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XI FATECLOG

OS DESAFIOS DA LOGÍSTICA REAL NO UNIVERSO


VIRTUAL
FATEC JORNALISTA OMAIR FAGUNDES DE OLIVEIRA
BRAGANÇA PAULISTA/SP - BRASIL
15 DE JUNHO DE 2020

O estudo da cadeia produtiva do gado vivo no Brasil:


análise das dificuldades para exportação

RESUMO
O presente artigo propõe a viabilização de estudos para a melhoria no transporte de cargas vivas voltada para
bovinos, analisando a cadeia produtiva do gado como foco em sua exportação, levando em conta os entraves
existente em cada processo decorrentes da falta de infraestruturas de transporte. Diante da análise do estudo,
verificou-se que as perdas estão estritamente relacionadas ao tempo que a carga viva da espécie bovina leva para
chegar ao destino e às condições de higiene em que a carga é transportada acarretando em sérios prejuízos ao
meio ambiente e aí envolvidos na operação. Para a coleta e apresentação dos dados, o estudo contou com a
utilização de pesquisa qualitativa, quantitativa e consultas à fontes bibliográficas, como artigos científicos, livros
e notícias.

PALAVRAS-CHAVE: Cargas Vivas 1. Exportação 2. Transporte 3.

ABSTRACT
This article propose viability of studyes improved transport of live bovine cargo, analyzing livestock production
focusingon export, rememberyng the obstacles in each process for lack of transportation infrastructure.
Observing the study analysis, it was found that losses are involved in the time of the bovine cargo to its location
and hygienic conditions in which it is transported polluting the environment and workers. Searching and
presenting data, the study used qualitative research, quantitative and bibliographic notes, as scientific articles,
books and news.
Keywords: Bovine Cargo 1. Export 2. Transport 3.

1. INTRODUÇÃO

O ser humano a princípio não detinha conhecimento de plantio e criação de animais,


ele caçava e sobrevivia no habitat mais propicio da sua era, se faltasse alimentos ou abrigo,
ele se mudava e adaptava continuamente. Até que um tempo depois este passou a ser mais
versátil, pois, não era tão mais necessário ficar mudando de morada, ele passou a plantar do
seu próprio sustento em seu pedaço de terra, e com o tempo, passou a ter fartura na seu
plantio a ponto de comercializar o seu excedente produzido entre si. Séculos se passam e a
sociedade muda drasticamente, agora na era globalizada a comercialização toma proporções
mundiais e torna-se uma disputa acirrada, países criam rotas comerciais e oferecem o que lhes
tem de maior qualidade para se manterem competitivos.
O Brasil detém de uma vasta extensão territorial; bem como vegetação pastosa e
relevos planos, essenciais para a prática da pecuária bovina, pois propiciam o
desenvolvimento do animal com uma carne mais macia, há também desenvolvimento nas
práticas de agricultura e pecuária, e incentivos financeiros no setor para a apropriação de
novas tecnologias. Esses fatores possibilitaram o crescimento da produção do gado, trazendo
aumentando a economia do país e gerando empregos.
Contudo, o Brasil possui alta burocracia, processos aduaneiros longos, matriz de
transporte inconsistente aos modelos internacionais, baixo investimento em infraestrutura.
Isso resulta em uma logística de tempos de entregas altos, com baixa performance e custos
elevados ao longo de sua cadeia produtiva, caracterizando o chamado Custo Brasil, que possui

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efeito prejudicial a exportação do gado vivo frente a competitividade no comercio


internacional.
O artigo tem por objetivo viabilizar estudos para a melhoria da infraestrutura de
transporte, no Brasil, perante à movimentação de cargas vivas da espécie bovina, procurando
levantar informações da matriz já existente e propor soluções que contribuam para a
otimização das operações logísticas envolvendo esse tipo de carga.
Para Demo (1995), a pesquisa científica se caracteriza como a busca do conhecimento
através de métodos lógicos e sistemáticos, visando obter informações seguras quanto à
veracidade do conteúdo e dos fenômenos, possibilitando uma hipótese provisória ao
problema. Perante a isso, de acordo com Lakatos e Marconi (2007) a pesquisa se fundamenta
em métodos reconhecidos, objetivos, reais e imparciais que agregam no conhecimento
científico. Sendo assim, o artigo a fim de contribuir para o desenvolvimento de tal
conhecimento, utilizou três fundamentais técnicas de pesquisa: a pesquisa qualitativa que visa
levantar o máximo de informações sobre determinado fenômenos sem se restringir a números
e sim a um contexto complexo de acontecimentos que ocasionam um problema, bem como a
relação entre o porto e os grandes centros urbanos; a pesquisa quantitativa que infere
hipóteses através da análise numérica de um fato, como no caso das perdas durante o
transporte de cargas vivas; e a pesquisa bibliográfica que se baseia em informações constantes
em artigos científicos, notícias e livros. (GIL, 2008)

2. EMBASAMENTO TEÓRICO
O segmento do agronegócio brasileiro é verdadeiramente um pilar para economia,
detendo cerca de um terço do PIB nacional e participando com 42% do volume das
exportações. Ele é composto pelo segmento da Agricultura, Pecuária, Silvicultura/Exploração
Vegetal e Pesca. Adentrando na ramificação pecuária, é vista a forte presença na produção de
carnes, destacando-se frangos, suínos e bovinos. É um setor que tem crescido ano a ano, gerou
empregos e trouxe novas tecnologias de ponta que possibilitaram o Brasil ter os menores
custos para produção desses animais, portanto, considere como um diferencial competitivo
(FERREIRA, M.,D.,P.; FILHO, J.,E.,R.,V., 2019).
Analisando a pecuária bovina, nas últimas quatro décadas, essa atividade passou por
muitas mudanças que trouxeram aumento de sua produtividade, a princípio evidencia-se que o
rebanho dobrou, atingindo a marca de 209 milhões de cabeças de gado. Fora isso, houve
redução no índice de morte, bem como aumento da qualidade do gado, isso sem contar com
crescimento da taxa de natalidade e ganho de peso dos bovinos. Tudo devido aos incrementos
tecnológicos e políticas de fiscalização sanitárias que possibilitaram a consolidação desse
mercado (GOMES, R., C.; FEIJÓ, G., L., D.; CHIARI, L., 2017).
A produção brasileira de gado situa-se principalmente nos estados de Mato Grosso,
Minas Gerais e Goiás. Nesses centros são feitos os processos de nutrição, vacinação,
pastagem, rastreabilidade, bem-estar e até mesmo melhoramento genético, essenciais para
incorporar qualidade de vida ao animal. Feitas essas etapas, o gado chega a sua fase adulta e
poderá ser embarcada em caminhões boiadeiros, tornando-se uma carga para a ser
comercializada (GOMES, R., C.; FEIJÓ, G., L., D.; CHIARI, L., 2017).

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2.1 Cadeia de suprimentos

Segundo Christopher (apud PAOLESCHI, 2017, p.17), o conceito de cadeia de


suprimentos, ou no inglês SCM (Supply Chain Management), consiste em “[...] uma rede de
empresas dependentes entre si, que trabalham em cooperação afim de manter um fluxo
apropriado matérias-primas e informações entre fornecedores e clientes finais”. Paoleshchi
ainda afirma que é uma prática que envolve a logística na produção, movimentação,
transporte e armazenagem buscando os menores custos possíveis.
Para Bertaglia (2016) cadeia de suprimentos consiste em uma série de atividades para
captação de recursos, cumprimentos de prazos (entrega do produto no lugar certo, na hora
certa), afim de agregar valores ao produto e/ou serviços de acordo com as necessidades e
exigências do seu cliente final. Na figura 1 podemos verificar um modelo simplificado da
cadeia de suprimentos:
Figura 1: Cadeia de Suprimentos

Fonte: Bertaglia (2016)

Os fornecedores são definidos da seguinte forma conforme o art. III do Código de


Defesa do Consumidor (CDC):
“ Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.”

O cliente ou consumidor final, conforme o art. II do CDC “é toda pessoa física ou


jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final” (PLANALTO,
2020).
O fluxo de materiais é a atividade responsável pela distribuição física de produtos ou
serviços ao longo da cadeia de suprimentos. Compreende o processo mais complexo e caro da
logística, bem como a etapa que mais está sujeita a intervenções externas (atrasos por
congestionamentos, greve, ruptura ou baixa qualidade de via, assaltos, etc). Esses fatores
acabam por elevar os custos de transporte, reduzindo o potencial energético da cadeia de
suprimentos (BERTIGLA, 2016).
Na cadeia produtiva bovina esse processo apresenta uma série de dificuldades por
conta da seguridade do animal. O transporte do gado é uma operação que exige um alto nível
de serviço buscando os menores custos logísticos. Então, verifica-se os problemas mais
recorrentes nesse segmento no tempo de viagem entre o centro produtor e o destino da carga
(nacional ou internacional); a saúde e bem-estar do animal (essenciais para atender os
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parâmetros de qualidade); modal de transporte e o seu trajeto a ser feito (GUERRA, L., D. et
al., 2019).
O fluxograma 1 ilustra os processos desde a o embarque do gado, já na sua fase adulta
e no peso ideal, em veículos terrestres para o prosseguimento de cada etapa da sua cadeia de
suprimentos, evidencia que o mesmo delimita-se em sentido de exportação:

Fluxograma 1: Cadeia de suprimentos do Gado Vivo para Exportação

Fonte: Adaptado de Silva et al (2019)

Segundo a Associação Brasileira de Exportação de Animais Vivos (ABREAV) citado


por Gomes et al (2019), se somar todos os processos logísticos, burocráticos e sanitários
existentes na cadeia de suprimento bovina entre os países negociantes, estima-se até 80 dias
para a entrega da carga ao seu consignatário, desse total, 16 a 25 dias as cargas ficam em
navegação, fora o transito terrestre nacional e internacional. Assim, entende-se que esses
animais ficam por um longo período de tempo acondicionados em situações de variação
climática, ocorrendo também a falta de alimentação e agua regularmente, bem como
ferimentos ou doenças decorrentes de contusões durante o transporte; levando a redução da
qualidade da carga.
Segundo Silva, Gomes e Neto (2019) carga subentende-se como um produto oriundo
de processos de unitização de mercadorias, que tem como finalidade tornar um ou mais
produtos resistentes a casualidades, bem como facilitar em seu manuseio e transporte de curta,
média e longa distancias. A carga pode ser caracterizada como Carga Geral, Carga a Granel e
Carga especial de acordo com as suas particularidades conforme:
a. Carga Geral - pode ser descrita como um material unitizado ou não, que tem seu
acondicionamento através de fardos, caixas, tambores e sacos.
b. Cargas a granel - são mercadorias que normalmente são de origem líquida
(combustível, suco, óleos vegetais), sólida (soja, minérios de ferro, sal) e gasoso
(hélio, metano, etanol).
c. Carga especial - é toda mercadoria que excede em dimensões ou volumes,
necessitando de um veículo ou equipamento especial para seu transporte. Essa carga
pode ser também de natureza perigosa, origem animal, produtos farmacêuticos e
perecíveis / congelados.

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De acordo com Dias e Caneo (2018) as cargas vivas são consideradas como cargas
especiais por necessitarem de veículo de transporte com aparelhagem específica (pisos
antiderrapantes, porteiras e divisórias moveis, higiene e ambiente seguro, arestas para
respiração.) e uma excelente condução por parte do responsável do transporte, evitando o
máximo que os animais sofram ferimentos ou passem por estresse elevado.

3. DESENVOLVIMENTO DA TEMÁTICA

O estudo apresentado tem por objetivo a viabilização de pesquisas para a melhoria no


transporte de carga viva bovina, no Brasil a matriz utilizada com maior frequência para a
locomoção da carga especial é a rodoviária (ANTT, 2019). Porém ao longo dos anos este
modal vem se tornando problemático para o transporte da carga viva, mesmo com as atuais
especificações impostas pela lei n°996 (2018) CONTRAN que tem como objetivo evitar
sofrimento desnecessário aos animais, diminuir a incidência de ferimentos, evitar situações
de estresse e superlotação (GUERRA, L.,D. et al., 2019). Sendo assim os caminhões já
existentes deverão passar por adaptações para adequarem-se ao transporte do animal, o
veículo deverá ser homologado pelo DETRAN e obter o CAT específico.
Contudo, mesmo após a legislação se adequar a atual situação, o uso excessivo do
modal rodoviário acarreta diversos gargalos logísticos que dificultam um cronograma estável
para o bem estar dos animais. Existem municípios onde localizam-se portos importantes,
como por exemplo o porto de Santos que não permite o tráfego de animais não domésticos
para fins lucrativos e comerciais na cidade conforme a lei n°996 (2018), proporcionando uma
perda de lucros visando que a exportação de bovinos vem sendo lucrativa para o país.
Entre os anos de 2015 a 2018 a exportação bovina vem crescendo no Brasil (como
demonstra o gráfico), vale destacar que os portos que não participam vêm perdendo lucros
consideráveis.

Gráfico 1: Crescimento da Exportação de Gado

Exportação de Gado Vivo nos últimos 5 anos

250,000.00
200,000.00
150,000.00
100,000.00
50,000.00
0.00
2015 2016 2017 2018

Toneladas
Fonte: Elaborado pelos autores com os dados do Comexstat
De acordo com os dados fornecidos e expostos pode-se dizer que a comercialização
da carga viva é de suma importância para a economia brasileira, de acordo com o Ministério
da Industria (2018) a exportação da carga viva no ano em questão gerou receita de R$ 470
milhões para o Brasil.
Analisando as informações retratadas no pressente artigo, e levando em consideração
que no Brasil o transporte de cargas vivas cresceu 25% nos últimos anos e as perspectivas são

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ainda maiores se faz necessária a maior opção de modais que possam ser utilizados para o
transporte seguro de cargas vivas (SILVA., GOMES., NETO. 2019).
De acordo com Fachinello e Nascimento (2008) a cabotagem seria um dos meios
viáveis para a movimentação de bovinos visando o curto risco de acidentes, amplo espaço
para a instalação dos animais, a grande costa brasileira e segundo a ANTA o custo do frete em
relação a cabotagem pode variar de 15% a 50% menor que o rodoviário. Pois conforme
declarado pela CNT os acidentes rodoviários envolvendo caminhões ocorrem com mais
frequência no Brasil.
O modal ferroviário também se faz um meio viável para o transporte de carga viva,
tendo em mente que além de maior espaço para transportar alta quantidade e amplo espaço
para o conforto dos animais, as estradas de ferro causam menos danos ao meio ambiente e
também a segurança proporcionada pelos trens sobre trilhos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo foi relevante devido à influência que a exportação de cargas vivas,


especialmente da espécie bovina, tem proporcionado à economia brasileira. Segundo o
Ministério da Industria, Comercio Exterior e Serviços (MDIC), entre os anos de 2015 e 2019,
a exportação de bois vivos teve uma média de aumento anual equivalente a 20%, gerando
para o país uma receita de US$ 316.133.594,80 ao ano. Seguindo esse contexto, o número de
países que apreciam esse tipo de carga, do Brasil, subiu consideravelmente, onde, em 2015, 7
nações foram responsáveis por importar 99.552,78 toneladas e, em 2019, 10 países
compraram certa de 178.846,94 toneladas de bovinos. Em consonância com os dados
apresentados, de acordo com Meirelles (2018), as exportações de bovinos rendem até 25% a
mais para produtos do que quando comercializados no mercado interno, o que torna a
atividade atrativa para os mesmos. Com isso, verifica-se que a exportação de animais da
espécie bovina é um ramo que deve ser explorado, pois o seu crescimento se justifica diante
da viabilidade econômica do mercado internacional.
Gráfico 2: Exportação de carga viva da espécie bovina (2015 – 2019)

Fonte: MDIC (2020)


O gráfico 2 representa a exportação de cargas vivas da espécie bovina, entre os anos de
2015 e 2019. Nota-se que de 2015 a 2018 o volume exportado subiu, vislumbrando uma
expansão acumulada de quase 95%. Porém, entre 2018 e 2019, esse número decresceu em
cerca de 52.057,54 toneladas, culminando em uma perda de U$ 175.401.210,00 à balança
comercial brasileira. Isso se deve, principalmente, porque a Turquia, uma das maiorias

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compradoras de carga viva da espécie bovina do Brasil, adquiriu uma menor quantidade desse
tipo de mercadoria e às mobilizações internacionais frente aos direitos animais aumentaram.
Em fevereiro de 2018, cerca de 25 mil cabeças de gado estavam prestes a embarcar para a
Turquia, por meio do porto de Santos, quando após várias denúncias de maus-tratos e rigorosa
perícia, as cargas acabam sendo embargadas judicialmente, ocasionando prejuízos milionários
aos empresários envolvidos, tanto pelas condições precárias de transporte, quanto pelos
atrasos e diminuição da qualidade do serviço prestado. Houve diversas manifestações que
provocaram uma série de discussões em âmbito internacional, fazendo com que a exportação
de cargas vivas da espécie bovina se tornasse um ramo menos atrativo. (BEDINELLI, 2018)
Por outro lado, sabe-se que a movimentação de cargas vivas ainda atende a
determinados nichos, como os países do Oriente Médio que por motivos religiosos e culturais
seculares, ainda optam pela carga viva. Sendo assim, vários dispositivos legais estão sendo
implementados para que o animal não sofra durante o transporte, dentre eles, pode-se citar a
Resolução nº 675/17 que dispõe sobre as condições dos veículos que transportam as cargas
vivas; e a rigorosa regulação por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) visando o bem-estar animal e a minimização da mortandade diante
do transporte. Perante a esse fato, visando o bem-estar dos animais transportados, o artigo
constatou que os órgãos responsáveis pela regulação da movimentação de cargas vivas devem
se mostrar mais atuantes por meio de fiscalizações periódicas durante todas as etapas da
cadeia de suprimentos, agindo de forma preventiva e menos corretiva, pois, assim, se torna
possível assegurar a saúde dos animais, bem como os parâmetros de higiene exigido
mundialmente de forma antecipada.

4.1 O transporte como vantagem logística

Por meio do estudo, constatou-se que o transporte foi um importante assunto abordado
pelo trabalho, já que essa etapa da cadeia logística é crucial para o sucesso da operação e o
bem-estar do animal, visto que quando mal conduzida, pode: provocar a mortandade de bois e
bezerros; elevar custos logísticos; e diminuir a qualidade da carne, bem como a
competitividade no mercado internacional.
Frente a isso, segundo o professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP),
Zanella (2020), a perda no transporte de animais pode chegar a 20% devido às condições em
que as cargas são transportadas, tais como a superlotação dos veículos, freadas bruscas, o
tempo que o caminhão fica exposto ao Sol e outros fatores que provocam o estresse do
animal. No Brasil, sabe-se que a matriz do transporte é desbalanceada, onde o modal
rodoviário é responsável por 62,8% da infraestrutura de transportes, acarretando diversos
gargalos logísticos que inviabilizam o transporte de cargas vivas. Perante a essas situações, o
transporte é um item de suma relevância para a redução de perdas na cadeia de suprimentos,
pois a eficiência e a eficácia das atividades logísticas com relação as cargas vivas, dependem,
quase que estritamente, do modo como a mercadoria é transportada (ALVARENGA, 2019).
O gráfico abaixo apresenta os prejuízos de um sistema de transporte ineficiente. Para a
simulação dos resultados, utilizou-se uma perda de 20% do faturamento bruto correspondente
a cada ano, do intervalo 2015 e 2019, disponíveis no portal do Ministério da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços (MDIC). De acordo com os valores representados, verifica-se
um acumulado de U$ 316.133.594,80 de despesas durante o transporte, ocasionadas por
diversos motivos, sendo que os principais estão relacionados a: atrasos, o não cumprimento de
normas sanitárias, morte de parte da carga e manutenções corretivas de veículos.
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Gráfico 3: Perda anual, entre 2015 e 2016 (U$)

Zanella (2020)

Salienta-se que os congestionamentos nos portos localizados em zonas urbanas e com


alta demanda de movimentação de mercadorias, também têm sido um fator agravante no
quesito de transporte de cargas vivas, pois quanto mais tempo o animal ficar em trânsito,
maior a probabilidade de o mesmo desenvolver patologias e lesões, dificultando a sua
movimentação e influenciando na qualidade final da carne, bem como na desvalorização no
mercado internacional e nacional. Com vista a sanar tais dificuldades, o estudo se mostrou
eficiente em elencar possíveis soluções, sendo que a primordial trata-se de balancear a matriz
de transporte, já que modais como o ferroviário, junto a sua capacidade de se integrar a outros
tipos de transporte, podem favorecer o escoamento de grãos em épocas de entressafras, a fim
de descongestionar vias apropriadas ao transporte de cargas vivas.
A multimodalidade/intermodalidade pode ser outro meio de agilizar o transporte de
cargas vivas, visto que a disponibilidade de caminhões para fazer longos trajetos, típicos no
transporte dessa natureza de mercadoria, aumentaria, pois outros granéis sólidos e líquidos de
baixo valor agregado poderiam integrar-se a outros modais, fazendo com que a malha
rodoviária fique mais apta a atender e acompanhar a demanda por cargas vivas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando que o presente artigo apresenta a dificuldade para exportação do gado


vivo, o estudo conseguiu ampliar a perspectiva de estudo para uma crescente melhoria
visando os desafios do transporte de cargas especiais. Observou-se que o modal rodoviário é o
principal meio utilizado para o transporte de cargas vivas atualmente, porém, no Brasil,
devido ao desbalanceamento da matriz, esse modal também é utilizado para transportar cargas
de baixo valor agregado e alto volume, inviabilizando a sua eficiência. Com isso, o artigo
visou despertar um diferente olhar para os diversos modais existentes e eficientemente
capazes de proporcionar um transporte de qualidade, quando utilizados de maneira correta e
para cargas adequadas à natureza dos mesmos.
O trabalho propôs a viabilização de novos estudos para o transporte dos animais,
reconhecendo que o rodoviário obtém diversas desvantagens perante os cuidados necessários
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para o bem estar dos animais, porém ainda trata-se do único meio utilizado
internacionalmente, demandando de mais estudos perante a aplicabilidade de outros modais.
A fim de minimizar os problemas relacionados às condições de higiene em que os animais são
transportados, o artigo sugeriu a ação preventiva dos órgãos reguladores, em cada etapa da
cadeia de suprimentos.
Diante do lucro que a exportação de gado fornece para o país, atendendo nichos
específicos, e o fato de seu crescimento ser estimado para os seguintes anos, a relevância no
desenvolvimento de novos estudos ligados ao ramo de cargas vivas tende a ser bastante
valorizado futuramente.

REFERÊNCIAS

ALVARENGA, H. ILOS, 2019. Matriz de Transportes no Brasil. Disponível em:


https://www.ilos.com.br/web/tag/matriz-de-transportes/. Acesso em: 11 de maio, 2020.

BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. 3. ed. São


Paulo: SARAIVA, 2016

BEDINELLI, T. EL PAÍS, 2018. Um gigantesco embarque de boi vivo expõe batalha


entre ativistas e a gestão Temer. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/05/politica/1517866118_265133.html?
outputType=amp. Acesso em 06 de maio de 2020

COMEXSTAT. Exportação e Importação Geral. Brasília, 2020. Disponível em:


http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral/12405. Acesso em: 19 de maio, 2020.

CANEO, A.; DIAS, M., DE, SÁ, C., Transporte de cargas vivas. Santos/SP, 2018.
Disponível em: https://even3.blob.core.windows.net/anais/86862.pdf. Acesso em 30 de maio,
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DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. 3ª ed. São Paulo. Atlas, 1995.

FERREIRA, M., D., P.; FILHO., J., E., R., V., Inserção no mercado internacional e a
produção de carnes no Brasil. Rio de Janeiro/RJ, 2019. Disponível em:
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/9285/1/TD_2479.PDF. Acesso em: 15 de maio,
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GIL, A. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª ed. São Paulo. Atlas, 2008.

GOMES., R., D., C.; FEIJÓ, G., L., D.; CHIARI, C., Embrapa: Evolução e qualidade da
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XI FATECLOG - OS DESAFIOS DA LOGÍSTICA REAL NO UNIVERSO VIRTUAL


FATEC JORNALISTA OMAIR FAGUNDES DE OLIVEIRA
BRAGANÇA PAULISTA/SP - BRASIL
15 DE JUNHO DE 2020

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