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Sumário
INTRODUÇÃO ..............................................................................................5
CONCLUSÃO ............................................................................................. 64
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 65
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NOSSA HISTÓRIA
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INTRODUÇÃO
A educação e saúde no Brasil dividem-se em dois pressupostos, o primeiro
possui relação com medidas preventivas e curativas com intuito de alcance da saúde
e o enfrentamento das doenças, já o segundo refere-se às estratégias da promoção
da saúde objetivando apoiar a construção social da saúde e do bem estar. O
pressuposto das estratégias preventivas e curativas de enfrentar a doença e de obter
saúde é coerente com os princípios que regem as atuais culturas e sociedades, pois
baseiam-se na produção incessante e sempre renovada de diversos serviços
fundamentados na tecnologia e na ciência ofertados para o consumo dos indivíduos.
Por meio dos estudos de SILVA (2008) nota-se que a enfermagem desde seu
início esteve marcada pela superação de obstáculos para se tornar respeitada e
estimada. Seus executores ainda permanecem empenhados na melhoria do status da
profissão e alcance do respeito e reconhecimentos merecidos. Atualmente, a
Legislação de Enfermagem reconhece de um modo geral três classes de profissionais
de Enfermagem: o auxiliar de Enfermagem, o técnico de Enfermagem e o enfermeiro,
sendo que suas missões e ações são estabelecidas pela Lei 7.498 de julho de 1986.
GEOVANINI et al. (2005), no que diz respeito à profissionalização da
Enfermagem, ressalta que uma perspectiva fundamental a ser analisada é o
desenvolvimento da Educação para seu exercício. No país, este progresso ocorreu
em cidades com mercado mais desenvolvido como São Paulo e Rio de Janeiro, devido
ao desenvolvimento industrial que nessas cidades se fortaleceu ocasionando um
rápido crescimento urbano. A saúde então passou a constituir uma questão delicada
sob os aspectos econômicos e sociais em função das doenças infectocontagiosas
trazidas pelos europeus e escravos africanos alcançando grandes proporções nos
principais eixos urbanos.
SILVA (2008) salienta que em razão dessa problemática, o governo brasileiro
assume a assistência à saúde com intuito de proteger a expansão comercial brasileira
ainda que sob pressões externas. Entre outras ações, existe a criação de serviços
públicos, a vigilância e o controle mais efetivo sobre os portos e, instalam-se então o
Serviço de Profilaxia da Febre Amarela e o Instituto Soroterápico Federal, que viria a
se transformar posteriormente no Instituto Oswaldo Cruz.
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FARIA (1995) destaca que uma experiência de reorganização dos serviços de
saúde, no ano de 1920 com a Reforma Carlos Chagas, originou-se o Departamento
Nacional de Saúde Pública padronizando as atividades de Saúde Pública no Brasil.
Com intuito inicial de atender os hospitais civis e militares, posteriormente investiu-se
na formação do pessoal de Enfermagem, quando da criação pelo governo da Escola
Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras na cidade do Rio de Janeiro, ligado ao
Hospital Nacional de Alienados do Ministério dos Negócios do Interior.
Neste contexto GEOVANINI et al. (2005) traz que esta é a primeira escola de
Enfermagem no Brasil, edificada pelo Decreto Federal 791 de 27 de Setembro de
1890, hoje conhecida por Escola de Enfermagem Alfredo Pinto e pertencente à
Universidade do Rio de Janeiro/UNIRIO. No entanto, apesar da urgente necessidade
de pessoal para atuação na saúde pública, verifica-se que a formação era em grande
parte, desenvolvida à área hospitalar através de longos estágios em hospitais.
No Brasil colonial a figura masculina é citada enquanto executora da
Enfermagem doméstica e empírica, uma vez cabia aos escravos a atividade de cuidar,
inclusive nas Santas Casas de Misericórdia, fundadas nas principais capitais
brasileiras a partir de 1543 (GEOVANINI et al., 2005).
Por conseguinte, a necessidade de pessoas devidamente treinadas e capazes
foi o que propiciou a criação de cursos de Enfermagem como no caso do Hospício
Nacional de Alienados, já que neste faltavam enfermeiros para cuidar dos enfermos,
das vítimas da guerra e outras. A história então deixa claro tratar-se de um equívoco
o fato de que o profissional Enfermeiro surgiu no Brasil para atender as necessidades
de saúde pública (MOREIRA, 2005).
No bojo desta reflexão é que GEOVANINI et al. (2005) ressalta ainda, a escola
de Enfermagem Anna Nery, criada em 1923, que redimensionava a Enfermagem
profissional no Brasil foi uma iniciativa do Departamento Nacional de Saúde Pública,
dirigido por Carlos Chagas que contou com o apoio do governo americano o qual
enviou enfermeiras para ajudar nesta iniciativa, baseada no modelo nightingaleano.
Os estudos de GEOVANINI et al. (2005) e seus colaboradores mostram
também que Florence Nightingale (1820-1910) foi um verdadeiro rito de iniciação para
o surgimento da profissão em escala mundial. De fato, sua influência pessoal e a força
de sua personalidade causaram um impacto duradouro em muitas regiões da Europa
ocidental. Entretanto, os artefatos básicos do profissionalismo receberam o incentivo,
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sobretudo, das frequentes relações e associações entre propagadoras dos novos
preceitos e das práticas do cuidar.
SILVA (2008) fortalece que o apoio de uma política interessada em promover
o desenvolvimento desta profissão mesmo que com interesses particulares e a
característica de seleção da então escola que selecionava moças de origem social
elevadas, com um maior grau de escolaridade colaborou para que esta fosse
reconhecida como padrão de referência para as demais escolas, sendo que na Escola
de Enfermagem Ana Nery as alunas eram preparadas para a efetuação de serviços
com complexidade intelectual, a partir da formação destas alunas que pessoalizava a
verdadeira enfermeira brasileira eram assim consideradas padrão. Ser enfermeira
subtendia ser formada pela escola Anna Nery. Desde então, todas as demais escolas
deveriam inserir os padrões da escola Anna Nery como ficava estabelecido pelo
decreto 20.109 de 15/06/31, ou seja, com conceitos provindos do modelo
nightingaleano.
Reconhecendo a responsabilidade com a problemática educacional, cultural e
da saúde da população tem-se a instalação do Ministério da Educação e Saúde em
1931, ano em que se criam as normas legais para o ensino e exercício da
Enfermagem. Em 1973, ocorre à criação do Conselho Federal de Enfermagem, órgão
disciplinador do exercício profissional. Exigindo que a educação em Enfermagem
fosse concentrada em centros universitários, o Projeto de lei 775 também controlou a
expansão das escolas havendo assim na década de 40, a agregação da Escola Anna
Nery à Universidade do Brasil em 1949. Em 1961, a partir da Lei 2.995/56 todas as
escolas passaram a exigir curso secundário completo e no ano seguinte a
Enfermagem passou a ensino de nível superior (GEOVANINI et al. 2005).
A Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras (ABEn) criou no
ano de 1979, o Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem (CEPEN) com intuito
de impulsionar pesquisa em Enfermagem, devido um aumento contínuo da produção
cientifica em Enfermagem em razão do desenvolvimento dos cursos de pós-
graduação. De um lado enfermeiros se especializam e de outro há a multiplicação de
novos ocupacionais promovendo o processo de proletarização da Enfermagem
Dentre alguns avanços para a Enfermagem na década de 80 ocorreu a criação da Lei
7.498, em julho de 1986. Ainda, constata-se o empenho da categoria para adquirir o
reconhecimento e o respeito, pois a falta destes na realidade é motivo de
descontentamento e desmotivação pessoal (GREGORIO, 2012).
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Neste contexto, SANTOS; LUCHESI (2009) em estudo sobre a imagem da
Enfermagem frente aos estereótipos, afirmam que muitas pessoas desconhecem o
que é a Enfermagem e muitos envolvidos com a profissão também ignoram seu
próprio papel e os objetivos de suas ações. De fato ser reconhecida, valorizada e ter
o fazer como algo importante traz um alento para o cotidiano do trabalho na
Enfermagem, no entanto as alterações de pensamento quanto a essa profissão têm
que nascer primeiro na consciência da própria categoria.
O hospital como cenário terapêutico é fato relativamente recente. No passado
ele estava destinado a propiciar não a cura, mas a salvação de quem estava
morrendo. Esta concepção ideológica sobre o hospital, isto é, local onde se vai para
morrer, persiste na atualidade em qualquer cenário onde a enfermeira atua. Reforça-
se assim o caráter caritativo do trabalho da enfermeira que, organizado pelas regras
do modo de produção capitalista, traduz-se por uma prática ambígua entre a mítica
religiosa e as normas do mercado (BARROS; SILVA, 1990; MOURÃO, 1993).
Para esta concepção ideológica de hospital, a tecnologia dominante, ou seja,
os instrumentos, a experiência, os hábitos que caracterizam a força de produção,
constitui-se fundamentalmente das técnicas do poder disciplinar, das técnicas
gerenciais e tayloristas, em detrimento das técnicas terapêuticas, das técnicas de
diagnóstico, prescrição e avaliação do resultado de enfermagem - formadas pelos ritos
e saberes instrumentalizados a partir de uma relação artesanal enfermeira-cliente
(GREGORIO, 2012).
As práticas utilizadas estão estruturadas sobre relações de produção que
desconsideram os conhecimentos sobre a clientela, dificultando assim nosso
atendimento às necessidades socialmente postas, a saber: o diagnóstico e tratamento
das respostas do cliente, da família e da comunidade aos problemas de saúde ou
processos vitais (GREGORIO, 2012).
Com base no que discute-se sobre a natureza do trabalho do enfermeiro,
considera-se que as atividades administrativas e de supervisão da equipe auxiliar
constituem o método de trabalho cotidiano do enfermeiro (taylorismo), alienando-a de
sua função primordial que é diagnosticar e tratar as respostas de seus clientes aos
problemas de saúde ou processos vitais. As determinantes principais do método de
trabalho alienado que agem dinâmica e eficientemente entre si e com outras estariam
na formação da enfermeira, nas formas de organização deste trabalho e na falta de
consenso sobre as atividades básicas da profissão (GREGORIO, 2012).
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A formação do enfermeiro, por uma análise do currículo, livros textos e
experiências de aprendizagem, está firmemente alicerçada no conhecimento e
modelo biomédicos. Preparado para implementar a assistência médica, tem na
organização de seu trabalho a valorização das atividades gerenciais, em detrimento
do cuidado direto. A legislação profissional, por sua vez, não define as atividades da
prática e só prevê a prescrição para clientes graves, sem contudo determinar sobre
qual diagnóstico ela deve ser feita (GREGORIO, 2012).
É possível observar que hoje na grande parte dos hospitais os enfermeiros se
ocupam com as atividades do cotidiano tais como a elaboração da escala de trabalho
da equipe de auxiliares; o planejamento, a coordenação e a supervisão das atividades
e do pessoal; e a organização ou suprimento do setor quanto a pessoal, material de
consumo e permanente (GREGORIO, 2012).
CRUZ (1994) destaca ainda que as atividades relacionadas corroboram a com
a teses de que o taylorismo constitui o método de trabalho do cotidiano profissional.
Este fato pode não constituir nenhuma novidade, mas é a partir da denúncia, da
tomada de consciência, do conhecimento da realidade que pode-se transformá-la.
Nota-se que existe uma falta de consenso na equipe de enfermagem quanto
às determinantes do trabalho, pode-se identificar aspectos referentes à organização
do trabalho sobre as atividades profissionais. Observa-se que muitos profissionais
enfermeiros sempre ficam ocupados com a organização do trabalho, há referências
ao tempo, à falta de apoio para a execução destas atividades e ao número excessivo
de incumbências de natureza administrativa. Há referências ainda ao número
reduzido de auxiliares de enfermagem e, principalmente, de enfermeiros, além da falta
de treinamentos periódicos (GREGORIO, 2012).
Referindo-se ainda à falta de consenso sobre as atividades profissionais, pode-
se observar que a falta de padronização da metodologia, falta de padronização das
atividades e ausência de protocolos que unifiquem as condutas frente aos problemas
de saúde, pode ser resolvido com um pouco de boa vontade por parte dos enfermeiros
(GREGORIO, 2012).
NORONHA; ARAÚJO (1998) afirmam que na enfermagem brasileira, muitas
têm sido as buscas em sistematizar a assistência, que é prestada à população, as
quais são incentivadas e respaldadas pela Lei nº 7.498/86 (BRASIL, 1986),
regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87 (BRASIL, 1987), que dispõe sobre o
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exercício da profissão e determina que ao enfermeiro incumbe privativamente a
prescrição da assistência de enfermagem, dentre outras atribuições.
A sistematização das ações de enfermagem tem contribuído para o registro e
documentação de ocorrências e procedimentos realizados pelos diversos integrantes
da profissão, para análise quantitativa e qualitativa do cuidado prestado e juntamente
com outras conquistas, para o reconhecimento social do enfermeiro. Contém como
etapas essenciais o levantamento de dados, o diagnóstico, planejamento das ações
de enfermagem e a avaliação do processo assistencial (NORONHA; ARAÚJO,1998).
Segundo ATKINSON; MURRAY (1989):
O processo de enfermagem é uma tentativa de melhorar a qualidade de
assistência ao paciente. A assistência de enfermagem é planejada para
alcançar as necessidades específicas do paciente, sendo então redigida de
forma a que todas as pessoas envolvidas no tratamento possam ter acesso
ao plano de assistência. Quando esse plano não é redigido, observam-se
omissões e repetições. Não havendo um plano escrito, o paciente precisa
repetir informações pessoais e referências a cada pessoa que o assiste
ATKINSON; MURRAY (1989, p.89)
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todas as definições são a avaliação, o diagnóstico de enfermagem, o planejamento, a
implementação e a análise final. Esses componentes fundamentais podem ser usados
na definição do processo de enfermagem (GREGORIO, 2012).
Para SMELTZER; BARE (1994, p. 121):
A divisão do processo de enfermagem em cinco etapas ou componentes
distintos serve para enfatizar as ações críticas de enfermagem, que têm de
ser desenvolvidas quanto o enfermeiro assume a responsabilidade por
resolver os diagnósticos de enfermagem do paciente. Entretanto, o
enfermeiro tem de recordar-se que as divisões são artificiais e que o processo
como um todo é cíclico, sendo as etapas inter-relacionadas,
interdependentes e recorrentes.
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suas práticas através de uma proposta mais humana de intervenção
(ORNELLAS ,1992, p.100-101).
Segundo a teoria de HORTA (1979), a enfermagem é uma ciência e arte de
assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, tornando-o
independente desta assistência quando possível (através do ensino do autocuidado),
recuperando, mantendo e promovendo a saúde em colaboração com outros
profissionais.
ALENCAR; DINIZ; LIMA (2004) afirmam que a enfermagem vem acumulando
no decorrer de sua história, juntamente com conhecimento empírico, teórico, o
conhecimento científico, a executar suas atividades baseadas não somente em
normas disciplinares, mas também em rotinas repetidas da sua atuação. Com a
afirmação da Enfermagem como Ciência, as modificações da clientela, da
organização do avanço tecnológico e dos próprios profissionais de Enfermagem, a
prática da profissão deixa de ser mecânica, massificada e descontínua, utilizando-se
de métodos de trabalho que favorecem à individualização e à continuidade da
Assistência de Enfermagem, bem como do estudo crítico do atendimento que se
presta.
FOUCAULT (1995) diz que na terapia intensiva, campo das práticas e
cuidados, verifica-se uma série de fatores e movimentos que corroboram para que os
profissionais deste ramo específico busquem desenvolver uma vontade de saber,
caracterizada pelo domínio incessante e massificado de conhecimentos de cunho
técnico-científico para que sejam capazes de subsidiar a prática de suas ações junto
à clientela assistida, obtendo com isso melhores resultados, reconhecimento,
satisfação pessoal e poder, entretanto, constata-se na prática que a valorização
excessiva deste binômio saber-poder, nem sempre traz reais benefícios à clientela
que é assistida. Ademais, vê-se constantemente que este comportamento tem
possibilitado a criação de fissuras nas relações que se estabelecem entre os sujeitos
que cuidam e os que são cuidados, desfavorecendo a qualidade e eficácia do produto
final de sua interação: o cuidado.
Segundo KURCGANT (1991) é da competência do enfermeiro a avaliação da
assistência, sendo que o resultado desta avaliação implica muitas vezes na decisão
sobre a assistência no dia seguinte, portanto se no decorrer do dia houver falhas em
uma decisão, isto ocasionará uma situação grave. Por isso o enfermeiro, nessa área,
engloba o conhecimento profundo das necessidades dos pacientes no que se refere
à doença enquanto processo mórbido e suas consequências.
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Pode-se dizer que o conhecimento necessário para um enfermeiro vai desde a
administração e efeito das drogas até o funcionamento e adequação de aparelhos,
atividades estas que integram as atividades rotineiras de um enfermeiro desta unidade
e deve ser por ele dominado (GREGORIO, 2012).
De acordo com HUDAK; GALLO (1997) o papel do enfermeiro consiste em
obter a história do paciente, fazer exame físico, executar tratamento, aconselhando e
ensinando a manutenção da saúde e orientando os enfermos para uma continuidade
do tratamento e medidas. Além disso, compete ao enfermeiro a coordenação da
equipe de enfermagem, sendo que isto não significa distribuir tarefas e sim o
conhecimento de si mesmo e das individualidades de cada um dos componentes da
equipe. Frente a estes apontamentos, é possível dizer que o enfermeiro desempenha
funções cruciais dentro da unidade de terapia intensiva, no que concerne à
coordenação e organização da equipe de enfermagem.
A esse respeito GOMES (1988) afirma que o enfermeiro que atua nesta
unidade necessita ter conhecimento científico, prático e técnico, a fim de que possa
tomar decisões rápidas e concretas, transmitindo segurança a toda equipe e
principalmente diminuindo os riscos que ameaçam a vida do paciente.
Os enfermeiros devem ainda, aliar à fundamentação teórica (imprescindível) a
capacidade de liderança, o trabalho, o discernimento, a iniciativa, a habilidade de
ensino, a maturidade e a estabilidade emocional (HUDAK; GALLO, 1997).
Sendo assim a constante atualização destes profissionais, é necessária, visto
que desenvolvem com a equipe médica e de enfermagem habilidades para que
possam atuar em situações inesperadas de forma objetiva e sincrônica, na qual estão
inseridos. Frente às características específicas, o trabalho em equipe torna-se crucial.
O enfermeiro deve ser uma pessoa tranquila, ágil, de raciocínio rápido, de forma a
adaptar-se, de imediato, a cada situação que se apresente à sua frente. Este
profissional deve estar preparado para enfrentar intercorrências emergentes
necessitando para isso conhecimento científico e competência clínica (experiência)
(GREGORIO, 2012).
O conjunto das atividades desenvolvidas pelos enfermeiros, pode-se afirmar
que apesar destes profissionais estarem envolvidos na prestação de cuidados diretos
ao paciente, em muitos momentos existe uma sobrecarga das atividades
administrativas em detrimento das atividades assistências e de ensino. Esta realidade
vivenciada pelos enfermeiros vêm ao encontro da literatura quando se analisa a
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função administrativa do enfermeiro no contexto hospitalar e observa-se que este
profissional tem se limitado a solucionar problemas de outros profissionais e a atender
às expectativas da instituição hospitalar, relegando a plano secundário a
concretização dos objetivos do seu próprio serviço (SAWADA et al. ,1998).
Entende-se a necessidade dos enfermeiros repensarem a sua prática
profissional pois, quando o enfermeiro assume sua função primordial de coordenador
da assistência de enfermagem, implementando-a por meio de esquema de
planejamento, está garantido o desenvolvimento de suas atividades básicas
(administrativas, assistências e de ensino) e promovendo, consequentemente, a
melhor organização do trabalho da equipe, que passa a direcionar seus esforços em
busca de um objetivo comum que é o de prestar assistência de qualidade, atendendo
às reais necessidades apresentadas pelos pacientes sob seus cuidados (CHAVES,
1993).
De acordo com KUGART (1991), no aspecto informal, a insegurança e o medo
também permeiam os membros da equipe de enfermagem. O relacionamento franco
e amistoso, mas, exigente, promove um ambiente seguro e calmo. Seres humanos
são os pacientes e seres humanos são os integrantes da equipe de enfermagem.
Além do conhecimento de sua equipe e da visão de que a equipe é constituída de
seres humanos com fraquezas, angustias e limitações, é papel do enfermeiro também
estabelecer programas de educação continuada de sua equipe.
Outra área de competência do enfermeiro é assumir o papel de elo de ligação
entre o paciente e a equipe multiprofissional. Embora, discutível nesse papel, o
enfermeiro assume, nas 24 horas do dia, a coordenação da dinâmica da unidade
(GREGORIO, 2012).
GALVÃO; TREVIZAN; SAWADA (2000) relatam que a própria dinâmica de uma
unidade de assistência não possibilita momentos de reflexão para que seu pessoal
possa se orientar melhor. Parte-se da premissa de que a liderança pode e deve ser
aprendida pelo enfermeiro, entende-se que o preparo em liderança deste profissional
seja essencial para a sua prática diária. A busca de meios que viabilizem o
desenvolvimento da habilidade de liderar do enfermeiro é fundamental, assim, é
necessário o embasamento teórico e a comunicação, como instrumentos
imprescindíveis na prática do enfermeiro.
Para NISHIDE; CINTRA; NUNES (2003), o enfermeiro assume a
responsabilidade de cuidar do paciente, tanto nos casos de emergência quanto no
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apoio à vida, capacitado, independente do diagnóstico ou do contexto clínico, a cuidar
de todos os doentes, utilizando-se de uma abordagem ampla assegure-lhe sua estima
e integridade, quanto a uma ampla base de conhecimentos científicos e de
especializações. Resumindo: os enfermeiros precisam integrar suas habilidades
técnicas e intelectuais à prática diária.
O papel do enfermeiro ocupa um importante papel nos momentos de
fragilidade, dependência física e emocional do paciente, configura-se num importante
ponto de apoio para a equipe, quer seja no que se refere à educação e preparo, quer
seja, na coordenação do serviço de enfermagem, atua no limiar entre o humano e o
tecnológico, diante disso conclui-se que o enfermeiro necessita dispor de habilidades
e competências que o permitam desenvolver suas funções com eficácia aliando o
conhecimento técnico científico e o domínio da tecnologia a humanização e
individualização do cuidado (GREGORIO, 2012).
Fala-se muito sobre humanização, principalmente quando se trata do
atendimento de saúde e esta temática ganha um novo status no ano de 2000, quando
o Ministério da Saúde regulamenta o Programa Nacional de Humanização da
Assistência Hospitalar, incluso na pauta da 11ª Conferência Nacional de Saúde
(GREGORIO, 2012).
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O PACIENTE HOSPITALIZADO
O cenário Hospitalar é desconhecido do paciente ele passa a conviver com
outros pacientes doentes, sendo assim transportado para um ambiente associado,
não só por ele, ao sofrimento e à morte. Ao ser hospitalizado, o indivíduo é afastado
abruptamente de sua família, de sua casa, de seus amigos, o que gera situações de
extrema insegurança. Entretanto, esta situação vem sendo modificada através de
inúmeras iniciativas que já foram adotadas em alguns Hospitais do Brasil
(GREGORIO, 2012).
MEZOMO leciona que:
A finalidade primordial no hospital é o atendimento e o cuidado do paciente
como pessoa. “Nenhum complexo tecnológico poderá jamais substituir a
capacidade humana de formar aquele outro complexo, o de pessoas,
diversificadas em suas características individuais ( MEZOMO, 1979, p.13).
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que o sujeito terá que criar novos espaços e pontes; dessa forma modificam-se
horizontes, pois o ambiente hospitalar é diferente de seu habitat, passando a ser tudo
diferente, o que é uma situação muito triste (GREGORIO, 2012).
PRADO (1991, p.81) afirma que: “os mistérios universais relacionados ao
nascimento, sexo e morte sempre foram cercados de tabus e mitos sociais, os
sentimentos desconhecidos ligados a eles mantendo-se secretos e poderosos através
do desenvolvimento da humanidade”.
Pode-se afirmar então que, a internação é a ruptura da história do indivíduo,
pois ele percebe que não é mais o mesmo. Com isso ele passa a sofrer diante da
imagem de si mesmo, já alterada. Com isso, o paciente ao ser internado passa a sentir
medo da situação que o aguarda, ou seja, o medo do isolamento, de dependência, de
sofrimento, o que o pode tornar um ser diferente e exigente (GREGORIO, 2012).
AMIN destaca que:
Ele se vê separado de tudo o que constitui sua vida habitual, de seus laços
afetivos. O paciente sente-se e torna-se dependente de todos. Dependente
do médico, cuja “ciência” o poderá salvar e que, por isto mesmo, o deseja
todo tempo perto de si. Dependente da equipe de cuidados para sua
alimentação, medicação e higiene. Dependente da família e dos amigos, que
o vêm visitar (AMIN, 2001, p.16).
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desenvolvem afeto. Essas interferências ou reações, voluntárias ou
involuntárias, intencionais ou inintencionais, constituem o processo de
interação humana, em que cada pessoa na presença de outra pessoa não
fica indiferente a essa presença estimuladora. O processo de interação
humana é complexo e ocorre permanentemente entre as pessoas sob forma
de comportamentos manifestos e não manifestos, verbais e não-verbais,
pensamentos, sentimentos, reações mentais e/ou físico-corporais
MOSCOVICI (1995, p. 32-33)
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É imprescindível lembrar a importância do aspecto da empatia, em um
relacionamento, pois é através dela que será estabelecido o relacionamento entre
paciente e profissional de saúde. Para que ocorra a empatia como processo
terapêutico, é fundamental que se desenvolva um relacionamento de respeito mútuo
e que o profissional de saúde trate-o de forma individualizada, respeitando a cultura,
crenças e valores da pessoa (GREGORIO, 2012).
A empatia é uma habilidade que pode ser desenvolvida junto ao paciente. Sua
importância residindo também no fato de que um paciente que percebe o
entendimento do seu problema pela equipe de enfermagem tem mais chances de
desenvolver um melhor relacionamento com esta equipe (TAKAKI; ANA, 2004).
CECÍLIO (2001) leciona que:
A capacidade e disponibilidade de ouvir os usuários e suas necessidades,
interagindo com eles, levando em conta seus contextos e seu modo de levar
a vida, podem ser um bom começo ( CECÍLIO, 2001, p.114-115)
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CONCEITO DE HUMANIZAÇÃO
Para o dicionário, humanização é o ato de humanizar, que por sua vez significa:
1. Tornar humano; dar condição humana a; humanar.
2. Tornar benévolo, afável, tratável; humanar.
3. Fazer adquirir hábitos sociais polidos; civilizar;
4. Amansar (animais).
5. Tornar-se humano; humanar-se.
Estas definições levam os indivíduos a se questionarem sobre o que é ser
humano. Com a experiência cotidiana pode-se concordar e assumir a definição tal
qual o dicionário descreve.
ONOCKO (1998) leciona que:
Desde Freud e Marx sabe-se que também faz parte do humano a exploração
do outro, a alienação, a agressão, o equívoco e a culpa. Os neo-biologistas
querem nos convencer de que somos produtos pura e simplesmente da
combinatória genética. Os neo-relativistas querem nos convencer de que o
todo é intersubjetivo e relativamente justificável. E o social? O social foi para
o fundo da gaveta pós-moderna, sai de vez em quando, somente para se
justificar que nada de novo é possível no mundo humano (ONOCKO, 1998,
p. 16).
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para o respeito aos direitos humanos e sua efetivação para todas as pessoas, sem
exclusão de qualquer uma (GREGORIO, 2012).
É necessário o investimento em ambiência, para oferecer um acolhimento tanto
para o usuário como para o funcionário, traduzindo em mudanças pensando na
melhoria do ambiente e na qualidade de vida dos servidores e usuários (GREGORIO,
2012).
Implantação nas instituições de mudanças que propiciem um ambiente mais
favorável para o funcionário como também para os usuários, tais como:
Criação de um ambiente humanizado aos cidadãos e servidores das
unidades de saúde;
Oferecimento de conforto ao cidadão e dispensar um atendimento
humanizado e com qualidade;
Melhoria das condições de trabalho dos profissionais de saúde;
Criação de balcão de atendimento, com universitários devidamente
treinados para receber e orientar os cidadãos,
Manutenção do prédio (limpeza, suprimento de material, consertos e outros;
Implementação de tecnologia da informação em todos os trabalhos da
delegacia; e
Favorecer uma maior interação e aproximação dos profissionais de saúde
com a comunidade contribuindo para a cura de doenças enquanto oferece
ao cidadão educação para prevenção de doenças.
Finalmente, vale lembrar que é inevitável refletir sobre meios eficazes para
transformar uma cultura, pois normalmente as pessoas veem hospitais como locais
que devem ser desprovidos de qualquer beleza ou conforto. Obviamente não se muda
uma cultura apenas fazendo mudanças físicas em um hospital, mas, certamente, um
investimento sério na formação e valorização dos servidores pode, de fato, fortalecer
ideias outrora consideradas utópicas ou fora do âmbito e do papel dos profissionais
de saúde. Isso pode dar subsídios para que no curso da história (seja de curta, média
ou longa duração) e no campo da negociação da ordem política de gestão, os
profissionais de uma determinada organização constituam novos parâmetros para
ação, introduzindo mudanças na cultura da assistência de saúde (GREGORIO, 2012).
RIVERA (2003) pondera que para mudar as regras do jogo organizacional e as
bases da cultura é preciso ir além da mudança das estruturas mentais. Torna-se
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fundamental um projeto de gestão que democratize as estruturas de poder, que
fortaleça a comunicação, desenvolva formas de avaliação e se comprometa com a
prestação de contas.
A comunicação é fator importante dentro de uma instituição, faz necessária a
sensibilização dos gestores sobre sua importância seja por meio das palavras, seja
através do corpo; demonstrar posturas, formas de apresentação e acolhimento, tendo
em vista que estes são a imagem da empresa, mesmo aqueles que não realizam o
atendimento direto ao cliente (RIVERA, 2003).
É necessária uma comunicação com múltiplas estratégias comunicativas, com
visão e ação transdisciplinar, com objetivo de maximizar as informações, sendo esta
congruente com os valores, visão e missão da instituição, bem como com as
estratégias, planejamentos e ações daqueles que compõe a corporação. Neste
sentido há a explosão da comunicação eficaz, principal ferramenta inter-relacional
entre funcionários, usuários e parceiros nos processos de trabalho (GREGORIO,
2012).
Para que haja uma boa comunicação na instituição é imprescindível um bom
planejamento de comunicação baseado na clareza, transparência e simplicidade da
linguagem para alcançar a compreensão dos servidores, como também de seus
usuários e conquistar o comprometimento da equipe, como também melhorar o
relacionamento com o público (GREGORIO, 2012).
22
A HUMANIZAÇÃO COMO PROCESSO GRADUAL DE CONSTRUÇÃO
Segundo PRADO (1984) a humanização é um processo de construção gradual,
realizada através do compartilhamento de conhecimentos e de sentimentos. Já
GARCIA(2005) destaca que:
A humanização é uma nova visão do atendimento tanto no sentido
antropológico quanto no psicológico. Todos os profissionais são seres
humanos, tal como os usuários, mas nem todos podem ser chamados de
humanizados (GARCIA, 2005, p. 95).
23
É visível que o atendimento prestado pelos profissionais de saúde
desumanizou-se. As novas tecnologias contribuíram para isso, pois muitos fatos e
ocorrências, atualmente, podem ser registrados através de computadores e até
mesmo a obtenção de atestados são realizados à distância, restringindo o contato
pessoal e a disponibilidade de profissional em atender bem seus usuários e seus
colegas de trabalho (GREGORIO, 2012).
De acordo com GARCIA (2005, p. 96), são tópicos importantes na humanização
do atendimento:
O interesse e a competência do profissional;
O diálogo entre o profissional e o usuário e/ou seus familiares;
O favorecimento de facilidades para que a vida do usuário e/ou familiares
seja melhor e para que se evitem aborrecimentos e constrangimentos;
O respeito aos horários de atendimento.
24
Observa-se que a humanização deve ganhar outra amplitude quando implicada
na construção de políticas públicas de saúde. De nada serve o esforço se isso não
resultar em alterações nas práticas dos serviços, na melhoria da qualidade de vida
dos usuários e na melhoria das condições de trabalho dos profissionais de saúde
(GREGORIO, 2012).
Segundo BENEVIDES; PASSOS (2005) são necessárias mudanças nos
processos de produção de saúde para que a política de humanização seja implantada
nos serviços de saúde, culminando com a transformação das próprias práticas. A
humanização constrói-se conjuntamente com a atenção à saúde e a gestão. É a partir
dessas transformações que as práticas de saúde pública podem ser efetivamente
alteradas.
MALDONADO; CANELLA (2003) destacam que:
É fundamental descobrir a própria identidade da instituição. Algumas
instituições conseguem fazer uma verdadeira revolução que resulta em maior
satisfação da equipe e em melhor atendimento ao usuário, centralizando
esforços na construção de uma aliança forte e solidária entre o gestor e os
servidores (MALDONADO; CANELLA, 2003, p. 215).
25
O acolhimento é primordial nas unidades de saúde, pois partindo de um
atendimento humanizado, integral aos usuários é que se pode intervir de maneira
eficaz no cuidado com o paciente, o que tem se tornado um grande desafio nas
Instituições de saúde. É nesse contexto que as mudanças estão ocorrendo, com a
implementação de medidas que visem melhorar a qualidade de vida do usuário,
através de um acolhimento adequado para o paciente (GREGORIO, 2012).
26
A HUMANIZAÇÃO E O CUIDADO DE ENFERMAGEM
A área da saúde vem sofrendo limitações em suas práticas para responder de
maneira afetiva e atenciosa à saúde dos indivíduos e das populações. Isso se revela
um contraste em relação ao desenvolvimento tecnológico e aperfeiçoamento das
técnicas cada vez mais evidentes e ao mesmo tempo uma preocupação com
propostas de mudanças (GREGORIO, 2012).
Os movimentos de reformas sanitárias, as Conferências de Saúde e os grupos
militantes ligados a ações pelo desenvolvimento da consciência cidadã, os quais
atuaram a partir da década de 80 foram responsáveis pela origem do movimento do
processo de humanização. Esse processo foi institucionalizado com a constituição de
1988 e com a estruturação do SUS. Assim a ideia de humanização passou a ser
compreendida como a valorização dos diferentes sujeitos envolvidos na produção da
saúde (REIS; MARAZINA; GALLO, 2004).
Na área hospitalar e no setor da UTI a concentração de tecnologia e valorização
da ciência se intensificou, e isso levou ao detrimento do homem e seus valores
humanos. Em maio de 2000, o Ministério de Saúde regulamentou o Programa
Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), e a pauta da 11ª
Conferência Nacional de Saúde teve incluso a humanização em dezembro de 2000.
O programa nos dias de hoje foi substituído por uma política de assistência intitulada
por HUMANIZA SUS (DESLANDES, 2004).
DESLANDES (2004) diz que o rápido crescimento de Unidades de Cuidados
Intensivos na década de 60 trouxe o progresso tecnológico que disponibilizou
equipamentos invasivos e não invasivos para medir, monitorar, e regular os sistemas
orgânicos. O que tornou os cuidados intensivos mais aversivos, solitários e
desumanizantes.
O desenvolvimento das Unidades de Terapia Intensiva tem sido observado no
aspecto arquitetônico, no aspecto tecnológico, e na constante busca pela
humanização em que se revela no conforto físico e psicológico. A humanização deve
estar presente nas equipes de terapia intensiva como um indicador de qualidade de
serviços (KNOBEL, 1998).
A palavra humanização foi determinada para definir esse processo de
mudanças pela ênfase ao humano, e renasceu para valorizar o gênero humano. Esse
processo envolve todos os membros da equipe fazendo com que as
27
responsabilidades da equipe se estendam além das intervenções tecnológicas e
cientificas no paciente (MAGALHÃES; GUANAES; CELLI et. al.,2004).
O termo humanização revela uma ampla variedade de iniciativas responsáveis
por definir a forma de assistência empregada que evidencia a qualidade do cuidado
técnico, mas também reconhecendo os direitos dos pacientes, de sua subjetividade e
cultura, além do reconhecimento e valorização do profissional e a comunicação entre
as equipes (DESLANDES, 2004).
A proposta da política nacional a respeito da humanização quer modificar o
modelo de assistência hospitalar tornando-o centrado na comunicação e no diálogo
entre os pacientes e usuários, profissionais e gestores, proporcionando mudanças na
cultura de atendimento e levando-se em consideração a necessidade de aperfeiçoar
a qualidade dos serviços prestados. A humanização é a forma de se oferecer
atendimento de qualidade, inter-relacionando os avanços tecnológicos com o bom
relacionamento (DESLANDES, 2004).
O resgate da humanização nos centros de terapia intensiva implica na atenção
a três itens de grande importância que são: o cuidado disponibilizado ao paciente e
seus familiares que se encontram em situação de fragilidade e desconsideração, a
atenção ao profissional da saúde que atua na equipe confrontada diariamente com
sofrimento, e as peculiaridades do ambiente físico nocivo (KNOBEL, 1998).
As iniciativas de humanização procuram intensificar o desenvolvimento de uma
nova cultura que fortaleça a política de respeito e valorização humana. Humanizar o
ambiente hospitalar é fortalecer o comportamento ético, o cuidado técnico-científico
interado com o cuidado que incorpora o acolhimento diferente baseado na
singularidade. É adotar uma maneira em que profissionais e usuários considerem o
conjunto dos aspectos físicos, subjetivos e sociais e possam alcançar benefícios
mútuos para a saúde dos usuários, dos profissionais e da comunidade (PENIDO,
GORETTI; BAMBIRRA et. al., 2004).
Em uma visão mais ampla, ZAHER et al. (2003) vão além da valorização do
gênero humano e do atendimento às necessidades biopsicossocioespiritual,
humanização é um processo de transformação da cultura institucional que reconhece
e valoriza os aspectos subjetivos, históricos e sócioculturais tanto dos clientes como
dos profissionais de saúde em função de uma melhoria das condições de trabalho e
da qualidade do atendimento, por meio de ações que promovam competência técnica
28
e tecnológica, valorizando a dimensão subjetiva dos clientes e dos profissionais de
saúde.
Humanizar a relação com o cliente exige que o profissional da saúde valorize
a afetividade e a sensibilidade como elementos necessários ao cuidar. Porém,
compreendemos que tal relação não supõe um ato de caridade exercido por
profissionais abnegados e já portadores de qualidades humanas essenciais, mas um
encontro entre sujeitos, pessoas humanas, que podem construir uma relação
saudável, compartilhando saber, poder e experiência vivida (CASTE; CORRÊA,
2003).
Na enfermagem, a comunicação é o melhor caminho para um bom
relacionamento, uma vez que cuida-se de pessoas com diferentes culturas, crenças
e hábitos, tendo sempre que disponibilizar de uma comunicação clara e objetiva, para
que estas possam se inteirar das rotinas do serviço, das suas condições clínicas e de
suas limitações (GREGORIO, 2012).
Conforme SILVA (2002) relata, a comunicação para ser efetiva deve ser
bidirecional para que haja entendimento e compreensão, posto que a comunicação
faz parte do ser humano. Para tal ato, faz-se uso de diversos tipos de comunicação
entre elas a verbal e a não-verbal, sendo a primeira caracterizada por palavras
expressas por meio da linguagem escrita ou falada e a segunda obtida por meio de
gestos, posturas, expressões faciais, orientações do corpo, naturais ou artificiais,
organização dos objetos no espaço e até pela relação de distância mantida entre os
indivíduos.
SILVA (2002) ainda destaca um terceiro tipo de comunicação: a terapêutica.
Esta é definida como “a habilidade de um profissional em ajudar as pessoas a
enfrentarem seus problemas, a relacionarem-se com os demais, ajustarem o que não
pode ser mudado e enfrentarem os bloqueios à auto realização”. (p.40) Isto não é uma
tarefa fácil, contudo, é uma habilidade que pode e deve ser desenvolvida, ao
considerarmos a comunicação como instrumento fundamental no relacionamento
profissional/cliente, fazendo parte não apenas na questão do respeito, mas sim, de
uma forma terapêutica.
SANTANA; SILVA (2000) lecionam que não há regras e nem fórmulas para a
viabilidade do processo, já que este depende fundamentalmente da conscientização
de sua importância. Os autores acima ainda sugerem como alternativas de otimização
29
o investimento na formação de recursos humanos e na compreensão do cliente como
um ser único e indivisível.
30
CLÍNICA DO CUIDADO DE ENFERMAGEM
A temática da clínica na enfermagem é abordada de distintas maneiras que vão
desde a discussão da constituição de um conhecimento clínico orientador da prática
do enfermeiro, decorrendo a formação clínica e sua relação com a produção do
cuidado até alcançar um conceito de clínica na enfermagem. Considera-se que a
clínica na enfermagem ocorra numa relação de cuidado entre dois sujeitos, agentes
transformadores do ato de cuidar. Essa clínica está centrada no cuidado e inclui o
saber, as necessidades e desejos do outro.
A integração de tecnologias de processo aos modos de agir do enfermeiro
diante do paciente em sendo proposta à clínica do cuidado de enfermagem. Desse
modo, especialmente no idoso, a clínica encontra-se pautada na valorização da
cultura e na dialogicidade na configuração de um cuidado compartilhado.
Internacionalmente a clínica da enfermagem é considerada indefinida, pois seus
saberes não são próprios, os métodos difíceis de identificar e os instrumentos inscritos
no campo médico.
A clínica da enfermagem em terapia intensiva possui especificidades da
atuação profissional nesse contexto que conformam a dinâmica de cuidado dos
enfermeiros. Cita-se como uma delas a objetividade tecnológica marcada nas ações
dos profissionais, apontando posicionamentos distintos sobre os modos de agir dos
enfermeiros intensivistas em face das tecnologias, colocando-as no alvo de críticas
(DA SILVA et al., 2015).
A enfermagem compreendida como ciência e arte de ajudar abrange de um
lado o saber teórico, com seus princípios e conceitos organizadores, e de outro o
saber prático proveniente da experiência vivida. Na UTI, a ciência e a arte se
consumam nos conhecimentos específicos, cuja importância é delimitada nas
produções dessa área.
Na UTI, o domínio de conhecimento se evidencia e determina o estilo de cuidar
do enfermeiro, principalmente pelas exigências referentes ao manejo dos
equipamentos. Essa peculiaridade ganha repercussão internacional pela discussão
da necessidade de se utilizar a expertise clínica do enfermeiro na prevenção de
incidentes envolvendo as tecnologias. Esses incidentes demonstram a influência dos
conhecimentos técnicos na promoção do uso seguro dos equipamentos na UTI,
suscitando a participação ativa do enfermeiro nesse processo (DA SILVA et al., 2015).
31
Quanto à arte da enfermagem, a relação intersubjetiva mediada pela interação
vem sendo foco de interesse nos estudos pelo fato de as diferentes dimensões
envolvidas no cuidado intensivo não serem compreendidas como um todo complexo
e integrado. Nessa direção, a preocupação ocorre na tentativa de resgatar o respeito
aos aspectos que dão sustentação à expressão de tal arte como, por exemplo, as
relações e interações interpessoais.
O estímulo à comunicação efetiva entre os envolvidos no cuidado é uma
realidade atual, no sentido de que as falhas não tragam danos aos pacientes, já que
se estima que muitos dos erros e eventos adversos ocorrem devido a falha na
comunicação. Isso revela a importância do entendimento da complexidade do cuidado
e da relação dialógica como base para a interação e vivência da intersubjetividade,
despertando a percepção sensível no outro.
O ambiente em saúde é parte de um sistema no qual se situam os indivíduos
que constituem a rede de cuidados, os quais interagem entre si e com o ambiente,
influenciando-se mutuamente. As influências do contexto no cuidado têm diferentes
abordagens na literatura, a exemplo da saúde do trabalhador, pelas configurações do
trabalho na atualidade, em que ritmo, carga horária e controle rigoroso são
características ainda mais acentuadas nas UTIs.
O conceito de ser humano, em torno do qual se organizou uma das categorias
de análise, define os indivíduos envolvidos nas ações e se coadunou com o de outras
produções, pois esse ser convive e se relaciona com outros semelhantes, sendo
histórico, social, singular, integrado, constituído de uma dimensão física e de outras
que abarcam os sentimentos, desejos, pensamentos, lembranças.
Ao tratar das dificuldades de comunicação do enfermeiro com o cliente, traz-se
à tona sua tipificação, qual seja: aquele que não se comunica e com pouca demanda
interativa. Essa tipificação apoia-se na dimensão imagética do cuidado intensivo, isto
é, um paciente crítico/grave que porta equipamentos avançados e requer atendimento
especializado nas situações de urgência/emergência. O paciente ideal é ainda visto
nas fontes de sentimentos de prazer desses enfermeiros: cuidar de um paciente
grave, com tecnologias e perceber sua recuperação até o momento em que consegue
falar, quando deve ter alta.
No interesse dos elementos da clínica, essa figura tipo anunciada pelo Enf. 3
demanda intervenções, a fim de reorganizar os significados que constroem essa
representação, e que implica em práticas excludentes. Sobre o perfil, as discussões
32
situam-se numa adequação que atenda às peculiaridades desse setor. Assim,
buscam-se qualidades pessoais e técnicas que assegurem competência clínica no
manejo das tecnologias e das intercorrências com o cliente, com base nos
conhecimentos, habilidades e julgamento.
Por fim, o arcabouço teórico da prática de enfermagem traz uma filosofia de
cuidado em que o conceito saúde depende da harmonia do homem com a natureza,
num estado de equilíbrio entre diferentes componentes, mente, corpo e ambiente.
Todavia, esse referencial de natureza holística nem sempre é aplicado na UTI, caso
dos enfermeiros que se referem às suas atividades assistenciais como práticas
simplificadas pautadas em necessidades biológicas.
Assim, problematizam-se as correntes que os orientam, buscando incorporar o
referencial de integralidade no cuidado da clientela, apreendendo a complexidade de
forma multidimensional, e, desse modo, dando condições para atender o ser humano
globalmente.
A articulação dos elementos que constituem a clínica do cuidado de
enfermagem na terapia intensiva permite estruturar seu marco conceitual que, por sua
vez, explica tal clínica e lhe serve de arcabouço. É preciso reinventar a clínica na
enfermagem calcada na valorização do saber do outro em paralelo ao científico, uso
de ferramentas de escuta em que a palavra é a matéria-prima, o objetivo central é o
cuidar, a doença é parte da experiência da existência do sujeito.
Apesar da limitação de ser realizado com uma única equipe de um campo
específico hospitalar, o estudo indica que a clínica do cuidado de enfermagem na
terapia intensiva se pauta na interação de seres humanos, a partir da qual, modulada
pelos saberes especializados e tecnologia, o enfermeiro executa atividades
assistenciais voltadas a um paciente crítico, que expressam sua ciência e arte de
cuidar e refletem as características próprias do ambiente relativas ao trabalho e aos
referenciais assistenciais de saúde, sendo esse seu marco conceitual.
O marco conceitual para a clínica do cuidado de enfermagem na terapia
intensiva compõe-se de elementos que se organizam em torno dos saberes
especializados, atividades assistenciais, tecnologia, interação, contexto do trabalho,
tipo de paciente e de enfermeiro próprios da terapia intensiva e dos referenciais
assistenciais. Tais elementos são próprios da dinâmica desse cenário: objetivos em
relação às tecnologias e subjetivos relacionados à interação humana.
33
Tal marco conceitual indica ações voltadas: à formulação de políticas públicas
no que tange ao número de funcionários, à formação dos enfermeiros intensivistas à
luz do perfil profissional e de referenciais de integralidade, no nível da atenção direta
ao cliente na mudança do modelo assistencial e na valorização dos sujeitos enquanto
copartícipes face à Política Nacional de Humanização, com estratégias pautadas no
diálogo e na negociação.
34
O ENFERMEIRO NO GERENCIAMENTO DO CENTRO CIRÚRGICO
O centro cirúrgico (CC), também conhecido como unidade cirúrgica (UC) ou
bloco cirúrgico (BC), refere-se a um espaço dentro da unidade hospitalar destinado a
cirurgias de baixa, média e alta complexidade. Todavia, independentemente desse
grau, o CC é um ambiente complexo, que requer profissionais qualificados e treinados,
(estes por sua vez devem ser especialistas nas suas funções). É digno de menção,
salientar que este local deve ser equipado com recursos tecnológicos, que muitas
vezes são responsáveis pela manutenção da vida dos pacientes. (FIGUEIREDO;
LEITE; MACHADO, 2006).
Partindo desse pressuposto, KURCGANT et al. (1991), enfatiza que o CC deve
estar sempre preparado para a cirurgia, e é de suma importância que todos os
materiais e equipamentos estejam em seus devidos lugares, evitando atropelos, que
podem expor o cliente a risco. Destarte, para quem está participando do ato cirúrgico,
é desagradável e estressante a falta de materiais, a qual denota desqualificação e
falta de profissionalismo dos indivíduos atuantes no local. A enfermagem é
responsável por gerenciar e coordenar os profissionais que realizam esse trabalho.
Para o paciente, o centro cirúrgico é um local desconhecido, com
procedimentos cirúrgicos que, muita das vezes, invadem sua privacidade,
despertando medo e ansiedade, tornando-o dependente da ação de terceiros. Por
essa razão, o planejamento desse setor se torna tão relevante (GOMES; DUTRA;
PEREIRA, 2014)
De acordo com MARQUIS; HUSTON (2010), o planejamento é essencial e de
extrema importância, e deve anteceder todas as funções administrativas. Essa
ferramenta reconhece antecipadamente o que fazer; quem o fará; como; quando; e
onde será feito. Trata-se de um processo proativo e deliberativo que reduz risco e
incertezas. Quando realizado de forma eficaz, o gerente pode identificar metas a curto,
médio e longo prazo, e, assim, assegurar mudanças necessárias que a organização
necessita para alcançar os objetivos previamente elaborados.
Outro ponto importante é a liderança, que, em enfermagem, não se difere muito
das outras áreas, por ser um processo que concretiza a administração de pessoal na
organização, compreendendo basicamente gerência ou coordenação de equipes. Na
formação do enfermeiro, com raras exceções, enfatiza-se o cumprimento de ordens e
regras, a responsabilidade inquestionável a ele prescrita e o conhecimento
35
direcionado ao cumprimento da assistência ao cliente hospitalizado (GOMES;
DUTRA; PEREIRA, 2014)
Segundo FIGUEIREDO; LEITE; MACHADO (2006), a equipe de enfermagem
é responsável por atender o cliente em todas as fases da cirurgia: pré-operatório
(antes do ato cirúrgico), transoperatório (durante a cirurgia) e pós-operatório (após a
finalização da cirurgia). Para que haja total eficiência e eficácia nesse processo, o
enfermeiro deve coordenar, gerenciar, realizar programas de treinamento e de
educação continuada, verificar o bom funcionamento do CC e estar constantemente
em processo de atualização.
Não se pode deixar de mencionar que é praticamente impossível que não exista
participação do enfermeiro na elaboração do mapa cirúrgico, isso porque ele detém
todas as informações da rotatividade do setor, contribuindo para diminuir
possibilidades de suspensões de atos cirúrgicos (GOMES; DUTRA; PEREIRA, 2014)
O trabalho do enfermeiro no CC tem se tornado cada vez mais complexo, na
medida em que há a necessidade de integração entre as atividades que abrangem a
área técnica, gerencial, administrativo-burocrática, assistencial, de ensino e pesquisa,
e na dimensão de sua atuação, por ser um profissional que atua diretamente com uma
equipe diversificada profissionalmente. Sendo assim, esse estudo é relevante para
evidenciar a importância do enfermeiro no gerenciamento e na coordenação do centro
cirúrgico, descrevendo quais os principais problemas que o mesmo enfrenta e
delineando, assim, possíveis soluções (GOMES; DUTRA; PEREIRA, 2014)
36
ENFERMAGEM NO PRÉ-OPERATÓRIO
A Cirurgia pode ser conceituada como tratamento de doença, lesão ou
deformidade externa e/ou interna com o objetivo de reparar, corrigir ou aliviar um
problema físico. Esta é realizada em uma sala específica do hospital, ambulatório ou
consultório, estes últimos casos, somente quando o procedimento é simples.
De acordo com o risco de ameaça à vida, a cirurgia pode ser de emergência,
urgência, programada ou opcional. Por exemplo: nos casos de hemorragia interna, a
cirurgia é sempre de caráter emergente, já que este quadro é extremamente grave;
no abdômen agudo, o tratamento cirúrgico é de urgência, por requerer pronta atenção,
no entanto, algumas horas podem ser aguardadas para melhor avaliar o paciente; as
cirurgias ou eletivas, são aquelas que possuem data e horário marcado, por exemplo
uma cesárea a escolha da gestante, já no caso da maioria das cirurgias plásticas
constituem- se como opcionais, pois ficam a escolha do paciente a realização ou não
do procedimento.
A cirurgia também pode ser classificada conforme sua finalidade: diagnóstica
ou exploratória, quando é realizada para se visualizar as partes internas e/ou realizar
biópsias, como a laparotomia exploradora; curativa, quando é necessária a correção
de alterações orgânicas, como no caso da apendicectomia; reparadora, quando é
necessário reparar diversos ferimentos (enxerto de pele); reconstrutora, quando se é
realizada uma reconstituição (cirurgias plásticas); e paliativa, quando determinado
problema necessita ser corrigido para amenizar alguns sintomas de uma doença, na
qual não há probabilidade de cura ( gastrostomia em um paciente com câncer de
estômago metastático).
As cirurgias levam a alterações estruturais e funcionais paciente, sendo
necessário um tempo para adaptação. É habitual o tratamento cirúrgico oferecer
benefícios à qualidade de vida do indivíduo, no entanto é necessário entender que
este, sempre gera um impacto, seja positivo ou negativo, nos aspectos físico,
psicoemocionais e sociais.
Com este entendimento, torna-se mais fácil a realização de uma comunicação
interpessoal mais individualizada, assim como prestar ao paciente orientações mais
apropriadas. Os comportamentos emocionais possuem ligação direta com a visão que
o paciente e seus familiares concedem à cirurgia, sendo a ansiedade pré-operatória
a mais comum. Desta forma, a cirurgia e os procedimentos diagnósticos tendem a
37
gerar uma invasão física, emocional e psicológica, em algumas cirurgias ocorre
também uma invasão social, gerando mudanças no estilo de vida.
A concordância para realização de uma cirurgia, independentemente do temor
da anestesia, da dor, da morte, do desconhecido e da alteração da imagem corporal,
é frequentemente referente à confiança que o paciente coloca na equipe
multiprofissional e na estrutura do hospital, por isso há uma necessidade de estar
centrado ao tipo de relação interpessoal destinada ao paciente.
O atendimento do paciente cirúrgico é realizado por uma série de setores
comunicáveis, tais como o pronto-socorro, ambulatório, enfermaria clínica ou
cirúrgica, centro cirúrgico (CC) e a recuperação pós-anestésica (RPA). Todos estes,
devem possuir um objetivo global: possibilitar uma experiência menos traumática
possível e promover uma recuperação rápida e segura ao cliente.
O ambulatório ou pronto-socorro realiza a anamnese, o exame físico, a
prescrição do tratamento clínico ou cirúrgico e os exames diagnósticos. A decisão pela
cirurgia, muitas vezes, é tomada quando o tratamento clínico não surtiu o efeito
desejado. O cliente pode ser internado um ou dois dias antes da cirurgia, ou no mesmo
dia, dependendo do tipo de preparo que a mesma requer.
O cliente do pronto-socorro é diretamente encaminhado ao centro cirúrgico,
devido ao caráter, geralmente, de emergência do ato cirúrgico. O centro cirúrgico é o
setor destinado às intervenções cirúrgicas e deve possuir a recuperação pós-
anestésica para prestar a assistência pós-operatória imediata.
Em relação aos sufixos utilizados na composição da terminologia cirúrgica,
temos os destacados na figura abaixo. Além destes, encontram-se as denominações
com o nome do cirurgião que iniciou a técnica cirúrgica, como por exemplo Billroth,
que é um tipo de cirurgia gástrica, ou ainda, o uso de alguns termos específicos como
exérese, que diz respeito a remoção de um órgão ou tecido.
38
Figura 1:Sufixos mais utilizados na terminologia cirúrgica
39
Figura 2: Período pré-operatório
40
anestésico‑cirúrgico, promovendo um preparo emocional de eficácia e eficiência ao
paciente, sendo as informações passadas de extrema importância para diminuir o
grau de ansiedade do mesmo.
O preparo pré-operatório, por meio do uso de instrumentos de observação e
avaliação das necessidades individuais, possui como objetivo a identificação de
alterações físicas (hipertensão arterial, presença de feridas, diabetes mellitus, etc..),
emocionais (ansiedade, medo, condições afetadas com a internação, etc.) do
paciente, visto que influenciam nas condições cirúrgicas, podendo afetar o sucesso
da cirurgia ou até mesmo gerar um adiamento.
No que diz respeito aos fatores físicos que podem afetar a realização do ato
cirúrgico pode-se citar: desnutrição, obesidade, elevada idade, hipertensão arterial,
diabetes mellitus, entre outros. Exemplificando, numa cirurgia de um paciente
hipertenso, o cirurgião terá maior dificuldade em conter o sangramento, após a
separação de tecidos para abordar determinado órgão (diérese), já em um paciente
tabagista tende a ocorrer um provável desenvolvimento de broncopneumonia no pós-
operatório., devido a um maior acúmulo de secreção pulmonar.
Desse modo, por meio do ponto de vista ético e técnico, todas as condutas de
enfermagem devem garantir o conforto, a segurança e o mínimo risco de infecção ao
paciente; este devendo ter o esclarecimento acerca do procedimento que será
realizado, já que o simples fato de não saber o que vai ser feito pode deixa-lo inseguro
em relação à sua saúde.
Caso o paciente possua alguma experiência cirúrgica anterior negativa, cabe a
equipe de enfermagem respeitar este fato instigando-o a reconhecer os fatos que
propiciem a nova intervenção. Apesar de receber todas orientações e apoio pela
enfermagem, o paciente pode recusar-se a passar pela cirurgia, revoltar-se com a
equipe multiprofissional, e inclusive familiares.
É necessário que a equipe compreenda este comportamento como
possivelmente decorrido da ansiedade em relação ao procedimento. O paciente, bem
como sua família possuem direito à orientação clara e precisa acerca do diagnóstico
clínico, cirurgia indicada e provável prognóstico. Apenas depois do esclarecimento e
do entendimento dessas informações o paciente ou responsável legal possuirá
condições para assinar o termo de consentimento para a cirurgia, mais conhecido
como termo de responsabilidade.
FRIAS; COSTA; SAMPAIO (2010) lecionam:
41
Outro ponto é a necessidade de o enfermeiro interligar os aspectos humanos
individuais do paciente às nuances do relacionamento interprofissional e seus
inúmeros conflitos, já que se tratou da assistência em uma unidade de
trabalho fechada, onde diversas categorias atuam e possuem características
e ideias diversas. O enfermeiro assume as atividades cotidianas de
gerenciamento do ambiente de trabalho contemplando atividades técnicas,
assistenciais, de ensino e pesquisa. É fundamental que ele desenvolva
habilidades múltiplas, tanto científicas e de desenvolvimento da enfermagem
quanto no desenvolvimento tecnológico, para a utilização de materiais que
se modernizam continuamente.
[...] para alcançar a integralidade no atendimento, é de extrema importância
que o enfermeiro conheça o indivíduo a quem irá prestar assistência. FRIAS;
COSTA; SAMPAIO (p.345-352, 2010)
42
ENFERMAGEM NO TRANSOPERATÓRIO
O termo enfermagem perioperatória possui um sentido amplo, o qual abrange
os períodos pré operatório, transoperatório e pós-operatório. Dessa forma, a
enfermagem perioperatória baseia-se em seis princípios: integralidade,
individualidade, participação, continuidade, documentação e avaliação.
O enfermeiro é o responsável pelo planejamento e pela implementação de
intervenções de enfermagem que previnam as complicações relacionadas ao
procedimento anestésico cirúrgico, realizando assistência ao paciente juntamente
junto a equipe multiprofissional, decidindo o melhor posicionamento para o paciente
no preparo operatório, favorecendo os processos do ato anestésico-cirúrgico.
Deste modo, o enfermeiro reconhece as alterações anatômicas e fsiológicas do
paciente relacionadas ao tipo de anestesia, tempo cirúrgico e procedimento a que será
submetido, para que não ocorra complicações no período pós-operatório.
Os pacientes passam considerável período de tempo sobre a mesa cirúrgica,
submetidos aos efeitos de analgésicos e relaxantes musculares, que apesar de serem
necessários, geram um quadro de fragilidade e dependência física.
Se faz necessário ainda, o ato de colocá-lo e mantê-lo em variadas posições
que atendam às exigências da técnica cirúrgica e exponham o sítio operatório, dessa
forma, as ações realizadas pela equipe de enfermagem devem ser planejadas com
atenção visando o sucesso no procedimento a ser realizado.
Figura 3: Posicionamento Cirúrgico do Paciente
43
O posicionamento cirúrgico do paciente é uma conduta que necessita de
competência profissional, devendo ser preciso e julgado como fator crucial na
realização segura do procedimento cirúrgico, visando a promoção do bem-estar e da
segurança, assim como prevenção dos eventos adversos. Nesse sentido, para que
um posicionamento de qualidade, é essencial ocorrer um planejamento da
assistência, bem como o trabalho em equipe e a utilização de dispositivos e
equipamentos de posicionamento específicos para cada paciente, como demonstrado
na figura acima.
Deste modo, é essencial registrar e documentar toda a assistência realizada,
mobilização, meios de proteção utilizados, locais e quadro clínicodo paciente.
Pertencendo em particular, ao enfermeiro, a função de executar os cuidados que
amparem o paciente de uma melhor forma, e saber idenificaros fatores de risco
relativos ao posicionamento cirúrgico, para que sejam adotadas medidas eficazes que
contribuam na recuperação e estabilização do mesmo.
44
ENFERMAGEM NA SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA
O cuidado com a segurança do paciente cirúrgico precede a descoberta da
anestesia. No ano de 1801 em Newcastle foi planejado um local ao lado das salas de
operações, na qual os pacientes submetidos à cirurgia pudessem ser observados no
pós-cirúrgico.
Na década de 1940 determinados aspectos da atividade desta unidade
hospitalar já eram bem delimitadas, em principal, a atuação da enfermagem
especializada com habilidade de reconhecimento de alterações na evolução pós-
anestésica dos pacientes, planejamento e implementação de cuidados específicos
que evitassem complicações relacionadas ao procedimento anestésico cirúrgico.
POPOV; PENICHE (2009), destacam:
Segundo a portaria MS/GM 1884/94 de 11/11/94 que revogou a
portaria MS 400/77 (D.O. U 15/12/77), se estabeleceu a obrigatoriedade da
SRPA para receber no mínimo 2 pacientes simultaneamente em condições
satisfatórias. Esta portaria ressalta que sua capacidade operativa deve
guardar relação com um programa de trabalho determinado para a unidade.
POPOV; PENICHE (p. 953-961, 2009
A Sala de Recuperação Pós Anestésica é a área designada a acolher os
pacientes em pós-operatório imediato submetidos aos procedimentos anestésicos, na
qual são implementados cuidados intensivos, até o momento em que o paciente volte
a estar consciente, com reflexos presentes e com estabilidade dos sinais vitais, para
isto, são fundamentais recursos técnicos e humanos especializados que sirvam de
suporte para prevenção, detecção e implementação precoce dos cuidados
específicos.
As primeiras 24 horas do pós-operatório são a de maior risco ao paciente,
exigindo atenção especial da equipe de saúde, pois este pode manifestar distúrbios
pulmonares, cardiovasculares, renais, entre outros, que devem ser reconhecidos e
tratados com urgência, evitando maiores complicações.
A equipe multiprofissional que atua no período do pós operatório possui como
objetivo fornecer suporte ao paciente no período de recuperação da anestesia, até
que ocorra estabilidade cardiorrespiratória e recuperação do nível de consciência,
prevenir ou tratar possíveis complicações, assim como estabelecer medidas de aliviar
a dor pós-operatória.
Dessa forma os cuidados pós-anestésicos dizem respeito às atividades de
monitorização e tratamento utilizado para o manuseio do paciente após um
procedimento cirúrgico, por meio das diversas fases da recuperação anestésica.
45
Ao receber o paciente na RPA, a equipe deve tranquilizá-lo, informá-lo onde se
encontra e perguntar-lhe se sente algum desconforto. Caso ele se apresente
sonolento ou aparentemente inconsciente, deve-se evitar comentários indevidos, pois
o mesmo pode estar com audição presente. O prontuário deve ser lido com atenção,
de forma que o mesmo possui informações acerca do tipo de anestesia, anestésico
recebido, cirurgia realizada, intercorrências e recomendações especiais.
Os frascos de soro, sangue e derivados devem ser colocados no suporte,
sendo realizado o controle de gotejamento e das infusões eliminadas pelas sondas,
drenos e cateteres, estes devendo ser conectados às extensões e fixados no leito ou
em um local adequado.
Para os pacientes em que anestesia geral foi utilizada, o decúbito dorsal
horizontal sem travesseiro é a posição mais indicada, mantendo a cabeça lateralizada
para evitar aspiração, caso ocorra vômitos. Já indivíduos utilizando sonda
nasogástrica (SNG), a posição Semi Fowler é preferencial, visando a prevenção da
ocorrência de esofagite de refluxo. Com intuito de evitar quedas, as grades das camas
devem permanecer elevadas.
Geralmente, os pacientes tendem a apresentar um quadro de hipotermia ao
retornar da cirurgia, devido a ação depressora do sistema nervoso, gerada pela
anestesia. O primeiro passo para reversão do quadro é aquecê-los com cobertores,
fechar as janelas, ligar o aquecedor de ambiente e controlar sua temperatura
frequentemente. É extremamente contraindicada a aplicação de bolsa de água
quente, devido o risco de desenvolvimento de queimaduras.
Em relação ao curativo, é necessário avaliar se o mesmo está muito apertado
ou causando edema no local; se está frouxo ou se desprendendo da pele; ou se possui
sangue, o que tende a indicar sangramento ou hemorragia. Nestes casos, a equipe
de enfermagem deve solicitar avaliação médica ou refazer o curativo, mantendo maior
monitoramento desse paciente.
46
ENFERMAGEM DA GERÊNCIA À ASSISTÊNCIA
Por gerenciar profissionais diretamente a ele subordinados, o enfermeiro,
muitas vezes, na tentativa de proporcionar maior proximidade entre os profissionais
de enfermagem, assume um estilo de liderança democrática ou participativa, porém,
isso ocasiona conflito com a administração superior, levando o enfermeiro a moldar
seu estilo de liderança para autocrático. Com isso, a equipe irá apenas executar suas
ordens e, em consequência disso, produzirá quantitativamente bem, mas
qualitativamente mal, e sempre sem o conhecimento da totalidade do trabalho
realizado. Em serviços de saúde, é raro encontrar liderança democrática como modelo
de gerência em enfermagem, pois os níveis hierárquicos superiores são os
responsáveis pela elaboração de normas a serem seguidas (KURCGANT et al., 1991).
Segundo SPAGNOL (2005), o enfermeiro, para gerenciamento da assistência
em enfermagem, utiliza métodos e estratégias de gestão oriundos da teoria clássica
da administração. De acordo com MARQUIS; HUSTON (2010), a teoria clássica da
administração tem sua caracterização pela ênfase na estrutura organizacional, com
visão do homem econômico e pela máxima eficiência. Os autores citam ainda que
Henri Fayol, em 1925, foi o primeiro a identificar as funções administrativas de
planejamento, organização, comando, coordenação e controle.
Em concordância, SILVA; MENDONÇA; COSTA (2005), discorrem sobre as
atividades desenvolvidas pelo enfermeiro dentro do seu campo de atuação,
abrangendo desde as gerenciais até as assistenciais. Também são trabalhadas a
educação continuada, a pesquisa, a competência e a eficiência emergente da
introdução dos princípios da administração científica e burocrática, como essenciais
para o desenvolvimento de suas atividades no coletivo e na área hospitalar.
Para que o enfermeiro desempenhe uma gerência inovadora na busca pela
melhoria na qualidade da assistência de enfermagem, com maior satisfação para a
equipe e organização às quais presta serviço, a liderança e a comunicação são
estratégias fundamentais. Além disso, o embasamento teórico consiste em um
norteador nesse processo. Dar ênfase na comunicação é extremamente essencial,
pois a mesma aproxima o líder de seus liderados (GALVÃO et al., 2000).
De acordo com SPAGNOL (2005), a gerência de enfermagem, especificamente
a desenvolvida no âmbito hospitalar, tem assumido uma relevância significativa na
articulação entre os vários profissionais da equipe, organizando o processo de
trabalho da enfermagem para a concretização de ações junto aos clientes, na busca
47
por melhoria nos serviços prestados, atendendo, assim, as necessidades das pessoas
em processo de doença-saúde. O autor destaca, também, que na enfermagem o
enfermeiro é o profissional legalmente responsável por assumir as atividades
gerenciais, a quem compete a coordenação de auxiliares e técnicos em enfermagem.
DESTARTE; SVALDI; SIQUEIRA (2010) mostram que, na prática, a
enfermagem constrói um processo expressivo na área de saúde hospitalar, tomando
decisões coerentes e rápidas conjuntamente com outros profissionais, ou, até mesmo,
de forma independente, contribuindo de maneira significativa para manutenção e
recuperação da vida. Os profissionais de enfermagem conhecem todos os espaços
que constituem o ambiente hospitalar. Os autores acreditam que o enfermeiro tem
potencial transformador, devido à capacidade de pensar, elaborar respostas aos
problemas emergentes e agir criativamente na busca do equilíbrio, para si e para os
demais conjuntos da organização, adquirido no decorrer da sua atividade realizada
como coordenador e gerente de sua equipe.
Na prática, o enfermeiro tem se limitado ao cumprimento de cuidados rotineiros,
à execução de prescrições médicas, às exigências da administração da organização
hospitalar. A administração da assistência de enfermagem tem como centro o cliente
é orientada para a assistência e envolve o planejamento, a direção, a supervisão e a
avaliação das atividades desenvolvidas pelos seus subordinados, visando o
atendimento das necessidades dos pacientes. O planejamento conduz a uma
organização do trabalho. Para que isso se efetive, faz se necessário que os indivíduos
responsáveis pela administração e os que levarão a efeito as propostas, trabalhem de
forma integrada. (KURCGANT et al., 1991).
48
COTIDIANO DA ENFERMAGEM NO CENTRO CIRÚRGICO
O estilo de vida contemporâneo, aliado às condições de trabalho A que muitos
profissionais de saúde estão expostos, tornou-se uma das preocupações e que podem
influenciar o bem estar psicossocial do indivíduo. Entre os problemas mais comuns,
está o estresse, que coloca diretamente em risco a saúde dos membros da
organização, e tem como consequência o desempenho ruim, a baixa moral, a alta
rotatividade, o absenteísmo e a violência no ambiente de trabalho.
Em se tratando de enfermeiros atuantes em ambientes fechados, o risco de
desenvolver problemas de saúde é ainda maior. Segundo o estudo realizado, a
maioria dos trabalhadores de enfermagem encontram-se em uma exposição
intermediária ao estresse ocupacional. (SCHMIDT, 2009).
Por isso, dá-se importância a programas que criem um ambiente motivador e
diferenciado. O enfermeiro gerente do centro cirúrgico, como cita SVALDI; SIQUEIRA
(2010), deve apoiar-se nas relações pessoais, sendo essencial o cultivo e o
fortalecimento dos valores dos seres humanos, entre os quais, o respeito, a gentileza
e a amorosidade, a humanidade, os quais estão além do cumprimento das regras e
leis trabalhistas.
Além das funções assistenciais competentes exclusivamente aos enfermeiros,
o desenvolvimento de procedimentos de intervenção vêm demandando novas
práticas não relacionadas diretamente ao cuidado, como o controle de infecção
hospitalar, o controle de qualidade, a captação de órgãos, a gerência da higiene
hospitalar, entre outros. Porém, essas novas funções não devem de forma alguma
desmerecer ou atrapalhar os serviços assistenciais ao cliente (BARTOLOMEI;
LACERDA, 2006).
Segundo DOS SANTOS; GARLET; DA SILVA LIMA (2009), a gerência de
enfermagem tem sido amplamente marcada por questões burocráticas inerentes ao
desenvolvimento da profissão, como a organização do trabalho e o gerenciamento do
setor saúde, especialmente no âmbito hospitalar. Constituíram-se historicamente, sob
influência taylorista/fordista da administração clássica e do regime burocrático. Para
que isso seja minimizado e se tenha uma atividade gerencial mais eficiente, há a
necessidade da incorporação de novos conhecimentos e habilidades ao exercício
gerencial do enfermeiro, como competência relacional, ética, política e humanista.
Sendo assim, o bom desempenho do CC está diretamente condicionado ao
bom gerenciamento e coordenação realizado pelo enfermeiro, combinados ao bom
49
estado de conservação dos materiais, instalações físicas, equipe especializada e
recursos tecnológicos. Os autores propõem, para maior efetividade nos processos
desenvolvidos, a criação de programas de avaliação, com base em critérios
previamente escolhidos, garantindo, ao enfermeiro gestor, a verificação da qualidade
da sua gestão. Para isso, podem ser adotados indicadores, nos processos, de
resultados e da estrutura, destarte, o enfermeiro poderá melhor desenvolver seu plano
de atuação ou corrigir erros, melhorando a gestão do centro cirúrgico (DUARTE;
FERREIRA, 2006).
Muitas atividades são desenvolvidas pelo enfermeiro do centro cirúrgico, e o
seu estilo de liderança condiciona diretamente o sucesso ou fracasso de suas
atividades, como enfatiza SPAGNOL (2005). Por trabalhar em um local em que há
equipes multiprofissionais atuando, o bom exercício de sua gerência é fundamental.
Para isso, o enfermeiro precisa deixar de supervalorizar somente o controle, a
hierarquia, a ordem e a impessoalidade, para que assim possa ter uma prática que
viabilize um processo de trabalho com base no diálogo, na participação e no debate
junto à equipe, adotando, então, melhores decisões.
Durante a graduação, o estudante de enfermagem cursa várias disciplinas, em
sua grande maioria, direcionadas ao processo saúde/doença; poucos são as
destinadas aos processos gerenciais e administrativo/burocrático. De acordo com
ALENCAR, DINIZ; LIMA (2004), o enfermeiro tem sido, no decorrer de sua história,
associado ao conhecimento empírico, conhecimento científico, realizando suas
atividades não apenas em normas disciplinares, mas também de acordo com a
repetição decorrente de sua atuação. A enfermagem torna-se ciência em saúde,
passando a exigir dos profissionais de enfermagem, procedimentos não mais
mecanizados e, sim, técnicas sistematizadas e recursos gerencias em saúde.
Os hospitais estão atendendo pacientes cada vez mais graves, e estes, em
alguma fase de seu tratamento, dependerão de procedimentos realizados dentro do
CC. É um equívoco grave considerar o CC como apenas mais uma unidade do
hospital; este deve ser visto como o coração do mesmo, o qual, não raramente, recebe
pacientes em condições de morte iminente. Portanto, um planejamento deve ser
dimensionado para atender os casos previstos e também os imprevistos. O enfermeiro
gestor do CC tem, por atividade, gerenciar o local, que, por sua vez, deve estar
prontamente preparado para atender essa demanda.
50
Os novos modelos de gestão têm exigido uma postura inovadora por parte dos
gestores, e, portanto, é necessário desenvolver novas competências que contribuam
para ampliação da vida organizacional, bem como para o reconhecimento do potencial
dos profissionais que integram a equipe de saúde. É imprescindível, para a qualidade,
a eficácia no funcionamento do setor.
O centro cirúrgico é um território desconhecido para o cliente, repleto de
pessoas que expõem e invadem seu corpo. Desta forma, o enfermeiro deve orientar
sua equipe para que os mesmos não se tornem profissionais mecanizados, ao ponto
de atender o cliente como se esses fossem meras máquinas. A comunicação nesse
local deve ser pautada e instrumentalizada, usufruindo de um diálogo que proporcione
conforto e equilíbrio emocional para o cliente nesse momento (FIGUEIREDO; LEITE;
MACHADO, 2006).
Para FELDMAN; RUTHES; CUNHA (2008), a criatividade e a inovação são
recursos que os profissionais de enfermagem estão utilizando cada vez mais para a
realização de seu trabalho, inclusive em local repleto de medo e incertezas como o
CC. O enfermeiro é o profissional que aplica essas competências, pois, às vezes, é
necessária a busca por soluções imediatas e inéditas para prestar uma assistência
segura, prevendo riscos e aprimorando a qualidade. Do ponto de vista dos autores,
as organizações estão cada vez mais buscando profissionais com essas
competências, aliadas a uma assistência humanizada na prestação dos serviços.
No entanto, a área de enfermagem, no que diz respeito às atividades
assistenciais e gerenciais, envolve ações com complexidade e especificidade, o que
demanda conhecimento e estudos de modelo de gestão na aquisição de novas
ferramentas que possam viabilizar o trabalho. A tendência nas organizações de saúde
é a busca de competências que auxiliem os profissionais nas suas necessidades, em
especial nos serviços de gerência. Cabe, portanto, ao enfermeiro gestor estar atento
e preparado às mudanças, buscando alternativas sustentáveis para o serviço de
enfermagem, contribuindo com a organização de saúde na melhoria da gestão, o que
impacta o atendimento aos clientes (RUTHES; CUNHA, 2007).
Em busca de técnicas modernas e inovadores, o CC está em constante
evolução tecnológica, utilizando inúmeros equipamentos para suprir o atendimento
em diferentes especialidades médicas. Para isso, a atuação do enfermeiro deve ser
baseada em um processo de trabalho planejado, com uma série de ações integradas,
para proporcionar uma assistência adequada ao cliente, à equipe cirúrgica e de
51
enfermagem, como serviços gerais e de manutenção, entre outros. Profissionais
atuantes no local (SILVA; GALVÃO, 2007).
No centro cirúrgico, a dinâmica do trabalhador, com o relacionamento dos
profissionais que atua na referida unidade, deve acontecer de forma harmoniosa.
Sendo assim, é indispensável um trabalho integrado, com profissionais treinados e
capacitados, favorecendo o enfrentamento das exigências impostas pelo referido
ambiente, visando à segurança e ao bem estar do cliente. O centro cirúrgico é um
local fechado, de risco, repleto de normas e rotinas; considerando o número elevado
de procedimentos anestésico-cirúrgicos realizados e a complexidade da unidade,
exige-se do enfermeiro gerente, além de conhecimento científico, responsabilidade,
habilidade técnica, estabilidade emocional, aliados aos conhecimentos de relações
humanas. Dessa forma, favorece-se a administração de conflitos que são frequentes,
em especial devido à diversidade de profissionais que ali atuam (STUMM; MAÇALAI;
KIRCHNER, 2006).
FIGUEIREDO; LEITE; MACHADO (2006) salientam que o enfermeiro que
realiza a gerência do CC, tem relação com toda a organização hospitalar, apesar de
se tratar de um ambiente fechado, de exclusividade para os profissionais que ali
trabalham, e para os clientes que irão ser submetidos a algum procedimento cirúrgico.
O enfermeiro tem que estar em constante comunicação com a unidade de
recuperação pós-anestésica, a central de material e esterilização, a unidade de terapia
intensiva, os quartos privativos, as enfermarias, a portaria/recepção da instituição etc.,
para que assim ele possa dimensionar as cirurgias, bem como os clientes pós-
cirúrgicos.
De acordo com MAQUIS; HUSTUN (2010), o conflito é resultante da
discordância interna ou externa por diferenças de ideias, valores ou sentimentos entre
duas ou mais pessoas. Uma vez que a liderança tem relações interpessoais com
indivíduos que apresentam uma série de valores, como antecedentes e metas
diferentes, diversificação de valores econômicos e profissionais, escassez de
recursos etc., são recorrentes os conflitos nas organizações. Para resolver esses
conflitos, o enfermeiro deve conhecer sua origem, minimizar as condições que
influenciem situações conflitantes, realizar o mapeamento das responsabilidades,
promover métodos de negociação, estabelecer consenso entre as partes, entre
outros. No entanto, os autores enfatizam que pouco conflito resulta em estagnação
52
organizacional e pode imobilizar os funcionários. Assim, o enfermeiro deve ter uma
gestão estratégica pré-definida e, para isso, o planejamento é crucial.
53
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é o método de trabalho
que visa a melhora da qualidade da assistência prestada ao paciente através do
planejamento individualizado das ações elaboradas pelo Enfermeiro.
A SAE constitui o Processo de Enfermagem (PE) que é desenvolvido em cinco
etapas, sendo elas: Histórico de Enfermagem/Coleta de Dados; Diagnóstico de
Enfermagem; Planejamento de Enfermagem, Implementação de Enfermagem e
Avaliação.
54
O processo de enfermagem é caracterizado pelo inter-relacionamento e
dinamismo de suas fases ou passos, sendo cinco passos em sua totalidade. O
processo de acordo com a Resolução COFEN 358/2009, deve ser realizada em todos
ambientes de prestação de serviços de saúde, sejam públicos ou privados.
55
e auxiliar são destinadas apenas a execução de tarefas delegadas pelo enfermeiro
sob sua supervisão.
Dadas as características já citadas do processo de enfermagem é possível
corrigir erros em qualquer uma das fases e também a previsão simultânea de todas
as fases, assim é que ao fazermos o diagnóstico e mesmo na própria coleta de dados
já teremos uma ideia do prognóstico; somente por razões didáticas e de
sistematização estas fases são separadas.
O processo de enfermagem introduziu termos como assistência e cuidado de
enfermagem. Para muitos profissionais são sinônimos., porém, de modo geral a
assistência de enfermagem diz respeito a aplicação, pelo enfermeiro, do processo de
enfermagem para prestar o conjunto de cuidados e medidas que visam atender as
necessidades básicas do paciente. Já o cuidado de enfermagem é a ação planejada,
deliberativa ou automática da do profissional por meio de sua observação crítica.
O cuidado de enfermagem pode implicar em várias atividades, por exemplo, a
higiene oral; avaliação da capacidade de autocuidado; condições da cavidade bucal;
explicação de procedimentos ao paciente; encaminhamento ao odontologista, caso
necessário, etc.
Para concluir esta exposição resta-nos ainda conceituar e enumerar os
instrumentos básicos indispensáveis ao profissional de enfermagem para a realização
do processo de enfermagem ou, de modo geral, para a assistência de enfermagem
em qualidade e quantidade que se espera.
Os instrumentos básicos são as habilidades, conhecimentos e atitudes
indispensáveis para a execução de uma atividade. Estes podendo ser enumerados,
no entanto possuindo o mesmo valor: observação, comunicação, aplicação do método
científico, aplicação de princípios científicos, destreza manual, planejamento,
avaliação, criatividade, trabalho em equipe, utilização dos recursos da comunidade.
O diagnóstico de enfermagem pode ser considerado o eixo norteador da
sistematização. Diz respeito ao estado de saúde/doença com um julgamento clínico
sobre respostas potenciais do paciente, da família ou comunidade, aos problemas de
saúde, proporcionando embasamento para elaborar as intervenções de enfermagem
de forma a alcançar resultados pelos quais o enfermeiro é responsável, o que facilita
o cuidado da enfermagem.
56
Figura 6: Etapas do Processo de Enfermagem
57
Figura 7: Exemplo de Histórico de Enfermagem
58
O Histórico de Enfermagem e Exame Físico é composto por: identificação,
entrevista, exame físico e exames laboratoriais importantes, como mostram a Figura
6. O exame físico de enfermagem está subsidiado nas necessidades básicas
humanas que a Teoria de Wanda Aguiar Horta destaca, cujo objetivo é identificar as
possíveis necessidades afetadas no paciente.
O histórico de enfermagem, também conhecido como coleta de dados, é um
roteiro sistematizado de coleta de dados no qual se pode identificar possíveis
problemas, por meio da investigação das condições de saúde do paciente, tendo por
finalidade conhecer os hábitos individuais e biopsicossociais, visando a identificação
de problemas reais e/ou potenciais.
A coleta de dados precisos e fidedignos é imprescindível para a identificação
dos problemas reais ou potenciais do paciente, visando a identificação dos
diagnósticos de enfermagem e o direcionamento das demais etapas do processo de
enfermagem.
59
O diagnóstico de enfermagem é considerado a etapa mais complexa do
processo de enfermagem, por se constituir como um grande desafio para o
enfermeiro, já que este tem a responsabilidade de utilizar do raciocínio crítico e
conhecimentos técnicos para interpretação dos dados obtidos durante o exame físico
e informações apresentadas pelo paciente durante a anamnese.
Figura 8: Construção de diagnóstico de Enfermagem
60
Figura 9: Necessidades Humanas Básicas
61
análise do histórico de enfermagem e exame físico. Devem ser avaliadas
constantemente a fim de saber se estão sendo positivas.
Figura 10: Prescrição de Enfermagem
62
sistemas de classificação, também conhecidos como taxonomias, contribuem para a
promoção da autonomia do enfermeiro no julgamento das necessidades de cuidado
do cliente (pessoa, família ou coletividade), facilitando o uso dos conhecimentos
específicos da Enfermagem e possibilitando a realização de estudos sobre a
qualidade do cuidado de enfermagem.
Em relação aos Diagnósticos de Enfermagem a Taxonomia mais utilizada é a
NANDA (North American Nursing Diagnosis Association), que dispõe uma série de
diagnósticos de enfermagem, visando a padronização desses diagnósticos por meio
de domínios e classes.
O NIC (Nursing Interventions Classification) diz respeito às intervenções de
Enfermagem a serem realizadas de acordo com os diagnósticos verificados pelo
profissional de enfermagem, no processo de implementação. Já o NOC (Nursing
Outcomes Classification) é a classificação taxonômica utilizada para os resultados
esperados, frente as intervenções realizadas pela equipe.
Figura 11: Taxonomia NANDA, NIC e NOC
63
CONCLUSÃO
O ser humano como parte pertencente ao ambiente está suscetível a uma
condição de equilíbrio e desequilíbrio no tempo e no espaço, diferenciando-se dos
demais seres vivos por sua habilidade de reflexão, por possuir a capacidade de
imaginação e simbolização e conseguir unir presente, passado e futuro. Estas
características do ser humano permitem sua unicidade, autenticidade e
individualidade.
Um indivíduo doente que está hospitalizado expõe uma instabilidade de suas
necessidades humanas básicas que possui como efeito o estresse, sendo este mais
elevado ao ser recomendado a realização de um procedimento cirúrgico.
A enfermagem como ciência e profissão que trabalha de forma direta com seres
humanos, necessita prestar assistência ao paciente em toda sua complexidade e para
isso carece de anotações completas e objetivas em relação ao quadro clínico deste,
dessa forma é crucial que o embasamento científico seja assegurado, visando a
promoção da saúde e a recuperação da doença.
Em enfermagem, o verbo assistir diz respeito a: fazer pelo ser humano tudo
aquilo que ele não consegue realizar sem ajuda; auxiliar quando este se encontra com
dificuldades em relação ao autocuidado; orientar, supervisionar e encaminhar a outros
profissionais, quando necessário. A ciência da enfermagem compreende o estudo das
necessidades humanas básicas, dos fatores que alteram sua manifestação e
atendimento, e na assistência a ser prestada. A enfermagem respeita e mantém a
unicidade, autenticidade e individualidade do ser humano, sendo sua assistência
prestada ao indivíduo e não à doença.
64
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