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XI FATECLOG

OS DESAFIOS DA LOGÍSTICA REAL NO UNIVERSO


VIRTUAL
FATEC JORNALISTA OMAIR FAGUNDES DE OLIVEIRA
BRAGANÇA PAULISTA/SP - BRASIL
23 E 24 DE OUTUBRO DE 2020

ESTOQUE DE SEGURANÇA E SEU IMPACTO NO


NÍVEIS DE SERVIÇO: ESTUDO DE CASO ÚNICO
LILIAN NUNES DO NASCIMENTO
(IFSP Campus Suzano)
lilian08nunes@hotmail.com

SIVANILZA TEIXEIRA MACHADO


(IFSP Campus Suzano)
sivanilzamachado@ifsp.edu.br

RESUMO
Em meio a um mercado globalizado e acirrado, as organizações devem adotar postura competitiva eficaz, a fim de
suprir sua demanda e estar preparados para eventuais oscilações. Para tanto, esta pesquisa visa ampliar o
entendimento da inter-relações do estoque de segurança e o nível de serviço. A metodologia aplicada trata-se de
um estudo de caso único, descritivo, qualitativo compreendendo o ano de 2018. A partir de análises feitas por meio
documentos, observações in loco e projeções futuras obtidas pela empresa em estudo, foi possível evidenciar a
importância do estoque de segurança na organização, bem como sua gestão, a fim de manter o nível de serviço de
modo elevado. Por fim, esta pesquisa demonstrou que a implantação de um estoque de segurança poderá trazer
grandes melhorias para a empresa, bons resultados e a satisfação de seus clientes.

PALAVRAS-CHAVE: Vending Machine, Gestão de Estoque; Nível de Serviço e Estoque de Segurança.

ABSTRACT
Amid a globalized and fierce market, the organizations must adopt an effective competitive posture, in order to
supply their demand and be prepared for eventual fluctuations. To this end, this research aims to broaden the
understanding of the relationships between inventory and service level. The applied methodology deals with a
single descriptive, qualitative and comprehensive case study in the year of 2018. Based on analyzes applied
through documents, in loco observations and in future projections applied by the company under study it was
possible to show the importance of the safety stock in the organization, as well as its management to maintain a
high level of service. Finally, this research has demonstrated that the implantation of a safety stock can bring
great improvements for the company, good results and satisfaction of its customers.

Keywords: Vending Machine, Inventory Management; Service Level and Safety Stock

1. INTRODUÇÃO

Com a alta competitividade entre as cadeias de suprimentos, faz-se necessário a busca


contínua de melhorias e a máxima eficiência dos processos, a fim de obter precauções em
eventuais contratempos e sazonalidades que podem comprometer a gestão de estoque e
impactar no nível de serviço. O planejamento estratégico da empresa contribui na manutenção
da concorrência de mercado e aprimora continuamente a relação com seus clientes e
fornecedores na cadeia de suprimentos. Contudo, tais objetivos somente serão alcançados com
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o adequado gerenciamento de estoque, previsão de demanda e planejamento de compra de


forma eficaz (SILVA, 2019).
Assim, é necessário que haja um dimensionamento de estoque através de controles
realizados pelos cálculos de estoque mínimo, estoque de segurança, Lead Time (tempo de
ressuprimento) onde estabelecem critérios e parâmetros para a inclusão de pedidos de compras,
produção, e reposição de estoque, onde sendo realizado de modo correto, poderá trazer grandes
benefícios para a empresa, auxiliando assim, o bom andamento da cadeia de suprimentos como
um todo (GUERRINI et. al., 2014).
Segundo Magalhães (2015), aponta que, ter a competitividade como lema da empresa,
é de grande valia para a prosperidade da organização. A cadeia de suprimentos é a chave
estratégica para tal, e a sua gestão eficaz faz com que a empresa tenha uma diferenciação de
níveis de serviço e redução de custos, além de fidelização de clientes. Este é o caminho para o
obter espaço significativo no mercado, sendo necessário mensurar dados e realizar um estudo
aprofundado de seus elos e verificar os pontos de melhora.
Este artigo tem como objetivo analisar a gestão de estoque da empresa do setor
alimentício em questão e verificar se o dimensionamento adotado atende os requisitos de seus
clientes; e se não atendido, quais são impactos detectados e como realizar o ajuste deste
problema, sendo este o objetivo específico do trabalho. Será utilizado a metodologia de um
estudo de caso único, com observações in loco e através de dados documentais fornecidos pela
empresa. Este trabalho está dividido em introdução, referencial teórico, metodologia,
caracterização do panorama do estudo, subdividido em cenário atual e proposto, logo após a
conclusão e, por fim, as referências bibliográficas.

2. EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 Cadeia de suprimentos

O conceito de cadeia de suprimentos (Supply Chain Management, SCM) é definido por


GRANT (2017) como o planejamento e gerenciamento de todas as atividades logísticas internas
e externas onde há a integração da gerência da oferta e demanda nas empresas parceiras e entre
elas. Isto vai de encontro com o que Santos et. al (2019) relata que, a cadeia de suprimentos
engloba todos os processos, no que se diz a aquisição da matéria prima, transformação de
mercadorias, logística, entrega ao consumidor final e a logística reversa.
Devido à sua complexidade, a cadeia de suprimentos pode sofrer repentinas e rotineiras
mudanças. Alterações são necessárias quando algum elo da cadeia não atende à demanda do
processo ao qual é incumbido. Para tanto, faz-se necessário a rápida substituição a fim de não
comprometer a evolução dos processos. É de suma importância que toda a cadeia de
suprimentos e a administração efetiva de ações e controle de matéria direcionem esforços para
a gestão de estoque (FAGUNDES et. al, 2016). Tendo em vista as mudanças ocorridas no perfil
do consumidor contemporâneo que tem se tornado mais crítico e seletivo além dos meios de
compra terem se modificado com a entrada do e-commerce (comércio eletrônico), a cadeia de
suprimentos torna-se um determinante e um diferencial competitivo para as empresas, a fim de
atender os desejos e necessidades dos clientes tendo em vista a manter a eficiência frente aos
serviços prestados (SILVA et al 2018). O cenário competitivo atual está mais visado na
eficiência das cadeias, de modo a ser um diferencial para minimizar os custos, e otimizar a
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eficiência e eficácia dos processos. Mas, para que isto ocorra, é primordial que a logística esteja
alinhada, pois é a ligação que existe entre os elos da cadeia, sendo este o fator mais exposto
para o cliente, bem como a forma de obter uma avaliação do nível de serviço desejado
(MAGALHÃES, 2015).
Segundo Miguel (2017) aponta que o papel da cadeia de suprimentos é agregar valor e
ser um ponto diferencial no mercado. Entre suas atividades estão compras e gestão de
fornecedores, sendo necessário que haja uma avaliação aos elos de gestão de estoque,
armazenagem e transportes para que o produto esteja disponível em menor tempo e que chegue
aonde o cliente estiver. Estes são pontos cruciais que contribuem para o sucesso organizacional.
Mas para que isso ocorra, a empresa necessita colocar em prática em planos de ações a médio
e longo prazo, a fim de colher resultados satisfatórios e renome frente a fornecedores, clientes
e ao mercado em geral.

2.2 Gestão de estoque e nível de serviço logístico

Para gestão da cadeia de suprimentos, é necessária a administração de materiais, e neste


contexto, encontra-se a gestão de estoque. Conforme Francischini; Gurgel (2014), traz a
definição de estoque como “quaisquer quantidades de bens físicos que sejam conservados, de
forma improdutiva por algum intervalo de tempo”. A meta da gestão de estoques é realizar uma
análise do suprimento da demanda e determinar: a oferta versus demanda; além de averiguar a
disponibilidade de insumos; as requeridas exigências da operação para atendimento da
demanda; materiais necessários para o início das operações produtivas e os fornecedores desses
materiais (ARNOLD, 2014).
Ao longo dos últimos anos, com o aumento da competitividade e mudanças nos
processos industriais, as organizações perceberam que, para atender o cliente sem risco de
ruptura, é necessário ter estoque de segurança e realizar controles de estoque através de
parâmetros e possíveis centros de distribuição localizado próximo aos principais clientes para
atendê-los rapidamente. A empresa deve estar preparada para toda e qualquer sazonalidade,
causados por fatores internos e externos e para este fim, é utilizado o estoque de segurança, que
nada mais é do que um estoque mínimo calculado por estatística, afim de evitar a falta produtos,
e adquirir menor custo atrelado a sua manutenção (ARAÚJO et al., 2018). É primordial que
haja uma análise criteriosa na compra de produtos, com determinação de como, quando será
realizada a compra, para que seja evitado desperdícios. Conforme Silva (2018), “ A gestão de
estoques, a partir do nível de serviço a ser atendido, define quanto, como e onde localizar os
estoques. Além disso, também determina o quanto deverá ser mantido de cada tipo de estoque”.
Para tanto, faz-se necessário que a aquisição do estoque esteja atrelada com a política de
estratégia da empresa e quanto ao nível de serviço que deseja prover ao seu cliente. Para tanto,
no próximo tópico, explanaremos sobre nível de serviço e suas medições.
O objetivo primordial das empresas, sendo estas de qualquer segmento, é atender as
necessidades e desejos de seus clientes, pois é por meio destes que geram os resultados positivos
ou negativos na corporação. O nível de serviço logístico é o ponto crucial do conjunto de valores
logísticos na qual as empresas podem fornecer a seus clientes a fim de garantir sua fidelidade
(BALLOU, 2006). Ainda segundo o autor, nível de serviço é: “O resultado líquido de todos os
esforços logísticos da empresa, caracterizando como o desempenho oferecido pelos
fornecedores aos seus clientes no atendimento dos pedidos”.
O nível de serviço logístico é coligado aos custos de fornecer esse serviço. O
planejamento logístico é baseado nas necessidades dos clientes. De acordo com Morais (2019),
as empresas buscam a maximização do nível de serviço ao cliente e visando uma integração
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eficaz que está ligado entre as organizações e os sistemas globais. Para entender melhor seu
potencial de atendimento ao mercado, diagnósticos e a avaliação de desempenho se tornaram
ferramentas essenciais para medir e analisar o resultado das operações, independentemente de
seu segmento ou porte da empresa (SANTOS, 2015). A partir de uma análise dos dados, é
possível destacar os problemas que causam maiores impactos e, a partir destes, definir um plano
de ação para resolvê-lo.
A empresa alcançará bons resultados se as tomadas de decisões tiverem como base dados
confiáveis. Segundo Barros e Aurélio (2019) juntamente com Silva (2018), os indicadores de
desempenho logístico podem ser medidos pelos seguintes termos: Disponibilidade: capacidade
de atendimento do estoque para suprir a demanda, bem como de atendimento de todos os
pedidos solicitados e em sua totalidade; Desempenho Operacional: calculado pela sua
agilidade; Consistência: qualidade do produto; Flexibilidade: oferecimento amplo de opções
adaptações de produtos e atendimento; Confiabilidade: cumprimentos de prazos e promessas;
e Entregas: realizadas no prazo e com o produto em bom estado e a agilidade de ajustar
possíveis erros.
No cenário atual, é possível que as empresas atinjam o nível de serviço desejável se
assim realizarem sua gestão de recursos sendo o seu equilíbrio entre prioridades de serviços e
custos que a empresa está disponível investir com base em seus objetivos de mercado. O nível
de serviço logístico pode servir de confiabilidade ao cliente, uma vez que a cadeia de
suprimentos gera valor e competitividade de mercado.

3 METODOLOGIA

Para atender o objetivo deste trabalho, aplicou-se um estudo de caso único descritivo
com o caráter qualitativo numa empresa distribuidora varejista do ramo alimentício, tendo como
objeto principal de estudo os produtos de insumos de cafeteria compreendendo o período de
janeiro a dezembro de 2018. Houve a realização da pesquisa com base nas observações in loco
onde foi possível verificar presencialmente e a execução dia a dia dos processos. Utilizou-se
também a metodologia de análise documental por meio de Notas Fiscais eletrônicas e relatórios
mensais e anual, sendo esta coleta nos setores de compras, SAC (Serviço de Atendimento Ao
Consumidor) e logística, bem como estes coligados ao departamento contábil/fiscal via sistema
interno, obtendo dados históricos e projeções futuras colhido mês a mês. Com os dados
coletados foi possível agrupar comparações. A análise dos dados foi realizada por meio do
método interpretativo, onde houve a reflexão das informações coletadas e a compreensão dos
fatos, e de como eles contribuem para o estudo em questão, que por meio disso, através de
estudos matemáticos propor uma solução para o problema de pesquisa abordado. A fórmula
utilizada é baseada em Peinado e Graeml (2007), onde aponta o estoque de segurança, através
do cálculo das variáveis na Equação 1.

Onde: ES = Estoque de segurança; z = valor tabelado que indica a quantidade dos


desvios padrão onde se leva em consideração para garantir o nível do serviço; σd = desvio
padrão da demanda; t = lead time; σt = desvio padrão do lead time e d = demanda média.
A partir deste cálculo, foi possível realizar uma análise de um cenário com a inclusão
do estoque de segurança e detectar a partir de então, os impactos no nível de serviço prestado.

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3.1 Estudo de caso

A empresa abordada para este estudo de caso é apontada como a segunda maior no ramo
de vending machine no Brasil, sendo a pioneira neste ramo desde 1995. Em seu meio de atuação,
realiza vendas e locação de máquinas de snacks (Termo dado a lanches, doces e salgadinhos) e
cafeteria, sendo este seu carro forte, bem como a venda de produtos de insumos de cafeteria
para abastecimento dos clientes com máquinas locadas e abastecimento das máquinas em
comodato. Conforme informações cedidas pela empresa, as remessas mensais de envio de
mercadoria para os estoques das 6 filiais que possuem, ocorrem durante o mês, mais
precisamente até o dia 20 de cada mês, havendo a possibilidade de envios de remessas extras,
caso o estoque enviado não supra o consumo. Este cenário, visa diversas vantagens
competitivas para a empresa, desde a centralização dos processos de recebimento,
armazenagem, tendo um controle mais preciso das informações e consolidação de estoques, até
a melhorias dos níveis de serviços através da redução do lead time (Tempo de ressuprimento),
tendo seu estoque mais próximo de seus clientes. A empresa possui frota própria, com vans
refrigeradas e não refrigeradas, e caminhões para fazer a distribuição de mercadorias para
clientes onde há estoque para abastecimento das máquinas, além de veículos leves itinerantes
para a realização de abastecimento em clientes que não possuem um estoque fixo.

3.2 Cenário atual

A empresa em estudo, possui uma carteira de Budget (Orçamento) fixo mensal de R$


1.300.000 para suprimento da demanda. Porém, o gasto real por mês está na média de R$
1.469.927. Através de informações coletadas, pode-se notar que no ano de 2018, a empresa
chegou a demandar uma média mensal de 17.409 unidades e para suprir seu consumo, não
possuindo estoque de segurança. A Tabela 1 apresenta dados das remessas para abastecimento
no período de janeiro a dezembro de 2018, onde, constatam as informações das entregas
realizadas completas, parciais e as não entregues (zero), devido à falta de produtos no estoque
solicitados pelo cliente.

Tabela 1 - Pedidos Globais de janeiro a dezembro de 2018 4


Pedidos entregues Quantidade de pedidos Faturamento R$ Atendimento %
Completos 18.860 196.430,10 90,01%
Parciais 12.665 13.100,58 6,00 %
Sem itens faturados 8.415 8.699,02 3,99 %
Total 210.921 218.237,00 100,00%
Fonte: Autores (2020)

De acordo com a Tabela 1, é possível notar que, o nível de atendimento através de


pedidos completos está em 90,01%. O déficit ocorre devido a recorrências de rupturas de
estoque ao enviar pedidos parciais e/ou não enviados, pelo fato de não haver no momento do
envio da mercadoria em estoque o item solicitado.
A empresa adota uma política de estoques austera, com elevada rotatividade e estoque
de segurança praticamente nulo, ocasionando eventuais pontos críticos na operação e oscilações
constantes no reabastecimento de seus clientes e filiais. Silva (2018) alerta que a ruptura de
estoque é um agravante em relação a fidelização de clientes e a lucratividade da empresa, pois
ocasiona frustração por parte do consumidor em não ter ao alcance o produto desejado,
causando incredulidade a empresa, além da perda de vendas atuais e futuras. Através da análise
documental, foi constatado que o lote de compra atende o período de 5 dias com uma demanda
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média diária de 670 unidades de insumos. O processo de ressuprimento é automatizado. Quando


há recebimento do pedido do lote de compra, o sistema programa uma nova solicitação
equivalente e envia ao fornecedor no dia seguinte. O lead time para entrega é de 4 dias. Se por
algum motivo houver atrasos na entrega por parte do fornecedor, o risco de rupturas de pedidos
totais ou parciais são eminentes. A Figura 1 mostra a porcentagem de rupturas total ou parcial
por falta de produtos.

Figura 1 - Níveis de rupturas (Itens Global) de janeiro a dezembro de 2018

Fonte: Autores (2020)

Nota-se na Figura 1 que, a meta de atendimento do estoque para suprir a demanda


mensal / anual é de 95%. Porém, no período de janeiro a dezembro de 2018, aponta que os picos
de parcial e zero, estão maiores em junho, onde há um alcance de 17 %, sendo este um período
de alta sazonalidade e maior demanda, pois trata-se do período de inverno, onde há maior
consumo de bebidas quentes. Setembro é o período onde houve resultados melhores, chegando
quase à meta estipulada com 92 %. Isso se justifica pelo fato de que é um período onde há baixa
sazonalidade, por ser uma temporada mais quente, há diminuição da demanda de bebidas
quentes.
Em entrevista com o Analista de compras, foi relatado que, em períodos de alta
sazonalidade, os fornecedores por possuírem demanda maior, acabam atrasando as entregas em
um a dois dias. Cerqueira (2019) diz que a sazonalidade gera diversas oscilações na
disponibilidade e preço dos produtos, e para tanto a empresa necessita determinar a estratégia
utilizada para a diminuição dos impactos através de formações maiores de estoque dos produtos
impactados pela sazonalidade, a fim de não prejudicar o suprimento do produto frente aos seus
clientes. Como a empresa não possui um estoque de segurança, implica na ruptura de estoque
e conseguintemente no ressuprimento dos estoques nos clientes. Conforme dados fornecidos
pela equipe logística da empresa, foi informado que no período de 2018, houve crescente no
aumento de entregas fora do prazo, chegando a 30% em dezembro. O serviço de entregas é
realizado através de um roteiro semanal, onde cada cliente recebe a mercadoria mediante a sua
demanda diária e a capacidade de armazenagem local. Há clientes que recebem de uma a três
vezes por semana, e outros a cada 15 dias. Os dados apurados nos documentos fornecidos pela
empresa, nas entrevistas e em observações in loco foram possíveis destacar pontos importantes
listados abaixo.
• Alta Frequência de giro de estoque, com uma média de 6 pedidos de ressuprimento por
mês a fornecedores.
• Com rupturas no estoque que variaram entre 7 a 16%, há um acarretamento de atrasos nas
entregas e/ou pedidos enviados parcialmente. Consequentemente, geram entregas fora do
prazo e pedidos extras a fim de repor o estoque do produto faltante.
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• Perdas de vendas por conta de falta de produtos nos pontos de consumo, principalmente na
venda de insumos de cafeteria que, segundo dados fornecidos, em tempos de ruptura, já
chegaram em até 40 % das máquinas paradas por falta de produto;
• Aproximadamente 1 a cada 7 entregas chegam ao cliente com atraso, gerando reclamações
e insatisfação de clientes.

Segundo observações realizadas, foi possível apontar oscilações entre o lead time das
entregas e o nível de serviço através das rupturas. O estoque médio é de 17.520 unidades/mês.
Contudo, o estoque chega a zero constantemente, ocasionado por uma variação da demanda ou
atraso na entrega pelo fornecedor e por consequência, gera transtornos no abastecimento de
seus clientes e atrasos ou entregas parciais agravam ainda mais a insatisfação. A empresa tem
uma política de compra com orçamento fixo mensal com base no mesmo período do ano
anterior para compra de insumos junto aos fornecedores, no final do mês as vezes postergam o
pedido de reposição devido a este limite. Assim, a cada final do mês, o orçamento normalmente
se esgota antes do tempo previsto, prejudicando as compras posteriores. Fusco (2005) observa
que as empresas negligenciam a análise de custos de vendas perdidas e custo manutenção de
estoques causados pela ruptura de produto, devido a desconhecimentos de processos e
ineficiente administração de estoques, podendo causar gastos desnecessários e desgaste entre a
relação cliente e empresa.
No período, o SAC apurou que 45% das reclamações existentes é devido à falta de
abastecimento nas máquinas, acarretado pelas rupturas de estoque. Cerca de 40% de quebras
de contratos é devido a insatisfação do cliente pelo fato de haver rupturas constantes no
abastecimento.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da explanação do cenário atual da empresa em que o estudo foi desenvolvido,


nota-se a importância da adoção de uma estratégia alternativa de definição de parâmetros de
estoque e demanda, para que não haja impactos negativos que influenciem no andamento da
cadeia de suprimentos, bem como a decadência dos níveis de serviço. Para que a empresa
alcance o seu objetivo de 95% de nível de serviço, é primordial investir no estoque de
segurança. Segundo Guimarães e Ozorio (2018), o estoque de segurança é uma estratégia de
gestão de estoque que tem por objetivo assegurar o suprimento de seus clientes e nível de
serviço de eventuais sazonalidades, levando em consideração duas variáveis: a demanda e o
tempo de ressuprimento (lead time), que segundo Ballou (2011) define como o período que o
pedido leva para ser montado e recebido, considerando todos os ciclos da cadeia de
suprimentos. A gestão estratégica de estoques aponta a utilização de métodos matemáticos para
a verificação precisa do nível de investimento, necessário para que haja lucratividade para a
empresa (GUIMARÃES E OZÓRIO, 2018). Para tanto, a proposta é que, através de cálculos
matemáticos, seja possível determinar um estoque de segurança adequado e analisar possíveis
impactos através deste método. A proposta é aumentar em 5% o nível de serviço, para que a
porcentagem de 90% passe para 95%, através da inclusão do estoque de segurança. Para tanto,
na Tabela 2, está composta com as quantidades de itens/mês versus média de tempo de
ressuprimento.

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Tabela 2 - Quantidade de itens e lead time de reposição de estoque de janeiro a dezembro de 2018
Itens Globais 2018
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Itens (Un) 1546 1533 1772 1803 1773 1832 1794 2004 1897 2121 1625 1387
9 2 1 4 4 8 2 7 2 6 2 4
LTR(dias) 6 6 6 6 7 5 6 6 5 7 7 5
*
*LTR = Lead time de reposição (dias)
Fonte: Autores (2020)

A média de itens de é de 175,77, e seu lead time de reposição está em 6 dias. Mediante
aos dados base, calculou-se o estoque de segurança, na qual o cálculo considera o desvio padrão
da demanda média de consumo dos itens globais dos insumos, desvio padrão da demanda média
e mensal da frequência de reposição e o Z que determina o nível de serviço desejado, conforme
Tabela 3.

Tabela 3 – Valores considerados para determinação dos parâmetros de estoque


Variáveis Valores
Média de demanda (unidades) 17.577
Média de frequência de reposição (mês) 6x
Desvio Padrão da demanda (unidades) 2.071,28
Desvio Padrão do Lead Time (dias) 0,74
Nível de serviço (%) 95%
Taxa equivalente 0,025 Mensal
Z 1,7
Fonte: Autores (2020)

Após aplicar a Equação com base nos dados da Tabela 1 com dados fornecido pela
empresa, constatou-se que, para alcançar o nível de serviço de 95%, é necessário manter um
estoque de segurança de 1.743 unidades dos produtos, para minimizar os pedidos entregues de
forma parcial ou serem cancelados devido à falta de determinado item, além de se prevenir caso
ocorra eventuais falhas por parte dos fornecedores, calamidades naturais, bem como aumento
da demanda (SILVA, 2018). Mediante a estes dados, é possível realizar um comparativo do
cenário atual com o proposto considerando a implantação de um estoque de segurança, Tabela
4.
Tabela 4 - Comparativo entre o cenário atual e proposto

Fonte: Autores (2020)

A evolução do nível de serviço de 90,01% para 95,73%, reduzindo o déficit para 4,27%
alcança a meta desejada pela empresa. Além do aumento no nível de serviço, a implantação do
estoque de segurança, trará outros benefícios como a redução de pedidos cancelados e nível de
insatisfação dos clientes ocorrido devido a entrega parcial , tendo aumento no faturamento de
R$ 196.430,10 para R$ 207.970, indo de encontro o que Barros e Aurélio (2019) relata que o
nível de serviço impacta no retorno de investimento da empresa, não somente no financeiro,
mas no crescimento da empresa no mercado e na sua preferência por parte de seus clientes.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante aos conceitos abordados e o estudo de caso realizado, nota-se a importância


de uma gestão de estoques eficaz, para que não haja transtornos com rupturas na operação, e
por consequência, não ocasionar a insatisfação do cliente, gerando a falta de confiança e
credibilidades nos serviços prestados. Pode-se concluir com base na análise realizada entre o
cenário atual e proposto, que ao implantar um estoque de segurança, com base na demanda do
ano de 2018, foi possível chegar no nível de serviço desejado de 95%. Os impactos positivos
influenciam na redução de custos em outras áreas que formam a cadeia de suprimentos como:
diminuição de entregas realizadas em clientes e de reentregas, redução das atividades de compra
e recebimento de mercadoria, além de abastecermos as máquinas com a maior capacidade,
aumentando assim a margem de lucro e satisfação do cliente. Como recomendação para
pesquisas futuras, este trabalho poderá servir de base para orientar e dar continuidade em
pesquisas nesta natureza, visando descobertas de novos casos que poderão ser úteis no mercado
de trabalho para orientação e crescimento de corporações.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, G. C., Silva, J. P. Z. da, Souza, L. R., Loureiro, M. B., & Feroni, R. de C. (2018).
Previsão de demanda e análise simplificada da gestão de estoque aplicada a uma empresa
do setor alimentício. Brazilian Journal of Production Engineering, 4, 48–64.

ARNOLD, J. R. Tony. Administração de Materiais: uma Introdução. 3ªª edição. São Paulo:
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23 E 24 DE OUTUBRO DE 2020
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XI FATECLOG - OS DESAFIOS DA LOGÍSTICA REAL NO UNIVERSO VIRTUAL


FATEC JORNALISTA OMAIR FAGUNDES DE OLIVEIRA
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