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HISTÓRICO DA PEDAGOGIA

HOSPITALAR
Publicado em 25 de August de 2011 por Neusa Amorim
1.1 HISTÓRICO DA PEDAGOGIA HOSPITALAR- ( Neusa Amorim) Em
conseqüência da segunda Guerra Mundial, inúmeras crianças e adolescentes
em idade escolar, foram mutiladas e feridas, o que motivou a permanência
delas em hospitais por longos períodos. Diante dessa realidade surge então,
segundo Esteves (2008), a classe hospitalar em 1935 em Paris, criada por
Henri Sellier, Prefeito de Suresnes, no intuito de tentar amenizar as tristes
conseqüências da guerra e que oportunizasse a essas crianças, enquanto
alunas, de prosseguir em seus estudos ali mesmo no hospital. E assim com
incentivo de médicos, religiosos e voluntários, a classe hospitalar foi
conquistando um espaço na sociedade, sendo difundida para vários países,
entre os quais pode-se citar a Alemanha e os Estados Unidos que aderiram à
criação de Classe hospitalar com o objetivo de beneficiar crianças tuberculosas
que na época eram isoladas do convívio social e impossibilitadas de frequentar
a escola. No ano de 1939, segundo Esteves (2008), foi criado em Suresnes, na
França, o C.N.E.F.E.I. - Centro Nacional de Estudos e de Formação para a
Infância Inadaptadas com o objetivo de formar professores para exercer a
Pedagogia hospitalar em institutos especiais e em hospitais, já que para atuar
nessa área exige-se uma formação diferenciada da pedagogia formal. Ainda no
ano de 1939, foi criado também o cargo de Professor Hospitalar, junto ao
Ministério de Educação da França. As preocupações com as crianças
hospitalizadas são de longínqua data. Em 1922 foi elaborado pelo colégio
médico do Chile o primeiro decálogo dos direitos da criança hospitalizada. No
Continente Europeu, segundo Bringiotti (2000, p.31), "[...] Em 13 de maio de
1986 surge a Carta Européia dos Direitos das Crianças Hospitalizadas.",
documento este publicado pelo diário oficial das Comunidades Européias e que
inspirou vários outros documentos em diversos lugares do mundo. Portugal,
por exemplo, que também estivera preocupado com as crianças e
adolescentes hospitalizados tendo em vista a continuidade dos estudos,
adaptou a Carta da Criança Hospitalizada, cujo Art. 7º sugere que: "O hospital
deve oferecer às crianças um ambiente que corresponda às suas necessidades
físicas, afetivas e educativas, quer no aspecto do equipamento, quer no de
pessoal e da segurança" (Mota, 2000, p. 58). Entende-se assim, que mesmo
estando hospitalizada e impossibilitada de freqüentar a escola convencional, a
criança deve continuar a ser estimulada na área educativa e ser construído o
seu retorno com sucesso à escola regular. De acordo com Paula, (2003, p.21),
"[...] na Espanha, desde a década de 80, vem se expandindo a educação nos
hospitais como modalidade de atendimento educacional. Em muitos países já
percebem a necessidade da atuação do pedagogo em hospitais", pois uma vez
que o paciente encontra-se em fase de formação como também em idade
escolar, torna-se evidente a necessidade de um pedagogo que o acompanhe
nos demais aspectos, como educativo, social e afetivo. No Brasil, a Classe
Hospitalar, surgiu na cidade do Rio de Janeiro em agosto de 1950, no Hospital
Menino Jesus, na qual permanece atuando com a modalidade de atendimento
educacional até nos dias de hoje. Este trabalho, segundo Fonseca (2000, p.
29) teve inicio com a professora Lecy Rittmeyer, por meio da Portaria n. 634.
Ainda na década de 50, surgiu a primeira classe hospitalar em São Paulo no
Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Estes primeiros atendimentos
pedagógicos hospitalares não dispunham de uma sala ou espaço específico,
por isso, era realizado na própria enfermaria do Hospital. Fonseca (1999,
p.119), ao mencionar o trabalho da classe hospitalar no hospital Menino Jesus
no Rio de Janeiro, diz que: "Naquele ano o hospital possuía cerca de 200 leitos
e uma média de 80 crianças em idade escolar". Em 1960, dez anos após o
inicio deste trabalho o número de professores era de apenas quatro sendo que
na ocasião ainda não possuía nenhum vínculo com a Secretaria de Educação
do Estado. No ano de 1974 o Hospital contava com quatro salas de aula da
classe hospitalar. Desde então o atendimento pedagógico hospitalar vem
crescendo, mas de forma tímida. No Hospital das Clínicas em São Paulo,
segundo a pesquisadora Lima (2003): Os primeiros passos da Classe
Hospitalar foram dados em meados de 1970, com a iniciativa da assistente
social Silvana Mariniello. [...] Silvana Mariniello apresentou ao Ministério da
Educação diversos projetos para a regularização da Classe Hospitalar, sem
obter sucesso. Somente em 1997, o Serviço Social de Assistência a Pacientes
Internados e o Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina entraram
com um pedido na Secretaria de Educação para a criação do Projeto Classe
Hospitalar nos moldes atuais. Essas dificuldades enfrentadas por pioneiras no
trabalho educacional hospitalar eram semelhantes em todas as regiões,
independente da localidade, o que é muito comum acontecer quando as
pessoas trazem algo novo para determinada área. Por certo, a presença
dessas professoras e voluntários no ambiente hospitalar era mal vista, criticada
e talvez discriminada. No entanto aos poucos, as classes hospitalares ganhava
espaço no Hospital. No dia 15 de outubro de 1987 foi inaugurada a escola
Schwester Heine, instalada na ala pediátrica do Hospital do Câncer A.C.
Camargo, situado no Bairro da Liberdade em São Paulo, através de um
convênio com a prefeitura. A escola recebeu este nome em homenagem a
enfermeira alemã Heine, da Cruz Vermelha na década de 40, que
conscientizava seus pacientes sobre a importância da educação. Segundo a
pesquisa de Fonseca (1999, 117,118) do ano de 1950 até 1980 existia apenas
1 classe hospitalar no Brasil. Sendo que de 1981 a 1990, passou a existir 8
classes, porém de 1991 a 1998, este número aumentou para 30 classes
hospitalares, talvez em conseqüência do E. C. A. - Estatuto da Criança e
Adolescente - oficializado na década de 90. No ano de 2000, eram 67 classes,
no entanto, números mais recentes, divulgados pelo Censo Escolar de 2006 do
Ministério da Educação, em parceria, com o Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira ? INEP revelam um total de 279
classes hospitalares públicas no Brasil, sendo 160 destas Estaduais e 119
Municipais, as quais estão distribuídas pelo território nacional da seguinte
forma: a) 18 na região Norte; b) 38 na região Nordeste; c) 143 na região
Sudeste; d) 38 na região Sul e) 42 na região Centro-Oeste. Ao levar-se em
consideração o tamanho do Brasil e o número de hospitais que nele há, estima-
se que o número de classes hospitalares seja uma quantidade muito inferior,
de modo que o atendimento educacional de crianças e adolescentes
hospitalizados não tem recebido a devida atenção por parte das políticas
públicas, daí pode-se afirmar que ainda há um árduo caminho pela frente. Para
citar este trabalho: AMORIM, Neusa da Silva. A PEDAGOGIA HOSPITALAR
ENQUANTO PRÁTICA INCLUSIVA. Porto Velho, 2011. disponível em: Para
conhecer este trabalho na íntegra ou outras obras da autora envie email
para: neu.amorim@hotmail.com

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