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PREVALÊNCIA DA SÍNDROME DE BURNOUT ENTRE OFICIAIS DA

MARINHA MERCANTE BRASILEIRA E FATORES ASSOCIADOS A


ACIDENTES DE TRABALHO A BORDO

Edelson Pereira Monsoles


Edson de Sarges Gonçalves
Helbert Araújo Nunes
Rogério Magalhães Valois
Telmo da Cunha Barcellos Filho

RESUMO

A Síndrome de Burnout configura-se como um importante problema de saúde pública


que afeta profissionais inseridos em ambiente que demandam muita competitividade
e responsabilidade resultando em um estado físico, emocional e mental de exaustão
extrema, causando grande impacto na qualidade de vida do trabalhador. Diante da
carência de estudos na área marítima, da alta prevalência de acidentes nas
embarcações empregadas no transporte de carga, de apoio marítimo e plataformas e
da pouca atenção dada à manutenção da saúde física e psicossocial dos mercantes
tanto por parte dos profissionais quanto das empresas, este trabalho objetiva avaliar
a prevalência de Síndrome de Burnout entre os Oficias de Náutica e Máquina da
Marinha Mercante brasileira e identificar os fatores de risco mais relacionados aos
acidentes de trabalho nas primeiras setenta e duas horas de embarque. O estudo de
caráter quantitativo, transversal e descritivo, contará com a aplicação online do
Inventário de Burnout Maslach e um protocolo próprio a uma casuística de 50 alunos
dos cursos do Ensino Profissionais Marítimo, durante os meses de abril e maio de
2019, no Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar, em Belém, Pará. Os dados
serão organizados com auxílio dos programas Microsoft Office 365 e será feita análise
estatística simples com posterior comparação dos resultados com a literatura atual.

Palavras-chave: Síndrome de Burnout. Marinha mercante. Saúde do trabalhor.


ABSTRACT

Burnout syndrome is an important public health problem that affects professionals in


an environment that demand a lot of competitiveness and responsibility, resulting in a
physical, emotional and mental state of extreme exhaustion, causing a great impact
on the worker's quality of life. In view of the lack of studies in the maritime area, the
high prevalence of accidents in vessels used in cargo transportation, maritime support
and platforms, and the lack of attention given to maintaining the physical and
psychosocial health of merchants, both by professionals and companies, this study
aims to evaluate the prevalence of Burnout Syndrome among the Nautical and
Machine Officers of the Brazilian Merchant Marine and to identify the risk factors most
related to work accidents during the first seventy two hours of shipment. The
quantitative, transversal and descriptive study will include the online application of the
Maslach Burnout Inventory and a protocol to a sample of 50 students of the Maritime
Professional Teaching courses during the months of April and May 2019 at the Center
for Instruction Admiral Braz de Aguiar, in Belém, Pará. Data will be organized with the
aid of Microsoft Office 365 programs and simple statistical analysis will be done with
subsequent comparison of the results with the current literature.

Key words: Burnout Syndrome. Merchant navy. Worker's health.


INTRODUÇÃO

O ambiente de trabalho é um dos pilares para a sustentação de uma empresa ou


organização, nele se constroem os principais modelos de atuação e onde se apuram
os resultados financeiros e organizacionais. O estresse ocupacional é inerente ao
ambiente laboral que exige boa performance. Com o desenvolvimento do mercado
marítimo, principalmente no setor de produção de óleo e gás, a busca constante por
uma produção maior e mais rápida e sem acidentes acarreta enorme desgaste físico
e emocional aos trabalhadores, onde qualquer paralização na produção está sujeita a
graves penalizações. A saúde mental do marítimo já é prejudicada pelo afastamento
familiar e residencial, estando ele ainda submetido a outas enfermidades relacionadas
ao ambiente de trabalho como a Síndrome de Burnout (SB). O nome da síndrome
deriva do inglês “to burn out”, que significa “queimar-se”, “reduzir a cinzas”. O termo
foi usado pela primeira vez em 1974, pelo psicanalista Herbert Freudenberger. O
Ministério da Saúde a define como um estado físico, emocional e mental de exaustão
extrema, resultado do acúmulo excessivo em situações de trabalho que são
emocionalmente exigentes e/ou estressantes, que demandam muita competitividade
ou responsabilidade, especialmente nas áreas de educação e saúde, tendo ainda
como outros sintomas indicativos a insônia, dificuldades de concentração,
sentimentos de fracasso e insegurança, cefaleia e alterações de apetite (BRASIL,
2018).

Os profissionais alocados em cargos com alto nível de estresse estão submetidos


diretamente à SB, principalmente àqueles em nível gerencial. O desenvolvimento da
crise ocorre em um processo dinâmico, através de três aspectos – Exaustão
Emocional (EE), Despersonalização (DP) e Realização Profissional (RP). A exaustão
emocional é por onde normalmente começa a instalação da SB. Sua manifestação
pode ser através de um processo físico, psíquico ou uma combinação dos dois. A EE
se configura como o centro da síndrome e a manifestação mais óbvia de se perceber.
A despersonalização é a insensibilidade do indivíduo perante as emoções advindas
do contato com as outras pessoas. A realização profissional indica a capacidade
produtiva e o nível de autoestima relacionado com o trabalho desenvolvido.
(MOREIRA, H. A.; SOUZA, K. N.; YAMAGUCHI, M. U., 2018) (Síndrome de Burnout
e fatores associados em profissionais da área de saúde: um estudo comparativo entre
Brasil e Portugal)
Em virtude da carência de trabalhos sobre a saúde mental do trabalhador marítimo no
Brasil, o presente artigo visou estabelecer a prevalência da Síndrome nos
profissionais atuando nas diversas embarcações do setor, identificando os níveis de
incidência dos principais sintomas atrelados ao Burnout e servindo de ferramenta para
que empresas e tripulantes possam discutir e estabelecer propostas de intervenção
para a redução do estresse do tripulante tanto no seu período de folga como
embarcado.
MÉTODO

O estudo foi de caráter quantitativo, transversal e descritivo. Contou com a aplicação


online do Inventário de Burnout Maslach (MBI) e um protocolo próprio a uma casuística
de 50 alunos dos cursos do Ensino Profissional Marítimo durante os meses de abril e
maio de 2019, no Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar, em Belém, Pará.

O Inventário de Burnout Maslach (MBI) avalia a síndrome de Burnout sob os seguintes


critérios: Exaustão Emocional – baixo índice para valores menores ou iguais a 14,
médio entre 15 e 24, alto para resultados acima de 25; Despersonalização –
pontuação igual o menor do que 3 para baixo índice, médio entre 4 e 9, alto para valor
igual ou maior do que 10; Realização Pessoal – avalia-se em escala inversa, sendo
baixo índice igual ou maior do que 40, médio entre 33 e 39 e alto para valor igual ou
menor do que 32. O Burnout foi considerado para todas as pessoas com pontuação
total igual ou maior do que 34 no MBI conforme estabelecido por Moreira et al. (2019)

Os dados foram organizados com auxílio dos programas Microsoft Office 365 e foi
feita a análise estatística simples dos resultados.
RESULTADOS

Figura 01 – Prevalência da Síndrome de Burnout entre os entrevistados, Belém, Pará, maio de 2019.

PREVALÊNCIA DA SB ENTRE OS ENTREVISTADOS

28%

72%

Sem SB Com SB

Fonte: Protocolo de pesquisa

Tabela 01 – Prevalência dos sintomas associados à SB entre os entrevistados do PREPOM, Belém,


Pará, maio de 2019.

NÚMERO
SINTOMA PREVALÊNCIA
ABSOLUTO
Cansaço excessivo físico e mental 44 88,0%
Ansiedade 43 86,0%
Dificuldades de concentração e memória 39 78,0%
Sentimento de fracasso e insegurança 39 78,0%
Dores musculares 37 74,0%
Insônia 37 74,0%
Alterações no apetite 33 66,0%
Alterações repentinas de humor 33 66,0%
Sentir-se desmotivado para iniciar algo 33 66,0%
Dor de cabeça 32 64,0%
Sentimento de tristeza 31 62,0%
Necessidade de isolar-se 29 58,0%
Negatividade 28 56,0%
Problemas gastrointestinais 24 48,0%
Sentimento de derrota e desesperança 23 46,0%
Vontade de chorar 22 44,0%
Sentimento de incompetência 21 42,0%
Perda do desejo sexual 20 40,0%
Pressão alta 20 40,0%
Alterações nos batimentos cardíacos 19 38,8%
Aumento do consumo de bebida, cigarro ou substâncias químicas 16 32,0%
Pensamentos sobre se machucar ou tirar a própria vida 2 4,0%
Fonte: Protocolo de pesquisa
Figura 02 – Sexo biológico dos entrevistados, Belém, Pará, maio de 2019.

SEXO BIOLÓGICO

6%

94%

MASCULINO FEMININO

Fonte: Protocolo de pesquisa

Figura 03 – Relação dos tipos de embarcação em que operam os entrevistados, Belém, Pará, maio de
2019.

RELAÇÃO DOS TIPOS DE EMBARCAÇÃO


PSV 14
PLATAFORMA 9
OPERAÇÃO ESPECIAL (MERGULHO, ROV, ESTIMULADOR) 2
OIL RECOVERY 3
NAVIO TANQUE 6
NAVIO SONDA 2
MERGULHO 1
FPSO 1
CONTEINEIRO 3
CONSTRUÇÃO SUBMARINA 1
CARGA GERAL 2
AHTS 6
0 2 4 6 8 10 12 14 16

Fonte: Protocolo de pesquisa


Figura 04 – Função atual dos entrevistados em suas respectivas embarcações, Belém, Pará, maio de
2019.

FUNÇÃO ATUAL

CHEFE DE MÁQUINAS 2
1ON/2ON/OFICIAL DO QUARTO DE
3
NAVEGAÇÃO
COMANDANTE 3

SUBCHEFE DE MÁQUINAS 4

DPO 4

2OM/OFICIAL DO QUARTO DE MÁQUINAS 5

IMEDIATO 28

0 5 10 15 20 25 30

Fonte: Protocolo de pesquisa

Figura 05 – Tempo total de serviço no mar dos entrevistados, Belém, Pará, maio de 2019.

TEMPO DE SERVIÇO NO MAR


25
22

20
16
15

10
6
5 3
2

0
0 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 20 anos 21 ou mais

Fonte: Protocolo de pesquisa


Figura 06 – Quantidade de horas de sono por dia dos entrevistados, Belém, Pará, maio de 2019.

HORAS DE SONO POR DIA


25

20
20

15

10
10 8
7

5 3
1
0
5 horas 6 horas 7 horas 8 horas 9 horas 10 horas

Fonte: Protocolo de pesquisa

Figura 07 – Entrevistados que já presenciaram acidentes a bordo, Belém, Pará, maio de 2019.

QUANTIDADE DE ENTREVISTADOS QUE JÁ


PRESENCIARAM ACIDENTES A BORDO

26%

74%

SIM NÂO

Fonte: Protocolo de pesquisa


Figura 08 – Entrevistados que já se acidentaram durante as primeiras 72 horas de embarque, Belém,
Pará, maio de 2019.

ACIDENTADOS DURANTE AS PRIMEIRAS 72


HORAS DE EMBARQUE

SIM NÃO

Fonte: Protocolo de pesquisa

Figura 09 – Entrevistados que já se acidentaram após as primeiras 72 horas de embarque, Belém,


Pará, maio de 2019.

QUANTIDADE DE ENTREVISTADOS ACIDENTADOS


APÓS AS PRIMEIRAS 72 HORAS DE EMBARQUE

14%

86%

SIM NÃO

Fonte: Protocolo de pesquisa


DISCUSSÃO
REFERÊNCIAS

Disponível em:
https://www.google.com/search?q=s%C3%ADndrome+de+burnout+minist%C3%A9ri
o+da+sa%C3%BAde&oq=s%C3%ADndrome+de+burnout+minist%C3%A9rio+da+sa
%C3%BAde&aqs=chrome..69i57j0.18671j0j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8.
Acessado em: 23 de maio de 2019

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