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“A verdade em verdade vos digo”

Tentarei ao longo deste livro elucidar


sobre Deus, o mito, a verdade, as mentiras, as ilusões, as
imaginações, enfim, “a verdade em verdade vos digo”.
Intercalando nessas páginas, entre
artigos e textos religiosos, incluindo a Bíblia, deixo minhas
traduções, elucidações, explicações, criatividade, imaginação
e coerência acerca de Deus, sem ter cunho religioso, ao
contrário, mesmo porque eu não sigo religião alguma, não
me adapto à elas, e me entedia o debates das mesmas. Não
sou ateísta na essência da palavra, nem agnóstico com
suposições e dúvidas.
Considero-me totalmente avesso à
religiões, sejam elas quais forem. Acho um imbróglio que
remonta a milênios, com o principal intuito de controle,
lavagem cerebral e poder, e o principal, dinheiro, muito
dinheiro, retirados de multidões e estados.
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“A verdade em verdade vos digo”

Esse livro representa e reflete o meu


pensamento e conclusões sobre Deus, nada mais. Não
quero e nem posso recriminar ou julgar religiões e seus
seguidores, ou adeptos de esoterismo e crenças. Nunca foi e
nem será minha intenção, primeiro porque não sou dono da
verdade, nem absoluta nem parcial nesse quesito de fé.
Apenas sopro algumas dúvidas para os céticos, algumas
elucidações para os que pendem de um lado para o outro, e
por fim, um lampejo de sobriedade e coerência. Nada de
intolerância, pois já temos muita em nome de Deus, que,
aliás, é a maior delas.
Basta observarmos certos líderes
religiosos. Pois como disse Ghandi, "nunca conseguirás
convencer um rato de que um gato traz boa sorte", e logo
adiante o mesmo pacifista conclui, "Deus não tem nenhuma
religião."
Ao longo da história escrita e escutada
da humanidade que nos foi passado, a idéia ou compreensão
de Deus assumiu várias concepções em todas sociedades e
grupos já existentes, desde as primitivas formas pré-
clássicas das crenças provenientes e educadas nas
inúmeras tribos da Antiguidade até os dogmas das variadas,
incoerentes e até de certo modo infantis, as
modernas religiões da civilização atual.
Sempre a procura de Deus foi um ideal.
Também um dilema. Uma equação indissolúvel. Chegando,
em muitos casos, ao desespero. Ninguém deu uma definição
precisa sobre o tema. Em muitos lugares é um tabu, em
outros um dogma, em muito poucos, um tema proibido.
Não sou a verdade e nem tenho essa
pretensão. Tento, como mencionei acima, elucidar, ou dar
condições se argumentos para debater, criticar e acabar com
mitos criados pelo homem sobre Deus.
A seguir, definições etimológicas,
sinônimos, adjetivos, conceitos e traduções religiosas, sobre
o Criador. Logo adiante, minhas definições e argumentos.
Espero despertar, pelo menos, uma ponta de dúvida no que
nos foi ensinado durante milênios.

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“A verdade em verdade vos digo”

Como disse o grande filósofo alemão


Nietzsche, "O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua
imagem e semelhança”.

Existência de Deus

Argumentos contra e a favor


da existência de deus têm sido propostos por filósofos,
teólogos, cientistas e outros pensadores ao longo da história.
Os que acreditam na existência de uma ou mais divindades
são chamados de teístas, os que rejeitam a existência de
deuses são chamados ateístas. Os que não duvidam nem
acreditam, e necessitam de uma prova, mantendo-se a
dúvida, chamamos de agnósticos.

A idéia de "Deus"

Existem diferentes definições


para Deus, o qual tanto pode ser um ser com poderes
sobrenaturais, amado ou temido, quanto representar o
princípio criador e mantenedor de todas as coisas do
universo, sendo boas ou ruins, certas e erradas.
A definição de Deus abraâmico é de um
Ser Supremo, um espírito dotado de entendimento e de
vontade, infinitamente perfeito que existe por si mesmo -
porque de ninguém recebeu a existência, ninguém O fez - e
de quem todos os outros seres recebem a existência. É o
único Ser necessário que existe desde toda a eternidade,
sempre existiu e sempre existirá. Deus é Aquele que é.
Portanto, um ser Deus, é impossível. Não há concepção
definida de Deus. Sentimos a sua presença, tanto no bem
como no mal.
Nas páginas a seguir, vocês terão
várias interpretações sobre Deus, na visão de estudiosos,
teólogos, ateus, agnósticos e de todas as religiões:
Deus muitas vezes é expressado como
o criador e Senhor do universo. Teólogos têm relacionado
uma variedade de atributos para concepções de Deus muito
diferentes.

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“A verdade em verdade vos digo”

Os mais comuns e variados sinônimos


de Deus, entre os quais essas incluem consciência,
onisciência, onipresença, onipotência, benevolência
(bondade perfeita), simplicidade divina, zelo, sobrenatural,
eternidade e de existência necessária.
Deus também tem sido em muitas
definições, compreendido como sendo incorpóreo, um ser
com personalidade divina, a fonte de toda a obrigação moral,
e o "maior existente". Estes atributos foram todos suportados
em diferentes graus anteriormente pelos filósofos
teológicos judeus, cristãos e muçulmanos, ortodoxos ou não
incluindo Rambam, Agostinho de Hipona e Al
Ghazali, respectivamente.
Muitos filósofos medievais notáveis
desenvolveram durante suas existências, argumentos para a
existência de Deus, tencionando combater as aparentes
contradições implicadas por muitos destes atributos.
Na maioria dos casos, ou posso afirmar,
em 100% deles, esses argumentos e definições foram para
dominar, restringir, controlar e autoritar sobre os povos da
época. E seguem assim a te hoje.

Etimologia e uso

Tanto a forma capitalizada do termo


Deus, quanto seu diminutivo, que vem a simbolizar
divindades, deidades em geral, tem origem no termo latino
para Deus, divindade ou deidade. Português é a única língua
românica neolatina que manteve o termo em sua forma
nominativa original com o final do substantivo em "us",
diferentemente do espanhol dios, francês dieu, italiano dio e
do romeno, língua que distingue Dumnezeu, criador
monoteísta e zeu, ser idolatrado.
O latim Deus e divus, assim como o
grego διϝος = "divino" descendem do Proto-Indo-
Europeu*deiwos = "divino", mesma raiz que Dyēus, a
divindade principal do panteão indo-europeu, igualmente
cognato do grego Ζευς (Zeus). Na era clássica do latim o
vocábulo era uma referência generalizante a qualquer figura
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“A verdade em verdade vos digo”

endeusada e adorada pelos pagãos e atualmente no mundo


cristão é usada hodiernamente em frases
e slogans religiosos, como por exemplo, Deus sit vobiscum,
variação de Dominus sit vobiscum, "o Senhor esteja
convosco",o hino litúrgico católico Te Deum, proveniente
de Te Deum Laudamus, "A Vós, ó Deus, louvamos"e a
expressão que advém da tragédia grega Deus ex
machina. Virgílio com Dabit deus his quoque finem, "Deus
trará um fim à isto". Em cada canto do planeta ouvia-se
frases e lemas como o grito de guerra utilizado no Império
Romano Tardio e no Império Bizantino, nobiscum deus,
"Deus está conosco", assim como o grito das cruzadas Deus
vult, "assim quer Deus", "esta é a vontade de Deus".
Em latim existiam as expressões
interjectivas "O Deus meus" e "Mi Deus", correspondentes ao
português (Oh) meu Deus!, (Ah) meu Deus!, Deus meu!.
Dei é uma forma flexionada ou
declinada de Deus, usada em expressões utilizadas
pelo Vaticano, como as organizações católicas apostólicas
romanas Opus Dei (Obra de Deus, sendo obra oriunda
deopera), Agnus Dei (Cordeiro de Deus) e Dei Gratia (Pela
Graça de Deus). Geralmente trata-se do caso genitivo ("de
Deus"), mas é também a forma plural primária adicionada à
variante di. Existe o outro plural, dii, e a forma
feminina deae ("deusas").
A palavra Deus, através da forma
declinada Dei, é a raiz de deísmo, panteísmo, panenteísmo,
e politeísmo, ironicamente tratam-se todas de teorias na qual
qualquer figura divina é ausente na intervenção da vida
humana. Essa circunstância curiosa originou-se do uso de
"deísmo" nos séculos XVII e XVIII como forma contrastante
do prevalecente "teísmo". Teísmo é a crença em um Deus
providente e interferente.
Seguidores dessas teorias e
ocasionalmente, seguidores do panteísmo, podem vir a usar
em variadas línguas, especialmente no inglês o termo "Deus"
ou a expressão "o Deus" (the God), para deixar claro de que
a entidade discutida não trata-se de um Deus teísta. Arthur
C. Clarke usou-o em seu romance futurista, 3001: The Final
Odyssey. Nele, o termo "Deus" substituiu "God" no longínquo
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“A verdade em verdade vos digo”

século XXXI, pois "God" veio a ser associado com fanatismo


religioso. A visão religiosa que prevalece em seu mundo
fictício é o Deísmo.
São Jerônimo traduziu a palavra
hebraica Elohim (‫ אלהים‬,‫ )ֱא לֹוִה ים‬para o latim como Deus.
A palavra pode assumir conotações
negativas em algumas utilizações. Na filosofia cartesiana, a
expressão Deus deceptor é usada para discutir a
possibilidade de um "Deus malévolo" que procura iludir-nos.
Esse personagem tem relação com um argumento cético que
questiona até onde um demônio ou espírito mau teria êxito
na tentativa de impedir ou subverter o nosso conhecimento.
Outra é deus otiosus ("Deus ocioso"), um conceito teológico
para descrever a crença num Deus criador que se distancia
do mundo e não se envolve em seu funcionamento diário.
Um conceito similar é deus absconditus ("Deus absconso ou
escondido") de São Tomás de Aquino.
Ambas referem-se a uma divindade
cuja existência não é prontamente reconhecida nem através
de contemplação ou exame ocular de ações divinas in loco.
O conceito de deus otiosus frequentemente sugere um Deus
que extenuou-se da ingerência que tinha neste mundo e que
foi substituído por deuses mais jovens e ativos que
efetivamente se envolvem, enquanto deus
absconditus sugere um Deus que conscientemente
abandonou este mundo para ocultar-se alhures.
A forma mais antiga de escrita da
palavra germânica Deus vem do Codex
Argenteus cristão do século VI. A própria palavra inglesa é
derivada da Proto-Germânica "ǥuđan". A maioria dos
linguistas concordam que a forma reconstruída da Proto-
Indo-Européia (ǵhu-tó-m) foi baseada na raiz (ǵhau(ə)-), que
significa também "chamar" ou "invocar".[4]
A forma capitalizada Deus foi
primeiramente usada na tradução gótica Wulfila do Novo
Testamento, para representar o grego "Theos". Na língua
inglesa, a capitalização continua a representar uma distinção
entre um "Deus" monoteísta e "deuses" no politeísmo.
[5]
Apesar das diferenças significativas entre religiões como
o Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo, a Fé Bahá'í e
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“A verdade em verdade vos digo”

o Judaísmo, o termo "Deus" permanece como uma tradução


inglesa comum a todas. O nome pode significar deidades
monoteísticas relacionadas ou similares, como no
monoteísmo primitivo de Akenaton e
Zoroastrismode (Zoroastro).

Nome

A palavra Deus no latim, em


inglês God e suas traduções em outras línguas como o
grego Θεός eslavo Bog, sânscrito Ishvara, ou arábico Alá,
são normalmente usadas para toda e qualquer concepção. O
mesmo acontece no hebraico El, mas no judaísmo, Deus
também é utilizado como nome próprio, o Tetragrama YHVH,
que acredita-se referir-se à origem henoteística da religião.
Na Bíblia, quando a palavra "Senhor" está em todas as
capitais, isto significa que a palavra representa o tetragrama.
Deus também pode receber um nome
próprio em correntes monoteísticas do hinduísmo que
enfatizam sua natureza pessoal, com referências primitivas
ao seu nome como KrishnaKrishna, Vasudeva, Bhagvata ou
posteriormente Vixnu e Hari, ou recentemente Shakti.
É difícil desenhar uma linha entre os
nomes próprios e epítetas de Deus, como os nomes e títulos
de Jesus no Novo Testamento, os nomes de Deus no
Qur'an ou Alcorão ou Corão, e as várias listas demilhares de
nomes de Deus e a lista de títulos e nomes de Krishna no
Vixnuísmo.

Na antiguidade
Quase todos os povos
da Antiguidade desenvolvem religiões politeístas.
Seus deuses podem ter diferentes
nomes, funções ou grau de importância ao longo dos
tempos. Em geral, as mudanças nos panteões
de deuses refletem movimentos internos dos povos antigos,
processos migratórios, conquistas e miscigenações.

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“A verdade em verdade vos digo”

Religiões do Egito

Até a unificação dos povos do vale do


rio Nilo e o surgimento das dinastias dos faraós (3.000 a.C.),
existem no Egito vários grupos autônomos, com seus
próprios deuses e cultos. Durante o período dinástico (até
332 a.C.) os egípcios são politeístas.
Os faraós são considerados
personificações de deuses e os sacerdotes constituem uma
casta culta e de grande poder político. O monoteísmo
acontece apenas durante o reinado do faraó Amenofis IV,
que muda seu nome para Akenaton, em homenagem ao
deus-sol. As pirâmides e os templos são alguns dos registros
da religiosidade do povo egípcio, da multiplicidade de
seus deuses e do esplendor de seus cultos.

Divindades egípcias

A principal divindade é o deus-sol (Rá).


Ele tem vários nomes e é representado por diferentes
símbolos: Atom, o disco solar; Horus, o Sol nascente.
Os antigos deuses locais permanecem,
mas em segundo plano, e as diferentes cidades mantêm
suas divindades protetoras.
Várias divindades egípcias são
simbolizadas por animais: Anúbis, deus dos mortos, é o
chacal; Hator, deusa do amor e da alegria, é a vaca; Khnum,
deus das fontes do Nilo, é o carneiro e Sekmet, deusa da
violência e das epidemias, é a leoa. Nas últimas dinastias
difunde-se o culto a Ísis, deusa da fecundidade da natureza,
e Osíris, deus da agricultura, que ensina as leis aos homens.

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“A verdade em verdade vos digo”

Religiões da Mesopotâmia

A Mesopotâmia é a região delimitada


pelos vales férteis dos rios Tigre e Eufrates (atual sul da
Turquia, Síria e Iraque). Ali surgem povos e civilizações tão
antigas como a do Egito: os sumérios e os semitas, estes
divididos em acádios, assírios e babilônios. Os sumérios são
os primeiros a inventar a escrita - os caracteres cuneiformes.
Descobertas arqueológicas e a decifração da escrita
cuneiforme têm revelado as tradições culturais e religiosas
desses povos. Entre os documentos decifrados destacam-se
alguns anteriores ao século XV a.C.: o código de Hamurabi,
com as leis que regem a vida e propriedade dos súditos do
imperador Hamurabi (1.728 a.C.?-1.686 a.C.?); Enuma elis,
poema babilônico da criação, e a Epopéia de Gilgamesh,
relato da vida do lendário soberano de Uruk, cidade suméria
nas margens do rio Eufrates.

Deuses sumérios

Os primitivos deuses sumérios são


Anou ou An, deus-céu; Enki ou Ea, que ora aparece como
deus-terra, ora como deus-água; Enlil, deus do vento e, mais
tarde, deus da terra; Nin-ur-sag, também chamada de Nin-
mah ou Aruru, a senhora da montanha.
A hierarquia entre esses deuses muda
com o tempo. No início da civilização suméria, Anou ocupa a
principal posição. Depois, o deus supremo passa a ser Enlil,
considerado o regente da natureza, o senhor do destino e do
poder dos reis.

Deuses da Babilônia

Os semitas (babilônios e assírios)


incorporam os deuses sumérios, trocam seus nomes e
alteram sua hierarquia. Anou, Enki e Enlil (chamado de Bel)
permanecem como deuses principais até o reinado de
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“A verdade em verdade vos digo”

Hamurabi. Eles veneram Sin, o deus-lua, e Ishtar ou Astarté,


deusa do dia e da noite, do amor e da guerra. No reinado de
Hamurabi, o deus supremo passa a ser Marduk, o mesmo
Enlil dos sumérios e Bel dos primeiros babilônios, porém
mais poderoso.
Chamado de pai dos deuses ou criador,
Marduk sobrevive com o nome de Assur, deus supremo da
Assíria, quando esse povo domina a Mesopotâmia.

Cultos e rituais da
Mesopotâmia

A relação com os deuses é marcada


pela total submissão às suas vontades e pelo sentimento de
impureza, expresso nos salmos de penitência para implorar o
perdão.
Os deuses manifestam suas vontades
através de sonhos e oráculos. Os antigos sumérios procuram
obter as graças divinas por meio de sacrifícios regulares e
oferendas. Cada deus tem uma festa especial. Os sumérios
acreditam na vida após a morte, mas a alma não passa de
uma sombra que habita as trevas de Kur, espécie de inferno.

Religião grega

A Grécia antiga compreende o sul da


península balcânica, a costa oeste da Ásia Menor (atual
Turquia), as ilhas do mar Jônico e do mar Egeu e as regiões
sudoeste e sul da península itálica (Magna Grécia). Durante
o reinado de Alexandre, o Grande, incorpora também o norte
do Egito. Os povos helênicos estabelecem-se em ondas
sucessivas nessas regiões, assimilam e reelaboram a cultura
local.
As divindades evoluem com o tempo e
assumem diferentes significados. Embora exista um panteão
de deuses comum a todos os gregos, cada cidade-estado
tem seu próprio deus protetor, com seus cultos, rituais e
festas específicos.
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“A verdade em verdade vos digo”

Deuses gregos
Os deuses gregos representam forças e
fenômenos da natureza e também impulsos e paixões
humanas. Moram no Monte Olimpo e de lá controlam tudo o
que se passa entre os mortais. O panteão grego
inclui semideuses, heróis e inúmeras entidades, como os
sátiros e ninfas, espíritos dos bosques, das águas ou das
flores.

Deuses olímpicos

O principal deus grego é Zeus, o pai


e rei dos deuses e dos homens.
Cultuado em toda a Grécia, é o
guardião da ordem e dos juramentos, senhor dos raios e dos
fenômenos atmosféricos. Hera, irmã e esposa de Zeus,
preside os casamentos, os partos, protege a família e as
mulheres. Atena, ou Palas Atena, nasce da cabeça de Zeus,
já completamente armada. É a deusa da inteligência, das
artes, da indústria e da guerra organizada. Apolo, filho de
Zeus e da deusa Leto, é o deus da luz da juventude, da
música, das artes, da adivinhação e da medicina. Dirige o
"carro do Sol" e preside os oráculos. Artemis, irmã gêmea de
Apolo, é a deusa-virgem, símbolo da vida livre, das florestas
e da caça. Afrodite, deusa da beleza, do amor e da volúpia
sexual, é casada com Hefestos ou Hefaísto, filho de Zeus e
de Hera, feio e disforme, protetor dos ferreiros e dos ofícios
manuais. Hares (Ares), filho de Zeus e Hera, é o deus da
guerra violenta. Poseidon ou Posídeon, irmão de Zeus, é o
deus do mar. Hades, irmão de Zeus, governa a vida após a
morte e a região das trevas - espécie de inferno grego.
Deméter é a deusa da agricultura. Dionísio, deus da videira e
do vinho. Hermes, filho de Zeus e da ninfa Maia, é
o mensageiro dos deuses, protetor dos pastores, dos
negociantes, dos ladrões e inspirador da eloquência.

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“A verdade em verdade vos digo”

Cultos e rituais gregos


A religiosidade grega não se expressa
através de textos sagrados.
Os deuses estão presentes em todos os
aspectos da vida cotidiana, e são reverenciados por um
conjunto de práticas e rituais realizados em bosques
sagrados, templos ou cumes de montanhas. Os sacerdotes
consagram a vida ao culto de um deus específico e, nos
templos, presidem sacrifícios, transmitem e interpretam
oráculos.

Festas e santuários gregos

Os principais santuários do mundo


grego são Delos e Delfos, em homenagem a Apolo; Olímpia,
a Zeus; Epidauro, a Asclépio; Elêusis, a Deméter. Cada
cidade grega tem sua própria festa em homenagem ao deus
protetor. As mais importantes são a Panatenéia, em honra de
Atena; as Olimpíadas, celebradas a cada quatro anos em
Olímpia, com a organização de jogos em homenagem a
Zeus; e as Dionísias, grande festa popular que inclui
representações dramáticas, em homenagem a Dionísio,
celebrada em Atenas e também em áreas camponesas.

Religiões de Roma

A primitiva religião dos romanos é


formada pela fusão das tradições dos povos etruscos e
itálicos, antigos habitantes da península itálica.
Tem acentuado caráter doméstico,
expresso nas divindades protetoras da família (Lares), nas
preces e oferendas rituais cotidianas, nos sacrifícios
propiciatórios pela paz, para pedir bom tempo ou boas
colheitas, e no culto aos mortos.
Cultuam inúmeras divindades
menores (Numes), relacionadas com elementos naturais e
com aspectos da vida humana. Com a expansão da
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“A verdade em verdade vos digo”

República e do Império, os romanos incorporam tradições


religiosas de povos conquistados, principalmente dos gregos.
A religião e cultos
domésticos permanecem ao lado de uma sofisticada religião
oficial, que inclui até os imperadores no panteão dos deuses.

Primeiros deuses romanos

Entre os deuses primitivos destacam-se


Janus, que durante muito tempo reina sobre os demais
deuses; Juno, protetora dos casamentos, das mulheres e dos
partos; Júpiter, deus da claridade e dos fenômenos
atmosféricos; Deméter, deusa da agricultura e da fertilidade;
Marte, considerado o "pai dos romanos", senhor da guerra e
das atividades humanas essenciais; e Quirino, antigo deus
da agricultura, muitas vezes associado a Marte.

Deuses da República e do
Império

Durante a República, o panteão romano


passa a ser dominado por uma tríade divina - Júpiter, Juno e
Minerva - e começa a incorporação dos deuses gregos:
Júpiter é Zeus, Juno é Hera, Minerva é Atena, Apolo
transforma-se em Helius e sua irmã, Artemis, em Diana, a
caçadora.
Hermes, o mensageiro dos deuses
gregos, é o Mercúrio romano.
Poseidon, deus grego do mar, é
assimilado como Netuno, seu irmão Hades é Plutão, e
Cronos, deus primitivo grego, pai de Zeus, Netuno e Plutão, é
associado à Saturno, também um antigo deus romano.

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“A verdade em verdade vos digo”

Cultos romanos

Na Roma primitiva os sacerdotes são


pouco numerosos e os mais importantes são os dedicados
ao culto de Janus. Os cultos são realizados não só em
templos, como também nas próprias casas. Orações,
sacrifícios e promessas compõem os rituais. Aos poucos, os
sacerdotes ampliam seu poder político a ponto de
confundirem-se com o Estado. Na República, o colégio dos
pontífices já regula completamente a vida religiosa e, na
época do Império, o cargo de pontífice máximo é disputado
pelo próprio imperador.

Religiões do Irã antigo

A mais antiga civilização da região do


antigo Irã, ao norte da Mesopotâmia, data do século XX a.C.
Apesar de sucessivas ocupações pelos povos medas e
persas, uma certa homogeneidade cultural é preservada até
a invasão muçulmana, no século VII da era cristã.
A religião dos antigos iranianos está
registrada nos Avestas, conjunto de textos sagrados escritos
a partir do século VI a.C.

Masdeísmo

Religião naturalista e dualista, centrada


no culto a Ahura-Mazda, deus da luz e criador do universo,
que se opõem a Angra-Mainyu ou Ahrimanunha, senhor do
reino das trevas.
Ahura-Mazda comanda as divindades
luminosas e benévolas, como Mithra, deus-pastor, protetor
das chuvas, mais tarde associado ao Sol, e Anahita, deusa
das fontes e da fecundidade. Mais tarde, com o zoroastrismo,
Ahura-Mazda é elevado a deus único.

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“A verdade em verdade vos digo”

Zoroastrismo

Religião centrada na pureza de coração


e na prática das virtudes. Boas palavras, bons pensamentos
e boas ações abririam o caminho para o paraíso, onde o bem
suplantaria definitivamente o mal. Sua doutrina é registrada
por seus discípulos nos Avestas, textos sagrados escritos a
partir do século VI a.C.

Zoroastro

Ou Zaratustra, profeta e reformador


religioso e social do século VI a.C. Aos 40 anos começa a
pregar a existência de um deus único e a prática da virtude.
Converte o rei meda Histaspes (ou Vishtaspa), pai do
imperador Dario, e conquista grande influência. Realiza uma
reforma religiosa: as divindades secundárias são excluídas e
Mazda, um deus bom e sábio, passa à categoria de deus
único.

Zoroastrismo atual

O zoroastrismo sobrevive até hoje em


populações do interior do Irã e na religião dos Parsis, grupo
que foge da antiga Pérsia para a Índia após a invasão
muçulmana. A comunidade parsis, instalada na região de
Bombaim, reúne cerca de 100 mil pessoas. Veneram o fogo,
praticam longas abluções (lavagens) e purificações à beira-
mar e preservam o ritual de deixar os mortos sobre os
lugares altos, chamados de torres do silêncio.

Cultos masdeístas

A terra, o fogo e as águas são


sagrados. Para não poluí-las, os masdeístas não enterram
seus mortos, considerados impuros. Os cadáveres são

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“A verdade em verdade vos digo”

deixados em torres para serem devorados por aves de


rapina.

Nas religiões monoteístas atuais

(Cristianismo, judaísmo, zoroastrismo, i


slamismo, sikhismo e a Fé Bahá'í), o tremo “Deus” refere-se
à ideia de um ser supremo, infinito, perfeito, criador do
universo, que seria a causa primária e o fim de todas as
coisas. Os povos da mesopotâmia o chamavam pelo Nome,
escrito em hebraico como ‫( יהוה‬o Tetragrama YHVH). Mas
com o tempo deixaram de pronunciar o seu nome
diretamente, apenas se referindo por meio de associações e
abreviações, ou através de adjetivos como "O Salvador", "O
Criador" ou "O Supremo", e assim por diante.
Um bom exemplo desse tipo de
associação, ainda estão presentes em alguns nomes e
expressões hebraicos, como Rafael ("curado por Deus" - El),
e árabes, por exemplo Abdallah ("servo - abd - de Deus"
- Allah).
Muitas das diversas traduções
das Bíblias cristãs grafam a palavra, opcionalmente, com a
inicial em maiúscula, ou em versalete (DEUS), substituindo a
transcrição referente ao tetragrama, YHVH, conjuntamente
com o uso de SENHOR em versalete, para referenciar que
se tratava do impronunciável nome de Deus, que na cultura
judaica era substituído pela pronúncia Adonay.
As principais características deste
Deus-Supremo seriam:
 a Onipotência: poder absoluto sobre todas as coisas;
 a Onipresença: poder de estar presente em todo lugar;
 a Onisciência: poder de saber tudo.
Essas características citadas foram reveladas aos homens
através de textos contidos nos Livros Sagrados, quais sejam:
 o Bagavadguitá, dos hinduístas;
 o Tipitaka, dos budistas;
 o Tanakh, dos judeus;
 o Avesta, dos zoroastrianos;
 a Bíblia, dos cristãos;
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“A verdade em verdade vos digo”

 o Livro de Mórmon, dos santos dos últimos dias;


 o Alcorão, dos islâmicos;
 o Guru Granth Sahib dos sikhs;
 o Kitáb-i-Aqdas, dos bahá'ís;

Esses livros relatam histórias e fatos envolvendo


personagens escolhidos para testemunhar e transmitir a
vontade divina na Terra ao povo de seu tempo, tais como:

 Abraão e Moisés, na fé judaica, cristã e islâmica;


 Zoroastro, na fé zoroastriana;
 Krishna, na fé hindu;
 Buda, na fé budista;
 Jesus Cristo, na fé cristã e islâmica;
 Maomé, na fé islâmica;
 Guru Nanak, no sikhismo,
 Báb e Bahá'u'lláh, na fé Bahá'í

Nomes de Deus

As fés monoteístas acreditam que há e


só pode haver um único ser supremo.
No politeísmo acredita-se na
coexistência de diversas deidaddes (ou divindades). As
concepções destes seres variam enormemente em cada
cultura, mas a palavra Deus em português (e de traduções
em línguas neolatinas é referida para designar todos estes
conceitos.

Religiões abraâmicas

Religião abraâmica, também referido


como monoteísmo do deserto, é uma designação genérica
para as religiões que derivam da tradição semítica que têm
na figura do patriarca Abraão o seu marco referencial
inicial. Stricto sensu as religiões consideradas abraâmicas
são: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Muitos nomes de
Deus são comuns entre as três religiões, principalmente
entre o Judaísmo e o Cristianismo, já que este é derivado
daquele.
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“A verdade em verdade vos digo”

Judaísmo
Javé ou Jehová sãolo calizações
comuns do nome pessoal de Deus baseados bo tetragrama
hebraico.
A maior parte das Bíblias cristãs
modernas removeu este nome em quase todas as sete mil
ocorrências contidas nas Escrituras Hebraicas, normalmente
usando a palavra Senhor ou uma alternativa semelhante.
A remoção foi causada num
determinado período, por uma tradição[1], criada
por judeus copistas, que passaram a ter receio de que o
nome sagrado fosse usado ou pronunciado de modo
indevido ou sem o devido respeito pelas pessoas que
tivessem acesso aos textos sagrados.
Mais uma variação ou “conserto” em
Deus.

Tetragrama

O Tetragrama Sagrado YHVH ou


YHWH (mais usado), (‫יהוה‬, na grafia original, o hebraico),
refere-se ao nome do Deus de Israel em forma escrita já
transliterada e, pois, latinizada, como de uso corrente na
maioria das culturas atuais. A forma da expressão ao
declarar o nome de Deus YHVH ou JHVH (na forma
latinizada) deixou de ser utilizada a milhares de anos, pois na
pronuncia correta do hebraico original (que é declarada como
uma língua quase que completamente extinta). As pessoas
perderam ao longo das décadas a capacidade de se
pronunciar de forma satisfatoria e correta, pois a língua
precisaria se curvar (dobrar) de uma forma em que
especialistas no assunto descreveriam hoje em dia como
impossível. Originariamente, em aramaico e hebraico, era
escrito e lido horizontalmente, da direita para esquerda ‫;יהוה‬
ou seja, HVHY. Formado por quatro consoantes hebraicas —
Yud ‫ י‬Hêi ‫ ה‬Vav ‫ ו‬Hêi ‫ ה‬ou ‫יהוה‬, o Tetragrama YHVH tem sido
latinizado para JHVH já por muitos séculos.

18
“A verdade em verdade vos digo”

Algumas versões da Bíblia, traduzem e


transcrevem o Tetragrama como Javé, e algumas outras
como Jeová:, A King James Version (autorizada), 1611:
 Transcreve quatro vezes como o nome pessoal do Deus
(todos em textos considerados de importância),por
exemplo, Êxodo 6:3; Salmo 83:18; Isaías 12:2 26:4;e três
vezes junto a nomes de lugares: Gênesis 22:14; Êxodo
17:15 e Juízes 6:24. A Versão de Padrão Americana,
edição 1901:
 Traduz consistentemente o Tetragrama como Je-ho’vah
em todos os 6.823 lugares onde ocorre nas Escrituras
Hebraicas.
 A Nova bíblia Inglesa:
 Publicada pela imprensa da Universidade de Oxford, 1970,
por exemplo Génesis 22:14; Êxodo 3:15,16; 6:3;
17:15; Juízes 6:24 ;
 A Bíblia Viva: Publicada Tyndale House, Illinois 1971, por
exemplo Génesis 22:14, Êxodo 4:1-27; Deuteronio
4;19;5;6;5;Levítico 36:
 Deuteronômio 4:29,39;5:5,6; Juízes 6:16,24; Salmos 83:18
110:1; Isaías 10:1 45.1 18;
 A Versão de João Ferreira de Almeida, a Almeida Revista
e Corrigida, de 1693:
 Empregou milhares de vezes na forma JEHOVAH, como
se pode ver na reimpressão, de 1870, da edição de 1693.
A Edição Revista e Corrigida (1954) retém o Nome em sua
forma moderna (Jeová) em lugares tais
como Salmo 83:18; Isaías 12:2 dentre outros, e
extensivamente, no livro de Isaías, Jeremias e Ezequiel.
 La Santa Bíblia - Version Reina-Valera (1909):
 Traduz quase todas as vezes integralmente como Jehova.
 A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas:
 Publicada pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados, New York, Inc., 1961 e revisada em 1984.
Traduz o Tetragrama quase 7.000 vezes.
Alguns grupos religiosos, como
as Testemunhas de Jeová, aceitam a tradução do
Tetragrama como Jeová,. E esta tradução passou a ser
usada entre alguns grupos cristãos quando a pronúncia
exata de (‫ )יהוה‬ainda é desconhecida. Já alguns grupos
19
“A verdade em verdade vos digo”

evangélicos aceitam unicamente o nome Javé como correto.


Algumas traduções católicas traduzem para Javé.

Lista de títulos e nomes de Deus (Judaico-Cristãos)

Aará - Meu Pastor


Adon Hakavod - Rei da Glória
Adonay (‫ )חשם‬- Senhor
Attiq Yômin - Antigo de Dias
Divino Pai Eterno - uma concepção a Deus Pai El (‫ )אל‬- Deus
"Aquele que vai adiante ou começa as coisas"
El-Berit - Deus que faz pacto ou aliança
El Caná - O Deus Zeloso
El Deot - O Deus das Sabedorias
El Elah - Todo Poderoso
El Elhôhê Israel- Deus de Israel
El-Elyon (‫)עליון אל‬- Deus que faz pacto ou aliança
El-Ne'eman - Deus de graça e misericórdia
El-Nosse - Deus de compaixão
El-Olan (‫)םאל על‬- Deus eterno, da eternidade
El-Qana - Deus zeloso
El Raí - O Deus que tudo vê
El-Ro'i - Deus que vê (da vista)
El-Sale'i - Deus é minha rocha, o meu refúgio
El-Shadday (‫)שרי על‬- Deus Todo-Poderoso
Eliom - Altíssimo
Elohim – (plural) (‫)אלחים‬- Deus; Criador "implícito o poder
criativo e a onipotência"
Eloah – (singular) (‫)ה׀לא‬- Deus; Criador "implícito o poder
criativo e a onipotência"
Gibbor - Poderoso
Há'Shem – (‫)השם‬- O Nome - Senhor - o mesmo que YHVH
Jehoshua - Javé (ou Jehová) é a Salvação
Javé Jire - também conhecido como Deus de Abraão, Isaque
e Jacó.
Kadosh - Santo
Kadosh Israel - Santo de Israel
Malah Brit - O Anjo da Aliança
Maor - Criador da Luz
20
“A verdade em verdade vos digo”

Margen - Protetor
Mikadiskim - Que nos santifica
Palet - Libertador
Rofecha - Que te sara
Salvaon - Senhor Todo-Poderoso
Shadday (‫ )שרי‬- Todo Poderoso
Shaphatar - Juiz
Yahweh - Javé
Yaveh (Ha'Shem) El Elion Norah - O Senhor Deus Altíssimo
é Tremendo
Yaveh (Ha'Shem) Tiçavaot - Senhor das Hostes Celestiais
Yeshua - Jesus o Nome sobre todo o Nome
YHWH – (‫ )יהוה‬- Tetragrama; Um nome difícil, quase
impronunciável, de Deus; quase sempre traduzido
por Senhor.
Yehoshua - (Jesus)é o Salvador
Javé - (Ha'Shem) é a Salvação
YHWH (Ha'Shem) Eloheka - O Senhor teu Deus
YHWH (Ha'Shem) Elohim – (‫ )יהוה אלהים‬- Senhor (criador) de
todas as coisas
YHWH (Ha'Shem) Hosseu - O Senhor que nos criou
YHWH (Ha'Shem) Jaser - O Senhor é Reto
YHWH (Ha'Shem) Jireh – (‫ )יהוה ידח‬- O Senhor proverá –
Deus proverá
YHWH (Ha'Shem) Nissi – (‫ )יהוה נסי‬- O Senhor é a Minha
Bandeira
YHWH (Ha'Shem) Raah – (‫ )יהוה דעה‬- O Senhor é o Meu
Pastor
YHWH (Ha'Shem) Rafa – (‫ )יהוה דפה‬- O Senhor que te sara
YHWH (Ha'Shem) Sabaoth – (Sebhãôh) – (‫ )יהוה צכאח‬-
Senhor dos Exércitos
YHWH (Ha'Shem) Shalom – (‫ )יהוה שלום‬- O Senhor é Paz
YHWH (Ha'Shem) Shammah – (‫ )יהוה שמה‬- O Senhor está
presente; O Senhor está ali.
YHWH (Ha'Shem) Tsidikenu – (‫יהוה‬
‫ )צדקנו‬- Senhor Justiça nossa; O Senhor é a nossa Justiça.
Yochanan (Yehochanan)- João - no
sentido de Deus se compadeceu, Deus teve misericórdia
Vários dos termos acima mencionados são títulos aplicados
ao nome divino, como Shadday (Todo Poderoso), e outros
21
“A verdade em verdade vos digo”

termos. A palavra El em hebraico significa literalmente "forte",


"poderoso", comumente traduzido pelo título "Deus".
Predominantemente, nas referências feitas nas Escrituras
Hebraicas (Velho Testamento) mencionando a identificação
do nome de Deus (Ex.: Sal. 83:18; Amós 5:8; Isaías 42:8,
etc.), é utilizado o tetragrama ‫יהוה‬, comumente traduzido por
Iavé, Javé, ou Jeová. Nem todas estas traduções são aceitas
por todos os cristãos.

Islamismo

Allah (Alá) é o nome mais frequente de


Deus no islamismo. Originalmente a palavra significava
apenas "o Deus" em língua árabe e era usada em épocas
pré-islâmicas para se referir à divindade pagã adorada
em Meca. Allah vem de uma junção de "al" e "illah", que
significa "o deus - na sua forma masculina" e está
paralelamente ligada à forma feminina "al" e "ilaha",
formando o termo Allat, que significa "a deusa". Illah também
significa divindade ou ainda deus. Allah pode ser ainda
formada da junção "al" e "lah", "que significa o único deus" ou
"a única divindade".
Sempre mencionam a expressão Allah
U Akbar, ou seja, Deus é grande (poderoso, único), sempre
que conseguem vencer, principalmente uma guerra ou
batalha.
Agora outro impressionante rol de
nomes de Deus, somente na religião Islâmica ou em língua
árabe:

Noventa e nove nomes de Alá

Os Noventa e Nove Nomes conhecidos


de de Alá, al-asmā' al-husnà ou os melhores nomes são
expressões de louvor e reverência da tradição islâmica que
indicam atributos do ser supremo.
O conjunto dos 99 nomes de Deus
recebe em árabe o nome de al-asmā' al-husnà ou "os
melhores nomes". Algumas tradições afirmam que existe um
centésimo nome, que é objeto de especulações místicas.
22
“A verdade em verdade vos digo”

Não contentaram com uma só


denominação para Deus, e cada tribo, região, pregador ou
até mesmo profeta, produziu um som diferente. Criou um
nome diferente.
Nada que não seja até normal num
mundo com tantas distâncias terrenas, as vozes chegavam
atrazadas, ou chegavam pelos mais variáveis pregadores.
Assim como em qualquer outra religião, temos variações de
nomes e de termos ou citações. Sem contar, claro, com as
inúmeras interpretações. Por isso, o tanto de religiões dentro
de uma religião.

Lista dos nomes

Os 99 nomes de Deus, de acordo com a tradição islâmica


são:
1. Alá (‫ )هللا‬O Deus
2. Al Rahman (‫ )الرحمن‬O Compassivo; O Beneficente
3. Al Rahim (‫ )الرحيم‬O Clemente; O Misericordioso
4. Al Malik (‫ )الملك‬O Soberano
5. Al Quddus (‫ )القدوس‬O Sagrado
6. Al Salam (‫ )السالم‬A Fonte da Paz
7. Al Mu'min (‫ )المؤمن‬O Guardião da Fé; A Fonte da Fé
8. Al Muhaymin (‫ )المهيمن‬O Protetor
9. Al 'Aziz (‫ )العزيز‬O Poderoso (Onipotente)
10. Al Jabbar (‫ )الجبار‬O Irresistível; O que Compele
11. Al Mutakabbir (‫ )المتكبر‬O Majestoso
12. Al Khaliq (‫ )الخالق‬O Criador
13. Al Bari' (‫ )البارئ‬O que Faz evolui; O que Concebe
14. Al Musawwir (‫ )المصور‬O Formador; O Modelador
15. Al Ghaffar (‫ )الغفار‬O que Perdoa
16. Al Qahhar (‫ )القهار‬O Dominador
17. Al Wahhab (‫ )الوهاب‬O Doador
18. Al Razzaq (‫ )الرزاق‬O Provedor
19. Al Fattah (‫ )الفتاح‬O que abre
20. Al Alim (‫ )العليم‬O que Tudo Sabe; O Omnisciente
21. Al Qabid (‫ )القابض‬Aquele que Constringe
22. Al Basit (‫ )الباسط‬O que Expande; O Magnânimo
23. Al Khafid (‫ )الخافض‬O que Rebaixa
24. Al Rafi' (‫ )الرافع‬O que Exalta
23
“A verdade em verdade vos digo”

25. Al Mu'izz (‫ )المعز‬O que Honra


26. Al Mudhill (‫ )المذل‬O que Desonra
27. Al Sami' (‫ )السميع‬O que Tudo Ouve
28. Al Basir (‫ )البصير‬O que Tudo Vê
29. Al Hakam (‫ )الحكم‬O Juiz
30. Al 'Adl (‫ )العدل‬O Justo
31. Al Latif (‫ )اللطيف‬O Sutil
32. Al Khabir (‫ )الخبير‬O Ciente; O Desperto
33. Al Halim (‫ )الحليم‬O Clemente; O Delicado
34. Al 'Azim (‫ )العظيم‬O Magnificiente; O Infinito
35. Al Ghafur (‫ )الغفور‬O que Tudo Perdoa
36. Al Shakur (‫ )الشكور‬O Apreciador
37. Al 'Ali (‫ )العلى‬O Mais Alto
38. Al Kabir (‫ )الكبير‬O Maior
39. Al Hafiz (‫ )الحفيظ‬O Preservador
40. Al Muqit (‫ )المقيت‬O que Sustenta
41. Al Hasib (‫ )الحسيب‬O que Reconhece
42. Al Jalil (‫ )الجليل‬O Sublime
43. Al Karim (‫ )الكريم‬O Generoso
44. Al Raqib (‫ )الرقيب‬O Vigilante
45. Al Mujib (‫ )المجيب‬O que Responde
46. Al Wasi' (‫ )الواسع‬O que Tudo Abarca
47. Al Hakim (‫ )الحكيم‬O Sábio
48. Al Wadud (‫ )الودود‬O Amante
49. Al Majid (‫ )المجيد‬O Glorioso
50. Al Ba'ith (‫ )الباعث‬O que Ressuscita
51. Al Shahid (‫ )الشهيد‬A Testemunha
52. Al Haqq (‫ )الحق‬A Verdade, Aquele que é Real
53. Al Wakil (‫ )الوكيل‬O Confiável; O Depositário
54. Al Qawiyy (‫ )القوى‬O Mais Forte
55. Al Matin (‫ )المتين‬O Firme, o Leal
56. Al Wali (‫ )الولى‬O Amigo Protetor, O Patrono e Ajudante
57. Al Hamid (‫ )الحميد‬O Digno de Louvor
58. Al Muhsi (‫ )المحصى‬O Calculador, O Numerador de Tudo
59. Al Mubdi' (‫دئ‬ºº‫ )المب‬O que Dá Origem; O Produtor; O
Originador e Iniciador de Tudo
60. Al Mu'id (‫ )المعيد‬O Restaurador; Que Traz Tudo de Volta
61. Al Muhyi (‫ )المحيى‬o Doador da Vida
62. Al Mumit (‫ )المميت‬O Criador da Morte, O Destruidor
63. Al Hayy (‫ )الحي‬O Eterno Vivente
24
“A verdade em verdade vos digo”

64. Al Qayyum (‫وم‬ºº‫ )القي‬O Auto-Subsistente; O que a Tudo


Sustém
65. Al Wajid (‫د‬ºº‫ )الواج‬O que Encontra; O que Percebe; O
Infalível
66. Al Majid (‫ )الماجد‬O Nobre; O Magnificente
67. Al Wahid (‫ )الواحد‬O Único; O Indivízível
68. Al Samad (‫ )الصمد‬O Eterno; O Impregnável
69. Al Qadir (‫ )القادر‬O Capaz
70. Al Muqtadir (‫ )المقتدر‬O Mais Poderoso; O Dominante; O
que Tudo Determina
71. Al Muqaddim (‫ )المقدم‬O que Adianta; O que Apressa
72. Al Mu'akhkhir (‫ )المؤخر‬O que Atrasa; O que Retarda
73. Al Awwal (‫ )األول‬O Primeiro
74. Al Akhir (‫ )األخر‬O Último
75. Al Zahir (‫ )الظاهر‬O Manifesto
76. Al Batin (‫ )الباطن‬O Oculto
77. Al Wali (‫ )الوالي‬O que Governa; O Patrão
78. Al Muta'al (‫ )المتعالي‬O Mais Elevado
79. Al Barr (‫ )البر‬A Fonte da Bondade; O Mais Generoso e
Correto
80. Al Tawwab (‫ )التواب‬O que Aceita o Arrependimento
81. Al Muntaqim (‫ )المنتقم‬O Vingador
82. Al 'Afuww (‫ )العفو‬O que Perdoa
83. Al Ra'uf (‫ )الرؤوف‬O Compassivo
84. Malik al Mulk (‫ك‬ººº‫ك( )مال‬ººº‫ )المل‬O Detentor de Toda A
Majestade; O Eterno Detentor da Soberania
85. Dhu al Jalal wa al Ikram (‫ )ذو الجالل و اإلكرام‬O Senhor da
Majestade e da Generosidade
86. Al Muqsit (‫ )المقسط‬O Equitativo
87. Al Jami' (‫ )الجامع‬O que Reúne; o que Unifica
88. Al Ghani (‫نى‬ºº‫ )الغ‬O Auto-Suficiente; O Independente; O
Possuidor de Todas as Riquesas
89. Al Mughni (‫ )المغنى‬O Enriquecedor; O Emancipador
90. Al Mani'(‫ )المانع‬O que Impede; O que Defende
91. Al Darr (‫ )الضار‬O que Causa Preocupações (Esse atributo
só pode ser encontrado nas hadith. No Corão esse atributo é
usado exclusivamente para Satã na Súra 58, verso 10)
92. Al Nafi' (‫ )النافع‬O que Beneficia
93. Al Nur (‫ )النور‬A Luz
94. Al Hadi (‫ )الهادئ‬O Guia
25
“A verdade em verdade vos digo”

95. Al Badi (‫ )البديع‬O Incomparável, O Originador


96. Al Baqi (‫ )الباقي‬O Perpétuo
97. Al Warith (‫ )الوارث‬O Herdeiro Supremo
98. Al Rashid (‫يد‬ºº‫ )الرش‬O Guia para o Caminho Reto, O
Professor Infalível, O Conhecedor
99. Al Sabur (‫ )الصبور‬O Paciente, O Eterno

* * Transliteração, árabe, sem tradução em Português:

1. Al Latif (‫)اللطيف‬
2. Al Khabir (‫)الخبير‬
3. Al Halim (‫)الحليم‬
4. Al 'Azim (‫)العظيم‬
5. Al Ghafur (‫)الغفور‬
6. Al Shakur (‫)الشكور‬
7. Al 'Ali (‫)العلى‬
8. Al Kabir (‫)الكبير‬
9. Al Hafiz (‫)الحفيظ‬
10. Al Muqit (‫)المقيت‬
11. Al Hasib (‫)الحسيب‬
12. Al Jalil (‫)الجليل‬
13. Al Karim (‫)الكريم‬
14. Al Raqib (‫)الرقيب‬
15. Al Mujib (‫)المجيب‬
16. Al Wasi' (‫)الواسع‬
17. Al Hakim (‫)الحكيم‬
18. Al Wadud (‫)الودود‬
19. Al Majid (‫)المجيد‬
20. Al Ba'ith (‫)الباعث‬
21. Al Shahid (‫)الشهيد‬
22. Al Haqq (‫)الحق‬
23. Al Wakil ‫الوكيل‬
24. Al Qawiyy (‫)القوى‬
25. Al Matin (‫)المتين‬
26. Al Wali (‫)الولى‬
27. Al Hamid (‫)الحميد‬
28. Al Muhsi (‫)المحصى‬
29. Al Mubdi' (‫)المبدئ‬
30. Al Mu'id (‫)المعيد‬
31. Al Muhyi (‫)المحيى‬
26
“A verdade em verdade vos digo”

32. Al Mumit (‫)المميت‬


33. Al Hayy (‫)الحي‬
34. Al Qayyum (‫)القيوم‬
35. Al Wajid (‫)الواجد‬
36. Al Majid (‫)الماجد‬
37. Al Wahid (‫)الواحد‬
38. Al Samad (‫)الصمد‬
39. Al Qadir (‫)القادر‬
40. Al Muqtadir (‫)المقتدر‬
41. Al Muqaddim (‫)المقدم‬
42. Al Mu'akhkhir (‫)المؤخر‬
43. Al Awwal (‫)األول‬
44. Al Akhir (‫)األخر‬
45. Al Zahir ‫)الظاهر‬
46. Al Batin (‫)الباطن‬
47. Al Wali (‫)الوالي‬
48. Al Muta'al (‫)المتعالي‬
49. Al Barr (‫)البر‬
50. Al Tawwab (‫)التواب‬
51. Al Muntaqim (‫)المنتقم‬
52. Al 'Afuww (‫)العفو‬
53. Al Ra'uf (‫)الرؤوف‬
54. Malik al Mulk (‫)الملك( )مالك‬
55. Dhu al Jalal wa al Ikram (‫)ذو الجالل و اإلكرام‬
56. Al Muqsit (‫)المقسط‬
57. Al Jami' (‫)الجامع‬
58. Al Ghani (‫)الغنى‬
59. Al Mughni (‫)المغنى‬
60. Al Mani'(‫)المانع‬
61. Al Darr (‫)الضار‬
62. Al Nafi' (‫)النافع‬
63. Al Nur (‫)النور‬
64. Al Hadi (‫)الهادئ‬
65. Al Badi (‫)البديع‬
66. Al Baqi (‫)الباقي‬
67. Al Warith (‫)الوارث‬
68. Al Rashid (‫)الرشيد‬
69. Al Sabur (‫)الصبور‬

27
“A verdade em verdade vos digo”

Nota-se que com tanta diferença de


sons, sotaques, expressões, dialetos, entendimentos e
compreensões, Deus não é unanimidade entre os povos, já
fazem milênios. Unanimidade como único ser, ou como um
ser.

RESUMO SOBRE DEUS EM DIFERENTES E


DIVERGENTES PONTOS

As concepções sobre Deus têm variado


ao longo do tempo e do espaço, conforme as diferentes
culturas que as adotam. Historicamente é possível encontrar
diversificadas definições sobre a divindade, desde tribos
ancestrais até os princípios dogmáticos das religiões
modernas.
Deus é concebido a maior parte das
vezes como o Criador do Universo, Aquele que tudo rege.
Na Teologia Ele tem sido definido através de atributos como
a onisciência, a onipotência, a onipresença, a suprema
bondade, a sagrada modéstia, o sublime desvelo, Ser
transcendente, eterno e desprovido de corpo, de quem nasce
toda a moral. Tanto judeus quanto cristãos e muçulmanos
têm tolerado estes conceitos com maior ou menor
intensidade.
Na Idade Média, vários pensadores,
como Santo Agostinho e Tomás de Aquino, elaboraram
teorias defendendo a existência de Deus, lutando contra
ilusórias incoerências inerentes às qualidades atribuídas à
Divindade. Ao longo da História as idéias sobre Deus
revelaram-se bem diversificadas. Desde o nascimento da
Humanidade surgiram as diferentes formas de compreender
o Sagrado – como a percepção abraâmica de Deus, também
conhecida como monoteísmo do deserto; assim se
denominam as religiões provenientes das convenções dos
semitas, que têm como ícone a figura do patriarca Abraão,
ou seja, o cabalismo judaico, o Islamismo e a trindade
defendida pelo Cristianismo.

28
“A verdade em verdade vos digo”

Outra visão importante de Deus provém


dos cultos indianos, que não são homogêneos em sua forma
de conceber a Divindade, mas se diferenciam de uma
doutrina para a outra, conforme a área da Índia enfocada e a
casta em questão, desde as que possuem uma crença
monoteísta até as que professam o politeísmo. No Budismo
Ele não é percebido do ponto de vista teísta, ou seja, da fé
na existência de um único Deus, criador do Universo, pois
apesar de postular a realidade de vários deuses, esta religião
vê estas entidades tão somente como seres que residem, por
algum tempo, em universos divinos que oferecem aos seus
habitantes uma intensa felicidade, mas que ao mesmo tempo
estão submetidos ao jugo da morte e à ocasional
reencarnação em mundos inferiores.
Hoje aparecem novos conceitos sobre
Deus, como a Teologia do Processo ou Teologia
Neoclássica, segundo a qual esta entidade não pode ser
considerada onipotente se isto indicar que Ele deve ser
repressor, e a Divindade não seria perfeita se fosse
restringida pela presença de determinados atributos, entre
outros princípios; e o Teísmo Aberto, teologia que rejeita a
onipotência, a onipresença e a onisciência de Deus.
No Ocidente, atualmente, chega-se a
autores que defendem a morte de deus, na verdade não do
Ser em si, mas do conceito que predomina sobre a Divindade
na esfera ocidental, revelando o desencanto do mundo, no
sentido da idéia defendida pelo filósofo Max Weber. Isto
significa que a idéia sobre o Divino estaria exilada dos
distintos círculos da existência humana, tanto do social
quanto do pessoal.
Alguns também lançam hipóteses sobre
uma origem extraterrena de Deus, na linhagem de escritores
como Erich Von Däniken, autor de Eram os Deuses
Astronautas, enquanto outros, como o também escritor de
ficção científica, Arthur C. Clarke, defendem a possibilidade
Dele ser futuramente gerado pelo Homem, como uma
espécie de inteligência artificial. Há igualmente estudiosos
que consideram as religiões e, portanto, Deus, nada mais do
que mitos, frutos do medo da morte e daquilo que não se
conhece.
29
“A verdade em verdade vos digo”

A visão científica condena os dogmas,


rejeitando assim as religiões que se baseiam nestes
princípios, os quais vão contra as mais recentes descobertas
científicas, e assim não atualizam seus postulados, o que
gera um inevitável confronto entre a Ciência e a Religião. Até
mesmo os que têm fé em Deus hoje questionam
determinados ensinamentos dogmáticos transmitidos pelas
crenças que neles se fundamentam, o que abre um vasto
campo para o crescimento do materialismo e do ateísmo
declarado. As religiões atingem neste momento um impasse
nunca antes vivenciado, pois o desenvolvimento tecnológico
invalida, em nossos dias, muitos dos dogmas até agora
considerados verdadeiros alicerces das crenças partidárias
do dogmatismo.
Este texto escrito por Escrito por H.
Wayne House, traduzido por mim, revela certas definições,
de acordo com várias religiões:
Ao longo de dois milênios, a igreja cristã
sempre manteve uma unidade essencial concernente à
natureza de Deus como proclamado nos credos, sermões e
livros. Assim como é revelado na Bíblia Sagrada, Deus é
ilimitado em seus atributos, contudo pessoal em sua relação
com a criação. Além disso, essa Deidade infinito-pessoal é
indivisível em sua natureza e essência, não obstante existir
eterna e simultaneamente como Pai, Filho e Espírito Santo.
Várias falsas religiões na história da
igreja, inclusive alguns grupos contemporâneos, repudiaram
o verdadeiro conhecimento de Deus apresentado pela Bíblia.
Esses erros geralmente consistem em mudanças
extremistas. Geralmente, os cultos e religiões veem Deus
como infinito, mas não pessoal, ou pessoal, mas não infinito.
Outros cultos e religiões negam a doutrina da Trindade,
compreendendo o divino como consistindo em vários deuses
e, quando não, interpretam a divindade como meras
manifestações de uma só pessoa, ou ainda negando a
legítima divindade de Jesus e do Espírito Santo.
Recentemente, até mesmo alguns
evangélicos têm abraçado algumas dessas perspectivas
incorretas sobre Deus. A razão para os erros que surgiram é
a tentativa de se entender Deus sem a ajuda da revelação
30
“A verdade em verdade vos digo”

divina, ou seja, a razão humana combatendo contra a


revelação clara de Deus encontrada nas Sagradas
Escrituras. Assim, estas compreensões desequilibradas e
heréticas acerca de Deus somente poderão ser evitadas se
as pessoas permitirem que a Bíblia dê seu veredicto, não
forçando a interpretação para que haja uma conformação
com a razão humana, mas aceitando sua sentença como
revelação divina. Este foi o testemunho da igreja ortodoxa
pelos séculos e deve ser nossa posição hoje.

Existência de Deus

Há duas maneiras de estudar e


procurar resolver o problema da existência de Deus.
O primeiro consiste em eliminar a
hipótese Deus do campo das conjecturas plausíveis ou
necessárias, por meio de uma explicação clara e precisa, isto
é, por meio de uma exposição de um sistema positivo do
Universo, das suas origens, dos seus desenvolvimentos
sucessivos, dos seus fins. Esta exposição inutilizaria a ideia
de Deus e destruiria antecipadamente a base metafísica em
que se apoiam os teólogos e os filósofos espiritualistas.
Dado, porém, o estado atual dos
conhecimentos humanos, em tudo o que tem sido
demonstrado ou passa a demonstrar-se, verificado ou
verificável, somos forçados a concluir que nos falta esta
exposição e que não existe um sistema positivo do Cosmos.
Existem, é certo, várias hipóteses engenhosas que não se
chocam com o razão; sistemas mais ou menos aceitáveis
que se apoiam numa série de investigações, que se baseiam
na multiplicidade de observações contínuas e que dão um
caráter de probabilidade impressionante. Também se pode
afirmar, sem receio de ser desmentido, que esses sistemas,
essas hipóteses, suportam vantajosamente as asserções
deístas. Mas a falar a verdade, não há, sobre este posto,
senão teses que não possuem ainda o valor da exatidão
cientifica; — cada um, no fim das contas, tem a liberdade de
preferir tal ou qual sistema a um outro que lhes é oposto; e a

31
“A verdade em verdade vos digo”

solução do problema assim apresentado afigura-nos, pelo


menos na atualidade, cheio de reservas.
Os adeptos de todas as religiões
aproveitam assim as vantagens que lhes oferece o estudo
deste problema, bem árduo e bem complexo, não para o
resolver por meio de afirmações concretas ou de raciocínios
admissíveis, mas tão somente para perpetuar a dúvida no
espírito de seus correligionários, que é, para eles, o ponto de
capital importância.
E nesta luta titânica entre o
materialismo e o deísmo, luta em que as duas teses opostas
se empenham e se reforçam para conseguir o triunfo, os
deístas recebem rudes golpes; e, conquanto se encontrem
numa postura de vencidos, ainda tem a petulância de se
apresentar à multidão ignara como dignos cantores da
vitória! Uma prova concludente do seu procedimento
baixíssimo encontramo-la na maneira como se exprimem nos
jornais da sua devoção; e é com essa comédia que procuram
manter, com cajado de pastor, a imensa maioria do rebanho.
Também é isto que desejam ardentemente esses maus
pastores.
Todavia, há uma segunda maneira de
estudar e de tentar a resolução da inexistência de Deus:
consiste em examinar a existência de Deus que as religiões
apresentam à adoração dos crentes.
Suponhamos que se nos depara um
indivíduo sensato e refletido, que admite a existência de
Deus — um Deus que não está envolto em nenhum mistério,
um Deus que não se ignora nenhuma particularidade, um
Deus que lhe confiou todo o seu pensamento e lhe transmitiu
todas as suas confidências, e que nos diz:
— Ele fez isto e aquilo, e ainda isto e
aquilo. Ele tem precedido e falado com tal fim e com tal
razão. Ele quer tal coisa, mas também quer tal outra coisa.
Ele recompensará tais ações, mas punirá tais outras. Ele fez
isto e quer aquilo, porque é infinitamente sábio, infinitamente
justo, infinitamente poderoso, infinitamente bom!
Ah! Que felicidade! Ora aqui está um
Deus que se faz conhecer. Abandona o império do
inacessível, dissipa as nuvens que o rodeiam, desce das
32
“A verdade em verdade vos digo”

alturas, conversa com os mortais, expõe-lhes o seu


pensamento, revela-lhes a sua vontade e confia a alguns
privilegiados a missão de espalharem a sua Doutrina, de
propagarem a sua Lei, de a representarem enfim, cá em
baixo, com plenos poderes para mandarem no Céu e na
Terra.
Este Deus não é, com certeza, o Deus
Força, Inteligência, Vontade, Energia, que, como tudo o que
é Energia, Vontade, Inteligência, Força, pode ser
alternadamente, segundo as circunstancias e, por
consequência, indiferentemente, bom ou mau, útil ou inútil,
justo ou iníquo, misericordioso ou cruel. Este Deus é o Deus
em que tudo é perfeição e cuja existência não é nem pode
ser compatível — visto que ele é perfeitamente sábio, justo,
bom, misericordioso — senão com um estado de coisas
criado por ele e no qual se afirmariam a sua infinita justiça, a
sua infinita sabedoria, o seu infinito poder, a sua infinita
bondade e a sua infinita misericórdia.
Este Deus é o Deus que, por meio de
catecismo, nos insuflam no cérebro quando somos crianças;
é o Deus vivo e pessoal, em honra do qual se erguem
templos, a quem se rezam orações em borda, por quem se
fazem sacrifícios estéreis e a quem pretendem representar,
na Terra, todos os clérigos, todas as castas sacerdotais.
Este Deus não é o “desconhecido”,
essa força enigmática, essa potência impenetrável, essa
inteligência incompreensível, essa energia incognoscível,
esse princípio misterioso: hipótese, enfim, que no meio da
impotência para explicar o “como” e o “porquê” das coisas, o
espírito do homem aceita complacente. Este Deus também
não é o Deus especulativo dos metafísicos: é o Deus que os
seus representantes nos tem descrito abundantemente e
luminosamente detalhado. É o Deus das religiões, e como
estamos na França, é o Deus dessa religião que a quinze
séculos domina o nossa história: a religião católica ou cristã.
É o Deus que nego e que vou discutir. É o Deus que
estudaremos, se quisermos obter, desta exposição filosófica,
algum proveito e algum resultado prático.

33
“A verdade em verdade vos digo”

A dúvida persiste...

Tomemos como ponto de partida, o fato


de o Homem ser mentalmente livre, ou seja, dotado de livre
arbítrio.
Este fato, aparentemente simples,
poderá explicar a razão pela qual Deus não se mostra
através de expressões evidentes, dando lugar ao conceito de
fé.
Se Deus se mostrasse visivelmente, não
seríamos verdadeiramente livres, mas apenas bem ou mal
comportados, mais ou menos disciplinados.
Sem a certeza da existência de Deus,
existe lugar para a consciência, para opção entre o Bem e o
Mal. Se a existência de Deus fosse evidente, não teríamos
esta liberdade.
Grande parte dos que que não têm fé,
baseiam-se no fato de não acreditarem no que não vêem. Se
vissem porém, não eram livres.
Esta argumentação não prova a
existência de Deus, mas elimina racionalmente um dos
motivos principais pelo qual muitas pessoas não acreditam
na existência de Deus.
Poderá então deduzir-se que a existência
de Deus não é demonstrável pela razão humana, caso
contrário estaríamos perante uma contradição com o ponto
anterior pois Deus não se mostrava, mas permitia que fosse
provada a sua existência, caíndo novamente na situação de
ausência de livre arbítrio.
Sem a referida liberdade, o Homem teria
uma dignidade mais reduzida, cujo mérito se restringiria à
capacidade de cumprir melhor ou pior, os preceitos
decorrentes de uma determinada noção de Bem e de Mal.

34
“A verdade em verdade vos digo”

Essa noção não seria necessariamente


idêntica em todos os seres humanos nem sequer coincidente
com a atual. Ainda assim é altamente provável que, qualquer
que fosse o grupo social considerado, existisse uma moral
vigente, por duas razões elementares que poderão não ser
dissociáveis: por surgir de modo instintivo e/ou por constituir
condição indispensável para o funcionamento e
sobrevivência desse grupo social. Dado que estamos a supor
a ocorrência de manifestações evidentes da existência de
Deus, a noção de Bem e de Mal seria também
provavelmente influenciada pela forma que essas
manifestações tomassem.
Nesse contexto, e independentemente
dos parâmetros que regessem o comportamento considerado
correto, seria evidente que Deus, o Criador por definição,
“desejaria” que esse conjunto de regras fossem cumpridas
da melhor maneira possível pois tal asseguraria uma maior
prosperidade da sua Criação e portanto seria também
evidente, ou pelo menos altamente receado, que viesse a ser
feita justiça, após a vida, quanto ao maior ou menor
cumprimento dessa moral vigente.
Podemos então interrogar-nos se a
possibilidade do Mal, não será apenas uma consequência
indispensável para o livre arbítrio que foi concedido aos
homens e, como foi dito, para a sua dignidade.
Consideremos as seguintes questões : O
Universo é finito ou infinito? E o tempo?
Não conseguimos imaginar nem uma
coisa nem outra. Não conseguimos sequer perceber
integralmente o conceito de infinito ou a sua aplicação a
qualquer situação real. Também a idealização de um
Universo finito gera paradoxos que não nos é possível
resolver.

35
“A verdade em verdade vos digo”

No entanto, estas questões têm sentido e


as respectivas respostas teriam impacto em múltiplas áreas
do conhecimento. As consequências da incapacidade do
Homem em apreender o conceito de infinito poderão ser
largamente estendidas, ao ponto de levantar a hipótese de
este constituir a pedra angular das grandes interrogações e
paradoxos com que a Humanidade se depara.
Se a nossa percepção de espaço e
tempo está posta em causa através desses aparentes
paradoxos, como podemos achar que a racionalidade explica
tudo e deve reger, de modo exclusivo, a nossa cosmo visão?
Cientes deste fato, deveríamos abrir a
possibilidade de integrar nos nossos raciocínios lógicos,
conceitos não demonstráveis e habitualmente tidos por não
objetivos, tais como a Fé, a Verdade, a Bondade ou porque
não, a Beleza ou o Amor.
Numa era em que o uso da razão
constitui um verdadeiro dogma, é conveniente demonstrar
que a sua utilização exclusiva se traduz numa visão limitada
sobre a realidade ainda que este excesso de objectividade
constitua historicamente uma reacção a atitudes, que a
antecederam, em que a sua falta conduzia a perspectivas
não menos limitadas.
Os número imaginários poderão também
ajudar a compreender o conceito de fé.
Resumidamente, um número imaginário
(i) foi definido matematicamente como sendo aquele cujo
produto por si próprio dá o resultado de -1 ou, o mesmo é
dizer, a raiz quadrada de -1. Claro que este número não
existe porque tanto -1 x -1 como 1 x 1 dão o resultado de 1.
Podemos, no entanto, definir que esse número (i) existe, e
nesse caso teríamos por consequência que i x i = -1, i + i =
2i, i x –i = 1 ou ainda que e*xi = cos(x) + sin(x)i (equação de
Euler, em que * significa ‘elevado a’), de demonstração mais
complexa.
36
“A verdade em verdade vos digo”

Estas noções constituem um pilar da


Matemática. Não é possível conceber o mundo científico de
hoje sem a descoberta dos números imaginários e a sua
aplicação prática é enorme, não substituível por um qualquer
outro conceito.
E tudo isto a partir de algo que não
existe, segundo a nossa compreensão das operações mais
básicas com número inteiros.
A analogia com o conceito de fé, é direta.
Se partirmos do princípio que Deus existe, ainda que
contrária à nossa tendência para não acreditar no que não
nos é dado ver, poderemos chegar a um tipo de
conhecimento não alcançável de outro modo. Segundo o
ponto de vista não crente, estamos a partir de um princípio
errado e portanto as conclusões que daí tirarmos estarão
postas em causa. No entanto, já se viu que com os números
imaginários se passa o mesmo, o que segundo esse mesmo
princípio racional nos dá a legitimidade para fazê-lo.
E é de fato extraordinário onde se pode
chegar, refletindo a partir desse princípio que Deus existe. É
possível tirar conclusões que poderão naturalmente parecer
estranhas a quem nunca ‘entrou’ por esse caminho. S.
Anselmo dizia que "acreditava para poder saber".
À semelhança das reflexões anteriores,
este raciocínio não prova a existência de Deus, mas contesta
um dos argumentos contra a sua inexistência.
A existência de Deus, quando tentada
provar pelo lado afirmativo baseia-se essencialmente na
Criação. Quem criou o que existe?
Não as plantas ou os animais (estes são
certamente uma consequência) mas sim, o Universo. Tudo
começou ao que parece, com uma enorme explosão há 15
mil milhões de anos mas, o que existia antes? Ou então,
‘quem’ a produziu? Ainda que essa explosão tenha resultado

37
“A verdade em verdade vos digo”

de um sistema cíclico de implosões e explosões de


Universos, ‘quem’ iniciou este ciclo?
‘Sentimos’ instintiva, e também
objetivamente, a necessidade de existência de um Criador,
sensação esta que é totalmente legítima, na medida em que
já vimos que a racionalidade pura será sempre insuficiente
neste âmbito.
É essa necessidade que poderá estar na
origem da tendência natural e comum entre povos com
diferentes origens, raças e culturas, para acreditarem na
existência de uma entidade sobrenatural.
É notável que a dúvida sobre a existência
ou não de Deus permaneça ao fim de tanto tempo, de
séculos de reflexão. Existem diversas manifestações
externas, como aparições e milagres, mas que se mantêm na
fronteira extremamente estreita de não provarem
inequivocamente a existência de Deus, apenas reforçarem a
convicção dos que acreditam, sem no entanto, forçarem os
não crentes a fazê-lo. Também a evolução científica produz
sucessivamente novas descobertas que até agora nunca
colocaram realmente em causa o lugar da fé.
Não sendo uma prova da existência de
Deus, estes fatos podem constituir um ponto de partida para
a reflexão.
Surge ainda a grande questão do
“porquê” ter Deus criado o Universo, que por sua vez (com
ou sem intervenção divina) gerou homens capazes de decidir
sobre o Bem e o Mal, auto-conscientes, limitados física e
mentalmente, e que se questionam sobre a Sua existência.
Esta questão, por não ter uma resposta óbvia, e no entanto
parecer pertinente, afasta algumas pessoas da fé, face à
ausência de um sentido e de um fim para a Criação.
De um ponto de vista racional, seria
certamente mais fácil chegar à idéia de fé se fosse possível
compreender o objetivo da Criação. Mas este conceito
38
“A verdade em verdade vos digo”

humano de uma determinada ação ter um fim, não é, neste


caso, aplicável. Um ser todo-poderoso, com a capacidade de
criar um Universo, não tem que ter objetivos pois quaisquer
que eles sejam, deverá poder alcançá-los. O porquê de Deus
ter criado o Universo constitui uma questão que não tem que
ter uma resposta e não deverá portanto constituir um
argumento de não-fé.

Quem é Deus?

Visto que os encarregados de seus


negócios no Terno tiveram a amabilidade de no-lo descrever
com toda a pompa e luzimento, aproveitemos a fineza e
examinemo-lo de perto, detidamente: para discutir uma
coisa, é preciso, igualmente, conhecê-la bem.
Com um gesto potente e fecundo, este
Deus fez todas as coisas do nada: o ser do não-ser. E, por
sua própria vontade, substituiu o movimento pela inércia, a
vida universal pela morte universal. É um Deus Criador!
Este Deus é o Deus que, terminada a
obra da criação, em vez de volver à inatividade secular,
ficando indiferente à coisa criada, ocupa-se de sua obra,
interessando-se por ela, intervém nela quando o julga
necessário, rege-a, administra-a, governa-a: é um Deus
Governador ou Providência.
Este Deus é o Deus arvorado em
Tribunal Supremo, obriga, depois da morte, a comparecer à
sua presença todos os indivíduos. Uma vez aí, julga-as
segundo os atos de suas vidas; pesa, na balança, as suas
boas e más ações e pronuncia, em último extremo — sem
apelo nem agravo — a sentença que fará do réu, pelos
séculos dos séculos, o mais feliz ou o mais desgraçado dos
seres: É um Deus Justiceiro ou Magistrado.
Logo, este Deus possui todos os
atributos; e não é somente bom: é a Bondade Infinita; não é
somente misericordioso: é a Misericórdia Infinita; não é
somente poderoso: é o Poder Infinito; não é somente sábio: é
a Sabedoria Infinita.

39
“A verdade em verdade vos digo”

Em conclusão: tal é o Deus que eu


nego e que por doze provas diferentes (em rigor bastaria
uma só), vou demonstrar a inexistência.
Divido os meus argumentos em três
séries: a primeira trataria particularmente do Deus-Criador e
compor-se-á de seis argumentos; o segundo ocupar-se-á do
Deus-Governador ou Providência, e contém quatro
argumentos; a terceira apresentará o Deus-Justiceiro ou
Magistrado, em dois argumentos. Em suma, seis argumentos
contra o Deus-Criador, quatro contra o Deus-Governador e
dois argumentos contra o Deus-Justiceiro. Estes doze
argumentos constituem doze provas da inexistência de Deus.
Com este plano das minhas
demonstrações será mais fácil seguir o curso do meu
trabalho.
Na primeira série de argumentos: contra
o Deus criador, escrita pelo francês Sebastien Faure (1858 –
1942), ele esclarece com fortes argumentos os motivos em
que são incoerentes a existência de um deus, mesmo sendo
ele um pouco cômico em muitos comentários:

 1º argumento: O gesto criador é inadmissível Que se


entende por criar?
É tomar materiais diferentes,
separados, mas que existem, e, valendo-se de princípios
experimentados e aplicando-lhes certas regras conhecidas,
aproximá-los, agrupá-los, associá-los, ajustá-los, para fazer
qualquer coisa deles?
Não! Isso não é criar. Exemplos:
podemos dizer que uma casa foi criada? Não, foi construída;
podemos dizer que um móvel foi criado? Não, foi fabricado;
podemos dizer que um livro foi criado? Não, foi composto e
depois impresso.
Assim, pegar materiais que já existem e
fazer qualquer coisa com eles não é criar.
Que é, pois, criar?
Criar… com franqueza, encontro-me
indeciso para poder explicar o inexplicável, definir o
indefinível. Procurei, contudo, fazer-me compreender.

40
“A verdade em verdade vos digo”

Criar é tirar qualquer coisa do nada; é,


com nada, fazer qualquer coisa do todo; é formar o existente
do não-existente.
Ora, eu imagino que é impossível
encontrar-se uma única pessoa dotada de razão que
conceba e admita que do nada se possa tirar e fazer
qualquer coisa. Suponhamos um matemático. Procurai o
calculador mais autorizado; colocai-o diante de uma lousa e
pedi-lhe que escreva zero sobre zeros. Terminada a
operação, solicitai-lhe que os multiplique da forma que
entender que os divida até se cansar, que faça enfim toda a
sorte de operações matemáticas, e haveis de ver como ele
não extrairá, desta acumulação de zeros, uma única unidade.
Com nada, nada se pode fazer; de
nada, nada se obtém. É por isso que o famoso aforismo de
Lucrécio ex nihilo nihil é de uma certeza e de uma evidência
manifesta. O gesto criador é um gesto impossível de admitir,
é um absurdo.
Criar é, pois, uma expressão místico-
religiosa, que pode ter algum valor aos olhos das pessoas a
que agrada crer naquilo que não compreendem e a quem a
fé que se impõe tanto mais quanto menos o percebem. Mas
devemos convir que a palavra criar é uma expressão vazia
de sentido para todos os homens cultos e sensatos, para
quem uma palavra só tem valor quando representa uma
realidade ou uma possibilidade.
Consequentemente, a hipótese de um
ser verdadeiramente criador é uma hipótese que a razão
repudia.
O ser criador não existe, não pode
existir.

 2º argumento: O “puro espírito” não podia determinar o


Universo
Aos crentes que, a despeito de todo o
raciocínio, se obstinam em admitir a possibilidade da criação,
direi que, em todo o caso, é impossível atribuir esta criação
ao seu Deus. O Deus deles é puro espírito. Portanto, é
inteiramente impossível sustentar-se que o puro espírito, o
imaterial, tenha podido determinar o Universo, o Material.
41
“A verdade em verdade vos digo”

Eis o porquê:
O puro espírito não está separado do
universo por uma diferença de grau, de quantidade, mas sim
por uma diferença de natureza, de qualidade. De maneira
que o puro espírito não é, nem pode ser, uma ampliação do
Universo, assim como o Universo não é, nem pode ser, uma
redução do puro espírito. Aqui a diferença não é somente
uma distinção; é uma oposição: oposição de natureza —
essencial, fundamental, irredutível, absoluta.
Entre o puro espírito e o Universo não
há somente um fosso mais ou menos largo e profundo, fosso
que possa, a rigor, encher-se ou franquear-se. Não. Entre o
puro espírito e o Universo há um verdadeiro abismo, duma
profundidade e de uma extensão tão imensos, que por
colossais que sejam os esforços que se empreguem, não há
nada nem ninguém que consiga enchê-lo ou franqueá-lo.
Reportando-me ao meu raciocínio,
desafio o filósofo mais sutil, bem como o matemático mais
consumado, a estabelecer uma relação, qualquer que ela
seja (e, com a mais forte razão, uma relação tão direta
quanto estreita, como a que liga a causa ao efeito) entre o
puro espírito e o universo.
O puro espírito não suporta nenhuma
aliança material. O puro espírito não tem forma nem corpo,
nem linha, nem matéria, nem proporções, nem extensão,
nem dureza, nem profundidade, nem superfície, nem volume,
nem cor, nem som, nem densidade. Ora, no Universo, tudo é
forma, corpo, linho, matéria, proporção, extensão, dureza,
profundidade, superfície, volume, cor, som, densidade.
Como admitir que isto tenha sido
determinado por aquilo? Impossível.
Chegando a este ponto da minha
demonstração, a conclusão seguinte:
Vimos que a hipótese de um Deus
verdadeiramente criador é inadmissível; que persistindo
mesmo na crença desse poder, não pode admitir-se que o
Universo, essencialmente material, tenha sido determinado
por um puro espírito, essencialmente imaterial.
Mas se os crentes se obstinam em
afirmar que foi o seu Deus o criador do Universo, nos impõe-
42
“A verdade em verdade vos digo”

se o dever de lhes fazer esta pergunta: segundo a hipótese


Deus, onde se encontrava a Matéria, na sua origem, no seu
princípio?
De duas, uma: ou a matéria estava fora
de Deus, ou era o próprio Deus (a não ser que lhe queiram
dar um terceiro lugar). No primeiro caso, se a matéria estava
fora de Deus, Deus não teve necessidade de criá-la, visto
que ela já existia; e, se ela coexistia com Deus, estava
concomitantemente com ele, do que se depreende que Deus
não é o criador.
No segundo caso, se a matéria não
estava fora de Deus, encontrava-se no próprio Deus.
E, daqui, tiro a conclusão seguinte:
1º Que Deus não era puro espírito,
porque encerrava em si uma partícula de matéria — e que
partícula! A totalidade dos mundos materiais!
2º Que Deus, encerrando em si próprio
a matéria, não teve a necessidade de criá-la, porque ela já
existia. Assim, existindo a matéria, Deus não fez mais do que
retirá-la de onde estava; e, neste caso, a criação deixa de ser
um ato de verdadeira criação para se reduzir a um ato de
exteriorização.
Nos dois casos não existe, pois,
criação.

 3º argumento: O perfeito não pode produzir o imperfeito


Estou plenamente convencido de que
se eu fizer a um religioso a pergunta: “Pode o imperfeito
produzir o perfeito?”, ele responderia sem vacilar: - Não, o
imperfeito não pode produzir o perfeito!
Pelas mesmas razões, e com a mesma
força de exatidão, eu posso afirmar — O perfeito não pode
produzir o imperfeito!
Mais: entre o perfeito e o imperfeito não
há somente uma diferença de grau, de quantidade, mas uma
diferença de qualidade, de natureza, uma oposição
essencial, fundamental, irredutível, absoluta.
E mais ainda: entre o perfeito e o
imperfeito não há somente um fosso, mais ou menos largo e
profundo, mas um abismo tão vasto e tão estonteante, que
43
“A verdade em verdade vos digo”

ninguém o pode franquear ou entulhar. O perfeito é o


absoluto, o imperfeito o relativo. Em presença do perfeito que
é tudo, o relativo, o contingente não é nada; em presença do
perfeito, o relativo não tem valor, não existe. E nem o talento
de um matemático e nem o gênio de um filósofo serão
capazes de estabelecer uma relação entre o relativo e o
absoluto: a fortiori sustentamos a impossibilidade de
evidenciar, neste caso, a rigorosa concomitância que deve
necessariamente unir a Causa ao Efeito.
É, portanto, impossível que o perfeito
haja determinando o imperfeito.
Além disso, há uma relação direta, fatal
e até matemática entre uma obra e seu autor: tanto vale a
obra quanto vale o autor, tanto vale o autor quanto vale a
obra. E pela obra que se conhece o autor, como é pelo fruto
que se conhece a árvore.
Se eu examino um texto mal redigido,
em que se abundam os erros de ortografa e as frases são
mal construídas, o estilo é pobre e frouxo, as idéias raras e
banais, e os conhecimentos inexatos, eu sou incapaz de
atribuir este péssimo escrito a um burilador de frases, a um
dos mestres da literatura.
Se observo um desenho malfeito, em
que as linhas estão mal traçadas, violadas as regras da
perspectiva e da proporção, jamais me acudirá o
pensamento de atribuir este esboço rudimentar a um
professor, a um grande mestre, a um grande artista. Bem à
menor hesitação direi: isto é obra de um aprendiz, de uma
criança, certo de que pela obra se conhece o artista.
Ora, a natureza é bela, o Universo é
grandioso. E eu admiro apaixonadamente — tanto o que
mais admiro — os esplendores e as magnificências que nos
oferecem estes espetáculos incessantes. Mas, por muito
entusiasmado que eu seja das belezas naturais, e por grande
que seja a homenagem que eu lhes tribute, não me atrevo o
afirmar que o Universo é uma obra sem defeitos,
irrepreensível, perfeita. E não acredito que haja alguém que
me desminta.
Sim, o Universo é uma obra imperfeita.

44
“A verdade em verdade vos digo”

Consequentemente, digo: há sempre,


entre uma obra e seu autor, uma relação rigorosa, íntima,
matemática. Ora, se o Universo é uma obra imperfeita, o
autor desta obra não pode ser senão imperfeito.
Esse silogismo leva-me a admitir a
imperfeição de Deus, e por consequência a negá-lo.
Mas eu posso ainda raciocinar assim:
ou não é Deus o autor do Universo (exprimo desta forma a
minha convicção), ou o é, na suposição dos religiosos. Neste
caso, sendo o universo uma obra imperfeita, vosso Deus, ó
crente, é também imperfeito.
Silogismo ou dilema, a conclusão do
raciocínio é esta: o perfeito não pode determinar o imperfeito.

 4º argumento: O ser eterno, ativo, necessário, não pode,


em nenhum momento, ter estado inativo ou ter estado
inútil
Se Deus existe é eterno, ativo e
necessário.
Eterno? — É-o por definição. É a sua
razão de ser. Não se pode conceber que ele esteja
enclausurado nos limites do tempo. Não se pode imaginar
como tendo tido começo e venha a ter fim. Não pode haver
aparição e desaparição. É de sempre.
Ativo? — É, e não pode deixar de ser.
Segundo os religiosos, foi sua atividade que engendrou tudo
quanto existe, como foi a sua atividade que se afirmou pelo
gesto mais colossal e majestoso que imaginar se pode: a
criação dos mundos.
Necessário? — É-o e não pode deixar
de ser, visto que sem a sua vontade, nada existiria: ele é o
autor de todas as coisas, o ponto inicial de onde saiu tudo, a
fonte única e primeira de onde tudo emanou. Bastando-se a
si próprio, dependeu de sua vontade que tudo fosse tudo ou
que fosse nada.
Ele é, portanto: eterno, ativo e
necessário.
Mas eu pretendo e vou demonstrar que
se Deus é eterno, ativo e necessário, também deve ser
eternamente ativo, e eternamente necessário. E que, por
45
“A verdade em verdade vos digo”

consequência, ele não pôde, em nenhum momento, ter sido


inativo ou inútil, e que enfim, ele jamais criou.
Negar que Deus seja eternamente ativo
equivale o dizer que nem sempre o foi, que chegou a sê-lo,
que começou a ser ativo, que antes de o ser não o era. Dizer
que foi pela criação que ele manifestou a sua atividade é
admitir, ao mesmo tempo, que por milhares e milhares de
séculos que antecederam a ação criadora, Deus esteve
inativo.
Negar que Deus seja eternamente
necessário equivale a admitir que ele nem sempre o foi, que
chegou a sê-lo, que começou o ser necessário e que antes
de o ser não o era. Dizer que a criação proclama e
testemunha a necessidade de Deus equivale a admitir, ao
mesmo tempo, que, durante milhares e milhares de séculos,
que seguramente precedeu a ação criadora, Deus era inútil.
Deus ocioso e preguiçoso! Deus inútil e
supérfluo! Que triste postura para um ser essencialmente
necessário.
É preciso, pois, confessar que Deus é
de todo o tempo ativo e de todo o tempo necessário.
Mas então Deus não pôde criar, porque
a ideia de criação implica, de maneira absoluta, a ideia de
começo, de origem. Uma coisa que começou é porque nem
sempre existiu. Existiu necessariamente num tempo em que,
antes de o ser, não o era. E, curto ou longo, este tempo foi
que precedeu a coisa criada; é impossível suprimi-lo, visto
que, de todos os modos, ele existe.
Assim, temos de concluir:
a) Ou Deus foi eternamente ativo e
eternamente necessário, e só chegou a sê-lo por causa da
criação (e, se é assim, antes da criação faltavam a este Deus
dois atributos: a atividade e a necessidade; este Deus era um
Deus incompleto; era só um pedaço de Deus e mais nada,
que teve necessidade de criar para chegar a ser ativo e
necessário, e completar-se).
b) Ou Deus é eternamente ativo e
eternamente necessário, e neste caso tem criado
eternamente. A criação é eterna, e o Universo jamais
começou — existiu em todos os tempos, é eterno como
46
“A verdade em verdade vos digo”

Deus, é o próprio Deus, com o qual se confunde. E, sendo


assim, o Universo não teve princípio — não foi criado.
Em conclusão: No primeiro caso, Deus
antes da criação não era ativo nem era necessário: era um
Deus incompleto, quer dizer, imperfeito, e, portanto, não
existia. No segundo caso, sendo Deus eternamente ativo e
eternamente necessário, não pôde chegar a sê-lo, como não
pôde criar.
É impossível sair daqui.
 5º argumento: O ser imutável não criou
Se Deus existe, é imutável, não se
desfigura e nem se pode desfigurar. Enquanto que, na
natureza, tudo se modifica, se metamorfoseia, se transforma;
que nada é definitivo, mas que chega a sê-lo Deus, ponto
fixo, imóvel no tempo e no espaço, não está sujeito a
nenhuma modificação, não se transforma, nem pode
transformar-se. É hoje o que era ontem, será amanhã o que
é hoje. E tanto faz procurá-lo nos séculos passados, como
nos séculos futuros: ele é, e será constantemente idêntico
em si. Deus é imutável.
No entanto, eu sustento que, se ele
criou, não é imutável, porque, neste caso, transmudou-se
duas vezes.
Determinar-se a querer é mudar de
posição. Ora, é evidente que há mudança entre o ser que
quer uma coisa e o que, querendo-a, a põe em execução.
Se eu desejo e quero o que eu não
desejava e nem queria a quarenta e oito horas, é porque se
produziu em mim, ou a minha volta, uma ou várias
circunstâncias que me levaram a querê-lo. Este novo desejo
ou querer constitui uma modificação que não se pode por em
dúvida, que é indiscutível.
Paralelamente: agir, ou determinar-se a
agir, é modificar-se.
Esta dupla modificação — querer e agir
— é tanto mais considerável e saliente quando é certo que
se trata de uma resolução grave, de uma ação importante.
Deus criou, dizeis vós, crentes. Então
modificou-se duas vezes: a primeiro, quando se determinou a

47
“A verdade em verdade vos digo”

criar; a segunda, quando resolveu por em prática sua


determinação, completando o gesto criador.
Se ele se modificou duas vezes, não é
imutável. E, se não é imutável, não é Deus — não existe.
O ser imutável não criou.

 6º argumento: Deus não criou sem motivo; mas é


impossível encontrar um único motivo que o levasse a
criar
De qualquer forma que se pretende
examiná-la, a criação é inexplicável, enigmática, falha de
sentido.
Há uma coisa que salta à vista de
todos: se Deus criou, como vós dizeis, não pôde ter realizado
este ato grandioso — cujas consequências deviam ser,
fatalmente, proporcionais ao próprio ato, e por conseguinte
incalculáveis — sem que fossem determinado por uma razão
de primeiro ordem.
Pois muito bem. Qual foi esta razão?
Porque motivo tomou Deus a resolução de criar? Que móbil
o impulsionaria a isto? Que desejo germinaria em seu
cérebro? Qual seria o seu intuito? Que idéia o perseguiria?
Que fim perseguiria ele?
Multiplicais, nesta ordem de idéias, as
perguntas; gravito, conforme quiserdes, em torno deste
problema; examinai-o em todos os seus aspectos e em todos
os sentidos, e eu desafio seja quem for a que o resolve em
outro sentido que não seja o das incoerências.
Por exemplo: Eis uma criança educada
na religião cristã. O seu catecismo afirmou-lhe, e os seus
mestres confirmam, que foi Deus que a criou e a colocou no
mundo. Suponhamos que a criança faz a si própria a
pergunta: porque é que Deus me criou e me lançou no
mundo?, e que quer obter uma resposta judiciosa, racional.
Nunca obterá.
Suponhamos ainda que a criança,
confiando na experiência e no saber de seus educadores,
persuadida do caráter sagrado de que eles — padres ou
pastores — estão revestidos, possuindo luzes especiais e
48
“A verdade em verdade vos digo”

graças particulares; convencido de que, pela sua santidade,


estão mais próximos de Deus e, portanto, melhores iniciados
que elas nas verdades reveladas; suponhamos que esta
criança tem a curiosidade de perguntar aos seus mestres por
que e para que Deus a criou e a pôs no mundo, e eu afirmo
que os mestres são incapazes de contestar a essa simples
interrogação com uma resposta plausível, sensata. Não lhe
poderão dar, porque, em verdade, ela não existe.
Mas, rodeemos bem a questão e
aprofundemos o problema. Com o pensamento,
examinaremos Deus antes da criação. Tomemo-lo mesmo no
seu sentido absoluto. Está completamente só; bastando-se a
si próprio. E perfeitamente sábio, perfeitamente feliz,
perfeitamente poderoso. Ninguém lhe pode acrescentar
sabedoria, ninguém lhe pode aumentar a felicidade, ninguém
lhe pode fortificar o poderio.
Este Deus não experimenta nenhum
desejo, visto que a sua felicidade é infinita. Não pode
perseguir nenhum fim, visto que nada falta à sua perfeição.
Não pode ter nenhum intuito, visto que nada falta ao seu
poder. Não pode determinar-se a fazer seja o que for, visto
que não tem nenhuma necessidade.
Eia! Filósofos profundos, pensadores
sutis, teólogos prestigiosos, respondei a esta criança que vos
interroga e dizei-lhe por que é que Deus a criou e lançou no
mundo!
Eu estou tranquilo. Vós não lhe podeis
responder, a não ser que lhe digais: “Os mistérios de Deus
são impenetráveis”! — e aceitais esta resposta como
suficiente. E fareis bem, abstendo-vos de lhes dar outra
resposta, porque esta outra resposta — previno-vos
caritativamente — cava a ruína de vosso sistema e o
derribamento de vosso Deus. A conclusão impõe-se, lógica,
impiedosa: Deus, se criou, criou sem motivos, sem saber por
que, sem ideal.
Sabeis onde nos conduzem as
consequências de tal conclusão? Vamos vê-las.
O que diferencia os atos de um homem
dotado de razão dos atos de um louco, o que determina que
um seja responsável e o outro irresponsável, é que um
49
“A verdade em verdade vos digo”

homem dotado de razão sabe sempre — ou pode chegar o


sabê-lo — quando procede, quais são os móbiles que o
impulsionam, quais são os motivos que o levam a praticar
aquilo que pensava. Quando se trata de uma ação
importante, cujas consequências podem hipotecar
gravemente as suas responsabilidades, é preciso que o
homem entre na posse de sua razão, se concentre, se
entregue a um sério exame de consciência, persistente e
imparcial, exame que, pelas suas recordações, reconstitua o
quadro dos acontecimentos de que ele foi agente. Em
resumo, é preciso que ele procure reviver as horas passadas
para que possa discernir quais foram as causas e o
mecanismo dos movimentos que o determinaram a obrar.
Frequentemente, não pode vangloriar-se das causas que o
impulsionaram, e que, amiúde, o levam a corar de vergonha.
Mas, quaisquer que sejam os motivos, nobres ou vis,
generosos ou grosseiros, ele chega sempre o descobri-los.
Um louco, pelo contrário, precede sem
saber por que; e, uma vez realizado o ato, por grandes que
sejam as responsabilidades que dele possam deriva-se,
interrogai-o, encerrai-o, se quiserdes, numa prisão, e apertai-
o com perguntas: o pobre demente não vos balbuciará senão
coisas vagas, verdadeiras incoerências.
Portanto, o que diferencia os atos de
um homem sensato de um homem insensato, é que os atos
dos primeiros podem explicar-se, tem uma razão de ser,
distinguem-se neles a causa e o efeito, a origem e o fim,
enquanto que os atos do segundo não se podem explicar,
porque um louco é incapaz de discernir a causa e o que o
levam a realizá-los.
Pois bem! Se Deus criou sem motivo,
sem fim, procedeu como um louco. E, neste caso, a criação
aparece-nos como um ato de demência.

Duas objeções capitais

Para terminar com o Deus da criação,


parece-me indispensável examinar duas objeções.

50
“A verdade em verdade vos digo”

Os leitores sabem muito bem, sobre


este assunto, abundam objeções. Por isso quando falo em
duas objeções, refiro-me a duas objeções capitais clássicas.
Estas duas objeções têm tanto mais
importância quanto é certo que, com a beldade da discussão,
se podem englobar todas as outras nestas duas.

 1ª objeção: “Deus escapa-vos!”


Dizem-me:
“O senhor não tem o direito de falar de
Deus segundo a forma que o faz. O senhor não nos
apresenta senão um Deus caricaturado, sistematicamente
reduzido a proporções que seu cérebro abarca. Esse Deus
não é nosso Deus. O nosso Deus não o pode o senhor
concebê-lo, visto que lhe é superior, escapando por isso à
suas faculdades intelectuais. Fique sabendo que o que é
fabuloso, gigantesco para o homem mais forte e mais
inteligente, é para Deus um simples jogo de crianças. Não se
esqueça que a Humanidade não pode mover-se no mesmo
plano que a Divindade. Não perca de vista que é tão
impossível ao homem compreender a maneira como Deus
procede, como os minerais imaginar como vivem os vegetais,
como os vegetais conceber o desenvolvimento dos animais,
e como os animais saber como vivem e operam os homens.
Deus paira a umas alturas que o senhor
é incapaz de atingir ocupa montanhas inacessíveis ao
senhor. Qualquer que seja o grau de desenvolvimento de
uma inteligência humana; por muito importante que seja o
esforço realizado por essa inteligência; seja qual for a
persistência deste esforço, jamais poderá elevar-se até
Deus. Lembre-se, enfim, que, por muito vasto que seja o
cérebro do homem, ele é finito, não podendo, por
consequência, conceber Deus, que é infinito.
Tenha pois a lealdade e a modéstia de
confessar que não lhe é possível compreender nem explicar,
não o cabe o direito de negar”.
Eu respondo aos deístas:
Dais-me conselhos de humildade que
estou disposto a aceitar. Fazeis me lembrar que sou um

51
“A verdade em verdade vos digo”

simples mortal, o que legitimamente reconheço e não


procuro olvidar-me.
Dizeis-me que Deus me ultrapassa e
que o desconheço. Seja. Consinto em reconhecê-lo; afirmo
mesmo que o finito não pode compreender o infinito, porque
é uma verdade tão certa e tão evidente, que não está em
meu ânimo fazer-lhe qualquer oposição. Vede, pois, até aqui
estamos de acordo, com o que espero, ficareis muito
contentes.
Somente, senhores deístas, permiti
que, por meu turno, eu vos dê os mesmos conselhos de
humildade, para terdes o franqueza de me responder estas
perguntas: Vós não sois homens como a mim? A vós, Deus
não se depara como para a mim? Esse Deus não vos escapa
como a mim? Tereis vós a pretensão de moverdes no
mesmo plano da divindade? Tereis igualmente a mania de
pensar e a loucura de crer que, de um voo, podereis chegar
às alturas que Deus ocupa? Sereis presunçosos ao extremo
de afirmar que o vosso cérebro, o vosso pensamento que é
finito, possa compreender o infinito?
Não vos faço a injuria, senhores
deístas, de acreditar que sustentais uma extravagância
venal. Assim, pois, tende a modéstia e a lealdade de
confessar que, se me é impossível compreender e explicar
Deus, vós tropeçais no mesmo obstáculo. Tende, enfim, a
probidade de reconhecer que, se eu não posso conceber
nem explicar Deus, não o podendo, portanto, negar, a vós,
como a mim, não vos é permitido concebê-lo e não tendes,
por consequência, o direito de afirmá-lo.
Não julgueis, no entanto, que, por
causa disto, ficamos na mesma situação que antes. Foste
vós que, primeiramente, afirmastes a existência de Deus;
deveis, pois, ser os primeiros a pôr de parte vossas
afirmações. Sonharia eu, alguma vez, com negar a existência
de Deus, se vós não tivésseis começado a afirmá-la? E se,
quando eu era criança, não me tivessem imposto a
necessidade de acreditar nele? E se, quando adulto, não
tivesse ouvido afirmações nesse sentido? E se, quando
homem, os meus olhos não tivessem constantemente
contemplado os templos elevados a esse Deus? Foram as
52
“A verdade em verdade vos digo”

vossas afirmações que provocaram as minhas negações.


Cessai de afirmar que eu cessarei de negar.

 2ª objeção: “Não há efeito sem


causa”
A segunda objeção parece-nos mais
invulnerável. Muitos indivíduos consideram-na ainda sem
réplica. Esta objeção provém dos filósofos espiritualistas:
Não há efeito sem causa. Ora, o Universo é um efeito; e,
como não há efeito sem causa, esta causa é Deus.
O argumento é bem apresentado;
parece, mesmo, bem construído e bem carpintejado. O que
resto saber é se tudo quanto ele encerra é verdadeiro.
Em boa lógica, este raciocínio chama-
se silogismo. Um silogismo é um argumento composto por
três proposições: a maior, a menor e a consequência, e
compreende duas partes: as premissas, constituídas pelas
duas primeiras proposições e a conclusão, representada pela
terceira. Para que um silogismo seja inatacável, é preciso:
1º que a maior e a menor sejam exatas;
2º que a terceira proposição dimane
logicamente as duas primeiras.
Se o silogismo dos filósofos
espiritualistas reúne estas duas condições, é irrefutável e
nada mais me resta senão aceitá-lo; mas, se lhe falta uma só
dessas condições, então o silogismo é nulo, sem valor, e o
argumento destrói-se por si mesmo.
A fim de conhecer o seu valor,
examinemos as três proposições que o compõe.
1ª proposição (maior): “Não há efeito
sem causa”.
Filósofos, tendes razão. Não há efeito
sem causa: nada mais exato. Não há, não pode haver, efeito
sem causa. O efeito não é mais do que a continuação, o
prolongamento, o limite da causa. Quem diz efeito diz causa.
A idéia de efeito provoca, necessariamente e imediatamente
a idéia de causa. Se, ao contrário, se concebe um efeito sem
causa, isto seria o efeito do nada, o que equivaleria a crer no
absurdo.

53
“A verdade em verdade vos digo”

Sobre esta primeira proposição,


estamos, pois, de acordo.
2ª proposição (menor): “Ora, o Universo
é um efeito”.
Antes de continuar, peço explicações:
Sobre o que se apóia esta afirmação
tão franca e tão categórica? Qual o fenômeno, ou conjunto
de fenômenos, na qual a verificação, ou conjunto de
verificações, que permitem uma afirmação tão rotunda?
Em primeiro lugar, comecemos
suficientemente o Universo? Temo-lo estudado
profundamente, temo-lo examinado, investigado,
compreendido, para que nos seja permitido fazer afirmações
desta natureza? Temos penetrado nas suas entranhas e
explorado os seus espaços incomensuráveis? Já descemos
a profundeza do oceano? Conhecemos todos os domínios do
Universo? O Universo já nos declarou todos os seus
segredos? Já lhe arrancamos todos os véus, penetramos
todos os seus mistérios, descobrimos todos os seus
enigmas? Já vimos tudo, apalpamos tudo, sentimos tudo,
entendemos tudo, observamos tudo, afrontamos tudo? Não
temos nada mais que aprender? Não nos resta nada mais
que descobrir? Em resumo, estamos em condições de fazer
uma apreciação formal do Universo?
Supomos que ninguém ousará
responder afirmativamente a todas estas questões; e seria
digno de lástima todo aquele que tivesse a tenebridade e a
insensatez de afirmar que conhece o Universo.
O Universo! — quer dizer não somente
este ínfimo planeta que habitamos e sobre o qual se
arrastam as nossas carcaças; não somente os milhões de
astros que conhecemos e que fazem parte do nosso sistema
solar, ou que descobrimos com o decorrer dos tempos, mas
ainda, esses mundos, aos quais, com conjectura,
conhecemos a existência, mas cuja distancia e o número
restam incalculáveis!
Se eu dissesse “o universo é uma
causa”, tenho a certeza que desencadeariam imediatamente
contra mim as vaias e os protestos de todos os religiosos; e,

54
“A verdade em verdade vos digo”

todavia, a minha afirmação não era mais descabelada que a


deles. Eis tudo.
Se me inclino sobre o Universo, se o
observo quanto me permitir o homem contemporâneo, os
conhecimentos adquiridos, verificarei que é um conjunto
inacreditavelmente complexo e denso, uma confusão
impenetrável e colossal de causas e de efeitos que se
determinam, se encadeiam, se sucedem, se repetem e se
interpenetram. Observarei que o todo leva uma cadeia sem
fim, cujos elos estão indissoluvelmente ligados.
Certificar-me-ei de que cada um destes
elos é, por sua vez, causa e efeito: efeito da causa que o
determinou, causa do efeito que se lhe segue.
Quem poderá dizer: “Eis aqui o primeiro
elo — o elo causa”? Quem poderá afirmar: “Eis o último elo
— elo efeito”? E quem poderá ainda dizer: “Há
necessariamente uma causa número um e um efeito
número… último”?
À segunda proposição, “ora, o Universo
é um efeito”, falta-lhe uma condição indispensável: a
exatidão. Por consequência, o famoso silogismo não vale
nada.
Acrescento mesmo que, no caso em
que esta segunda proposição fosse exata, faltaria
estabelecer, para que a conclusão fosse aceitável, se o
Universo é o próprio efeito de uma Causa única, de uma
Causa primeira, da Causa das Causas, de uma Causa sem
Causa, da Causa eterna.
Espero, sem me inquietar, esta
demonstração, porque é uma demonstração que se tem
desejado muitas vezes, sem que ninguém no-la desse; é
também uma demonstração, da qual se pode afirmar, sem
receio de desmentido, que jamais poderá se estabelecer de
uma forma séria, positiva e científica.
Por último: admitindo que o silogismo
fosse irrepreensível, ele poderia voltar-se facilmente contra a
tese do Deus-Criador, colocando-se a favor da minha
demonstração.
Expliquemos: “não há efeito sem
causa!” — Seja! — “o Universo é um efeito!” — De acordo! —
55
“A verdade em verdade vos digo”

“Logo este efeito tem uma causa e é esta causa que


chamamos Deus! — Pois seja!
Mas não vos entusiasmeis, deístas;
escutai-me, porque ainda não triunfastes.
Se é evidente que não há efeito sem
causa, é também rigorosamente exato que não há causa
sem efeito. Não há, não pode haver, causa sem efeito. Que
diz causa, diz efeito. A idéia de causa implica
necessariamente e chama a idéia de efeito. Porque uma
causa sem efeito seria uma causa do nada, o que seria tão
absurdo quanto o efeito do nada. Que fique, pois, bem
entendido: não há causa sem efeito.
Vós, deístas, afirmais, enfim, que o
Deus-Causa é eterno. Desta afirmação concluo que o
Universo-Efeito é igualmente eterno, visto que a uma causa
eterna, corresponde, indubitavelmente, a um efeito eterno.
Se pudesse ser de outro modo, quer dizer, se o Universo
tivesse começado, durante os milhares e milhares de séculos
que, talvez, precederam a criação do Universo, Deus teria
sido uma causa sem efeito, o que é impossível; uma causa
de nada, o que seria absurdo.
Em conclusão: se Deus é eterno, o
Universo também o é: e, se o Universo também é eterno, é
porque ele nunca principiou, é que jamais foi criado.
É clara a demonstração?

Segunda série de argumentos: Contra o Deus-


governador

 7º argumento: O governador nega o criador


São muitíssimos — formam legiões —
os indivíduos que, apesar de tudo, se obstinam em crer.
Concebo que, a rigor, se possa crer na existência de um
criador perfeito, como também concebo que se possa crer na
existência de um governador necessário. Mas, o que me
parece impossível é que, ao mesmo tempo, se possa crer
racionalmente num e noutro, porque estes dois seres
perfeitos se excluem categoricamente: afirmar um é negar o
outro; proclamar a perfeição do primeiro é confessar a
56
“A verdade em verdade vos digo”

inutilidade do segundo; sustentar a necessidade do segundo


é negar a perfeição do primeiro.
Por outras palavras: pode-se crer na
perfeição ou na necessidade do outro; mas o que não tem a
menor sombra de lógica é crer na perfeição dos dois. É
preciso, pois, escolher qualquer deles.
Se o Universo criado por Deus tivesse
sido uma obra perfeita; se, no seu conjunto, como nos seus
pormenores, esta obra não apresentasse nenhum defeito; se
o mecanismo desta criação gigantesca fosse irrepreensível;
se a sua perfeição fosse de modo que a ninguém
despertasse a menor suspeita de qualquer desarranjo ou de
qualquer avaria; se, enfim, a obra fosse digna deste operário
genial, deste artista incomparável, desse construtor
fantástico a que chamam Deus, a necessidade de um
governador nunca se teria sentido.
É que é lógico supor que, uma vez a
formidável máquina fosse posta em movimento, nada mais
haveria a fazer do que abandoná-la a si própria, visto que os
acidentes seriam impossíveis. Não seria preciso este
engenheiro, este mecânico, para vigiar a máquina, para a
dirigir, para a reparar, para a afinar, enfim. Não, este
engenheiro seria inútil, este mecânico não teria razão de ser.
E, neste caso, o Deus-Governador era
também inútil. Se o Governador existe, é porque a sua
intervenção, a sua vigilância são indispensáveis. A
necessidade do Governador é como que um insulto, como
um desafio lançado ao Criador; a sua intervenção corrobora
o desconhecimento, a incapacidade, a impotência desse
criador.
O Deus-Governador nega a perfeição
do Deus-Criador.

 8º argumento: A multiplicidade dos deuses prova que não


existe nenhum deles
O Deus-Governador é, e não pode
deixar de ser, poderoso e justo, infinitamente poderoso e
infinitamente justo.

57
“A verdade em verdade vos digo”

Ora, eu afirmo que a multiplicidade das


religiões atesta que falta a este Deus poder ou justiça, se
não, ambas as coisas.
Não falemos dos deuses mortos, dos
cultos abolidos, das religiões esquecidas, que se contam por
milhares e milhares. Falemos somente das religiões de
nossos dias. Segundo os cálculos mais bem fundados, há,
presentemente, oitocentas religiões, que se disputam o
império das mil e seiscentas milhões de consciências que
povoam o nosso planeta. Ninguém pode duvidar que cada
uma destas religiões reclama para si privilégio de que só o
seu Deus é que é o verdadeiro, autêntico, o indiscutível, o
único, e que todos os outros Deuses são Deuses risíveis,
Deuses falsos, Deuses de contrabando e de pacotilha, e que,
portanto, é uma obra piedosa combatê-los e pulverizá-los.
A isto, ajunta: Se em vez de oitocentas
religiões, não houvesse senão cem ou dez, ou duas, o meu
argumento teria o mesmo valor.
Pois bem, afirmo novamente que a
multiplicidade destes Deuses atesta que não existe nenhum,
certificando, ao mesmo tempo, que Deus não é todo-
poderoso nem sumamente justo.
Se fosse poderoso teria podido falar a
todos os indivíduos com a mesma facilidade com que falou
isoladamente a alguns. Ter-se-ia mostrado, ter-se-ia revelado
a todos sem empregar mais esforços do que o que empregou
para se apresentar a poucos.
Um homem — qualquer que seja — não
pode mostrar-se nem falar senão a um número reduzido de
indivíduos: os seus órgãos vocais têm uma persistência que
não pode exceder certos limites. Mas Deus… Deus pode
falar a todos os indivíduos — por muito grande que seja o
número — com a mesma facilidade que falaria a uns poucos.
Quando se eleva, a voz de Deus pode e deve perpetuar-se
nos quatro pontos cardeais! O verbo divino não conhece
distâncias nem obstáculos. Atravessa os oceanos, escala as
alturas, franqueia os espaços, sem a menor dificuldade.
E visto que ele quis — é a religião que o
afirma — falar com os homens, revelar-se-lhes, confiar-lhes
os seus desejos, indicar-lhes a sua vontade, fazer-lhes
58
“A verdade em verdade vos digo”

conhecer a sua lei, bem teria podido fazê-lo a todos e não a


um punhado de privilegiados.
Mas Deus não fez assim, visto que uns
o negam, outros o ignoram, e outros, enfim, opõe tal Deus a
tal outro Deus dos seus concorrentes.
Nestas condições não será mais
sensato pensar que ele não falou a ninguém, e que as
múltiplas revelações que me atribuem, não são, senão,
múltiplas imposturas, ou arma que, se ele falou a uns
poucos, é porque era incapaz de falar com todos?
Sendo assim, eu acuso-o de
impotência. E se não quiserdes que o acuse de impotência,
acuso-o de injustiça. Que pensar, com efeito, de um Deus
que se mostra a um reduzido número e que se esconde das
outras? Que pensar de um Deus que fala para uns e que,
para outros, guarda o mais profundo silêncio?
Não esqueçais que os representantes
desse Deus afirmam que ele é o pai de todos: e que todos,
qualquer que seja o seu título ou grau, são os filhos bem
amados desse Pai que reina lá no céu! Pois, muito bem, que
pensais desse pai que, exuberante da ternura para alguns
privilegiados, os desperta, revelando-se-lhes evitando-se as
angustias da dúvida, arrancando-o das torturas da hesitação,
enquanto que, violentamente, condena a maioria de seus
filhos aos tormentos da incerteza? Que pensais desse pai
que, no meio de seu esplendor de Majestade, se mostra a
uma parte de seus filhos, enquanto que, para a outra, fica
envolto nas mais profundas trevas? Que pensais desse pai
que, exigindo de seus filhos a prática de um culto, com o seu
contingente de respeitos e adorações, chama só alguns
deles para escutarem a sua palavra de Verdade, enquanto
que, com um propósito deliberado, nega aos demais esta
distinção, este insigne favor?
Se julgais que este pai é justo e bom,
não vos surpreendas com a minha apreciação, que é muito
diferente:
A multiplicidade de religiões proclama
que a Deus faltou poder ou justiça. Ora, Deus deve ser
infinitamente poderoso e infinitamente justo — são os
religiosos que o afirmam. E se lhe falta um destes dois
59
“A verdade em verdade vos digo”

atributos — poder ou justiça — não é perfeito: não sendo


perfeito, não tem razão de ser, não existe.
A multiplicidade dos Deuses e das
religiões demonstra que não existe nenhum deles.

 9º argumento: Deus não é infinitamente bom: é o inferno


que o prova
O Deus-Governador ou Providência é,
deve ser, infinitamente bom, infinitamente misericordioso.
Mas a existência do Inferno demonstra-nos que não é assim.
Atentai bem ao meu raciocínio: Deus
podia — porque é livre — não nos ter criado; mas criou-nos.
Deus podia — porque é todo poderoso — ter-nos criado
todos bons; mas criou-nos bons e maus. Deus podia —
porque é bom — admitir-nos todos, após a morte, no seu
Paraíso, contentando-se, como castigo, com o tempo de
sofrimento e atribulações que passamos na Terra. Deus
podia, em suma — porque é justo — não admitir em seu
Paraíso senão os bons, recusando ali lugar aos perversos;
mas, neste caso, deveria destruir totalmente os maus com a
morte, e jamais condená-lo aos sofrimentos do Inferno. E isto
porque quem pode criar, pode destruir; quem tem poder para
dar a vida, também tem o poder para tirá-la, para aniquilá-la.
Vejamos: vós não sois deuses. Vós não
sois infinitamente bons, nem infinitamente misericordiosos.
Sem vos atribuir qualidades que não possuís, eu tenho a
certeza de que, se estivesse em vossas mãos — sem que
isso vos exigisse um grande esforço, e sem que, de aí,
resultasse para nós algum prejuízo moral ou material —
evitar a um ser humano uma lágrima, uma dor, um
sofrimento, eu tenho a certeza, repito, que o faríeis
imediatamente, sem vacilar nem titubear. E, todavia, vós não
sois infinitamente misericordiosos.
Sereis, por acaso, melhores e mais
misericordiosos que o Deus dos cristãos?
Porque, enfim, o Inferno existe. A Igreja
faz alarde dele: é a horrível visão, com a ajuda da qual
semeia o pavor no cérebro das crianças e dos velhos, e entre
os pobres de espírito e os medrosos; é o espectro que se

60
“A verdade em verdade vos digo”

estala na cabeceira dos moribundos, na hora em que a morte


os arrebata toda a coragem, toda a energia, toda a lucidez.
Pois bem, o Deus dos cristãos, esse
Deus que dizem cheio de piedade, de perdão, de
indulgência, de bondade e de misericórdia, precipita para
todo o sempre, uma parte dos seus filhos, num antro de
torturas as mais cruéis, e de suplicias as mais horrendas.
Oh! Como ele é bom! Como ele é
misericordioso!
Vós conheceis certamente estas
palavras das escrituras: “Muitos serão os chamados, mas
poucos os eleitos”. Bem abusos do seu valor, estas palavras
significam que o número de salvos será ínfimo, enquanto que
o número de condenados há de ser considerável. Esta
afirmação é de uma crueldade tão monstruosa que os
deístas têm procurado dar-lhe um outro sentido.
Mas pouco importa: o Inferno existe, e é
evidente que os condenados — muitos ou poucos — aí
sofrerão os mais dolorosos tormentos.
Agora, pergunto eu: a quem podem
beneficiar os tormentos dos condenados? Aos eleitos? —
Evidente que não. Por definição, os eleitos serão os justos,
os virtuosos, os fraternais, os compassivos: e seria absurdo
supor que a sua felicidade, já incomparável, pudesse ser
aumentada com o espetáculo de seus irmãos torturados. Aos
próprios condenados? — também não, porque a igreja afirma
que o suplicio desses desgraçados jamais acabará; e que,
pelos séculos dos séculos, os seus sofrimentos serão tão
horripilantes como no primeiro dia.
Então?… Então, aparte os eleitos e
aparte os condenados, não há senão Deus, não pode haver
senão ele. É, pois, Deus, quem obtém benefícios aos
sofrimentos dos condenados? É, pois, ele, esse pai
infinitamente bom, infinitamente misericordioso, que se
regozija sadicamente com as dores e que voluntariamente
condena os seus filhos?
Ah! Se isto é assim, esse Deus
aparece-nos como carrasco mais feroz, como o inquisidor
mais implacável que imaginar se pode.

61
“A verdade em verdade vos digo”

O inferno prova que Deus não é bom


nem misericordioso — a existência de um Deus de bondade
é incompatível com a existência do inferno.
E de duas uma: ou o inferno não existe,
ou Deus não é infinitamente bom.

 10º argumento: O problema do mal


É o problema do mal que me fornece
material para o meu último argumento contra o Deus-
Governador, e, simultaneamente, para o meu primeiro
argumento contra o Deus-justiceiro.
Eu não digo que a existência do mal —
mal físico e mal moral — seja incompatível com a existência
de Deus; o que digo é que é incompatível com o mal a
existência de um Deus infinitamente poderoso e infinitamente
bom.
O argumento é conhecido, ainda que o
não seja senão pelas múltiplas refutações — sempre
impotentes — que se lhes tem apresentado. Remontam-no a
Epicuro. Tem, portanto, mais de vinte séculos de existência:
mas, por velho que seja, conserva ainda todo o seu vigor.
Esse argumento é o seguinte:
O mal existe. Todos os seres sensíveis
conhecem o sofrimento. Deus, que tudo sabe, não pode
ignorá-lo. Pois bem, de duas, uma: Ou Deus quer suprimir o
mal e não pode; ou Deus pode suprimir o mal e não quer.
No primeiro caso, Deus pretendia
suprimir o mal, porque era bom, porque compartilhava das
dores que nos aniquilam, porque participava dos sofrimentos
que suportamos. Ah! Se isso dependesse dele! O mal seria
suprimido e a felicidade reinaria sobre a Terra…
Mais uma vez Deus é bom, mas não
pode suprimir o mal — não é todo poderoso.
No segundo caso, Deus podia suprimir
o mal. Bastava que o quisesse para que o mal fosse abolido.
Ele é todo poderoso e não quer suprimir o mal; portanto, não
é infinitamente bom.
Aqui, Deus é todo poderoso, mas não é
bom; acolá, Deus é bom mas não é todo poderoso. Para
admitir a existência de Deus, não basta que ele possua uma
62
“A verdade em verdade vos digo”

destas perfeições: poder ou bondade. É indispensável que


possua as duas.
Este argumento nunca foi refutado.
Entendamo-nos: ao dizer nunca foi refutado quero dizer que,
racionalmente, ninguém a pode ainda refutar, embora
tenham ensaiado isso muitas vezes. O ensaio de refutação
mais conhecido é este:
Vós apresentais em termos errôneos o
problema do mal. É um equivoco atirar para cima de Deus
toda a responsabilidade. Bem, é certo que o mal existe — é
inegável; mas só o homem é responsável por ele. Deus não
quis que o homem fosse um autômato, uma máquina, que
obedece cega e fatalmente. Ao criá-lo, Deus deu-lhe
completa liberdade — fez dele um ser inteiramente livre; e,
conforme com essa liberdade, que generosamente lhe
outorgou, concedeu-lhe a faculdade de fazer dela, em todas
as circunstâncias, o uso que quisesse. E se o homem, em
vez de fazer uso nobre e justiceiro deste bem inestimável, faz
dele um uso criminoso, porque seria injusto: devemos acusar
mais é o homem, o que é razoável.
Eis a clássica objeção. Que é que ela
vale? Nada!
Eu explico-me: façamos distinção entre
o mal físico e o mal moral. O mal físico é a doença, o
sofrimento, o acidente, a velhice, com o seu cortejo de vícios
e enfermidades; é a morte, que implica perda de seres que
amamos. Há crianças que nascem e que morrem, dias
depois de seu nascimento, e cuja vida foi um sofrimento
permanente. Há uma enorme multidão de seres humanos
para quem a vida não é mais do que uma longa série de
dores e aflições: seria preferível que não tivessem nascido.
E, na ordem natural, as epidemias, os cataclismos, os
incêndios, as secas, as inundações, as tempestades, a fome,
constituem uma soma de trágicas fatalidades que originam a
dor e a morte.
Quem ousará dizer que o homem é o
responsável por este mal físico? Quem não compreende que
se Deus criou o Universo, dotando-o com as formidáveis leis
que o regem, o mal físico não é senão uma destas
fatalidades que resultam de um jogo normal das forças da
63
“A verdade em verdade vos digo”

natureza? Quem não compreende que o autor responsável


destas calamidades é, com toda a certeza, quem criou o
Universo e quem o governa?
Suponho que, sobre este ponto, não há
contestação possível. Deus que governa o Universo, é o
responsável pelo mal físico. Esta resposta seria suficiente, e,
no entanto, vou continuar.
Eu entendo que o mal moral é tão
imputável a Deus quanto o mal físico. Se Deus existe, foi ele
que presidiu à organização do mundo físico. Por
consequência, o homem, vítima do mal moral, como do mal
físico, não pode ser responsável por um nem por outro.
Vamos, pois, ver agora na terceira e
última série de argumento, o que tenho a dizer sobre o mal
moral.

Terceira serie de argumentos: Contra o Deus justiceiro

 11º argumento: Irresponsável, o homem não pode ser


castigado nem recompensado
Que somos nós? Presidimos às
condições de nosso nascimento? Fomos consultados sobre
se queríamos nascer? Fomos chamados a traçar o nosso
destino? Tivemos, sobre qualquer destas questões, voz ou
voto?
Se cada um de nós tivesse voz e voto
para escolher, desde o nascimento, a saúde, a força, a
beleza, a inteligência, a coragem, a bondade, etc…,
seguramente que todos estes benefícios nos teríamos
outorgado. Cada um de nós seria, então, em resumo de
todas as perfeições, uma espécie de Deus em miniatura.
Mas, afinal, que somos nós? Somos
aquilo que queríamos ser? Não, incontestavelmente.
Na hipótese Deus, somos — visto que
foi ele que nos criou — aquilo que ele quis que fôssemos.
Deus é livre, não podia nos ter criado. Ou podia ter-nos
criado menos perversos, porque é bom. Ou, então, podia ter-
nos criado virtuosos, bem comportados, excelentes,
enchendo-nos de todos os dotes físicos, intelectuais e
morais, porque é todo poderoso.
64
“A verdade em verdade vos digo”

Pela terceira vez: Que somos nós?


Somos o que Deus quis que fôssemos, visto que ele criou-
nos segundo o seu capricho e o seu gosto.
Se se admite que Deus existe e que foi
ele que nos criou, não se pode dar outra resposta a pergunta
“quem somos nós?”. Com efeito, foi Deus que nos deu os
sentidos, as faculdades de compreensão, a sensibilidade, os
meios de perceber, de sentir, de raciocinar, de agir. Ele
previu, quis determinar as nossas condições de vida;
coordenou as nossas necessidades, os nossos desejos, as
nossas paixões, as nossas crenças, as nossas esperanças,
os nossos ódios, as nossas ternuras, as nossas aspirações.
Toda a máquina humana corresponde àquilo que ele quis.
Ele arranjou e concebeu todas as peças do meio em que
vivemos, preparando todas as circunstâncias que, a cada
momento, dão um assalto a nossa vontade, determinando as
nossas ações.
Perante este Deus formidavelmente
armado, o homem é, portanto, irresponsável.
O que não está sob a dependência de
ninguém é inteiramente livre; o que está um pouco sob
dependência de um outro é um pouco escravo, e livre só
para a diferença; o que está muito sob a dependência de um
outro é muito escravo, e não é livre senão para o resto;
enfim, o que esta em absoluto sob a dependência de outro, é
totalmente escravo, não gozando de nenhuma liberdade.
Se Deus existe, é nesta última postura
— a do escravo — que o homem se encontra em relação a
Deus; e sua escravidão é tanto maior quanto maior for o
espaço entre o Senhor e ele.
Se Deus existe, só ele é que sabe,
pode, quer, só ele é livre. O homem nada sabe, nada pode,
nada quer, a sua dependência é completa. Se Deus existe,
ele é tudo — o homem, nada.
O homem, submetido a esta
escravidão, aniquilado sob a dependência, plena e inteira de
Deus, não pode ter nenhuma responsabilidade. E, se o
homem é irresponsável, não pode ser julgado. Todo o
julgamento implica um castigo ou uma recompensa; mas os
atos de um irresponsável, não possuindo nenhum valor
65
“A verdade em verdade vos digo”

moral, estão isentos de qualquer responsabilidade. Os atos


de um irresponsável podem ser úteis ou prejudiciais.
Moralmente não são bons nem maus, como não são
meritórios nem repreensíveis; julgados equitativamente, não
podem ser recompensados nem castigados.
Portanto, Deus, erigindo-se em
justiceiro, castigando e recompensando o homem
irresponsável, não é mais do que um usurpador, que se
arroga um direito arbitrário, usando dele contra toda a justiça.

Do que fica escrito, concluo:


a) Que a responsabilidade do mal moral é imputável a Deus,
como igualmente lhe é imputável a responsabilidade do mal
físico;
b) Que Deus é um juiz indigno, porque, sendo o homem
irresponsável, não pode ser castigado nem recompensado.

 12º argumento: Deus viola as regras fundamentais de


equidade
Admitamos por um instante que o
homem é responsável, e veremos como, dentro desta
hipótese, a justiça divina viola constantemente as regras
mais elementares da equidade.
Se se admite que a prática de justiça
não pode ser exercida sem uma sanção; que o magistrado
tem, por mandato, fixá-la; e que há uma regra, segundo o
qual o sentimento deve pronunciar-se unanimemente, é
evidente que, da mesma forma, tem de haver uma escala de
mérito e culpabilidade, assim como uma escala de
recompensas e de castigos.
Admitindo este princípio, o magistrado
que melhor pratica a justiça é aquele que proporciona o mais
exatamente possível a recompensa ao mérito e o castigo a
culpabilidade. E o magistrado ideal, impecável, perfeito, seria
aquele que estabelece uma relação rigorosamente
matemática entre o ato e a sanção.
Eu penso que esta regra elementar de
justiça é acerta por todos. Pois bem, Deus, distribuindo o
66
“A verdade em verdade vos digo”

Céu e o Inferno, finge conhecer esta regra e viola-a.


Qualquer que seja o mérito do homem, esse mérito é limitado
(como o próprio homem); e, no entanto, a sanção da
recompensa não o é: o Céu não tem limites, ainda que não
seja senão pelo seu caráter de perpetuidade. Qualquer que
seja a culpabilidade do homem, esta culpabilidade é limitada
(como o próprio homem); e, no entanto, o castigo não o é: o
Inferno o é: o Inferno é ilimitado, ainda que não seja senão
pelo seu caráter de perpetuidade.
Há, pois, uma grande desproporção
entre o mérito e a recompensa, entre a falta e a punição: o
mérito e a falta são limitados, enquanto que a recompensa e
o castigo são ilimitados.
Deus viola, pois, as regras
fundamentais da equidade.Finda aqui a minha tese. Resta-
me apenas recapitulá-la e concluí-la.
Vamos a uma breve recapitulação:
Prometi uma demonstração terminante,
substancial, decisiva, da inexistência de Deus. Creio poder
afirmar que cumpri esta promessa.
Não percais de vista que eu não me
propus dar-vos um sistema do Universo que tornasse inútil
todo o recurso à hipótese de uma Força sobrenatural, de
uma Energia ou de uma Potência extramundial, de um
Princípio superior ou anterior do Universo. Tive a lealdade,
como era o meu dever, de vos dizer com toda a franqueza:
apresentado assim, o problema não admite, dentro dos
conhecimentos humanos, nenhuma solução definitiva; e que
a única atitude que convém aos princípios refletidos e
razoáveis é a expectativa.
O Deus que eu quis negar e do qual
posso dizer que neguei a possibilidade é o Deus, é o Deus
das religiões, o Deus Criador, Governador e Justiceiro, o
Deus infinitamente sábio, poderoso, justo e bom, que os
padres e os pastores se jactam de representar na Terra e
que tentam impor a sua veneração.
Não há, não pode haver, equívoco. E
este Deus que é preciso defender dos meus ataques.
Toda a discussão sobre outro terreno —
e previno-vos disto, porque é necessário que vos ponhais em
67
“A verdade em verdade vos digo”

guarda contra as insídias do adversário — será apenas uma


diversão, e, ainda mais: a prova provada de que o Deus das
religiões não pode ser defendido nem justificado.
Provei que Deus, como criador, é
inadmissível, imperfeito, inexplicável; estabeleci que Deus,
como governador, é inútil, impotente, cruel, odioso,
despótico; demonstrei que Deus, como justiceiro, é um
magistrado indigno, pois que viola as regras essenciais da
mais elementar equidade.

Chegamos a esta conclusão:


Tal é, portanto, o Deus que, desde
tempos imemoriais, nos tem ensinado e que ainda hoje se
ensina às crianças, tanto nas escolas como nos lares. E que
de crimes se tem cometido em nome dele! Que de ódios,
guerras, calamidades tem sido furiosamente desencadeados
pelos seus representantes! Esse Deus de tanto sofrimento
não tem sido a causa! E quantos males provoca ainda hoje!
Há quantos séculos a religião traz a
humanidade curvada sob a crença, espojada na superstição,
prostrada resignadamente!
Não chegará jamais o dia em que,
deixando de crer na justiça eterna, nas suas sentenças
imaginárias, nas suas recompensas problemáticas, os seres
humanos começam a trabalhar com um ardor infatigável pelo
vento de uma justiça imediata, positiva e fraternal sobre a
Terra? Não soará jamais a hora em que, desiludidos das
consolações e das esperanças falazes que lhes sugere a
crença de um paraíso compensador, os seres humanos
comecem a fazer do nosso planeta do Éden de abundância,
de paz e de liberdade, cujas portas estejam fraternalmente
abertas para todos?
Há muito tempo que o contrato social é
inspirado num Deus sem justiça, como há muito tempo que
ele se inspira numa justiça sem Deus. Há muito tempo que
as relações entre os países e os indivíduos dimanam num
Deus sem filosofia, como há muito tempo que elas dimanam
uma filosofia sem Deus. Há muitos séculos que monarcas,
governos, castas, padres, condutores do povo e diretores de
consciências, tratam a humanidade como um vil rebanho de
68
“A verdade em verdade vos digo”

cordeiros, para, em último lugar, serem esfolados,


devorados, atirados ao matadouro.
Há séculos que os deserdados
suportam passivamente a miséria e a servidão, graças ao
milagre procedente do Céu e à visão horrorosa do inferno. É
preciso acabar com este odioso sortilégio, com esta burla
abominável.
Caro leitor, que me lê, abra os olhos,
examina, observa, compreende. O Céu de que te falam sem
cessar; o Céu com a ajuda do qual procuram insensibilizar a
tua miséria, anestesiar os teus sofrimentos e afogar os
gemidos que, apesar de tudo, saem do teu peito, é um Céu
irracional, um Céu deserto. Só o seu inferno é que é
povoado, que é positivo.
Basta aos lamentos: os lamentos são
vãos! Basta de prosternações: as prosternações são
estéreis! Basta de preces: as preces são impotentes!
E, direito, altivo, declara guerra
implacável a Deus que, a tanto tempo, impõe aos teus
irmãos e a ti próprio uma veneração embrutecedora!
Teríamos, então, de nos
desembaraçarmos deste tirano imaginário e sacode o jugo
dos indivíduos que pretendem ser os representantes dele na
Terra!
Mas, lembra-te bem, que, com este
gesto de libertação, não terás cumprido senão uma das
tarefas que te incumbe.
Não nos esqueçamos de que de nada
servirá quebrar as cadeias que os Deuses imaginários,
celestes e eternos, tem forjado contra nós, se não quebrares
igualmente as cadeias que, contra nós, tem forjado os
Deuses passageiros da Terra.
Estes Deuses giram em torno de ti,
procurando envilecermos e degradarmos. Estes Deuses são
homens como nós.
Ricos e governantes, estes Deuses da
Terra tem-na povoado de inúmeras vítimas, de tormentos
inexplicáveis.
Possam, enfim, um dia, os condenados
da Terra insurgirem-se contra os seus verdugos, para
69
“A verdade em verdade vos digo”

fundarem uma Cidade na qual não possa haver destes


monstros.
Quando te tiveres emancipado dos
Deuses do Céu e da Terra, quando te tiveres
desembaraçado dos chefes de cima e dos chefes debaixo,
quando tiveres levado à pratica este duplo gesto de
libertação, então, mas então somente, ó meu irmão, sairás
do Inferno em que te encontras para entrar no Céu que tu
realizarás! Deixarás as trevas da tua ignorância, para abraçar
as puras claridades da tua inteligência, desperta, já, das
influências letárgicas das religiões!
É relevante citarmos Jean Paul Satre,
onde ele diz:
Quando pensamos num Deus criador,
identificamo-no quase sempre como superior; e qualquer que
seja a doutrina que consideremos, admitimos sempre que
Deus sabe perfeitamente o que cria.
Assim, o conceito do homem, no
espírito de Deus, é assimilável ao conceito de um corta-papel
no espírito do industrial; e Deus produz o homem segundo
técnicas e uma concepção, exatamente como o artífice
fabrica um corta-papel segundo uma definição e uma técnica.
Assim, o homem individual realiza um certo conceito que
está na inteligência divina.
No século XVIII, para o ateísmo dos
filósofos, suprime-se a noção de Deus, mas não a idéia de
que a essência precede a existência. O homem possui uma
natureza humana; esta natureza, que é o conceito humano,
encontra-se em todos os homens, o que significa que cada
homem é um exemplo particular de um conceito universal – o
homem; para Kant resulta de universalidade que o homem
da selva, o homem primitivo, como o burguês, estão adstritos
à mesma definição e possuem as mesmas qualidades de
base. Assim, pois, ainda aí, a essência do homem precede
essa existência histórica que encontramos na natureza. (…)
O existencialismo ateu, que eu
represento, é mais coerente. Declara ele que, se Deus não
existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a
essência, um ser que existe antes de poder ser definido por

70
“A verdade em verdade vos digo”

qualquer conceito, e que este ser é o homem ou, como diz


Heidegger, a realidade humana.
Que significará aqui o dizer-se que a
existência precede a essência? Significa que o homem
primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que
só depois se define. O homem, tal como o concebe o
existencialista, se não é definível, é porque primeiramente
não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si
próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que
não há Deus para concebê-la.
O homem é, não apenas como ele se
concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe
depois da existência, como ele se deseja após este impulso
para a existência; o homem não é mais que o que ele faz. Tal
é o primeiro princípio do existencialismo. É também a isso
que se chama a subjetividade, e o que nos censuram sob
este mesmo nome. Mas que queremos dizer nós com isso,
senão que o homem tem uma dignidade maior do que uma
pedra ou uma mesa? Porque o que nós queremos dizer é
que o homem primeiro existe, ou seja, que o homem, antes
de mais nada, é o que se lança para um futuro, e o que é
consciente de se projetar no futuro. (…)
Mas se verdadeiramente a existência
precede a essência, o homem é responsável por aquilo que
é.
Assim, o primeiro esforço do
existencialismo é o de pôr todo homem no domínio do que
ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua
existência. E, quando dizemos que o homem é responsável
por si próprio, não queremos dizer que o homem é
responsável pela sua restrita individualidade, mas que é
responsável por todos os homens.
Isso, eu postei, somente para dar mais
ênfase na discussão e fazer ter ou extrair mais dúvidas.
Faço mais essas colocações, que
pesquisei:
Dois cientistas formalizaram um teorema sobre a existência
de Deus, escrito pelo renomado matemático tcheco Kurt
Gödel (1906-1978). O nome de Gödel pode não significar

71
“A verdade em verdade vos digo”

muito para alguns, mas entre os cientistas ele possui


reputação semelhante a de Albert Einstein - de quem era um
amigo próximo. Os cientistas da Universidade Livre de
Berlim, Christoph Benzmüller e Bruno Woltzenlogel Paleo,
realizaram um trabalho que teve como base o argumento
ontológico (ciência do ser em geral) de Kurt Gödel, que
propôs um teorema matemático para a existência de Deus.
Por conta disso, a notícia foi veiculada, na última semana,
pelo diário alemão Die Welt, sob a manchete “Cientistas
provam a existência de Deus” Obviamente, uma ressalva
significativa deve ser feita sobre a afirmação. Na verdade, o
que os pesquisadores em questão dizem ter realmente
comprovado não é a existência de um "Ser Supremo" em si,
mas como o uso de uma "tecnologia superior" pode resultar
em avanços em vários campos científicos. Quando Gödel
morreu, em 1978, ele deixou uma teoria tentadora baseada
nos princípios da lógica modal - que um ser superior deve
existir. Os detalhes da matemática envolvidos na prova
ontológica de Gödel são complicados, mas, na essência, o
matemático argumentou que, por definição, Deus é aquele
para o qual não poderia ser concebido um ser maior. E,
enquanto Deus existe conceitualmente falando, ele poderia
ser concebido como "o maior", se ele existisse na realidade.
Portanto, para Gödel, Deus deveria existir. Apesar desta
argumentação não ser exatamente nova na época que foi
formulada pelo matemático, ele inovou ao escrever teoremas
- pressupostos que não podem ser comprovados - como
equações matemáticas sobre o assunto. E, a partir daí, isso
poderia ser comprovado. Aí entram Christoph Benzmüller e
Bruno Woltzenlogel Paleo. Com o uso de um MacBook
comum, eles mostraram que a prova de Gödel está correta -
pelo menos em um nível matemático - por meio da lógica
modal superior. Sua apresentação inicial, na publicação
científica arXiv.org, recebeu o título de "Formalização,
mecanização e automação de prova da existência de Deus
72
“A verdade em verdade vos digo”

de Gödel". E, a partir do fato que um teorema complicado


foi comprovado com uso de um equipamento tecnológico de
acesso ao público, isso abre "todos os tipos de
possibilidades", declarou Benzmüller ao jornal Spiegel. "É
totalmente incrível que, a partir deste argumento liderado por
Gödel, tudo isso pode ser provado automaticamente em
poucos segundos, ou até menos em um notebook padrão",
disse ele.

Os que crêem e os que não crêem em


Deus

Há milênios, a questão da existência de


Deus foi levantada dentro do pensamento do homem, e os
principais conceitos filosóficos que investigam e procuram
respostas sobre esse assunto, são:

Deísmo

Doutrina que considera a razão como a


única via capaz de nos assegurar da existência de Deus,
rejeitando, para tal fim, o ensinamento ou a prática de
qualquer religião organizada. O deísmo é uma
postura filosófica-religiosa que admite a existência de um
Deus criador, mas rejeita a idéia de revelação divina.
Percentagem de pessoas que,
na Europa, afirmaram acreditar num Deus. Note que os
países da Europa Oriental de maioria ortodoxa (como Grécia
e Romênia) ou muçulmano (Turquia) apresentam
percentagem mais elevadas.

Teísmo

O teísmo é um conceito surgido


no século XVII, contrapondo-se ao ateísmo, deísmo e
panteísmo.O teísmo sustenta a existência de um Deus
(contra o ateísmo), ser absoluto transcendental (contra o
73
“A verdade em verdade vos digo”

panteísmo), pessoal, vivo, que atua no mundo através de sua


providência e o mantém (contra o deísmo). No teísmo a
existência de um Deus pode ser provada pela razão,
prescindindo da revelação; mas não a nega. Seu ramo
principal é o teísmo Cristão, que fundamenta sua crença em
Deus na Sua revelação sobrenatural através da Bíblia. Existe
ainda o teísmo agnóstico, que é a filosofia que engloba tanto
o teísmo quanto o agnosticismo. Um teísta agnóstico é
alguém que admite não poder ter conhecimento algum
acerca de Deus, mas decide acreditar em Deus mesmo
assim. A partir do teísmo se desenvolve aTeologia, que é
encarada principalmente, mas não exclusivamente, do ponto
de vista da fé. Embora tenha suas raízes no teísmo, pode ser
aplicada e desenvolvida no âmbito de todas as religiões. Não
deve ser confundida com o estudo e codificação dos rituais e
legislação de cada credo.
 Ateísmo – O ateísmo engloba
tanto a negação da existência de divindades quanto a
simples ausência da crença em sua existência.
 Agnosticismo – Dentro da visão
agnóstica, não é possível provar racional e cientificamente a
existência de Deus, como também é igualmente impossível
provar a sua inexistência. O agnóstico pode ser teísta ou
ateísta, dependendo da posição pessoal de acreditar (sem
certeza) na existência ou não de divindades.
Além de estudos de livros
considerados sagrados como a Bíblia, muitos estudiosos,
curiosos e pesquisadores, argumentam que pode-se
conhecer sobre Deus, e suas qualidades, observando
a natureza e suas criações. Argumentam que existe
evidência científica de uma fonte de energia ilimitada, e que
esta poderia ter criado a substância do universo, e que por
observarem a ordem, o poder e a complexidade da criação,
tanto macroscópica quanto microscópica, muitos chegaram a
admitir a existência de Deus.

Concepções de Deus

74
“A verdade em verdade vos digo”

As concepções de Deus variam


amplamente. Filósofos e teólogos têm estudado inúmeras
concepções de Deus desde o início das civilizações. Se
reflertirmos todas tem uma essência, que é Deus, mas difere
na forma de ação, mais propriamente nos castigos de Deus.
Castigos que variam de acordo com as regras de cada uma
delas.
As concepções abraâmicas de
Deus incluem a visão cristã da Trindade, a definição
cabalística de Deus do misticismo judaico, e os conceitos
islâmicos de Deus. As religiões indianas diferem no seu
ponto de vista do divino: pontos de vista de Deus no
hinduísmo variam de região para região, seita, e de casta,
que vão desde as monoteístas até as politeístas; o ponto de
vista de Deus no budismo praticamente não é teísta. Nos
tempos modernos, mais alguns conceitos abstratos foram
desenvolvidos, tais como tecnologia do processo e teísmo
aberto. Concepções de Deus formuladas por pessoas
individuais variam tanto que não há claro consenso sobre a
natureza de Deus. O filósofo francês contemporâneo Michel
Henry tem proposto entretanto uma definição
fenomenológica de Deus como a
essência fenomenológica da vida:
 Doutrina espírita – Considera Deus a inteligência suprema,
causa primeira de todas as coisas, eterno, imutável,
imaterial, único, onipotente e soberanamente justo e bom.
Todas as leis da natureza são leis divinas, pois Deus é seu
autor.
 Martinismo – Nesta doutrina, podemos encontrar no
livro Corpus Hermeticum a seguinte citação: "vejo o Todo,
vejo-me na mente… No céu eu estou, na terra, nas águas,
no ar; estou nos animais, nas plantas. Estou no útero, antes
do útero, após o útero -estou em todos os lugares."
 Teosofia, baseada numa interpretação não ortodoxa das
doutrinas místicas orientais e ocidentais, afirma que o
Universo é, em sua essência, espiritual e o homem é um ser
espiritual em progresso evolutivo cujo ápice é conhecer e
integrar a Realidade Fundamental, que é Deus.
 Algumas pessoas especulam que Deus ou os deuses são
seres extraterrestres. Muitas dessas teorias sustentam que
75
“A verdade em verdade vos digo”

seres inteligentes provenientes de outros planetas visitaram


a Terra no passado e influenciaram no desenvolvimento das
religiões. Alguns livros, como o livro "Eram os Deuses
Astronautas?" de Erich von Däniken, propõem que tanto os
profetas como também os messias foram enviados ao nosso
mundo com o objetivo exclusivo de ensinar conceitos morais
e encorajar o desenvolvimento da civilização.
 Especula-se também que toda a religiosidade do homem
criará no futuro uma entidade chamada Deus, a qual
emergirá de uma inteligência artificial. Arthur Charles Clarke,
um escritor de ficção científica, disse em uma entrevista que:
"Pode ser que nosso destino nesse planeta não seja adorar a
Deus, mas sim criá-Lo".
 Outros especulam que as religiões e mitos são derivados
do medo. Medo da morte, medo das doenças, medo das
calamidades, medo dos predadores, medo do desconhecido.
Com o passar do tempo, essas religiões foram subjugadas
sob a tutela das autoridades dominantes, as quais se
transformaram em governantes divinos ou enviados pelos
deuses. Dessa forma, a religião é simplesmente um meio
para se dominar a massa. Napoleão Bonaparte disse que: "o
povo não precisa de Deus, mas precisa de religião", o que
quer dizer que a massa necessita de uma doutrina que lhe
discipline e lhe estabeleça um rumo, sendo que Deus é um
detalhe meramente secundário.

Abordagens teológicas

Teólogos e filósofos atribuíram um


número de atributos para Deus, incluindo onisciência,
onipresença, onipotência, amor perfeito, simplicidade e
eternidade necessária.
Deus tem sido descrito como
incorpóreo, um ser personalidade, a fonte de todas as
obrigações morais e concebido como o melhor ser existente.
Estes atributos foram tidos em diferentes graus por
acadêmicos judeus (eles de novo!), cristãos, muçulmanos,
desde as épocas anteriores, incluindo Santo Agostinho, Al
Ghazal e Maaimonides

76
“A verdade em verdade vos digo”

Muitos argumentos desenvolvidos


por filósofos medievais para a existência de Deus, tentaram
compreender as implicações precisas dos atributos de Deus.
Conciliar alguns desses atributos gerou problemas filosóficos
e debates importantes. Por exemplo, a onisciência de Deus
implica que Deus sabe como agentes livres irão escolher
para agir. Se Deus sabe isso, a aparente vontade deles pode
ser ilusória, ou o conhecimento não implica predestinação, e
se Deus não sabe, então não é onisciente.[10]
Os últimos séculos de filosofia tem-se
visto vigorosas perguntas sobre a argumentos para a
existência de Deus levantadas pelos filósofos, tais
como Immanuel Kant, David Hume e Antony Flew, apesar de
Kant considerar que o argumento de moralidade era válido.
A resposta teísta tem sido de
questionamentos, como Alvin Plantinga, que a fé é
"adequadamente básica", ou a tomar, como Richard
Swinburne, a posição evidencialista.
Alguns Teístas concordam que
nenhum dos argumentos para a existência de Deus são
vinculativos, mas alegam que a fé não é um produto
da razão, mas exige risco. Não haveria risco, dizem, se os
argumentos para a existência de Deus fossem tão sólidos
quanto as leis da lógica, uma posição assumida
por Pascal como: "O coração tem razões que a razão não
conhece."
A maior parte das grandes religiões
consideram a Deus, não como uma metáfora, mas um ser
que influencia a existência de cada um no dia-a-dia. Muitos
fiéis acreditam na existência de outros seres espirituais, e
dão-lhes nomes como anjos, santos, demônios e devas.

Teísmo e Deísmo

O teísmo sustenta que Deus existe


realmente, objetivamente, e independentemente do
pensamento humano, sustenta que Deus criou tudo; que é
onipotente e eterno, e é pessoal, interessado, e responde às
orações. Afirma que Deus é tanto imanente e transcendente,
77
“A verdade em verdade vos digo”

portanto, Deus é infinito e de alguma forma, presente em


todos os acontecimentos do mundo.
A teologia católica sustenta que Deus
é infinitamente simples, e não está sujeito involuntariamente
ao tempo. A maioria dos teístas asseguram que Deus é
onipotente, onisciente e benevolente, embora esta crença
levante questões acerca da responsabilidade de Deus para o
mal e sofrimento no mundo. Alguns teístas atribuem a Deus
uma auto-consciência ou uma proposital limitação da
onipotência, onisciência, ou benevolência.
O Teísmo aberto, pelo contrário, afirma
que, devido à natureza do tempo, a onisciência de Deus não
significa que a divindade pode prever o futuro. O "Teísmo" é
por vezes utilizado para se referir, em geral, para qualquer
crença em um Deus ou deuses, ou seja, politeísmo ou
monoteísmo.
O Deísmo afirma que Deus é
totalmente transcendente: Deus existe, mas não intervém no
mundo para além do que era necessário para criá-lo. Em
vista desta situação, Deus não é antropomórfico, e não
responde literalmente às orações ou faz milagres
acontecerem. É comum no deísmo a crença de que Deus
não tem qualquer interesse na humanidade e pode nem
sequer ter conhecimento dela.
O pandeísmo e o panendeísmo,
respectivamente, combinam as crenças do deísmo com o
panteísmo ou panenteísmo.

Posições científicas e críticas a respeito da idéia de Deus

Stephen Jay Gould propôs uma


abordagem dividindo o mundo da filosofia no que ele chamou
de "magistérios não sobrepostos". Nessa visão, as questões
do sobrenatural, tais como as relacionadas com
a existência e a natureza de Deus, são não-empíricas e
estão no domínio próprio da teologia. Os métodos da ciência
devem ser utilizadas para responder a qualquer questão
empírica sobre o mundo natural, e a teologia deve ser usada
para responder perguntas sobre o propósito e o valor moral.
Nessa visão, a percepção de falta de qualquer passo
78
“A verdade em verdade vos digo”

empírico do magistério do sobrenatural para eventos naturais


faz da ciência o único ator no mundo natural.
Outro ponto de vista, exposto
por Richard Dawkins, é que a existência de Deus é uma
questão empírica, com o fundamento de que "um universo
com um deus seria um tipo completamente diferente de um
universo sem deus, e poderia ser uma diferença científica ".
Carl Sagan argumentou que a doutrina
de um Criador do Universo era difícil de provar ou rejeitar e
que a única descoberta científica concebível que poderia
trazer desafio seria um universo infinitamente antigo.

Antropomorfismo

Pascal Boyer argumenta que, embora


exista uma grande variedade de conceitos sobrenaturais
encontrados ao redor do mundo, em geral seres
sobrenaturais tendem a se comportar tanto como as
pessoas. A construção de deuses e espíritos como as
pessoas é um dos melhores traços conhecidos da religião.
Ele cita exemplos de mitologia grega, que é, na sua opinião,
mais como uma novela moderna do que outros sistemas
religiosos. Bertrand du Castel e Timothy
Jurgensen demonstram através de formalização que o
modelo explicativo de Boyer corresponde ao que
a epistemologia física faz ao trabalhar com entidades não
diretamente observáveis como intermediários.
O antropólogo Stewart Guthrie afirma
que as pessoas projetam tais características humanas para
os aspectos não-humanos do mundo, porque isso torna
esses aspectos mais familiares. Sigmund Freud também
sugeriu que os conceitos de Deus são projeções de um pai.
Da mesma forma, Émile Durkheim foi um dos primeiros a
sugerir que os deuses representam uma extensão da vida
social humana para incluir os seres sobrenaturais.
Em linha com esse raciocínio, o
psicólogo Matt Rossano afirma que quando os humanos
começaram a viver em grupos maiores, eles podem ter
79
“A verdade em verdade vos digo”

criado os deuses como um meio de garantir a moralidade.


Em pequenos grupos, a moralidade pode ser executada por
forças sociais, como a fofoca ou a reputação. No entanto, é
muito mais difícil impor a moral usando as forças sociais em
grupos muito maiores. Ele indica que, ao incluir sempre
deuses e espíritos atentos, os humanos descobriram uma
estratégia eficaz para a contenção do egoísmo e a
construção de grupos mais cooperativos.
O anarquista Mikhail Bakunin critica a
idéia de Deus como sendo uma idéia criada pelas elites (reis,
senhores de escravos, senhores feudais, sacerdotes,
capitalistas) que busca justificar a sociedade autoritária
projetando ideologicamente as relações de dominação para o
universo como um todo (Deus como senhor ou rei e o
universo como escravo ou súdito). A idéia de Deus serviria
como um instrumento de dominação cuja função seria fazer
os dominados aceitarem sua exploração como se fosse um
fato natural, cósmico e eterno, ou seja, um fato do qual não
podem fugir, restando-lhes apenas a opção de resignarem-
se.

Ateísmo

Ateísmo, num sentido amplo, é a


rejeição ou ausência da crença na existência de divindades e
outros seres sobrenaturais.[1] O ateísmo é contrastado com
oteísmo,[2][3] que em sua forma mais geral é a crença de que
existe pelo menos uma divindade.[3][4][5][6] Num sentido mais
restrito, o ateísmo é precisamente a posição de que não
existem divindades.[7]
O termo ateísmo, proveniente do grego
clássico ἄθεος (transl.: atheos), que significa "sem Deus", foi
aplicado com uma conotação negativa àqueles que se
pensava rejeitarem os deuses adorados pela maioria
da sociedade. Com a difusão do pensamento livre,
do ceticismo científico e do consequente aumento
do criticismo à religião, a aplicação do termo foi reduzida em
seu escopo. Os primeiros indivíduos a identificarem-se como
"ateus" surgiram no século XVIII.[8]

80
“A verdade em verdade vos digo”

Os ateus tendem a ser céticos em


relação a afirmações sobrenaturais, citando a falta de
evidências empíricas. Os ateus têm oferecido vários
argumentos para não acreditar em qualquer tipo de
divindade. Estes incluem o problema do mal, o argumento
das revelações inconsistentes e o argumento de descrença.
Outros argumentos do ateísmo são filosóficos, sociais e
históricos. Embora alguns ateus adotem filosofias seculares,
não há nenhuma ideologia ou um conjunto de
comportamentos a que todos os ateus aderem. Na cultura
ocidental, assume-se frequentemente que os ateus
são irreligiososembora outros ateus sejam espiritualistas.
Ademais, o ateísmo também aparece em certos sistemas
religiosos e de crenças espirituais, como o janismo, budismo
e hinduísmo. O jainismo e algumas formas de budismo não
defendem a crença em deuses, enquanto o hinduísmo
mantém o ateísmo como um conceito válido, mas difícil de
acompanhar espiritualmente.
Como as conceções sobre o ateísmo
variam, é difícil determinar quantos ateus existem no mundo
atualmente. Segundo uma estimativa, cerca de 2,3% da
população mundial descreve-se como ateia, enquanto 11,9%
descreve-se como não-religiosa. De acordo com outra
estimativa, as taxas de ateísmo auto-relatado são mais altas
em países ocidentais, embora também varie bastante em
grau - Estados
Unidos (4%), Itália (7%), Espanha (11%), Reino Unido (17%),
Alemanha (20%) e França (32%).

Argumentos pela existência de Deus

O assim denominado argumento


ontológico da existência de Deus foi desenvolvido por
Santo Anselmo de Canterbury na obra "Proslogion". Os
passos do raciocínio anselmiano são os seguintes:
 Existe na mente de todo homem a idéia de um ser que
não se pode pensar outro maior;
 Existir só na mente é menos perfeito do que existir na
mente e também na realidade;

81
“A verdade em verdade vos digo”

 Se o ser maior do que o qual não se pode pensar outro só


existisse na mente seria menor do que qualquer outro que
também existisse na realidade;
 Logo, o ser do qual não se pode pensar outro maior deve
existir também na realidade (existência real necessária), logo
conclui-se que existe Deus e esse ser é perfeitíssimo.
Defenderam esta tese com argumentos
distintos São Boaventura, Duns, Descartes Leibiniz, Hegel,
Isaac Newton quando citou a mecânica celeste ou gravitação
universal, Karl Bath e N. Malcolm.
Como veem acima, já impostaram nas
mentes humanas a idéia de que se prensar em outro ser que
não Deus, estará condenado ás penas eternas.

As Cinco Vias de São Tomás de Aquino

Santo Tomás de Aquino, na sua


obra Suma Teológica ensina que Deus é o princípio e o fim
de todas as coisas e que, fazendo apenas o uso da luz
natural da razão a partir das coisas criadas, é possível
demonstrar a Sua existência, sem ter de recorrer a nenhum
outro argumento de natureza religiosa ou dogmática, para
isto propõe cinco vias de demonstração de natureza
exclusivamente filosófico-metafísica.
As cinco vias são provas a posteriori,
que têm como ponto de partida as criaturas enquanto entes
causados para se atingir como termo de chegada a
necessidade da existência de Deus; são demonstrações
metafísicas (causalidade do ser) e não científico-positivas
(causalidade apenas dos fenômenos), mesmo partindo da
experiência sensível e, aplicando o princípio da causalidade,
mostram ser impossível se proceder ao infinito na cadeia de
causas.

1ª via - Primeiro Motor Imóvel Nossos sentidos atestam,


com toda a certeza, que neste mundo algumas coisas se
movem. Tudo o que se move é movido por alguém, é
impossível uma cadeia infinita de motores provocando o
movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria
82
“A verdade em verdade vos digo”

ao movimento presente, logo há que ter um


primeiro motor que deu início ao movimento existente e que
por ninguém foi movido, e um tal ser todos entendem: é
Deus.
O movimento aqui é considerado no sentido metafísico, isto é
passagem da potência - como sendo aquilo que uma coisa
pode vir a ser, para o ato - aquilo que a coisa é no momento.
Deus é ato puro e não sofre mudança. O seu Ser confunde-
se com o Agir.

2ª. via - Causa Primeira ou Causa Eficiente Decorre da


relação "causa-e-efeito" que se observa nas coisas criadas.
Não se encontra, nem é possível, algo que seja a causa
eficiente de si próprio, porque desse modo seria anterior a si
próprio: o que é impossível. É necessário que haja uma
causa primeira que por ninguém tenha sido causada, pois a
todo efeito é atribuída uma causa, do contrário não haveria
nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa
seqüência infinita e não se chegaria ao efeito atual. Logo é
necessário afirmar uma Causa eficiente Primeira que não
tenha sido causada por ninguém. A esta Causa todos
chamam Deus. Assim se explica a causa da existência do
Universo.

3ª. via - Ser Necessário e Ser Contingente Existem seres


que podem ser ou não ser, chamados de contingentes, isto é
cuja existência não é indispensável e que podem existir e
depois deixar de existir. Todos os seres que existem no
mundo são contingentes, isto é, aparecem, duram um tempo
e depois desaparecem. Mas, nem todos os seres podem ser
desnecessários, caso contrário o mundo não existiria.
Alguma vez nada teria existido, logo é preciso que haja um
Ser Necessário que fundamente a existência dos seres
contingentes e que não tenha a sua existência fundamentada
em nenhum outro ser. Igualmente, tudo o que é necessário
tem a causa da sua necessidade noutro. Aqui também não é
possível continuar até o infinito na série das coisas
necessárias que têm uma causa da própria necessidade.
Portanto, é necessário afirmar a existência de algo
necessário por si mesmo, que não encontra em outro a
83
“A verdade em verdade vos digo”

causa de sua necessidade, mas que é causa da necessidade


para os outros: O que todos chamam Deus. Do Nada não
surge e nem advém o Ser. Como se observa que as coisas
existem, não pode ter havido um momento de Nada
Absoluto, pois daí não se brotaria a existência de algo ou
coisa alguma.

4ª. via - Ser Perfeito e Causa da Perfeição dos


demais Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns
são mais perfeitos que outros, o universo está
ontologicamente hierarquizado - seres racionais corpóreos,
animais, vegetais e inanimados) qualquer graduação
pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser
que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a Causa
da Perfeição dos demais seres.
Platão e Aristóteles (por Rafael Sacio, 1509) concluíram pela
necessidade da existência de uma inteligência ordenadora
do universo.

5ª. via - Inteligência Ordenadora Existe uma ordem


admirável no Universo que é facilmente verificada, ora toda
ordem é fruto de uma inteligência ordenadora, não se chega
à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser
inteligente que dispôs o universo na forma ordenada. Com
efeito aquilo que não tem conhecimento não tende a um fim,
a não ser dirigido por algo que conhece e que é inteligente,
como a flecha pelo arqueiro. Logo existe algo inteligente pelo
qual todas as coisas naturais são ordenadas ao fim, e a isso
nós chamamos Deus.
Há uma ordem em todos os seres, o
menor vegetal, por exemplo,tem órgãos para cada função
ordenados para a preservação da espécie. Esta ordem
pressupõe uma Inteligência ordenadora, pois a ordem não
vem do caos e nem do acaso. Da mesma forma as letras de
um livro não são colocadas ao acaso. Logo a ordem
existente no mundo prova a existência de uma Inteligência
que ordenou todas as coisas nos mínimos detalhes. É
necessário que exista uma Inteligência Suprema que tenha
ordenado o Universo criado.

84
“A verdade em verdade vos digo”

O Mal no Mundo
A existência do "mal" tem sido usada
como argumento para a inexistência, ou pelo menos, da
incongruência da existência de Deus. Hume (1711-1776)
adianta: "Quererá [Deus] impedir o mal, mas não é capaz?
então é impotente. Será que é capaz, mas não o deseja?
então é malévolo. Terá tanto o desejo como a capacidade?
então porque é que existe o mal?".
Em relação a estes argumentos, Santo
Tomás explica que "Deve-se dizer com Santo Agostinho:
'Deus soberanamente bom, não permitiria de modo algum a
existência de qualquer mal em suas obras, se não fosse
poderoso e bom a tal ponto de poder fazer o bem a partir do
próprio mal'. Assim, à infinita bondade de Deus pertence
permitir males para deles tirar o bem".
Ora, não seria mais fácil permanecer
optando pelo bem?
"O mal é idéia do homem, não de Deus.
Ele, que deu ao homem o livre-arbítrio e pôs em marcha o
Seu plano para a humanidade, não interfere continuamente
para tirar ao homem o dom da liberdade. Se o inocente e o
justo têm de sofrer a maldade dos maus, a sua recompensa
no final será maior, os seus sofrimentos serão superados
com sobra pela felicidade futura".
O mal, ou infortúnio, decorre do fato da
criatura ser limitada e imperfeita, porque dele pode tirar um
bem maior: aprendizados que geram novas virtudes e
méritos pela superação das condições adversas. Assim, o
mal teria a função de ensinar aos homens os seus próprios
limites, corrigindo e reordenando a criatura pela aplicação de
provas e expiações.
Essa é a função do mal, do demônio,
satanás, ou qualquer outro. Nos ajudar na evolução, nos atos
e pensamentos puros. É Deus também, o mal!

Imagem e semelhança de Deus

85
“A verdade em verdade vos digo”

A existência de deficiências físicas nos


humanos, ou a presença de órgão vestigiais têm sido usados
como argumentos contra a existência de Deus, no entanto,
segundo Santo Tomás de Aquino deve-se dizer que o
homem é a imagem de Deus, não segundo seu corpo, mas
segundo aquilo pelo que o homem supera os outros animais.
O homem é superior aos outros animais pela razão e pelo
intelecto. Portanto, é segundo o intelecto e a razão, que são
incorpóreos, que o homem seria a imagem de Deus.
Sendo assim, acredito que São Tomás
reduziu o intelecto de Deus a ínfimos pensamentos, pois
nossa capacidade intelectual é absurdamente minúscula em
relação ao universo, não em relação a Deus. Deduzo que
nós podemos agir e pensar como Deus, nem que seja
demorado, pois somos a imagem intelectual de Deus.
Acredito que o certo seria dizer que somos uma centelha de
Deus, e que somos Deus também, porém em estado de
evolução, por isso nunca o alcançaremos, que cada vez que
evoluímos, Deus também evolui, ele depende da nossa
evolução para a dele. Somos o pensamento de Deus, a
imaginação criadora, a inspiração, o sopro divino. Nós e tudo
que nos rodeia, dentro e fora da nossa galáxia.

Argumento da existência do universo

O mundo exige uma causa de si, que se


chama Deus. Não há efeito sem causa. Todo o ser que
começa a existir tem uma causa. O universo tem um grau de
complexidade superior a qualquer obra humana conhecida.
Logo não se pode admitir que tenha aparecido sem que um
Ser lhe tenha dado a existência, Assim como a existência de
um edifício pressupõe a existência de um engenheiro, ou a
de um quadro a do pintor. Esse Ser chama-se Deus. Esse
Ser, é o próprio universo, ou o que houver e se houver além
dele. Um ser não existiu antes, um ser não fez tudo isso
sozinho, um ser não se fez sozinho. Isso é Deus, tudo e
nada.
Ora, em cada lugar deste universo
habita Deus. Já que ele mesmo é o próprio universo. Ele
86
“A verdade em verdade vos digo”

controla tudo porque ele é o próprio controle. É o próprio


controlado. Digo controlado porque quando nós nos
evoluímos nos controlamos, e somos centelha, parte, faísca
de Deus, então o controlamos também.

Argumento da Lei Moral

Dá-se o nome de Lei Moral ao conjunto


de preceitos que o homem descobre na sua consciência e
que o fazem distinguir o bem do mal, o certo do errado,
o justo do injusto e o impelem a praticar o bem e a evitar o
mal. A lei moral, segundo os teólogos Ricardo Sada e Pablo
Arce, teria três condições:
1) Obriga a todos os homens, por exemplo prescreve-lhes o
respeito à vida e à propriedade alheia, proíbe o
assassinato e o roubo.
2) É superior ao homem, ninguém pode mudá-la ou revogá-
la, por exemplo, ninguém poderá fazer com que o estupro
de uma criança seja algo bom.
3) Obriga em consciência, isto é quando a cumprimos,
sentimos a satisfação do dever cumprido; quando a
transgredimos, mesmo que às ocultas, sentimos
remorsos. A lei moral supõe um legislador que atenda a
estas três condições, que seja superior ao homem, que
possa obrigar a todos e que lhes possa ler na consciência,
a este legislador chamamos Deus.
Essa Lei que é Deus, o próprio Deus.
Essa Lei está dentro de nós, já que somos uma porção de
Deus. A nossa consciência é Deus, boa ou má, é Deus. Tudo
que fazemos de bom ou ruim não é culpa nem obra de Deus.
Temos de parar com esse jogo de empurra para cima de
Deus, basta fazer “a coisa certa”, que nunca seremos a
porção ruim de Deus. Por isso não podemos transgredir essa
Lei. O bem e o mal, são essa Lei. Os nossos atos e os atos
de Deus são essa Lei. Deus é essa Lei. Imutável, infinito,
eterno...

Argumento Psicológico

87
“A verdade em verdade vos digo”

Conhecido também como argumento


eudenomológico, funda-se na afirmação de Agostinho de
Hipona: «Criaste-nos para vós, Senhor, e o nosso coração
anda inquieto enquanto não descansar em
Vós»(Confissões). Funda-se na constatação de que todo
homem busca a felicidade e que esta felicidade plena e
eterna não dura se alcança, e mesmo quando se alcança
não dura pois um dia chega a morte. Logo deve existir um
bem cuja posse seja capaz de dar ao homem a felicidade
infinita e eterna que tanto busca.
Partindo desse prisma, não
precisaríamos passar pela terra. Deveríamos ser criados e
ficado logo no “nirvana”, direto com Deus, perenes e sem
moléstias ou infelicidades. Temos de passar por aqui, e
depois a outros planetas, outros mundos, pois todos são
habitados. Senão volto na parte que verão adiante da nossa
prepotência em relação a outros mundos.

Argumento Histórico

Cícero, senador e o grande orador


romano, parte da constatação da universalidade do
fenômeno religioso. Não se tem notícia de sociedade
humana que não tivesse culto à divindade, este grande
consenso histórico e quase universal tem grande
probabilidade de ser retrato da realidade existente.
Assim, minha interpretação de que
sempre precisaram de um deus para coibir e governar.
Desde os tempos de crianças que recebemos ensinamento
de que Deus vai castigar se não fizer isso ou aquilo que uma
sociedade achasse correto. É a parte ditatorial de Deus.
Aliás, Deus inventado pelos seres humanos. Por que não nos
ensina o que é correto em relação à virtude, honestidade,
obediência e respeito, beleza, pureza, aspirações, carinho e
amor? Porque é mais fácil impor o medo do que a liberdade
em escolher.

Deus Está Morto

88
“A verdade em verdade vos digo”

"Deus está morto" ("Gott ist tot" em


alemão) é uma frase muito citada do filósofo alemão
Friederich Niestzsche (1844-1900). Aparece pela primeira
vez em A gaia ciência, na seção 108 (Novas lutas), na seção
125 (O louco) e uma terceira vez na secção 343 (Sentido da
nossa alegria). Uma outra instância da frase, e a principal
responsável pela sua popularidade, aparece na principal obra
de Nietzsche, Assim falava Zaratustra.
Deus está morto! Deus permanece
morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos
consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo
possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso
sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem
nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará?
Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados
haveremos de inventar? A grandiosidade deste acto não será
demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós
próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele?
Nunca existiu acto mais grandioso, e, quem quer que nasça
depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste acto, de
uma história superior a toda a história até hoje! -
NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência, §125.
"Deus está morto" é talvez uma das
frases mais mal interpretadas de toda a filosofia. Entendê-la
literalmente, como se Deus pudesse estar fisicamente morto,
ou como se fosse uma referência à morte deJesus Cristo na
cruz, ou ainda como uma simples declaração de ateísmo são
ideias oriundas de uma análise descontextualizada da frase,
que se acha profundamente enraizada na obra nietzscheana.
O dito anuncia o fim dos fundamentos transcendentais da
existência, de Deus como justificativa e fonte de valoração
para o mundo, tanto na civilização quanto na vida das
pessoas — segundo o filósofo, mesmo que estas não o
queiram admitir. Nietzsche não se coloca como o assassino
de Deus, como o tom provocador pode dar a entender: o
filósofo enfatiza um acontecimento cultural, e diz "fomos nós
que o matamos".
A frase não é nem uma exaltação nem
uma lamentação, mas uma constatação a partir da qual
Nietzsche traçará o seu projeto filosófico de superar Deus e
89
“A verdade em verdade vos digo”

suas dictomias assentes em preconceitos metafísicos que


julgam o nosso mundo – na opinião do filósofo, único
existente - na opinião do filósofo, o único existente - a partir
de um outro mundo superior e além deste. A morte de Deus
metaforiza o facto de os homens não mais serem capazes de
crer numa ordenação cósmica transcendente, o que os
levaria a uma rejeição dos valores absolutos e, por fim, à
descrença em quaisquer valores. Isso conduziria ao niilismo,
que Nietzsche considerava um sintoma de decadência
associada ao facto de ainda mantermos uma "sombra", um
trono vazio, um lugar reservado ao princípio transcendente
agora destruído, que não podemos voltar a ocupar. Para isso
ele procurou, com o seu projecto da "transmutação dos
valores", reformular os fundamentos dos valores humanos
em bases, segundo ele, mais profundas do que as crenças
do cristianismo.
Segundo ele, quando o cheiro do
cadáver se tornasse inegável, o relativismo, a negação de
qualquer valoração, tomaria conta da cultura. Seria tarefa
dos verdadeiros filósofos estabelecer novos valores em
bases naturais e iminentes, evitando que isso aconteça.
Assim, a morte de Deus abriria caminho para novas
possibilidades humanas. Os homens, não mais procurando
vislumbrar uma realidade sobrenatural, poderiam começar a
reconhecer o valor deste mundo. Assumir a morte de Deus
seria livrar-se dos pesados ídolos do passado e assumir sua
liberdade, tornando-nos eles mesmos deuses. Esse mar
aberto de possibilidades seria uma tal responsabilidade que,
acreditava Nietzsche, muitos não estariam dispostos a
enfrentá-lo. A maioria continuaria a necessitar de regras e de
autoridades dizendo o que fazer, como julgar e como ler-o-
mundo. Podemos então concluir que o próprio Nietzsche,
pelo menos de maneira indireta, reconheceu o caráter
utópico desse seu raciocínio.
Outra célebre frase de Nietzsche foi: "O
homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e
semelhança."
O que na verdade Nietzsche tentou
enfatizar foi a idéia de que Deus era para ter inflitrado em
nossas mentes, com oamor, como atos e ações de
90
“A verdade em verdade vos digo”

benevoçência, de retidão de prestesa e abdicação de certos


surpéfulo. Coisa que ainda conseguiremos, pois um dia
seremos um Jesus de qualquer outro palneta, assim como
Jesus já foi um Hitler de algum, e Hitler será um Jesus de
outro (usei Hitler, por ser um ser, vindo de Deus, como nós, e
foi taxado, muitas vezes injustamente, de ant-cristo.
Provando que a evolução faz parte da nossa existência,
assim como faz parte da existência de Deus).
No espiritismo, Allan Kardec “quase
abriu o bico”, vulgarmente falando, mas como acontece nas
religiões e entendedores, ainda não era o tempo para falar a
verdade nua e crua. Bem, ele respondeu estas perguntas em
“O Livro dos Espíritos”, Parte Primeira – As Causas
Primárias, Capítulo 1 – Deus, Deus e o infinito – Provas da
existência de Deus – Atributos da Divindade – Panteísmo,
Deus e o infinito:

1- O que é Deus?
– Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as
coisas.

2- O que devemos entender por infinito?


– O que não tem começo nem fim; o desconhecido; tudo o
que é desconhecido é infinito.

3- Poderíamos dizer que Deus é infinito?


– Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens,
que é insuficiente para definir as coisas que estão acima de
sua inteligência. Deus é infinito em suas perfeições, mas o
infinito é uma abstração. Dizer que Deus é infinito é tomar o
atributo2 de uma coisa por ela própria, é definir uma coisa
que não é conhecida por uma outra igualmente
desconhecida.
Provas da existência de Deus

4- Onde podemos encontrar a prova da existência de Deus?


– Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito
sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do
homem, e a vossa razão vos responderá. Para acreditar em
Deus, basta ao homem lançar os olhos sobre as obras da
91
“A verdade em verdade vos digo”

criação. O universo existe, portanto ele tem uma causa.


Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito
tem uma causa e admitir que o nada pôde fazer alguma
coisa.

5- Que conclusão podemos tirar do sentimento intuitivo que


todos os homens trazem em si mesmos da existência de
Deus?

– A de que Deus existe; de onde lhes viria esse sentimento


se repousasse sobre o nada? É ainda uma conseqüência do
princípio de que não há efeito sem causa.

6- O sentimento íntimo que temos em nós da existência de


Deus não seria o efeito da educação e das idéias adquiridas?
– Se fosse assim, por que vossos selvagens teriam também
esse sentimento? Se o sentimento da existência de um ser
supremo fosse o produto de um ensinamento, não seria
universal. Somente existiria naqueles que tivessem recebido
esse ensinamento, como acontece com os conhecimentos
científicos.

7- Poderemos encontrar a causa primária da formação das


coisas nas propriedades íntimas da matéria?
– Mas, então, qual teria sido a causa dessas propriedades?
Sempre é preciso uma causa primária. Atribuir a formação
primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria
tomar o efeito pela causa, porque essas propriedades são
elas mesmas um efeito que deve ter uma causa.

8- O que pensar da opinião que atribui a formação primária a


uma combinação acidental e imprevista da matéria, ou seja,
ao acaso?
– Outro absurdo! Que homem de bom senso pode conceber
o acaso como um ser inteligente? E, além de tudo, o que é o
acaso? Nada. A harmonia que regula as atividades do
universo revela combinações e objetivos determinados e, por
isso mesmo, um poder inteligente. Atribuir a formação
primária ao acaso seria um contra-senso, porque o acaso é

92
“A verdade em verdade vos digo”

cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência


produz. Um acaso inteligente não seria mais um acaso.

9- Onde é que se vê na causa primária a manifestação de


uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?
– Tendes um provérbio que diz: “Pela obra reconhece-se o
autor.” Pois bem: olhai a obra e procurai o autor. É o orgulho
que causa a incredulidade. O homem orgulhoso não admite
nada acima dele; é por isso que se julga um espírito forte.
Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater! Julga-se o
poder de uma inteligência por suas obras. Como nenhum ser
humano pode criar o que a natureza produz, a causa
primária é, portanto, uma inteligência superior à humanidade.
Quaisquer que sejam os prodígios realizados pela
inteligência humana, essa inteligência tem ela mesma uma
causa e, quanto mais grandioso foro que ela realize, maior
deve ser a causa primária. É essa inteligência superior que é
a causa primária de todas as coisas, qualquer que seja o
nome que o homem lhe queira dar.
Atributos da Divindade
10- O homem pode compreender a natureza íntima de Deus?
– Não, falta-lhe, para isso, um sentido.

11- Um dia será permitido ao homem compreender o mistério


da Divindade?
– Quando seu Espírito não estiver mais obscurecido pela
matéria e, pela sua perfeição, estiver mais próximo de Deus,
então o verá e o compreenderá. A inferioridade das
faculdades do homem não lhe permite compreender a
natureza íntima de Deus. Na infância da humanidade, o
homem O confunde muitas vezes com a criatura, da qual lhe
atribui as imperfeições; mas, à medida que o senso moral
nele se desenvolve, seu pensamento compreende melhor o
fundo das coisas e ele faz uma idéia de Deus mais justa e
mais conforme ao seu entendimento, embora sempre
incompleta.

12- Se não podemos compreender a natureza íntima de


Deus, podemos ter idéia de algumas de suas perfeições?

93
“A verdade em verdade vos digo”

– Sim, de algumas. O homem as compreende melhor à


medida que se eleva acima da matéria. Ele as pressente pelo
pensamento.

13- Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável,


imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom,
não temos uma idéia completa de seus atributos?
– Do vosso ponto de vista, sim, porque acreditais abranger
tudo. Mas ficai sabendo bem que há coisas acima da
inteligência do homem mais inteligente e que a vossa
linguagem, limitada às vossas idéias e sensações, não tem
condições de explicar. A razão vos diz, de fato, que Deus
deve ter essas perfeições em grau supremo, porque se
tivesse uma só de menos, ou que não fosse de um grau
infinito, não seria superior a tudo e, por conseguinte, não
seria Deus. Por estar acima de todas as coisas, Ele não pode
estar sujeito a qualquer instabilidade e não pode ter
nenhuma das imperfeições que a imaginação possa
conceber.
Deus é eterno. Se Ele tivesse tido um
começo teria saído do nada, ou teria sido criado por um ser
anterior. É assim que, de degrau em degrau, remontamos ao
infinito e à eternidade.
É imutável; se estivesse sujeito a
mudanças, as leis que regem o universo não teriam
nenhuma estabilidade.
É imaterial, ou seja, sua natureza difere
de tudo o que chamamos matéria; de outro modo não seria
imutável, porque estaria sujeito às transformações da
matéria.
É único; se houvesse vários deuses,
não haveria unidade de desígnios, nem unidade de poder na
ordenação do universo.
É todo-poderoso, porque é único. Se
não tivesse o soberano poder, haveria alguma coisa mais ou
tão poderosa quanto Ele; não teria feito todas as coisas e as
que não tivesse feito seriam obras de um outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A
sabedoria providencial das Leis Divinas se revela nas

94
“A verdade em verdade vos digo”

menores como nas maiores coisas, e essa sabedoria não


permite duvidar de sua justiça nem de sua bondade.

Panteísmo

14- Deus é um ser distinto, ou seria, segundo a opinião de


alguns, resultante de todas as forças e de todas as
inteligências do universo reunidas?
– Se fosse assim, Deus não existiria, porque seria o efeito e
não a causa; Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra
coisa.
Deus existe, não podeis duvidar disso, é o essencial. Crede
em mim, não deveis ir além, não vos percais num labirinto de
onde não podereis sair, isso não vos tornaria melhores, mas
talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis saber
e na realidade não saberíeis nada. Deixai de lado todos
esses sistemas; tendes muitas coisas que vos tocam mais
diretamente, a começar por vós mesmos. Estudai vossas
próprias imperfeições a fim de vos desembaraçar delas, isso
vos será mais útil do que querer penetrar no que é
impenetrável.

15- O que pensar da opinião de que todos os corpos da


natureza, todos os seres, todos os globos do universo,
seriam parte da Divindade e constituiriam, pelo seu conjunto,
a própria Divindade, ou seja, o que pensar da doutrina
panteísta?
– O homem, não podendo se fazer Deus, quer pelo menos
ser uma parte d’Ele.
16 Aqueles que acreditam nessa doutrina pretendem nela
encontrar a demonstração de alguns atributos de Deus.
Sendo os mundos infinitos, Deus é, por isso mesmo, infinito;
não havendo o vazio ou o nada em nenhuma parte, Deus
está, portanto, em toda parte; Deus, estando por toda parte,
uma vez que tudo é parte integrante de Deus, dá a todos os
fenômenos da natureza uma razão de ser inteligente. O que
se pode opor a esse raciocínio?
– A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil
reconhecer o absurdo disso.
95
“A verdade em verdade vos digo”

Esta doutrina faz de Deus um ser


material que, embora dotado de uma inteligência suprema,
seria em tamanho grande o que nós somos em tamanho
pequeno. Uma vez que a matéria se transforma sem parar,
se assim for, Deus não teria nenhuma estabilidade, estaria
sujeito a todas as mudanças e variações, a todas as
necessidades da humanidade, e lhe faltaria um dos atributos
essenciais da Divindade: a imutabilidade. Não se pode
imaginar que são as mesmas as propriedades da matéria e a
essência de Deus, sem O rebaixar na nossa concepção.
Todas as sutilezas do sofisma3 não conseguirão resolver o
problema na sua natureza íntima. Não sabemos tudo o que
Deus é, mas sabemos o que não pode deixar de ser, e a
teoria do panteísmo está em contradição com suas
propriedades mais essenciais; ela confunde o criador com a
criatura, exatamente como se afirmasse categoricamente
que uma máquina engenhosa fosse parte integrante do
mecânico que a concebeu.
A inteligência de Deus se revela em
suas obras como a de um pintor em seu quadro, mas as
obras de Deus não são o próprio Deus, assim como o quadro
não é o pintor que o concebeu e executou.

Descartes Tenta Provar a Existência de Deus usando a Razão

Dentre as questões que se ocupa a filosofia, a existência


de Deus tem sido, durante séculos, uma incógnita que intrigou e
continua a intrigar pensadores. Dentre os filósofos que se
empenharam na tentativa de provar a existência de Deus,
destacamos Descartes, pois suas reflexões puseram o sagrado ao
alcance da razão. Sendo que durante muito tempo o conhecimento
sobre Deus foi exclusivo da religião, cujo instrumento para o
conhecimento é a fé.
René Descartes, filósofo francês do século
XVII, no livro Meditações, desenvolveu um método que julgou ser
capaz de conhecer a verdade sem engano. Entendeu que somente a
razão poderia trazer um conhecimento seguro. Até mesmo um

96
“A verdade em verdade vos digo”

conhecimento sobre Deus, poderia ser verdadeiro se ao invés da fé,


fosse usada a razão.
No livro, Descartes mostra que a
experiência é enganosa e que tudo o que até aquele momento
considerava verdadeiro, por ter usado a experiência para obter o
conhecimento, era na verdade, enganoso, pois os sentidos o
enganavam.
Não querendo cometer novamente os
mesmos erros que outrora, quanto usou a experiência para chegar à
verdade, entendeu ser necessário se desvencilhar de todas as
certezas que até então concebia como verdadeiras, dizendo a si
mesmo: “o menor índice de dúvida que eu nelas encontrar será
suficiente para impelir-me a repelir todas” (Descartes, Meditações).
Descartes chega a uma conclusão: pode-se
duvidar da existência do corpo, da exatidão dos sentidos, da
existência de Deus, do mundo, dos outros seres e objetos, porém
não se pode duvidar da ação de duvidar, ou seja, não se pode
duvidar do fato de estarmos duvidando. Se estivermos duvidando,
estaremos pensando. Diz Descartes: “o pensamento é um atributo
que me pertence; somente ele não pode ser separado de mim”
(Descartes, Meditações). A própria existência é confirmada através
do pensamento. O que somos? Somos alguma coisa que pensa. O
pensamento é a única pedra segura na qual se pode alicerçar um
edifício. Essa reflexão leva a sua mais famosa frase – cogito ergo
sum – penso logo existo. Somente por meio da razão se pode chegar
a algo confiável.
Descartes defende a existência de idéias
inatas em nossa mente, como o cogito ergo sum, sendo percebido
principalmente em relação a existência de Deus. Deus existe para
Descartes por existir em nós a idéia de perfeição, quando não somos
perfeitos; a idéia de infinito, quando somos finitos, etc. Não
poderíamos ser os autores dessas idéias, uma vez que não existem
em nós essas qualidades. Faz-se necessário que alguém tenha
colocado essas idéias em nós. Ainda, se não sou o criador de mim
mesmo, logo sou criado. Ser criado requer a existência de um
97
“A verdade em verdade vos digo”

criador, da mesma forma que ser imperfeito e finito requer a


existência de algo perfeito e infinito.
Assim, Deus deixa de ser um objeto da fé e
passa a ser um objeto da razão, podendo a filosofia compreender
este fenômeno a partir do uso do seu mais forte instrumento,
segundo Descartes, o pensamento. Dessa forma, o pensamento
lógico pode formular uma hipótese da existência de Deus, sendo
uma idéia atingida pelo exercício do pensamento e não apenas uma
idéia fruto da crença mítica de explicações vazias, cujo fundamento
se alicerça exclusivamente na tradição, dependente da fé ingênua,
que não resiste ao questionamento. Na filosofia Deus pode ser
discutido.
Apesar da contribuição que Descartes fez ao
pensamento filosófico, concernente a reflexão sobre a existência ou
não de Deus, teóricos posteriores falaram que Descartes deu um tiro
no próprio pé, pois definiu a razão como método e buscou mostrar
como poderíamos chegar a idéia de Deus, usando a razão. O
problema foi que sua reflexão gerou algumas contradições: Se o
homem é finito, limitado, temporal... A razão, sendo humana,
também é finita, limitada e temporal. Assim, a única idéia que
podemos ter sobre Deus, necessariamente será finita, limitada e
temporal, porém Deus, como propôs Descartes, é definido por
qualidades que escapam a natureza humana como: eternidade,
infinitude e ilimitado. E essa contradição só é resolvida com a
crença de que as idéias contrárias a natureza humana tenham sido
colocadas em nossa mente pelo próprio Deus. Caso não, a idéia de
Deus também deve ser considerada humana, portanto, dependente
da razão. Mas uma vez ficamos entre a razão e a fé.
Nesse sentido, a filosofia pretenderá discutir
a idéia de Deus usando a razão, por isso, Deus no racionalismo
cartesiano não é um fenômeno em si, mas um produto da
capacidade racional do homem. Dessa forma, o mesmo método
negou a existência de Deus, pelo menos de um Deus autônomo. Por
fim, podemos dizer que o Deus de Descartes depende de uma
faculdade humana para existir, estando sob a razão. Será que só a fé
98
“A verdade em verdade vos digo”

liberta Deus? Será que a razão pode provar a existência de Deus? O


uso da fé é a impossibilidade da discussão filosófica. O uso da razão
é a possibilidade da discussão filosófica.
O impacto dessa reflexão estende-se para o
cotidiano. Quem de nós não fica intrigado com a forma como as
respostas são frágeis. A existência de Deus é questionável, a fé é
questionável, a razão é questionável, a ciência também é
questionável. As pessoas agem, vivem e matam por Deus. Guerras
surgem em nome de Deus, regras são criadas como se Deus as
fizesse. É impossível deixarmos de lado a discussão sobre Deus,
sendo assunto tão importante para a humanidade. Por isso filósofos
como Descartes contribuíram com suas reflexões, buscando
compreender de forma mais coerente esse fenômeno.
O que Descartes fez foi tentar discutir esse
fenômeno que intriga, filósofos, teólogos e de uma forma geral,
todos nós. Buscando compreendê-lo com o pensamento lógico e não
a partir da fé. A diferença está no fato de que a fé está submissa a
imposição da tradição, da moral, portanto, sobre Deus, usando a fé,
cabe tão somente aceitar as conclusões já construídas. Enquanto a
razão permite discutir a existência de Deus, sua natureza, qualidades
e atributos de forma mais aberta. E somente assim a filosofia pode
contribuir com considerações sobre o intrigante mistério, Deus.

Um Deus pessoal e infinito

O apóstolo Paulo, em sua primeira


epístola aos cristãos de Corinto, disse: “Porque, ainda que
haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu
quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores),
todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e
para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo
qual são todas as coisas, e nós por ele” (1Co 8.5,6).
O que Paulo deixou claro nessas
palavras é que somente o fato de usar o termo Deus ou
Senhor, ou ter objetos de adoração, não significa,
necessariamente, estar falando do mesmo ser divino. A
99
“A verdade em verdade vos digo”

importância de conhecer e adorar o verdadeiro Deus, o único


revelado pela Bíblia, é essencial nestes dias de pluralismo
religioso que estamos vivendo. Esta relação entre a fé bíblica
e as religiões não-cristãs pode ser perigosa para a promoção
da verdade e causar confusão para o entendimento do
verdadeiro evangelho.
A concepção histórica de Deus mantém
um equilíbrio de idéias que revelam sua majestade de
maneira contrária ao que é apresentado nas religiões não
cristãs do mundo.
Esta matéria demonstrará que a
concepção que Deus retratou na Bíblia está entre os
extremos teológicos dentro das falsas religiões e
especialmente nos cultos. O Deus da Bíblia é pessoal e
infinito, a Trindade é a união de três pessoas, o Pai, o Filho e
o Espírito Santo, em uma única divindade, sendo iguais,
eternas, da mesma substância, entretanto distintas, sendo
Deus cada uma dessas pessoas (Mt 28.19; Ef 4.4-6).
Examinaremos as perspectivas das várias religiões,
contrastando suas visões com os ensinos bíblicos e
sugestionando razões para tais erros doutrinários.

Conceitos errôneos sobre Deus

Apontaremos alguns grupos religiosos


representando-os por meio dos conceitos pelos quais
distorceram a natureza e a personalidade de Deus.

Crença em uma deidade pessoal-


finita.

Se desejamos ter comunhão com Deus


e acreditamos em sua ação em nossos momentos de
necessidade, o reconhecimento de que Ele é pessoal torna-
se fundamental. Até mesmo a própria designação de Deus
como “Pai” revela que Ele ama e cuida de seus filhos, atitude
esta que o título “Criador” não consegue denotar. Além disso,
Jesus, o filho de Deus, nos diz que devemos orar ao “Pai”,
pois Ele nos imputa imenso valor (Mt 10.29) e que este
100
“A verdade em verdade vos digo”

mesmo “Pai” galardoará aqueles que lhe pedirem (Mt 7.11).


Esse aspecto de Deus é concordado pela maioria dos grupos
“cristãos”.3 Já os grupos influenciados pelo gnosticismo4 ou
pelas religiões orientais parecem rejeitar a natureza pessoal
de Deus, enquanto aqueles que a aceitam acabam
erroneamente enxergando esta deidade com várias
limitações.
Concepções de um deus finito são
cridas pelos mórmons e pelas testemunhas de jeová. A
teologia mórmon necessita de um deus finito, pois crêem que
deus evoluiu e que ele realmente foi um homem assim como
nós: “Deus foi uma vez como somos agora, ele é um homem
exaltado...”.5 Além disso, possuindo corpos físicos, 6 os
deuses mórmons também não são onipresentes: “Deus não
é onipresente [...] não pode estar fisicamente presente em
mais de um lugar ao mesmo tempo”. 7 E este conceito inclui
o Espírito Santo.8 O deus mórmon também é limitado em
outros sentidos, pois não é onisciente, 9 não é eterno, 10 e
não é imutável.11
A falha das testemunhas de jeová em
expor os atributos de Deus não é tão explícita quanto vemos
no mormonismo; no entanto, elas também rejeitam alguns
dos atributos infinitos da Deidade. Embora aceitem a
onipotência de Deus, 12 as testemunhas de jeová revelam
dificuldades com sua onisciência13 e onipresença. 14 De
acordo com o pesquisador David Sherril, apologista que
estuda o jeovismo, a rejeição à onipresença de Deus se deve
à convicção da Sociedade Torre de Vigia (STV) em ensinar
que todos os seres têm de possuir algum tipo de corpo, seja
físico ou espiritual, fazendo que seus seguidores concebam
Deus localizado em um determinado lugar.15 Considerando
que Deus seguramente está em um trono no céu, Ele não
pode estar em todos os outros lugares; por conseguinte, é o
poder dele que está em todos os lugares, não sua
pessoa.16

Crença em uma deidade impessoal-infinita

101
“A verdade em verdade vos digo”

Os tipos de grupos religiosos discutidos


anteriormente são considerados heterodoxos, pois distorcem
a concepção da Deidade; entretanto, mesmo com tais
divergências, podem ser classificados, em certo sentido,
como grupos que observam “cultos cristãos”.17 Isso se deve
à semelhança de nomenclatura cristã empregada por tais
grupos em seus cultos. Por outro lado, religiões que
proclamam uma deidade impessoal, mas infinita, geralmente
refletem uma concepção gnóstica ou oriental de Deus,
utilizando a terminologia cristã para se enredar com maior
facilidade na cultura ocidental.
Defensores de um deus impessoal e
infinito são facilmente encontrados nos campos da
“metafísica” ou “ciência da mente”; também compartilham
dessa concepção os diversos segmentos da Nova Era, que
têm se proliferado rapidamente nas últimas décadas sob a
máscara de uma ampla variedade de nomes. Esses
compartilham a perspectiva de que Deus não é pessoal, 18
conceituando-o como a essência de toda a realidade que
está na mente ou na consciência.19 Essa visão geralmente
se identifica com o panteísmo, ensinamento que prega que
Deus é infinito porque tudo é Deus e Deus é tudo. A Ciência
Cristã, um dos grupos que crêem na chamada “ciência da
mente”, também não acredita em Deus como um ser pessoal
e define a Trindade nos termos de vida, verdade e amor.20
A espiritualidade da Nova Era vem em
grande parte da religião oriental e, por conseguinte, envolve
o monismo21 e o panteísmo. Isso acabou “ocidentalizando” a
perspectiva religiosa oriental que acredita que Deus é tudo
aquilo que existe e que tudo e todo mundo é Deus. Vemos
esse conceito demonstrado de forma interessante em uma
declaração famosa do Upanishads, antiga escritura do
hinduísmo, repetida pelo “guru” Maharishi Mahesh Yogi: “Eu
sou aquilo, você é aquilo, tudo isso é aquilo, aquilo sozinho
está, e não há mais nada além daquilo”.

Crença no modalismo

102
“A verdade em verdade vos digo”

Conforme esta crença, o Pai, o Filho e o


Espírito Santo são apenas três aspectos da divindade,
sendo, portanto, uma só Pessoa, ou seja, ensinam que as
três pessoas da Trindade se manifestavam de vários modos,
daí o nome modalista, conhecido atualmente como
Sabelianismo por ter sido um ensino propagado pelo bispo
Sabélio.
A Igreja Local, fundada por Witness
Lee, é um claro exemplo da visão modalista de Deus. Outros
grupos que possuem a mesma concepção são: Tabernáculo
da Fé, fundado por William Marrion Braham; Só Jesus,
fundado por John Schepp; e Voz da Verdade, 23 fundado por
Carlos Moysés, entre outros.

Crença no politeísmo

Provavelmente, nenhum culto


contemporâneo é mais famoso em sua posição politeísta do
que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Os
mórmons crêem na existência de milhões de deuses:
“Existem mais deuses do que partículas de matéria”.24
Entretanto, apenas três — Pai, Filho e Espírito Santo — são
objetos da adoração mórmon.

Crença no arianismo

A última divergência doutrinária que


inserimos nesta perspectiva histórica do cristianismo é a
heresia do arianismo. Essa concepção foi condenada no
famoso Concílio de Nicéia (325 d.C.).26 Na ocasião, o bispo
Ário defendeu a doutrina de que o Filho de Deus era um ser
criado, mas seu ensinamento foi veementemente combatido
por Atanásio que, por sua vez, teve seus argumentos aceitos
pelo Concílio. Atanásio ensinou que o Filho possuía a
mesma essência do Pai, sendo, portanto, igualmente Deus.
Meio século depois (381 d.C.), o Concílio de Constantinopla
afirmou a igualdade da Deidade do Espírito Santo; Deus,
então, é uma essência indivisível em três pessoas.
103
“A verdade em verdade vos digo”

Sem dúvida nenhuma, o culto arianista


mais difundido está atualmente representado pela Sociedade
Torre de Vigia, mais conhecida pela identidade de seus
seguidores, as testemunhas de Jeová. A estratégia utilizada
pela organização das Testemunhas de Jeová foi subverter a
doutrina da Trindade aproveitando a grande discussão cristã
acerca desse ensinamento. Igualmente ensinam que Jesus
foi o primeiro ser criado por Deus, sendo um deus de
categoria “inferior”, poderoso, mas não Todo-Poderoso.
Raciocínio semelhante a este também
pode ser encontrado entre o grupo dos cristadelfianos.

Avaliação dos conceitos errôneos e incoerências


bíblicas sobre Deus

Podemos observar nesta breve matéria


que os vários cultos e falsas religiões aqui apresentados não
mantêm o equilíbrio bíblico da concepção de Deus.
Avaliando a questão, logicamente concluímos que há um só
Deus (Dt 6.4, 1Co 8.6). E que o Pai, o Filho e o Espírito
Santo são chamados de Deus e possuem os atributos da
Deidade (Ef 5.20; Rm 9.5; At 5.4).
Da minha concepção, esse único Deus
é o universo em questão, não um ser. Isso é mais um código
ou ingenuidade da bíblia, que mais parece uma historinha
para relaxar, um desenho animado.
Quando um culto é apresentado
biblicamente com base nessas duas declarações ortodoxas,
os seguidores das falsas religiões concluem que uma delas
necessariamente está errada, ou seja, que existe mais de um
deus (politeísmo, como vimos no mormonismo), que as três
pessoas devem ser a mesma pessoa (modalismo, como
vimos na Igreja Local) e/ou que o Pai é Deus e o Filho e o
Espírito não possuem a mesma essência, sendo diferentes
de Deus (arianismo, como vimos nas testemunhas-de-jeová).
Todavia, a concepção bíblica e histórica de Deus está bem
declarada no Credo de Atanásio (no qual inserimos alguns
versículos bíblicos que comprovam suas declarações):

104
“A verdade em verdade vos digo”

“Assim, o Pai é Deus (Ef 5.20), o Filho é


Deus (Rm 9.5) e o Espírito Santo é Deus (At 5.4). E, no
entanto, não são três deuses, mas um só Deus (Dt 6.4; 1Co
8.6). Igualmente, o Pai é Senhor (Ap 21.22), o Filho é Senhor
(Jd 4; 1Co 8.6), o Espírito Santo é Senhor (2Co 3.17). E, no
entanto, não são três senhores, mas um só é Senhor (Ef
4.5). Pois, da mesma forma que somos compelidos pela
verdade cristã a reconhecer cada Pessoa, por si mesma,
como Deus e Senhor, assim também somos proibidos pela
religião católica (universal) de dizer: existem três deuses ou
três senhores”.
O mesmo pode ser esclarecido sobre o
fato de Deus ser infinito e pessoal ao mesmo tempo. A Bíblia
revela que Deus é transcendente sobre todo o universo (Sl
57.11; Zc 14.9) e que Deus está intimamente envolvido com
o universo (Gn 1.1; Sl 113.6). Ele é o Criador do tempo e do
espaço, por isso Ele transcende o universo. Como pode tal
Deus realmente estar interessado em nós ou se envolver
com nossas vidas, até mesmo a ponto de enviar seu Filho
(Deus) para compartilhar nossa humanidade e sofrimento?
Não podemos compreender o amor de Deus, mas a Bíblia,
infalível em suas declarações, nos conduz à conclusão de
que ambas as dimensões de Deus são verdadeiras. A
doutrina bíblica inspirada por Deus tem capacidade plena de
conciliar harmoniosamente os “elementos divergentes” (para
alguns) da infinidade divina com o relacionamento pessoal,
elementos indispensáveis para o genuíno sentido da
adoração.
Temos de nos centrar em Deus, não no
homem. Os cristãos ortodoxos estão dispostos a aceitar o
ensinamento bíblico sobre Deus até mesmo quando eles não
podem explicar todos os aspectos de sua revelação. Às
vezes, podemos entender o “qual”, mas não podemos
entender o “como”, ou, frequentemente, o “porquê”. Deus
simplesmente quer que confiemos em sua Palavra. A
diferença entre a verdadeira religião e a falsa religião é a
adesão à ego-revelação de Deus na Bíblia, ou seja, as
interpretações que revelam um deus que satisfaça nossas
limitações em entendê-lo. É a rejeição da adoração ao Deus
Santo apresentado pela Bíblia para fabricar um deus sob as
105
“A verdade em verdade vos digo”

concepções humanas, o que, como analisamos, podemos


considerar a causa dos erros que se desenvolveram desde o
início da igreja primitiva e continua nos assolando até hoje.
Diante deste texto, concluo mais uma
vez a ditadura em torno do nome de Deus. Onde já se viu
somente Jesus ser filho de Deus, ou o único que nos leva até
ele? Se o próprio Jesus é um filho de Deus como nós o
somos, porém mais evoluído,como nós o seremos. E, por
que, Deus mandaria seu filho sofrer para provar sua
existência? Por que não provou de outra maneira mais
simples, já que ele é onipotente e onipresente? Por que tem
de fazer coisas estranhas e muitas vezes maldosas para que
o aceitamos. Seria essa a intenção de Deus, ou o nosso livre
arbítrio é a intenção de Deus?
Deus precisa de nossa evolução tanto
quanto precisamos da dele. E nunca existiu nem existirá
milagre. Nunca terá um filho sentado à direita de Deus Pai.
Simplesmente porque Deus, como ser, não existe. Ninguém
senta ao lado do nada e do tudo ao mesmo tempo. Nem do
lado de um cheiro ou de uma inspiração. Isso é Deus.
Só para não perder a sequencia, veja
algumas contradições da Bíblia:
Alguns estudiosos da bíblia declaram
que há milhares de contradições em suas páginas explícitas
ou implícitas. A seguir estão algumas delas. Para perfeito
entendimento é preciso acompanhar as passagens citadas
em cada ítem da listagem.
1. A Bíblia nos fala que toda a escritura foi inspirada por
Deus (II Timóteo 3:16). Mas em alguns trechos é negada a
inspiração divina (I Coríntios 7:6;5:12) (II Coríntios 11:17).
2. Os Gigantes existiam antes da inundação (Gênesis 6:4).
Somente Noé, sua família, e os animais da Arca
sobreviveram à inundação (Gênesis 7:23). Mesmo depois da
Inundação os gigantes continuaram existindo (Números
13:33).
3. Deus diz para Noé que tudo o que se move e tem vida
servirá de alimento para ele, e também toda a vegetação. Só
não poderá comer da carne ainda com vida, ou seja, com
sangue (Gênesis 9:3-4). Deus diz que nem todos os animais
podem ser consumidos (Deuteronômio 14:7-20).
106
“A verdade em verdade vos digo”

4. Toda a terra tinha uma só língua e as mesmas palavras,


até que Deus criou vários idiomas diferentes, fazendo com
que ninguém entendesse um ao outro (Gênesis 11:1,6-9).
Anterior a isto, a Bíblia fala de diversas nações, cada um
com sua própria língua (Gênesis 10:5).
5. Deus admitiu que Ele é a causa da surdez e da cegueira
(Êxodo 4:11). Contudo, Deus não aflige os homens por
vontade própria (Lamentações 3:33).
6. Deus envia Moisés para o Egito resgatar os filhos de Israel
(Êxodo 3:10. 4:19-23). No caminho, Deus ameaçou Moisés
de morte. (Êxodo 4:24-26). Não proveu de explicação.
7. Deus mata todos os animais dos egípcios com uma forte
pestilência. Nenhum sobreviveu à pestilência (Êxodo 9:3-6).
Deus mata todos os animais dos egípcios com uma chuva de
granizo (Êxodo 9:19-21,25). (Mas eles já não haviam morrido
com a pestilência?)
8. Deus não foi conhecido por Abraão, Isaac e Jacó pelo
nome de Javé (Êxodo 6:2-3). O nome do Senhor já era
conhecido (Gênesis 4:26).
9. Deus proíbe que seja feito a escultura de qualquer ser
(Êxodo 20:4). Deus ordenou a fabricação de estátuas de
ouro (Êxodo 25:18).
10. Proibição do assassinato (Êxodo 20:13). Deus manda
Moisés matar todos os homens de Madiã (Números 31:7).
11. Proibição do roubo (Êxodo 20:15). Deus manda roubar os
egípcios (Êxodo 3:21-22).
12. Proibição da mentira (Êxodo 20:16) Deus permiti a
mentira (I Reis 22:22)
13. Você tem que julgar o próximo com justiça (Leviticus
19:15). Não julgue ninguém para não ser julgado (Mateus
7:1).
14. Deus jamais se arrepende (I Samuel 15:29). Deus se
arrepende (Gênese 6:6) (Êxodo 32:14) (I Samuel 15:11,35)
(Jonas 3:10).
15. Deus não pode mentir (Números 23:19). Deus
deliberadamente enviou um "espírito" mentiroso (I Reis
22:20-30) (II Crônicas 18:19-22). Deus faz pessoas
acreditarem em mentiras (II Tessalonicenses 2:11-12). O
Senhor engana os profetas (Ezequiel 14:9).

107
“A verdade em verdade vos digo”

16. Aarão morreu no monte Hor. Imediatamente depois


disso, os israelitas foram para Salmona e Finon (Números
33:38). Aarão morreu em Mosera. Depois disso, os isralelitas
foram para Gadgad e Jetebata (Deuteronômio 10:6-7). Deus
diz a Moisés que Aarão morreu no monte Hor (Deuteronômio
32:50).
17. Nós temos que amar Deus (Deuteronômio 6:5) (Mateus
22:37). Nós temos que temer Deus (Deuteronômio 6:13) (I
Pedro 2:17).
18. Deus escreveu nas tábuas as dez palavras da aliança
(Deuteronômio 10:1-2,4).
Deus ditou e Moisés escreveu (Êxodo 34:27-28).
19. Josué queimou a cidade de Hai e reduziu-a a um monte
de ruínas para sempre (Josué 8:28). Hai ainda existe como
uma cidade (Neemias 7:32).
20. Josué destruiu totalmente os habitantes de Dabir (Josué
10:38-39). Os habitantes de Dabir ainda existem (Josué
15:15).
21. Saul destruiu completamente os amalecitas (I Samuel
15:7-8,20). David destruiu completamente os amalecitas (I
Samuel 27:8-9). Finalmente os amalecitas são mortos (I
Crônicas 4:42-43).
22. Isaí teve sete filhos além de seu mais jovem, David (I
Samuel 16:10.11). David foi o sétimo filho (I Crônicas 2:15).
23. Saul tentou consultar o Senhor (I Samuel 28:6). Saul
nunca fez tal coisa (I Crônicas 10:13-14).
24. Saul cometeu suicídio (I Samuel 31:4-6) (I Crônicas 10:4-
5). Saul foi morto por um amalecita (II Samuel 1:8-10). Saul
foi morto pelos filisteus (II Samuel 21:12).
25. Davi tomou 1.700 cavaleiros de Adadezer (II Samuel 8:4).
Davi tomou 7.000 cavaleiros de Adadezer (I Crônicas 18:4).
26. Davi matou aos arameus 700 parelhas de cavalos e
40.000 cavaleiros (II Samuel 10:18). Davi matou aos
arameus 7.000 cavalos e 40.000 empregados (I Crônicas
19:18).
27. Israel dispõe de 800.000 homens aptos para manejar
espadas, enquanto que Judá dispõe de 500.000 homens (II
Samuel 24:9). Israel dispõe de 1.100.000 homens aptos para
manejar espadas, enquanto que Judá dispõe de 470.000
homens (I Crônicas 21:5).
108
“A verdade em verdade vos digo”

28. Satã provocou Davi a fazer um censo de Israel (I


Crônicas 21:1). Deus sugeriu Davi a fazer um censo de Israel
(II Samuel 24:1).
29. Davi pagou 50 siclos de prata por gados e pelo terreno (II
Samuel 24:24). Davi pagou 600 siclos de ouro pelo mesmo
terreno (I Crônicas 21:25).
30. Rei Josias foi morto em Magedo. Seus servos o levam
morto para Jerusalém (II Reis 23:29-30).
Rei Josias foi ferido em Magedo e pediu para seus servos o
levarem para Jerusalém, onde veio a falecer (II Reis 23:29-30).
31. Foram levados 5 homens dentre os mais íntimos do rei (II
Reis 25:19-20). Foram levados 7 homens dentre os mais
íntimos do rei (Jeremias 52:25-26).
32. São citados os nomes de 10 pessoas que vieram com
Zorobabel (Esdras 2:2) São citados os nomes de 11 pessoas
que vieram com Zorobabel (Neemias 7:7)
33. (Esdras 2:3 & Neemias 7:8) Estas passagens pretendem
mostrar a quantidade de pessoas que voltaram do cativeiro
babilônico. Compare o número para cada família: 14 deles
discordam.
34. A terra vai durar para sempre (Salmos 104:5)
(Eclesiastes 1:4). A terra perecerá (II Pedro 3:10) (Hebreus
1:10-11).
35. Deus fala a respeito de sacrifícios com os filhos de Israel
libertos do egito (Levítico 1:1-9). Deus nega que houvesse
dito algo sobre sacrifícios naquela ocasião (Jeremias 7:22).
36. O filho não deve ser castigado pelo erro do pai, ou vice-
versa (Deuteronômio 24:16) (Ezequiel 18:20) (II Crônicas
25:4). Deus vinga a crueldade dos pais nos filhos até a
quarta geração (Êxodo 20:5) (Deuteronômio 5:9). Todos os
homens são culpados pelo pecado de Adão. A culpa passou
de pai para filhos por diversas gerações (Romanos 5:12).
37. Jesus foi filho de José, que o foi de Jacob (Mateus 1:16).
Jesus foi filho de José, que o foi de Heli (Lucas 3:23).
38. O pai de Salathiel foi Jeconias (Mateus 1:12). O pai de
Salathiel foi Neri (Lucas 3:27)
39. Abiud é filho de Zorobabel (Mateus 1:13). Resa é filho de
Zorobabel (Lucas 3:27). São citados os nomes de todos os
filhos de Zorobabel, mas nem Resa e nem Abiud estão entre
eles (I Crônicas 3:19-20).
109
“A verdade em verdade vos digo”

40. Jorão era o pai de Ozias que era o pai de Joathão


(Mateus 1:8-9). Jorão era o pai de Occozias, do qual nasceu
Joás, que gerou Amazias, que foi pai de Azarias que,
finalmente, gerou Joathão (I Crônicas 3:11-12).
41. Josias era o pai de Jeconias (Mateus 1:11). Josias era o
avô de Jeconias (I Crônicas 3:15-16).
42. Zorobabel era filho de Salathiel (Mateus 1:12) (Lucas
3:27). Zorobabel era filho de Fadaia. Salathiel era tio dele (I
Crônicas 3:17-19).
43. Sale era filho de Cainan, neto de Arfaxad e bisneto de
Sem (Lucas 3:35-36). Sale era filho de Arfaxad e neto de
Sem (Gênese 11:11-12).
44. Ninguém jamais viu a Deus (João 1:18, 6:46) (I João
4:12). Jacob viu Deus cara a cara (Gênesis 32:30). Moisés e
os anciões de Israel viram Deus (Êxodo 24:9-11). Deus falou
com Moisés cara a cara (Êxodo 33:11) (Deuteronômio
34:10). Ezequiel viu Deus em uma visão (Ezequiel 1:27-28).
45. Jesus curou um leproso depois de visitar a casa de Pedro
e Simão (Marcos 1:29,40-42). Jesus curou o leproso antes
de visitar a casa de Pedro e Simão (Mateus 8:2-3,14).
46. O Diabo levou Jesus primeiro ao topo do templo e depois
para um lugar alto para ver todos os reinos do mundo
(Mateus 4:5-8). O Diabo levou Jesus primeiro para o lugar
alto e depois para o topo do templo (Lucas 4:5-9).
47. Quem crê no filho de Deus tem vida eterna (João 3:36).
Quem ama a Deus e ao seu próximo tem vida eterna (Lucas
10:25-28). Quem guarda os 10 mandamentos tem vida
eterna (Mateus 19:16-17).
48. O sermão conteve 9 beatitudes (Mateus 5:3-11). O
sermão conteve 4 beatitudes (Lucas 6:20-22).
49. Jesus adquiriu Mateus como discípulo depois de acalmar
a tempestade (Mateus 8:26). Jesus adquiriu Mateus (Levi)
como discípulo antes de ter acalmado a tempestade (Marcos
2:14, 4:39) Obs: O contexto identifica Levi como outro nome
para Mateus. Compare [Mateus 9:9-17] com [Marcos 2:14-
22] e com [Lucas 5:27-39].
50. O centurião se aproximou de Jesus e pediu ajuda para
um criado doente (Mateus 8:5-7). O centurião não se
aproximou de Jesus. Ele enviou amigos e os anciões dos
judeus (Lucas 7:2-3,6-7).
110
“A verdade em verdade vos digo”

51. Jairo pediu a Jesus que ajudasse a sua filha, que estava
morrendo (Lucas 8:41-42). Ele pediu para que Jesus
salvasse a filha dele que já havia morrido (Mateus 9:18).
52. Jesus disse aos seus discípulos que deveriam andar
calçados com sandálias (Marcos 6:8). Jesus lhes disse que
não deveriam andar descalços (Mateus 10:10).
53. Deus confiou o julgamento a Jesus (João 5:22) (João
5:27,30 8:26) (II Coríntios 5:10) (Atos 10:42). Jesus, porém,
disse que não julga ninguém (João 8:15,12:47). Os santos
hão de julgar o mundo (I Coríntios 6:2).
54. A transfiguração de Jesus ocorreu 6 dias após a sua
profecia (Mateus 17:1-2). A transfiguração ocorreu 8 dias
após (Lucas 9:28-29).
55. A mãe de Tiago e João pediu a Jesus para que eles se
assentassem ao seu lado no reino (Mateus 20:20-21). Tiago
e João fizeram o pedido, ao invés de sua mãe (Marcos
10:35-37).
56. Ao sair de Jericó, Jesus se encontrou com dois homens
cegos (Mateus 20:29-30). Ao sair de Jericó, Jesus se
encontrou com somente um homem cego (Marcos 10:46-47).
57. Dois dos discípulos levaram uma jumenta e um
jumentinho para Jesus da aldeia de Bethfagé (Mateus 21:2-
7). Eles levaram somente um jumentinho (Marcos 11:2-7).
58. Jesus amaldiçoou a árvore de figo depois de ter deixado
o templo (Mateus 21:17-19). Ele amaldiçoou a árvore antes
de ter entrado no templo (Marcos 11:14-15,20)
59. Um dia após Jesus ter amaldiçoado a figueira, os
discípulos notaram que ela havia secado (Marcos 11:14-
15,20) A figueira secou imediatamente após a maldição ser
posta (Mateus 21:19).
60. Jesus disse que Zacarias era filho de Baraquias (Mateus
23:35). Zacarias era filho de Joiada (II Crônicas 24:20-22).
61. Jesus manda amarmos uns aos outros (João 13:34-35).
Você não pode ser um discípulo de Jesus a menos que já
tenha aborrecido seus pais, seus irmãos, seus filhos ou sua
esposa (Lucas 14:26).
62. Vestiram Jesus com um manto carmesim (Mateus 27:28).
Vestiram Jesus com um manto púrpura (Marcos 25:17) (João
19:2).

111
“A verdade em verdade vos digo”

63. Após Pedro ter negado Jesus, o galo cantou pela


segunda vez (Marcos 14:30,57-72). O galo só cantou uma
vez (Lucas 22:34,60-61) (Mateus 26:34,69-74)
Deus é infinito em seus atributos. É perfeito e suas obras
também. Como pode o Senhor Criador do Mundo
arrepender-se de suas obras, de seus atos?
Pois está escrito:
(Gen. 6: 6) "arrependeu-se o Senhor de ter feito o homem";
(Ex. 32:14) "Então se arrependeu o Senhor do mal que
dissera havia de fazer ao povo";
(1ª Sam.15:11 e 35) "Arrependeu-se o Senhor de haver
constituído rei a Saul sobre Israel"; (2ª Sam.24:16) "O Senhor
se arrependeu de mandar o anjo destruir os povos de
Jerusalém"
(Amós 7:3) "O senhor se arrepende de mandar gafanhotos
destruir a colheita".
Encontramos também em (Deut. 10:18 e 32:4) a afirmação
de que Deus é de justiça e amor. No entanto encontramos os
seguintes dizeres:
(Dt. 20:13, 14 e 16) manda "passar a fio de espada todo ser
que tiver fôlego";
(Ex. 32:27) manda "passar a fio de espada seus amigos,
vizinhos e irmãos"; e nesse dia mataram cerca de três mil
homens (Ex.32:28);
(Ex. 32:35) "O senhor feriu aqueles que fabricaram o bezerro
de ouro, menos Arão, o irmão de Moisés".
O paradoxo de tudo isso é que na tábua dos dez
mandamentos está escrito:
- 5º mandamento: "não matarás".
Com o pretexto de que o Senhor pelejava por Israel, (Jos.
10:42) Josué conquista parte da prometida Canaã
"destruindo tudo que tinha fôlego" e tomando tudo para si,
(Jos. 11:20 e 23); "pois o Senhor é homem de guerra". (Ex.
15:3).
E como fica o 5º mandamento?
(juízes 12:6) Jefté, juiz em Israel, mata 42.000 (quarenta o
dois mil) efraimitas; (Juizes 20:35) Os israelitas matam 25100
(vinte e cinco mil e cem) homens da tribo de Benjamim.
(2ª Sam. 24:15) O Senhor mandou uma peste a Israel que
matou 70.000 (setenta mil homens);
112
“A verdade em verdade vos digo”

(Ezeq. 4:12) "O Senhor mandou que o profeta Ezequiel


comesse pão cozido sobre fezes humanas".
E como explicar que os israelitas, 7.000(sete mil) homens,
conforme (1ª Reis 20:15) que "eram como dois rebanhos de
cabras", (1ª Reis 20:27) conseguiram ferir e matar, num só
dia, 100.000 (cem mil) sírios à espada (1ª Reis 20:29) e
ainda, na seqüência, o muro da cidade tenha caído sobre os
27.000 (vinte e sete mil) restantes matando-os (1ª Reis
20:30).
Fazendo uma grosseira comparação entre os dois fatos, a
matança dos cem mil sírios em um só dia e o ocorrido em
Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9/8/1945, vemos que a farta
documentação a respeito não registrou a morte de cem mil
japoneses com as mais modernas armas nucleares lançadas
sobre a população de duas grandes cidades. O registro mais
recente a esse respeito está na revista VEJA, edição 1848,
de 07.04.2004, pág.118, onde Roberto P. de Toledo
arredonda estes dados para 100 000 japoneses mortos.
Só nos cabe perguntar: Será que foi mesmo o Senhor que
praticou todas essas sandices?
Terá sido Ele mesmo que inspirou tudo que está escrito na
Bíblia? Que cada um tire suas conclusões. De preferência à
luz da razão.
Você acredita que:
O "Anjo do senhor tenha, numa só noite, exterminado
185000 (cento e oitenta e cinco mil) assírios?" (2ª Reis
19:35);
Cerca de 300 (trezentos) israelitas já cansados (Juízes 8:4),
venceram os 120000 (cento e vinte mil) midianitas em
guerra? (Juízes 8:10);
Alegando que 120000 (cento e vinte mil) homens poderosos
da tribo de Judá, tenham abandonado o Senhor Deus de seu
País, os judeus os tenham eliminado num só dia? (2ª Crônica
28:6);
Como pode, O Senhor ser evocado e ajudar a destruir
1.000.000 (hum milhão, sim) de etíopes? ( 2ª Crônica 14 : 9 -
15).
OBS.: O absurdo é tamanho que analisando as bíblias
encontramos alterações do mesmo tradutor, João Ferreira de
Almeida. Em duas Bíblias traduzidas por Almeida, editadas
113
“A verdade em verdade vos digo”

pela sociedade bíblica do Brasil, o Cap 14, verso 13 da


segunda Crônicas, (1966) consta o "absurdo" transcrito
acima. Já na revisão e correção de 1969 (È preciso revisar e
corrigir a Bíblia?) o texto foi alterado para "caíram tantos
etíopes que já não havia neles vigor algum..."
E aqui cabe mais uma pergunta: Pode o homem alterar
assim "a palavra de Deus.

Outras discrepâncias da Bíblia

Enumerei 14 discrepâncias Bíblicas,


dentre as milhares contidas nela, somente para que os
leitores tenham idéia de como as coisas mudam escritas,
imaginem faladas. A Bíblia foi escrita e prensada pela
primeira vez com Gutemberg, alemão inventor d prensa –
ancestral das gráficas e editoras modernas, e porque não
dizer, das impressoras a laser de hoje – um alemão judeu,
daí concluo o porque de tanto ser o povo judeus o escolhido:

1 - Como pode Deus criar a luz antes do Sol? – (Gênesis 1:3


14). Como separou Ele a luz das trevas (Gênesis 1:4), se
estas nada mais são do que a privação da luz? Como fez o
dia antes que o sol fosse criado?
2 - Como afirmar que do Éden saia um rio que se dividia em
outros quatro, um dos quais, o CIOM, que corria no país de
Cuse (Etiópia) (Gênesis, 2:13) só podia ser o Nilo, cuja
nascente distava mais de mil léguas da nascente do
Eufrates?
3 - Por que a proibição de comer do fruto da “árvore da
ciência do bem e do mal” (Gênesis 2:17), se é fato que,
dando a razão ao homem, Deus só poderia encoraja-lo a
instruir-se? Acaso preferia Ele ser servido por um tolo?
4 - Por que se atribuiu a serpente o papel de Satã (Apoc.
12:9), se a Bíblia apenas diz que “a serpente era o mais
astuto dos animais” (Gênesis 3:1)? Que língua falava essa
serpente, e como andava ela antes da maldição de que
passaria a arrastar-se sobre o ventre e comer pó? (Gênesis
3:14) E como explicar a desobediência da serpente, se
nunca se ouviu falar de cobra que comesse pó? E como
explicar que tantas mulheres possam hoje dar a luz sem dor
114
“A verdade em verdade vos digo”

e tantos homens comam o seu pão sem precisarem de suar


o rosto? (Gen. 3:16/19)
5 - Como pode ser punido com tanto rigor um ente primitivo
como Adão, que não sabia discernir entre o bem e o mal? (e
a prova disso se encontra no verso 22: 'Eis que o homem é
como um de nós, sabendo o bem e o mal'). Caim cometeu
um fratricídio e não mereceu uma pena tão severa; a
despeito da maldição: “Fugitivo e vagabundo será na Terra”
(Gênesis 4:12) foi para Node, onde constituiu família e até
construiu uma cidade (Gênesis 4:17) e “seus descendentes
foram mestres em varias artes” (Gênesis 4:20/22)
6 - Os teólogos pretendem que a morte entrou no mundo em
conseqüência do pecado de Adão (pelo menos este é o
ensino de Santo Irineu no 1o Século, confirmado por Santo
Agostinho). Pergunta-se: como estaria hoje a população da
Terra se a humanidade só fizesse nascer? E por que a
punição teve de se estender aos animais, que nada tiveram a
ver com o pecado de Adão?
7 - Como poderam encerrar “casais de todos os animais da
Terra” (Gênesis 6:19) numa arca de 300 côvados (198 m) de
comprimento por 50 de largura e 30 de altura (Gênesis
6:15) ? Como conseguiram apanhar todos esses animais e
reunir tantos e tão variados alimentos e de que modo se
houveram as 8 pessoas a bordo (Gênesis 7:13) para
alimentar todos eles (e limpar todos os dejetos) durante mais
de um ano? Note-se que o diluvio começou a 17 do 2º mês
(Gênesis 7:11) e os que nela haviam entrado sete dias antes
(Gênesis 7:10) só saíram da Arca a 27 do segundo mês (do
ano seguinte é obvio) (Gênesis 8:14), e como Noé encontrou
todos os tipos de animais, de todos os cantos da terra,
estando ele somente no oriente Médio de hoje?
8 - Se Deus é justo e se foi Ele próprio que endureceu o
coração do Faraó para que não permitisse a saída dos
israelitas (Êxodos 11:10), por que teria de matar todos os
primogênitos do Egito, inclusive muitos milhares de inocentes
crianças e até os primogênitos de todos os animais? (Êxodo
12:29)
9 - Como teriam os magos egípcios transformado a água do
Nilo em sangue (Êxodo 7:22), se Moisés já o fizera antes?
(Êxodo 7:20). E como puderam perseguir os israelitas com o
115
“A verdade em verdade vos digo”

seu exercito desfalcado de todos os primogênitos (Êxodo


12:29) e empregando a sua cavalaria (Êxodo 14:23), se na
5.a praga haviam sido mortos todos os cavalos? (Êxodo 9:6)
10 - Se o mar tragou todo o exercito do Faraó, este inclusive
(Êxodo 14:28) não é de se estranhar que com a decifração
dos hieróglifos, que permite hoje conhecer toda a história do
antigo Egito, não se tenha encontrado uma só referência a
tão espantosa calamidade?
11 - Como entender que os autores do Antigo Testamento,
tão precisos ao citar pelos nomes dezenas de pequenos reis
das cidades vencidas, como Adonizedeque (Josué 10-1),
Hoão, Pira, Zafia, Debir (Josué 10:3), Hoão (Jos. 10:33),
Jabim, Jobab (Josué 11:1), Seom (Josué 12:2), Igue (Josué
12:4), Jeeb (Juizes 7:25), Salmuna e Zeba (Juizes 8:5), Agag
(I Samuel 15:8), Aquis (I Samuel 21:10), etc., não tenham
mencionado o nome do Faraó que reinava ao tempo da fuga
dos israelitas, o qual é citado tantas vezes nos primeiros 14
capítulos do livro de Êxodo?
14 - Como entender que fossem eleitos e protegidos por
Deus assassinos como Eude, que apunhalou a traição o rei
Eglom (Juizes 3:21), Davi, que fez morrer Urias, para tomar-
lhe a mulher (II Samuel 11:15) e Salomão, que tendo 700
mulheres e 300 concubinas (I Reis 11:3), mandou matar seu
irmão Adonias só porque este lhe pedira uma? (I Reis 2:21 e
25)
A história de todos os povos está
repleta de lendas, crendices, mitos, alegorias, superstições.
Por que a dos judeus teria que ser diferente? Quando o
historiador pertence a outra comunidade, ou se encontra
afastado dos acontecimentos no tempo e no espaço, ainda
se pode esperar alguma imparcialidade. Mas, se quem narra
a historia é um dos próprios interessados, é natural que
procure exagerar os feitos dos compatriotas, sejam
contemporâneos ou antepassados, e subestimar os dos seus
adversários. Isso ocorre até nos tempos atuais, em que os
eventos ficam registrados na imprensa, em livros, nos filmes,
nas fitas de vídeo, etc.
Mesmo fatos contemporâneos,
amplamente divulgados e documentados por todos os meios
de registro disponíveis, se prestam a interpretações
116
“A verdade em verdade vos digo”

diferentes, ao sabor das conveniências de cada grupo. A


paternidade do avião, inventado já no início deste século,
não é atribuída pelos norte-americanos aos irmãos Wright,
com evidente indiferença aos méritos do nosso Santos
Dumont? Imagine-se o que não ocorreria nos tempos
primevos, quando os acontecimentos eram transmitidos por
tradição oral, e só muito depois vinham a ser registrados por
escrito...
Não há evidente exagero em afirmar
que os israelitas num só dia mataram 100 mil sírios? (I Reis
20:29). A nosso ver, cem mil homens não morrem num só dia
nem com as mais devastadoras armas modernas. Com as
bombas nucleares existe a possibilidade, mas até o momento
não nos conta tenha de fato ocorrido. As lançadas sobre
Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9-8-45 não chegaram a
exterminar tanta gente, pelo menos não no primeiro dia. E
note-se que não foram arremessadas contra exércitos
aguerridos, mas contra populações civis. Se com os recursos
altamente sofisticados da tecnologia atual a empresa não é
fácil, imagine-se o que não seria nos tempos em que as
armas mais letais eram espadas e lanças, e os veículos mais
velozes eram carros puxados por cavalos e camelos...
Pela mesma razão não nos parece
muito verossímil que o "Anjo do Senhor" tenha numa só noite
exterminado 180 mil assírios (II Reis 19:35), nem que 120 mil
“midianitas” tenham sido mortos pelos 300 de Gedeão
(Juizes 8:10), nem que os judeus tenham eliminado em um
só dia 120 mil da tribo de Judá, “todos homens poderosos,
por terem abandonado o Senhor Deus de seus pais” (II
Crônicas 28:6), e ainda levado cativas 200 mil mulheres e
crianças do seu povo irmão (II Crônicas 28:8). E o que dizer
dos “500 mil homens escolhidos que caíram feridos em
Israel” (II Crônicas 13:17). E o que dizer do 1 milhão (1
milhão!) de etíopes que 'foram destroçados sem restar nem
um sequer' ? (II Crônicas 14:9 e 13). Será que a Etiópia já
dispunha naquele tempo de 1 milhão de habitantes? (nota no
rodapé da página: Temos duas bíblias traduzidas Almeida,
ambas editadas pela Sociedade Bíblica Brasileira, com
redação diversa do cap. 13. A de 1966 diz como esta acima.
A de 1969 (edição revista e CORRIGIDA) reza: “caíram
117
“A verdade em verdade vos digo”

tantos etíopes que já não havia neles vigor algum”... Veja-se


como vão aos poucos alterando o texto!)
(...) jamais nos passaria pela idéia o
intuito de amesquinhar o papel da Bíblia como regra de fé da
Cristandade, e nem seriam pigmeus como nós que ousariam
tão inexequível tarefa. Sabemos e proclamamos que ela é o
fanal de todos os povos cristãos, e que os preciosos
ensinamentos morais nela contidos brilharam e continuarão a
brilhar por muitos séculos concorrendo para dissipar as
trevas da ignorância dos homens sempre que eles estiverem
a altura de os assimilar. Aquilo que unicamente contestamos
é a tese da “inerrancia” da Bíblia, a idéia de que ela encerra
toda a Verdade e de tudo quanto contém é a palavra saída
dos lábios do próprio Deus. O que afirmamos é que a Bíblia
foi escrita por homens e por isso mesmo esta repleta de
falhas resultantes da imperfeição humana. Pretender que ali
esteja a Verdade como um bloco monolítico, é semear
confusão na mente de homens que já aprenderam, ou pelo
menos deviam ter aprendido, a raciocinar."

Interpretação da bíblia - hermenêutica e exegese


Eu vou comentando com meu raciocínio:

Hermenêutica é uma palavra de origem


grega que significa interpretação no sentido literal do texto.
Esta maneira de estudo tem sido a mais preferida dos
teólogos e, talvez por isso têm-se as idéias mais absurdas a
respeito dos textos sagrados. É preciso que se busque a
mensagem divina com coerência. Daí ser preciso a prática
da exegese.

EXEGESE:

É o significado moral e espiritual dos


textos sagrados
Tentaremos facilitar o entendimento
com os seguintes exemplos:
118
“A verdade em verdade vos digo”

"No princípio Deus criava as águas e a


terra" (Gn. 1 : 1).
Entendemos seu significado facilmente
pelo seu sentido literal (Hermenêutica).
"Porque reparas no cisco que está no
olho de teu irmão e não percebes a trave que está no teu?"
(Mt. 7 : 3)
Não é possível entender essa
mensagem de forma literal (Hermenêutica), mas sim do
ponto de vista da exegese quando interpretamos que
enxergamos os pequenos defeitos dos outros e não vemos
os nossos, às vezes, bem maiores .
Outros exemplos são as parábolas.
Escritas em sentido literal, mas entendíveis somente pela
exegese. Ex.:
Moisés: Por ele Deus nos mandou a
lição de justiça junto com os dez mandamentos;
Jesus: Deus mandou que Ele nos
ensinasse noções de paz, fraternidade e principalmente de
amor.
Acreditamos ainda que Deus manda as
revelações de acordo com a capacidade do homem para
entender tais mensagens, conforme (Hebreus 5:13-14) e
(Mc. 4:33).

Meu comentário:
Ora, pra quê Deus precisa de um
humano, criado por ele, para mandar ensinamentos? Ele não
é poderoso suficiente para fazer isso de sua maneira? E por
que ele mandou para um homem que só abrangeria uns
punhados de sem-terra, que eram os hebreus na época. E,
por que, Deus apareceria para Moisés, que era impuro, e
nunca apareceu para Maria, mãe de “seu único filho”?

Texto:
Sabemos que a evolução da
humanidade é constante, logo, não está estagnada e nem
parou em determinada época. Ora, se a revelação é dada na
medida em que o homem esteja preparado para entendê-la,
e como a primeira foi com Moisés (Justiça) e tempos depois
119
“A verdade em verdade vos digo”

veio a segunda com Jesus trazendo a lição de amor e,


considerando o que disse Jesus: "Tenho ainda muitas coisas
a dizer-vos, mas vós não as podeis suportar agora" (João
16:12) e mais adiante nos promete enviar, no momento
oportuno "o espírito de verdade, que testificará de mim e vos
guiará em toda a verdade; ele vos ensinará todas as coisas e
vos fará lembrar de tudo que vos tenho dito" (João 14:26 e
16:12-13).

Meu comentário:
Pode-se perceber que tudo que Jesus
pregou, os apóstolos e escribas da Bíblia ocultaram com a
desculpa de que ninguém à época entenderia. Ora, se não
foi para isso que Deus mandou Jesus?

Texto:
Entendemos que essa promessa de
Jesus foi cumprida há mais de um século com a terceira
revelação que vem procurando lembrar aos homens a
doutrina de amor empregada por Ele, Jesus.
Com humildade, sem rituais ou práticas
exteriores, seus adeptos se esforçam para levar a cada
coração a mensagem de perdão e de misericórdia,
conscientes de que só por meio da reforma íntima de cada
ser se obterá a transformação de toda a humanidade.
A primeira revelação, com Moisés, tem
os dez mandamentos como ponto de destaque. Para muitos,
principalmente para aqueles de parcos conhecimentos, é
uma revelação de Deus a Moisés em primeira mão. No
entanto, se dermos uma olhada mais profunda na história da
Índia antiga, encontraremos no livro dos vedas, antes da
Bíblia, os mesmos mandamentos classificados como:
Pecados do corpo (bater, matar, roubar,
violar mulheres);
Pecados da palavra (ser falso, mentir,
injuriar);
Pecados da vontade (desejar o mal,
cobiçar, não ter dó dos outros).
Conforme THEODORE ROBINSON, em
"Introduction de L`Histoire dês religions", cit. Por Mário
120
“A verdade em verdade vos digo”

Cavalcanti de Mello em "da Bíblia aos nossos Dias", Ed.


1972, pág 207.

Meu comentário:
Esse pecados que Moisés pregou não
praticarmos, foram todos praticados por ele. Matou
principalmente todos os que não queriam segir as suas leis.
E em nome de Deus. Ele só teve dó de seu irmão, quando
adorou um bezerro de ourro, pois com outros do grupo, ele
mataria.
Texto:
Isso não tira o caráter de revelação de
Deus por meio de Moisés, sugere apenas maior reflexão e
moderação para quem acha que a Bíblia é a única revelação
de Deus aos homens.
Vale salientar que a Bíblia trouxe
revelações divinas aos homens, mas também que outras
revelações têm sido mostradas por Deus, utilizando outros
meios.
A própria ciência pode ser considerada
como um meio de revelações, pois nos tem mostrado com
frequência novos conhecimentos que faz impulsionar o
progresso da humanidade, tal qual a vontade de Deus,
ensinada por Jesus.

Meu comentário:
A bíblia foi escrita pelos hebreus e
judeus. Só falam maravilhas deste povo escolhido...
escolhido para sofrer? Pois sofrem com atentados até hoje.
Já que a ciência pode ser considerada uma revelação, as
drogas, os assassinatos, as armas de destruição em massa,
enfim, tudo são revelações, pois nos chegaram da mesma
maneira que nos chegou o progresso: Pela inspiração de
Deus nos homens!
Sendo Deus criador de todos nós, Pai
de infinito amor, bondade, sabedoria, justiça, etc, iria criar
pequena parte dos seus filhos como "o povo eleito de deus",
conforme se intitularam os hebreus e muitos de nossos

121
“A verdade em verdade vos digo”

irmãos nos dias atuais? E o restante da humanidade? Estão


todos condenados ao sofrimento eterno?
É bom lembrar que os escritores da
Bíblia eram todos judeus, tal qual os hebreus. Que cada leitor
tire suas conclusões a respeito.
Ao examinar cuidadosamente o Antigo
Testamento o leitor chegará a duas alternativas:
Ou era o próprio legislador quem, com o
propósito de obter o devido respeito, atribuía à divindade
todos aqueles rompantes de ferocidades contidos no A.T.,
ou;
O Deus, nosso pai, revelado por Cristo,
que hoje adoramos, respeitamos e admiramos, etc, cujos
atributos são em graus infinitos, é o mesmo descrito no
Antigo Testamento?
"Eis que o homem é como um de nós,
sabendo o bem e o mal" (Gen. 3:22).

A divindade de Jesus

A questão da divindade de Jesus,


rejeitada por três concílios, dos quais o mais importante foi o
de Antioquia (269) foi, em 325, proclamado pelo de Nicéia.
Após a declaração de que Jesus era Deus, vem para
encaixá-lo o dogma da Santíssima Trindade. Mas somos
levados a crer, que esta trindade nada mais foi que uma
cópia da base fundamental de outras religiões, bem mais
antigas que o cristianismo. Podemos citar o constante do
Livro "O Redentor", de Edgard Armond, pág. 15 e 16:
Brahma, Siva e Vischnu – dos hindus
Osiris, Isis e Orus – dos egípcios
Ea, Istar e Tamus – dos babilônios
Zeus, Demétrio e Dionísio – dos gregos
Orzmud, Arimam e Mitra – dos persas
Voltan, Friga e Dinas – dos celtas.
Parece que tudo se encaixa na tradição
cristã a respeito de Jesus, talvez até fosse necessário,
considerando a cultura da época, torná-lo um Deus para que
as pessoas pudessem acreditar mais em seus ensinos,
entretanto, achamos que para os dias de hoje isto poderá
122
“A verdade em verdade vos digo”

causar mais incrédulos, por uma coisa bem simples: é que o


homem moderno coloca a razão e a lógica como base para
acreditar ou não em algo, e agindo assim também em
relação à crença religiosa terá uma fé inabalável.
Com relação a Jesus, podemos afirmar
com absoluta certeza que era um ser superior a nós
humanos, sem, entretanto, chegar a ser um Deus,
principalmente pelos seus ensinos e exemplos de vida,
virtudes essas que serão o nosso passaporte para o "Reino
dos Céus", pois somente através dele é que chegaremos ao
Pai, conforme suas palavras: "Eu sou o caminho, a verdade e
a vida. Ninguém vai ao Pai senão através de mim". Ele
tentava explicar que não existia o “Pai”, e sim, a inspiração
de sermos coesos, honestos, sérios, sabedores do perdão,
etc.
O Mestre nunca afirmou ser Deus, o
criador. Muito pelo contrário, Ele habitualmente se intitulava
"filho do Homem" cuja citação encontra-se oitenta vezes nos
Evangelhos, sendo (30 em Matheus, 14 em Marcos, 26 em
Lucas e 10 em João). Poucas vezes Ele se disse filho de
Deus. E se é filho, não pode ser o Pai. Os teólogos
costumam apresentar como prova da divindade de Jesus a
frase: "Eu e o Pai somos um" (João 10:30). Não sabemos o
porquê de ignorar o enunciado logo adiante (João 17:11) "Pai
Santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que
sejam um, assim como nós" e também em (João 17:21) "para
que também eles sejam um em nós", referindo-se também
aos seus discípulos. Daí, o próprio Jesus tenta usar de meios
linguísticos e explicativos à época, para elucidar o papel dele
e Deus no universo. Como eram todos semi bárbaros, ele
teve pouco sucesso, tanto que podemos confirmar o seu fim.
Se fosse o caso de seu pai ter sido
somente Deus, ele não teria sofrido daquela maneira. Pois
qual pai deixaria seu filho passar por aquilo tudo, observando
do trono celestial? E não serve o argumento de que era
preciso ele passar por aquilo para mostrar o seu amor por
nós. Santa imaginação!
Em outras passagens, Jesus se coloca na condição de
subordinado a Deus, prestando-lhe obediência e cumprindo-

123
“A verdade em verdade vos digo”

lhe a vontade. Como sugestão deixamos as indicações


seguintes para que o leitor se inteire mais do assunto:
João 4, 34: Jesus afirmou: "Meu alimento é fazer a vontade
daquele que me enviou a levar a cabo a sua obra"
João 5, 19: "Eu vos afirmo e esta é a verdade: o Filho nada
pode fazer por si mesmo, a não ser o que vê o Pai fazer".
João 5, 30: "Não posso fazer nada por mim mesmo. Julgo
segundo o que ouço; e o meu julgamento é justo, porque não
procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me
enviou".
João 6, 37-38: "Tudo o que o Pai me dá, virá a mim e não
jogarei fora o que vem a mim, porque desci do céu, não para
fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me
enviou".
João 7, 28: "Se me amásseis, vos alegraríeis de que eu vá
ao Pai, porque o Pai é maior do que eu".
Nessa última passagem, é bem taxativa a superioridade do
Pai sobre Jesus. Não há como contestar. Outras citações
semelhantes, contidas no evangelho segundo João: (João
5:24; 6:29: 6:44; 7:29; 8:26; 12:45; 17:3), etc.
Assim, caros leitores, mais uma vez
codificada, a Bíblia se expõe às incoerências, de insinuar que
Deus é o Espírito Santo que fez Jesus, e que Jesus, ao
mesmo tempo, é Deus. O espírito que Maria recebeu, era um
espírito de luz, já que ela era vidente. E o filho, Jesus, foi
gerado por ela e por José. Nada de engravidar por espírito e
continuar virgem, ora essa. E, quando Jesus diz que desceu
dos céus, ele veio de um plano superior, mandado, não pelo
pai – Deus -, mas por entidades mais gabaritadas do que ele,
e que comandam obedecendo hierarquicamente a Forças
Maiores.
Ao estudarmos a história do
cristianismo, veremos que Jesus nunca foi considerado como
Deus. Tudo começou no Concílio de Nicéia no ano de 325
com as decisões sendo obedecidas segundo a vontade do
Imperador Constantino, por questões políticas, acrescendo-
se que ele era pagão e que só veio a ser batizado quando
estava próxima a sua morte, ocorrida em 337.

AS PENAS ETERNAS
124
“A verdade em verdade vos digo”

Deus é Amor (João 4:16)


Se Deus é amor, tudo que Ele faz, que
Ele cria é com muito amor. E nós, seres humanos, fomos
criados por Deus? Partindo deste princípio que entendemos
ser verdadeiro, cabe perguntar: Como o Pai de infinito amor,
bondade, sabedoria, justiça, etc., pode permitir que seus
filhos possam arder eternamente no fogo do inferno?
(1ª Tim. 2:3 e 4) "Deus quer que todos
os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da
verdade". Ora, o que Deus quer sempre se realiza. E mais,
Jesus nos ensinou a amar os nossos inimigos; a perdoar
quantas vezes for necessário.
Vejam que nós, que ainda somos
pequenos e imperfeitos, temos essas recomendações e
muitos as praticam, imaginem nosso Pai Celestial, de infinita
misericórdia, amor, bondade, etc., vai condenar suas
criaturas ao fogo eterno?
Algumas contradições à idéia do
sofrimento eterno:
Na primeira epístola de Pedro, Cap. 3:
18-20, está escrito que Jesus desceu ao inferno para pregar
seu evangelho aos espíritos em prisão. Isso vem provar mais
uma vez que não existem penas eternas, condenação
perpétua no fogo do inferno, etc. Se assim fosse, o que
Jesus iria fazer ali? Que nós pagamos pelos nossos erros,
não tenho dúvidas. É como está na (2ª carta de Paulo aos
gálatas, 6: 5-9) "Porque cada qual carregará seu próprio
fardo".
(Salmo 22:27) "Toda terra se converterá ao Senhor e todas
as Nações adorarão sua face";
(Isaias 31:34) "Por um momento te desamparei, mas tornarei
a acolher-te com grande misericórdia";
(Ezeq. 33:11) " não quero a morte do ímpio, mas que ele se
converta e viva";
(Miquéias 7:18) "O Senhor não retém sua ira para sempre
porque tem prazer na misericórdia";
(Joel 2:32 e Rom 10:13) "Todo aquele que invocar o nome do
Senhor, será salvo";

125
“A verdade em verdade vos digo”

(Mt 18:14) "Não é da vontade do Pai que nenhum destes


pequeninos se perca";
(Salmo 103: 8-9) "O Senhor é misericordioso, compassivo e
benigno. Não repreende perpetuamente, nem conserva para
sempre a sua ira".
Queremos lembrar que São Jerônimo, o mesmo que antes
de traduzir a Bíblia por ordem do Papa Dâmaso I, mandou-
lhe uma carta afirmando que era impossível dizer a verdade
de fatos desencontrados, disse ele: "Muitos sustentam que
os tormentos terão um fim, mas no momento isso deve ser
dito queles para os quais o temor é útil, a fim de que, pelo
terror dos suplícios, parem de pecar. (" Obras de S.
Jerônimo", Ed. Bened. Vol III. Pág. 514).
"Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao
conhecimento da verdade" (1ª Paulo 2:4).
"Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo a
salvação a todos os homens" (1ª Paulo 2:11).
"e toda carne verá a salvação de Deus" (Lucas 3;6).
"A vontade de Deus está aí expressa. Será que a vontade de
Deus não é soberana? Se Ele quer, conseqüentemente Ele
conseguirá. Deus fez o mundo e todo o universo por ato de
sua vontade. Bastou Ele querer e tudo se fez. Então, se Ele
quer que todos os homens se salvem, não é uma frase solta
do Antigo Testamento que vai mudar essa soberana
vontade".
Jesus ao dizer:
(Mt. 5: 26) "daí não sairá, enquanto não pagar até o último
centavo" ;
(Mt 18:34) "O patrão indignou-se, e mandou entregar esse
empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua
dívida". Ora, isso deixa claro que até pagar a dívida ou o
último centavo seria o tempo necessário em que o devedor
ficaria preso ou entregue aos torturadores, não mais que
isso, abolindo, portanto, a idéia das penas eternas e do
inferno eterno.
Um fato histórico importante foi que
durante a longa residência na Pérsia, os judeus travaram
conhecimento com um novo sistema religioso, o
zoroastrismo, Religião dos Persas e Medos que se
caracterizava pela consagração divina das forças naturais.
126
“A verdade em verdade vos digo”

Os persas seguiam um grande mestre de nome Zaratustra,


ou Zoroastro. Fundamentava, o zoroastrismo, o triunfo do
bem sobre o mal.
"Zoroastro considerava que o deus do
Bem, Ormuzd, estava sempre em guerra com o deus do mal
- Ariman. Ora, isto era uma idéia nova para a maior parte dos
judeus".
"Até então haviam os judeus,
reconhecido um Senhor único ao qual deram o nome de
Jeová. Quando as coisas corriam mal, quando eram
derrotados nas batalhas, etc., invariavelmente atribuíam o
desastre à falta de devoção do povo.
A idéia de que o pecado proviesse da
interferência de um espírito do mal, nunca lhes ocorrera. A
própria serpente no Paraíso parecia-lhes menos culpada que
Adão e Eva, os quais conscientemente haviam
desobedecidos a vontade divina".
"Sob a influência das doutrinas de
Zaratustra, os judeus começaram a crer na existência de um
espírito que procurava desfazer a obra de Jeová. E a esse
adversário deram o nome de Satã".
"Passaram a odiá-lo e temê-lo, e no ano
331a. C. convenceram-se de que Satã andava pela terra".

EXISTE INFERNO?

O inferno – tido como lugar subterrâneo


para onde vão as almas dos mortos – não ficou somente na
mitologia. Invadiu várias religiões desde a antiguidade até os
nossos dias. A influência continua tão intensa, que mesmo
não pertencendo a uma religião, faz-se uso desse conceito
para expressar as mais diversas situações do nosso dia-a-
dia.
Na mitologia grega, após a vitória do
Olimpo sobre os titãs, foi feita a partilha do universo entre os
três irmãos, filhos de Cronos e Réia. A Zeus coube o Céu; a
Posseidon, o Mar; a Hades, o tártaro.
Na tradição cristã, a conjunção luz-
trevas simboliza os dois opostos: Céu e o inferno.

127
“A verdade em verdade vos digo”

Os pagãos antigos concebiam o tártaro


como um lugar de suplício para as almas errantes da terra.
Plutão era o administrador-chefe daquele local e de seus
sofredores.
Ele não se comprazia com o suplício
alheio e nem saía a fazer tentações para arregimentar
pessoas para aumentar sua população de miseráveis, a
respeito do que fazia ou faz o lendário satã.
Vê-se que os pagãos dessa época não
tinham a idéia do inferno, criada tempos depois pelos
cristãos nos moldes atuais.
Paulo Alves Godoy, em sua obra
intitulada "O Evangelho Pede Licença", 2ª edição, 1990, pág
235-236, nos mostra que nas circunvizinhanças de
Jerusalém, mais especificamente ao sul da cidade, existia
um buraco, vale ou um abismo provocado pela erosão das
chuvas, denominado geena, onde se jogavam os detritos
(lixo) recolhidos da cidade e também os cadáveres de
animais e de indigentes encontrados nas ruas e estradas
próximas.
Era um local terrível onde o fogo, a
exemplo do fogo de monturo, ardia incessantemente e os
vermes corroíam os corpos em decomposição.
Com o objetivo de propiciar aos homens
da época uma visão de local de sofrimento, Jesus disse,
como simbolismo da geena: "onde o bicho não morre, mas
corrói incessantemente, e o fogo jamais se extingue". Daí,
para o homem formar uma idéia de inferno, não demorou
muito. Arquitetou-se um império de trevas e elegeram
belzebu, lúcifer, diabo ou o demônio e importou-se do
zoroastrismo a figura lendária de satã ou satanás como o seu
chefe terrível.
E rapidamente a geena, que de um
simples buraco, vale ou precipício, passou à condição de
inferno. Esse inferno dos cristãos era muito mais terrível do
que o tártaro dos pagãos. Para os cristãos, satã saía (ou sai)
a perseguir as pessoas, induzindo-as ao erro para aumentar
cada vez mais a sua população de sofredores, enquanto que
plutão apenas administrava o tártaro e seus aflitos.

128
“A verdade em verdade vos digo”

O autor nos conta ainda que São


Thomaz de Aquino, afirmou que os anjos contemplavam o
sofrimento terrível dos condenados nos caldeirões de óleo
ferventes, repletos de alegrias e rendendo graças ao Senhor
por sua própria felicidade.
Sobre essa questão de inferno,
recorreremos ao Dr. Severino C. da Silva, que nos traz:
"Satanás"
"Satanás é uma figura muito
controvertida na Bíblia. A palavra ‘Satã’ significa também
acusador, adversário, etc".
"Aparece, pela primeira vez no livro de
Jó. A sua intimidade com Deus e o direito de entrar no ‘Céu’,
de ir e vir livremente e dialogar com Ele torna-o uma figura
de muito destaque. Veja o livro de Jó 1:6 ‘Um dia em que os
filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, veio
também Satanás entre eles’".
"O livro de Jó foi escrito depois do Exílio
Babilônico. Sabemos que o povo judeu tendo retornado a
Israel com a permissão de Ciro, rei persa, no ano de 538
a.C., assimilou muitos costumes dos persas.
Isso ocorreu devido à simpatia e apoio
que receberam do rei, que inclusive permitiu a construção do
Segundo Templo judaico e ainda devolveu muitos de seus
tesouros, que haviam sido roubados".
"A religião dos persas, o Zoroastrismo,
influenciou sobremaneira o judaísmo".
"No Zoroastrismo, existe o Deus
supremo ‘Ahura-Mazda’ que sofre a oposição de uma outra
força poderosa, conhecida como ‘Ahriman’, ‘o espírito mau’.
Desde o começo da existência, esses dois espíritos
antagônicos têm-se combatido mutuamente".
"O Zoroastrismo foi uma das mais
antigas religiões a ensinar o triunfo final do bem sobre o mal.
"E foi do Zoroastrismo que os judeus aprenderam a crença
em um ‘Ahriman’, um diabo pessoal, que, em hebraico, eles
chamaram de ‘Satanás’. Por isso, o seu aparecimento na
Bíblia só ocorre no livro de Jó e nos outros livros escritos
após o exílio Babilônico, do ano de 538 a.C. para cá. Nestes
livros, já aparece a influência do Zoroastrismo persa.
129
“A verdade em verdade vos digo”

Observe ainda que a tentação de Adão e Eva é feita pela


serpente e não por Satanás, demonstrando assim, que o
escritor do Gênesis não conhecia a idéia de Satanás.
Assim, está evidenciado que Satanás
não é um conceito original da Bíblia, e sim, introduzido nela,
a partir do Zoroastrismo Persa". "E assim, a Bíblia continua
sendo alterada pela vontade do homem".

"Demônios"

"A palavra demônio não implica na idéia


de Espírito mau senão na sua significação moderna, porque
a palavra grega ‘daimon’, da qual se origina, significa, ‘Deus’,
‘poder divino’, ‘gênio’, ‘inteligência’, e se emprega para
designar os seres incorpóreos, sem distinção". Sócrates já
dizia que ouvia o seu "daimon" nas orientações". Demônio
não é o mesmo que satanás.
"Segundo a significação vulgar, a
palavra ‘demônios’ significa seres essencialmente malfazejos
e seriam, como todas as coisas, criação de Deus. Ora, Deus
que é soberanamente justo e bom não pode ter criado seres
predispostos ao mal por sua natureza e condenados por toda
a eternidade. Se não são obras de Deus, seriam, pois, como
Ele, de toda a eternidade, ou então haveria várias potências
soberanas".
"Compreende-se que, na crença dos
povos antigos e atrasados, que não conheciam os atributos
de Deus, fossem admitidas as divindades malfazejas, como
também os demônios, mas, é ilógico e contraditório, para
aqueles que fazem da bondade de Deus um atributo por
excelência, suporem que Ele possa ter criado seres
devotados ao mal e destinados a praticá-lo perpetuamente.
Isso seria uma negação da bondade divina.
Demônio, por uma questão de
semântica, derivou-se da palavra daimon, pois desde o séc.
5ºa.C. Sócrates já fazia referências ao seu protetor e
orientador, o bom daimon. A idéia de satanás surgiu, como
vimos, após a influência sofrida pelos judeus em seus
contactos com os persas e o zoroastrismo, por volta de 538
a.C..
130
“A verdade em verdade vos digo”

Provado está que Jesus nunca


expulsou satanás. Vejam:
Eis que eu expulso demônios, e efetuo
curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia sou consumado
(Lucas 13.32).
E, expulso o demônio, falou o mudo; e a
multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.
(Mt 9.33).
Mas, se eu expulso os demônios pelo
Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus. (Mt
12.28).
As passagens colocadas provam
exatamente que Jesus não expulsou satanás de ninguém,
pois isto não existe, apenas demônios, que nada mais são
que espíritos impuros no momento, embrutecidos, mas que
são todos criaturas de Deus, a caminho da evolução, tal qual
nós, seus irmãos um pouquinho mais evoluídos.
"Lúcifer"
"Do latim, lux, fero= que traz luz, que dá
claridade, luminoso".
"O versículo 12 do capítulo 14 de Isaías
deu origem à palavra Lúcifer quando da tradução da Vulgata.
Alguns teólogos citam ainda Ezequiel 37: 2-11, como
referentes a ele. No entanto, nos textos da Bíblia hebraica e
grega, esta palavra (Lúcifer) não aparece. Acompanhamos
as diversas traduções":
Tradução correta:
"Como caíste dos céus, estrela filha da
manhã. Foste atirada na terra como vencedora das nações".
"Veja o versículo no latim, onde São
Jerônimo coloca a palavra Lúcifer: ‘quomodo cecidisti de
caelo LUCIFER (astro brilhante, ou luz matutina) qui mane
oriebaris corruisti in terram qui vulnerabas gentes’. ‘Como
caíste do céu, ó estrela d’alva, filha da aurora! Como foste
atirada à terra, vencedora das nações’. (Is. 14:12)".
A Bíblia anotada traz o seguinte: "Como
caíste do Céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste
lançado por terra, tu que debilitava as nações!". (Is. 14:12)
"Assim, fica constatado que o termo é
latino, e lançado por São Jerônimo, quando da tradução da
131
“A verdade em verdade vos digo”

Vulgata, no século III da era cristã. É o homem, a seu bel


prazer, alterando a Bíblia.
Alguns tentam ligar esta passagem ao
Apocalipse 8, 10 como sendo aí a queda de Lúcifer, mas a
história de que seria o chefe dos anjos caídos, citados na II
epístola de Pedro 2:4 e Judas 6, não tem fundamento
comprovado no Antigo Testamento, como podemos
observar".
"O capítulo 14 de Isaías do versículo 3
ao 22 refere-se a queda e destruição do rei Nabucodonosor,
da Babilônia. Foram os padres e teólogos da igreja católica
que lançaram o versículo 14:12 como sendo referente a
queda do príncipe dos demônios, LÚCIFER".
"Uma vez mais nos deparamos com a
questão das traduções, dos folclores e das crenças
pessoais!". E tome alterações humanas na "palavra de
Deus".
E como ficam as mensagens de perdão, de salvação da
humanidade pelo Pai? Dentre inúmeras mensagens bíblicas,
citaremos apenas os seguintes exemplo:
(Mc 3: 28) "Tudo será perdoado aos filhos dos homens: os
pecados e as blasfêmias";
(Lc 17: 21) "Eis que o reino do Céu está entre (ou dentro de)
vós";
(Isaias 43: 7) "Deus criou o homem para sua glória";
(1ª Timóteo 2: 3-4) "Deus quer que todos se salvem e
cheguem à verdade";
(Oséias 6: 6) "Disse o Senhor: Misericórdia quero, não o
sacrifício" ;
Vejam o capítulo anterior, das penas eternas.

Pedro - Primeiro Papa

Os católicos nos criticam (e também


aos protestantes) por não aceitarmos os Papas como
sucessores de Pedro e inspirados pelo Espírito Santo.
132
“A verdade em verdade vos digo”

Vejamos os argumentos usados por


eles:
"Também eu te digo que tu és Pedro, e
sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16:18)
Na Epístola aos Efesios, Cap II, v.20,
está escrito claramente que a Igreja está fundamentada
sobre a fé dos apóstolos e Profetas, sendo Jesus Cristo a
principal pedra do angulo. S. Cirilo escreveu: "A rocha ou
pedra de que nos fala Mateus, é a fé imutável dos apóstolos".
S. Crisóstomo quando, em sua homilia 56 a respeito de
Mateus, escreve: "Sobre esta rocha edificarei minha igreja: e
esta rocha é a confissão de Pedro."
E qual foi a confissão de Pedro?
Está no versículo 16: "Tu es Cristo, o
Filho de Deus vivo". Santo Agostinho se expressa assim
sobre a Primeira Epistola de S. João: "Edificarei minha igreja
sobre esta rocha, significa claramente que é sobre a fé de
Pedro".
No seu tratado 124 sobre o mesmo S.
João, encontra-se essa frase: "Sobre esta rocha, que acabais
de confessar, edificarei minha igreja; e a rocha era o próprio
Cristo, filho de Deus".
Tanto esse santo não acreditava que a
Igreja fosse edificada sobre São Pedro, que disse em seu
sermão no 13:
"Tu és Pedro, e sobre esta rocha ou
pedra que me confessaste, que reconheceste, dizendo: Tu
és o Cristo, o Filho de Deus vivo, edificarei a minha igreja,
sobre mim mesmo; pois sou o Filho de Deus vivo. Edificarei
sobre mim mesmo, e não sobre ti."
Haverá coisa mais clara??
Dizem as escrituras que Cristo até
proibiu Pedro e seus colegas de reinarem ou exercerem
senhorio (Lucas, XXII, 25 e 26). Cristo prometeu tronos aos
apóstolos (Mateus, Cap. XIX, v. 28), sem dizer que o de
Pedro seria mais elevado que os dos outros. Os concílios do
quatro primeiro séculos nunca deram, nem reconheceram o
poder e a jurisdição que os bispos de Roma queriam ter.

133
“A verdade em verdade vos digo”

Claro que Pedro, depois de Jesus


desencarnar, seria o ponto de partida para as futuras
pregações evangélicas. E assim, depois da crucificação,
vamos encontrar Pedro em Jerusalém, como centro
irradiador de forças espirituais e de ensinamentos para o
Cristianismo nascente. E mais tarde, ao lado de Paulo em
Roma, Pedro articula os trabalhos evangélicos que se
desenvolviam na grande cidade, trabalhando fielmente até
cair vítima da perseguição. Atendendo à sua fé franca e
sincera e ao seu espírito ponderado e humilde com muita
coragem de lutar, Jesus confia a Pedro a orientação dos
primeiros passos do Cristianismo e a direção dos primeiros
trabalhos da disseminação do Evangelho. Mas onde está
escrito que Pedro teria sucessores, escolhidos pelos
homens, e que esses sucessores viveriam da religião e não
para a religião? Onde diz que os sucessores seriam
considerados infalíveis e seriam chamados "santidade"? Não
disse isso, nem que os padres seriam sucessores dos
apóstolos com poder de perdoar pecados. Disse que
apóstolos perdoassem, pois esses eram médiuns, estavam
preparados, sabiam reconhecer quem tinha realmente fé,
quem estava realmente transformado e merecia ser
perdoado, como fazia Jesus, inclusive CURANDO os
enfermos após perdoar, obviamente livrando eles das
enfermidades causadas pelos pecados de que agora eram
perdoados.
É um absurdo comparar o exemplo de
humildade e luta de Pedro com os Papas ao longo da
História. Pedro jamais aceitaria o título de "Santidade", muito
menos ser considerado infalível. Maior absurdo ainda dizer
que o Papa é representante de Jesus ou Deus (o que para
os católicos e evangélicos é a mesma coisa) na Terra. Só
podemos considerar isso como uma enorme PRESUNÇÃO.
Cristo disse: "O filho do homem não tem uma pedra para
reclinar a cabeça, embora as aves do céu tenham seus
ninhos e os lobos tenham os seus covis". Nasceu numa
manjedoura, num lugar modesto, numa gruta. Morreu na
cruz. Toda a sua vida foi muito simples. Ele é o chefe da
Igreja Católica. Não mais do que isso. O século IX é
conhecido pelos escândalos pontificiais. O tempo em que os
134
“A verdade em verdade vos digo”

papas, sanguinários e mundanos, eram designados por


mulheres dissolutas, como Teodora e Marozzia. O Papa
Gregório, o Grande, condenou o culto aos ídolos e Bonifácio
III e IV restabeleceram o mesmo culto. Quais destes era mais
infalível e inspirado pelo Espírito Santo?
No início do século V, o padre João
Huss, mártir e herói nacional da antiga Checoslováquia, reitor
da Universidade de Praga, foi mandado para fogueira pela
Igreja, por causa dos seus trabalhos negando a autoridade
do Papa, censurando os vícios do clero, as indulgências, etc.
Apelam os católicos para o fato de Jesus ter prometido
assistência para sua Igreja e que as portas do inferno não
prevaleceriam contra ela. Mas Jesus certamente não foi
conivente com os absurdos cometidos pela Igreja Católica ao
longo da História. Sua Igreja é a de "um só rebanho e um só
pastor", e não exclusivamente a Católica ou uma das
diversas igrejas evangélicas, cada uma delas dizendo ser a
Verdade. Jesus falava da VERDADEIRA IGREJA DO
CRISTO, a que leva a reforma íntima, a transformação do
indivíduo e, por fim, de toda a Humanidade. O inferno não
prevalecera contra os que colocarem seus ensinos em
prática, e não os dessa ou daquela Igreja.
Jesus não criou uma Igreja com uma
hierarquia baseada em valores materiais, e sim espirituais.

A Bíblia é Infalível?

Queremos deixar claro, de início, que a


Bíblia é um conjunto de bons livros, os quais, devem ser lidos
e refletidos em suas mensagens. Eu leio as diferentes Bíblias
que chegam ao meu alcance, conforme se verifica na
bibliografia. Busco analisa-las, comparando-as e tirando
minhas conclusões, de acordo com o meu grau evolutivo. Daí
a razão maior deste trabalho. Por isso é que lanço aqui um
S.O.S. a quem possa e queira, ainda que de acordo com seu
ponto de vista trazer-me os esclarecimentos necessários, em
conformidade com as divergências, no nosso entendimento,
aqui apresentadas.

135
“A verdade em verdade vos digo”

Se a humanidade lesse a Bíblia e


procurasse seguir seus ensinamentos, dentro das
recomendações do apóstolo Paulo ao dizer: "conheceis de
tudo e tirai proveito do melhor", com toda certeza teríamos
um Mundo, também melhor. Sua leitura, então, é
recomendada. Só que os tempos mudaram e estamos mais
esclarecidos. Não é qualquer imposição, sem o crivo da
razão, que estamos aceitando. Portanto, bom senso nas
leituras.
Se temos mais de uma versão bíblica,
acreditar mais em qual delas?
Por que será que a Bíblia católica tem
setenta e três livros; a protestante tem sessenta e seis e a
hebraica, texto original, tem somente trinta e nove? Estão
todas corretas?
Basicamente temos, na origem, três
Bíblias diferentes:
A Bíblia judaica, ou o Velho
Testamento, ou O Tanách, com 39 livros;
A Bíblia protestante com 66 livros;
A Bíblia católica com 73 livros.
Você lê a Bíblia, acredita nela, segue
seus mandamentos e a defende como a "palavra de Deus".
Qual, afinal, a Bíblia que você segue? Para você ela é a
correta. Ótimo! E o que dizem os outros irmãos a respeito
das outras Bíblias que eles adotam? Provavelmente o
mesmo. Vejam outras diferentes Bíblias:
A Bíblia Sagrada. (Sociedade Bíblica do
Brasil) Tradução de João Ferreira de Almeida;
A Bíblia de estudo pentecostal
(Assembléia de Deus). Também traduzida por João F. de
Almeida.
Tradução do novo mundo das
Escrituras Sagradas (Testemunhas de Jeová);
A Bíblia de Jerusalém (traduzida por
católicos e protestantes);
A Bíblia, tradução Ecumênica, traduzida
por irmãos de várias crenças, inclusive do judaísmo. (É bom
registrar que as leis do judaísmo têm 613 mandamentos).

136
“A verdade em verdade vos digo”

Bíblia judaica com 39 livros (não


contém o novo testamento).
O original bíblico foi escrito em
hebraico, considerado pelos judeus como a língua sagrada,
com a qual Deus criou o Mundo.
Vejam mais citações de outras Bíblias
na bibliografia.
Vamos citar um mesmo fato, registrado
em duas passagens diferentes nas Bíblias, e que o leitor (a)
conclua a respeito. (2º Samuel 24: 1) "Tornou-se a ira do
Senhor a acender-se contra os Israelitas, e incitou a David
contra eles, dizendo: vai, levanta o censo de Israel e de
Judá."; (1ª Crônicas 21: 1) " Então satanás se levantou
contra Israel, e incitou a David a levantar o censo de Israel e
de Judá (21: 5)".
Os fatos são os mesmos. Na primeira
passagem é a ira do Senhor contra Israel. Na segunda, já é
satanás. Isso pode levar a interpretação de algumas pessoas
de que o Senhor (1ª citação) tenha virado satanás na
segunda citação. É claro que Deus, o Senhor não é igual a
satanás, que nem mesmo existe. (vide o zoroastrismo). E por
que essa mudança nas Bíblias?
Vejamos então alguns fatos que
possam explicar o motivo divergente, mas que deixam
marcas indeléveis na credibilidade das Bíblias como num
todo.
Os livros de Samuel foram escritos no
ano 622 a.C., antes da influência Persa. E foi do
zoroastrismo, uma das mais antigas religiões, que os judeus
passaram a acreditar na figura de um diabo pessoal que em
hebraico chamaram de satanás (lenda). Por isso, seu
aparecimento nas Bíblias só ocorre do livro de Jób 1: 6 em
diante, após o exílio babilônico, do ano 538 a.C. para cá.
Imaginem se o escritor do Gênesis
conhecesse as figuras de satanás ou do diabo. Será que
seria mesmo a serpente a autora da tentação de Adão e
Eva?
Já o livro de Crônicas foi escrito no
início dos anos 300 a.C., portanto, sob a influência do
zoroastrismo Persa.
137
“A verdade em verdade vos digo”

E o que era o Senhor no livro de


Samuel, passa a ser satanás no livro de Crônicas. Deduz-se
disso tudo que satanás não é um conceito de origem Bíblica.
"Os filhos não pagarão pelos pecados
dos pais, nem os pais pelos pecados dos filhos" (Dt. 24:16);
(Jer. 31:29- 30); (Ezeq. 18:20), o que é uma questão de
justiça.
No entanto, foi escrito que "Deus
visitará a iniqüidade dos pais, nos filhos, até a terceira e
quarta gerações" (Ex. 34:7; Num. 14:18; Deut. 5:9), no que
consiste uma contradição bíblica, pois quem consultar o texto
original da vulgata latina de são Jerônimo verá que mais uma
alteração foi processada na Bíblia, pois onde constava
"na terceira e na quarta geração", como menciona Paulo
Finotti em seu livro "ressurreição", edit. Edigraf, 1972, pág
45, passou a constar "até a terceira e quarta gerações", o
que muda em muito o seu significado.
E os desencontros continuam. Para
quem afirma que a Bíblia é infalível, analise, do ponto de
vista da razão, as seguintes passagens:
Deus fala para Arão e Miriam que se
fazia conhecer-lhes em visão ou falava-lhes em sonho
(Nm.12:6) e não é assim com o servo Moisés (Nm. 12:7) pois
falo com ele boca a boca e não por enigmas, pois ele vê a
forma do Senhor (NM. 12:8);
(Ex. 33:18) Moisés disse: "rogo-te que me mostre a tua
glória";
(Ex. 33:20) "E acrescentou o Senhor: não me poderás ver a
face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá".
Afinal, Moisés viu ou não viu a face do Senhor? A conclusão
é do leitor.
E por que será que Nadabe e Abiú (Ex. 24:9-11) morreram
queimados (Levítico 10:1-2)? E de acordo com (Lv. 10:5),
suas roupas e seus corpos não foram queimados pelo fogo
que os matou ".
(João, 1:17) "Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a
graça e a verdade vieram por Jesus";
(João 1:18) "Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito,
que está no seio do Pai, é quem o revelou";

138
“A verdade em verdade vos digo”

(Ex. 24:9-11) "... Moisés, Arão, Nadabe, Abiu e setenta


anciões de Israel viram a Deus).
Diante das contradições dos textos acima, segundo meu
pequeno entendimento, e salvo melhor juízo do leitor, fico
com a mensagem de (João 1:18).
Concordando também que no atual estágio em que nos
encontramos no momento, é impossível vermos a face de
Deus. Estamos de acordo que vemos seus enviados,
espíritos evoluidíssimos, que trazem as mensagens divinas
até nós. Até porque Deus é onipresente (está em todo lugar,
a qualquer momento e não iria Ele prender-se a um
atendimento pessoal, conforme determinados textos bíblicos
nos insinuam). É a nossa humilde opinião.
Mateus 27, 32: Ao saírem, encontraram um cireneu,
chamado Simão, a quem obrigaram a carregar-lhe a cruz.
Marcos 15, 21: E obrigaram a Simão Cireneu, que passava,
vindo do campo, a carregar-lhe a cruz.
Lucas 23, 26: E como o conduzissem, constrangendo um
cireneu, chamado Simão, que vinha do campo, puseram-lhe
a cruz sobre os ombros, para que a levasse após Jesus.
João 19, 17: Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele próprio,
carregando a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário,
Gólgota em hebraico.
Obs.: Mateus, Marcos e Lucas dizem que o cireneu,
chamado Simão, foi obrigado a carregar a cruz de Jesus,
enquanto que João diz que foi o próprio Jesus quem levou a
cruz. Afinal, mais alguém, além de Jesus, carregou a cruz ou
não ?
Acreditar mais em qual Bíblia?
Por que será que a Bíblia católica tem
setenta e três livros; a protestante tem sessenta e seis e a
hebraica, texto original, tem somente trinta e nove? Estão
todas corretas?
Basicamente temos, na origem, três
Bíblias diferentes:
A Bíblia judaica, ou o Velho
Testamento, ou O Tanách, com 39 livros;
A Bíblia protestante com 66 livros;
A Bíblia católica com 73 livros.

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“A verdade em verdade vos digo”

Você lê a Bíblia, acredita nela, segue


seus mandamentos e a defende como a "palavra de Deus".
Qual, afinal, a Bíblia que você segue? Para você ela é a
correta. Ótimo! E o que dizem os outros irmãos a respeito
das outras Bíblias que eles adotam? Provavelmente o
mesmo.
A Bíblia Sagrada. (Sociedade Bíblica do
Brasil) Tradução de João Ferreira de Almeida;
A Bíblia de estudo pentecostal
(Assembléia de Deus). Traduzida por João F. de Almeida.
Tradução do novo mundo das
Escrituras Sagradas (Testemunhas de Jeová);
A Bíblia de Jerusalém (traduzida por
católicos e protestantes);
A Bíblia, tradução Ecumênica, traduzida
por irmãos de várias crenças, inclusive do judaísmo. (É bom
registrar que as leis do judaísmo têm 613 mandamentos).
Bíblia judaica com 39 livros (não
contém o novo testamento).
O original bíblico foi escrito em
hebraico, considerado pelos judeus como a língua sagrada,
com a qual Deus criou o Mundo.
Vejam mais citações de outras Bíblias
na bibliografia.
Sobre as alterações na Bíblia, assim se
manifestou o notável teólogo H. BETESSON, em
("Documentos da Igreja Cristã", pág 28): "A autoridade da
sagrada escritura não depende do testemunho de qualquer
homem ou Igreja, mas totalmente de Deus, o seu autor (...).
Nada nunca deve ser acrescentado, quer por novas
revelações do espírito, quer por tradições de homens. A
regra infalível da interpretação da escritura é a própria
escritura".
A esse respeito, vejamos as palavras
do Cristo: "Ainda tenho muito a vos dizer, mas vós não
podeis suportar agora (João 16:12). Mas o espírito de
verdade vos guiará e fará lembrar de tudo que eu disse"
(João 14:26).
Obs: Nós acreditamos nas palavras de
Jesus e respeitamos o pensamento do notável teólogo.
140
“A verdade em verdade vos digo”

A Septuaginta
No Século III a.C. importante colônia
judaica vivia em Alexandria, no Egito, onde a língua
predominante era a grega. Era necessário que o povo judeu
possuísse a bíblia nesse idioma.
Ptolomeu Filadelfo II, Rei egípcio, tinha
um bibliotecário (Demétrio Falário) que solicitou e recebeu do
sumo sacerdote de Jerusalém, setenta e dois sábios,
representantes das doze tribos de Israel, com a incumbência
de traduzirem a Bíblia do idioma hebraico para o grego.
Durante a tradução, alguns livros foram
acrescentados aos originais hebraicos, conforme segue:
Livro de Daniel e Éster. (suplementos);
Livro de Judite;
Livros de Tobias;
I e II livros dos Macabeus;
Livro do Eclesiástico;
Livro de Baruc;
Carta de Jeremias.
A Igreja católica admitiu-os como
inspirados. No entanto, na época da reforma religiosa, os
protestantes recusaram tais livros por não fazerem parte da
Bíblia original, a hebraica. Esse episódio nos dá a certeza de
que os textos bíblicos atuais contam com diversas
alterações, sempre de acordo com os interesses dos seus
tradutores. Por isto que as Bíblias dos protestantes e dos
católicos contam com uma diferença de sete livros.

A Vulgata de São Jerônimo

Vulgata (divulgada) é a denominação


dada a tradução da Bíblia, do idioma grego para o Latim,
realizada por São Jerônimo.
Tudo começou no Séc. III d.C. com as
divergentes interpretações a respeito dos Evangelhos e do
próprio Cristo. O Mundo judaico vivia verdadeiro desencontro
de opiniões, com as paixões, preconceitos e sanguinolentas
perturbações no Império Romano. Foi então que o Imperador
141
“A verdade em verdade vos digo”

Teodósio, por influência do Bispo de Roma, confere


supremacia ao papado.
A partir daí e para dirimir as dúvidas
que causavam discórdias, resolveu-se unificar o velho e o
novo testamento, formando assim, uma única Bíblia com o
texto em Latim.
Na obra de Severino C. da Silva, citada
acima, página 43, está transcrita a ordem que o Papa
Dâmaso confere a São Jerônimo, em 384, a missão de
redigir uma tradução latina do antigo e do novo testamento,
do qual será transcrita aqui somente uma parte.
"A fim de pôr termo a essas
divergências de opinião, no momento em que vários concílios
acabam de discutir acerca da natureza de Jesus, uns
admitindo, outros rejeitando a sua divindade, confio-lhe a
missão de redigir uma tradução latina do Antigo e do Novo
testamento. Essa tradução deverá ser, daí por diante, a única
reputada ortodoxa e tornar-se-á a norma das doutrinas da
Igreja".
São Jerônimo sentiu o peso da
responsabilidade e respostou ao Papa demonstrando sua
preocupação com as divergências existentes nos textos a
serem traduzidos, já àquela época. Será transcrito aqui,
somente um parágrafo da carta de São Jerônimo, exarado da
página 43 da citada obra de Severino C. da Silva.
... "Qual, de fato, o sábio e mesmo o
ignorante que, desde que tiver nas mãos um exemplar,
depois de o haver percorrido apenas uma vez, vendo que se
acha em desacordo com o que está habituado a ler, não se
ponha imediatamente a clamar que eu sou um sacrilégio, um
falsário, porque terei tido a audácia de
acrescentar, substituir, corrigir alguma coisa nos antigos
livros".
Na honestidade de São Jerônimo, fica
muito claro seu testemunho de que ele alterou e adaptou a
Bíblia que, antes de executar seu trabalho, já havia muitas
divergências no que existia no idioma grego.
Feitas as traduções e adaptações,
ainda que com a melhor das intenções, o assunto ganhou
repercussão negativa. Tanto que no ano de 395, Santo
142
“A verdade em verdade vos digo”

Agostinho, bispo de Hipona, escreve a São Jerônimo,


demonstrando sua preocupação com relação àquela
tradução e atestando haver alteração no conteúdo bíblico.
(na página 44 da obra citada encontra-se a íntegra da carta
de Santo Agostinho).
Em 1590, Xisto V achou-a insuficiente e
errônea, ordenando uma nova revisão. Esta nova versão foi
também modificada por Clemente VIII, cuja edição serviu de
base para as traduções existentes em diferentes línguas,
conforme Paulo Finotti em sua obra "ressurreição",
ed.edigraf, pág 42.
Podemos identificar muitas outras
alterações nas Bíblias atuais. Ex:
Do Salmo 10 ao 148, existe diferença
numérica com o texto original. Algumas versões reúnem os
salmos 9 e 10 em um só, também os salmos 114 e 115
formaram um só. Já os salmos 116 e 147, foram divididos em
dois, cada um;
Na Bíblia judaica temos o II livro das
crônicas como o último;
Na vulgata, o último livro do A.T. é o
segundo livro dos Macabeus;
Nas Bíblias Ocidentais (católica e
protestante), o último livro do A.T. é o livro de Malaquias.
A tradução de João F. de Almeida foi
muito controvertida e discutida porque apresentava vários
erros. O próprio João F. de Almeida catalogou uma lista de
dois mil erros. Muitos desses erros foram atribuídos à
comissão holandesa que procurou harmonizar a tradução de
Almeida com versão holandesa.

A Reencarnação

A doutrina das vidas sucessivas ou


reencarnação é chamada também de palingenesia, que se
origina do grego palin (novo) e gênese (nascimento). Ela
também era aceita, estudada e difundida na Índia antiga,
conforme se encontra no livro dos Vedas: "Da mesma forma
que nos desfazemos de uma roupa usada para pegar uma

143
“A verdade em verdade vos digo”

nova, assim a alma se descarta de um corpo usado para se


revestir de novo corpo."
Os estudiosos do assunto afirmam que
o princípio da reencarnação já era conhecido e divulgado
desde a antiguidade pelos hindus, na Ásia; pelos egípcios,
na África; pelos Hebreus, no Oriente; pelos gregos e
romanos na Europa e, pelos Druidas, na França, etc.
A doutrina da reencarnação foi
introduzida na Grécia por Pitágoras. Sócrates e seu discípulo
Platão adotaram as idéias de Pitágoras sobre as vidas
sucessivas. A escola platônica da Alexandria ensinava a
reencarnação precisando a vantagem desta evolução
progressiva para as condições da alma.
"Toda a terra se converterá ao Senhor e
todas as nações adorarão a sua face" (Salmos 22:27).
"Pense nisso! Não abdique de sua
capacidade de raciocinar. A inteligência nos foi dada por
Deus para ser usada. Observe o verbo está no futuro ‘se
converterá’, ‘adorarão’. Coisas somente alcançáveis
mediante a evolução do Espírito. E para que o Espírito
evolua, a ponto de todas as nações virem a adorar a Deus,
só por meio da reencarnação isto é possível. Ao dizer todas
as nações, está claro que são todos os homens que as
compõem".

A reencarnação e a Igreja Católica

Há, na Antigüidade, outros adeptos da


doutrina das vidas sucessivas, como Plotino, que a cita
várias vezes no curso de suas Eneidas. É um dogma, disse
ele, muito antigo e universalmente ensinado que, se a alma
comete faltas, é condenada a expiá-las submetendo-se a
punições, depois é admitida a voltar em um novo corpo para
recomeçar suas provas. Diz ele que "a providência de Deus
assegura a cada um de nós a sorte que lhe convém e que é
harmônica com seus antecedentes, segundo suas
existências sucessivas."
Os judeus tinham uma idéia muito
confusa a respeito da reencarnação, mas há indícios no
Talmude de que o assunto não era desconhecido dos
144
“A verdade em verdade vos digo”

iniciados: "A alma de Abel passou ao corpo de Set e mais


tarde ao de Moisés". Além disso, acreditavam que o retorno
de Elias sobre a Terra devia preceder ao grande dia do
Messias.
Também alguns padres da Igreja
Católica admitiram a teoria das vidas sucessivas. O Pe.
Didon, em suaVida de Jesus, diz o seguinte: "Então se crê,
entre o povo (judeu) e mesmo nas escolas, no retorno à vida
da alma dos mortos".
O sábio beneditino Dom Calmet se
exprime assim em seu Comentário: "Vários doutores judeus
crêem que as almas de Adão, Abraão e Phinées animaram
sucessivamente vários homens de sua nação."
Alguns teólogos da Igreja Católica
também foram simpáticos à idéia. Ainda no século quinze, o
cardeal Nicolas de Cusa sustentava em pleno Vaticano a
teoria da pluralidade das existências da alma e dos mundos
habitados. Contava com o apoio de dois papas: Eugênio IV e
Nicolau V.
Por que, então, a Igreja combate tão
veementemente a doutrina da reencarnação? Trata-se de um
erro histórico.
Segundo o pesquisador Severino C.
Silva, em sua obra "Analisando as traduções bíblicas", pág.
144 e 145, o Imperador Justiniano tomou como esposa uma
ex-prostituta, de nome Teodora. Esta, na tentativa de libertar-
se de seu passado, mandou matar as cerca de quinhentas
antigas "colegas". Mais tarde, alertada de que havia criado
para si um débito que poderia ser quitado em outras
encarnações, ela se empenhou em eliminar da exegese
católica toda a crença na reencarnação como se, dessa
forma, estivesse eliminando, de fato, as vidas sucessivas e,
por extensão, o seu débito.
Seu marido, então, mandou seqüestrar
o Papa Virgílio em Roma e o manteve prisioneiro durante oito
anos. Nesse período, convocou o Segundo Concílio de
Constantinopla em 553. Do total de 165 bispos presentes,
159 eram do Oriente, o que tornou fácil o trabalho do
Imperador para conquistar os votos de que necessitava.

145
“A verdade em verdade vos digo”

Todavia, de acordo com a doutrina


católica, as decisões de um concílio ecumênico somente têm
valor se assinadas pelo papa. E Virgílio recusou-se
terminantemente a assinar o documento aprovado pelos
bispos. Os Papas que o sucederam, embora se referissem
ao Segundo Concílio de Constantinopla, também não o
assinaram. Dessa forma, a Igreja Católica não dispõe de um
documento oficial contra a reencarnação.
Hoje, as provas de reencarnações são,
em geral, obtidas pela ciência, por meio da terapia de vidas
passadas (TVP). O homem aprendeu que, pela hipnose,
pode fazer a pessoa regredir mentalmente a vidas anteriores.
Entre os pesquisadores que trabalham com a TVP estão: Dr.
Morris Netherton, psiquiatra americano; Dr. Dehtlesfsen,
catedrático de Psicologia da Universidade de Munique,
Alemanha; Dra. Helen Wambach, psiquiatra americana e
autora de "Recordando Vidas Passadas"; Dr. Roger Woolger,
destacado psiquiatra americano, autor de "As Várias Vidas
da Alma"; Dr. Ken Wilber, célebre psicológico americano,
com grande influência na Psicologia Moderna, e autor de "O
Espectro da Consciência"; Dr. Joel Whitton, catedrático de
Psicologia da Universidade de Toronto, Canadá, e autor de
"Vida - Transição - Vida".
Se a reencarnação é objeto de análise
no mundo científico, o mesmo não acontece no mundo
religioso ocidental, porque padres e pastores dizem que a
Bíblia fala de céu e de inferno e que ambos seriam
incompatíveis com a doutrina da reencarnação.
A razão indica que a doutrina
reencarnacionista, aceita sempre pela igreja, é altamente
consoladora porque, com ela, o homem compreende melhor
que Deus é justo, misericordioso, e sempre se tem novas
oportunidades para reparação dos erros cometidos. E, se,
deus te dá a chance de reparar esses erros é porque ele
também errou ao nos criar imperfeitos, ou tem uma grande
vocação contraditória e irônica. Erramos por nós mesmos, e
nos corrigimos por nós mesmos, sem a interferência de Deus
no erro ou no acerto.

146
“A verdade em verdade vos digo”

Reencarnação na Bíblia
Se prestarmos muita atenção, com
isenção de preconceitos, à seguinte pergunta feita pelos
discípulos à Jesus: "Mestre, quem pecou para que esse
homem nascesse cego, ele ou seus pais?" (João 9: 2),
veremos que está bem clara a idéia de vidas sucessivas,
sem a qual a pergunta não teria sentido. Observe que o
pecado veio antes do nascimento do cego. Mais ainda, se
fosse algo errado, Jesus mesmo, naquele momento teria
feito qualquer observação a respeito com um ensinamento
apropriado. Logo, se Ele nada disse é porque a idéia das
vidas sucessivas era natural à época.
Nas Bíblias antigas, inclusive na
vulgata de São Jerônimo, está escrito: (Ex. 20: 5) "... visito a
iniquidade dos pais nos filhos NA 3ª e NA 4ª geração. . . ".
Significa que o espírito faltoso, após
duas, três ou quatro gerações está de volta à Terra
(reencarnação) para que a justiça divina faça reparar tais
faltas, tal como dizemos habitualmente: " tudo que aqui se
faz, aqui se paga". Só não dizemos quando isso ocorre por
falta de conhecimento da maioria de todos nós.
E mais uma vez, alteraram a Bíblia.
Onde constava na 3ª e na 4ª geração, passou a constar:
"ATÉ a 3ª e 4ª gerações", conforme consta em (Ex. 34: 7), na
Bíblia anotada, tradução de João F. de Almeida, 1ª ed., Edit.
Mundo Cristão, 1994, dos nossos irmãos evangélicos. Fica
patente mais uma vez que a Bíblia está recheada de
alterações tendenciosas feitas pelo homem em diferentes
épocas.
Para confirmar a idéia da justiça divina e das alterações
feitas, conforme explicitadas acima, mostraremos somente
algumas, dentre outras passagens bíblicas, enfatizando que
cada um paga pelos seus erros praticados, não importa se
nesta ou em outras vidas.
(Dt. 24:16) " Os pais não serão mortos em lugar dos filhos e ,
nem os filhos em lugar dos pais: cada qual será morto pelo
seu pecado".

147
“A verdade em verdade vos digo”

(Jó 8: 8 e 9) "Pergunta a gerações passadas, e examina a


experiência de seus pais, pois somos de ontem e nada
sabemos".
(Jó 14: 14). "Morrendo um homem tornará a viver? Todos os
dias da PRESENTE VIDA esperarei que chegue a minha
mudança".
(Jeremias 1 : 5). "Antes que te formasse no ventre materno,
eu te conheci...".
(Ezeq. 37: 9) "Vem dos quatro ventos, ó espírito e assopra
sobre esses mortos, para que vivam".
Obs.: dos quatro ventos é o mesmo que dos quatro
quadrantes do Universo. Não se sabiam de onde vinha o
espírito, mas já se sabia que havia de ter um espírito para
que o corpo tivesse vida.
(Jeremias 31: 29-30) "... cada um, porem, será morto pela
sua iniqüidade...";
(Ezequiel 18:4) "... a alma que pecar, essa morrerá";
(Ezequiel 18:20) "A alma que pecar, essa morrerá: o filho não
levará a iniqüidade do pai, nem o pai a iniqüidade do filho; a
justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso
cairá sobre este".
(Jó 34:11) "Pois retribuirá ao homem segundo suas obras, e
faz que a cada um toque segundo seu o caminho";
(Salmo 28:4) "Paga-lhe segundo suas obras, segundo a
malícia de seus atos...";
(Mt. 16: 13-17) Jesus interroga seus discípulos a respeito da
opinião do povo e deles mesmos sobre quem achavam que
ele era. E a resposta é que alguns dizem que sois João
Batista, outros, que és Elias, outros ainda, que és Jeremias
ou algum dos profetas. Fica bem claro, pela resposta, que
eles acreditavam plenamente na reencarnação. Se assim
não fosse, Jesus teria combatido aquela idéia.
(Isaias) "Mas ai do ímpio, do homem mau! Porque será
tratado segundo suas obras"
(Isaias 26: 19) "Os teus mortos tornarão a viver, . . .); É
praticamente a mesma idéia vista em (Daniel 12: 2) que diz:
"Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão . . .".
Numa interpretação harmônica com a ciência, temos a volta
dos mortos sobre a Terra, caracterizando a reencarnação".

148
“A verdade em verdade vos digo”

(Malaq. 4: 5) "Eis que vos enviarei o Profeta Elias, antes que


venha o grande dia do Senhor".; (3:23) em algumas bíblias.
(Mt. 11: 14) "Se puderes compreender, ele mesmo (J.
Batista) é o Elias que havia de vir";
(Mt. 17: 12 e 13). "Mas eu vos declaro que Elias já veio e não
o reconheceram, antes lhe fizeram tudo que quiseram".
"Então compreenderam que era de João Batista que ele
falava".
Obs.: É bom que se analise em conjunto e na seqüência
cronológica os dizeres de Malaquias e de Mateus para se
notar que não há dúvidas de que o espírito de João Batista é
o mesmo que encarnou como Elias em tempos passados.
Os judeus acreditavam tanto na reencarnação que enviaram
sacerdotes e levitas para interrogarem e terem certeza se
João Batista era mesmo o Elias de vidas passadas:
(João 1:21) "E lhe perguntaram: És tu Elias? Respondeu ele:
não. És tu o profeta? Não"
É claro que a princípio nenhum de nós
sabe quem fomos em vidas passadas, isso para facilitar o
nosso convívio e resgate com aqueles que fizemos sofrer ou
que foram nossos algozes, salvo o que a ciência vem
demonstrando ultimamente pela TVP.
Vejam no A. T. em (Isaias 40: 3) "Voz
do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor;
endireitai a vereda ao senhor". E no N.T. em (João 1:23) "Eu
sou a voz do que clama no deserto: endireitai o caminho do
senhor, como disse o profeta Isaias".
Temos aí João Batista respondendo
aos Levitas e Sacerdotes e confirmando a previsão de Isaias
muitos anos antes da vinda de Jesus, quando ele ainda vivia
como Elias.
Como negar estas provas irrefutáveis?
Entender, todos entendem, mas . . .
"Toda a terra se converterá ao Senhor e
todas as nações adorarão a sua face" (Salmos 22:27).
"Pense nisso! Não abdique de sua
capacidade de raciocinar. A inteligência nos foi dada por
Deus para ser usada. Observe que o verbo está no futuro ‘se
converterá’, ‘adorarão’. Coisas somente alcançáveis
mediante a evolução do Espírito. E para que o Espírito
149
“A verdade em verdade vos digo”

evolua, a ponto de todas as nações virem a adorar a Deus,


só por meio da reencarnação isto é possível. Ao dizer todas
as nações, está claro que são todos os homens que as
compõem".

Tudo isso prova que:

O Profeta Malaquias previu a volta a


outro corpo material do espírito de Elias;
Os discípulos e o povão julgavam que
Jesus era a reencarnação de Elias, Jeremias ou outro
Profeta.
Jesus deixou bem claro que João
Batista é que era a reencarnação de Elias.
Jesus pergunta aos discípulos: "Quem
dizem os homens quem eu sou?" E responderam: "Uns
dizem ser João Batista, outros, que és Elias, Jeremias ou
algum profeta. (Mt. 16: 13 e 14).
"... Se alguém não nascer de novo, não
pode ver o reino de Deus" (João 3:3);
"Não te admires de eu te dizer: importa-
vos nascer de novo" (João 3 : 7);
"Tu és mestre em Israel e ignoras estas
cousas?" (João 3 : 10).
São trechos alusivos ao diálogo de
Jesus com Nicodemos, quando este foi se ter com o Mestre
na calada da noite para saber melhor como se processava o
princípio do renascimento (reencarnação), visto que, por ser
ele um Doutor do Sinédrio, tinha acesso aos mistérios
contidos na cabala, dentre eles, o da imortalidade da alma,
vidas sucessivas, etc.
Atente à diferença de tratamento (João
3:7): "dizer-TE" no singular e, "é-VOS" no plural. Deixando
patente que o renascimento é para todos, não apenas para
ele, Nicodemos.
Fica claro, pelos textos dos Evangelhos,
que a idéia dos renascimentos era familiar aos Hebreus e
Judeus, dentre outros povos. Porem era tida como mistério
que somente "os iniciados" tinham conhecimento.

150
“A verdade em verdade vos digo”

Reencarnação na história
Jayme de Andrade, em sua importante
obra intitulada "O espiritismo e as Igrejas Reformadas", 1983,
pág. 175, noticia que as noções de imortalidade da alma e de
renascimentos reportam a 14 séculos a C., na Índia, quando
um sábio Bráhmane registrou tal assunto, pela primeira vez,
no livro "cânticos sagrados dos vedas".
O "Código de Manu" é o mais antigo
compêndio de Leis que se tem notícia. Ele inspirou o "Corpus
Júris Civilis" de Justiniano. E no "Brahma-Sondra" III e I, §§ 4
e 6, consta que: " Os espíritos voltam a ocupar um novo
corpo, trazendo consigo a influência resultante de suas
primeiras obras", conforme cita Mario Cavalcanti de Melo em
sua excelente obra "Como os teólogos refutam", pág 38.
Leon Denis, em "Depois da morte", pág
37 nos mostra que Buda, que viveu também na Índia 600
anos antes de cristo, ensinava que ". . . enquanto não
adquire o amor, o ser está condenado a prosseguir na série
de reencarnações terrestres". Tal qual nos ensinou Jesus
Cristo, conforme consta nos Evangelhos.
Como vemos nessas poucas citações, a
idéia da reencarnação está e sempre esteve viva em muitos
autores renomados, não espíritas. Inclusive na Bíblia ela está
registrada de forma bem clara. É só se despir dos dogmas
contrários para aceitar, pois entender, todos entendem.

Comunicação entre vivos e mortos

Para aqueles que dizem que a Bíblia


condena a prática mediúnica, é bom que reflitam melhor
sobre os procedimentos das Igrejas e Templos, que leiam a
Bíblia com a inteligência dada por Deus, sem dogmas e
preconceitos. Para uma melhor reflexão indicamos, a seguir,
alguns registros:
(1ª Sam. 28: 3 a 25) " O Rei Saul
procura uma médium (pitonisa) e fala por seu intermédio com
o Rei Samuel, seu antecessor morto. O espírito de Samuel
antecipa ao Rei Saul que este e toda sua família estariam
151
“A verdade em verdade vos digo”

com ele, no mundo espiritual, no dia seguinte. Assim


aconteceu. Os filisteus venceram os israelitas, mataram seus
familiares e cortaram o pescoço de Saul e queimaram seu
corpo";
(Isaias 8: 19) ". . . acaso o povo não
pode consultar os seus deuses e seus mortos em favor dos
vivos"?
(Jó 4: 15-16) Elifaz diz textualmente:
"Um espírito passou diante de mim e fez-me arrepiar; parou
ele, mas não o discerni; houve silêncio e ouvi sua voz".
Será que o episódio da "transfiguração
no monte tabor" (Mt. 17: 1 a 8), tão claro, não constitui um
exemplo nítido entre o mundo físico e o espiritual? Lá
estavam a conversar os apóstolos João, Pedro e Tiago, além
de Jesus (ainda vivos sobre a terra); Do plano espiritual
vieram Moisés e Elias, além da voz do Senhor que veio de
uma nuvem.
Se realmente fosse uma proibição
Divina, ele mesmo, Moisés, não poderia aparecer juntamente
com Elias a Jesus e seus discípulos Pedro, Tiago e João, no
episódio acima citado.
Santo Agostinho, em sua obra intitulada
"De Cura Pro Mortuis" afirma: "Os espíritos dos mortos
podem ser mandados aos vivos, aos quais podem desvendar
o futuro que ficaram conhecendo por outros espíritos ou
pelos anjos, ou pela revelação divina". Fonte: (História do
Espiritismo, Artur Conan Doylle, Ed. Pensamento, pág 453)

Outras provas de mediunidade nas bíblias:

Dentre tantas citações contidas nas Bíblias, alusivas à


mediunidade psicofônica (quando Deus, Jeová, Iahvé, Anjo,
etc, fala com alguém por meio de uma pessoa), vamos citar,
aqui, algumas passagens onde os textos bíblicos registram a
palavra vidente, tal qual o assunto é tratado nos dias de hoje.
(1ª Sam 9: 9) "Antigamente, em Israel, indo alguém consultar
a Deus, dizia: vinde, vamos ter com o vidente; porque, ao
profeta de hoje, antigamente se chamava vidente.";
(Isaias 30: 10) "Eles dizem aos videntes: não tenhais
visões; . . .);
152
“A verdade em verdade vos digo”

(1ª Sam. 9: 18-19) "Saul pede a Samuel para mostrar-lhe a


casa do vidente. Este responde-lhe que era ele o vidente.";
(1ª Crônicas 9: 22) Samuel é confirmado como vidente;
(1ª Crônicas 29: 29) além de Samuel, Gade também é citado
como vidente;
(2ª Sam. 24: 11 e 1ª Crôn. 21: 9) Gade é confirmado como
vidente do Rei David;
(2ª Sam. 12: 27) o Rei David chama o sacerdote Sadoc de
vidente;
(1ª Crôn. 25: 5) Hemã ou Hamon é citado como vidente do
Rei David;
(2ª Crôn. 9: 29) nos mostra outro vidente: Ido ou Ado;
(2ª Crôn. 12: 15) Ido é novamente citado como o vidente que
escreveu a história de
Salomão e Roboão; (2ª Crôn. 35: 15) temos outro vidente do
Rei David. Seu nome é Jedutum, o vidente; (Isaias 32: 3) "Os
olhos dos que vêem não se ofuscarão, e os ouvidos dos que
ouvem, estarão atentos". Aqui, Isaias se refere não só aos
videntes (plural), mas também à mediunidade auditiva
(psicofonia), muito comum hoje, como naquela época, ouvir
vozes. Vide a história de Santa Joana Dar´c;
(2º Reis 17: 13) O senhor adverte Israel e Judá pela boca de
seus profetas e videntes.
O Profeta Joel viveu até o ano 750 a.C. e escreveu no seu
livro, Cap. 3: 1-5 ou 2: 28 em outras Bíblias sobre a previsão
dos dons proféticos, dizendo: "Depois disto derramarei o meu
espírito sobre toda a carne: vossos filhos e filhas profetizarão
e vossos jovens terão visões, . . .". Essa visão do Prof. Joel
deixa bem claro o que se vê hoje e que Moisés já desejara
há muito tempo ao dizer para Josué, quando este veio pedir-
lhe que proibisse a Eldad e Medade que profetizassem
(Num. 11: 27-29)"Quem dera todo povo de Deus fosse
profeta".
Para provar a verdade do desejo de
Moisés e as previsões de Joel, Jesus promete o envio de
outro Consolador, o espírito da verdade, conforme se vê em
(João 14: 16).
(João 16: 12-13) ". . . mas o espírito da
verdade viria nos ensinar e fazer-nos relembrar o que Ele
havia dito, porque não falará por si mesmo.".
153
“A verdade em verdade vos digo”

A Bíblia condena o espiritismo?

No seu original em hebraico, não. Na


versão grega ou septuaginta, também não.
Na versão em Latim ou vulgata,
também não.
Depreende-se, com isto, que durante
suas várias traduções, os textos foram mudados, sempre de
acordo com a tendência e interesses de seus tradutores.
Severino C. da Silva, Doutor em
educação, escritor, etc., afirma, em sua obra intitulada
ANALISANDO AS TRADUÇÕES BÍBLICAS, 2ª ed. 2000,
página 13, que pertence a uma família católica e que durante
vinte e sete (27) anos esteve ligado ao catolicismo. Seu
profundo conhecimento dos idiomas Grego e Latino levou-o a
pesquisar sobre o tema religião, culminando com a
publicação de suas pesquisas na obra acima explicitada.
Outro autor renomado é o eminente
escritor JAYME ANDRADE. Profundo conhecedor da Bíblia,
foi criado no seio da igreja evangélica, estudou em escolas
protestantes e publicou o livro intitulado O ESPIRITISMO E
AS IGREJAS REFORMADAS, com suas pesquisas e
comparações direcionadas, segundo ele, aos irmãos
evangélicos mostrando as razões que o levaram a
convicções plenas das respostas convincentes encontradas
na literatura espírita.
A Bíblia de Jerusalém, Edições
Paulinas, considerada a melhor edição das Sagradas
Escrituras em português, traz, em sua apresentação, a
informação de que sua tradução foi realizada por uma equipe
de católicos e protestantes. No entanto, em Dt. 18:11 consta
a proibição de interrogação dos espíritos (mortos). Segundo
o autor, tal proibição não se verifica nos textos originais. E o
que acha o leitor?

A Bíblia não condena o espiritismo

154
“A verdade em verdade vos digo”

Há imensa confusão por parte de


muitos dos nossos irmãos que não conhecem bem o que é o
Espiritismo. O mais grave é que muitos julgam sem o devido
conhecimento de causa. Se ao menos entendessem que
nem todo espiritualista é espírita, já teríamos um avanço para
um melhor entendimento do assunto em pauta.
Nós, espíritas, não temos preconceitos
religiosos, só não entendemos o porquê de pessoas que se
dizem cristãs, condenarem seus semelhantes, irmãos, só
porque não comungam com todo o seu pensamento. E como
fica o ensinamento de Jesus sobre o "amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo?";
(Mt. 18: 20) "Onde estiverem dois ou
três reunidos em meu nome, ali estarei com eles".
Vejam os irmãos que esses dois ou
três, no nosso humilde entendimento, podem ser quaisquer
que se disponham a estudar, conversar sobre Jesus, aceitar
e seguir seus ensinamentos. E é isso que a Doutrina Espírita
nos propõe.
Das Bíblias consultadas a mais
contundente nas proibições é a dos nossos irmãos
testemunhas de Jeová, 35ª edição, realizada pelo centro
bíblico católico, Ed. Ave Maria. Nessa Bíblia, em (Levítico
19:31) consta: "Não vos dirijais aos espíritas, nem aos
adivinhos: não os consulteis, para que não sejais
contaminados por eles".
Queremos informar que nos textos
originais não constam os termos "espíritas, espiritismo, etc.",
até mesmo por inexistirem à época em que a Bíblia foi
escrita. Também em outras edições das Bíblias, mesmo
atuais, encontra-se o seguinte texto: "Não vos voltareis para
os necromantes, nem para os adivinhos, para não vos
contaminarem, eu sou vosso Deus".
Como no espiritismo não existe a figura
de necromantes, de cartomantes, adivinhos, etc, muito
embora respeitamos nossos irmãos que as praticam, o que
se nota é a falta de melhores conhecimentos por parte
daqueles que condenam os estudos e as práticas espíritas.
Analisemos agora (Dt. 18: 9–11), os
mais citados por todos os críticos do espiritismo:
155
“A verdade em verdade vos digo”

Na 35ª edição da Bíblia citada


anteriormente está escrito:
"... nem quem se dê a adivinhações, à
astrologia, aos agouros, ao feiticeiro, à magia, ao espiritismo,
ou à evocação dos mortos".
Em outra Bíblia, dos irmãos
testemunhas de Jeová, está assim escrito: "... nem adivinhos,
magia, feiticeiro, médium espírita, prognosticador ou
consultar os mortos").
A tradução desprovida de preconceito é
a seguinte: "... nem adivinhador, feiticeiros, agoureiro,
cartomantes, bruxo, mago, nem quem exija a presença dos
mortos".
Vale lembrar que Moisés conduzia um
povo rude, saído de um regime de escravidão no Egito, onde
toda essa prática proibida era praticada. Sua preocupação
era de abolir o politeísmo, a idolatria, o uso indevido de tais
práticas, etc.
Atentemos para o fato de que Moisés
proibiu a exigência da presença dos mortos, totalmente de
acordo com as recomendações e práticas espíritas de hoje.
(Livro dos Médiuns, Cap. XXV. Questões 273 a 275).
"Um espírito repousou sobre Eldade e
Medade e eles profetizavam. Então Josué, filho de Num, foi
se ter com Moisés e pediu-lhe que os proibissem. Este o
respondeu: tens ciúmes por mim? Quem dera todo o povo
fosse profeta". (Números 11: 26-30).
Afinal, Moisés proibia ou não a
mediunidade? A conclusão é do leitor.
Como Moisés poderia condenar o
espiritismo, surgido oficialmente somente em 18.04.1857, se
foi por volta de dois mil anos antes de Cristo, segundo os
pesquisadores, que lhe é atribuída a autoria dos cinco
primeiros livros contidos na Bíblia?
Mais ainda, nos dicionários das línguas
hebraica, grega e latina não existem a palavra espiritismo. E
como foi aparecer nas proibições das Bíblias de edições
mais recentes?
Severino C. da Silva, em suas
pesquisas e excelente obra "analisando as traduções
156
“A verdade em verdade vos digo”

bíblicas", pág. 82 e 83, cita as declarações do eminente


Pastor Nehemias Marien, teólogo renomado e profundo
conhecedor das escrituras, na parte que diz: "a doutrina
Espírita é essencialmente cristã e sempre integrou a doutrina
da Igreja até que no concílio de Constantinopla, em 553, foi
retirado precipitadamente.". O grande reformista Martinho
Lutero, disse, durante a "Dieta de Worms", na Alemanha, que
"os concílios erram e torpedeiam a liberdade de consciência".
Quanto à proibição de se exigir a
presença dos mortos, justifica-se porque era freqüente e sem
finalidades elevadas. Mas uma coisa é certa: existia e
continua a existir a comunicação entre vivos e mortos, do
contrário não se iria proibir algo inexistente. Vejam outras
contradições:
(1ª Sam. 28:7-19) onde o Rei Saul, que
proibia essa prática, vai consultar a Pitonisa de Endor
(médium), disfarçado de pessoa simples do povo, a fim de
falar com o Rei Samuel, já morto. A Pitonisa o identifica
mediunicamente, (desmascara-o) e atende seu pedido.
Mais ainda, se são os espíritos que se
comunicam, logo, não são demônios. Aliás, Moisés não cita
nem uma vez em seus escritos a palavra demônio.
Nos dez mandamentos, considerados
por todos como a lei divina, trazida por Moisés, nada consta
proibindo o espiritismo. Depreende-se disso que o grande
profeta buscou corrigir o abuso de um povo específico e em
determinado tempo.
No livro "O Céu e o Inferno, cap XI, item
10", Allan Kardec nos ensina que quando os espíritos
querem a comunicação, eles vêm espontaneamente, sem
mesmo serem chamados.
Queremos recomendar àqueles que
não aceitam a idéia da comunicação entre vivos e mortos,
que reflitam sobre o evangelho de (Mateus 17:1-8) quando
da transfiguração no Monte Tabor, onde estavam vivos
Tiago, Pedro, João e Jesus que falava com Moisés e Elias,
ambos já mortos.
E como explicar e justificar que era
proibido falar com os mortos se Jesus veio provar, na prática,

157
“A verdade em verdade vos digo”

falando com dois mortos e tendo três pessoas vivas para


servirem como testemunha?
Paulo, em sua primeira carta aos
coríntios, Cap. 12:4-11, diz que há vários dons, mas que o
espírito é o mesmo;
O apóstolo João, em sua primeira carta,
cap. 4: 1-3, nos alerta sobre as comunicações dos espíritos
impostores;
Paulo, em sua primeira carta aos
tessalonicenses, cap. 5:19 - 21, diz: "não extingais os
espíritos; não desprezeis as profecias; discernir tudo e ficai
com o melhor".
Que Deus, Pai de infinita bondade,
perdoe nossos irmãos que ignoram ou que não aceitam tais
coisas. Sabemos, Senhor, que o egoísmo e o orgulho
impedem a busca de novos conhecimentos e de certas
práticas que impulsionam a nossa evolução espiritual.
Mesmo sabendo que o conhecimento vem no seu devido
tempo, tal como afirmou o Mestre Jesus, rogamos ó Pai que
esses irmãos possam alcançar o quanto antes a luz do
conhecimento e por meio dela, possam conhecer melhor o
significado do que é a humildade e a simplicidade tão
ensinada e recomendada pelo Mestre Jesus.

Revisões da Bíblia

Revisar significar rever, corrigir erros,


etc. Se a Bíblia é confiável, é porque está correta, sem erros,
etc. Mas se tudo isto é verdade, por que revisar, corrigir,
alterar algo que está certo, que inspira confiança em seus
fiéis?
Confira algumas alterações:
1945: A Sociedade Bíblica do Brasil
nomeou uma comissão para revisar a Bíblia;
1967: Revisão da tradução de João
Ferreira de Almeida;
1995: Revisão e correção da Bíblia
Pentecostal.
Fica patente que através dos tempos, a
Bíblia utilizada por todos nós, sofre alterações pela vontade e
158
“A verdade em verdade vos digo”

iniciativa de pessoas que querem colocar sua convicção, as


vezes errada, para incutir na cabeças de inocentes criaturas
que é a vontade de Deus e que devemos aceitar sem buscar
a razão. Isto nos faz repensar até que ponto se deve confiar
em tudo que nela está escrito e defendê-la com a autoridade
de um fiel seguidor da "palavra de Deus".
Católicos e Protestantes nos criticam
por não crermos na Bíblia como a Palavra de Deus
inquestionável. Realmente, damos importância apenas a
Jesus, pois nada há de útil no Velho Testamento para os dias
de hoje, exceto os Dez Mandamentos. O próprio Jesus
afirmou: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus
de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu
entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o
segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como
a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei
e os profetas”. (Mateus 22:37-40)
No Sermão da Montanha, Jesus
revogou algumas coisas do Antigo Testamento, retificando o
que era humano nas leis mosaicas: “Ouvistes que foi dito:
olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo...”
(Mateus 5:38 a 42) “Ouvistes o que foi dito: amarás o teu
próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai
os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.”
(Mateus 5:43 e 44). Paulo também disse: “Com efeito: Não
adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se
há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume:
Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Romanos 13:9)
O que aí não se inclui, são
quinquilharias humanas. Jesus não trabalhou aos sábados;
não permitiu que apedrejassem a adúltera; foi contra o
divórcio, contrariando Moisés, pois, afinal, eram leis de
Moisés, leis para doutrinar aquele povo, e não leis divinas,
que nunca se alteram. A expressão “a palavra de Deus” é de
origem judaica. Foi naturalmente herdada pelo Cristianismo,
que a empregou para o mesmo fim dos judeus: dar
autoridade à Igreja. A Bíblia, considerada a "palavra de
Deus", reveste-se de um poder mágico: a sua simples leitura,
ou simplesmente a audiência dessa leitura, pode espantar o
Demônio de uma pessoa e convertê-la a Deus. Claro que o
159
“A verdade em verdade vos digo”

Espiritismo não aceita nem prega essa velha crendice, mas


não a condena. A cada um, segundo suas convicções, desde
que haja boa intenção. As pesquisas históricas revelam que
os livros que compõem a Bíblia tem origem na literatura oral
do povo hebreu. Só depois do exílio na Babilônia foi que
Esdras conseguiu reunir e compilar os livros orais
(guardados na memória) e proclamá-los em praça pública
como a lei do judaísmo, ditada por Deus. É impossível provar
que "de capa a capa" a Bíblia é divinamente inspirada. O
"credo quia absurdum" (acredito mesmo que absurdo) é fruto
do dogmatismo, criação humana dos concílios, enquanto o
Espiritismo é a doutrina do livre-exame e consiste na fé
raciocinada, apta a "encarar a razão face a face em todas as
épocas". Somente às religiões dogmáticas, que se
apresentam como vias exclusivas de salvação, interessa o
velho conceito da Bíblia como palavra de Deus. Primeiro,
porque esse conceito impede a investigação livre.
Considerada como a palavra de Deus, a Bíblia é indiscutível,
deve ser aceita literalmente ou de acordo com a
"interpretação autorizada da igreja". Por isso, as igrejas
sempre se apresentam como "autoridade única na
interpretação da Bíblia". Segundo, porque essa posição
corresponde aos tempos mitológicos, ao pensamento
mágico, e não a era de razão em que vivemos.
Há contradições insanáveis em que se
afundam os hermeneutas religiosos. Vêem-se eles obrigados
a perigosas ginásticas de raciocínio, apoiadas em fórmulas
pré-fabricadas, para se safarem das contradições do texto.
Mas não escapam jamais a contradição fundamental que é
esta: consideram a Bíblia como a palavra de Deus, mas
estabelecem, para sua interpretação, regras humanas.
Dessa maneira, é o homem que faz Deus dizer o que lhe
interessa. As supostas condenações do Espiritismo pela
Bíblia, por exemplo, decorrem das interpretações
sacerdotais, até alterando os textos, moldando a "Palavra de
Deus" segundo suas conveniências. A Bíblia é um dos
maiores repositórios de fatos espíritas de toda bibliografia
religiosa. E os textos bíblicos estão eivados de passagens
tipicamente espíritas. (leia o item sobre a proibição bíblica e
a comunicação com mortos)
160
“A verdade em verdade vos digo”

Emmanuel, trabalhador incansável do


Cristo, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier,
nos diz: "O ato de crer em alguma coisa demanda a
necessidade do sentimento e do raciocínio, para que a alma
edifique a fé em si mesma. Admitir as afirmativas mais
estranhas, sem um exame minucioso, é caminhar para o
desfiladeiro do absurdo, onde os fantasmas dogmáticos
conduzem as criaturas a todos os despautérios." (O
Consolador, Ed. FEB, pág. 201)
Será mesmo que tudo na Bíblia tem
inspiração divina? A despeito da expressa proibição: "Em ti
não se achará quem faça passar pelo fogo seu filho ou a sua
filha" (Deut. 18:10), os judeus de vez em quando queimavam
seus filhos em sacrifício (II Reis 17:17) e até alguns reis
cometeram esse crime hediondo, como Manasses (II Reis,
21:16) e Acaz (II Cron. 28:3), e até o grande libertador Jefté,
que foi Juiz em Israel por seis anos, foi "cheio de espírito e
ofereceu a sua filha em holocausto a Deus" (Juizes 11:29 e
39). Alguns textos levam a supor que os sacrifícios humanos
tinham o beneplácito de Jeová, uma vez que "o homem
consagrado a Deus nao poderá ser resgatado, será morto"
(Lev. 27:29). Jeu, rei de Israel por 28 anos, matou 2 reis
israelitas, Acazias e Jorão (II Reis 9:24-33), bem como toda a
linhagem do ex-rei Acab, inclusive seus 70 filhos (II Reis
10:7) e mais 42 irmãos de Acazias (II Reis 10:14), além de
inúmeros adoradores de Baal (II Reis, 10:25) e apesar de tão
zeloso "não se apartou dos pecados do ex-rei Joroboão e
nem destruiu os bezerros de ouro" (II Reis 10:29). Pois foi a
esse rei idólatra e sanguinário que Jeová afirmou: "Bem
obraste em fazer o que é reto aos meus olhos" (II Reis
10:30)
Samuel era vidente de Deus (I Samuel
9:19), mas mandou que o rei destruísse totalmente os
amalequitas, "matando desde o homem até a mulher, desde
os meninos até os de mama, desde os bois até as ovelhas e
desde os camelos até os jumentos" (I Samuel, 15:3). Mas
Saul poupou os animais e por isso foi castigado (I Sam.,
15:26).
Moisés, que "era o mais manso de
todos os homens que havia na Terra" (Num. 12:13), desce do
161
“A verdade em verdade vos digo”

Sinai com as "Tábuas da Lei", onde constava o mandamento


"Não Matarás" e logo, para passar da teoria à prática, manda
matar 3 mil dos seus compatriotas e ainda por cima pede a
benção de Deus para os assassinos (Êxodo 32:28/29). Josué
conquistou todas as cidades da prometida "Canaã destruindo
totalmente a toda alma que nelas havia" (Jos. 10:35),
"destruindo tudo que tinha fôlego, como ordenara o Senhor
Deus" (Jos 10:42), o que não é de se admirar, uma vez que
Jeová é "homem de guerra" (Êxodo 15:3).
"Cada um tome a sua espada e mate
cada um a seu irmão, cada um a seu amigo, cada um a seu
vizinho" (Êxodo 32:27) "Nenhuma coisa que tem fôlego
deixarás com vida" (Deut. 20:16) "Se o povo de uma cidade
incitar os moradores a servir outros deuses, destruirás ao fio
de espada tudo quanto nela houver, até os animais" (Deut.
13:12/15). Nossa, até os inocentes animais!!
Veja também que havia diversos
"Deuses", não só Jeová . Este, claro, era o "Deus" oficial do
povo e, sob o seu nome, houve de fato manifestações de
espíritos enviados por Deus. Isaías 8:19 também sugere a
mesma coisa.
Está escrito em Deuteronômio, capítulo
21, versículo 23: "o que for pendurado em um madeiro é
maldito de Deus". Logo, se Jesus passou por semelhante
apróbio pode-se concluir que as "Escrituras Sagradas" estão
denominando o Mestre de "maldito de Deus". Se a Bíblia não
pode ser discutida para um cristão dogmático, como sair
dessa??
Quando se tem acesso ao livro de
Jonas, nota-se um paradoxo: "Deus" se apieda da cidade de
Nínive, a grande inimiga de Israel, mandando o profeta Jonas
pregar aos seus habitantes, em detrimento dos amalequitas,
assassinados por ordem "divina", sem chance de
arrependimento. Afinal, há preferência de "Deus" por alguns
de seus filhos ? Portanto, que "Deus" é esse? Prejulga
merecer o povo de Nínive a sua misericórdia, enquanto os
amalequitas foram cruelmente assassinados por sua ordem;
Vemos em Levítico 21:16-24: 16
Disse mais o Senhor a Moisés: 17Fala
a Arão, dizendo: Ninguém dentre os teus descendentes, por
162
“A verdade em verdade vos digo”

todas as suas gerações, que tiver defeito, se chegará para


oferecer o pão do seu Deus. 18Pois nenhum homem que
tiver algum defeito se chegará: como homem cego, ou coxo,
ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente
compridos, 19ou homem que tiver o pé quebrado, ou a mão
quebrada, 20ou for corcunda, ou anão, ou que tiver belida,
ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo lesado;
21nenhum homem dentre os descendentes de Arão, o
sacerdote, que tiver algum defeito, se chegará para oferecer
as ofertas queimadas do Senhor; ele tem defeito; não se
chegará para oferecer o pão do seu Deus. 22Comerá do pão
do seu Deus, tanto do santíssimo como do santo; 23contudo,
não entrará até o véu, nem se chegará ao altar, porquanto
tem defeito; para que não profane os meus santuários;
porque eu sou o Senhor que os santifico. 24Moisés, pois,
assim falou a Arão e a seus filhos, e a todos os filhos de
Israel. Raciocinem um pouco: um ato tão desumano de
PRECONCEITO teria vindo do próprio Deus?? Também em
Levítico, "Deus" não parece ser o grande Fisiologista, o
Supremo Criador da natureza humana, desconhecendo que
o processo da menstruação é natural, não podendo lhe ser
imposto a pecha de imundo.
Assim está escrito: "Se um homem se
deitar com uma mulher no tempo da enfermidade dela, e lhe
descobrir a nudez, descobrindo a sua fonte, e ela descobrir a
fonte do seu sangue, ambos serão eliminados no meio do
seu povo". Menstruação é enfermidade? O próprio "Criador"
desconhecendo o que criou? Um "Deus" preconceituoso,
anatematizando uma função normal do aparelho sexual
feminino? Ainda por cima, violento, ao ponto de expulsar o
casal de seu povo? Em Deut. 13:6, 9 e 10, há uma ordem de
matar a pedradas os adeptos de outras crenças. Uma
apologia à intolerância religiosa. Em Levítico 22:17-18 "Deus"
ordena que a oferta a ser oferecida no altar seja de animais
sem defeito. E é mais exigente ainda, quando determina que
não devam ser ofertados bichos que tiverem testículos
machucados, ou moídos, ou arrancados, ou cortados
(Levítico 22:24). Os sacrifícios de animais na Bíblia lembram
bem o que acontece no Candomblé e Quimbanda nos
nossos dias.
163
“A verdade em verdade vos digo”

Paulo afirmou: "Vós recebestes a lei por mistérios dos anjos"


(Atos 7:53), explicando ainda em Hebreus 2:2: "Por que a lei
foi anunciada pelos anjos", e confirmando na mesma
epistola, 1:14: "Espíritos são administradores, enviados para
exercer o ministério". Também em Hebreus, (1:7) Paulo
afirma: "o que faz os seus anjos espíritos e os seus ministros
chamas de fogo". Está claro que os anjos são espíritos
reveladores das leis de Deus aos homens, como afirma o
Espiritismo. Paulo vai ainda mais longe, afirmando em Atos
7:30-31, que Deus falou a Moisés através de um anjo na
sarça ardente. Os anjos são, portanto, espíritos, ministros de
Deus, que os faz chama de fogo nas aparições mediúnicas.
Em Hebreus, 12:9, Paulo se refere a
Deus como "Deus dos Espíritos". Houve casos estudados de
manifestações de espíritos que eram na forma de línguas de
fogo. Essas manifestações confirmam que os fenômenos de
Pentecostes e o anjo da sarça ardente foram mediúnicos. O
Espiritismo reconhece a ação de Deus na Bíblia, mas não
pode admiti-la como a "Palavra de Deus". Na verdade, como
ensinou o apóstolo Paulo, foram os mensageiros de Deus, os
Espíritos, que guiaram o povo de Israel, através dos
médiuns, então chamados profetas. O próprio Moisés era um
médium, em constante ligação com Iavé ou Jeová, o deus
bíblico, violento e irascível, tão diferente do Deus Pai do
Evangelho. Devemos respeitar a Bíblia no seu exato valor,
mas nunca fazer dela um mito, um novo bezerro de ouro.
Deus não ditou nem dita livros aos homens.
Em Números, 11:23-25, temos a
descrição de dois fatos mediúnicos valiosos. Primeiro, o
Senhor fala a Moisés. Depois, Moisés reúne os setenta
anciãos, formando uma roda, e o Senhor se manifesta
materialmente descendo numa nuvem. Temos a
comunicação pessoal de Jeová a Moisés, e a seguir o
fenômeno evidente de materialização de Jeová, através da
mediunidade dos anciãos, reunidos para isso na Tenda,
cedendo ectoplasma para o fenômeno. A nuvem é a
formação de ectoplasma na qual o espírito se corporifica. Só
os que não conhecem os fenômenos espíritas podem aceitar
que ali se deu um milagre, um fato sobrenatural. E podem
aceitar, também, a manifestação do próprio Deus. Longe
164
“A verdade em verdade vos digo”

disso. Jeová era o espírito protetor de Israel, que se


apresentava como Deus, porque a mentalidade dos povos do
tempo era mitológica, e os espíritos eram considerados
deuses. O filósofo Tales de Mileto já dizia, na Grécia, cinco
séculos antes do Cristo: "O mundo é cheio de deuses". Os
espíritos elevados eram considerados deuses benéficos, e os
espíritos inferiores eram deuses maléficos. O Capítulo V do
Deuteronômio é inteiramente mediúnico. Mas convém
lembrar que os sucessos desse capítulo são melhor
compreendidos quando lemos o Êxodo, caps. 18 a 20. Nos
versículos 13 a 16, do capítulo 18, vemos Moisés diante do
povo, para ser o mediador, o interprete – mas na verdade o
médium –, entre Deus e o povo. Nos versículos 22 a 31, Cap.
V, do Deuteronômio, temos uma bonita descrição de
conhecidos fenômenos mediúnicos: o monte Horebe envolto
em chamas, a nuvem de fluídos ectoplasmáticos
(materializantes), e a voz-direta de Jeová. que falava do meio
do fogo, sem se apresentar ao povo. E Moisés, como
sempre, servindo de intermediário, na sua função mediúnica.
Por fim, Jeová recomenda a Moisés que mande o povo
embora, mas permaneça com ele, para receber as demais
instruções. (Vers. 31, cap. 5 de Deut.)
No famoso cap. 18 de Deuteronômio,
tão citado contra o Espiritismo, logo após os versículos das
proibições, temos a promessa de Jeová, de que suscitará um
grande profeta para auxiliar e orientar o povo. Como fazia
com Moisés, o próprio Jeová promete que porá as suas
palavras na boca desse médium. Não obstante, sabendo que
todo médium está sujeito a envaidecer-se e dar entrada a
espíritos perturbadores, Jeová determina que o profeta seja
morto: "Se falar em nome de outros deuses". Esta passagem
(vers. 20 do cap. XVIII) é mais uma confirmação bíblica do
ensino espírita de que, naquele tempo, os espíritos eram
chamados "deuses". Jeová era espírito-guia do povo hebreu,
e por isso considerado como o seu Deus, o único verdadeiro.
Mas os profetas (médiuns) de Jeová podiam receber outros
deuses, como Baal, Apolo ou Zeus, pelo que a proibição
bíblica nesse sentido é terrível e desumana, como podemos
ver nos textos. A evolução espiritual do povo hebreu
permitiria a Jesus vir corrigir esses abusos e substituir a
165
“A verdade em verdade vos digo”

concepção bárbara de Deus dos Exércitos pela concepção


evangélica do Deus-Pai, cheio de amor com todas as
criaturas. O Espírito que ditou os Dez Mandamentos a
Moisés desempenhava uma elevada missão, preparando o
povo hebreu para o monoteísmo, a crença num só Deus,
pois os deuses da Antigüidade eram mitos. Através da
mediunidade, ensinava aos homens rudes do tempo as
verdades espirituais que deveriam frutificar no futuro. E por
isso que encontramos, nas páginas da Bíblia, não só o relato
de fenômenos espíritas ocorridos com o povo hebreu, mas
também ensinamentos precisos e claros sobre a
mediunidade. No Capitulo XII, do Livro de Números, vemos
Jeová dar aos Hebreus uma das lições que só mais tarde
apareceriam de novo, mas então no O Livro dos Médiuns, de
Allan Kardec.
Mirian e Aarão falavam mal de Moisés,
por haver ele tomado uma nova mulher, de origem cusita.
Jeová não gostou disso e subitamente "desceu da nuvem",
para repreende-los. Descer da nuvem é materializar-se, pois
a nuvem é simplesmente a formação de ectoplasma, como a
Bíblia deixa bem claro nos seus relatos. Imagina se o Senhor
do Universo, o Deus-Pai do Evangelho, faria este papel de
alcoviteiro!! Seria absurdo tomarmos este Jeová, sempre
imiscuído nos assuntos domésticos, pelo próprio Deus!
Como espírito-guia, podemos compreendê-lo. E é como
espírito-guia que ele repreende os maldizentes, castiga
Mirian, mas antes ensina.
Primeiro, diz ele que pode manifestar-
se aos profetas (médiuns) por meio de visão (vidência) ou de
sonhos. Depois, lembrando que Moisés é o seu instrumento
para direção do povo, esclareceu: "Não é assim com o meu
servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa". E
acrescenta: "Boca a boca fale com ele, claramente e não por
enigmas".
Cinco formas de mediunidade figuram
nesse ensino bíblico:
1) vidência;
2) a de desprendimento, ou sonambúlica;
3) a de materialização;

166
“A verdade em verdade vos digo”

4) a de voz-direta;
5) a de audiência.
O próprio Jeová ensinava a
mediunidade, como o apóstolo Paulo, em sua Primeira
Epistola aos Coríntios, ensinaria mais tarde a fazer uma
reunião mediúnica. Quem examinar com isenção o texto
bíblico, observará que aquele Jeová do Antigo Testamento
nada tem de comum com o Deus apresentado por Jesus no
Novo. Tudo faz crer que o protetor imediato da nação judaica
era uma Entidade mais ou menos identificada com a índole
guerreira da raça. Cada homem, cada povo, tem o Guia
Espiritual que merece, compatível com o seu grau de
evolução moral. Podia ser, talvez, um dos antepassados,
com autoridade para impor seu domínio sobre os homens.
Tais entidades, por atrasadas que sejam, não ficam ao
desamparo da Espiritualidade Superior, mas é claro que esta
não pode impor ensinamentos que os assistidos não estejam
ainda em condições de assimilar. A evolução tem que vir
naturalmente, sempre respeitando o livre-arbítrio de cada
ser. O mesmo ocorre ainda hoje, com os "pretos-velhos" e
"orixás" que orientam os cultos africanos. Quando se
dedicam ao bem, trabalhando em favor dos que sofrem,
recebem assistência e orientação dos Espíritos elevados. Se
preferem a prática do mal, tornam-se vitimas de entidades
malévolas e ficam entregues a própria sorte até que, caindo
em si, percebam a voz da consciência e, arrependidos, se
voltem para Deus. O exame do Velho Testamento nos leva a
duas alternativas: ou era o próprio legislador quem, com o
propósito de infundir respeito, atribuía a Divindade todos
aqueles rompantes de ferocidade de que o Antigo
Testamento está repleto, ou Deus se fazia representar ante o
povo por uma deidade tribal, talvez ate mais de uma, como
se infere de Gen. 3:22: "Eis que o homem é como um de nós,
sabendo o bem e o mal". E a prova de se tratar de espirito
ainda um tanto materializado é que "habitava no tabernáculo"
(II Sam. 7:6), ou "de tenda em tenda" (I Cron. 17:5) e "se
comprazia com o cheiro dos animais imolados em
holocausto" (Números 29:36) O Deus que amamos e
adoramos não pode estar sujeito as paixões humanas. Não
se concebe um Deus de infinita perfeição tomado de rancor,
167
“A verdade em verdade vos digo”

pronto a descarregar sobre suas criaturas a sua tremenda


ira. E no entanto, embora Ele se diga "misericordioso e
piedoso, tardio em se irar e grande em beneficência e
verdade" (Êxodo 34:6), contam-se para mais de 60 acessos
de cólera entre os livros Êxodo e II Reis.
O Jeová do Antigo Testamento, que
deu ao seu povo o mandamento "não matarás", mandava
exterminar os inimigos (e ate os amigos...) com incrível
ferocidade. Como explicar tamanha contradição? O apóstolo
João afirmou: "Deus nunca foi visto por ninguém" (João 1:18)
e "ninguém jamais viu a Deus" (I João 4:12), o que foi
confirmado por S. Paulo: "(aquele) a quem nenhum dos
homens viu nem pode ver" (I Timoteo 6:16) e pelo próprio
Jesus: "Não que algum homem tenha visto o Pai" (João
6:46). Mas lemos no Antigo Testamento que Deus disse: "Eu
apareci a Abraão, Isaac e Jaco" (Êxodo 6:3) e que Moisés,
Arao, Nadib e Abiu e mais 70 anciãos viram Deus (Êxodo
24:9-11).
"Falava Deus a Moisés face a face,
como qualquer homem fala ao seu amigo" (Êxodo 33-11) e
contudo o advertiu: "Não poderás ver a minha face, porque
homem nenhum verá a minha face e viverá" (Êxodo 33:20) e
em seguida abriu uma concessão: “ver-me-ás pelas costas,
mas a minha face não se vera” (Êxodo 33:23). E no entanto o
próprio Deus afirmou: “Eu falo com Moisés boca a boca e ele
vê a forma do Senhor” (Num. 12:8) e mais: “Cara a cara o
Senhor falou conosco no monte, no meio do fogo” (Deut. 5:4)
e "(Moisés) a quem o Senhor conhecera cara a cara" (Deut.
34:10). Finalmente, "Deus por duas vezes apareceu a
Salomão" (I Reis 11:9). Afinal, Deus foi visto ou
não? Afirmando que a Bíblia é a palavra de Deus, se
baseiam nos versículos abaixo:
16Toda Escritura é divinamente
inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para
corrigir, para instruir em justiça; 17para que o homem de
Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa
obra. (II Timóteo 3) Pois bem, a minha João F. de Almeida
de 1948 diz: "Toda escritura divinamente inspirada é
proveitosa para ensinar..." Paulo se referia as escrituras que
realmente são inspiradas, não considerando outras. E se
168
“A verdade em verdade vos digo”

fosse como querem, também seria uma contradição. Não


dizem os católicos e protestantes que nem tudo é inspirado,
e chamam de "apócrifos" livros que não constam em suas
bíblias? Ainda por cima, a Bíblia protestante exclui livros que
estão na Bíblia dos católicos... E gostaria de saber em que
toda aquela guerra e, principalmente, aquela demonstração
de PRECONCEITO contra deficientes físicos, poderia ser
"proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para
instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito,
e perfeitamente preparado para toda boa obra.". Não creio
MESMO que Paulo estivesse falando de toda a Bíblia.
Outras argumentações dos que afirmam
ser a Bíblia a "Palavra de Deus":
" Jesus: a. leu-a (Lc 4:16-20); b.
ensinou-a (Lc 24:27);"
Mas também a resumiu em "Amar a
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo".
Nós, espíritas, acreditamos que a Bíblia CONTÉM a Palavra
de Deus, mas não é inteiramente a Palavra de Deus,
infalível, inquestionável... “Jesus afirmou que elas eram a
verdade” (Jo 17:17); Diz o versículo 14: "Eu lhes dei a tua
palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo,
assim como eu não sou do mundo." Jesus se referia a
palavra que Ele trouxe. Essa, sim, veio de Deus. Jesus
hamou-a "A Palavra de Deus" (Mc 7:13); Novamente, não
toda a Bíblia. "Jesus viveu e procedeu de acordo com ela"
(Lc 18:31); "Tomando Jesus consigo os doze, disse-lhes: Eis
que subimos a Jerusalém e se cumprirá no filho do homem
tudo o que pelos profetas foi escrito;" Se referia as profecias
sobre o Messias, que se cumpriam com Ele.
"Declarou que o escritor Davi falou pelo
Espírito Santo" (Mc 12:35,36); Inspiração mediúnica (leia o
item Espírito Santo) "Jesus cumpriu-a (Lc 24:44). Jesus põe
sua aprovação em todas as Escrituras do Antigo Testamento
pois" Leis, Salmos e Profetas "eram as três divisões da Bíblia
nos dias em que o Novo Testamento ainda estava sendo
formado. "44Depois lhe disse: São estas as palavras que vos
falei, estando ainda convosco, que importava que se
cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de
Moisés, nos Profetas e nos Salmos. 45Então lhes abriu o
169
“A verdade em verdade vos digo”

entendimento para compreenderem as Escrituras; 46e disse-


lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao
terceiro dia ressurgisse dentre os mortos;" (Lc 24:44-46)
Mais uma vez, se referia apenas as
profecias a seu respeito.
"Em cada pessoa que aceita a Jesus como Salvador, o
Espírito Santo põe em seu espírito a certeza quanto à autoria
da Bíblia. É uma coisa automática. Não é preciso ninguém
ensinar isso. Quem de fato aceita a Jesus, aceita também a
Bíblia como a Palavra de Deus, sem argumentar."
Ora, isso é um convite a fé cega!
Em Jo 7:17, Jesus mostra como
podemos ter dentro de nós o testemunho do Espírito Santo
quanto a autoria divina da Bíblia: “Se alguém quer fazer a
vontade de Deus
“14Estando, pois, a festa já em meio,
subiu Jesus ao templo e começou a ensinar. 15Então os
judeus se admiravam, dizendo: Como sabe este letras, sem
ter estudado? 16Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina
não é minha, mas daquele que me enviou. 17Se alguém
quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é
dele, ou se eu falo por mim mesmo. 18Quem fala por si
mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória
daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele
injustiça. (João 7:14-18)
Mostra Jesus que não é Deus, mas um
enviado de Deus, trazendo a palavra de Deus. E diz o óbvio:
que devemos reconhecer o que é a sua palavra e a palavra
de Deus, para procurar cumprir essa última. Não diz nada
sobre a Bíblia ser divina.

Adão, Eva, Caim, Abel

Aos irmãos de outros credos religiosos


que souberem e se dispuserem a explicar-me as passagens
bíblicas seguintes ficarei grato, pois não tive o entendimento
para aceitar como coerentes os fatos narrados a seguir.
A Bíblia nos diz que "Deus formou o
homem do pó da terra" (Gn. 2:7). E disse o Senhor: "Não é
170
“A verdade em verdade vos digo”

bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que


lhe seja idônea". (GN. 2:18) e, Deus retirou uma das suas
costelas (Gn. 2:21) "e transformou-a numa mulher e a trouxe
para Adão (Gn. 2:22). E naturalmente ao se coabitarem,
tiveram dois filhos: Caim, que foi lavrador, e Abel, que foi
pastor de ovelhas. (Gn. 4:1-2). Ocorreu que ambos fizeram
ofertas do que possuíam ao Senhor. Mas o Senhor agradou-
se mais de Abel e de sua oferta, o que provocou ciúmes e ira
em Caim, levando-o a matar seu irmão Abel (Gn. 4:8).
Os fatos, até o presente momento, são
aceitáveis, porém, como explicar que "Caim tenha coabitado
com sua mulher e esta tenha dado à luz a um filho que foi
chamado de Enoque, e ainda: Caim edificou uma cidade"
(Gn. 4:17).
A pergunta é: De onde surgiu essa
mulher, se na Bíblia, até aquele momento, só havia uma
única mulher, originada da costela do único homem, os quais
eram seus legítimos pais biológicos?
Após matar seu irmão, Caim sai a
edificar uma cidade. Com quem? Para quem? Teria a Bíblia
omitido a existência de outros povos?
Aos cento e trinta anos de idade Adão e
Eva tiveram o terceiro filho, o qual foi dado o nome de Sete.
(Gn. 4:25 e 5:3). (Não vamos questionar o fato de uma
mulher dar à luz aos 130 anos de idade, pois a vida
continuou e após seus cento e trinta anos, ainda tiveram
outros filhos e filhas. (Gn. 5:4), vindo a falecer aos 930 anos
de idade. (Gn. 5:5). É com você, leitor, a reflexão sobre
esses fatos narrados na Gênesis.
Até nos dias de hoje, seguem
barbaridades:
No século XVIII as idéias moralizadoras da igreja ganharam
mais adeptos, aumentando, com isso, as idéias antitrinitárias.
As reações contra aqueles que não acreditavam na idéia
trina foram as seguintes:
1575 – Foram queimados os "batistas arianos";
1612 – Foram queimados os últimos ingleses por motivos de
fé;
1717 – Alguns pastores presbiterianos foram obrigados a
decidirem entre a ortodoxia (idéia trina) e o arianismo;
171
“A verdade em verdade vos digo”

1813 – O Parlamento britânico extinguiu as penas contra os


negadores da Santíssima Trindade.
Por último, mais recentemente, (1977),
sete teólogos ingleses publicaram um livro com o título: "O
Mito do Deus encarnado", combatendo a crença de muitos
religiosos que aceitam a idéia de que Jesus é ou foi Deus.
Será que Deus deixaria qualquer ser,
não somente humano, morrer em seu nome desse jeito?
Sem nada fazer? Ele não é amor, perdão e eternidade?
E, volto a questionar sobre Caim e Abel,
qual deles era hermafrodita ou gay, ou mulher com nome de
homem, pois que gerou esses filhos deles?: E que povos
eram esses que Caim foi dado como escravo para pagar seu
pecado, se na Bíblia menciona somente, Eva, Adão, Caim e
Abel?

As perguntas mais frequentes sobre ESTUDANDO A


BÍBLIA. ( resumo )

O que é a Bíblia ?
- È o conjunto dos livros que compõe o Velho e o Novo
Testamentos. (pág 03);

Pode haver contradições bíblicas ?


De acordo com os textos seguintes, sim.
a – Considerando que Deus é de infinita sabedoria e que
suas obras são perfeitas, como pode, Ele, arrepender-se do
que fez ? (pág 06);
b – O 5º mandamento diz: "Não matarás". No entanto, manda
matar os amigos, vizinhos e todo aquele que tiver fôlego.
Veja mais citações na Pág 06.

Jesus e Deus são uma só pessoa ?


Não. Esta questão foi rejeitada por três concílios
consecutivos. No entanto, foi aprovada no concílio de Nicéia
em 325 d.C. Talvez, para a época, se justificasse atribuir a
Jesus a divindade do Pai. Hoje porém o homem está mais
esclarecido e só aceita certas coisas se estiverem coerentes
com a razão e a lógica. (pág 07)
172
“A verdade em verdade vos digo”

Como provar que Jesus não é Deus ?


- Nas pág. 07 e 08 constam várias citações bíblicas em que
Jesus se coloca na condição de filho de Deus. Ex.:
A – "... ninguém vai ao Pai, senão por mim";
B – "Tudo que o Pai me dá, ...";
C – "... O Pai é maior que Eu ...".

Existem penas eternas ?


- Entendemos que não. Vejam as citações bíblicas:
A – "Deus quer que todos os homens se salvem ..." (1ª
Timóteo 2:3-4) pág 08;
B – "Toda Terra se converterá ao Senhor ...";
C – "Não quero a morte do ímpio, mas que ele se converta e
viva" (Ezq. 33:11);
D – "Não é da vontade do Pai que nenhum desses
pequeninos se percam" (Mt 18:14) pág 09;

E o inferno, existe ?
- Antigamente, com o objetivo de se fazer com que as
pessoas não errassem tanto (pecassem), amedrontavam-nas
com ameaças das penas eternas no fogo do inferno. Não
existe inferno; (pág 10) .

E o que dizer então de satanás, demônio, diabo, etc.?


A – Para os cristãos antigos não existia essa figura de satã
ou satanás. É sabido que os judeus saíram do exílio
babilônico por volta do ano 538 a.C.. Trouxeram de lá muitos
costumes. E foi do zoroastrismo, religião dos persas, que
trouxeram a idéia de satã. É bom frisar que a primeira citação
de satanás na Bíblia está no livro de (Jó 1:6) e nos livros
escritos após o ano de 538 a.C.. Satanás, não é, então, um
conceito bíblico. Não existe.. pág 10.
B – Do Grego, "daimon" significa inteligência, gênio, etc..
Modernamente lhe é dado o significado de espírito do mal.
Não é o mesmo que satanás. Espíritos perversos existem e
muitos. Vale lembrar que segundo os evangelhos, Jesus
expulsou "demônios" (espíritos maus) e nunca satanás, pois
este não existe.

173
“A verdade em verdade vos digo”

C – A figura de lúcifer foi incluída na Bíblia por São Jerônimo,


(Isaias 14:12), quando da vulgata. Vejam (Isaias 14:3-22)
que o tema versa sobre o Rei babilônico Nabucodonossor.

A Bíblia é falível (contém falhas)?


Não diria somente a Bíblia, mas as Bíblias. Elas contêm
vários textos contraditórios e muitas alterações procedidas
por seus tradutores, tudo de acordo com suas convicções.
Isto nos leva a crer que ela é falível sim. Repito: A Bíblia
deve ser lida, mas com cuidado para não aceitar tudo que
outras pessoas querem que acreditemos sem buscar a razão
e a coerências. Cuidado com o fanatismo! Basta usar o bom
senso e buscar melhor esclarecimento à luz da razão. Por
exemplo: comparem as seguintes citações:
A – (2ª Sam. 24:1) com (1ª Crônicas 21:1);
B – (Dt. 24:16) com ( Num. 14:18) e (Jeremias 31:29-30) com
(Dt. 5:9).

Pode citar algum exemplo de alteração da Bíblia ?


a – Na tradução do hebraico para o grego foram
acrescentados sete livros; (pág 16)
b – Na tradução do grego para o latim, São Jerônimo
mandou uma carta ao Papa dando conta de que iria
acrescentar, substituir, suprimir e corrigir textos, etc.;
c - Revisões e correções de 1945, 1967 e 1995 (pág 25);

Em que língua foi escrita a primeira Bíblia ?


Na língua hebraica.

Quais as traduções seguintes ?


a – Septuaginta (do hebraico para o grego);
b – Vulgata (do grego para o latim); e:
c – Do latim para outros idiomas.

Daí todas essas interpretações sobre


Deus, e as mais variadas religiões. Se Deus está em todas
como pregam, ele não existe em nenhuma! E a Bíblia escrita
em hebraico, língua judia, só beneficia o s judeus, que são
exaltados pelos evangélico e até certa veia do catolicismo,
como o “povo eleito”. Elei to para quê mesmo?
174
“A verdade em verdade vos digo”

Os espíritas acreditam na reencarnação.


Este tema é também recente ?

Não é recente. Reencarnação, vidas sucessivas,


palingenesia, etc., é assunto bem antigo. Desde muito antes
de Cristo que o assunto é estudado, aceito e divulgado na
Índia antiga, com o livro dos vedas, na Ásia; pelos egípcios,
na África; pelos hebreus, no Oriente; pelos gregos e romanos
na Europa e pelos druidas, na França. (pág. 17).

Mas a igreja católica é contra a reencarnação.

Diria que parte dos católicos apenas,


não todos. Mesmo assim, nos dias atuais, pois até o segundo
concílio de Constantinopla, em 553 d.C., a igreja católica
aceitava e divulgava para seus fiéis esse princípio (pág 17).
Por problemas puramente políticos foi retirado do cânone
religioso. Mas nem o Papa da época, Virgílio, nem outras
autoridades religiosas quaisquer assinaram o documento
reprovando a reencarnação. E olhe que o Papa Virgílio ficou
preso em Roma durante oito anos (pág 17 e 18). Na
sequencia serão citados alguns nomes de ilustres dirigentes
religiosos sensatos que assumiram a responsabilidade de
trazer a verdade até seus fiéis:
A – Plotino, em sua obra "Eneidas";
B – Os judeus, no livro "O Talmude" (indícios);
C – Padre Dindon, na obra "Vida de Jesus";
D – O sábio beneditino D. Calmet, na obra "comentários";
E – O Cardeal Nichollas de Cusa em seu trabalho "Teoria da
pluralidade das existências das almas";
Obs.: Os Papas Eugênio IV e Nicolau V apoiaram o Cardeal
Nichollas e suas idéias.

Mas na Bíblia não consta nada sobre a reencarnação.

175
“A verdade em verdade vos digo”

Consta sim. Às páginas 18 a 20 do


presente trabalho indicam outras citações, a exemplo das
seguintes:
A – (João 9:2) "Quem pecou para que este homem nascesse
cego, ele ou seus pais?"
Obs.: Como pode alguém pecar antes de nascer se não for
em outra vida?
B – (Jò 8:8-9) "Pergunta à gerações passadas, examina a
experiência dos pais, somos de ontem e nada sabemos"
C – (Jó 14:14) "Morrendo um homem, tornará a viver? ..."
D – (Mt 16:13-17) Algumas pessoas achavam que Jesus era
João Batista, outros, que era Elias, Jeremias, ou algum dos
profetas. Fica bem claro que acreditavam nas vidas
sucessivas (reencarnação). Caso contrário não diriam que
uma pessoa já morta fazia tempo, estivesse viva em carne e
osso naquele momento;
E - (Isaias 26:19) "Os teus mortos tornarão a viver ..."
F – (João 3:3) "... se alguém não nascer de novo, não pode
ver o reino de Deus";
G – (João 3:7) "Não te admires de eu te dizer: importa-vos
nascer de novo".

Como acreditar na prática mediúnica, ou seja, na


comunicação entre vivos e mortos se a igreja e a Bíblia
condenam essa prática ?
Alguns membros das igrejas podem até não aceitar, mas por
falta de orientação correta ou de compromisso com a
verdade. Quanto à Bíblia, pode haver algum paradoxo por
causa de algumas alterações tendenciosas de algumas
pessoas. A Bíblia não proíbe a prática mediúnica ou prática
espírita, muito pelo contrário, cita várias passagens, tais
como as amostras seguintes, pois a Bíblia está recheada de
citações mediúnicas. Ex.: (pág 21)
A – (1ª Sam. 28:3-25) O Rei Samuel consulta uma médium e
fala com o espírito de um morto;
B – (Isaias 8:19) "...acaso o povo não pode consultar seus
deuses e seus mortos em favor dos vivos?";
C – (1ª Sam. 9:9) Versa sobre a consulta ao vidente...;
D – (Isaias 30:10) Eles dizem aos videntes...;

176
“A verdade em verdade vos digo”

E – (1ª Crônicas 29:29) Samuel e Gade são citados como


videntes.

E por que dizem que a Bíblia condena o espiritismo ?


A Bíblia não condena o espiritismo. Alguns religiosos é que
tentam omitir a verdade a seus fiéis. Vejam por exemplo:
A – No seu original, não condena;
B – Na versão grega, também não;
C – No texto latino, idem.
Na Bíblia de Jerusalém, edição paulinas, na tradução para a
língua portuguesa colocaram em Deuteronômio 18:11, a
proibição de se interrogar os mortos.
Allan Kardec, por volta de 1854 já
combatia a consulta indevida aos mortos, tal qual fez Moisés
(Livro dos médiuns Cap. 25, questões 273 a 275)
A 35ª edição da Bíblia dos irmãos
testemunhas de Jeová, editora Ave Maria, consta, em
Levítico 19:31 "Não vos dirijais aos espíritas, ..."
(Mt 18:20) "Onde estiver dois ou mais
reunidos em meu nome, ali estarei".
Obs: Jesus exclui alguém com estas
palavras ?
Com as citações seguintes tiraremos
possíveis dúvidas se é a Bíblia ou o homem que tenta
combater a doutrina espírita, por falta de conhecimento ou
por outro motivo qualquer.
(Nm. 11:26-30) "...quem dera todo mundo fosse profeta"
(médium);
(1ª Sam. 28:3-19) O Rei Saul consulta uma médium e fala
com o espírito de um morto.;
(Mt 17:1-8) Jesus reúne Pedro, João e Tiago e sobe ao
monte tabor onde conversa com os espíritos de Elias e de
Moisés.; (Será que Moisés proibiu falar com os mortos, etc ?)
(1ª carta de Paulo aos coríntios 12:4-11) diz que há vários
dons, mas que o espírito é o mesmo.;
(1ª aos Tessalonicenses 5:19-21) "Não extingais os espíritos,
discerni tudo e ficai com o melhor".;
(João, na sua 1ª carta, 4:1-3) nos alerta sobre a comunicação
dos espíritos impostores. A mesma orientação de Allan
Kardec.
177
“A verdade em verdade vos digo”

Diante de algumas citações acima, pode-se afirmar que a


Bíblias condena o espiritismo?
Obs.:
Estas foram as perguntas que mais me foram direcionadas
por conta da presente pesquisa. Por favor, qualquer
sugestão com o intuito de sanar possíveis equívocos, será
bem aceita.

MINHA PARTE

Diante de tudo isso, venho apresentar


minha visão sobre Deus:
Ora, é humanamente e eteriamente
impossível existir UM Deus. Um Deus que cuida de tudo e de
todos sozinho. Aliás, não existe fisicamente um deus, nem
vários deuses.
Deus é tudo que está no universo, ou
seja, ele é o universo! - veja logo mais uma breve
explanação sobre o que é o universo, física, científica e
astronomicamente falando, do universo.
Deus não dá nada a ninguém, nem
mesmo tira de alguém. Tudo de bom ou ruim que nos
acontece, é fruto dos nossos atos nesta e em outras vidas.
Sim, porque é impossível que tenhamos somente esta vida,
pois se for assim, Deus foi ingrato e injustos com alguns, e
demasiadamente generoso e benevolente com outros.
Ora, se Deus dá fome e doenças na
África negra e condições idéias de vida nos países nórdicos,
ele é um puxa saco deles?
Por que quando há um acidente de
ônibus, por exemplo, morrem alguns ou muitos, e outros
escapam, muitas vezes ilesos? Deus escolheu alguns de
seus filhos e desdenhou outros? Que pai faria isso?
Deus causou o acidente, já que ele tem
o domínio de tudo e de todos. E o mesmo acidente ele faz
mães chorarem desesperadas pelos seus filhos e outras
clamam a ele o salvamento de outros.

178
“A verdade em verdade vos digo”

Por que umas mães são melhores que


outras na concepção de Deus?
Aí vem alguém dizer que os desígnios
de Deus não são para nossa compreensão. Boa desculpa
para os religiosos, que exploram a fé dos incautos.
Por que no mesmo dia que nasce uma
criança sadia, em berço de ouro, com todo o futuro
promissor, nasce também uma criança pobre, deficiente
física ou psíquica, sem futuro ou perspectiva alguma? Sem
motivo algum, pois já que nasceram no mesmo dia, puros,
inocentes, que mal fizeram a Deus ou alguém? Vidas
passadas!!!!!!!!
Por isso minha afirmação de que Deus
não dá nada nem tira de ninguém. Mesmo porque não pode
nunca ter existido um Deus físico. Se pensarmos bem, a
bíblia, que é a maior farsa de todos os tempos, já que
privilegia somente o povo judeus (que não sei se é para rir ou
chorar), diz que somos feitos a imagem e semelhança de
Deus. Pronto! Se isso é verdade Deus precisou de um pai e
uma mãe para nascer, senão não somos imagem e
semelhança coisa nenhuma. E era para sermos todos
homens, já que Deus supostamente é homem.
E ainda, vou mais adiante: Jesus
precisou de uma mãe e um pai. A conversa de que Maria
engravidou de um anjo, é pra boi dormir. Para que deus
usaria um anjo engravidando uma mulher terrena, se ele
poderia com todos os poderes a ele atribuídos, ter colocado
Jesus diretamente na terra sem precisar de mãe. Se precisou
de mãe, precisou de pai também, senão vira histórias de
criancinhas.
Tudo de bo0m agradecemos a Deus,
tudo de ruim, reclamamos, mas não recriminamos Deus,
falando que foi ele que quis.
Partindo desse pressuposto, concluo
que Deus é ditador, autoritário e nos obriga a crer e seguir o
que ele deseja, senão sofreremos, como está escrito em
todas as religiões! Ele nos obriga a aclamar o povo judeu, daí
a discriminação para com os outros povos, principalmente
com os árabes, os maldoso da história. Pois nem os romanos

179
“A verdade em verdade vos digo”

que crucificaram Jesus, a mando dos judeus, ele castigou, já


que a Itália é um país rico e evoluído.
Na Bíblia fala que Deus pedia
autorização a Moisés para matar quem não o seguisse.
Desde quando Deus precisa de autorização de alguém para
fazer alguma coisa?
Alguns atos da humanidade são
atribuídos a Deus, em qualquer religião ou lugar. Em nome
de Deus a Igreja Católica matou, queimou durante a
inquisição. Em nome de Deus os evangélicos pregam a
abstinência de muitas coisas, mas nunca a abstinência do
dizimo. Os muçulmanos, em nome de Deus, explodem outros
irmãos pregando a Jihad – guerra santa. Até em nome de
Deus os ateus pregam a sua inexistência sob qualquer
forme, e os agnósticos, pregam a dúvida sobre a existência
de Deus.
Nenhum deles, Deus pune ou castiga,
porque é da natureza de Deus o amor, a vida e o livre
arbítrio, que nós e Deus temos.
Ora, a vida é um espelho, tudo que
fazemos de bom ou de ruim, fazemos para nós mesmo. Pois,
quando olhamos num espelho, a gente se enxerga nele, não
enxergamos ninguém mais.
Deus é o tudo e o nada. O tudo pois ao
nosso redor o que vemos e sentimos, é Deus. E o nada,
porque nunca o alcançaremos nem chegaremos a senti-lo.
Não fisicamente.
Deus não teve começo nem terá fim,
assim como nós, que somos uma centelha dele. Deus é a
criação, o criador, o mundo, o universo, somos nós, são os
animais, plantas, minérios o ar, o fogo, etc.
Quando estamos fazendo o bem,
estamos alegres e otimistas somos Deus, quando estamos o
contrário, somos o demônio.
Aliás, por falar em demônio, coitado,
nunca existiu nem existirá! Deus não faria sua antítese. A
história de que o demônio foi um anjo que rebelou, Lúcifer, e
Deus não o trouxe de volta, me faz deduzir o seguinte:

180
“A verdade em verdade vos digo”

Primeiro – Deus é imperfeito, já que fez


um filho malfeito, que não seguiu sua formatação, e se
rebelou querendo ser ele, Deus.
Segundo – Deus é mais imperfeito que
eu imaginei, pois além de ter errado na “fabricação” deste
filho ingrato, ele não conseguiu consertá-lo, fazendo voltar a
ser bom.
A verdade é que Deus é totalmente
perfeito, nunca existiu demônio, capeta, diabo, duba-dubá,
ou qualquer outro ser parecido. O diabo está dentro de nós
assim como Deus está. O bem e o mal são Deus. Deus é
tudo. Ou então ele não existe e as coisas surgiram do nada.
Aliás, falando em nada, a teoria do big
bang que criou o mundo - outra idiotice -, por onde andava
Deus antes? Ou o big bang é Deus. Antes de Deus, o que
existia, antes de tudo surgir, quem fez Deus?
Deus, sempre esteve, pois ele não é
nada, já que nunca o veremos, e é tudo, já que tudo que está
aí é Deus.
Não prego o ateísmo nem o
agnosticismo. Pois a força criadora existe. O nosso
pensamento de bem ou de mal, o voo de um pássaro, avião
ou disco voador, é Deus.
Os esportes, as armas, os salvamentos,
os assassinatos, os foguetes, a lua, a galáxia. Sim as
galáxias, pois todos os planetas e rincões desse universo é
habitado. Seria muita prepotência nossa achar que somente
a Terra é habitada. Ou para que serviria todos os outro
planetas e astros? Para enfeitar as noites de namorados? Ou
Deus não tinha mais o que fazer depois de nos criar na
Terra, ele resolveu encher o céu de penduricalhos e
bugigangas? Ou seria a versão dos evangélicos, somente
para iluminar as noites escuras? O sol serve para que
mesmo? Deus tem muitas habitações e lugares para tomar
conta, não pode somente se preocupar com a Terra.
E para que serve a morte? Para que
Deus nos tira a vida que ele mesmo nos dá? Seria ele um
zombador?
Por que das dificuldades que
passamos? Por que o mundo não é um paraíso? Seria a
181
“A verdade em verdade vos digo”

interpretação de Adão e Eva? E seus filhos, Caim e Abel?:


Qual dos dois era mulher ou hermafrodita? Pois tiveram
filhos, e Caim, depois de matar Abel, foi vendido a outros
povos, como forma de castigo. Que outros povos eram
esses, já que somente existia, Eva, Adão, Caim e Abel?
São fatos que nos leva a imaginar o
quanto fomos enganados todo esse tempo, por
aproveitadores religiosos, que dominaram e dominam o
mundo até hoje, usando a nossa “boa-fé”!
Como Sigmund Freud disse um dia, “a
crença em Deus vem do desejo de um pai protetor e
imortalidade, ou como um ópio contra a miséria e sofrimento
da existência humana”. Pode ser um pouco radical demais,
mas em síntese é isso mesmo que sempre ocorreu na
história religiosa da humanidade, junco com a sede, o desejo
e a necessidade de controlar o povo.

“Atos” de Deus na Terra

Desde a criação do nosso planeta, vem


acontecendo mudanças, transformações e revisões. Tudo
por parte de Deus. Mesmos as nossas intervenções na
natureza, foram feitas por Deus, já que somos as mãos dele
aqui.
Os terremotos em quase todo o planeta,
excluindo, quase que exclusivamente o Brasil, os maremotos
e os vulcões, idem. Por que nós fomos privilegiados sem
esses fenômenos naturais? Nós que somos uma nação
nova, poderíamos sofrer muitas coisas, pois nações antigas,
já sofreram bastante.
Não me entra na cabeça o fato de Deus
ser tão mesquinho e discrepante.
Não existe justiça ou injustiça. Perfeição
ou imperfeição. Com Deus tudo é correto. Ele nunca causaria
dano a alguém em benefício de outrem.
Um pai não castiga um filho e deixa
outro livre, sendo os dois com o mesmo índice de bondade
ou maldade. Por que alguns são presos por serem maus,
delinquentes e tenebrosos? Por que outros não são assim?
Imperfeição de Deus? Não! Vidas passadas!
182
“A verdade em verdade vos digo”

Por que outras pessoas tentam a vida


toda conseguir um futuro confortável, batalha é honesto,
trabalha, faz sempre o bem, e não consegue atingir esse
patamar. Conquanto que outros recebem tudo facilmente?
È de se imaginar que toda a bondade e
compreensão dessa força tem um limite, um fim. Isso é a
razão de coisas boas e más, de gente boa e má, precisamos
desses preceitos para evoluirmos. Você pode perguntar, se
Deus é bondade, por que dessas sirtuações? Respondo que
ele é bondade e maldade, ele sopra o bem, e nós temos a
autonomia de seguir ou não. Essa autonomia só atrasa a
nossa evolução, já que não somos bons o tempo todo. Por
isso que Deus não dá nem tira, você cava ou não sua própria
sepultura, falando metaforicamente. Como disse uma vez o
célebre escritor espanhol, Miguel de Cervantes, "Deus tem
paciência com os maus, mas não para sempre".
Seria um despropósito de Deus. Já que
ele nos colocou no mundo com igualdade de condições e
competitividade. Não justifica ajudar uns e não outros. Então
Deus não dá mesmo nada ninguém, nem tira de ninguém.
Deus criou as doenças, algumas ele
ensinou a cura, e outras não. Por que? Alguns povos da
Terra têm mais sabedoria, inteligência e destino melhores
que outros. Por que se somos todos filhos dele? Não justifica
trabalharmos, construirmos um patrimônio, educar os filhos,
ter uma aposentaria digna, e outros irmãos fazer o mesmo
trabalho e nunca ter nada.
Os simples mortais sofrem as mazelas
dos dias, as rotinas de pegar um trânsito ruim nas grandes
cidades, longas distâncias percorridas, e alguns privilegiados
políticos, roubarem, desviar fundos de saúde, burlar a lei, e
continuarem soltos, ricos, felizes e com imunidade. Isto é
Deus quem fez? Sim, partindo do princípio de que Lê tudo
vê, foi ele sim.
Aí eu entro no tema: Deus não dá nem
tira nada de ninguém. Tudo que acontece com o nosso
planeta, é obra nossa junto com o que está escrito pelos
engenheiros planetários, há milênios.
Não culpemos Deus. Também não
devemos dar crédito a ele pelas coisas virtuosas. Porque as
183
“A verdade em verdade vos digo”

coisas virtuosas ou ruins acontecem com todos, e não há


interferência divina. Deus não é injusto, porque ele não criou
justiça. Ele não é puro, já que não criou impurezas, ele não
certo porque não criou o errado. Ele simplesmente é uma luz
que não teve começo nem terá fim, então nunca existiu e
sempre esteve aí.
O próprio Jesus disse certa vez: "O que
queres que os homens façam por ti, faça igualmente por
eles."
O que podemos fazer para sermos
felizes sem Deus? Tudo, pois tudo está a nossa frente. bom
e ruim. Assim como elucidou o escritor, poeta e artista
parisiense, Jean Cocteau, "Deus não teria alcançado nunca o
grande público sem a ajuda do Diabo."
Não adiante você passar os dias
rezando, orando, fazendo referências a Allah, Jeová, Buda,
Pai de Santo, ou qualquer expressão de fé, se você não faz
as coisas certas. Costumo usar um simples exemplo: Faço
uma aposta com qualquer pessoa, faremos uma inscrição em
um concurso ou vestibular. Passarei um mês estudando e o
meu oponente apostador, passará um mês rezando somente,
pedindo a Deus para passar. Veremos quem terá melhor
sorte e sucesso. Escreveu Mikhail Bakunin: “A existência em
Deus implica necessariamente a escravidão de tudo abaixo
dele. Assim se Deus existisse, só haveria um meio de servir
a liberdade humana: seria o de deixar de existir.”
Isso prova que Deus não interfere em
nada nesse universo. Tudo está dentro de nós. Cada um
temos uma aptidão, ou dom. Isso é parte de Deus, como
somos, pois precisamos de todas as aptidões, de médicos,
engenheiros, taxistas, pedreiros, garimpeiros, padeiros,
cozinheiros, para que tenhamos uma sociedade e uma vida
sequencial. Isso é Deus evoluindo junco conosco, as
centelhas.
Há uma vasta e elucudante explicação
sobre Deus, no livro O Evangelho Á Luz do Cosmo, de
Ramatís, onde em uma linguagem “terrena”, ele esclarece
algumas verdades. Vale a pena lerem.
Se você considerar Deus um ser que
nos influencia e influencia o cotidiano do universo, estaremos
184
“A verdade em verdade vos digo”

deixando na mão de um ser que falhou antes, e falhará de


novo, correndo o risco do fim da existência. Falo de um ser
pregado para nós ao longo da humanidade terrena, pois
criou um anjo, e esse anjo rebelou. Criou o paraíso, colocou
simples mortais lá, e eles acabaram com o mesmo. Criou
através, de um outro humano, os mandamentos que
tornaram-se obsoletos diante dos avanços e as
consequências trazidas por eles. Então é ou não é um ser
que falhou? Ou então esse ser não é Deus, já que ele não
falha nunca. Essa força criadora, esse pensamento, essa
inspiração, esperança, ideal, correção e exatidão nunca
falharam. Por isso o mundo é Deus, e não feito por Deus.
Nós que somos centelhas, fagulhas por assim dizer, é que
falhamos, como as vezes nossos movimentos, cálculos ou
pensamentos são falhos, e somos sentenciados por isso,
acontece o mesmo com Deus, quando nós falhamos. A sua
sentença é a não evolução momentânea. Imagine todo o
universo evoluindo e |Deus precisando dessa evolução.
Como nos ditou bem o grande inglês Victor Hugo, "Deus é a
evidência invisível”.
Precisamos também de “outras”
aptidões, como ladrões, malfeitores, inescrupulosos,
corruptos, doentes, etc, para que as profissões acima
tenham efeito de existirem. Isso também é Deus.
Precisamos dos animais, das plantas,
dos astros e asteroides, chuvas e das secas, pois
desenvolvimentos ocorrerão com estes fenômenos, e os
seres vivos citados nos ajudam na evolução espiritual, como
os animais domésticos, principalmente – nossos irmãos.
Essas necessidades descritas acima,
são inerentes e referentes ao nosso planeta Terra.
Aos outros, bilhões deles, cada um com
suas necessidades. Porém, todas sevem para evoluirmos.
Para chegarmos no que Deus é hoje, e o que ele foi ontem,
pois assim ele chegará mais distante, mais evoluído. Até
quando? Esse é o verdadeiro segredo de Deus. Como disse
Ayran Rand, "Deus... um ser cuja única definição é que ele
está além do poder do entendimento humano".
Buda disser outrora: "A Vida não é uma
pergunta a ser respondida. É um mistério a ser vivido”, no
185
“A verdade em verdade vos digo”

caso, Deus é a vida, é o mundo, é o vento, são as plantas, as


galáxias, etc, pois como o próprio Jesus disse, “no reino de
meu pai, existem várias moradas”, para um bom
entendedor...

Deus e o Infinito

Não é pelos sentidos que podemos chegar ao infinito,


assim como não é através dos olhos que podemos ver a
substância ou essência. Não é pelos sentidos que chegamos
a esta conclusão, porque o infinito não pode ser objeto dos
sentidos. E quem nega o infinito por não ser sensível, nega o
próprio ser. Por isso resta apenas ao intelecto julgar e dar
razão sobre aquilo que é afastado do tempo e do espaço.
Se o mundo é finito e fora do mundo nada existe,
onde está o mundo? Onde está o universo? Estarão o céu e
o mundo em parte alguma?
O que está além do mundo? Se a resposta é nada,
então é certo dizer que há o vácuo. E que o vácuo não possa
ter limites senão o limite que separa ele mesmo do mundo.
Pois um nada limitado seria muito mais difícil de imaginar.
Por não haver limite, nem termo ou superfície, é dito
com razão que o universo onde o nada e o mundo estão (se
é que se pode afirmar que o nada está em algum lugar) é
“Todo Infinito”, porque não possui limite e nem termo. Porém
não pode ser dito que é “Totalmente Infinito”, pois dizer isso
é o mesmo que afirmar que cada parte tomada do universo é
infinita também. E não é pois, como dito, o mundo finito é
parte do universo infinito. E sobre ser “Todo Infinito”, digo
que Deus também é, por excluir de si qualquer termo ou
limite e também por que cada um de seus atributos é uno e
infinito. Mas Deus também é “Totalmente Infinito” porque
está inteiramente em todo o mundo e em cada uma de suas
parte, diferente da infinitude do Universo que existe
totalmente no “todo”, e não nas “partes”.
Logo, por todas as razões segundo as quais se afirma
ser conveniente, justo e necessário este mundo, considerado
como finito, assim também devem ser considerados
convenientes e justos todos os outros inumeráveis mundos,
186
“A verdade em verdade vos digo”

aos quais, pelo mesmo raciocínio, a onipotência concede a


existência; e sem os quais ela mesma viria a ser acusada de
deixar um vácuo, em outras palavras, por não querer ou não
poder, onde não há a existência do ser há o universo infinito
de nada.
Que motivo nos levaria a acreditar que o agente,
podendo fazer um bom infinito, o faça finito?
E se o faz finito, por que devemos acreditar que
possa fazê-lo infinito, sendo nele a mesma coisa o poder e o
fazer? Pelo seguinte:
-se é imutável, não há contingência nem na operação,
nem na eficácia, mas de uma de uma determinada e certa
eficácia depende imutavelmente determinado e ceto efeito;
-daí não poder ser outra coisa senão aquilo que é, nem
poder ser aquilo que não é;
-nem pode ser senão aquilo que pode;
-não pode querer outra coisa senão aquilo que quer;
-e necessariamente, não pode fazer outra coisa senão aquilo
que faz;
-porquanto, possuir a potência distinta do ato é próprio
somente das coisas mutáveis.
Certamente não é sujeito de possibilidade ou
potência aquilo que nunca existiu, não existe e nunca
existirá;
Se o primeiro eficiente não pode querer nada mais
além daquilo que quer, também não pode realizar nada além
daquilo que faz.
Por isso não há como crer na potência ativa infinita, à
qual não corresponda potência passiva infinita, pretendo que
faça apenas um e finito aquele que, no infinito e imenso,
pode fazer inumeráveis, sendo sua ação necessária, porque
precede de tal vontade que, por ser imutabilíssima, antes, a
própria imutabilidade, é ainda a própria necessidade. E por
isso é necessário afirmar das duas uma;
-ou que o eficiente seja reconhecido como causa e
princípio de um imenso universo que contém inumeráveis
mundos;
-ou que dependendo dele um universo finito, com
astros de números determinados, seja atribuído a uma

187
“A verdade em verdade vos digo”

potência ativa e determinada, como é determinado e finito o


ato, pois tal é a vontade e tal é a potência, qual é o ato.
Se o universo for Infinito e Imóvel, não é necessário
procurar o motor dele. E mais, se infinitos são os mundos
contidos no universo, todos se movem pelo princípio interno,
que é a própria alma. E também cada mundo, ou astro,
assim como esta Terra, não estão fixos em parte alguma, e
giram em volta de seu próprio eixo ou em torno de um sol,
movidos pelo instinto animal interno e tais mundos,
inumeráveis, são similares ao do sistema solar.
Porém, o movimento dos astros não seria esférico
como Copérnico havia apresentado. Bruno suprime a esfera
das estrelas fixas conservada por Copérnico e alarga o
universo ao infinito. O universo não tem limites nem
referência absoluta e, portanto, as várias imagens dele são
relativas: qualquer ponto é centro - periferia.
Como no exemplo onde: algo que suba da terra em
direção a lua, para quem estiver na lua lhe parecerá que está
caindo da terra em direção ao solo lunar e não subindo. E
assim é tão certo afirmar que algo que esteja caindo está
subindo ao mesmo tempo, quanto afirmar sobre a
impossibilidade de o infinito ser tão verdadeiro quanto
afirmar que o universo é infinito, mesmo que pareça absurdo,
e também é por isso que de forma alguma é oportuno
destruir a filosofia alheia para confirmar a própria, pois na
verdade são apenas argumentos e palavras jogadas ao
vento.
No Universo de Giordano bruno - teólogo, filósofo e
frade dominicano italiano, que viveu na Idade Média e foi
executado na fogueira da Inquisição, acusado de herege
(isso prova mais uma vez minha teoria de que Deus pregado
pelas religiões ´é um autoritário, déspota e ditador
sanguinário), pronunciou antes de morrer: "Ainda que isso
seja verdade, não quero crê-lo; porque não é possível que
esse infinito possa ser compreendido pela minha cabeça,
nem digerido pelo meu estômago..." - o movimento de todas
as coisas não seria de natureza puramente mecânica, como
se o mundo fosse um jogo de partículas móveis, cujo
deslocamento seria resultado de um movimento inicial
gerado por um ser superior, – como Aristóteles apresenta –
188
“A verdade em verdade vos digo”

um primeiro motor que possa gerar movimento e mesmo


assim ser imóvel, que explicado por São Tomás de Aquino
seria Deus. Assim, a ortodoxia cristã, apoiada na metafísica
aristotélico-tomista, coloca Deus como a primeira causa e
transcendente, ou seja, tem existência plena e separada de
suas criaturas. Bruno, ao contrário, considera Deus como
aquilo que consiste na própria essência de todo Universo e
idêntico a ele. Deus seria o próprio mundo, não podendo ser
o criador do Universo.
Mas a Igreja interpretou de outra forma suas
afirmações. Com pensamentos como este de que o universo
é formado por inumeráveis mundos onde as coisas são
relativas e por isso não podem ser confirmadas, a igreja
conclui que Bruno afirma que além da bondade ser relativa,
Deus também é assim como pode ter havido um Jesus em
cada mundo.
Bruno causa inquietação na Igreja Católica que, por
ordem papal, decide e aprova o suplício de Bruno em 1600,
executado "sem que o sangue fosse derramado", isto é,
Bruno foi queimado vivo na fogueira em praça pública, visto
por todos inclusive pelo governador da cidade. O que causou
enorme desconfiança da ciência para com a Igreja. Até hoje
a Igreja Católica só deplorou a execução, mas não os
motivos da sua condenação. E o Pontificam Consilium
Cultura que reabilitou Galileu Galilei, somente em 1992,
ainda não tomou uma decisão favorável a Giordano Bruno. A
obra de Bruno por sua vez só foi retirada do Index dos livros
proibidos aos católicos em 1948, mostrando mais uma vez
como foi mal visto pela Igreja por apresentar uma idéia de
mundo que depois foi tão fácil aceita por tantos outros
pensadores como: Newton, Koyré e Einstein.
Por ser assim, todo movimento relativo,
no todo nada é imóvel, nem mesmo a terra, – como
Copérnico viera confirmar com seu heliocentrismo – e os
astros, erroneamente tomados por estrelas fixas, são sóis de
longínquos sistemas solares copernicanos.
O porque de tudo isso é que nos faz
querer o bem, a o amor, as coisas corretas. É a esperança
de que Deus veja isso, a evolução veja isso. Sem esse
segredo que um dia, nem que leve bilhões de anos,
189
“A verdade em verdade vos digo”

começaremos a entender. E quando isso acontecer, outros


segredos e outros tipos de evoluções surgirão. Isso é Deus.
O segredo, a fé, a esperança, o bem e o mal, a fé e a falta
dela, o demônio e o anjo, o tudo e o nada, o infinito...

O Universo

A palavra Universo deriva do francês


antigo Univers que por sua vez deriva do latim universum. A
palavra latina foi usada por Cícero e posteriormente outros
autores com o mesmo sentido que é usada atualmente. A
palavra latina é derivada da contração poética Unvorsum -
usada primeiramente por Lucrécio no Livro IV (linha 262) de
seu De rerum natura (Sobre a Natureza das coisas) - que
conecta un, uni (a forma combinada de unus, ou "one")
com vorsum, versum (um substantivo derivado do particípio
passivo perfeito de vertere, que significa "algo rodado, rolado
ou mudado"). Lucrécio usou a palavra com o sentido "tudo
em um só, tudo combinado em um".
Uma interpretação alternativa
de unvorsum é "tudo girando como um" ou "tudo girando
através de um". Nesse sentido, pode ser considerada a
tradução de uma palavra para Universo no grego
antigo, περιφορα, "algo transportado em um círculo",
originalmente utilizada para descrever o percurso de uma
refeição, a comida sendo carregada em torno de um círculo
de mesas. Esta palavra grega refere-se a um modelo grego
antigo do universo, onde toda matéria está contida dentro de
esferas giratórias centradas na Terra; de acordo
com Aristóteles, a rotação da esfera ultraperiférica era
responsável pelo movimento e mudança de tudo. Era natural
para os gregos assumir que a Terra era estacionária e que
os céus giravam sobre a ela, porque cuidadosas
medidas astronômicas e físicas (como o Pêndulo de
Foucault) são necessárias para provar o contrário.

190
“A verdade em verdade vos digo”

O Universo é constituído de tudo o que


existe fisicamente, a totalidade do espaço e tempo e todas as
formas de matéria e energia. O termo Universo pode ser
usado em sentidos contextuais ligeiramente diferentes,
denotando conceitos como o cosmo, o mundo ou natureza.
A palavra Universo é geralmente
definida como englobando tudo. Entretanto, usando uma
definição alternativa, alguns cosmologistas têm especulado
que o "Universo", composto do "espaço em expansão como
o conhecemos", é somente um dos muitos "universos",
desconectados ou não, que são chamados multiversos. Por
exemplo, em Interpretação de muitos mundos, novos
"universos" são gerados a cada medição quântica. Acredita-
se, neste momento, que esses universos são geralmente
desconectados do nosso, portanto, impossíveis de serem
detectados experimentalmente. Observações de partes
antigas do universo (que situam-se muito afastadas) sugerem
que o Universo vem sendo regido pelas mesmas leis físicas e
constantes durante a maior parte de sua extensão e história.
No entanto, na teoria da bolha, pode haver uma infinidade de
"universos" criados de várias maneiras, e talvez cada um
com diferentes constantes físicas.
Ao longo da história,
varias cosmologias e cosmogonias têm sido propostas para
explicar as observações do Universo. O primeiro
modelo geocêntrico quantitativo foi desenvolvido
pelos gregos antigos, que propunham que o Universo possui
espaço infinito e tem existido eternamente, mas contém um
único conjunto de círculos concêntricos esferas de tamanho
finito - o que corresponde a estrelas fixas, o Sol e
vários planetas – girando sobre uma esférica mas
imóvel Terra. Ao longo dos séculos, observações mais
precisas e melhores teorias levaram ao modelo
heliocêntrico de Copérnico e ao modelo newtoniano do
Sistema Solar respectivamente. Outras descobertas na
191
“A verdade em verdade vos digo”

astronomia levaram a conclusão de que o Sistema Solar está


contido em uma galáxia composta de milhões de estrelas,
a Via Láctea, e de que outras galáxias existem fora dela, tão
longe quanto os instrumentos astronômicos podem alcançar.
Estudos cuidadosos sobre a distribuição dessas galáxias e
suas raias espectrais contribuíram muito para a cosmologia
moderna. O descobrimento do desvio para o vermelho e
da radiação cósmica de fundo em micro-ondas revelaram
que o Universo continua se expandindo e aparentemente
teve um princípio.
De acordo com o modelo científico
vigente do Universo, conhecido como Big Bang, o Universo
surgiu de um único ponto ou singularidade onde toda a
matéria e energia do universo observável encontrava-se
concentrada numa fase densa e extremamente quente
chamada Era de Planck. A partir da Era Planck, o Universo
vem se expandindo até sua atual forma, possivelmente com
curtos períodos (menos que 10−32 segundos) de inflação
cósmica. Diversas medições experimentais independentes
apoiam teoricamente tal expansão e a Teoria do Big Bang.
Esta expansão tem-se acelerado por ação da energia escura,
uma força oposta à gravidade que está agindo mais que esta
devido ao fato das dimensões do Universo serem grandes o
bastante para dissipar a força gravitacional. Porém, devido
ao escasso conhecimento a respeito da energia escura, é
ainda pequeno o entendimento do fenômeno e sua influência
no destino do Universo.
Atuais interpretações de observações
astronômicas indicam que a idade do Universo é de 13,73
(± 0,12) bilhões de anos, e seu diâmetro é de 93 bilhões
de anos-luz ou 8,80 ×1026 metros. De acordo com a teoria
da relatividade geral, o espaço pode expandir-se tão rápido
quanto a velocidade da luz, embora possamos ver somente
uma pequena fração do universo devido à limitação imposta

192
“A verdade em verdade vos digo”

pela velocidade da luz. É incerto se a dimensão do espaço é


finita ou infinita.
E para finalizar, deixo este texto
extraído da obra de Baruch Spinoza, também conhecido
Bento de Espinoza e Benedito Expinoza, nasceu em
Amsterdã em 1632 e faleceu em Haia em 1677, aos 44 anos,
de tuberculose. Foi um grande racionalista do século XVII da
Filosofia Moderna. Seu nome hebreu era Baruch,
significando abençoado, e, em suas obras publicadas em
Latim, Benedictus, nas palavras a seguir ele estava inspirado
da sabedoria divina, estava em estado de ser Deus:
“Para de ficar rezando e batendo o peito!
O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e
desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas
e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Para de ir a esses templos lúgubres,
obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser
a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques,
nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí
expresso meu amor por ti.
Para de me culpar da tua vida miserável:
Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um
pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é
um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu
amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo
o que te fizeram crer.
Para de ficar lendo supostas escrituras
sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler
num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos,
nos olhos de teu filhinho… Não me encontrarás em nenhum
livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer
como fazer meu trabalho?
Para de ter tanto medo de mim. Eu não
te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem
te castigo. Eu sou puro amor.
193
“A verdade em verdade vos digo”

Para de me pedir perdão. Não há nada a


perdoar. Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações,
de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de
incoerências, de livre arbítrio. Como posso te culpar se
respondes a algo que eu pus em ti?
Como posso te castigar por seres como
és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um
lugar para queimar a todos meus filhos que não se
comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus
pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento,
qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular,
para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu
próximo e não faças o que não queiras para ti.
A única coisa que te peço é que prestes
atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo
no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.
Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que
precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há
prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes.
Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és
absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um
inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois
desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não
o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de
aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás
aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não
vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te
perguntar se tu gostaste, se te divertiste… Do que mais
gostaste? O que aprendeste?

194
“A verdade em verdade vos digo”

Para de crer em mim – crer é supor,


adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim.
Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando
beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando
acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Para de louvar-me! Que tipo de Deus
ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me
louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato?
Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações,
do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?…
Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar. Para de
complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te
ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui,
que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres?
Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me
acharás. Procura-me dentro… aí é que estou, batendo em ti.”

Referências
1. ↑ a b Swinburne, R.G. "God" in Honderich, TedThe Oxford
Companion to Philosophy, Oxford University Press, 1995.
2. ↑ Edwards, Paul. "Deus e os filósofos" em Honderich, Ted.
(ed)The Oxford Companion to Philosophy, Oxford University
Press, 1995.
3. ↑ a b c d Plantinga, Alvin. "Deus, Argumentos para a sua
Existência," Enciclopédia Routledge de Filosofia, Routledge,
2000.
4. ↑ A etimologia ulterior é disputada. À parte a hipótese
improvável de adoção de uma língua estrangeira, o OTeut.
"ghuba" implica como seu tipo pretérito também "*ghodho-m"
ou "*ghodto-m". O anterior não parece admitir explicação;
mas o posterior representaria o neutro "pple" da raiz "gheu-".
Existem duas raízes arianas da forma requerida ("*g,heu-"
with palatal aspirate) uma significando 'invocar' (Skr. "hu") a
outra "a derramar, para oferecer sacrifícios" (Skr "hu", Gr.
χεηi;ν, OE "geotàn" Yete v). OED Compact Edition, G, p. 267
195
“A verdade em verdade vos digo”

5. ↑ Michaelis Deus - sm (lat Deus) (em português). "1 O Ser


supremo; o espírito infinito e eterno, criador e preservador do
Universo. 2 Teol Ente tríplice e uno, infinitamente perfeito,
livre e inteligente, criador e regulador do Universo. 3 Cada
uma das pessoas da Santíssima Trindade. 4 Indivíduo ou
personagem que, por qualidades extraordinárias, se impõe à
adoração ou ao amor dos homens. 5 Objeto de um culto, ou
de um desejo ardente que se antepõe a todos os outros
desejos ou afetos.
6. ↑ Barton, G. A.. A Sketch of Semitic Origins: Social and
Religious. [S.l.]: Kessinger Publishing, 2006.ISBN
142861575X
7. ↑ Hastings 2003, p. 540.
8. ↑ R. Cudworth, 1678.
9. ↑ DOES GOD MATTER? A Social-Science Critique. by
Paul Froese and Christopher Bader. Página visitada em
2007-05-28.
10. Wieren
Robert. The Cambridge Companion to Philosofy. Cambridge
University Press, 2001.
11.↑ BEATY, Michael. (1991). "God Among the
Philosophers". The Christian Century. Página visitada em
2007-02-20.
12. ↑ Pasc
13. ↑ Philo
Atheism, and Agonisticism. Philosophy of Religion.info.
Página visitada em 16 de julho de 2008.
14. ↑ Theis
Dictionary, Thesaurus and Encyclopedia.TheFreeDictionary.
Página visitada em 16 de julho de 2008.
15. ↑ DAWK
2006. ISBN 0-618-68000-4
16. ↑ Dawk
God. The Huffington Post. Página visitada em 2007-01-10.
17. ↑ SAGA
York: Ballantine Books, 1996. ISBN 0-345-40946-9
18.↑ BOYER, Pascal. Religion Explained,, 2001. 142–243
p. ISBN 0-465-00696-5
19. ↑ DU CA
Texas: Midori Press, 2008. 221–222 p. ISBN 0-9801821-1-5
196
“A verdade em verdade vos digo”

20. ↑ BARR
Anthropomorphism in God Concepts".
21. ↑ ROSS
Religion and the Evolution of Human Cooperation". Página
visitada em 2009-06-25.
22. ↑ Mikha
todos estes fatos e passagens da Bíblia? Porque é nela que
fala mais em Deus e suas normas, citações, regras e
autoridade.
Notas:
1 Consulte Norman L. Geisler, H. Wayne House e Max Herrera, A
batalha por Deus; respondendo ao desafio do neoteísmo. Grand
Rapids: Kregel, 2001.
2 Consulte os vários credos cristãos no apêndice de Wayne
Grudem, Teologia Sistemática: uma introdução à doutrina bíblica.
Edições Vida Nova.
3 Os “grupos cristãos” como apontado nesta citação podem ser
definidos como “um grupo de pessoas que reivindicam ser cristãs,
abraçando um sistema doutrinário particular ensinado por um líder
individual, grupo de líderes ou organização (sistema) que nega
(explicitamente ou implicitamente) uma ou mais das doutrinas
centrais da fé cristã como ensinado dentro dos 66 livros da Bíblia”.
Alan W. Gomes, Unmasking the cults. Zondervan Guide to cults
and religious moviments, ed. Alan W. Gomes. Grand Rapids:
Zondervan, 1995.
4 Ecletismo filosófico-religioso surgido nos primeiros séculos da
nossa era e diversificado em numerosas seitas, e que visava a
conciliar todas as religiões e a explicar-lhes o sentido mais
profundo de deus por meio da gnose, que quer dizer
conhecimento.
5 Teachings of the prophet Joseph Smith. Salt Lake City: Deseret,
1973, p. 345.
6 “O Pai possui um corpo de carne e ossos tão tangível como o do
homem, o Filho também”. The doctrine and covenants. Joseph
Smith. Salt Lake City: Church of Jesus Christ of Latter-day Saints,
1986, 130:22.
7 A study of the articles of faith. James E. Talmage. Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints, 1987, p. 43, 48.
8 Mormon doctrine. Bruce R. McConkie. Salt Lake City: Bookcraft,
1977, p. 752.
197
“A verdade em verdade vos digo”
9 Milton R. Hunter, uma autoridade da Igreja Mórmon, escreveu:
“Indubitavelmente, Deus tirou proveito de todas as oportunidades
para aprender as leis da verdade [...] Ele adquiriu seus
conhecimentos por esforços e contínua persistência [...] Seu
entendimento das leis universais continuaram crescendo...”, The
gospel through the age. Salt Lake City: 1958, p. 114-5.
10 “Eu vou lhe contar como Deus veio a ser Deus. Nós temos
imaginado e suposto que Deus é Deus desde a eternidade. Eu irei
refutar esta idéia… Teachings of the prophet Joseph Smith, p.
345. 11 “Infinito como Deus é, Ele deveria ter sido menos
poderoso no passado do que ele é hoje”. A rational Theology as
taught by the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 7th ed.
John A. Widtsoe. Salt Lake City: Deseret, 1968, p. 24. Grand
Rapids: Baker, 2000, p. 28.
12 “Sendo o todo-poderoso-onipotente, Jeová usou seu poder para
superar os obstáculos que poderiam bloquear seu cumprimento na
promessa feita a Abraão, permitindo que o patriarca tivesse seu
filho, Isaque”. Watchtower, 15 Maio, 1986, 4, citado em David
Sherrill, What Jehovah’s Witnesses Believe about God.
13 “Jeová Deus não planejou as coisas deste modo. Ele teve de se
adaptar às novas circunstâncias do jogo”. God’s Eternal Purpose
Now Triumphing for Man’s Good, 1974, p. 97.
14 Watchtower, 15 de fevereiro de 1981, p. 5-7
15 At-One-Ment between God and Man, 1899, p. 339.
16 Ibid., p. 269.
17 Devido ao uso e semelhança aparente com os genuínos grupos
cristãos, o ICP (Instituto Cristão de Pesquisas) classifica esses
grupos heterodoxos como pseudocristãos. Ver mais detalhes na
nota 3.
18 “Deus não é uma pessoa, Deus é uma Energia personificada
em nós”. The Science of Mind. Ernest Holmes e Maude Allison
Lathem. New York: Dodd, Mead, 1938, p. 308.
19 Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus
é tudo-em-tudo. Science and Health with Key to the Scriptures.
Mary Baker G. Eddy. Boston: First Church of Christ, Scientist,
1906, p. 468.
20 “A Vida, a Verdade e o Amor constituem a Pessoa trina e uma
chamada Deus, isto é, princípio triplamente divino, o Amor. Eles
representam a trindade na unidade, três em um, idênticos em essência,
entretanto multiforme em suas funções...”. Science and Health with Key to
the Scriptures Mary Baker G. Eddy: Scientist, 1906, p.331.

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“A verdade em verdade vos digo”
21 Doutrina filosófica segundo a qual o conjunto das coisas pode
ser reduzido à unidade, quer do ponto de vista da substância, quer
do ponto de vista das leis pelas quais o Universo se ordena.
22 The science of being and art of living. Maharishi Mahesh Yogi.
New York: Signet, 1968, p. 33.
23 Seita modalista omitida pelo escritor na matéria original por não
ter projeção fora do Brasil e, por isso, inserida entre os grupos
religiosos da mesma categoria para a tradução no português.
24 Journal of Discourses, 2:345, citado em References for Mormon
and Biblical Beliefs about God.
25 Mormon doctrine. Apostle Bruce McConkie. p. 576-7.
26 Charts of Christian Theology and Doctrine. H. Wayne House.
Grand Rapids: Zondervan, 1992, p. 43,44.
27Let God be true. Brooklyn: Watchtower Bible and Tract Society
of New York, 1952, p. 100.
28“Ele [a Palavra] foi criado por Deus antes de todos os seus filhos
espirituais. Ele foi o único criado diretamente por Deus”. You can
live forever in paradise on earth,: Watchtower Bible and Tract
Society of New York, 1982, p. 58.
29 “A palavra estava com Deus, e a Palavra era divina, ou era um
deus, quer dizer, a palavra ou o verbo era alguém divino,
poderoso”. Ibid., p. 40.
30 Charts of Christian Theology and Doctrine. H. Wayne House.
Grand Rapids: Zondervan, 1992, Charts of Cults. Wayne House, p.
38,39 e 287-90.

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