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INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca valorizar a importância das classes hospitalares como


uma ferramenta para a humanização nos hospitais.
Desde o seu surgimento no início do século XX, emergiu de uma necessidade
dos alunos hospitalizados de prosseguirem com a escolarização mesmo que de uma
forma limitada, porém capaz de amenizar os traumas causados em função do isolamento
ocasionado pela hospitalização.
Com a formalização destas práticas docentes, que antes eram feitas de maneira
informal e voluntária, surgiu então a necessidade em se aprofundar no que se refere à
formação do docente para atuar nesta área, na importância do vínculo aluno-professor.
O texto, aborda conceitos à cerca da afetividade na postura do professor em
relação ao aluno, e debate a importância da mesma no processo cognitivo da criança.Em
uma abordagem à cerca do conceito histórico,pode-se analisar que a prática da
pedagogia no ambiente hospitalar sempre esteve estruturado no sentimento de
solidariedade por parte daqueles que prestavam tal serviço.

HISTÓRIA DAS CLASSES HOSPITALARES PELO


MUNDO
Durante as primeiras décadas do século XX,uma nova prática pedagógica surgia nos
arredores de Paris,na França.Tratava-se de um atendimento educacional em leitos
hospitalares,o que hoje podemos classificar como classes hospitalares.
Segundo Vasconcelos (2005),a primeira classe hospitalar foi fundada por Henri
Sellier em 1935 nos arredores de Paris,quando ele inaugura uma escola para crianças
inadaptadas.Seu exemplo teve uma boa repercursão em âmbito nacional e
internacional,levando países como Estados Unidos,Alemanha e outros a aderirem a tal
prática em hospitais,possibilitando o aprendizado a alunos em tratamento de
tuberculose.
Porém,seria injusto afirmar que as classes hospitalares só tiveram início em 1935,e
desconsider a história da professora de filosofia Marie-Louise Imbert,uma personagem
marcante para a história da pedagogia hospitalar na França e em todo o mundo,que
segundo Souza (2017),foi a primeira a implementar a prática pedagógica em conceito
hospitalar,em 1929.
Foi neste ano que Marie fundou (com recursos próprios) a associação l'École à
l'Hôpital (Escola no Hospital).Tratava-se de um trabalho voluntário que visava reunir
professores dispostos a atuar em leitos hospitalares,possibilitando a aprendizagem de
pacientes em idade escolar que se encontravam impossibilitados de frequentar as
escolas.De acordo com as informações prestadas no site da associação,o projeto que
hoje é reconhecido por lei de associação 1901 de utilidade pública na França,em 1935
atendia cerca de 2500 crianças.Dois anos depois,a assistência pública de hospitais de
Paris decidiu apoiar o projeto oferecendo subsídios,o que possibilitou a instalação da
associação num pavilhão da maternidade Port Royal.
Outro fator relevante para a história das classes hospitalares de acordo com Souza
(2017),foi a Segunda Guerra Mundial,pois em função dos confrontos muitas crianças
sofriam mutilamentos e outras formas de violencia e necessitavam de tratamento em
hospitais,o que as impossibilitam de frequentar as escolas.Devido ao elevado número de
crianças em idade escolar internadas,os médicos passaram então a apoiar e defender a
educação no âmbito hospitalar.
Em 1939,foi criado o Centro Nacional de Estudos e de Formação para a Infância
Inadaptada (CNEFEI),em Suresnes na França,voltado à capacitação de profissionais
para atuarem na pedagogia hospitalar.Neste mesmo ano foi criado o cargo de professor
hospitalar junto ao Ministério de Educação da França.
De acordo com Vasconcelos (2005),o C.N.E.F.E.I atua até hoje na França e desde a
sua criação,já capacitou mais de 1000 professores para atuarem na área da educaçãos
em conceito hospitalar,cerca de 30 professores por turma. A entidade oferece cursos de
capacitação para professores que duram cerca de 2 anos,e objetivam mostrar que a
escola não é um espaço fechado.
Um outro viés acerca da primeira classe hospitalar pelo mundo,de acordo com
Lorente (2014),nos remete à Áustria como o primeiro país a implementar tal
modalidade de ensino,por incentivo de médicos e pediatras que defendiam a
importância da cooperaçãos médico-pedagógico no auxilio aos pacientes jovens.Em
1917,foi criada a primeira classe de aula na Clínica Infantil da Universidade de
Viena,sob a coordenaçãodo professor Dr. Clemeens Pirquet.
Ainda segundo Lorente (2014),um fato crucial para a extenção das classes
hospitalares pela Europa,foi a Carta Européia sobre os Direitos das Crianças
Hospitalizadas,enviada em 11 de fevereiro de 1985 pelo Parlamento Europeu à
Comissão do Meio Ambiente,da Saúde Pública e da Defesa do Consumidor,para uma
análise aprofundada: à Comissão dos Assuntos Jurídicos e dos direitos cívicos; à
Comissão dos Assuntos Sociais e do Emprego; e à Comissão de Juventude, Cultura,
Educação, Informação e Esporte, para recolher suas opiniões sobre este fato.O
documento estabelecia alguns direitos fundamentais para as crianças
hospitalizadas,entre eles,o direito de continuar sua educação escolar durante o período
de internação,cabendo ao hospital fornecer o material didático e professores
qualificados para o atendimento.Em março de 1986 o documento foi aprovado por
unanimidade,estabelecendo que os países europeus deveriam se adequar a tais medidas.
HISTÓRIA DAS CLASSES HOSPITALARES NO BRASIL
Um fato marcante na história da educação hospitalar no Brasil,aconteceu no final do
século XIX no Hospício Nacional de Alienados,no Rio de Janeiro,quando denúncias e
protestos a cerca das condições sub-humanas em que as crianças se encontravam,levou
especialistas da área a atentarem pela urgência em promover uma reforma na estrutura
do HNA para criar um pavilhão exclusivo para as crianças.
O fato é que o hospício atendia a crianças e adultos de modo a alojá-los no mesmo
ambiente,colocando as crianças em situação de vulnerabilidade,passivas de violência de
diversas formas,inclusive abusos sexuais.
Diante da repercussão das denúncias e após algumas tentativas frustadas em buscar
uma solução,em 1903 de acordo com Silva(2009),o então diretor do HNA Juliano
Moreira,solicitou ao Governo incentivos em verbas para proceder com as reformas
necessárias,tais como: a construção de um pavilhão exclusivo para as crianças e a
contratação de um médico pediatra para atender os mesmos.Tal solicitação foi atendida
pelo então presidente Rodrigues Alves,por meio do Decreto N° 1132 de 22 de dezembro
de 1903.
Para atender a tal demanda foi designado o pediatra Fernandes Figueira,que segundo
Silva(2009),era um defensor dos estudos publicados pelo francês Desiré Magloire
Bourneville,um médico alienista que se dedicava ao estudo de doenças mentais e
nervosas infantis,responsável por um método de ensino que buscava ajustar a criança
anormal às normas sociais,à aprendizagem de hábitos,da leitura,da escrita e da
profissionalização.Figueira defendia portanto,a educação médico-pedagógica para o
atendimento destas crianças,acreditando ser possível por meio da educação
especial,elevar os educandos.
Outro fato relevante para a história das classes hospitalares no Brasil,de acordo com
Cunha (2003),são os relatos de atendimento escolar destinado a deficentes físicos na
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo,em 1931.Documentos encontrados no local
comprovam que ouve um projeto de escolarização de alunos deficientes físicos entre
01/08/1931 a 10/12/1932.
No mesmo ano foi criada uma classe estadual como Escola Mista do Pavilhão
Fernandinho.Ainda de acordo com Cunha (2003),há relatos de uma terceira classe
criada no ano de 1948,intitulada Francisca Brabosa de Souza.
A HISTÓRIA DA CLASSE HOSPITALAR DO
HOSPITAL MUNICIPAL JESUS
O hospital Municipal Jesus foi inaugurado no Rio de Janeiro em 30 de julho de
1935,com atendimento exclusivamente Pediátrico.
Em 14 de agosto de 1950,através da Portaria N°634,foi inaugurada a primeira classe
hospitalar nas dependências do Hospital,atendendo aos desejos do então Diretor do
Hospital.De acordo com Ramos(2007),Dr David Pilar,solicitou junto à chefe do Serviço
Social Isolina Pinheiro,que providenciasse uma professora para dar suporte pedagógico-
educacional às mais de 80 crianças que se encontravam internadas sem nenhum
atendimento pedagógico.
Mediante o pedido do diretor,Isolina Pinheiro designou a então estudante de Serviço
Social: Lecy Rittmeyer para atender à função de professora da primeira classe hospitalar
do hospital.
Durante cerca de 8 anos,Rittmeyer foi a única professora atuando no hospital,de
forma a atender cada aluno individualmente nas 8 enfermarias que haviam no
local,visando dar continuidade aos estudos ,respeitando as fases escolares que cada
aluno se encontrava.
Em 1958,tendo em vista que uma professora era insufiente para atender a todas as
demandas,foi designada Ester Lemos Zaboroviski para compor o quadro de professores
da Classe,o que possibilitou uma melhora considerável na qualidade do atendimento às
crianças.
Segundo Ramos(2007),somente em 1960 as professoras da Classe Hospitar Jesus:
Lucy Rittmeyer e Ester Lemos Zaboroviski,e a professora cedida à Seção de
Covalescentes do Hospital Jesus(casa para covalescentes que existia na Av. Atlântica)
Lola Sanches Aratanha,foi que se uniram em busca de regulamentação junto ao
Departamento de Educação Primária,pelo trabalho prestado no âmbito pedagógico
hospitalar,que até então era feito de forma voluntária ou informal,sem nenhum vínculo
com o Departamento de Educação Primária.
Ainda de acordo com Ramos(2007),também em 1960,o Diretor de Educação Primária
Professor Álvaro Palmeira,exigiu a instalação de salas específicas para as aulas,visto
que até então as aulas eram desenvolvidas nos leitos.A Classe Hospitalar passa então a
ser uma Unidade Escolar(UE) com regime próprio: Classe em Cooperação Hospitalar
Jesus.Uma ano depois a modalidade foi oficializada pela Lei de Diretrizes e Bases e
pela Constituição do Estado de Guanabara.
Em 1970,a Classe dispunha de oito professoras em seu quadro.
Em 2005 o número de atendimento prestado pela Classe Hospitalar do Hospital
Municipal Jesus chega a 2585 crianças,de acordo com Oliveira(2013).
Diante dos fatos históricos apresentados,pode-se constatar que a prática pedagógica
no conceito hospitalar não é algo recente,possui um longo histórico de conquistas e
principalmente,que ganhou espaço como uma ação humanitária acima de tudo.

AS CLASSES HOSPITALARES COMO INSTRUMENTO


DE CARÁTER HUMANIZADOR
A medicina cresceu muito ao longo dos anos,especialmente após o Iluminismo por
volta do século XVIII,onde as teorias teológicas passaram a ser questionadas,e a ciência
passou a atuar como fonte constante de busca por um conhecimento racional.Os
hospitais que antes eram constituídos em sua maioria por membros do clero,passou a
buscar pela formação de enfermeiras e outros profissionais para compor a equipe
médica.
Paralelo aos avanços da ciência,alguns médicos e estudiosos passaram a defender a
importância da humanização na relação com os pacientes,como no caso do Hospício
Nacional de Alienados(citado anteriormente),onde o médico pediatra Fernando
Figueira,inspirado nos estudos do francês Bourneville,passa a empregar o atendimento
médico-pedagógico como um processo humanizador no tratamentos das crianças
diagnosticadas por "retardadas",e vistas como pessoas incapazes de ser
educadas.Fernando no entanto,foi bem sucedido no processo de educação destas
crianças e abriu caminho para diversos questionamentos acerca da importância do
tratamento em um contexto singular de cada paciente,ou seja,a partir do momento em
que estas crianças deixaram de ser tratadas como seres irracionais e receberam um
atendimento especial de acordo com as suas limitações,elas passaram a se desenvolver
em seus quadros clínicos.
Sandroni(2008),defende que a humanização no ambiente hospitalar,atua como forma
de regaste ao respeito à vida humana.As classes hospilatares por sua vez,compõe esse
processo de humanização.

AS CLASSES HOSPITALARES COMO UM DIREITO


PELA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A palavra "Educação" possui várias definições dentro do dicionário brasileiro,porém
todas remetem a algo virtuoso.A educação em sua essência já é "inclusiva",pois em seu
conceito não há espaço para a "exclusão".
Partindo dos princípios básicos que embazam a educação pela Constituição Federal
de 1988,o artigo 205 diz:
"A educação,direito de todos e dever do Estado e da família,será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,visando


ao pleno desenvolvimento da pessoa,seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho." (Brasil,1988)

Uma vez que a educação é um direito de todos e dever do Estado,cabe então a este
prover a educação a todos de modo que se adeque também àqueles que se encontram
hospitalizados.
Este modelo de prática pedagógica está embasado nas leis de políticas de educação
inclusiva,como na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB de 1996 que
estabelece o marco da educação inclusiva no Brasil, onde, em seu artigo 3º, inciso I do
Título II, expressa o princípio da “igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola”, e em seu artigo 4º, inciso III do Título III, o “atendimento educacional
especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na
rede regular de ensino”.(Silva,2011)
O Ministério da Educação e do Desporto formulou a Política Nacional da
Educação Especial (Mec,1994),propondo que a educação em hospitais se faça através
da organização de classes hospitalares,de forma a promover a educação a todos em suas
limitações,seja o transtorno do desenvolvimento ou o risco ao desenvolvimento,como a
hospitalização,uma vez que compromete as relações de convívência,as ações sócias
interativas escolares e causa prejuízos intelectuais em função da restrição dos ambientes
de vida social.
A Declaração dos Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados(Resolução
N°41,de 13 Out. 1995,do Conselho Nacional dos Direitos Nacionais da Criança e do
Adoelescente),assegura às crianças e adolescentes hospitalizados o direito a receber
suporte pedagógico enquanto internados: "Direito a desfrutar de alguma forma de
recreação,programas de educação para a saúde,acompanhamento do currículo escolar,
durante sua permanência hospitalar."(CONANDA,1995)
Um trecho do documento sobre as estratégias e orientações acerca da Classe
Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar diz:
Cumpre às classes hospitalares e ao atendimento pedagógico
domiciliar,elaborar estratégias e orientações para possibilitar o
acompanhamento pedagógico-educacional do processo de
desenvolvimento e construção de conhecimento de crianças,
jovens e adultos matriculados ou não no sistema de ensino regular,
no âmbito da educação básica e que encontram-se impossibilitados
de freqüentar escola, temporária ou permanentemente e, garantir
a manutenção do vínculo com as escolas por meio de um currículo
flexibilizado e/ou adaptado,favorecendo seu ingresso, retorno

ou adequada integração ao seu grupo escolar correspondente,


como parte do direito de atenção integral.( MEC ; SEESP, 2002)

De acordo com o documento do MEC,conclui-se portanto que toda criança


impossibilitada de frequentar a escola em função de tratamentos de doenças,tem direito
ao atendimento pedagógico flexibilizado,e este tratamento pode ser dar nos hospitais
através de classes hospitalares,ou no domicílio do aluno paciente.
Ainda sobre as diretrizes que norteiam as classes hospitalares,a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação(LDB N°9394),em seu artigo 4°A diz:
" É assegurado atendimento educacional,durante o período de internação,

ao aluno da educação básica internado para tratamento de saúde em


regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado,conforme dispuser
o Poder Público em regulamento,na esfera de sua competência
Federativa." (Brasil,1996)
Além dos recursos apresentados acerca das Classes Hospitalares no âmbito da
inclusão,existem ainda outras políticas públicas que abrangem esta prática educativa
como um direito das crianças e adolescentes hospitalizados,inclusive até na área da
Sistema Único de Saúde(SUS).Porém,um fato relevante a se constatar é que embora seja
estruturada nas legalidades da Constituição Federal,existe uma lacuna entre os textos
que discorrem sobre as Classes Hospitalares e a aplicação das mesmas na prática.Há
muitos escritos que a asseguram como um direito,porém há poucas ações vindas do
Poder Público e lideranças políticas que visem promovê-las.
ASPECTOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA
ATUAREM NAS CLASSES HOSPITALARES
Segundo Paulo Freire (1996,p.21), “Ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”
Partindo da concepção de Freire sobre as habilidades atribuídas ao professor como
responsável por provocar na criança o interesse pelo conhecimento,há muito que se
questionar a cerca de quais instrumentos o professor pode usar como estímulo ao
conhecimento,quando se trata de uma criança abalada psicologicamente e muitas vezes
fisicamente debilitada.
Tendo em vista as dificuldades que os professores vão encarar no ambiente
hospitalar,TERRA-BATISTA(2016) defende uma formação continuada como fonte
constante de aprimoramento desses profissionais:
"O processo de formação do professor deve se pautar na constante busca do
“aprender a aprender”, bem como do “saber pensar e fazer”, fatos estes que desenvolvem tanto no
docente quanto em seu aluno a capacidade de construir e reconstruir o conhecimento numa busca
constante de evolução e para tanto a pesquisa é um meio muito importante para que esses objetivos sejam
alcançados."(TERRA-BATISTA,2016).
Segundo Vasconcelos(2015) que mencionou os estudos de Paré(III),algumas
competências sugeridas no desenvolvimento do trabalho dos professores em hospitais
são: estar atento às crianças; considerá-las o centro do trabalho, não a doença; ter
autenticidade e autoconfiança; ser flexível – o que envolve a auto-superação; não temer
derrotas; adaptar-se a sua realidade; estar aberto a mudanças de humor dos pacientes;
ser disponível, espontâneo e descontraído.
Para que se obtenha sucesso no processo educacional dos alunos-pacientes,é
fundamental o caráter humanitário na formação do docente,pois é preciso ir além de
uma relação profissional.O professor passa a mergulhar na vida deste aluno de forma a
diagnosticar as particularidades psicológicas que a hospitalização ou outros fatores
podem estar acarretando ao aluno.O professor deve atuar como uma "injeção de ânimo"
à estes menores,que se encontram muitas vezes desacreditados na sua reabilitação.Cabe
ao professor portanto,alimentar nos seus alunos-pacientes,a esperança e força de
vontade,e prepará-los para o momento para que possam,assim que possível,voltar a
frequentar a escola.

A AFETIVIDADE COMO INSTRUMENTO PARA A


APRENDIZAGEM
"O espaço não é primitivamente uma ordem entre as coisas,é antes uma qualidade
das coisas em relação a nós próprios,e nessa relação é grande o papel da afetividade,da
pertença,do aproximar ou do evitar,da proximidade ou do afastamento”.(Wallon,1986
p.33)
Partindo da linha de pensamento do filósofo,psicólogo,médico e político francês
Henri Paul Hyacinthe Wallon(1879-1962),a afetividade está fundamentalmente presente
na formação psicológica,partindo da infância.Seus estudos acerca das influências
sócioambientais na formação do indivíduo,são referências na área pedagógica.Wallon
defendia que o processo educacional para as crianças deveria ser feito de forma
integral,trabalhando a formação afetiva,intelectual e social;e que a aprendizagem se
dava de acordo com os estímulos que o aprendiz recebia,e neste contexto a afetividade
atua como um estímulo crucial para o desenvolvimento cognitivo da criança.
Os conhecimentos de Wallon acerca da importância do afeto na postura do professor
com o aluno,devem ser enfatizados na metodologia de ensino dentro das classes
hospitalares,pois é fundamental que se estabeleça uma relação de afetividade entre o
professor e o aluno.O papel do professor vai além da atividade pedagógica,o professor
passa a compor a equipe médica,estabelecendo uma cumplicidade com o
aluno,conhecendo suas particularidades,respeitando seu espaço,sua história e suas
limitações físicas e psíquicas.
Mediante um estudo de caso realizado por Machado e Campo(2013)
fundamentando-se em entrevistas,aplicação de questionários e a observação direta,com
objetivo de entender a forma como a relação professor-aluno na classe hospitalar pode
trazer benefícios à criança hospitalizada,ficou evidenciado que a relação do professor
com o aluno traz ao mesmo,benefícios como: a diminuição do trauma causado pela
hospitalização; o fortalecimento da autoestima dos alunos pacientes; a continuidade do
processo de escolarização da criança hospitalizada; as vivências de momentos
prazerosos e de desenvolvimento cognitivo no ambiente hospitalar; a melhora do quadro
clínico da criança hospitalizada; a criança,embora em estado de adoecimento,se percebe
como sujeito de potencialidade e capaz de aprender...
Através da cumplicidade estabelecida entre o professor e o aluno em sua
singularidade,isto é,conhecer e se relacionar com cada aluno de forma individual,o
professor passa a operar como um observador no que se refere ao desenvolvimento
psíquico e físico do aluno,podendo desta forma relatar à equipe médica possíveis
transtornos que devem ser avaliados e tratados no paciente,ou até mesmo,buscar
ferramentas e atividades que amenizem esses transtornos que podem ser causados pela
hospitalizaçaõ ou estado clínico.

Considerações finais

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