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Este texto tem por objetivo analisar o sistema de contratos das cobranças de
direitos (dízimos) e de tributos (registros de passagens) na capitania de Minas Gerais,
durante o período colonial, atentando-se para o caso do contratador Joaquim Silvério
dos Reis, conhecido na História como um dos denunciantes da Inconfidência Mineira
(1789-1792), que arrematou o contrato das entradas no triênio de 1º de janeiro de 1782 a
31 de dezembro de 1784. Para tanto, de início, apresentaremos rápida discussão sobre as
características gerais do sistema tributário e da administração dos contratos nas Minas
Gerais setecentista, depois o caso de Silvério dos Reis.
I.
Preâmbulo
II.
O sistema tributário
III.
Joaquim Silvério dos Reis e o contrato de entradas, 1782-1784
Existem poucos dados biográficos sobre o português Joaquim Silvério dos Reis.
Sabe-se que nasceu na freguesia de Monte Real, do concelho de Leiria, em 1755 ou
1756. Era filho do capitão Antônio dos Reis Montenegro e de Teresa Jerônima de
Almeida. Consta que migrou para o Brasil em 1776, na companhia de seu irmão, João
Damasceno dos Reis Figueiredo Vidal. Parece ter começado a comerciar no Rio de
Janeiro nesse mesmo ano, dedicando-se ao fornecimento de sal e gado para as regiões
do Serro e Diamantina, nas Minas Gerais. (JARDIM, 1989, p. 155) No ano seguinte, em
1777, aos 21 anos, já estava solidamente organizado em Sabará, pois de 9 de janeiro a 4
de outubro desse ano recolheu 209 parcelas de ouro na Casa de Fundição daquela vila,
em um total de 12 arrobas 70 marcos e 2 onças (aproximadamente 180 quilos), das
quais tirou do quinto mais de duas arrobas. (AUTOS, 1977, v. 9, p. 367) Também foi
cobrador no contrato de entradas administrado por João Rodrigues de Macedo (1776 a
1781). (AUTOS, 1981, v. 4, p. 34)
Aos 26 anos de idade, em 1782, arrematou perante a Junta da Fazenda o contrato
de entradas para o triênio de 1º de janeiro de 1782 a 31 de dezembro de 1784. Na época,
o presidente da Junta era o governador dom Rodrigo José de Meneses, que administrou
a capitania de 1780 a 1783 e o auxiliou no arremate daquele contrato. Apesar de
existirem suspeitas de que o processo de escolha de Silvério como contratador não
ocorreu de maneira honesta, ele sagrou-se vencedor do leilão. Em fragmento de
documento transcrito por Francis Albert Cotta, em estudo sobre práticas comerciais
realizadas entre militares e quilombolas na região diamantina no século XVIII, é
possível ler que nas palavras de dom Rodrigo, datadas de 12 de abril de 1782, a escolha
de Silvério naquela respectiva arrematação foi justa, uma vez que entre os candidatos
Quadro 1
Conta corrente do contrato de entradas de Joaquim Silvério dos Reis
(triênio 1782-1784)
DEVE HÁ DE HAVER
Pelo preço principal mais propinas Pelo que pagou na Tesouraria da Real Fazenda
355:612$000 rs 355:612$000 rs
Fonte: PINHEIRO, Julio Cesar da Paz; PINHEIRO, Ana Virgínia. Joaquim Silvério dos Reis:
aspectos contábeis de uma traição. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília: CFC, v. 28, n.
116, p. 60-70, mar./abr. 1999, p. 67.
Tabela 1
Evolução da dívida e amortizações nas contas de Silvério dos Reis, 1782 a 1815
IV.
Bibliografia
AMED, Fernando José; NEGREIROS, Plínio José Labriola de Campos. História dos
tributos no Brasil. São Paulo: Edições SINAFRESP, 2000.
ANTEZANA, Sofia Lorena Vargas. Os contratadores dos caminhos do ouro das Minas
setecentistas: estratégias mercantis, relações de poder, compadrio e sociabilidade
(1718-1750). Belo Horizonte, 2006. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais.
______ . Em nome do rei e dos negócios: direitos e tributos régios nas Minas
setecentistas (1730-1789). Niterói, RJ, 2008. Tese (Doutorado em História) – Instituto
de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense.
______ . Minas e currais: produção rural e mercado interno de Minas Gerais, 1674-
1807. Juiz de Fora: Editora da Universidade Federal de Juiz de Fora, 2007.
PINHEIRO, Julio Cesar da Paz; PINHEIRO, Ana Virgínia. Joaquim Silvério dos Reis:
aspectos contábeis de uma traição. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília: CFC,
v. 28, n. 116, p. 60-70, mar./abr. 1999.