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net/publication/349320133
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Sara Alexandre
University of Porto
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All content following this page was uploaded by Sara Alexandre on 15 February 2021.
This research project aims to analyze the individual and prison factors that predict
drug use in prison. In this sense, the literature corresponding to the theme was analyzed,
and the empirical study was subsequently developed. The latter is of a quantitative nature,
and the method of data collection is the application of a questionnaire to individuals
imprisoned in five Portuguese male prisons, distributed throughout the country. Through
literature analysis, it is expected that there will be a positive correlation between being
single, separated or widowed, having a criminal and prison history, having a history of
drug use, maintaining an association with problem prisoners, a negative prison climate,
and drug use in prison. It is also expected that there is a negative correlation between age,
education, number of children, number of visits, participation in activities / work in
prison, and drug use in prison. Furthermore, it is to be expected that being younger, being
single, separated or widowed, not having children, having a lower education level, having
a criminal and prison history, having a history of drug use, maintaining an association
with problematic prisoners , not having visits, not participating in educational activities
or paid work, and a negative prison climate, are predictive factors of drug use in prison.
Regarding the initiation of drug use in prison, it is expected that there is a positive
correlation between being between 20 and 31 years old and the initiation of drug use in
prison, as well as between criminal and prison history and initiation of drug use. in
prision. That said, the project is concluded with the presentation of some considerations
regarding the subject under analysis, as well as some limitations and difficulties
associated with the empirical study.
Key-words: Drug use; Prison; Predictive factors; Individual factors; Prison factors
Índice
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1.Objetivos/hipóteses ................................................................................................ 14
2.Metodologia ............................................................................................................ 15
V. BIBLIOGRAFIA....................................................................................................... 23
Assim, importa perceber quais os fatores que podem influenciar este consumo
ilegal e prejudicial para os consumidores, para assim se poder prevenir este tipo de
consumo.
No que refere à estrutura do projeto, esta passa, num primeiro momento, pela
contextualização do problema aqui tratado, analisando a literatura relativa ao consumo de
drogas por parte de indivíduos recluídos, e comparando-a. De seguida, ingressando no
estudo empírico aqui trabalhado, são definidos o objeto e o objetivo do estudo, e são
apresentadas algumas hipóteses referentes ao mesmo. Ainda quanto ao estudo empírico,
é apresentada a metodologia a ser utilizada, especificando qual a amostra, quais os
procedimentos a ser adotados, quais as medidas a ser estudadas e de que forma estas serão
operacionalizadas, e, ainda, qual o método de análise de dados a ser empregue. Num
terceiro momento, são indicados quais os resultados que se esperam obter com a aplicação
do projeto, e por último, quais as conclusões que se podem retirar deste.
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I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
O estudo do consumo de drogas no contexto prisional é uma questão que tem
vindo a ser abordada internacionalmente. É um facto que tem havido um aumento do
consumo de drogas dentro das prisões ocidentais a partir dos finais dos anos 70 (Stöver
et al. 2008 como citado em Mjåland 2014), problema que se generalizou a nível mundial,
desde a década de 80 (Maden et al. 1990, 1992; Turnbull 1991, 1992; Farrel and Strang
1992; Keene 1996 como citado em Keene 1997). Como cita Keene (1997), a Organização
Mundial de Saúde (1987,1990) indica que os problemas do uso indevido de drogas na
prisão são agora reconhecidos a nível internacional, sendo assumido, através da revisão
de resultados do sistema de monitorização do consumo de drogas, que o sistema de justiça
criminal concentra um grande número de utilizadores de drogas (Leukefeld & Tims,
(1993 como citado em Gillespie 2005). Assim, diversos têm sido os estudos realizados
neste âmbito, concretizados em diferentes países e em variadas populações, para perceber
tanto a prevalência como os fatores do uso de drogas na prisão.
2
escolaridade, o estado civil, a existência de filhos e a situação laboral antes da reclusão.
Alguns estudos incluem ainda a situação familiar na infância, designadamente ter saído
precocemente de casa e conviver com familiares que consomem drogas. A história de
consumo de drogas é igualmente um dos fatores considerados, já que o mesmo é apontado
como um comportamento continuado (Gillespie 2005), ou seja, os indivíduos dão
continuidade ao seu consumo mesmo estando na prisão, devido à componente aditiva
destas substâncias. A situação jurídica e prisional dos indivíduos (designadamente o tipo
de crime pelo qual os reclusos estão condenados atualmente, a duração da pena que estão
a cumprir, a reclusão prévia e, consequentemente, os antecedentes e duração da mesma,
a associação a reclusos violadores de regras na prisão), e as condições do ambiente
prisional (designadamente, a sobrelotação e oferta de atividades recreativas ou religiosas)
são outras dimensões presentes na literatura empírica.
Alguns dos estudos analisados foram realizados com base nos dois modelos
clássicos desenvolvidos para explicar os padrões de adaptação dos reclusos à prisão
(Schmid & Jones 1993; Cline 1968 como citado em Thomas & Foster 1973): o “modelo
de privação” (Goffman 1961; Sykes [1959] 1971; Skykes & Messinger 1960, como citado
em Schmid & Jones 1993) e o “modelo de importação” (Thomas 1973; Thomas e
Peterson 1977, como citado em Schmid & Jones 1993). O modelo da privação sugere que
o comportamento do recluso é modificado e moldado segundo o stress associado ao
ambiente prisional (Shammas, 2017), ou seja, as “dores da reclusão” (Sykes 1958, com
citado em Thomas & Foster 1973) provocam uma resposta de adaptação por parte dos
reclusos (Thomas & Foster, 1973). Deste modo, a organização da prisão leva ao
surgimento de uma cultura prisional (Shammas, 2017). Já o modelo da importação indica
que as características sociais prévias à prisão, como a educação do indivíduo e a sua
posição social, se repercutem nas respostas individuais à situação de reclusão (Shammas,
2017). Ou seja, a cultura prisional reflete estas normas, costumes e estilos de vida,
designadamente antissociais, ligados à vida antes da prisão (Shammas, 2017). Neste
sentido, e de forma a sintetizar o que foi referido, o modelo da privação alega que a
“prisionization” (prisionização) é um processo adaptativo desenvolvido pelos reclusos
para lidar com as privações sociais e físicas da reclusão (Sykes & Messinger, 1960;
Thomas e Peterson, 1977; Title, 1972, como citado em Paterline & Orr 2016), levando,
assim, à criação de uma subcultura prisional (Paterline & Orr, 2016), e o modelo de
importação argumenta que esta subcultura, por outro lado, é originada pelas experiências
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pré-prisão e pelas caraterísticas pessoais dos reclusos (Irwin, 1970; Irwin & Cressey,
1962, como citado em Paterline & Orr 2016).
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impulsionadores do consumo de drogas, ajudando assim no aumento da reputação do
recluso na “hierarquia” prisional, já que constitui um comportamento de alto risco. Por
fim, o modelo económico indica que os comportamentos de consumo são movidos por
incentivos económicos. Assim, os reclusos fazem uso do seu poder e estatuto para
influenciar os outros, de forma a levá-los a consumir, para que assim possam explorar
vulnerabilidades e obter ganhos financeiros.
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Com base nestes contributos teóricos, passamos a referir os estudos empíricos
analisados. Nevárez-Sida et al. (2012) realizaram um estudo na população reclusa do
México com o objetivo de determinar os fatores socioeconómicos associados ao consumo
de drogas na prisão. Concernente ao consumo de drogas durante a reclusão, o tipo de
crime pelo qual o recluso foi condenado não foi relevante. Já a duração da condenação e
as condições prisionais negativas, como o abuso ou descriminação, aumentavam a
probabilidade do consumo dentro da prisão, sendo que as condições prisionais positivas
tinham uma associação muito mais baixa com este consumo. Apontou-se a localização
geográfica da prisão como uma variável estatisticamente não significativa no consumo de
drogas na prisão. Salientou-se o consumo de drogas prévio à reclusão como a variável
com maior correlação ao consumo durante a encarceração.
Por sua vez, Rowell e colegas (2012) incidiram o seu estudo sobre preditores do
consumo de drogas na prisão entre homens negros recluídos em prisões americanas, tendo
concluído que uma maior duração do histórico de uso de drogas e um maior tempo de
reclusão no passado estavam intimamente ligados ao consumo de drogas na prisão. No
entanto, os participantes em regime probatório tinham uma menor probabilidade de
consumo na prisão.
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probabilidade do consumo na prisão. No que toca ao histórico prisional, um maior tempo
da reclusão atual já servido aumentava a probabilidade do consumo na prisão das duas
drogas em estudo, assim como um maior número de condenações a pena de prisão
aumentava significativamente a probabilidade de ter usado uma ou ambas as drogas na
prisão. No âmbito do diagnóstico psiquiátrico atual, ter sido diagnosticado com uma
personalidade antissocial estava relacionado com o consumo das drogas durante a
reclusão.
Por último, Gillespie (2005), no seu estudo, destacou a relação existente entre o
consumo de drogas na prisão e indivíduos mais novos, caucasianos, e ainda que não
participavam em atividades religiosas na prisão. Um maior número de anos de reclusão
estava também associado a um maior uso de drogas na prisão. Tanto o consumo prévio
de drogas como a venda destas, foram de igual forma associadas ao consumo dentro da
prisão. Verificou ainda uma relação positiva entre o consumo de estupefacientes e
indivíduos que estavam associados a amigos condenados por infrações na prisão, a
indivíduos que se associavam a amigos que avaliavam negativamente as regras da prisão
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e a indivíduos que avaliavam negativamente as regras da prisão. Concluiu que a interação
entre a aglomeração prisional e o uso prévio de drogas predizem o consumo na prisão.
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Relação entre os fatores identificados nos estudos empíricos e a teoria da importação e
da privação
Tendo em conta os estudos empíricos abordados, aquilo que se observa nos
resultados destes é que nos fatores que se correlacionam positiva e negativamente,
encontramos quer fatores que nos remetem para a teoria da importação quer para a teoria
da privação. Assim, é percetível a importância destas duas teorias no âmbito do consumo
de drogas na prisão, já que estas estão relacionadas com o mesmo.
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e indivíduos que avaliavam negativamente as regras da prisão, estavam associados ao
consumo na prisão, e que a aglomeração prisional, em interação com o uso prévio de
drogas, prediz este consumo.
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casados e mais velhos apresentavam uma menor probabilidade de consumo, e que aqueles
que na sua infância foram separados precocemente de um dos progenitores apresentavam
um maior risco de consumo. Gillespie, no seu estudo (2005), usou o consumo prévio de
drogas e a venda destas como medidas de importação, sendo que a conclusão à qual
chegou indicou que o consumo prévio de drogas estava associado ao consumo dentro da
prisão.
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Fatores nunca estudados
Posto isto, é relevante proceder ao esclarecimento e fundamentação da seleção e
utilização, neste projeto, de fatores nunca antes usados em estudos empíricos desta
natureza.
Na análise da literatura, há um conceito mais recente e relevante que se destaca
no estudo das instituições prisionais. Este conceito trata-se do clima prisional, e engloba
uma diversidade de dimensões que, segundo Liebling e Arnold (2004) (como citado por
Ross et al. 2008), são: bem-estar, poder/autoridade, segurança, ordem, apoio,
desenvolvimento pessoal, contacto com a família, vida social do recluso, respeito,
humanidade, relações, confiança, justiça (fairness), decência, e significado. Liebling e
Arnold (2004), após definirem as dimensões do conceito de clima prisional, construíram
um instrumento capaz de medir o mesmo. Este instrumento denomina-se “Measuring the
Quality of Prison Life” (MQPL), é constituído por 102 itens, e mede 21 dimensões, que
resultam de 5 dimensões categóricas: harmonia (entrada à custódia, respeito/cortesia,
relações entre funcionários e reclusos, humanidade, decência, cuidados aos vulneráveis,
ajuda e assistência), profissionalismo (profissionalismo dos funcionários, legitimidade
burocrática, justiça (fairness), organização e consistência), segurança (policiamento e
segurança (security), segurança (safety) dos reclusos, adaptação dos reclusos, exploração
das drogas), condições e contacto familiar (condições, contacto familiar) e bem-estar e
desenvolvimento (desenvolvimento pessoal, autonomia pessoal, bem-estar, angústia)
(NOMS, 2015).
Apenas uma das dimensões referidas foi medida no âmbito do consumo de drogas
na prisão, sendo ela o bem-estar e desenvolvimento, que se encontra correlacionado com
a participação do recluso em diversos tipos de atividades e trabalhos prisionais
renumerados. No entanto, esta dimensão foi estudada sem fazer referência ao conceito de
clima prisional.
Desta forma, a inspiração para o uso das visitas prisionais como um fator relevante
neste projeto, deveu-se à leitura dos artigos de Ross et al. (2008) e de Ross et al. (2011),
nos quais são estudadas, no âmbito do clima prisional, as visitas, ligadas à dimensão do
contacto familiar. Já a leitura do artigo de Gillespie (2005), que faz referência às
atividades religiosas como um fator de proteção ao consumo de drogas na prisão, inspirou
a seleção de atividades educacionais e de trabalhos remunerados como fatores
possivelmente correlacionados com o consumo de drogas na prisão
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Assim sendo, o clima prisional, tido como um todo, e englobando todas as suas
dimensões subjacentes, as visitas e os trabalhos e atividades educacionais são três fatores
que, segundo a minha pesquisa, nunca foram diretamente utilizados para estudar o
consumo de drogas na prisão.
Posto isto, o clima prisional está associado à perceção dos reclusos e funcionários
da prisão relativamente às características sociais, emocionais, organizacionais e físicas
das prisões (Ross et al. 2008). Ou seja, este clima pode então variar de prisão para prisão,
sendo que esta variação poderá influenciar, para além de outros aspetos, o uso de drogas
na prisão por parte dos reclusos (Ross et al. 2008). Entendendo a importância associada
ao efeito que o ambiente prisional tem nos reclusos, é crucial que as prisões forneçam
controlos externos para conduzir o comportamento do recluso, dentro daquilo que são as
normas e regras prisionais, assim como devem fornecer também características
ambientais que apoiem e ajudem a mudança e o crescimento pessoal dos presos (Lutze
1998, como citado em Ross et al. 2008).
A seleção das visitas como um fator possivelmente relacionado com o consumo
de drogas na prisão deve-se ao facto de, segundo a literatura, estas constituírem um dos
meios mais eficientes para melhorar o comportamento dos reclusos dentro da prisão
(Casey-Acevedo & Bakken 2001; Schafer 1994; Tewksbury & DeMichele 2005;
Wooldredge 1999, como citado em Bales & Mears 2008; Siennick et al 2013), ajudando,
assim, a reduzir os problemas de comportamento e a violação das normas prisionais
(Tewksburry & DeMichele 2005; como citado em Siennick et al 2013). Isto acontece,
porque as visitas, ao permitirem o contacto entre os reclusos e os seus familiares e outros
significativos, vão ajudar na melhoria e fortalecimento dos laços entre estes (Howser et
al., 1983; Howser & MacDonald, 1982 como citado em Jiang & Winfree 2006). Estes
laços familiares fortalecidos legitimam e reforçam as atitudes favoráveis às normas
prosociais (Harer 1995; Nagin, Cullen, & Jonson 2009; Turner et al. 2007 como citado
em Siennick et al. 2013) e o comportamento prosocial (Wright, Cullen & Miller, 2001
como citado em Jiang & Winfree 2006), ou seja, podem diminuir o comportamento anti
institucional (Hensley, Rutland, & Gray-Ray, 2000 como citado em Jiang & Winfree
2006). Deste modo, as visitas prisionais reforçam o envolvimento do recluso na vida
prisional, ajudando a reduzir o seu comportamento problemático, designadamente a
participação em lutas, a posse de drogas e a desobediência das regras prisionais (Harer
1995, como citado em Siennick et al 2013).
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E por último, quanto aos trabalhos e atividades educacionais, devido ao facto de
os reclusos terem, no geral, e quando comparados com a população em geral, um nível
de escolaridade mais baixa e um menor número de competências laborais (Andrews &
Bonta 1994 como citado por Wilson et al. 2000), justifica-se o fornecimento deste tipo
oportunidades aos reclusos na prisão (Wilson et al. 2000). Ainda, para além de ajudar a
reduzir o risco de reincidência, acredita-se também que estes programas e atividades
laborais e educacionais reduzem os comportamentos problemáticos dentro destas
instituições, já que fornecem aos reclusos atividades e ferramentas que reforçam os
comportamentos positivos (Wilson et al. 2000).
Assim, o objetivo principal deste projeto será perceber de que forma estes fatores
estão associados ao consumo de drogas na prisão e identificar a sua relevância relativa
enquanto preditores desse comportamento. Será ainda realizada uma comparação entre
os preditores do consumo iniciado durante a reclusão e do consumo na prisão iniciado
antes da reclusão. É, então, de indicar que o presente estudo é de natureza quantitativa, e
terá como método de recolha de dados um questionário aplicado à população prisional
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Apresenta-se, deste modo, algumas hipóteses relativamente ao presente projeto:
H1: Existe uma correlação positiva entre ser solteiro, separado ou viúvo, ter um histórico
penal e prisional, ter um histórico de consumo de drogas, manter uma associação com
reclusos problemáticos, e o consumo de drogas na prisão.
H2: Existe uma correlação positiva entre um clima prisional negativo (clima prisional
total e cada uma das suas dimensões) e o consumo de drogas na prisão.
H3: Existe uma correlação negativa entre a idade, escolaridade, o número de filhos, o
número visitas, a participação em atividades/trabalhos na prisão, e o consumo de drogas
na prisão.
H4: Ser mais novo, ser solteiro, separado ou viúvo, não ter filhos, ter um nível de
escolaridade mais baixo, ter uma história penal e prisional, ter uma história de consumo
de drogas, manter uma associação com reclusos problemáticos, não ter visitas, e não
participar em atividades educacionais ou trabalhos remunerados, um clima prisional
negativo, são fatores preditores do consumo de drogas na prisão.
H5: Existe uma correlação positiva entre ter entre 20 e 31 anos, ter uma história penal e
prisional, e a iniciação do consumo de drogas na prisão.
2.Metodologia
2.1. Amostra
A população alvo será constituída por reclusos condenados do sexo masculino
com história de consumo de drogas. Serão então selecionadas aleatoriamente cinco
prisões centrais masculinas do território português, de acordo com a sua localização
geográfica. Estas prisões serão, então, duas da área metropolitana do Porto, duas da área
metropolitana de Lisboa e outra de Coimbra, de forma a permitir boa representação
geográfica do país. A seleção da amostra será feita de forma aleatória, para permitir a
diversidade da mesma, sendo esta constituída por um número não inferior a 100/150
reclusos em cada prisão.
2.2. Procedimentos
Concernente ao acesso à amostra, o procedimento a adotar será a redação e entrega
de um pedido de autorização à DGRSP (anexo 1) e ao diretor de cada um dos
estabelecimentos prisionais (anexo 2) de forma a que estes concedam a devida
autorização para a aplicação do questionário aos reclusos. Uma vez concedida a
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autorização, o questionário será aplicado simultaneamente aos indivíduos selecionados
em cada instituição prisional, sendo que estes terão conhecimento do objetivo do mesmo
e terão de conceder a sua própria autorização para a realização deste. Com isto, dirigir-
me-ei às prisões portuguesas selecionadas e entregarei o questionário ao diretor da
mesma, informando-o da importância da individualidade associada ao questionário. Deste
modo, os reclusos preencherão o questionário de forma autónoma e individual, sem
qualquer tipo de contacto com outros reclusos ou guardas prisionais, para que assim se
previna qualquer possível influência nas respostas fornecidas. Para que isto aconteça, é
necessário que a estes seja atribuída uma sala específica, à qual os reclusos se devem
dirigir, ou que aos mesmos seja dada a autorização necessária para que possam
permanecer sozinhos na respetiva cela enquanto procedem ao preenchimento do
questionário.
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Variáveis sociodemográficas: enquadram-se aqui as variáveis da idade, da
escolaridade, do estado civil e o número de filhos. Aqui o recluso indicará qual a sua
idade, em anos completos, no momento de resposta do questionário, qual o nível de
escolaridade mais elevado que completou, qual o seu estado civil do, podendo este estar
solteiro, casado/união de facto, separado ou viúvo, e, por último, apontará o número de
filhos que tem.
Percurso penal e prisional: esta dimensão abarca duas variáveis. A primeira será
medida através do número de condenações a que o recluso foi sentenciado, e a segunda
será medida através do número de condenações a pena de prisão efetiva. É assim
questionado ao recluso sobre a existência ou não de sentenças e penas efetivas anteriores
e, caso estas existam, o número das mesmas. O score total do percurso penal e prisional
será a soma das condenações e das condenações a pena de prisão efetiva.
História de consumo de drogas: aqui é tido em conta o consumo prévio de drogas
por parte do recluso antes da condenação atual. Assim, será solicitado ao indivíduo
recluído para indicar se, de entre a cannabis, anfetaminas, crack, cocaína, heroína,
metadona não prescrita, tranquilizantes ilícitos, solventes e “outros”, já alguma vez
consumiu alguma destas drogas antes de ser condenado à sentença que está atualmente a
cumprir. O score variará entre 0 e 1 (0=não consumiu; 1=consumiu).
2.3.1.2. Adaptação à prisão
As dimensões tomadas como adaptação à prisão são: as visitas, a participação em
trabalhos ou atividades educacionais e os pares problemáticos, sendo que estas serão
centradas no próprio indivíduo e na sua experiência.
Visitas: estas dizem respeito ao facto de o recluso em causa receber ou não visitas
exteriores, tendo este de indicar se recebeu visitas por parte dos progenitores, familiares,
amigos, companheira ou filhos. Assim, o score variará entre 0 e 1 (0= não recebeu visitas;
1=recebeu visitas).
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trabalho; 1=participa em atividades ou em trabalhos; 2=participa em atividades e
trabalhos).
Clima prisional: este conceito abarca diversas dimensões, sendo elas o bem-estar,
o poder/autoridade, a segurança, a ordem, o apoio, o desenvolvimento pessoal, o contacto
com a família, a vida social dos reclusos, o respeito, a humanidade, as relações, a
confiança, a justiça (fairness), a decência, e o significado. Assim, para medir esta variável,
será utilizado, na sua totalidade, o instrumento designado MQPL (Measuring the Quality
of Prison Life) desenvolvido por Liebling assistida por Arnold (2004). Este instrumento
é constituído por 102 itens, e mede 21 dimensões, que resultam de 5 dimensões
categóricas: a harmonia (entrada na custódia, respeito/cortesia, relações entre
funcionários e reclusos, humanidade, decência, cuidados aos vulneráveis, ajuda e
assistência), profissionalismo (profissionalismo dos funcionários, legitimidade
burocrática, justiça (fairness), organização e consistência), segurança (policiamento e
segurança (security), segurança (safety) dos reclusos, adaptação dos reclusos, exploração
das drogas), condições e contacto familiar (condições para contacto com os familiares,
existência de contacto familiar) e bem-estar e desenvolvimento (desenvolvimento
pessoal, autonomia pessoal, bem-estar, angústia) (NOMS, 2015). Estes itens relativos ao
clima prisional, não são centrados no indivíduo, mas sim na perceção dele geral sobre os
aspetos da vida prisional. Os itens do clima prisional serão avaliados numa escala de 5
pontos de Likert, entre discordo totalmente e concordo totalmente. Será feito um índice
com todas as dimensões do clima prisional, que dará uma medida total do clima prisional.
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2.3.2. Variáveis dependentes
Consumo de drogas na prisão: será aqui tido em conta o consumo de drogas tido
pelo recluso durante a condenação atual. Assim, será requerido ao recluso para indicar se
alguma vez consumiu, durante a condenação atual, alguma das seguintes drogas:
cannabis, anfetaminas, crack, cocaína, heroína, metadona não prescrita, tranquilizantes
ilícitos, solventes e “outros”. Deste modo, o score variará entre 0 e 1 (0= não consumiu;
1=consumiu).
Como referido anteriormente, a metodologia de análise será feita por meio de uma
regressão logística, já que as variáveis dependentes do presente projeto – consumir e
iniciar o consumo drogas na prisão – se tratam de variáveis nominais dicotómicas. Posto
isto, usando a regressão logística, obter-se-ão resultados que nos remeterão para variáveis
preditoras do consumo e da iniciação do consumo de drogas na prisão.
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II. RESULTADOS ESPERADOS
Uma vez que o presente projeto não será de aplicação prática, não existirão
resultados a apresentar, e por essa razão, serão indicados quais os resultados que se
esperariam obter caso este fosse aplicado.
Com base na literatura, é de esperar que estar solteiro, separado ou viúvo, ter uma
história penal e prisional, ter uma história de consumo de drogas, manter uma associação
com reclusos problemáticos, e um clima prisional negativo (clima prisional total e cada
uma das suas dimensões) se correlacionem positivamente com o consumo de drogas na
prisão. Por outro lado, espera-se que a idade, a escolaridade, o número de filhos, o número
visitas, e a participação em atividades/trabalhos na prisão se correlacionem
negativamente com o consumo de drogas na prisão. Assim, estar solteiro, separado ou
viúvo, ser mais novo, ter um nível de escolaridade mais baixo, ter um menor número de
filhos, ter uma história penal e prisional, ter uma histórica de consumo de drogas, receber
menos visitas, não participar em atividades/trabalhos na prisão, manter uma associação
com reclusos problemáticos, e um clima prisional negativo, constituirão preditores do
consumo de drogas.
Quanto à idade e estado civil, espera-se que ser mais novo (Lukasiewicz et al.
2007; Gillespie, 2005) e estar solteiro, separado ou viúvo (Lukasiewicz et al. 2007) se
correlacione positivamente com o consumo de drogas, já que são estes os indivíduos que
reportam um maior consumo de drogas na prisão. Relativamente à escolaridade e ao
número de filhos, espera-se que ter um nível de escolaridade mais baixo e não ter filhos,
se correlacione positivamente com o consumo de drogas, pois foram estes os indivíduos
que relataram uma história de consumo habitual antes da reclusão (Nevárez-Sida et al.
2012), e, por essa razão, poderão ser estes que estejam, de igual modo, associados ao
consumo de drogas durante a reclusão. Em relação à história penal e prisional, é de esperar
que esta se correlacione positivamente com o consumo de drogas durante a reclusão, pois,
os indivíduos que reportam ter sentenças e condenações de prisão efetiva prévias são
aqueles que estão sobrerepresentados nas taxas de consumidores de drogas durante a
reclusão (Boys et al. 2002). Relativamente à história de consumo de drogas, espera-se
também que esta se correlacione positivamente com este consumo, devido aos indivíduos
que reportam ter uma história de consumo prévio à reclusão, serem aqueles que
consomem na prisão (Nevárez-Sida et al. 2012; Rowell et al. 2012; Gillespie, 2005). Isto
deve-se ao facto de o consumo de drogas ser um comportamento continuado (Gillespie
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2005), e por isso, os indivíduos dão continuidade ao consumo dentro da prisão. No que
concerne aos pares, espera-se que manter uma associação com reclusos problemáticos se
correlacione positivamente com o consumo de drogas durante a reclusão, pois os
indivíduos recluídos que são próximos de reclusos com comportamentos problemáticos,
relatam um consumo habitual de drogas dentro da prisão (Woddall, 2011; Gillespie,
2005). Isto deve-se ao facto de ser através da interação e comunicação com pessoas de
um grupo íntimo, que o comportamento relacionado com drogas dentro da prisão é
aprendido (Sutherland, 1947 como citado em Gillespie, 2005). Concernente às atividades
educacionais/trabalhos, espera-se que a participação nestas se correlacione negativamente
com o consumo de drogas na prisão, já que, segundo a literatura, os reclusos que
participam em atividades religiosas estão associados ao consumo durante a reclusão
(Gillespie, 2005). Assim, à semelhança das atividades religiosas, acredita-se que estas
atividades e programas laborais reduzem os comportamentos problemáticos dentro destas
instituições, já que fornecem aos reclusos atividades e ferramentas que reforçam os
comportamentos positivos (Wilson et al. 2000). Quanto às visitas, espera-se também que
estas se correlacionem negativamente com o consumo de drogas durante a reclusão, uma
vez que os reclusos que reportam receber menos visitas, estão associados a este consumo.
Isto acontece porque as visitas prisionais reforçam o envolvimento do recluso na vida
prisional, ajudando assim a reduzir o seu comportamento problemático, designadamente
a participação em lutas, a posse de drogas e a desobediência das regras prisionais (Harer
1995, como citado em Siennick et al 2013). Em relação ao clima prisional, é de esperar
que um clima prisional negativo se correlacione positivamente com o consumo de drogas
na prisão, uma vez que, devido ao facto de o clima prisional poder variar de prisão para
prisão, esta sua variação poderá influenciar o uso de drogas na prisão por parte dos
reclusos (Ross et al. 2008).
Espera-se ainda, segundo a literatura existente, que ter entre 20 e 31 anos e ter
uma história penal e prisional se correlacione positivamente com a iniciação do consumo
de drogas na prisão. Isto é esperado devido aos indivíduos que têm idades compreendidas
entre os 20 e 31 anos se encontrarem sobrerepresentados neste tipo de amostra, e porque
a reclusão prévia foi tida como um fator relevante na iniciação do consumo, aumentado
a probabilidade nos casos da cocaína e heroína (Boys et al. 2002)
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IV. CONCLUSÃO
Em meios de conclusão, pode-se aferir que o consumo de drogas na prisão pode
ser predito por diversos tipos de fatores. Estes podem ser individuais, nomeadamente a
idade, o estado civil, a escolaridade, o número de filhos, uma história penal e prisional e
uma história de consumo de drogas, assim como podem ser prisionais, quer sejam de
adaptação, como as visitas, a associação a pares problemáticos e a participação em
atividades educacionais ou trabalhos remunerados, quer sejam relativos à própria prisão,
como o clima prisional.
22
V. BIBLIOGRAFIA
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25
ANEXOS
26
VI. ANEXOS
Anexo 1: Pedido de autorização à DGRSP
O objetivo do projeto referido passa pelo estudo dos fatores relacionados com o
consumo de drogas na prisão, e, por conseguinte, a aplicação do questionário neste
contexto, deve-se à pertinência que este possui, já que se assemelha ser o local mais
oportuno para o emprego do mesmo.
O objetivo do projeto referido passa pelo estudo dos fatores relacionados com o
consumo de drogas na prisão, e, por conseguinte, a aplicação do questionário neste
contexto, deve-se à pertinência que este possui, já que se assemelha ser o local mais
oportuno para o emprego do mesmo.
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Com isto, o presente documento tem como propósito requisitar a autorização do
diretor do presente Estabelecimento Prisional, de forma a que este conceda a devida
permissão para a aplicação do questionário aos reclusos institucionalizados na mesma
instalação. Este servirá, deste modo, como instrumento para medir algumas dimensões
relevantes para o projeto em causa.
Anexo 3: Variáveis
Dimensões Sociodemográficas Idade: Idade do recluso em anos completos.
individuais
Escolaridade: Nível de escolaridade mais elevado que o recluso
completou. (Ex. 9ºano)
Estado civil: Estado civil do recluso:
• Solteiro
• Divorciado
• Viúvo
• Casado/união de facto
Filhos: Número de filhos do recluso.
Histórica penal e prisional: Recluso indicará o número de condenações e condenações a
prisão efetiva.
História de consumo de drogas: Consumo de drogas prévio à condenação atual de:
• Cannabis
• Anfetaminas
• Crack
• Cocaína
• Heroína
• Metadona não prescrita
• Tranquilizantes ilícitos
• Solventes
• “Outros”
Dimensões de Visitas: Existência de visitas por parte de:
adaptação à prisão
• Progenitores
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• Familiares
• Amigos
• Companheira
• Filhos
Trabalho/atividades educacionais: Participação ou não em atividades educacionais ou
em trabalhos remunerados prisionais.
Pares: Associação ou não com reclusos que reproduzem os seguintes comportamentos
problemáticos:
• Consumo de drogas
• Participação em lutas
• Furto de objetos da prisão
• Desobediência das regras fornecidas pelos guardas prisionais
Dimensão das Clima prisional: Utilização do instrumento MQPL” (Measuring the Quality of Prison
características da Life), constituído por 102 itens, que serão avaliadas uma escala de 5 pontos de Likert,
prisão entre discordar totalmente e concordar totalmente. Estes itens enquadram-se em 21
dimensões, que por sua vez resultam de 5 dimensões categóricas:
• Harmonia
o Entrada na custódia da prisão
▪ Ex. I felt extremely alone during my first three days in this prison
o Respeito/cortesia
▪ Ex. I feel I am treated with respect by staff in this prison
o Relações entre funcionários e reclusos
▪ Ex. I receive support from staff in this prison when I need it
o Humanidade
▪ Ex. Staff here treat me with kindness
o Decência
▪ Ex. Prisoners spend too long locked up in their cells in this prison
o Cuidados aos vulneráveis
▪ Ex. Anyone in this prison on a self-harm monitoring form gets the
care and help from staff that they need
o Ajuda e assistência
▪ Ex. Wing staff take an interest in helping to sort out my healthcare
needs
• Profissionalismo
o Profissionalismo dos funcionários
▪ Ex. Staff here treat prisoners fairly when applying the rules
o Legitimidade burocrática
▪ Ex. I have to be careful about everything I do in this prison, or it
can be used against me
o Justiça (fairness)
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▪ Ex. My legal rights as a prisoner are respected in this prison
o Organização e consistência
▪ Ex. To get things done in prison, you have to ask and ask and ask
• Segurança
o Policiamento e segurança (security)
▪
Ex. There is a lot of trouble between different groups of prisoners
in here
o Segurança (safety) dos reclusos
▪ Ex. Generally I fear for my physical safety
o Adaptação dos reclusos
▪ Ex. In this prison, you have to be in a group in order to get by
o Exploração das drogas
▪ Ex. Drugs cause a lot of problems between prisoners in here
• Condições e contacto familiar
o Condições
▪Ex. This prison provides adequate facilities for me to maintain a
presentable appearance
o Contacto familiar
▪ Ex. I am able to receive visits often enough in this prison
• Bem-estar e desenvolvimento
o Desenvolvimento pessoal
▪ Ex. I am encouraged to work towards goals/targets in this prison
o Autonomia pessoal
▪ Ex. I have no control over my day-to-day life in here
o Bem-estar
▪ Ex. My experience in this prison is painful
o Angústia
▪ Ex. I feel I can handle my emotions in here
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