectual, surdez e transtorno do espectro autista
TEA que representam uma grande parcela do segmento de
pessoas com deficiência. Além destes grupos temos as
modalidades que fazem parte da cultura esportiva nacional
como o futebol que é bastante praticado por diversas
deficiências.

A SNPAR considera que o Paradesporto é uma excelente estratégia


para construção dos conceitos de inclusão plena da pessoa com
deficiência, pois através do esporte os valores e capacidades são
redefinidos e a aceitação das diferenças tornam-se naturais dentro da
sociedade.

Esporte paralímpico: simbiose entre ciência e


tecnologia?

Brasil quer alçar seus atletas paralímpicos e para isso está


investido pesadamente em tecnologia
ComCiência/Labjor/DICYT Às vésperas das Paralimpíadas de 2016, o Brasil investe pesado em
novas tecnologias para reduzir a diferença que o separa dos grandes campeões como Estados
Unidos, Japão, China, Rússia e Grã-Bretanha, entre outros. Para tanto, o propósito do Comitê
Paralímpico Brasileiro (CPB) é uma meta ousada: colocar o país entre os cinco primeiros no ranking
mundial de medalhas. Mas como o nosso país aproveita a oportunidade de sediar esse megaevento
para alcançar o sucesso esportivo das potências internacionais?

O esporte paralímpico brasileiro aposta cada vez mais na tecnologia para superar os limites dos
atletas com deficiência e isso significa investir na formação e preparação de atletas, no estudo da
dinâmica e dos limites corporais essenciais para a performance e para melhoria máxima (aspectos
físicos, fisiológicos e psicológicos, dentre outros), como também no desenvolvimento e
aprimoramento de equipamentos esportivos de ponta. Essa simbiose do esporte aliada à ciência e
tecnologia requer um diálogo intenso e que envolve o CPB, por meio da Academia Paralímpica
Brasileira, e as universidades.

Falar desse assunto não é algo recente, pois desde o surgimento do esporte adaptado na década de
1940 percebe-se o enorme contraste da evolução científica e tecnológica que alicerça o paradesporto.
Regras esportivas, o desenvolvimento do sistema de classificação funcional específico para cada
modalidade, os avanços nos equipamentos como cadeira de rodas, próteses e outros materiais
utilizados em treinamentos e competições esportivas são alguns exemplos da evolução tecnológica e
científica. É importante enfatizar que grande parte das inovações iniciais ocorridas nas modalidades
paralímpicas foi oriunda das experiências vividas no contexto olímpico.

Nas universidades brasileiras desenvolvem-se atualmente projetos científicos relacionados às


questões das deficiências, aspectos estes relativos ao treinamento de atletas e das diversas questões
gerais que os rodeiam.

A grande incorporação desses conhecimentos científicos como complemento às atividades esportivas


de alto rendimento nos mostra que não é mais possível realizar esse nível de excelência esportiva
sem o suporte da ciência e da tecnologia, seja olímpico ou paralímpico. Quando falamos em
treinamento e alta performance esportiva falamos também em fisiologia, medicina, fisioterapia,
psicologia, sociologia, marketing, engenharias e uma série de outras disciplinas, tanto da área
biológica quanto das humanas e exatas, que alicerçam a educação física no processo de preparação
adequada do atleta para uma competição, e que fornecem a principal base para que os resultados
mais favoráveis sejam alcançados.

Em contrapartida , os altos custos também se refletem na iniciação esportiva e, por esse motivo, as
parcerias entre ciência e tecnologia são essenciais em nosso país. Algumas iniciativas oriundas das
universidades, do CPB, Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e da Rede Nacional de Pesquisa e
Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva desenvolvem novos dispositivos para treinamento
esportivo a baixo custo para usuários de cadeira de rodas, os quais podem ser utilizados também em
clínicas de fisioterapia e academias. Dessa forma, mais do que uma contribuição para que melhores
resultados possam ser alcançados no esporte paralímpico de alto rendimento, as tecnologias
aplicadas ao esporte para pessoas com deficiência permitem, em alguns casos, o essencial: a
possibilidade da prática esportiva.

O mito dos super-humanos

Um dos principais objetivos da aplicação da ciência e tecnologia é facilitar o manuseio


pelos atletas de equipamentos como próteses e cadeiras de rodas, bem como otimizar
seu rendimento. Um exemplo é Oscar Pistorius, atleta paralímpico sul-africano que tem
ambas as pernas amputadas. Em testes, houve a comprovação de que as próteses
tornaram o atleta deficiente físico em um atleta extremamente eficiente: quando
comparado à atletas sem deficiência, Pistorius ingere um volume de oxigênio 17%
menor. Ou seja, ele corre na mesma velocidade com menos oxigênio. Além disso, pisa
com mais frequência que um atleta olímpico. Mais impulso por tempo, sem contar o
retorno elástico da prótese, que também aumenta o movimento, tornam os atletas
paralímpicos em super-atletas.

É possível hoje tornar inteligentes os joelhos dos corredores com deficiência nos
membros inferiores, com novas próteses de pernas apresentando tecnologias de software
e hardware precisos. Modelos como a AC-leg permitem o uso de controle remoto para
controlar a velocidade das passadas. Já o modelo Power Knee possui um sensor que
automaticamente ajusta o movimento do joelho para o terreno em que se encontra o
corredor (escada, plano, plano inclinado), sendo este um dos modelos mais utilizados no
paradesporto.

Para o salto em distância, as próteses contam com cilindros hidráulicos que permitem o
movimento normal da flexo-extensão de joelhos, com o atleta controlando a velocidade;
isso diminui a perda de energia e otimiza toda a força para impulsionar o salto. A
lâmina que forma o pé da prótese é composta por mais de 80 lâminas de fibra de
carbono, sendo leves e flexíveis. Já os ciclistas apresentam próteses que dispensam tênis
na hora da prova, conectando a prótese ao pedal, fazendo com que o atleta fique
conectado à bicicleta. São alguns de muitos exemplos da presença da tecnologia
assistiva e cada vez mais presente.

Considerações finais

Faltam pouco mais de dois anos para os jogos do Rio de Janeiro – momento único na
história do Brasil e oportunidade singular de investimento em políticas públicas de
ciência, tecnologia e popularização do esporte para todas as pessoas.

Entretanto, a alta tecnologia relacionada ao esporte paralímpico está mais ao alcance


dos países mais ricos, devido ao alto custo. Próteses utilizadas em provas de corrida no
atletismo custam em média 150 mil reais, fator que limita o uso em atletas no contexto
nacional. Uma solução, então, seria investir em modalidades de baixo custo tecnológico.
O que podemos esperar desse período é que, ao menos, encerremos nosso ciclo
paralímpico com um legado duradouro e promissor para as futuras gerações.

A diversidade gerada pela evolução tecnológica é ampla. Das instalações esportivas a


equipamentos de treinamento e competição; ou ainda, dos recursos de mídia ao controle
de doping, ou mesmo dos auxílios complementares à formação de recursos humanos e
até os diferentes veículos de informação à população.

Vale registrar que a equipe paralímpica do Brasil obteve a 37ª colocação nas
Paralimpíadas de Barcelona (1996), passando por 24° em Sidney (2000), 14° em Atenas
(2004), 9° em Pequim (2008) e 7° em Londres (2012).

Se viéssemos comparar o potencial tecnológico utilizado pela equipe paralímpica


brasileira nesses últimos anos com o de equipes como dos EUA, Inglaterra, França,
Alemanha, Rússia, Ucrânia, Japão, Coreia do Sul, China, Espanha, Canadá, entre outras,
chegaríamos facilmente à hipótese de que um dos fortes potenciais da equipe do Brasil
está na formação de recursos humanos visando ao trabalho dos profissionais da
educação física e esportes, junto com profissionais das áreas médicas (medicina e
fisioterapia), das áreas de mídia (marketing e propaganda) e das administrativas
(política e captação de recursos), por exemplo.

Foram essenciais para um salto qualitativo da equipe paralímpica brasileira nas últimas
cinco paralimpíadas e, portanto, nas últimas décadas, o desenvolvimento e a aplicação
do conhecimento científico. Verifica-se, enfim, que é o potencial científico
desenvolvido e, de certa forma, enraizado, o fator responsável pela defesa da
necessidade cada vez mais presente de tecnologias inovadoras para que tenhamos
continuidade no processo de crescimento do esporte paralímpico em suas diversas
formas de manifestação, especialmente a do alto rendimento

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