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Belém - 2018
RESUMO
FIGURA 1 .......................................................................................................17
FIGURA 2 .......................................................................................................20
FIGURA 3 .......................................................................................................23
FIGURA 4 .......................................................................................................26
FIGURA 5 .......................................................................................................29
FIGURA 6 .......................................................................................................31
FIGURA 7 .......................................................................................................34
FIGURA 8 .......................................................................................................37
FIGURA 9 .......................................................................................................39
FIGURA 10 .....................................................................................................41
FIGURA 11 .....................................................................................................43
FIGURA 12 .....................................................................................................44
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................8
PUBLICAÇÃO............................................................................................................22
CONTEXTUALIZAÇÃO...............................................................................................23
ESTUDO DIRIGIDO...................................................................................................23
CONTRIBUIÇÃO COM A FORMAÇÃO DE PESSOAS .................................................24
DIVULGAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS DA PESQUISA .........................27
PARTICIPAÇÃO NA 2ª MISSÃO DO PROCAD. ..........................................................27
REALIZAÇÃO DE SEMINÁRIO ..................................................................................27
REALIZAÇÃO DE MINI-CURSO ................................................................................27
ORGANIZAÇÃO DO CURSO “JORNALISMO E TEMPORALIDADE: LEITURAS
CRÍTICAS”. ...................................................................................................... 28
ORGANIZAÇÃO DO CURSO “JORNALISMO E SOCIEDADE: CRÍTICA DAS
PRÁTICAS”. ..................................................................................................... 30
PUBLICAÇÕES..........................................................................................................31
CONTEXTUALIZAÇÃO ..............................................................................................32
REFERÊNCIAS
ENTREVISTAS PRINCIPAIS
INTRODUÇÃO
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estágio, na disciplina Metodologia e Elaboração Em razão das assimetrias que ainda colocam
de Projetos. Apesar de pontual, a experiência a região Norte em condições desvantajosas para
foi muito exitosa. a formação de recursos humanos de alto nível
No PPGCOM ministramos a disciplina em algumas áreas, como a Comunicação, e
optativa "Análise de Objetos Comunicacionais e tendo em vista o compromisso da Universidade
Midiáticos", ao final da qual realizamos avaliação Federal do Pará com o desenvolvimento da
de desempenho docente junto aos cinco alunos Amazônia, também organizamos junto ao
participantes, que destacaram a contribuição PPGCOM cursos e encontros ministrados por
da disciplina para o desenvolvimento de seus pesquisadores doutores de outras regiões,
projetos e para sua formação acadêmica. No com expressivas contribuições na área da
PPGCIMES ministramos a disciplina obrigatória Comunicação, como a professora Christa Berger,
"Métodos e Técnicas Inovadores de Ensino e pesquisadora 1A CNPq, e o professor Frederico
Aprendizagem" para a primeira turma do curso Tavares, coordenador do Programa de Pós-
de mestrado, uma experiência igualmente Graduação Comunicação e Temporalidades,
prazerosa e exitosa. da Universidade Federal de Ouro Preto,
Destacamos que nossa contribuição que ministraram, respectivamente, os curso
direta ou indireta em outros PPG´s deveu- "Jornalismo e Sociedade: crítica das práticas
se ao reconhecimento de que a carência de jornalísticas" e "Jornalismo e Temporalidade:
profissionais e acadêmicos em nossa região leituras críticas", no ano de 2016, sem que
não permite uma atuação extremamente houvesse nenhum custo para a UFPA.
especializada em apenas uma área. Por outro A seguir, a organização do presente
lado, cada vez mais, nos deparamos com a relatório obedecerá uma linearidade temporal,
emergência de um paradigma científico que na qual destacamos a realização de algumas
requer a diluição de fronteiras disciplinares e o atividades por ano, para fins de melhor
reconhecimento de saberes diversos. visualização das informações.
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ANO 2014
O projeto de pesquisa intitulado “Jovens, Nilda Jacks (PPGCOM – UFRGS), que também
tecnologias e movimentos sociocomunicacionais coordenara o "Brasil Conectado".
em cidades amazônicas”, foi proposto como Em nosso projeto, “Jovens, tecnologias e
projeto de pesquisa de pós-doutoramento movimentos sociocomunicacionais em cidades
a ser realizado junto ao Programa de Pós- amazônicas”, o objetivo principal definido
Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia da foi identificar e analisar experiências de uso
Universidade Federal do Pará (PPGCOM -UFPA), e apropriação de dispositivos tecnológicos
após diálogos com a professora indicada como de mídia, por parte dos jovens, com vistas à
supervisora de estágio pós-doutoral, Dra. Maria construção de cenas de cultura participativa e
Ataide Malcher, com o intuito de aliar nossos práticas sociocomunicacionais em cidades do
interesses de pesquisa e experiências anteriores, Estado do Pará-Amazônia-Brasil, na articulação
decorrentes principalmente do Doutorado, aos de ações que pudessem ser caracterizadas como
esforços de pesquisa já em andamento no mobilização social e/ou política. Nesse sentido
Programa, com o projeto “Jovens em tempo utilizamos o termo sociocomunicacional como
de convergências: pesquisa exploratória de uma metáfora para designar uma forma de
recepção dos usos e apropriações dos recursos mobilização/organização social e política
multi-midiáticos no estado do Pará-Amazônia- na qual a comunicação é mais que uma
Brasil”, coordenado pela referida professora. ferramenta, uma tática ou uma estratégia
Tal projeto, por sua vez encontrava- (CERTEAU, 2008), dada sua importância como
se associado a outra proposta,“Jovem e elemento estruturante das ações, desde as
consumo cultural em tempo de convergência”, suas concepções. Por outro lado, inquietava-
submetido em 2013 ao edital do Programa nos distinguir o que seriam ações de ativismo
Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD) e ações de mobilização/organização social,
da Capes, cujo resultado preliminar fora pois percebemos que tanto no âmbito da
divulgado em maio e o final, em setembro. comunicação midiática, quanto em algumas
Decorrente de pesquisa anterior denominada pesquisas de mercado ou acadêmicas, ativismo
"Brasil Conectado", o projeto aprovado no e movimento social vinham sendo abordados
PROCAD passou a ser desenvolvido em sistema como se fossem a mesma coisa.
de rede por três universidades associadas: A base teórica inicial que fundamentou
Universidade Federal do Rio Grande do Sul nossa proposição acionou alguns conceitos
(UFRGS), Universidade Federal do Pará (UFPA) e/ou temáticas como: cultura tecnológica,
e Fundação Universidade Federal de Sergipe midiatização e processos sociais, (Manuel
(FUFSE), sob coordenação geral da professora Castells, Pierre Levy, Henry Jenkins, André
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ANO 2014
Lemos, Lúcia Santaella, Marcos Palácios, Carlos Marabá e Santarém. Também realizamos
D´Andrea, Fausto Neto, José Luiz Braga, Dênis trocas de informações sobre protocolos
de Moraes, Muniz Sodré, Wilson Gomes); de investigação, já experimentados nas
jovens, mediações culturais e consumo (Sílvia pesquisas locais e nacionais dos projetos aos
Helena Simões Borrelli, João Freire Filho, quais nos interligamos.
Martín-Barbero, Garcia-Canclini, Mary Douglas Para efeito de desenvolvimento investigativo
e Baron Isherwood, entre outros); espaço previmos o emprego de estratégias múltiplas de
urbano, periferia, globalização, vida cotidiana confluência e confrontação, como subsídio para
(Milton Santos, Georg Simmel, Bertha Becker, uma pesquisa transmetodológica, considerando
Boaventura de Sousa Santos, José Guilherme a natureza multidimensional e multifocal dos
Magnani, Hermano Vianna, Alba Zaluar, Michel objetos e problemáticas comunicacionais. O
de Certeau). Ancoramos nossa proposta de enfoque metodológico apresentou caráter
pesquisa no diálogo com as teorias do cotidiano, qualitativo, com característica exploratória,
naquilo que se refere à expectativa de mapear de inspiração etnográfica no que se referia
e compreender como o sujeito ordinário à valorização de observações de campo,
vive as organizações sociais criativamente, mas com ênfase numa abordagem de visada
como faz uso da linguagem ou da estrutura comunicacional. Nesse sentido a construção
social recebida exercitando um conjunto de de nosso objeto de conhecimento valorizou a
ações prosaicas em processos de interação, processualidade envolvida no fenômeno como
desprovidos de pretensões revolucionárias ou parte da experiência social, sobretudo no que
subversivas, que, no entanto, podem mobilizar diz respeito aos processos de interação no
deslocamentos e rearranjos, os quais, pouco a cotidiano de sujeitos ordinários, atravessados
pouco são capazes de provocar reorganização por referências midiáticas.
na vida social. A perspectiva metodológica que nos
As cidades para as quais direcionamos orientou valorizou a construção de arranjos
nossas investigações de campo foram Belém, com as transformações culturais por que passa
Santarém (Oeste do Pará), Marabá (Sul do Pará) nossa sociedade, ou seja, não propusemos uma
e Bragança (Nordeste Paraense). Valendo-nos metodologia como instrumental engessador
de nossa parceria regional, iniciamos nossas do real, a fim de capturá-lo, senão como
atividades com pesquisa documental sobre um processo em construção a partir de
algumas informações e dados levantados nas duelos e conciliações de correntes, de uma
cidades que temos em comum com o projeto aproximação, e por que não dizer, imersão no
“Jovens em tempo de convergência...”: Belém, real empírico.
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ATIVIDADES ACADÊMICAS
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ESTUDO DIRIGIDO
De acordo com o planejado para esse mais complexas, como o livro “O novo tempo
ano, realizamos um plano de estudo com do Mundo”, de Paulo Arantes, e a qualificar os
vistas ao aprofundamento da compreensão e debates. Entre as referências que discutimos
melhor apropriação de algumas concepções nos encontros quinzenais realizados este ano
importantes, para nortear as visadas propostas destacamos ainda: Manuel Castells, com “Redes
inicialmente no projeto de pesquisa “Jovens, de Indignação e esperança”, “Cidades rebeldes” e
tecnologias e movimentos sociocomunicacionais “Occupy: movimentos de protesto que tomaram
em cidades amazônicas”. as ruas”, coletâneas de artigos produzidos por
A oportunidade de realizar esse plano intelectuais contemporâneos como Slavoj žižek,
de estudos inicial em um grupo acrescentou Mike Davis, David Harvey, Emir Sader, Immanuel
elementos que talvez não se apresentassem em Wallerstein, Wladimir Safatle, Venício Lima e
um processo realizado individualmente. Uma das ainda por movimentos como Passe Livre e Mídia
provocações iniciais, apresentada pelo professor Ninja. Em ambos os casos, os livros editados
Flávio Nassar, na primeira reunião do grupo, no pelas editoras Carta Maior e Boitempo traziam
dia 6 de janeiro, exigiu que nos debruçássemos materiais atuais, resultantes de observações
sobre o conceito de “jovem” e “juventude”, antes recentes desses intelectuais sobre mobilizações
de ingressarmos em qualquer outra discussão. protagonizadas por jovens, conectados e em
Com isso, nos demos conta de que ao partirmos rede, ao redor do mundo.
com a proposta e delimitarmos uma faixa etária No segundo semestre a agenda dois
com base nos parâmetros usados pelo IBGE, por encontros quinzenais teve de ser suspensa, em
exemplo, naturalizamos algo que necessitava função das atribuições dos(as) professores(as)
ser problematizado. Dentre as referências envolvidos e pelo fato de os mestrandos
estudadas, estiveram os artigos: “Juventude terem defendido suas dissertações, tornando-
como espírito do tempo, faixa etária e estilo de se egressos do programa e estarem em
vida: processos constitutivos de uma categoria- busca de oportunidades profissionais. Então,
chave da modernidade”, de Ana Lúcia Enne; propusemos uma modificação no formato:
“Juventudes, midiatizações e nomadismos:a ao invés das reuniões quinzenais de 9h às
cidade como arena, de Silvia Borelli e Rose 13h, propusemos reuniões de imersão, uma
de Melo Rocha; “Novas Perspectivas para o vez ao mês. Assim, conseguimos manter o
Estudo da Relação entre Discursos Midiáticos, compromisso de discutir mais duas obras de
Juventude e Poder”, de João Freire Filho;e o livro Maria da Glória Gohn, a saber: Movimentos
“Juventude: consumo, mídia e novas tecnologias, sociais e redes de mobilizações civis no Brasil
organizado por Fernanda Barbosa Lima. Contemporâneo; Movimentos Sociais no
O fato de o grupo contar com pessoas de início do século XXI e iniciamos discussões de
diversas áreas enriqueceu tanto a discussão, caráter mais metodológico, a partir da análise
como as proposições de materiais a serem de pesquisas sobre jovens, tecnologias e
estudados. As formações diversas ajudaram a ativismo que possuem relação com o escopo
ampliar as interpretações, a compreender obras da pesquisa, tais como: Brasil Conectado
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ANO 2015
(pesquisa nacional realizada por pesquisadores das Metrópoles). O estudo de obras sobre de
vinculados a universidades das cinco regiões metodologia da pesquisa e produção de ciência
Brasileiras, sob coordenação da professora também fizeram parte dessa etapa.
Nilda Jacks); Juventude Conectada (Fundação Desenvolvi um instrumento preliminar de
Telefônica Vivo e realizada em parceria com observação online para testar no levantamento
IBOPE Inteligência, Instituto Paulo Montenegro de dados sobre coletivos de diversas naturezas,
e a Escola do Futuro – USP) Ativismo no movimentos sociais não formalizados e
Contexto Urbano -Diagnóstico para ação nas grupos autodenominados ativistas, na região
cidades (Escola de Ativismo, Observatório metropolitana de Belém.
FORMAÇÃO DE GRUPO
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Figura 1: Algumas das reuniões do grupo de estudos nas instalações do Programa de Pós-Graduação
Comunicação, Cultura e Amazônia (UFPA).
Fotos: Cláudio Alfonso e Guaciara Freitas.
Fonte: Acervo do projeto.
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SOFTWARE LIVRE
Ministrado por Marcelo Rodrigues, projeto, com número limitado de vagas aos
repórter fotográfico com vasta experiência na próprios integrantes e a alunos do PPGCOM,
cobertura de atividades de campo em pesquisas tendo em vista que as especificidades dos
de diversas naturezas, o curso foi ofertado pelo conteúdos abordados e as práticas, requeriam
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Figura 3: Momentos de socialização de pesquisas, dentre as quais, a deste projeto, por ocasião da visita do prof.
Matheus Felizolla (FUFSE - Associada 2 PROCAD), na missão 1ª missão do Projeto em Belém (PA).
Fotos: Guaciara Freitas.
Fonte: Acervo da pesquisa.
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ANO 2015
As ações articuladas pelo grupo de pesquisa diversas. O curso foi uma atividade do projeto
Pespcom, o qual passamos a integrar, por meio de pesquisa “Jovem e Consumo Midiático em
dos projetos de pesquisa a ele vinculados, Tempo de Convergência”(Edital Procad nº
proporcionou, entre outras ações, a realização 071/2013), com o qual atuamos em rede. Foi
do curso “Técnicas de Pesquisa Qualitativa”, uma oportunidade para reunirmos integrantes
ministrado pela professora Nilda Jacks, da de nossa pesquisa nessa formação voltada à
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pesquisa. Na ocasião foi possível contribuirmos
no período de 26 a 30 de outubro de 2015, com relatos a partir de nossa pesquisa em
na Universidade Federal do Pará, com carga andamento e apreendermos muitas informações
horária total de 15 horas, que proporcionou importantes ao desenvolvimento da mesma.
a participantes de nosso projeto de pesquisa, Em ocasiões como essa, percebemos como a
uma semana intensa de discussões de caráter atuação dos projetos em rede, ajuda a contornar
metodológico, com diálogos sobre pesquisas questões como a de recursos reduzidos.
PUBLICAÇÃO
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ANO 2016
CONTEXTUALIZAÇÃO
Algumas mudanças foram necessárias no Por outro lado, nas outras cidades, observamos
desenvolvimento do projeto, sobretudo em razão que a indicação do nome da cidade não dava
da readequação financeira ao orçamento liberado o resultado esperado. Assim, readequamos
pelo CNPq, que foi a menor do que o projetado novamente a estratégia metodológica e fui à
quando da submissão à chamada. Assim, esse cidade de Bragança, por ser a mais próxima e
ano, ao invés de realizar as viagens a campo, possibilitar o deslocamento rodoviário, que é
com deslocamento para as cidades de Santarém, menos dispendioso. Na observação “piloto” in loco
Marabá e Bragança, concentramos a observação procurei algumas pessoas ligadas a cena cultural e
na rede social Facebook, mapeando coletivos, de mobilização social da cidade. Nas conversações
grupos de ativistas, movimentos políticos e sociais. tivemos algumas indicações de redes que se
Para isso utilizamos um conjunto de palavras- organizavam em grupo de Whatsapp.
chave, dentre as quais constava o nome da cidade Após a observação in loco feita como
observada. O mapeamento apresentou algumas experiência piloto em Bragança, fizemos
indicações que nos surpreenderam e exigiram ajustes no instrumento de observação online,
algumas mudanças de conduta metodológica. Para percebemos que havia uma outra articulação
o levantamento feito para a Região Metropolitana em rede interna, que tinha relação com o
de Belém, por exemplo, uma análise comparativa uso dos aplicativos de conversa instantânea.
com o levantamento feito no ano passado, Fizemos algumas inferências a esse respeito,
indicou a inconstância nas ações de mais de mas não abandonamos a observação nos perfis
50% dos 45 grupos identificados anteriormente. e páginas da rede Facebook.
ESTUDO DIRIGIDO
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ANO 2016
Meu1 vínculo com a Universidade Federal Ainda assim, acredito que o presente
do Pará se deu pela concessão da presente bolsa projeto tenha contribuído com a formação de
de Pós-Doutorado concedida pela Fundação pessoas, por que as experiências de pesquisa por
Capes, por meio do Programa Nacional de Pós- ele viabilizadas, foram utilizadas como matéria
Doutorado. Em meu plano de trabalho previ a prima na disciplina “Metodologia da pesquisa
orientação de trabalhos de conclusão de cursos e Elaboração de Projetos”. Com carga horária
e de dissertações. Assim planejei que esses de 60 horas, a disciplina foi ofertada para duas
trabalhos estariam relacionados ao projeto turmas da Faculdade de Comunicação (Facom),
por mim coordenado. Apesar das projeções, no período de 5 de janeiro a 5 de maio. Ministrei
o entendimento sobre o aproveitamento a disciplina em parceria com a professora
possível de uma professora bolsista pós-doc, supervisora do estágio pós-doutoral, que
por parte dos gestores da unidade onde estava comunicou à direção da Facom sobre o trabalho
a faculdade, não permitiu que eu orientasse compartilhado, de modo que eu conduzi os
algum aluno da graduação. Já na pós-graduação, trabalhos como professora principal em uma
recebi apenas uma orientação ao longo do turma, na qual a professora Maria Ataide atuou
tempo de duração do projeto e a proposta como professora assistente, enquanto na outra,
de trabalho da aluna, já defendida, não tinha a professora assistente fui eu e ela a professora
nenhuma relação com o objeto dessa pesquisa. principal. Em cada uma das turmas, a professora
Por essa razão, apesar de meu planejamento, principal desenvolvia os conteúdos, acionando
não orientei nenhum trabalho diretamente um conjunto de métodos e técnicas de ensino,
relacionado ao projeto. Por outro lado, as outras bem como recursos didáticos específicos, a sua
duas professoras da área que se encontram na própria escolha. Em ambas as turmas, apenas
equipe deste projeto, também integram outros os conteúdos não se distinguiam, de modo
dois projetos relacionados ao consumo, usos e que todos os discentes conhecessem o mesmo
apropriações de recursos midiáticos por parte repertório, previsto no planejamento. Tanto
de jovens. Desse modo, elas direcionaram suas na turma em que assumi como professora
orientações a esses outros projetos, de maior principal, como na turma em que estive como
abrangência e mais recursos. assistente, o resultado do trabalho foi profícuo,
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ANO 2016
principalmente por que conseguimos envolver esse ano ministrei a disciplina optativa “Análise
os discentes em uma experiência que colocou a de objetos culturais e midiáticos”, aos alunos do
realização da pesquisa científica, a discussão de Mestrado Comunicação, Cultura e Amazônia,
aspectos metodológicos e mesmo de questões também aproveitando as experiências de
epistemológicas em uma perspectiva diferente pesquisa do projeto para compartilhar com os
daquela que eles imaginavam em uma disciplina mestrandos a fim de contribuir com seus projetos
de metodologia, como algo inacessível, de dissertação. Conforme indicado acima,
enfadonho, desinteressante. Conseguimos também contribuí com o desenvolvimento das
contemplar o conteúdo em encontros propostas de Doutorado de dois professores
produtivos, lúdicos e felizes. Do mesmo modo, integrantes do projeto.
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ANO 2016
Figura 4: À esquerda, banners digitais de algumas atividades da disciplina que divulgávamos em nossas redes
sociais. À direita, momentos de aulas com alunos da graduação.
Fotos: Guaciara Freitas e Roberta Costa.
Fonte: Acervo pessoal.
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REALIZAÇÃO DE SEMINÁRIO.
REALIZAÇÃO DE MINI-CURSO.
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PUBLICAÇÕES
MALCHER, Maria Ataide et. al. Jovens estudo exploratório no Pará, Amazônia Brasil.
em tempo de convergência: resultados de um Belém: EditAedi, 20162.
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Na publicação acima, integrei a equipe responsável pela etapa de sistematização e análises dos dados.
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ANO 2017
CONTEXTUALIZAÇÃO
Esse ano o planejamento das atividades por ingestão de água não potável. Por tais razões,
se concentrou na finalização do projeto de as viagens em seqüência foram reprogramadas
pesquisa “Jovens, tecnologias e movimentos para meses a diante, obedecendo o tempo
sociocomunicacionais em cidades amazônicas”. da autorização dos médicos viagens e um
Programamos as viagens para realizar as novo intervalo na agenda dos colegas com
pesquisas de campo nos seguintes períodos disponibilidade e interesse pela pesquisa de
e locais: Santarém, de 25 de janeiro a 3 de campo. Assim, a nova programação colocou
fevereiro; Marabá, de 21 a 28 de março; Bragança no mês de novembro e a pesquisa em
Bragança, de 3 a 10 de abril. Marabá não realizou in loco pelos pesquisadores
A programação das viagens foi feita com do projeto. Lá contamos com a colaboração de
muita antecedência, principalmente por que uma pesquisadora de campo local, que aceitou
os deslocamentos para Santarém e Marabá ajudar o projeto gratuitamente, seguindo
necessitavam de transporte aéreo, o que nossas instruções.
encarece muito a pesquisa, além dos custos As técnicas empregadas nessa etapa
com as hospedagens e com os transportes da pesquisa buscaram complementar o
necessários nos locais. Apesar do minucioso mapeamento e monitoramento iniciados no
planejamento houve um contratempo que segundo semestre de 2014. Tínhamos o duplo
desfez parte da agenda inicial. Após a viagem objetivo de reunir conteúdos adicionais sobre os
para Santarém, que incluiu a comunidade de grupos e suas dinâmicas e de obter elementos
Anã, localizadas na Reserva Extrativista Tapajós- que nos ajudassem a refletir sobre aspectos
Arapiuns, os pesquisadores contraíram o vírus da metodologia de observação online, que
Chikungunia e sofreram contaminação causada empregamos até então como método principal.
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ANO 2017
online. Apenas no caso da cidade de Bragança, de 2015, quando iniciamos efetivamente nossa
os grupos que foram selecionados a partir da observação online na rede social.
observação online, diferem dos que foram O segundo critério para efetuar contato
efetivamente observados na pesquisa de campo presencial com os grupos foi o da aceitação do
no local, por que naquela cidade observamos a próprio grupo a nossa proposta de aproximação,
particularidade de constituição de redes locais, observação presencial e concessão de
entre pessoas conhecidas, que não conseguimos entrevistas. Nos casos em que o contato
captar na internet. Nos demais casos, focamos prévio com esses grupos foi feito a partir do
a observação de grupos que mantiveram ações mapeamento online, tivemos de pedir aceitação
contínuas por pelo menos três anos e que ainda em grupos fechados ou enviamos e-mail aos
estavam em atividade. Para essa escolha, não líderes dos grupos. Em Bragança, Santarém e
definimos previamente um período específico Marabá tivemos de recorrer a nossa rede de
relacionado ao início das atividades do próprio relacionamento, constituindo um pesquisador
grupo, mas, em razão da natureza da observação de campo nos locais, que conhecessem as
online, realizada com mapeamento na rede dinâmicas e os grupos. Esses assistentes de
social Facebook, foi freqüente que a ocorrência campo fizeram o papel de intermediar alguns
dos grupos mais antigos tivessem ações de contatos. A propósito, escrevemos sobre o papel
mobilização e de auto-organização nos primeiros desse informante local em artigo publicado no
anos de 2000. Nesse aspecto, não incluímos na site do projeto: http://sociocomunicacionais.
observação, grupos que surgiram depois do ano org/noticias/129-o-informante-local .
Ainda que em todos os outros momentos de nossas despesas foi custeada por nossos
tenha sido necessário gerenciar a pesquisa, recursos pessoais.
sobretudo em razão da chancela de uma Para chegar na comunidade de Anã,
instituição de fomento para o projeto, a localizada da Reserva Extrativista Tapajós-
realização de pesquisas de campo, Arapiuns, montamos uma logística que exigiu uma
principalmente considerando as condições série de contatos prévios com uma das lideranças
específicas da Amazônia, exigiu o acionamento da Comunidade, senhora Marinalva Godinho,
de várias habilidades para assegurar a execução presidente da associação local intitulada MUSA
exitosa das ações. (Mulheres Sonhadoras em Ação).
A pesquisa em Santarém, por exemplo, Nem todos os dias se consegue contato
foi planejada para dois momentos: um na telefônico com a comunidade e nem todos os
área urbana e outro na área não urbana. dias há embarcação que faça o deslocamento
Em ambos os casos tivemos de planejar os para a localidade ou para área próxima a ela.
custos, que não eram cobertos pelos recursos Assim, nos planejamos para pegar um barco
dispensados no orçamento financiado de linha no porto “Mercadão 2000”, na cidade
pelo edital. Organizamos uma caixinha dos de Santarém e descer na Ponta do Icuxi. Nessa
pesquisadores, de modo que a maior parte ponta de areia, inabitada, localizada no meio
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ANO 2017
do rio Tapajós, iríamos esperar uma bajara3 circunstâncias imprevistas: a embarcação que
da comunidade, agendada para ir nos buscar. tomaríamos no porto em Santarém sofreu
Mesmo com tudo minuciosamente combinado, uma pane e não pôde sair. Tivemos de viajar
o planejamento teve de ser adaptado às em outro barco, que por ser muito menor e
Figura 7: Na seqüência de fotos, Ponta do Icuxi, onde encostou a bajara para nossa baldeação, os pesquisadores no
barco de passageiros, depois na bajara. Barco Sagrado”, recolhendo a prancha por onde descemos para a bajara.
Fotos: Guaciara Freitas e Giselle Assis.
Fonte: Acervo do projeto.
3
Denominação utilizada pela população ribeirinha local, para identificar uma embarcação que se assemelha a uma canoa grande,
com motor. Pelo que pesquisamos a palavra não está dicionarizada em língua portuguesa e a raiz, verbo "bajar" não remete
a um sentido próximo ao empregado no presente caso.
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transportar pessoas além de sua capacidade, Nesse sentido, tenho em mente que um
chegou no local em que havíamos combinado dos maiores benefícios de realizar pesquisa
para fazer a baldeação, mais de duas horas em sistema de rede, reside na possibilidade
depois do que havíamos previsto, correndo de agregar maior número de informações,
o risco de ficarmos numa ponta de areai no trocar experiências, analisar caminhos
meio do rio, caso o piloto da bajara desistisse experimentados por outros colegas. Assim
de nos esperar. como aproveitamos dados coletados pelos
A extensão de nosso campo até a outros projetos com os quais este se encontra
comunidade de Anã, também atendeu ao articulado, os dados coletados por nós também
propósito de realizar um levantamento sobre podem ampliar o alcance da pesquisa nacional
os usos e apropriações de tecnologias digitais do Brasil profundo.
em rede por parte de jovens habitantes de áreas A inclusão de Anã, como lócus desta
não urbanas, de acesso pouco viável, com baixa pesquisa no município de Santarém também
estrutura tecnológica. Essa demanda surgiu em envolveu outro projeto, diretamente articulado
reunião do PROCAD realizada em março do ano com o nosso. Trata-se do projeto de tese
passado, em Porto Alegre, como uma proposição “Tecituras de poder e autonomia nas redes
da coordenadora, professora Nilda Jacks, para a de comercialização do roteiro turístico
etapa 2 do projeto “Jovem Brasileiro e Práticas Arapiuns”, desenvolvido pela professora
Midiáticas em tempo de Convergência: o ‘Brasil Giselle Assis, integrante de nossa equipe do
Profundo’”. Conforme explica Jacks, na versão projeto “Sociocomunicacionais”, junto ao
mais detalhada do projeto Edital PROCAD nº Programa de Pós-Graduação em Sociologia
071/2013, cujo objetivo, em sintonia com o e Antropologia da Universidade Federal do
Plano Nacional de Pós-Graduação 2011-2020, Pará. A participação da professora nessa
prevê ações que visem à diminuição das atividade de campo e seu envolvimento com
assimetrias regionais observadas no Sistema os procedimentos metodológicos da pesquisa,
Nacional de Pós-Graduação (SNPG): fizeram com que fosse formalizado nosso
processo de coorientação do trabalho, junto
A ideia de explorar o Brasil “profundo”, ao colegiado do referido PPG. A participação
inspirado em Guillermo Bonfil, que
escreveu México Profundo (1989), da doutoranda na pesquisa de campo deste
amadureceu durante a execução da projeto, em Santarém, ajudou a colocar em
pesquisa “Jovem e consumo midiático
em tempos de convergência” (etapa 1), prática algumas de nossas orientações. Com
que terá a segunda etapa no âmbito do os dados obtidos nas entrevistas e observações
desenvolvimento do PROCAD 2013. A
noção de Brasil Profundo, nesse caso, se in loco confirmamos que existe uma interface
concretizará ao revelar, o país interior, a entre comunicação e turismo necessária de ser
diversidade e a confluência de práticas
juvenis realizadas em muitos rincões desse abordada na tese e que passou a configurar um
imenso, e quase desconhecido território. capítulo do trabalho. Procedemos com a análise
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Ainda que a coorientação se realize no âmbito de um Programa de Pós-Graduação de outra área, consideramos que seja um resultado
do projeto e uma ação pertinente, sobretudo por se realizar no âmbito da mesma universidade, contribuir com meu processo de
amadurecimento como orientadora em nível de Doutorado e favorecer a formação de recursos humanos para a universidade.
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Figura 8: Assembléia de moradores, onde pedimos autorização para pesquisar junto à comunidade de Anã; Roda
de conversa na ONG Saúde e Alegria, com integrantes da Rede Mocoronga (Santarém/PA); Entrevista com Beto
Amorim, do projeto “Aluno Repórter”, em Bragança (PA).
Fotos: Guaciara Freitas e Luís Lima.
Fonte: Acervo do Projeto.
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Figura 9: Entrevista com Jesse Samuel Weeler, ex-assessor da Fullbright e responsável pela missão dos jovens
universitários em Anã; Alunos da Saint Marie College California com jovens da comunidade de Anã; Pesquisadoras
e jovens do movimento “Juntas”, em ação de pedágio nas ruas de Santarém; Entrevista com as jovens do “Juntas
Santarém”, no Parque da Cidade, depois do pedágio.
Fotos: Luís Lima.
Fonte: Acervo do projeto.
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e trabalhamos em uma dia de atividade, sobre aceitaram nos conceder entrevistas e participar
várias possibilidades para o desenvolvimento da discussão em grupo, mas não cumpriram a
do mesmo, discutindo modelos e finalidades agenda quando já estávamos na cidade. Então,
de cada tipo. tivemos de administrar a situação, no sentido
de aproveitar da melhor maneira possível os
Participação em Ações - Nos casos contatos com os grupos que se mantiveram.
dos coletivos “Juntas Santarém”, “Bora” Fizemos entrevistas com três grupos na
(Bragança) e do “Projeto Aluno Repórter”, a cidade de Santarém e um na Vila de Alter do
contrapartida solicitada pelos integrantes dos Chão. Na comunidade de Anã, entrevistamos
projetos, foi nossa participação em algumas o jovem que preside a Associação de
de suas ações. Participamos de pedágio com Produtores, a presidente do movimento
as jovens do “Juntas”, de ações do “Bora” no Mulheres Sonhadoras em Ação (MUSA), o
campus da Universidade Federal em Bragança professor da escola americana responsável
e de programas de Rádio do projeto “Aluno- pela “missão” dos jovens do Saint Marie
Repórter”, na Rádio Educadora de Bragança. Em College California, a presidente da Associação
Belém, nas ações do “Laboratório da Cidade”, Turiarte, a enfermeira e o administrador do
participamos da divulgação da programação Posto de Saúde, família que trabalham na
do “Te Enxerga Belém”. No caso do projeto produção de mel e na criação de galinhas,
“Idade Mídia”, participamos da divulgação e para atender o consumo de turistas que se
logística do evento “Feijoada radioativa”, feito hospedam na pousada administrada pela ONG
para arrecadar recursos para o projeto. Saúde & Alegria. Também fizemos discussão
Após estabelecer os critérios para escolha rodas de conversa jovens da comunidade,
dos grupos entrevistados, percebemos que se além de um conjunto de observações de
considerássemos o quantitativo em Belém, atividades e rotinas locais.
o corpus ficaria desequilibrado, pois, como Em Bragança, ocorreu uma das situações
era de se esperar, em virtude que fatores mais singulares, por que a observação
como possibilidades de acesso, condições online nos indicava um número reduzido,
de conectividade, escolaridade, índice quase inexpressivo de grupos. Somente uma
populacional e amplitude de problemas sociais, aproximação com a realidade e o auxílio de
na capital do estado há uma quantidade maior observadores locais nos ajudou a compreender
de ocorrências de coletivos, ONGs, Oscips etc. como algumas características do modo de
No início do mapeamento identificamos 45 ser, dos hábitos culturais de uma população,
grupos. Após a recorrência aos critérios de interferem no modo como se articulam
perenidade do grupo e continuidade das ações, e como mobilizam a cena local, de modo
27 permaneceram em nossa observação. que atravessam as questões referentes à
Em Santarém, começamos com o possibilidade de acesso a tecnologias digitais,
acompanhamento de 19 grupos, dentre conectadas em rede mundial. Na cidade,
os quais nove seguiram sob nosso radar, a pesquisa voltou-se para o coletivo Bora,
entretanto não conseguimos retornos de todos projeto Aluno Repórter, Bloco Urubu Cheiroso,
aos nossos contatos, enquanto que outros Banda Furiosa e grupo de jovens skatistas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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eles tão comuns, atraem atenção e elogios de comunidade e só pôde “existir”, quando contou
quem está fora de lá. com a ação efetiva da ONG.
Antes de nos deslocarmos para a A observação e análise desse cenário, nos
comunidade, nossas pesquisas documentais levou a perceber que o protagonismo da ONG
na web indicaram haver o envolvimentos na definição de questões estratégicas para a
dos jovens desta e de outras comunidades comunidade, principalmente do ponto de vista
da Reserva Tapajós-Arapiuns, em um projeto social e econômico, influencia diretamente
que obteve repercussão nacional, que teria nas rotinas locais, inclusiva nas iniciativas,
capacitado os jovens para produzirem material ou falta delas, por parte dos jovens. Assim,
de comunicação sobre seus lugares, a partir entendemos que a inexistência de alguma
de seus próprios pontos de vista. Esses jovens mobilização cultural, social, política articulada
teriam constituído a “Rede Mocoronga” de pelos jovens de Anã, reflete uma apatia ou
jovens repórteres e produtores. Na roda de dependência que envolve a comunidade como
conversa com as jovens na faixa de 15 a 18 um todo, que parece ter transferido para a ONG,
anos, aos nos remetermos a essa iniciativa, a responsabilidade pelo que lhe acontece ou
elas disseram não terem tido participação, pode acontecer.
por que tratar-se-ia de uma ação, já finalizada, De outro modo, tanto nas cidades do
levada a cabo pela ONG Saúde & Alegria, que interior, como na capital do estado, observamos
envolveu jovens que hoje estão mais velhos que a existência dos movimentos que
e que não moram mais na comunidade. Ao identificamos como sendo constituídos por
realizar entrevista em profundidade com a jovens, a continuidade de suas ações e a
jovem Ingrid Natália Godinho Cardoso, 21, permanências das atividades na mobilização de
que teve participação ativa nesse e em outros cenas de cultura participativa, estão fortemente
projetos articulados pela referida ONG, vinculadas a uma liderança, sempre mais velha,
fomos informados que os jovens receberam não-jovem, que desconstrói a referência a
celulares, para fazerem filmagens, reportando um desenho de organização horizontal, sem
informações a respeito de suas localidades. hierarquias, que se mobiliza em torno de
Depois teriam de remeter os aparelhos à sede causas, por uma ação fluida, espontânea, ativa,
da ONG em Santarém, para que os arquivos como se nos apresentam nas interpretações de
fossem editados. Segundo ela, muitos desses alguns autores (CASTELLS, 2013; HARVEY, 2012;
vídeos não chegaram a ser vistos por seus MARICATO et al, 2013; ESCOLA DE ATIVISMO).
“autores”. Desse modo, a Rede Mocoronga teria Assim, nos casos de maior longevidade que
tido uma existência frágil, sem continuidade mapeamos: Projeto Sol (Santarém- 15 anos),
para os outros jovens que permaneceram n Projeto Idade Mídia (Belém-12 anos), Projeto
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O número de jovens, assim como o número de famílias e de pessoas na comunidade, foi um dado primário que sistematizamos
a partir das informações coletadas pelo presidente da Associação de Produtores de Anã, Ailson Godinho, que a seu modo e por
sua própria iniciativa realizou uma espécie de censo na comunidade. Os dados que buscamos no posto de Saúde não estavam
atualizados, segundo informações da enfermeira Francirene Santos Pereira e do Agente de Saúde Antônio dos Santos Cardoso.
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Aluno Repórter (Bragança - 10 anos), é marcada teoricamente sobre os movimentos em tempos
a liderança de seus gestores. Sendo mais singular de conectividade. Dentro da diversidade,
o caso Idade Mídia, que é constituído por uma percebemos que o ponto em comum entre
única pessoa, seu “dono”, Angelo Madson quase todos, é a mobilização de ações que
da Costa Barbosa, que consegue articular visam a apropriação de espaços da cidade
uma rede de atores locais, bem como vários e uso de espaços da cidade de acordo com
outros movimentos, em torno de si. Tivemos uma perspectiva de acesso mais democrático
dificuldade em decidir pela permanência ou e viável para as pessoas das periferias, para
não desse projeto em nosso corpus justamente os artistas etc. a fim de revitalizar áreas
pelo fato de não haver um grupo e sim uma abandonadas pelo poder público ou fazer ver
pessoa e essa pessoa não ser um jovem de até bairros marginalizados pela sociedade local.
24 anos. No entanto o mantivemos justamente Além dessa concepção mais relacionada aos
pela capacidade de articular e por ter a espaços da urbes, destacaram-se movimentos
comunicação como processo estruturador das feministas e étnicos.
ações. Podemos afirmar, inclusive, que dentre Para além das considerações referentes
os movimentos que mapeamos, é o que mais especificamente à realização do projeto de
se aproxima do que propusemos inicialmente pesquisa, que preferimos focalizar nessa
como “sociocomunicacional”. escrita de fechamento do relatório, pensamos
Na capital, conforme já dissemos que em grande parte, os objetivos de nosso
anteriormente, a quantidade de coletivos plano de ação da bolsa foram alcançados, ainda
e organizações foi maior que no interior e que não tenha havido nossa fixação no quadro
mais em sintonia com as tipificações feitas docente da instituição.
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REFERÊNCIAS
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ENTREVISTAS PRINCIPAIS
Ailson Godinho Cardoso. Entrevista sobre os Josinaldo Reis do Nascimento (Bill). Entrevista
jovens e produção econômica na comunidade sobre o bloco Urubu Cheiroso, jovens e a cena
de Anã. Local: Comunidade de Anã, Reserva de cultura participativa em Bragança. Local:
Extrativista Tapajós-Arapiuns. Data: 27 jan. Bragança/PA. Data: 22 nov. 2017. Tempo de
2017. Tempo de duração: 2’13”. duração: 52 minutos.
André Pinheiro da Costa. Entrevista sobre a vida Lilian Godinho; Taiza Amorim Goudinho; Milena
de jovens na área periférica próxima ao lixão Cardoso Barbosa; Ester Godinho Cardoso. Roda
da cidade de Bragança. Local: Escola Municipal de conversa sobre usos de tecnologias digitais
de Ensino Fundamental e Médio do Rocha. conectadas pelos jovens da Comunidade de Anã.
Bragança/PA. Data: 24 nov. 2017. Tempo de Local: Comunidade de Anã, Reserva Extrativista
duração: 1’12”. Tapajós-Arapiuns. Data: 29 jan. 2017. Tempo de
duração: 2’34”.
Antonio Ilson dos Santos Cardoso. Entrevista
sobre mobilização política e organização social Marivana Borges Silva. Entrevista sobre o
na Comunidade de Anã. Local: Comunidade Coletivo Bora. Local: Bragança/PA. Data: 24 nov.
de Anã, Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. 2017. Tempo de duração: 3’12”
Data: 27 jan. 2017. Tempo de duração: 2’51”.
Paulo Lima. Roda de Conversa sobre a Rede
Carlos Jeovane Lima da Silva. Entrevista sobre Mocoronga e a ONG Saúde & Alegria. Local:
o protagonismo jovem na cidade de Bragança. Sede da ONG Saúde & Alegria, Santarém/PA.
Local: Bragança/PA. Data: 24 nov. 2017. Tempo Data: 1 fev. 2017. Tempo de duração: 2’56”
de duração: 1’12.
Paulo Ricardo Santos. Entrevista sobre a
Carlos Roberto Amorim (Beto Amorim). participação no Projeto Aluno Repórter. Local:
Entrevista sobre o Projeto Aluno Repórter, Bragança/PA. Data: 21 nov. 2017. Tempo de
tecnologia e jovens. Local: Bragança/PA. Datas: duração: 60 minutos.
21, 23 de nov. 2017. Tempo de duração: 3’37”
Sarah Emmylie Maia Sousa; Damilly Yared
Cleison Barbosa Lopes. Entrevista sobre a Leite; Renata Moara Araújo Rebelo; Fabiane
experiência de participar do Projeto Aluno Vasconcelos Corrêa (Integrante do Coletivo
Repórter. Local: Rádio Educadora de Bragança. Juntas – Santarém). Roda de Conversa sobre o
Bragança/PA. Data: 22 nov. 2017. Tempo de Coletivo Juntas, protagonismo jovem e usos de
duração: 47 minutos. tecnologias para fins de mobilização na cidade.
Local: Parque da Cidade, Santarém/PA. Data: 1
Eliana Mara Moraes Santos. Roda de Conversa fev. 2017. Tempo de duração: 2’53”
sobre o Projeto Sol. Local: Sindicato dos
Urbanitários de Santarém, Santarém/PA. Data:
31 jan. 2017. Tempo de duração: 2’43”.
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Produção editorial gráfica e Capa
Elaynia Ono
elayniaono@hotmail.com
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